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PARECER PRÉVIO Nº 1014/11 Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de POÇÕES, relativas ao exercício financeiro de 2010. O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes: DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Poções, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Luciano Araújo Mascarenhas, encaminhada mediante ofício do Presidente do Poder Legislativo e autuada sob o nº 07388/11, cuja entrada neste Tribunal se deu no prazo legal, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual, c/c os arts. 54, Parágrafo Único, e 55, da Lei Complementar nº 06/91. Foi apresentado na defesa a correspondência, datada de 30 de março de 2011, relativa ao encaminhamento destas contas à Câmara Municipal, em cumprimento ao quando disposto no art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05. Foi apresentado na defesa o Ato nº 01/2011, de 04 de abril de 2011, que comprova a permanência destas contas em disponibilidade pública, cumprindo o que determinam o § 3º do art. 31 da CRFB e o art. 54 da Lei Complementar n.º 06/91. O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 500 a 600, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiram o Pronunciamento Técnico de fls. 611 a 637. Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através 1

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PARECER PRÉVIO Nº 1014/11

Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de POÇÕES, relativas ao exercício financeiro de 2010.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Poções, exercício financeiro de 2010, de responsabilidade do Sr. Luciano Araújo Mascarenhas, encaminhada mediante ofício do Presidente do Poder Legislativo e autuada sob o nº 07388/11, cuja entrada neste Tribunal se deu no prazo legal, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual, c/c os arts. 54, Parágrafo Único, e 55, da Lei Complementar nº 06/91.

Foi apresentado na defesa a correspondência, datada de 30 de março de 2011, relativa ao encaminhamento destas contas à Câmara Municipal, em cumprimento ao quando disposto no art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Foi apresentado na defesa o Ato nº 01/2011, de 04 de abril de 2011, que comprova a permanência destas contas em disponibilidade pública, cumprindo o que determinam o § 3º do art. 31 da CRFB e o art. 54 da Lei Complementar n.º 06/91.

O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 500 a 600, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiram o Pronunciamento Técnico de fls. 611 a 637.

Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através

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cont. do P.P. nº 1014/11

do Edital nº 268/11, publicado no Diário Oficial do Estado, de 24/11/11, tendo ele se manifestado tempestivamente, nos termos do processo nº 15840/11, anexado às fls. 644.

Dos Exercícios Anteriores

A prestação de contas do exercício financeiro de 2009, de responsabilidade deste Gestor, foi aprovada com ressalvas mediante Parecer Prévio nº 518/10, com aplicação de multa de R$ 800,00.

DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O alicerce e ponto de partida para qualquer Gestão é o processo de planejamento. A ação planejada na Administração Pública tem como premissa a execução de planos previamente traçados, orientados pelos anseios e necessidades da população, reduzindo assim os riscos e otimizando os recursos do Município.

A Constituição de 1988, em seu art. 165, caput, reforça as atribuições do planejamento e de execução dos gastos públicos, preconizando através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a elaboração do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, os quais passarão a ser objeto de efetivo acompanhamento da gestão, servindo de subsídios para tomadas de decisões e de avaliações periódicas.

Plano Plurianual - PPA

O PPA, contemplado na Carta Magna, no art. 165, inciso I, é o planejamento estratégico das ações governamentais. Com duração de quatro anos, nele serão estabelecidas de forma regionalizada, levando-se em consideração as particularidades e os potenciais de cada Município, a proposição de programas e ações, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para os programas de duração continuada.

A Lei Municipal nº 926, de 22 de dezembro de 2009, aprovou o Plano Plurianual – PPA, para o período de 2010 a 2013.

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Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO

A Lei nº 912, de 13 de julho de 2009, aprovou as Diretrizes Orçamentárias – LDO do Município, para o exercício de 2010.

Integra o projeto da LDO, o anexo de Metas Fiscais, em que são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultado nominal e primário e montante da dívida pública, além da evolução do patrimônio líquido, em cumprimento ao art. 4º §§ 1º e 2º da LRF, bem como o anexo de Risco Fiscal, que demonstra os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem, como determina o § 3º, do art. 4º da Lei nº 101/00.

Foi apresentado na defesa o comprovante de publicidade do PPA e da LDO, em cumprimento ao art. 48, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Lei Orçamentária Anual – LOA

A Lei Orçamentária Anual estabelece limites de despesas, em função da receita estimada para o exercício financeiro a que se referir, obedecendo os princípios da unidade, universalidade e anuidade.

A Lei Orçamentária nº 928/09, de 23 de dezembro de 2009, aprovou o orçamento do Município, fixando-o em R$ 32.960.400,00, sendo R$ 26.593.024,77 relativo ao Orçamento Fiscal e R$ 6.367.375,23 para Seguridade Social, com o respectivo comprovante de sua publicação.

Programação Financeira

Consta nos autos a Programação Financeira e o cronograma mensal de desembolso, sendo este o instrumento instituído pelo art. 8º da LRF que possibilita ao Gestor traçar um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados no exercício, bem como efetivar uma análise comparativa entre o previsto na LOA e a sua realização mensal, compatibilizando a execução das despesas, com as receitas arrecadadas no período.

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O artigo 7º da LOA autoriza o Poder Executivo a:I - Remanejar e suplementar, por decreto, os orçamentos próprios da Administração direta, nos termos previstos no § 1º, do Artigo 43 da Lei Federal nº 4.320 de 17 de março de 1964;II - Remanejar as dotações de despesas previstas no ‘’caput’’ do Artigo 18 da Lei complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, na mesma unidade orçamentária nos termos previstos no inciso III do § 1º do artigo 43 Lei Federal nº4.320 de 17 de março de 1964;III- Remanejar as dotações de despesas nos respectivas categorias econômicas exceto as despesas, previstas no ‘’caput’’ do art.18 da Lei Complementar nº101 de 04 de maio de 2000, quando envolver recursos da mesma unidade orçamentária nos termos previstos no inciso III do S 1º do art. 43 da Lei Federal nº 4.320 de 17 de março de 1964;IV- Suplementar as respectivas dotações, com recursos do excesso de arrecadação, verificado na receita, conforme nos termos previstos no inciso II do S 1º art. da Lei Federal nº 4.320 de 17 de março de 1964;

V- Utilizar a Reserva de Contingência também como recurso de abertura de créditos adicionais suplementares ou especiais.

O art. 8º da Lei Orçamentária autorizou abertura de créditos adicionais suplementares até o valor correspondente a 10% (dez por cento) do total da despesa autorizada, nos termos previstos no art. 43, §1° da Lei Federal 4320/64.

A Lei 939, de 02 de agosto de 2010 (fls. 27), autorizou abertura de créditos adicionais suplementares até o montante de 40% (quarenta por cento) do valor da despesa orçamentária fixada na Lei 928/09 (Lei Orçamentária).

Foi apresentada na defesa a Lei nº 932, de 03 de maio de 2010 (fls. 107), que autorizou a abertura de créditos suplementares até o montante de 30% (trinta por cento) do valor da despesa orçamentária fixada na Lei 928/09 (Lei Orçamentária).

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Através do Decreto nº 01 de 04/01/10 (fls.83 e 84), foi aprovada a Programação Financeira e o cronograma de desembolso para o exercício financeiro de 2010.

O Decreto nº 01/2010 (fls.47/48) aprovou o Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD, para o exercício de 2010.

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Créditos Adicionais Suplementares

Conforme documentos constantes dos autos e apresentados na defesa, verifica-se que foram abertos créditos adicionais suplementares de R$ 18.341.572,57, dentro do legalmente autorizado.REMANEJAMENTO

Verifica-se ainda que conforme Decretos de fls. 32 a 38 e 4759, foram remanejadas dotações, que totalizaram R$ 5.848.615,00, conforme discriminado no quadro a seguir:

REMANEJAMENTO 112 1/3/2010 32/34 656.010,00 656.010,00135 1/4/2010 35/38 500.955,00 500.955,00184 1/7/2010 47/53 2.397.500,00 2.397.500,00194 2/8/2010 54/59 2.264.150,00 2.264.150,00

Total 5.818.615,00 5.818.615,00

Chama-se a atenção da Administração Pública Municipal que o remanejamento de dotações, na forma que foi executado, é procedimento vedado pelo artigo 167, inciso VI, da Constituição da República, ratificado por Parecer da Assessoria Jurídica desse Tribunal, conforme abaixo transcrito:

“Registre-se, por sua pertinência, que a transposição, o remanejamento e a transferência, VEDADOS PELO ART. 167, VI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, devem ser aceitos, unicamente, como uma CONTINGÊNCIA da Administração, face à variabilidade dos fatos e da modificação das condições que atuaram na elaboração

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do orçamento, e, por isso mesmo, são admitidos dentro de determinados critérios técnicos e legais.

Havendo necessidade de transposição total ou parcial de dotação de um elemento para outro, dentro ou fora da mesma unidade orçamentária, será indispensável que, POR LEI ESPECÍFICA, se anule a verba inútil ou a sua parte excedente e se transfira o crédito resultante dessa anulação para a dotação que se mostrou insuficiente.

Isto posto, concluímos este nosso opinativo salientando que, concernentemente à transposição, remanejamento e transferência de recursos, a AUTORIZAÇÃO GENÉRICA, consoante lecionam HELLY LOPES MEIRELLES e JOSÉ AFONSO DA SILVA, É INCONSTITUCIONAL, isso porque a prévia autorização legal a que alude o inciso VI do art. 167 da Constituição federal terá de ser postulada e concedida EM CADA CASO EM QUE SE MOSTRE NECESSÁRIA A TRANSPOSIÇÃO DE RECURSOS.”

Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD

O quadro de detalhamento de despesa é elaborado no início do exercício, discriminando os elementos de despesas pelos projetos/atividades, de cada órgão da estrutura administrativa municipal.

As alterações no detalhamento de despesa servem para dar maior dinamismo na execução orçamentária, em virtude que não há necessidade de autorização legislativa para que sejam promovidas, pois tais lançamentos não podem alterar os valores das dotações do grupo de despesa em cada Projeto/Atividade.

Mediante Atos do Poder Executivo, ocorreram alterações do Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD no montante de R$ 33.885,74.

O Gestor não apresentou na defesa documentos ou alegações de porte a descaracterizar a falha relativa ao remanejamento de dotações.

Conclui-se portanto que foram remanejadas dotações orçamentárias de R$ 5.848.615,00, em descumprimento ao artigo 167, inciso VI da

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Constituição da República.

DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A 5ª Inspetoria Regional de Controle Externo exerceu a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Município, notificando mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas, devidamente consolidadas no incluso Relatório Anual de fls. 500 a 600, são:

• 09 processos licitatórios sem tramitação na 6ª IRCE para análise mensal, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05: 38/2010 – show artístico (R$ 164.000,00), 52A/2009 – serviços de limpeza (R$ 196.000,00), 13/2010 – assessoria jurídica (R$ 45.000,00), 39/2010 – serviços de engenharia, construção de quadra poliesportiva (R$ 139.899,70), 05 – parceria entre Prefeitura e Organização de sociedade civil na área da educação (R$ 450.000,00), 12/2010 – assessoria contábil (R$ 80.000,00), 59/2009 – serviços laboratoriais (R$ 210.000,00), 20/2010 – contratação de assessoria jurídica (R$ 55.200,00), 85/2009 – serviços de trator esteira (R$ 12.690,00), totalizando R$ 1.352.789,70;

Junto à defesa o Gestor apresentou cópias dos seguintes processos, sem autenticação e sem a chancela da IRCE, motivo porque não foram considerados nesta análise: Processo Administrativo nº 38/2010, Inexigibilidade nº 09/2010, referente à contratação de shows artísticos (R$ 164.000,00); Processo Administrativo nº 39/2010, Carta Convite nº 05/2010, referente à construção de quadra poliesportiva (R$ 139.899,70); Termo de Parceria nº 001/2010 celebrado entre a Prefeitura e a OSCIP – PAI – Programa de Assistência ao Adolescência e Infância (R$ 450.000,00); Processo Administrativo nº 12/2010, referente à contratação de assessoria contábil (R$ 80.000,00); Processo Administrativo nº 13/2010, referente à contratação de assessoria jurídica (R$ 45.000,00), no montante de R$ 878.899,70.

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cont. do P.P. nº 1014/11

O Gestor ainda apresentou outros 13 (treze) processos licitatórios, que não foram objeto de questionamento na Cientificação Anual, em cópia e sem chancela da IRCE, conforme relação a seguir: Processos Administrativos nºs 09/2010, 69/2010, 60/2010, 61/2010, 53/2010, 49/2010, 17/2010, 03/2010, 001/2009, 24/2010, 22/2010, 27A/2010 e 51/2008.

Após análise da documentação apresentada, permanecem os seguintes apontamentos:

• sete processos licitatórios sem tramitação na 6ª IRCE para análise mensal, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05: 52A/2009 – serviços de limpeza (R$ 196.000,00), 13/2010 – assessoria jurídica (R$ 45.000,00), 05 – parceria entre Prefeitura e Organização de sociedade civil na área da educação (R$ 450.000,00), 12/2010 – assessoria contábil (R$ 80.000,00), 59/2009 – serviços laboratoriais (R$ 210.000,00), 20/2010 – assessoria jurídica (R$ 55.200,00), 85/2009 – serviços de trator esteira (R$ 12.690,00), totalizando R$ 1.048.890,00;

• fragmentação de despesas de R$ 54.768,32 com fuga ao procedimento, com transporte de água potável (R$ 39.208,32) e limpeza de estradas vicinais (R$ 15.560,00).

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - LEI nº 4.320/64

Os Demonstrativos Contábeis foram assinados pelo Contabilista, Sr. Gileno Guimarães Fernandes,devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade sob o nº 012.353/O-1, sendo afixado o selo de Declaração de Habilitação Profissional – DHP, em cumprimento ao disposto na Resolução n° 871/00, do Conselho Federal de Contabilidade.

Análise dos Balancetes Mensais

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cont. do P.P. nº 1014/11

Inicialmente cabe registrar que os saldos das rubricas do balanço patrimonial do exercício anterior, apresentaram inconsistências ao serem transportados para o Demonstrativo de Contas do Razão – DCR referente ao mês de janeiro/09.

Na defesa o Gestor apresentou um novo balancete contábil deste mês, que não foi acatado por esta Relatoria tendo em vista que os demonstrativos contábeis após disponibilidade pública não podem ser alterados. Os eventuais ajustes, caso necessário, devem ser feitos nas contas subsequentes, acompanhados das devidas notas explicativas.

Estas divergências impactam a variação patrimonial do Município, e comprometem a confiabilidade dos dados, desrespeitando os princípios contábeis da continuidade, oportunidade e competência, estabelecidos nos artigos 5º, 6º e 9º da Resolução CFC nº 750/93, devendo a Administração, ao elaborar as próximas peças contábeis ter um maior zelo no que diz respeito à escrituração contábil, a fim de garantir maior grau de segurança na situação patrimonial, ao final do exercício.

Adverte-se o Gestor para que mantenha sempre atualizados os demonstrativos mensais, em obediência ao princípio contábil da oportunidade, possibilitando assim, um monitoramento pela IRCE da real situação patrimonial da entidade.

Confronto com as Contas da Câmara

Conforme Pronunciamento Técnico o Demonstrativo de Despesa da Prefeitura do mês de dezembro consignou a movimentação orçamentária e extraorçamentária do Legislativo Municipal, em obediência ao art. 2º da Resolução TCM nº 1.060/05.

O demonstrativo de despesa do mês de dezembro/10 da Prefeitura não registra corretamente as movimentações relativas a créditos suplementares na Unidade Gestora Câmara Municipal, em descumprimento ao art. 2º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

O Gestor alegou na defesa que as diferenças são decorrentes da anulação de dotações orçamentárias da Unidade Câmara.

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cont. do P.P. nº 1014/11

Adverte-se o Prefeito Municipal e o Presidente do Legislativo, para que realizem a consolidação das Contas Públicas corretamente para que reflitam a real situação patrimonial do Município, em obediência ao art. 110 da Lei Federal nº 4.320/64. Frise-se que o art. 50, III, determina que “as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive a empresa estatal dependente”.

Balanço Orçamentário

O confronto das receitas e despesas previstas com a realizada, conforme previsto no art. 102 da Lei nº 4.320/64, demonstra no quadro abaixo o resultado orçamentário do exercício.

RECEITA DESPESAPrevista 32.960.400,00Fixada 41.516.199,66Realizada 42.240.422,93Realizada 41.454.440,78

Receita Orçamentária

A Receita Orçamentária Arrecadada está discriminada no quadro abaixo:

Categorias Valores (R$)Receitas Correntes 43.490.159,45Receitas de Capital 2.570.069,59Dedução FUNDEB 3.819.806,11Total 42.240.422,93

No exercício financeiro de 2011 a arrecadação foi de R$ 42.240.422,93, ultrapassando 28,16% sua previsão, o que demonstra que a previsão de receita foi subestimada . Desse valor, R$ 2.460.121,85 referem-se a receitas próprias, que ultrapassam 195,97% sua previsão de R$ 831.204,34.

A LRF dispõe em seu art. 11, que constituem requisitos essenciais da responsabilidade fiscal a instituição, a previsão e a efetiva

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cont. do P.P. nº 1014/11

arrecadação de todos os tributos da competência institucional do ente da federação. Logo, as previsões de receita para fins de elaboração do orçamento devem ser feitas de acordo com normas técnicas e legais, observando a efetiva capacidade de arrecadação e a realidade financeira do Município.

Despesa Realizada

Observa-se que quanto as despesas executadas houve uma economia orçamentária de R$ 61.758,88, uma vez que foram realizadas despesas de R$ 41.454.440,78, ante uma fixação de R$ 41.516.199,66. Assim, as despesas efetivamente executadas corresponderam a 25,77% do valor autorizado, resultando no superávit de execução orçamentária de R$ 785.982,15.

A Despesa Realizada em 2009 e 2010 comportou-se conforme tabela abaixo:

Despesas 2009 2010 Variação(%)Despesas Correntes 31.476.130,35 38.126.809,98 21,13Pessoal e Encargos 17.391.829,78 22.523.852,63 29,51

Juros e Encargos da dívida 0,00 0,00 -Outras despesas correntes 14.084.300,57 15.602.957,35 10,78

Despesas de Capital 2.348.989,08 3.327.630,80 41,66Total 33.825.119,43 41.454.440,78

Para as despesas com manutenção e o funcionamento dos serviços públicos, classificadas como Despesas Correntes, as despesas com pessoal e encargos contabilizadas, tiveram um incremento de 29,51% em relação ao exercício de 2009, representando em 2010 54,33% do total das despesas realizadas no exercício.

Resultado da Execução Orçamentária

Em relação ao exercício de 2009, verifica-se que a receita cresceu 25,75% e a despesa 22,56%. A execução orçamentária deficitária de R$ 234.244,15 do exercício anterior passou a superavitária no exercício sob exame, em R$ 785.982,15, conforme quadro abaixo:

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cont. do P.P. nº 1014/11

Descrição 2009 (R$) 2010 (R$) %Receita 33.590.875,28 42.240.422,93 25,75

Despesa 33.825.119,43 41.454.440,78 22,56Resultado (234.244,15) 785.982,15

Balanço Financeiro

Esta peça contábil tem o objetivo de evidenciar o fluxo financeiro ocorrido na entidade, ilustrando a receita e despesa compreendidas na execução orçamentária, bem como os recebimentos e pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que são transferidos para o exercício seguinte.

O resultado do Balanço Financeiro foi o seguinte:

RECEITA (R$) DESPESA (R$)Orçamentária 42.240.422,93 Orçamentária 41.454.440,78 Extra orçamentária 5.844.094,08 Extra orçamentária 5.432.084,65Interferência Financeira 1.332.777,52 Interferência Financeira 1.332.813,92Saldo exerc. Anterior 712.405,97 Saldo exerc. Seguinte 1.910.361,15Total 50.129.700,50 Total 50.129.700,50

Do total de R$ 50.129.700,50 de ingressos, R$ 42.240.422,93 são orçamentários, R$ 5.844.094,08 de origem extraorçamentária, R$ 1.332.777,52 relativos a Interferência Financeira e R$ 712.405,97 oriundos do exercício anterior.

Conforme demonstrado no Balanço Financeiro, houve incorporação no Anexo 13 - Balanço Financeiro, das Receitas e Despesas Extraorçamentárias da Câmara Municipal, em cumprimento ao art. 2º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Balanço Patrimonial

Apresenta o estado patrimonial da Entidade ao final do exercício, através de seus investimentos e de sua origem, representando os bens, direitos e obrigações. Conjugado com a Demonstração das Variações Patrimoniais evidencia as alterações verificadas no

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cont. do P.P. nº 1014/11

patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, indicando o resultado do exercício.

O Balanço Patrimonial reincidentemente apresentou um resultado de Passivo Real Descoberto de R$ 6.815.331,51, em face do Passivo Real Descoberto do exercício de 2009, de R$ 1.511.079,62, adicionado do déficit patrimonial do exercício sob exame, de R$ 5.304.251,89, que evidencia uma situação líquida negativa comprometedora da gestão do exercício seguinte.

Ativo

O Balanço Patrimonial contém, em seu grupo do Ativo, os bens e direitos do Município, cuja composição está representada na tabela abaixo:

ATIVO VALORATIVO FINANCEIRO Disponível Realizável

1.910.361,151.910.361,15

0,00ATIVO PERMANENTE 11.969.240,94Total do Ativo Real 13.879.602,09

Ativo Disponível

Disponibilidade de recursos

Conforme Balanço Patrimonial, as disponibilidades financeiras do Município ao final do exercício, alcançaram o montante de R$ 1.910.361,15, valor este 168,16% superior ao apresentado no exercício anterior.

Ativo Permanente

Adverte-se a Administração para que observe a Resolução CFC nº 1.136/08 e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.9, apropriando a depreciação dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Inicia-se a Depreciação com a colocação do uso do bem, e deve ser obrigatoriamente reconhecida pela Entidade,

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adotando o método que seja compatível com a vida útil econômica do ativo.

Passivo

Quanto ao grupo do Passivo, integrante também do Balanço Patrimonial, estão registradas as dívidas de curto e longo prazos do Município, a seguir representada:

PASSIVO VALORPASSIVO FINANCEIRO 1.091.152,52PASSIVO PERMANENTE 24.345.686,70Total do Passivo Real 25.436.839,22

Passivo Financeiro

Constam do Passivo Financeiro as contas “INSS – SAÚDE”, “INSS – PMP”, “INSS FUNDEB 60%”, “INSS – Prestação de Serviços”, “INSS FUNDEF 40%“ e “INSS – MDE”, com saldos de R$ 75.025,39, R$ 8.447,35, R$ 40.491,97, R$ 42,41, R$ 10.402,95 e R$ 1.867,96.

Determina-se ao Gestor que faça imediatamente os recolhimentos devidos, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos servidores podem caracterizar ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

Além disso, evidencia-se no Passivo Financeiro as contas ISS e IRRF com saldos totais de R$ 34.634,61e R$ 58.181,81,respectivamente. Esses valores constituem receitas orçamentárias do município, conforme disposto nos arts. 156, inciso III e 158, inciso I da Constituição Federal, não podendo ser considerados como obrigações da Prefeitura.

Quanto ao assunto, o Gestor alegou que os valores citados referem-se a retenções efetuadas pelo Fundo Municipal de Saúde mas que fará as regularizações pertinentes no exercício de 2011.

É salutar mencionar que o repasse tempestivo para o Município de

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suas receitas tem impacto direto no valor mínimo a ser aplicado na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde, em face do aumento nas receitas tributárias, beneficiando assim a população.

Deve o Gestor regularizar essas pendências de forma a evitar a reiterada reincidência das irregularidades verificadas.

Passivo Permanente

A análise da Dívida Fundada do Município demonstra que R$ 24.345.686,70 correspondem às dívidas com o INSS, EMBASA, CEF, Banco do Brasil, Precatórios e DESENBAHIA. Em relação ao exercício de 2009 houve um crescimento de 68,14% em 2010.

Do total da Dívida Fundada do Município, 95,24% corresponderam a compromissos com o INSS, e comparando o exercício de 2009 com o de 2010, houve um aumento de 60,12%, evidenciando que administração da dívida de longo prazo não está adequada, podendo comprometer no futuro o equilíbrio das contas públicas municipais.

Não foi localizado nos autos documentação comprovando saldo da dívida consolidada no valor de R$ 51.786,43, registrada no Balanço Patrimonial do exercício, em descumprimento ao item 39, art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05.

Dívida Ativa

No exercício sob exame a cobrança da Dívida Ativa Tributária foi de R$ 169.733,68, que representa 3,82% do saldo da Dívida Ativa Tributária no exercício de 2009, que foi de R$ 4.443.243,63. Houve inscrição de R$468.395,67, resultando ao final do exercício um saldo de R$ 4.741.905,62.

O Gestor argumentou na defesa que quando se analisa a relação dos débitos inscritos na Dívida Ativa do Município de Poções, constata-se, segundo ele, que a maior parte dela é composto por valores inferiores a R$ 150,00, o que pelos valores individuais serem de pequeno porte, não vale a pena mover ação judicial, pois o custo-benefício não

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compensaria.

Aduziu ainda que solicitou do setor tributário a intensificação das cobranças, promovendo, inclusive, as correções monetárias correspondentes.

A tímida cobrança deixa patente a omissão do Gestor, demonstrando descaso na cobrança dos débitos inscritos na divida ativa, podendo caracterizar, por sua reincidência, renúncia de receita, conforme previsto na Lei Complementar nº 101/00, cabendo-lhe adotar as medidas necessárias para o ingresso dessa receita à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, sob pena de responsabilidade, verificando-se reincidência em relação a 2009.

É salutar mencionar que por “renúncia de receita” deve se entender a desistência do direito sobre determinado tributo, por abandono ou desistência expressa do ente federativo competente por sua instituição. A não cobrança da Dívida Ativa só é permitida quando o montante do débito for inferior aos respectivos custos de cobranças, conforme § 3º, art. 14 da LRF, entretanto, para se estabelecer quais os débitos que são inexequíveis se faz necessário manifestação da Procuradoria Jurídica do Município e da Secretaria de Administração e Finanças, estabelecendo os parâmetros e critérios para os débitos de pequeno valor, observando todos os ditames estabelecidos no Código Tributário Nacional, em seus arts. 175 a 182.

Deve o Gestor saber que o Manual da dívida ativa, instituído pela Portaria n° 467 da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que os créditos inscritos em dívida ativa são objeto de atualização monetária, juros e multas, previstos em contratos ou em normativos legais, que são incorporados ao valor original inscrito. A atualização monetária deve ser lançada no mínimo mensalmente, de acordo com índice ou forma de cálculo pactuada ou legalmente incidente. Contudo não foi identificado qualquer lançamento contábil na Demonstração das Variações Patrimoniais que demonstre que esse procedimento está sendo adotado pela Administração Pública Municipal.

Determina-se ao Gestor que faça a correção ou atualização do saldo

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da Dívida Ativa na Demonstração das Variações Patrimoniais – Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária, conforme disposto na Portaria STN nº 564, de 27/12/2004.

Dívida Consolidada Líquida

O Pronunciamento Técnico indica que a Dívida Consolidada Líquida do Município obedeceu ao limite de 1,2 vezes da Receita Corrente Líquida, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

Precatórios Judiciais

O Balanço Patrimonial registra a existência de Precatórios no montante de R$192.434,45, cuja relação dos beneficiários, demonstrando a ordem cronológica e os valores respectivos, foi apresentada na defesa, em cumprimento do quanto disposto no art. 30, § 7º e art. 10, da Lei Complementar nº 101/00 (LRF), assim como na Resolução TCM nº 1060/05, art. 9º, item 39.

Vale observar que o art. 100 da Constituição Federal dispõe que:

“Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentenças judiciais, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.”

Restos a Pagar

A Entidade não dispôs de recursos suficientes para quitar seus compromissos assumidos, pois as disponibilidades financeiras no final do exercício foram de R$ 1.910.361,15, e em contrapartida as dívidas de curto prazo, especificamente as consignações/retenções, despesas de exercícios anteriores e inscrição de Restos a Pagar, totalizaram R$ 1.966.301,02.

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Alerta-se ao Gestor quanto ao cumprimento do art. 42 da Lei Complementar 101 – LRF no último ano de mandato.

Ressalte-se que no exame da Prestação de Contas anual referentes ao último ano de mandato, para fins da verificação do cumprimento do art. 42 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, a disponibilidade financeira será apurada levando em consideração diversos aspectos, devendo o Gestor a observar a didática adotada pela Coordenadoria de Controle Externo, conforme Pronunciamento Técnico - item4.7, amparada na Instrução Cameral nº 05/11 deste Tribunal.

Deve o Gestor também cumprir o quanto disposto na Resolução TCM 1060/05, art. 9º, itens 19 e 29, quanto à apresentação das relações analíticas dos elementos que compõem o Passivo Financeiro visando atender a todas as suas exigências, inclusive as que se referem aos Restos a Pagar, indicando ainda, as fontes de recursos, possibilitando, assim, verificar-se a vinculação da disponibilidade com a respectiva despesa.

Despesas de Exercícios Anteriores

No exercício financeiro de 2010 foram pagas Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de R$ 1.661.817,24, observando-se que o Orçamento não foi comprometido em mais de 10% com estas despesas, mantendo o equilíbrio fiscal do Município e a programação estabelecida para o exercício.

Ressalte-se que as Despesas de Exercícios Anteriores só podem ocorrer nos casos previstos no art. 37, da Lei Federal nº 4.320/64, conforme abaixo transcrito:

“As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida sempre que possível a ordem cronológica.”

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Demonstração Das Variações Patrimoniais

A Demonstração das Variações Patrimoniais registra Variações Ativas de R$ 51.224.718,22 e Passivas de R$ 56.528.970,11, causando um Resultado Patrimonial de R$5.304.251,89 – Déficit.

Inventário

O Inventário Patrimonial não demonstra a alocação dos bens e os números dos respectivos tombamentos, descumprindo o quanto estabelecido no art. 9º, item 18, da Resolução TCM nº1060/05.

O Gestor informou que já foram adotadas medidas para sanar a pendência apontada.

O levantamento dos inventários responde às exigências de controle e de prestação de contas de responsáveis pela guarda de bens, constituindo matéria de obrigatoriedade legal. A Lei nº 4.320/64, prescreve no art. 96 a obrigatoriedade do levantamento inicial e geral do patrimônio das entidades públicas, mediante inventário analítico na sede de cada repartição e o registro sintético nas contabilidades respectivas, e a partir deste levantamento inicial a obrigatoriedade da conferência periódica da escrituração com os bens existentes.

Vale aqui destacar a falta de comprometimento da Administração Municipal com a preservação e o adequado controle dos bens patrimoniais. Deve a Administração atender à Resolução citada, elaborando o Inventário Analítico onde a descrição dos componentes é feita obedecendo ao máximo de rigor nas minúcias e onde todos os demais componentes seguem o mesmo princípio, já no exercício de 2011.

DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Educação - artigo 212 da Constituição Federal

O município não cumpriu o determinado no art. 212 da Constituição Federal, aplicando em educação R$ 3.542.096,12, correspondentes a

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5,73% da receita resultante de impostos, de acordo com o Pronunciamento Técnico e dos exames efetuados pela Inspetoria Regional de Controle Externo, na documentação de despesa apresentada aí incluídos os “Restos a Pagar”, quando o mínimo exigido é de 25%.

Na defesa o Gestor contestou os cálculos efetuados pela CCE, tendo ele encaminhado os processos de despesas correspondentes, que foram analisados pela CCE, cuja conclusão foi de que as aplicações em educação foram de R$ 16,67%, correspondentes a R$ 10.312.405,89, ratificando o não cumprimento do art. 212 da Constituição Federal.

Fundeb – Lei Federal nº 11.494/07

De acordo com o Pronunciamento Técnico o Município não cumpriu o art. 22 da Lei Federal nº 11.494/07, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação - FUNDEB, posto que encontras-se erroneamente registrado no SIGA que não houve qualquer aplicação dos recursos na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, quando a aplicação mínima exigida é de 60%. Conforme informação da Secretaria do Tesouro Nacional, a receita do Município proveniente do FUNDEB correspondeu a R$ 13.862.263,00.

Segtundo análises efetuadas pela CCE na documentação apresentada na defesa, verifica-se que a aplicação do FUNDEB foi de 45,20%, correspondentes a R$ 6.265.868,13, confirmando o não cumprimento da Lei nº 11.494/07.

Foi apresentado na defesa o Parecer do Conselho Municipal de Educação, em cumprimento ao art. 31 da Resolução TCM nº 1.276/08.

Despesas do FUNDEB – art. 13 § único da Resolução TCM nº 1.276/08

Conforme Pronunciamento Técnico foi observado o limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de

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crédito adicional, nos moldes do art. 13, § único da Resolução TCM nº 1.276/08, restando a ser aplicado o percentual de 78,52% pelo Município.

Aplicação Mínima em Ações e Serviços Públicos de Saúde – art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Não foi cumprido o art. 77, inciso III, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pois as aplicações realizadas em ações e serviços públicos de saúde foram de R$ 1.533.532,13, correspondentes a 7,30%do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º, da Constituição Federal, com a exclusão de 1% (um por cento) do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55/07, quando a aplicação mínima exigida é de 15%.

O Prefeito contestou o percentual acima informado, encaminhando processos de pagamento que, reexaminados pela CCE, constatou-se que as aplicações no setor foram de 10,28%, correspondentes a R$ 2.159.384,69, não atendendo assim a dispositivos constitucionais, não tendo sido apresentado o Parecer do Conselho Municipal de Saúde, em descumprimento ao quanto disposto na Resolução TCM nº 1064/05.

Consta nos autos (fls. 430/431), Parecer do Conselho Municipal de Saúde, observando o disposto no art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/08.

Transferência de Recursos ao Poder Legislativo – art. 29-A da C.F.

Embora o valor fixado no Orçamento para a Câmara Municipal tenha sido de R$ 1.394.500,00, o valor efetivamente repassado foi de R$1.332.777,52, de acordo com os parâmetros estabelecidos no art. 29-A, da Constituição Federal.

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 892/08, fixou os subsídios do Prefeito em R$ 11.000,00, os do Vice-Prefeito em R$ 5.500,00 e os dos Secretários

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Municipais em R$ 3.300,00, depreendendo-se das informações contidas no Pronunciamento Técnico neste particular e documentos apresentados na defesa, que os valores por eles percebidos obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos..

CONTROLE INTERNO

O Relatório Anual de Controle Interno do exercício em exame reincidentemente não atende completamente às preconizações do art. 74, incisos I a IV, da Constituição Federal e art. 90, incisos I a IV da Constituição Estadual, uma vez que é omisso na avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a execução dos Programas de Governo, além de não analisar os resultados quanto à economia, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional da entidade.

Fica o Gestor advertido para o cumprimento da Resolução TCM nº 1.120/05 e legislação pertinente.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Pessoal

A despesa com pessoal da Prefeitura, apurada neste exercício, no montante de R$21.518.689,47correspondeu a 54,24% da Receita Corrente Líquida de R$ 39.670.238,29 ultrapassando o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, conforme tabela abaixo:

D E S P E S AC O M P E S S O A L Receita Corrente Líquida R$39.670.238,29 Limite máximo – 54% (art. 20 LRF) R$ 21.421.928,68 Limite Prudencial – 95% do limite máximo (art. 22) R$ 20.350.832,25 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) R$ 19.279.735,82 Despesa realizada com pessoal R$21.518.689,47 Percentual da Despesa na Receita Corrente Líquida 54,24%

A Prefeitura, no exercício anterior, ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF aplicando 58,53% em despesa com pessoal. Consoante o que

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estabelecem os arts. 23 e 66 da LRF o Município deveria eliminar pelo menos 1/3 (um terço) do percentual excedente nos dois quadrimestres do exercício subsequente.

De acordo com o Relatório de Prestação de Contas Mensal de agosto de 2010 a despesa de pessoal alcançou o montante de R$21.749.044,49 correspondendo a 35,41% da Receita Corrente Líquida de R$61.424.234,63, constatando-se o cumprimento da legislação supracitada, tendo em vista o limite máximo de 57,02%.

Alegou o Gestor apenas que o total da despesa com pessoal foi de R$ 21.030.278,91 e não de R$ 21.518.689,47, conforme apontado pela CCE, sem apresentar qualquer documento comprobatório.

Cabe ao Gestor adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, adotando-se entre outras, as providências nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária prevista no § 1º do mesmo artigo, correspondente a 30% de vencimentos anuais do gestor, e que em caso de reincidência poderá comprometer o mérito das contas anuais.

Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal

Publicidade - arts. 6º e 7º, da Resolução nº 1.065/05

Aponta o Pronunciamento Técnico que não foram encaminhadosos Relatórios Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e de Gestão Fiscal (RGF), correspondentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e 1º, 2º e 3º quadrimestres, respectivamente, acompanhados dos

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cont. do P.P. nº 1014/11

demonstrativos, com os comprovantes de sua divulgação,em descumprimento ao disposto nos arts. 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05 e ao quanto estabelecido no art. 52 (RREO) e § 2º, do art. 55 (RGF), da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

Na diligência anual o Gestor encaminhou os comprovantes das publicações dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, relativos aos 1º, 2º, 3º, 5º e 6º bimestres e 1º e 3º quadrimestres, feitas no Diário Oficial dos Municípios, ficando ainda pendente de apresentação os Relatórios relativos aos 4º bimestre e 2º quadrimestre, descumprindo assim o disposto nos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00 e 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso I, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária de 30% dos seus vencimentos anuais, prevista no § 1º do mesmo artigo.

Remessa dos Dados– arts. 1º e 2º, da Resolução nº 1.065/05

O Sistema LRF-net registra o descumprimento do art. 1º, da Resolução TCM nº 1.065/05, que institui a obrigatoriedade da remessa, por meio eletrônico, a este Tribunal, dos demonstrativos com os dados dos Relatórios de Gestão Fiscal e Resumido da Execução Orçamentária, de que trata a Lei Complementar nº 101/00 – LRF, visto que todas as remessas ocorreram fora do prazo.

Audiências Públicas

Foi cumprido o § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, que dispõe que “até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1º, do art. 166, da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais”. Encontra-se às fls. 373 a 383 as cópias das atas das audiências públicas.

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cont. do P.P. nº 1014/11

DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

ROYALTIES - Resolução TCM nº 931/04

No exercício sob exame, o Município recebeu recursos oriundos do Royalties e Fundo Especial do Petróleo no montante de R$ 214.128,11. Conforme Relatório de Prestação de Contas Mensal, não foram identificadas despesas incompatíveis com a legislação vigente.

CIDE- Resolução TCM nº 1.122/05

No exercício sob exame, o Município recebeu recursos oriundos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE no montante de R$ 93.230,68. Conforme Relatório de Prestação de Contas Mensal, não foram identificadas despesas incompatíveis com a legislação vigente.

Repasse de Recursos a Entidades Civis- Resolução TCM nº 1.121/05

Conforme Relatórios Mensais Complementados, a Prefeitura Municipal repassou R$ 2.332.359,05 para as entidades civis abaixo relacionadas, sem constar dos autos as respectivas prestações de contas, bem como a autorização por lei específica, em descumprimento aos arts. 26, da Lei Complementar n.º 101/00 e 4º e 5º, da Resolução TCM nº 1121/05.

Entidades Valor repassado (R$)AMIGO SOCIAL - ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE I

1.999.642,42

ASSOCIAÇÃO CULTURAL FILARMONICA 26 DE JUNHO

21.780,00

ASSOCIAÇÃO DE CAPOEIRA ENERGIA DA TERRA 21.087,00ASSOCIAÇÃO LAR COMUNITARIO 13.340,10PAI - PROGRMA DE ASSISTÊNCIA A ADOLESCÊNCIA E INFÂ

274.829,53

SOCIEDADE BENEFICENTE E AMPARO SOCIAL DE POÇOES

1.680,00

Total 2.332.359,05

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cont. do P.P. nº 1014/11

Foram apresentados na diligência final os documentos constitutivos das prestações de contas das entidades acima, anexados em 17 pastas tipo “a-z” e um classificador, que devem ser retirados deste processo e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.060/05

Demonstrativo dos Resultados Alcançados

Consta nos autos (fls. 368/372), documento sucinto, intitulado “Demonstrativo das ações do Executivo no âmbito da fiscalização da receita e combate a sonegação- item 33, inciso III, alínea(a), artigo 11 da Resolução TCM 1060/92”. O referido “Demonstrativo de Resultados Alcançados”, não contemplou a quantidade de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, os resultados alcançados e a evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa, não observando o disposto no item 30, do art. 9º da Resolução TCM nº1. 060/05.

Relatório de Projetos e Atividades

Consta às fls. 384/389 o Relatório firmado pelo Prefeito quanto aos projetos e atividades concluídos e em conclusão, em cumprimento ao item 32, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único, do art. 45, da Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.282/09

Como o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Ente jurisdicionado no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, e de seus respectivos relatórios, relativos aos gastos do Poder Executivo Municipal com obras e serviços de engenharia, servidores nomeados e contratados, bem como o total de despesa de pessoal confrontado com o valor das receitas no semestre e no período vencido do ano, além dos gastos com noticiário, propaganda ou promoção, no exercício 2010, conforme disposto nos inc. I, II e III, do § 2º, combinado com o § 3º, ambos do art. 6º da Resolução TCM nº 1.282/09, de 22/12/2009, deixa esta Relatoria de se manifestar

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cont. do P.P. nº 1014/11

sobre estas questões, sem prejuízo de exame e julgamento em eventuais questionamentos.

MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências vencidas, sendo uma multa do Gestor destas contas:

MULTAS

Processo Multado Cargo Venc. Valor R$

08007-10 LUCIANO ARAÚJO MASCARENHAS

PREFEITO 11/12/2010 R$ 800,00

07679-09 ALMINO ALVES VIANA PREFEITO 24/06/2010 R$ 2.000,00

08006-10 NELSON MACHADO CORREIA

PRESIDENTE DA CAMARA 13/11/2010 R$ 800,00

RESSARCIMENTOS

Processo Responsável(eis) Cargo Venc Valor R$

08926-09 NELSON MACHADO CORREIA

VEREADOR 24/11/2009 R$ 3.277,26

Na defesa o Gestor apresentou comprovantes de pagamento de multas de R$ 800,00, processo nº 08007/10, de sua responsabilidade e de R$ 800,00, processo nº 08006/10, e ressarcimento de R$ 3.277,26, processo TCM nº 08926/09, ambos de responsabilidade do Sr. Nelson Machado Correia, que devem ser remetidos à CCE, para os devidos fins (fls. 388/390 da pasta tipo “a-z” anexa às contas).

Desta forma, apenas fica pendente de recolhimento a multa de R$ 2.000,00, processo TCM nº 07679/09, de responsabilidade do Sr. Almino Alves Viana, tendo o Gestor informado na defesa que já estaria sendo executada judicialmente, sem apresentar documentos comprobatórios.

Registre-se que o Gestor tem por obrigação adotar medidas efetivas

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de cobrança, inclusive judiciais, das multas e ressarcimentos impostos pelo TCM a agentes políticos municipais, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, já que as decisões dos tribunais de contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da constituição da república, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

Ressalte-se que em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a responsabilidade fiscal”. A omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do prejuízo causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa , pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

Em face do exposto,

R E S O L V E:

Emitir Parecer Prévio pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de POÇÕES, exercício financeiro de 2010, constantes do processo TCM-7388/11, com base no art. 40, inciso III, c/c o art. 43, da Lei Complementar nº 06/91, de responsabilidade do Sr. Luciano Araújo Mascarenhas, pelos seguintes motivos:

• descumprimento do artigo 212 da Constituição Federal, tendo aplicado em educação apenas 16,67%, quando o mínimo exigido é de 25%;

• descumprimento do art. 22 da Lei Federal n.º 11.494/07, tendo sido aplicado no FUNDEB 45,20% dos recursos, quando o mínimo exigido é de 60%;

• descumprimento do art. 77, inciso III, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, tendo aplicado em saúde 10,28%,

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quando o mínimo exigido é de 15%;

• realização de remanejamento de dotações de R$ 5.848.615,00, em descumprimento ao artigo 167, inciso VI da Constituição da República;

• não tramitação na IRCE, para análise mensal, de 07 (sete) processos licitatórios, somente apresentados na resposta à diligência anual, em descumprimento à Resolução TCM 1060/05, o que impediu o exercício da ação fiscalizadora desta Corte quanto ao cumprimento da Lei nº 8.666/93 e consequentemente dos contratos deles decorrentes, conforme relatado acima, cujos recursos envolvidos nos certames supostamente realizados e relacionados no Relatório/Anual como não apresentados, portanto, considerados irregulares, totalizam R$ 1.048.890,00.

As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar, ainda, as seguintes ressalvas:

• descumprimento do limite da despesa com pessoal, estabelecido no art. 20, inciso III, “b”, da Lei Complementar nº 101/00, tendo gasto o equivalente a 54,24% da RCL;

• orçamento elaborado sem critérios adequados de planejamento;

• descumprimento da Resolução TCM nº 1.276/08, em decorrência da ausência dos Pareceres do Conselho Municipal de Educação;

• reincidência na tímida cobrança da dívida ativa;

• divergências detectadas nos valores registrados nos balancetes mensais e os Anexos que compõem esta Prestação de Conta, que afetam o resultado da Execução Orçamentária e Patrimonial do exercício, demonstrando descontrole na elaboração das peças contábeis;

• omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

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• descumprimento da Resolução TCM 1.060/05 – itens 18, 19, 29, 36, 39 do art. 9º, a exemplo da ausência do Inventário Patrimonial do Município;

• ausência de publicação dos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal relativos ao 4º bimestre e 2º quadrimestre;

• remessa dos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal fora do prazo;

• reincidência no Relatório deficiente do Sistema de Controle Interno;

• outras ocorrências consignadas no Relatório Anual expedido pela CCE, notadamente fragmentação de despesas de R$ 54.768,32 com fuga ao procedimento licitatório, com transporte de água potável e limpeza de estradas vicinais.

Por estas ressalvas, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, inciso I, da mesma Lei Complementar, multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Em razão da não comprovação da publicidade do Relatório de Gestão Fiscal do 2º quadrimestre, conforme exigência dos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00,aplica-se ao Gestor multa de R$ 39.600,00 (trinta e nove mil e seiscentos reais), correspondentes a 30% dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso I §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000.

Essas cominações deverão ser quitadas no prazo e condições estipulados nos arts. 72, 74 e 75 da Lei Complementar nº 06/91, lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais

Determinações ao Gestor:

1− Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com

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promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

1− Adotar medidas urgentes para os recolhimentos de “INSS – SAÚDE”, “INSS – PMP”, “INSS FUNDEB 60%”, “INSS – Prest. de Serviços”, “INSS FUNDEF 40%“ e “INSS – MDE”, com saldos de R$ 75.025,39, R$ 8.447,35, R$ 40.491,97, R$ 42,41, R$ 10.402,95 e R$ 1.867,96, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes,caracteriza ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

2− Adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, adotando-se entre outras, as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição Federal, para que as despesas com pessoal não ultrapassem o limite de 54% da receita Corrente Líquida imposto pelo art. 20 da mesma Lei Complementar, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras.

3− Proceder os devidos ajustes no exercício financeiro subsequente, com fins de demonstrar de forma correta os saldos das contas no Balanço Patrimonial e demais anexos exigidos pela Lei nº 4.320/64, devendo acompanhar as Demonstrações Contábeis notas explicativas sobre o assunto para exame quando de sua apreciação.

Determinações à SGE:

• Devem ser desentranhados os documentos anexados em 17 pastas tipo “a-z” e um classificador, referentes às prestações de contas das subvenções sociais e OSCIPS, e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise.

• Extrair os documentos de fls. 388/390 da pasta tipo “a-z” anexa às contas), referentes ao pagamento de multas nos montantes de R$ 800,00 e 800,00, relativas aos processos TCM nº 08007/10 e 08006/10, e do ressarcimento de R$ 3.277,26, processo TCM nº

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08926/09, e encaminhar para a Coordenadoria de Controle Externo para fins de registro.

Em face das irregularidades consignadas nos autos, relacionadas ao descumprimento da Lei nº 8.666/93, determina-se a formulação de representação, por intermédio da Assessoria Jurídica deste TCM, ao douto Ministério Público Estadual, com fundamento nos arts. 1º, inciso XIX e 76, inciso I, letra “d”, da Lei Complementar nº 06/91.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS, em 28 de dezembro de 2011.

Cons. PAULO MARACAJÁ PEREIRA – Presidente

Cons. PAOLO MARCONI – Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste, vá na página do TCM em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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