rose garziera rejeição de contas 2009

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1 INTEIRO TEOR DA DELIBERAÇÃO 42ª SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA CÂMARA REALIZADA EM 14/06/2012 PROCESSO TC Nº 1080061-0 PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE LAGOA GRANDE, RELATIVA AO EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2009 INTERESSADOS: ROSE MARY DE OLIVEIRA GARZIERA; MARIA LUIZA COELHO LIMA; VERA LUCIA BARBOSA PINHEIRO; EUNICE RODRIGUES BORGES E VALDELICE FELIPE SILVA ADVOGADOS: DR. LUÍS ALBERTO GALLINDO MARTINS OAB/PE Nº 20.189; DR. MURILO OLIVEIRA DE ARAÚJO PEREIRA OAB/PE Nº 18.526; DR. THIAGO LUIZ PACHECO DE CARVALHO OAB/PE Nº 28.507; DR. RAPHAEL PARENTE OLIVEIRA OAB/PE 26.433; DR. CARLOS HENRIQUE QUEIROZ COSTA OAB/PE Nº 24.842; DR. CARLOS EUGÊNIO GALVÃO MORAIS - OAB/PE Nº 27.508; DR. LOURDES MARIA NOGUEIRA DE CARVALHO OAB/PE Nº 27.876; DR. VITOR PIMENTEL DE VASCONCELOS AQUINO OAB/PE Nº 31.981; DRA. MARTA REGINA PEREIRA DOS SANTOS OAB/PE Nº 23.827 RELATOR: CONSELHEIRO CARLOS PORTO PRESIDENTE: CONSELHEIRO JOÃO CARNEIRO CAMPOS RELATÓRIO Prestação de contas da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande, relativa ao exercício financeiro de 2009. A prestação de contas foi instruída com as seguintes peças: Relatório de Auditoria da Inspetoria Regional de Petrolina (fls. 1542/Vol. VIII a 1592/Vol. IX); Notificações e defesas dos interessados (fls. 1594/Vol. IX a 2217/Vol. XII); Cota do Ministério Público de Contas (fls. 2236- 2237/Vol. XII); Nota Técnica de Esclarecimento (fls. 2239- 2242/Vol. XII) e, Parecer do Ministério Público de Contas (fls. 2257- 2289/Vol. XII). Na conclusão do Relatório de Auditoria, os técnicos da IRPE apresentaram os seguintes achados de auditoria (fls. 1542/Vol. VIII a 1592/Vol. IX):

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RELATORIO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO REJEITANDO AS CONTAS DA PREFEITA ROSE GARZIERA REFERENTA A 2009

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Page 1: Rose garziera rejeição de contas 2009

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INTEIRO TEOR DA DELIBERAÇÃO

42ª SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA CÂMARA REALIZADA EM 14/06/2012 PROCESSO TC Nº 1080061-0 PRESTAÇÃO DE CONTAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE LAGOA GRANDE,

RELATIVA AO EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2009 INTERESSADOS: ROSE MARY DE OLIVEIRA GARZIERA; MARIA LUIZA

COELHO LIMA; VERA LUCIA BARBOSA PINHEIRO; EUNICE RODRIGUES BORGES E VALDELICE FELIPE SILVA ADVOGADOS: DR. LUÍS ALBERTO GALLINDO MARTINS – OAB/PE Nº 20.189;

DR. MURILO OLIVEIRA DE ARAÚJO PEREIRA – OAB/PE Nº 18.526; DR. THIAGO LUIZ PACHECO DE CARVALHO – OAB/PE Nº 28.507; DR. RAPHAEL PARENTE OLIVEIRA – OAB/PE 26.433; DR. CARLOS HENRIQUE

QUEIROZ COSTA – OAB/PE Nº 24.842; DR. CARLOS EUGÊNIO GALVÃO MORAIS - OAB/PE Nº 27.508; DR. LOURDES MARIA NOGUEIRA DE

CARVALHO – OAB/PE Nº 27.876; DR. VITOR PIMENTEL DE VASCONCELOS AQUINO – OAB/PE Nº 31.981; DRA. MARTA REGINA PEREIRA DOS SANTOS – OAB/PE Nº 23.827

RELATOR: CONSELHEIRO CARLOS PORTO PRESIDENTE: CONSELHEIRO JOÃO CARNEIRO CAMPOS

RELATÓRIO

Prestação de contas da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande,

relativa ao exercício financeiro de 2009. A prestação de contas foi instruída com as seguintes peças:

Relatório de Auditoria da Inspetoria Regional de Petrolina (fls. 1542/Vol. VIII a 1592/Vol. IX);

Notificações e defesas dos interessados (fls. 1594/Vol. IX a 2217/Vol. XII);

Cota do Ministério Público de Contas (fls. 2236-2237/Vol. XII);

Nota Técnica de Esclarecimento (fls. 2239-2242/Vol. XII) e,

Parecer do Ministério Público de Contas (fls. 2257-2289/Vol. XII).

Na conclusão do Relatório de Auditoria, os técnicos da IRPE apresentaram os seguintes achados de auditoria (fls. 1542/Vol. VIII a

1592/Vol. IX):

Page 2: Rose garziera rejeição de contas 2009

2

ITEM

IRREGULARIDADE

LEGISLAÇÃO

INFRIGIDA

RESPONSÁVEIS

VALOR

PASSÍVEL DE

DEVOLUÇÃO

3.1.

3

Admissão e contratação de

pessoal com limite prudencial de DTP ultrapassado

LRF, artigo

22, IV

Rose Mary Oliveira

Garzieira

-

3.2.

1

Não atendimento do

limite de gastos com manutenção e

desenvolvimento do ensino

Constituição

Federal, artigo 212

Rose Mary Oliveira

Garzieira

-

3.2.

2

Não aplicação do

percentual mínimo de 60% com magistério

Artigo 22 da

Lei Federal n° 11.494/200

7

Rose Mary Oliveira

Garzieira

-

3.5 Repasse do Duodécimo abaixo do limite mínimo

C.F., artigo 29 A, § 2°, III

Rose Mary Oliveira Garzieira

-

4.1 Ausência de documentos na prestação de contas

Anexo I da Resolução TCE-PE n°

19/2008

Rose Mary Oliveira Garzieira

-

4.2 Ausência de informações obrigatórias nos

documentos da prestação de contas

Anexo I da Resolução

TCE-PE n° 19/2008

Rose Mary Oliveira Garzieira

-

4.3 Contratação direta de

serviços advocatícios mediante Inexigibilidade de Licitação –

Inexigibilidade 06 A/2009

Lei

8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira

Garzieira; Vera Lúcia Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva;

Eunice Rodrigues Borges

-

4.3 Contratação direta de Lei Rose Mary Oliveira

Page 3: Rose garziera rejeição de contas 2009

3

serviços advocatícios

mediante Inexigibilidade de Licitação – Inexigibilidade 021/2009

8.666/93,

artigo 25

Garzieira; Vera Lúcia

Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva; Eunice Rodrigues

Borges

-

4.3 Contratação direta de serviços advocatícios

mediante Inexigibilidade de Licitação – Inexigibilidade 009

A/2009

Lei 8.666/93,

artigo 25

Rose Mary Oliveira Garzieira; Vera Lúcia

Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva; Eunice Rodrigues

Borges

-

4.4 Contratação direta de

serviços advocatícios mediante Inexigibilidade de Licitação –

Inexigibilidade 010/2009

Lei

8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira

Garzieira; Vera Lúcia Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva;

Eunice Rodrigues Borges

-

4.5 Contratação direta de serviços advocatícios mediante Inexigibilidade

de Licitação – Inexigibilidade 011/2009

Lei 8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira Garzieira; Vera Lúcia Barbosa Pinheiro;

Valdelice Felipe Silva; Eunice Rodrigues Borges

-

4.5 Contratação direta de serviços advocatícios mediante Inexigibilidade

de Licitação – Inexigibilidade 005/2009

Lei 8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira Garzieira; Vera Lúcia Barbosa Pinheiro;

Valdelice Felipe Silva; Eunice Rodrigues

Borges

-

4.5 Contratação direta de serviços advocatícios

mediante Inexigibilidade de Licitação –

Inexigibilidade 030/2009

Lei 8.666/93,

artigo 25

Rose Mary Oliveira Garzieira; Vera Lúcia

Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva;

Eunice Rodrigues Borges

-

4.6. Contratação direta de Lei Rose Mary Oliveira

Page 4: Rose garziera rejeição de contas 2009

4

1 shows e eventos

mediante Inexigibilidade de \licitação

8.666/93,

artigo 25

Garzieira; Vera Lúcia

Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva; Eunice Rodrigues

Borges

-

4.6.2

Volume excessivo de gastos com shows e

eventos

C.F., artigo 37; Lei

8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira Garzieira

-

4.6.

3

Do excesso de gastos por

meio da Inexigibilidade 013/2009

C.F., artigos

5° e 37, caput;Lei

8.666/93, artigo 25

Rose Mary Oliveira

Garzieira; Vera Lúcia Barbosa Pinheiro; Valdelice Felipe Silva;

Eunice Rodrigues Borges

357.736,

00

VALOR TOTAL

(R$)

357.736,

00

Notificados (fls. 1594-1598/Vol. IX) quanto ao Relatório de Auditoria,

as Sras. Rose Mary de Oliveira Garziera (Prefeita), Maria Luiza Coelho Lima (Presidente da Comissão de Licitação), Vera Lúcia Barbosa Pinheiro (Presidente da Comissão de Licitação), Eunice Rodrigues Borges (Membro da Comissão de

Licitação) e Valdelice Felipe Silva (Membro da Comissão de Licitação) apresentaram defesa às fls. 1606/Vol. IX a 2217/Vol. XII. O Sr. Oswaldo Marley

Granja Mariano Filho, apesar de devidamente notificado (fl. 1599/Vol. IX) não apresentou defesa no prazo legal.

Os técnicos da IRPE analisaram a defesa apresentada quanto aos

achados de itens 3.2.1, 3.2.2 e 3.5 do Relatório de Auditoria, emitindo a Nota Técnica de Esclarecimento de fls. 2239-2242/Vol. XII, concluindo pelo

saneamento das irregularidades aprecidas nos itens 3.2.1 e 3.5 e pela manutenção da irregularidade de item 3.2.2.

Seguiram os autos ao Ministério Público de Contas para análise,

tendo sido emitido o Parecer MPCO nº 193/2012 (fls. 2257-2289/Vol. XII) exarado pelo Procurador Dr. Gustavo Massa, que em análise meritória se pronunciou e opinou nos termos transcritos a seguir:

MÉRITO

1. Admissão e contratação de pessoal com limite prudencial de despesa total com pessoal ultrapassado

Page 5: Rose garziera rejeição de contas 2009

5

De acordo com o Relatório de Auditoria (fls. 1.546), a

despesa total com pessoal (DTP) do Poder Executivo alcançou no último quadrimestre o valor de R$ 12.883.212,97, o que representou um percentual de 58,26%

da Receita Corrente Líquida do Município. No quadrimestre anterior, esse percentual já tinha sido acima do limite

prudencial admitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, atingido o valor de 51,72%. E desde o primeiro quadrimestre de 2008 a DTP vem se

mantendo acima do limite para alerta. O Relatório de Auditoria também ressalta que a Prefeita do Município de Lagoa Grande foi alertada pelo TCE deste

problema, por meio dos Ofícios TC/CCE nº 146/2009, de 09/07/09; nº 308/09, de 16/11/09; e nº 113/10, de

13/04/10. Apesar dos alertas emitidos pelo TCE e do alto valor da DTP, a Prefeitura de Lagoa Grande ainda admitiu, no período, 80

servidores efetivos e um grande número de contratações temporárias.

Tal irregularidade é atribuída à Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera. A Interessada reconhece (fls. 1.714) que foram feitas

contratações com o limite prudencial ultrapassado, mas alega que as contratações foram necessárias para manter as atividades prementes do Município, como saúde e educação.

No entanto nega, sem apresentar nenhuma documentação, que o limite legal de 54% foi desrespeitado.

A Interessada ainda alega que estão sendo tomadas (sem especificar) medidas para adequar o município aos limites da LRF e alega não ter havido prejuízo para a Administração

Pública. De acordo com a LRF:

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver

incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação

de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de

Page 6: Rose garziera rejeição de contas 2009

6

sentença judicial ou de determinação legal ou contratual,

ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento

de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações

previstas na lei de diretrizes orçamentárias. [Grifou-se] Destarte, as contratações realizadas após o limite

prudencial ter sido atingido foram feitas em grave desrespeito à norma legal. Seria diferente caso as contratações tivessem sido realizadas para a reposição em

caso de falecimento ou aposentadoria de servidores das áreas de educação, saúde e segurança, mas não há nenhum

elemento nos autos que sugira ter sido este o caso. Outrossim, o Parquet opina pela manutenção da irregularidade, que de per si tem o poder de macular

gravemente a presente Prestação de Contas, nos termos do art. 59, III, b) da Lei Orgânica do TCE-PE. 2. Não aplicação do percentual mínimo de 60% com

magistério De acordo com o Relatório de Auditoria, a Prefeitura

Municipal de Lagoa Grande aplicou 50,70% dos recursos anuais totais do FUNDEB na renumeração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na

rede pública, descumprindo a exigência contida no art. 22 da Lei Federal nº 12.494/07.

Nos exercícios financeiros de 2004 e 2005, esta mesma irregularidade tinha ocorrido, mas nos três anos anteriores à presente Prestação de Contas, o mínimo legal vinha sendo

respeitado. Tal irregularidade é atribuída à Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera.

No entendimento da Defesa (fls. 1.715 e 1.716), houve o correto cumprimento do limite legal e a fim de demonstrar

tal desiderato, foi anexado à Defesa um demonstrativo

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contábil que provaria o respeito ao mandamento legal.

De acordo com a documentação acostada pela Defesa, ter-se-ia aplicado um percentual de 63,66 com o magistério. Tal divergência seria em virtude do lançamento indevido nas

informações enviadas ao Coletor do TCE, em que foram considerados um superávit de R$ 241.426,65 e restos a

pagar não processado no valor de R$ 607.215,78. Na Nota Técnica de Auditoria (fl. 2.241) concluiu-se que “não se constatou novos documentos comprovando os

argumentos da defesa”. Diante da análise da Equipe de Auditoria, o MPCO entende que a irregularidade deve ser mantida e considerada para a

emissão do parecer prévio pela rejeição das contas, frente à grande diferença entre o aplicado e o que prescreve a

legislação. 3. Ausência de documentos na prestação de contas De acordo com o Relatório de Auditoria, a Prestação de

Contas foi apresentada com a falta de 15 documentos, conforme tabela às fls. 1.555/1.556.

Em sua defesa, a Interessado alega (fls. 1.717) que a suposta ausência de documentação não ocorreu por descuido ou esmero da Administração.

Os documentos faltantes dificultam e até impedem o correto trabalho da equipe de auditoria, razão pela qual a irregularidade deve ser mantida, apesar de, per si, não ter o

condão de macular de forma irreversível a presente prestação de contas.

4. Ausência de informações obrigatórias nos documentos da prestação de contas De acordo com o Relatório de Auditoria (Fls. 1.556), três

itens da Prestação de Contas não foram preenchidos corretamente.

No mapa das licitações, item nº 39, não foram listadas as empresas que participaram das licitações, mas apenas as vencedoras.

Na documentação do FUNDEB foram duas omissões. No item nº 47, constam apenas os relatórios de receitas e despesas do FUNDEB 60 e FUNDEB 40, mas estes não

estão assinados pelos responsáveis. E no item nº 52 não há, num mesmo demonstrativo, os saldos iniciais, receitas,

despesas e saldos finais do FUNDEB 60 e FUNDEB 40.

Page 8: Rose garziera rejeição de contas 2009

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Em sua defesa, a Interessado alega (fls. 1.717) que a

ausência das informações não ocorreu com o intuito de prejudicar a análise da Prestação de Contas pelo TCE e compromete-se a ter mais atenção quando das futuras

Prestações de Contas. Os documentos preenchidos de forma parcial ou incompleta

dificultam e até impedem o correto trabalho da equipe de auditoria, razão pela qual a irregularidade deve ser mantida, apesar de, per si, não ter o condão de macular de forma

irreversível a presente prestação de contas. 5. Contratação direta de serviços advocatícios mediante inexigibilidade de licitação

De acordo com o Relatório de Auditoria (fls. 1.556 a 1.561), o Poder Executivo de Lagoa Grande contratou três

escritórios de advocacia mediante inexigibilidades de licitação, todas fundamentadas no art. 25, II da Lei nº 8.666/93.

Por meio do Processo de Inexigibilidade nº 009 A/2009, foi contratada a ASCONPREV – Assessoria, Consultoria

Contábil e Previdenciária Ltda., com a finalidade de prestar serviços técnicos especializados para a recuperação de créditos previdenciários junto ao INSS, por meio da

compensação entre os valores pagos pelo Município de Lagoa Grande ao INSS, a títulos de contribuição previdenciária cujo fato gerador tenha sido a remuneração

de exercentes de mandatos eletivos entre os exercícios financeiros de 1997 a 2004, e os valores devidos pelo

Município nas competências posteriores à assinatura do contrato. O escritório Paulo Santana Advogados Associados foi

contratado por meio do processo de Inexigibilidade 06 A/2009 para prestar, dentre outras coisas, serviços técnicos

de acompanhamento da Comissão Permanente de Licitação, elaboração de minutas de contratos, elaboração de atos normativos e a feitura de defesa do Município perante o

Tribunal de Contas da União e o Tribunal de Contas do Estado. O advogado Wellington Cordeiro Lima foi contratado por

meio do Processo de Inexigibilidade nº 021/2009, para prestar assessoria jurídica ao município e atendimento das

demandas de interesse do contratante, tanto na área

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9

judicial como na área extrajudicial, bem como no âmbito

administrativo, além de consultoria aos demais órgãos e secretarias integrantes da administração pública municipal. De acordo com a Equipe de Auditoria (fls. 1.557 a 1.561),

em nenhum dos três processos ficou evidenciada a singularidade do objeto e a notoriedade do contratado.

Elementos essenciais para se admitir uma inexigibilidade com fundamento no art. 25, II da Lei de Licitações e Contratos.

No caso da contratação da ASCONPREV, o Relatório de Auditoria aponta (fls. 1.557) uma irregularidade a mais. O objeto do contrato é a compensação de créditos tributários

prescritos, por terem mais de 05 anos. As Sras. Eunice Rodrigues Borges (fls. 1.606 a 1.620), Vera

Lucia Barbosa Pinheiro (fls. 1.621 a 1.635), Valdelice Felipe Santos (fls. 1.636 a 1.650) e Maria Luiza Coelho Lima (fls. 1.647 a 1.711), todas integrantes da Comissão de Licitação

de Lagoa Grande, apresentaram defesas idênticas em que afirmam que:

Para a orientação da nova equipe de governo, o trabalho de um profissional do direito com experiência na área do direito administrativo era e é de fundamental

importância; Os profissionais contratados têm uma larga experiência na área do direito administrativo, trabalhando há mais de

15 anos com câmaras e prefeituras; Os julgados do STF reconhecem a inviabilidade da

disputa objetiva entre advogados para contratação pelo poder público, por meio de licitação; De acordo com a Constituição é facultado a cada

município, dentro de sua autonomia administrativa, criar ou não a sua procuradoria jurídica;

A maioria dos municípios pequenos não têm condições de manter uma procuradoria jurídica especializada; A Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera argumenta (fls. 1.717

a 1.721) que não é possível, pelo Estatuto da OAB, que advogados participem de licitações, de modo que a forma correta de contratá-los é por meio de inexigibilidade de

licitação. E evoca o princípio da confiança, que deve existir entre o cliente e seu advogado.

Também defende que, naturalmente, todo advogado exerce o

Page 10: Rose garziera rejeição de contas 2009

10

seu mister com notoriedade, por conta da necessidade de

inscrição na OAB, e que os serviços prestados por tais profissionais são sempre singulares. O TCE-PE tem farta jurisprudência sobre a contratação de

escritórios de advocacia por inexigibilidade. Destacamos o teor do Processo TC nº 0704935-3, por conta da brilhante

análise efetuada pelo Conselheiro Valdecir Pascoal no que diz respeito à singularidade do objeto, questão fulcral para o deslinde da presente controvérsia. No mesmo diapasão, o

Processo TC nº 0803804-1 e o Processo TC nº 084322-0. No que diz respeito à notória especialização, não é de se duvidar que os advogados contratados a detenha, não

obstante, seria necessária prova deste fato nos autos do processo de inexigibilidade, o que não ocorreu. Restando,

destarte, hígida esta irregularidade, ainda que de cunho formal. Sobre a questão do Princípio da Confiança, argumentada

pela Defesa, ele tem que se submeter aos cinco princípios básicos que regem a Administração Pública e que foram

insculpidos no art. 37 da Carta Magna. Particularmente, o Princípio da Impessoalidade que serve para impedir que o mero capricho do gestor eleja quem deve e quem não deve

ser contratado pelo Poder Público. Mais grave são as finalidades das contratações. No caso da ASCONPREV, o escritório foi contratado para

realizar compensações tributárias indevidas. Sobre o tema, o Conselheiro em exercício Marcos Nóbrega

assim se manifestou no julgamento da Prestação de Contas de 2008 da Prefeitura Municipal de Gravatá (Processo TC nº 0940060-6).

Quase tão grave quanto à contratação, por inexigibilidade, de escritório de advocacia para realizar a compensação

junto ao INSS de créditos prescritos é a contratação de escritório para realizar defesas perante os Tribunais de Contas, como no caso em tela ocorreu com Paulo Santana

Advogados Associados. A defesa do gestor junto aos órgãos de Controle Externo, é prática repudiada por este Tribunal de Contas, mormente

por não se traduzir em despesa de interesse público. E caso o TCE entendesse que o erário deveria suportar a defesa do

gestor nos julgamentos de processos perante as Cortes de

Page 11: Rose garziera rejeição de contas 2009

11

Contas, tal mister seria atribuição da Procuradoria Jurídica

do Município. Finalmente, com relação ao argumento de que o Município não teria condições de arcar com os custos de uma

Procuradoria Jurídica, este não pode prosperar, mormente num local onde se gastou mais de um milhão e trezentos mil

reais com shows, como será visto no ponto 3.8. deste Parecer. Como a inexigibilidade em tela foi reconhecida pela

Comissão de Licitação, seus membros, que subscreveram o termo de ratificação do processo de inexigibilidade – juntamente com o ordenador de despesas, que firmou o

contrato – são responsáveis por esta irregularidade. 6. Contratação direta de serviços de assessoria

mediante inexigibilidade de licitação De acordo com o Relatório de Auditoria (fls. 1.561), o Poder Executivo de Lagoa Grande contratou a empresa Dr. Alcides

Neto e Associados SS LTDA mediante inexigibilidades de licitação, fundamentada no art. 25, II da Lei nº 8.666/93,

para a prestação de serviços de assessoria e consultoria em gestão pública. Assim como no ponto anterior, a Equipe de Auditoria não

encontrou nos autos do processo de inexigibilidade os elementos necessários: notória especialização do contratado e natureza singular do objeto.

As Sras. Eunice Rodrigues Borges (fls. 1.606 a 1.620), Vera Lucia Barbosa Pinheiro (fls. 1.621 a 1.635), Valdelice Felipe

Santos (fls. 1.636 a 1.650) e Maria Luiza Coelho Lima (fls. 1.647 a 1.711), todas integrantes da Comissão de Licitação de Lagoa Grande, apresentaram defesas idênticas em que

afirmam que o serviço contratado tem natureza singular e que a empresa contratada detém notória especialização, o

que configura a regra excepcional do art. 25, II da Lei de Licitações. A Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera não se manifesta

explicitamente sobre este ponto, ainda que a mesma temática tenha sido abordada quando da defesa do ponto anterior.

Da mesma forma que no item anterior, a discussão aqui se situa, basicamente, em definir se o objeto contratado é

singular e se a pessoa ou empresa contratada detém notória

Page 12: Rose garziera rejeição de contas 2009

12

especialização.

De acordo com o relatório de auditoria, nenhum dos dois elementos estão presentes nos autos do processo de inexigibilidade. Ademais, a defesa não conseguiu

demonstrar a ocorrência, no caso concreto, de nenhum dois dois. Apena argumenta sobre o que seria notória

especialização e objeto singular de forma abstrata. Não há dúvidas que no caso de objetos singulares, ou seja, um objeto que não faça parte do dia a dia de nenhum ramo

de conhecimento, aliados à notória especialização de um profissional dá ensejo a uma contratação por inexigibilidade. No entanto, como toda regra excepcional, a possibilidade

aberta pelo art. 25, II da Lei nº 8.666/93 só pode ser usada quando a situação estiver claramente tipificado.

Não estando presentes de forma inequívoca os pressupostos da inexigibilidade, esta não deve ser utilizada. Destarte, o MPCO opina pela manutenção da irregularidade,

a ser atribuída aos membros da Comissão de Licitação – incluindo o seu Presidente –, bem como ao ordenador de

despesas, que no caso é a Prefeita Municipal de Lagoa Grande. 7. Contratação direta de serviços de assessoria

contábil e de locação de software mediante inexigibilidade de licitação De acordo com o Relatório de Auditoria (fls.

1.561/1.562), o Poder Executivo de Lagoa Grande contratou por inexigibilidade a empresa KM Serviços Contábeis e

Sistemas LTDA, para a prestação de serviços técnicos de manutenção e atualização de software a ser utilizado na Prefeitura e no Fundo Municipal de Saúde.

Também por inexigibilidade foi contratada a empresa Integral Assessoria e Contabilidade Pública LTDA., para

serviços especializados em contabilidade pública municipal. Em ambos os casos, as inexigibilidades foram fundamentadas no art. 25, II da Lei nº 8.666/93.

Segundo a Equipe de Auditoria, não estão presentes nos autos dos processos de inexigibilidade as provas dos requisitos exigidos pela Lei de Licitações: singularidade do

objeto e notória especialização dos contratados. As Sras. Eunice Rodrigues Borges (fls. 1.618), Vera Lucia

Barbosa Pinheiro (fls. 1.633), Valdelice Felipe Santos (fls.

Page 13: Rose garziera rejeição de contas 2009

13

1.648) e Maria Luiza Coelho Lima (fls. 1.709), todas

integrantes da Comissão de Licitação de Lagoa Grande, apresentaram defesas idênticas em que afirmam que o presente caso é idêntico ao anterior.

A Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera alega (fls. 1.721/1.722) que, no caso específico, sendo o software

único, a empresa que o fabrica poderia, sim, ser contratada por inexigibilidade. O MPCO entende que assiste razão parcial à Defesa. De fato,

sendo o software utilizado pela Prefeitura Municipal e o Fundo Municipal de Lagoa Grande de autoria da empresa KM Serviços Contábeis e Sistemas LTDA., é possível a

inexigibilidade da licitação, com fundamento no art. 25, I da Lei nº 8.666/93.

No entanto, é de se perquirir se o que se está pagando é uma manutenção/atualização do software, ou apenas o aluguel deste. Como o avençado foi um pagamento de R$

16.800,00, parcelado em 12 parcelas, há uma aparência de que se trata de mero aluguel, e não de contrato de

manutenção/atualização do software. Com relação à contratação da Integral Assessoria e Contabilidade Pública LTDA., o serviço prestado é o de mero

assessoramento técnico contábil e administrativo para as atividades cotidianas da Prefeitura e do Fundo Municipal de Saúde. Ou seja, não existe singularidade no objeto. Não se

trata de uma técnica inovadora a ser implementada no Município, nem de um serviço que apenas poucas pessoas

no Brasil tenha a capacidade de realizar. Destarte, não está caracterizado um dos requisitos para a contratação por meio de inexigibilidade de licitação.

Ademais, chama a atenção o valor mensal pago à Integral Assessoria e Contabilidade LTDA. R$ 9.300,00 para

assessorar a Prefeitura e o Fundo Municipal de Saúde. Não há nos autos, sequer, elementos que comprovem tratar-se de valor razoável para a região.

Destarte, o MPCO opina no sentido de que a irregularidade seja mantida e que os responsáveis – ordenadora de despesa e comissão de licitação – sejam punidos por suas atuações.

8. Contratação direta de shows e eventos mediante inexigibilidade de licitação

De acordo com o Relatório de Auditoria (fls. 1.562 a 1.567),

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14

foram realizados oito processos de inexigibilidade de

licitação, com base no art. 25, III da Lei nº 8.666/93, e um de dispensa de licitação, para a contratação de serviços artísticos, totalizando o valor de R$ 1.338.150,00.

Segundo a Equipe Técnica deste TCE, foram apresentadas cartas de exclusividades da mesma banda, supostamente

assinadas pela mesma pessoa, mas com grafias distintas (fl. 1.563). Também foi registrado o caso de cartas de exclusividades da mesma banda assinada por pessoas

distintas. Tais fatos, seriam indícios de irregularidades nas contratações das atrações artísticas. No entendimento da Equipe de Auditoria, não foram

comprovados nenhum dos requisitos que poderiam lastrear a inexigibilidade de licitação: a singularidade dos serviços

contratados e a notória especialização. Ainda segundo o Relatório de Auditoria, os valores gastos com atrações artísticas foram muito elevados,

representando 64% do total gasto com educação, ou 51% dos gastos com saúde, ou ainda 37% a mais do que foi

repassado para a Casa Legislativa. Finalmente, o Relatório de Auditoria aponta como excessivo o gasto no processo de inexigibilidade nº 013/2009, para

contratar nove atrações artísticas: R$ 880.000,00, sendo que apenas três dessas atrações eram de maior renome. De acordo com o raciocínio desenvolvido no Relatório de

Auditoria (fls.1.565 a 1.567), foram pagos R$ 808.000,00 para contratar Reginaldo Rossi, Jota Quest e

Calcinha Preta. Comparando-se com outras contratações realizadas de artistas de renome, chega-se à conclusão de que houve um excesso de gasto no valor de R$ 357.736,00 –

referente apenas ao que foi empenhado em 2009. O Relatório de Auditoria aponta como responsáveis por esta

irregularidade a Prefeita, os membros da comissão de licitação e o empresário Osvaldo Marley Granja Mariano Filho, que intermediou as contratações.

As Sras. Eunice Rodrigues Borges (fls. 1.618 e 1.619), Vera Lucia Barbosa Pinheiro (fls. 1.633 e 1.634), Valdelice Felipe Santos (fls. 1.648 e 1.649) e Maria Luiza Coelho Lima (fls.

1.079 e 1.710), todas integrantes da Comissão de Licitação de Lagoa Grande, apresentaram defesas idênticas em que

afirmam que a contratação de artistas se dá de forma

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diferenciada das demais contratações por determinação

legal expressa. Ademais, alegam tratar-se de artistas consagrados nacional e internacionalmente e que os preços firmados foram

aqueles praticados no mercado. Razão pela qual não se pode falar em excesso de gastos.

Após fazer uma breve explanação sobre a história da empresa que administra (fls. 1.672/1.673) - a Sucesso Representações e Produção de Eventos –, o Sr. Osvaldo

Marley Granja Mariano Filho afirma que o valor avençado de R$ 880.000,00 incluiu os seguintes pagamentos:

Impostos retidos na fonte (5% de ISS e 1,5% de IRPJ);

Locação de jato para transportar os 5 integrantes da

banda Jota Quest;

114 passagens aéreas, para as equipes das bandas

contratadas;

Transporte rodoviário para equipes técnicas, bailarinos,

músicos, produtores e outras pessoas envolvidas nas apresentações;

Locação de carretas e caminhões com equipamentos e cenários para as bandas;

Diárias de alimentação para as atrações;

Locação de 2 vans para o translado das atrações entre o

hotel em Petrolina e o local do evento;

Instalação e preparação de camarins;

Locação de 02 carros de luxo com motoristas para o translado dos principais artistas;

Empresa especializada em segurança de artistas;

Remuneração da equipe de profissionais de apoio para a

realização da Festa da Uva e do Vinho; e

Cachê dos artistas e bandas.

Ainda de acordo com o Sr. Osvaldo Marley Granja Mariano

Filho (fls. 1.677), o preço dos artistas não seguem a uma tabela nacional, dependendo de acordos contratuais específicos para cada evento, que depende do local, data,

distância e tamanho do evento. Destarte, não existe uma regra de três para a obtenção de valores referentes ao cachê de bandas ou artistas.

Com relação ao problema das assinaturas nas cartas de exclusividade, o Sr. Osvaldo Marley Granja Mariano Filho

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afirma (fls. 1.677) que elas apresentam o reconhecimento de

firma, o que torna irrelevante a sua suposta ilegibilidade. O Sr. Osvaldo Marley Granja Mariano Filho ainda tece comentários sobre a importância da Festa da Uva e do

Vinho da Cidade de Lagoa Grande (fls. 1.675 a 1.677), que, na opinião do Parquet de Contas, é irrelevante para se

decidir se houve ou não irregularidades nas contratações das atrações artísticas. Inicialmente a Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera afirma

(fls. 1.722 a 1.725) ser um entendimento pacífico que as atrações artísticas devem ser contratadas mediante processo de inexigibilidade de licitação, com fulcro no art.

25, inciso III da Lei nº 8.666/93. A alcaide de Lagoa Grande também afirma (fls. 1.725) que

todos os artistas contratados possuem renome, aclamação popular e empresário regional exclusivo. Segundo esta Interessada, a exclusividade regional é uma realidade e se

amolda à dicção legal. Finalmente (fls. 1.726 e 1.727), a Sra. Rose Mary de Oliveira

Garziera passa a fazer afirmações sobre a legalidade do procedimento adotado pela Prefeitura do Município de Bodocó (sic), onde afirma que a Equipe de Auditoria não

teria alegado haver sobrepreço e se defendo de uma suposta não publicação na imprensa oficial das retificações das inexigibilidades.

O MPCO entende que esta parte da Defesa não deve ser levada em consideração, por se tratar claramente de um

“copiar e colar” mal feito pela representante legal da interessada, uma vez que a equipe de auditoria apontou, sim, a existência de sobrepreço e por outro lado não

mencionou nenhuma irregularidade no que diz respeito à não publicação em Diário Oficial. E, além de tudo, trata-se

do Município de Lagoa Grande, e não de Bodocó. Preliminarmente, este Parquet de Contas concorda com as Defesas no sentido de que a forma apropriada, de acordo

com a Lei de Licitações e Contratos Administrativos, de se contratar atrações artísticas é por meio de inexigibilidade de licitação. No entanto isso não significa que a Administração

Pública seja livre para contratar qualquer artista por qualquer preço, nem exime que tal inexigibilidade seja feita

diretamente com o artista ou com seu empresário exclusivo.

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17

É verdade que o artista pode eleger um empresário exclusivo

para uma determinada região, mas tal fato teria de ser muito bem caracterizado para que este “empresário regional” se adeque ao ditame legal. Em outras palavras,

qualquer outra pessoa natural ou jurídica que queira contratar aquele artista naquela região teria que contratá-lo

por meio daquele empresário, ou poderia contratar o artista de forma diversa? Se puder contratá-lo por meio de outro empresário ou diretamente junto ao próprio artista, não se

trata de um empresário regional exclusivo. No presente caso há de se questionar se a única forma de se contratar Reginaldo Rossi, Jota Quest e Calcinha Preta, por

exemplo, no Nordeste do Brasil ou em Pernambuco é por meio da Sucesso Representações e Produção de Eventos. Se

isso for verdade, tal empresa é legitimada para ser contratada por inexigibilidade de licitação para trazer tais atrações. Não sendo verdade, a contratação da Sucesso

Representações e Produção de Eventos violou a Lei de Licitações e Contratos Administrativos de forma grave.

Não há nos autos do presente Processo nenhuma evidência de que a empresa do Sr. Osvaldo Marley Granja Mariano Filho seja a única autorizada pelas atrações contratadas

para representá-las na região. Destarte, houve uma irregularidade grave, cuja responsabilidade recai sobre a Comissão de Licitação e a Prefeita de Lagoa Grande.

Há algum tempo que este Membro do Ministério Público de Contas vem se manifestando pelas irregularidades nas

contratações de bandas por meio do que já chamamos de “empresários exclusivos do erário”. O caso aqui presente é mais uma repetição de tantos outros

que ocorrem em praticamente todos os municípios pernambucanos, bem como o ocorrido na FUNDARPE e

EMPETUR. As Defesas tentam levantar uma cortina de fumaça, como se a discussão fosse a possibilidade ou não de se contratar

artistas por inexigibilidade de licitação. Não há nenhuma dúvida: é possível, sim. A questão é a utilização de um empresário exclusivo para uma data e local, que não se

enquadra no permissivo da Lei de Licitações e Contratos. Isso não é possível, dentro da legalidade.

O que já chamamos de “empresário exclusivo do erário” é

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um mero intermediário entre a administração pública e o

artista – normalmente, o real empresário exclusivo do artista. Como todo intermediário, ele recebe uma comissão por seus serviços. É justamente no recebimento desta

comissão que entra o prejuízo ao erário, que está pagando por um serviço que não precisaria pagar, já que poderia (e

deveria) negociar diretamente com a atração artística desejada. Mais grave ainda é que não há nenhum elemento que

indique de quanto é a comissão que este “empresário exclusivo do erário” está levando. Aliás, não sabemos nem quanto cada atração está

recebendo, pois foram firmados “pacotes fechados”, que envolvem vários artistas, bem como outras despesas que

não poderiam ser objeto de inexigibilidade, como o empresário contratado revelou em sua defesa. Ora, ninguém trabalha de graça e o “empresário de ocasião”

da banda certamente está ficando com uma parte dos recursos. Qual parte? Não está dito nos autos do processo.

Em julgamento paradigmático, de relatoria do Nobre Conselheiro Carlos Porto1, este TCE assim se manifestou: Não é preciso grande esforço para perceber que se trata de

empresários exclusivos da prefeitura, ou melhor, Empresário Exclusivo do Erário Municipal, e não da banda.

A prefeitura escolhe um empresário por inexigibilidade e contrata todas as bandas por intermédio dessa pessoa. A

idéia de contratar um intermediário para ficar responsável por entrar em contato com as bandas, além de organizar toda a festividade, não é reprovável. O problema é tal

escolha se dar por meio de uma inexigibilidade e, depois, apresentar pretensa documentação de que se trata do

empresário exclusivo da banda, a fim de aparentar conformidade com as exigências da Lei nº 8.666/93. Seria mais barato abrir uma licitação para contratar uma

empresa para produzir, por um preço fixo, todo o evento, por exemplo, por R$ 10.000,00 a empresa contratada se encarregaria de produzir a festa e intermediar os contratos com

as bandas. Isso resguardaria a livre concorrência, diminuiria a possibilidade de fraudes, em consonância com todos os

ditames legais, homenageando o princípio da economicidade.

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(...)

O Relatório de Auditoria também aponta que não houve a justificativa do valor das contratações, em clara infração ao parágrafo único, inciso III, da Lei nº 8.666/93.

A defesa manteve-se silente acerca desta irregularidade. Tal omissão é inaceitável. Note-se que mesmo num processo

licitatório em que há concorrência, é preciso que a Administração Pública faça antes uma pesquisa de mercado, a fim de determinar se o preço a ser pago está justo ou não.

Muito mais importante uma justificativa de preço, numa situação em que não há disputa. Pelo exposto, o MPCO entende que deve ser feita uma

recomendação para que a Prefeitura de Panelas passe a instruir seus processos de inexigibilidade com a justificativa

da escolha das atrações artísticas, assim como a justificativa de preços e que também seja recomendado que o Município realize licitação para a contratação de empresa

de eventos a ficar responsável pela contratação das bandas e organização dos eventos, cobrando um preço fixo para

tanto. O Parquet também entende que as irregularidades, no que diz respeito à simulação de empresário exclusivo das

bandas, ferem a Lei nº 8.666/93. Deve, portanto, ser motivo para a rejeição das contas, bem como o encaminhamento do Processo para o Procurador Geral do MPCO, para que exare

representação ao Ministério Público do Estado de Pernambuco - MPPE, a fim de realizar a denúncia criminal

com base no art. 89 da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, combinado com o art. 102 do mesmo diploma legal.

(…) Ante ao exposto, profiro o seguinte Voto:

Considerando os termos do Parecer MPCO nº 394/2009; Considerando a constatação de indícios de simulação da situação de “empresário exclusivo”, nas contratações de

bandas musicais objetivando justificar os procedimentos de Inexigibilidades de Licitação nºs 02/07, 03/07 e 04/07 (fls.1409 a 1595), caracterizando infração à Lei Federal nº

8.666/93, artigo 25, inciso III, e motivando Nota de Improbidade Administrativa à luz no artigo 10, VIII, da Lei

Federal nº 8.429/92;

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(…)

JULGO IRREGULARES as Contas da Prefeitura Municipal de Panelas, referentes ao exercício financeiro de 2007, de responsabilidade do Sr. Carlos Frederico de Lemos Moreira

Lima. O presente caso é ainda mais grave do que o supracitado,

posto que além da situação de “empresário exclusivo do erário”, as inexigibilidades também foram utilizadas para a compra de passagens aéreas, locação de veículos, locação de

avião, montagem e instalação de camarins, subcontratação de empresa de segurança e outros serviços adicionais, que não encontram guarida no permissivo legal, conforme relata

o próprio empresário contratado. O MPCO também concorda com a Equipe de Auditoria,

quando esta afirma serem excessivos os gastos com atrações artísticas realizados pela Prefeitura Municipal de Lagoa Grande. E mesmo que estes não sejam ilegais, estritamente

falando, ferem gravemente o princípio da moralidade. De acordo com o IBGE, a população de Lagoa Grande em

2010 era de 22.760 habitantes. Número que não deve diferir muito da população em 2009. Isto significa um gasto per capita de R$ 58,79 só com atrações artísticas. Isso é o

mesmo que a Prefeitura do Recife2 gastar R$ 90.407.671,69 com atrações artísticas. Só na Festa da Uva e do Vinho foram gastos, com atrações

artísticas, R$ 880.000,00, ou R$ 38,66 por habitante de Lagoa Grande. É como se a Prefeitura da Cidade do Recife

gastasse R$ 59.454.284,71 num único evento, apenas com as atrações artísticas. Para se ter uma ideia, do que representa isso, o custo total

(incluindo decoração e atrações) do carnaval de Recife em 2008 foi de R$ 36.758.104,87, sendo que desse valor,

R$ 4.430.000,00 vieram dos patrocinadores. E em 2009 esse valor foi reduzido para um teto de 30 milhões de reais. Para o MPCO, não restam dúvidas de que os valores gastos

pela Prefeitura do Município de Lagoa Grande é excessivo e foge a qualquer parâmetro de razoabilidade que se possa imaginar.

Com relação ao sobrepreço encontrado pela Equipe de Auditoria, o Ministério Público especializado só tem a

parabenizar a metodologia utilizada, face à ausência dos

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valores pagos individualmente a cada uma das atrações. Foram

utilizados com maestria critérios de razoabilidade e proporcionalidade. E se os interessados entendem que os valores encontrados não são verdadeiros, que apresentassem o

valor de cada um dos cachês pagos, além da comprovação de que esses valores estão dentro da realidade praticada por cada

uma das atrações. Pelas razões expostas, o MPCO opina no sentido de que a irregularidade seja mantida e que as mesmas

recomendações exaradas no Processo TC nº 0906684-6 – Auditoria Especial realizada na FUNDARPE sejam aqui inseridas, a saber:

1-Quando da Prestação de Contas a serem efetuadas pelas empresas contratadas para realização de eventos artísticos,

apresentação dos seguintes documentos: a) Fotos e filmagem, devendo haver evidência clara que se relaciona com os artistas e os eventos mencionados. Deve

também ser arquivada em local apropriado e disponibilizado para os diversos controles, a mídia originária que

armazenou a informação (ex: cartão de memória). b) Cópia do jornal, panfleto, banner, cartazes, ou outro instrumento que comprovem a divulgação dos eventos.

c) Documento da Polícia Militar, Polícia Civil e/ou Corpo de Bombeiros atestando a realização dos eventos. d) Planilha detalhada da composição de custos unitários e

quantitativos dos diversos serviços relacionados aos eventos, destacando especialmente:

d.1-locação de palco ou de recintos destinados à execução do objeto, tais como: auditórios, salas de espetáculos, centro de convenções, salões e congêneres;

d.2-locação de tenda, som, iluminação, banheiros químicos, estandes e arquibancadas;

d.3-contratação de serviços de segurança, limpeza e recepção; d.4-locação de grupo gerador de energia, vídeo e imagem

(telão e/ou projetor) d.5-pagamento de cachês de artistas e bandas; d.6- outros gastos não relacionados acima.

e) Notas Fiscais emitidas pelas empresas contratadas referentes aos serviços prestados de cada contrato.

f) Demonstração da existência de endereços das sedes das

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empresas contratadas, constantes dos cadastros da Receita

Federal e Junta Comercial. 2–Em todos os processos de contratação direta de artista, independentemente do valor, devem constar:

a) Justificativa de preço (inciso III, art. 26 da Lei Federal no 8.666/93), com a comprovação através de documentação,

relativa a shows anteriores com características semelhantes, que evidencie que o valor a ser pago ao artista seja aquilo que recebe regularmente ao longo do exercício ou em um evento

específico. b) Documentação que comprove a consagração do artista pela crítica especializada ou pela opinião pública, quando

for o caso (inciso III, art. 25 da Lei Federal no 8.666/93). c) Justificativa da escolha do artista (inciso II, art. 26 da Lei

Federal no 8.666/93), demonstrando sua identificação com o evento, bem como a razoabilidade do valor e o interesse público envolvidos.

d) Documento que indique a exclusividade da representação por empresário do artista, (inciso II, art. 26 da Lei Federal no

8.666/93), acompanhado do respectivo Contrato entre o empresário e o artista, que comporte, no mínimo, cláusulas de duração contratual, de abrangência territorial da

representação e do seu percentual. e) Comprovantes da regularidade das produtoras junto ao INSS (Parágrafo 3o, art.195, da CF/88) e ao FGTS (art. 27,

“a” da Lei no 8.036/90 e art. 2o da Lei no 9.012/95). f) Ato constitutivo (ou equivalente) das produtoras na junta

comercial respectiva e comprovação que está em sua situação ativa, anexadas cópias das cédulas de identidade e do cadastro de pessoa física (CPF) dos sócios das empresas,

bem como dos músicos contratados. g) Cópia da publicação no Diário Oficial do Estado do

extrato dessas contratações, devendo, no mínimo, conter o valor pago, a identificação do artista/banda e do seu empresário exclusivo, caso haja (caput do art. 26 da Lei de

Licitações). h) Nota de empenho diferenciando o valor referente ao cachê do artista e o valor recebido pelo empresário, quando for o

caso. i) Ordens bancárias distintas emitidas em favor do empresário

e do artista contratado, quando for o caso.

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3-Em caso de contratação de artistas que não possuam a

consagração definida no inciso III do art. 25 da Lei de Licitações (condição imprescindível para se contratar diretamente), os órgãos públicos poderão fazê-la mediante

seleção pública com critérios definidos em Edital (princípio da isonomia), sem prejuízo das exigências referidas acima,

quando aplicável. 4–Em todos os casos de contratação, independentemente de haver, ou não, processo licitatório, deve constar:

a) Documentos comuns ao processamento da despesa pública, tais como edital de licitação, dispensa ou inexigibilidade, quando possível, atas da comissão de

licitação, publicação no diário oficial, propostas de preços e documentos de habilitação das licitantes e empresa

vencedora, contrato administrativo, empenho, liquidação e pagamento. b) Atesto da realização do evento por servidor efetivo do

órgão (art. 67 da Lei Federal no 8.666/93). 5-Realizar processos licitatórios para contratação de

serviços que não se relacionem diretamente com o artista, tais como: som, iluminação, banheiros químicos, estandes, arquibancadas, segurança, limpeza e recepção, entre outros.

Adicionalmente, como forma de tentar reduzir ainda mais as fraudes envolvendo atrações artísticas, o MPCO sugere que os valores recebidos por cada uma das bandas, bem como

por cada um dos empresários passem a ser repassados à Receita Federal, a fim de fortalecer as redes de controle.

Diante do exposto, o MPCO entende que a irregularidade deve ser mantida para todos os interessados apontados no Relatório de Auditoria.

Retornaram-me os autos em 05/05/2012.

É o relatório.

VOTO DO RELATOR

Acompanho a fundamentação e análise meritória exarada no

Parecer do Ministério Público de Contas, fazendo dele minhas razões de decidir

no presente julgamento. Entendo, outrossim, que o débito no valor de R$

357.736,00, por conta da apuração de que houve sobrepreço com a contratação

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de atrações artísticas, seja imputado à Prefeita e Ordenadora de Despesas do

Município, Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera. Ante ao exposto, profiro o seguinte Voto:

1. Considerando os termos do Relatório de Auditoria da Inspetoria Regional de Petrolina (fls. 1542/Vol. VIII a 1592/Vol. IX); das defesas

dos interessados (fls. 1594/Vol. IX a 2217/Vol. XII); da Nota Técnica de Esclarecimento (fls. 2239-2242/Vol. XII) e do Parecer do Ministério Público de Contas (fls. 2257-2289/Vol. XII);

2. Considerando a constatação de admissão e contratação de pessoal com limite prudencial de despesa total com pessoal ultrapassado, caracterizando infração ao disposto no art. 22 da Lei Complementar nº

101/2000; 3. Considerando a ausência de documentos e informações

obrigatórias na prestação de contas, caracterizando infração à Resolução TCE-PE n° 19/2008;

4. Considerando a aplicação de apenas 50,70% dos recursos

anuais totais do FUNDEB na remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública, caracterizando infração

ao Artigo 22 da Lei Federal n° 11.494/2007; 5. Considerando a contratação direta de serviços advocatícios,

assessoria contábil, locação de software e outros serviços, mediante

inexigibilidade de licitação, caracterizando infração à Lei Federal nº 8.666/93; 6. Considerando o excessivo gasto com a contratação de

atrações artísticas, incorrendo em sobrepreço no valor de R$ 357.736,00,

caracterizando infração aos Artigos 5° e 37, caput e Artigo 25 da Lei Federal nº 8.666/93;

7. Considerando a constatação de indícios de simulação da situação de “empresário exclusivo”, nas contratações de bandas musicais, objetivando justificar os procedimentos de Inexigibilidades de Licitação,

caracterizando infração à Lei Federal nº 8.666/93, artigo 25, inciso III, e motivando Nota de Improbidade Administrativa à luz no artigo 10, VIII, da Lei

Federal nº 8.429/92; 8. Considerando a participação da comissão permanente de

licitação nas contratações irregulares de assessorias e de atrações artísticas;

9. Considerando a jurisprudência do TCE-PE; 10. Considerando o art. 73, III da Lei Orgânica do TCE-PE; e o

art. 10, incisos V e VIII da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429 de 1992);

11. Considerando que in casu o § 6º do artigo 73 da Lei Estadual

nº 12.600/2004 afronta a Carta Magna, artigo 71 c/c o artigo 75 (Súmula nº

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347 do STF), consoante Decisão emanada do Pleno deste TCE-PE em

25.01.2012 - Processo TC nº 0920020-4; CONSIDERANDO o disposto nos artigos 70 e 71, inciso I, combinados

com o artigo 75 da Constituição Federal;

Voto pela emissão de Parecer Prévio recomendando à Câmara Municipal de Lagoa Grande a rejeição das contas da Prefeita, Sra. Rose Mary

de Oliveira Garziera, relativas ao exercício financeiro de 2009, de acordo com o disposto nos artigos 31, §§ 1º e 2º, da Constituição do Brasil, e 86, § 1º, da Constituição de Pernambuco, e

CONSIDERANDO o disposto nos artigos 70 e 71, incisos II e VIII, § 3º, combinados com o artigo 75 da Constituição Federal, e no artigo 59, inciso III, alíneas “a” e “b”, da Lei Estadual nº 12.600/04 (Lei Orgânica do Tribunal de

Contas do Estado de Pernambuco), Julgo irregulares as contas da Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera,

Prefeita e ordenadora de despesas no exercício financeiro de 2009, imputando-lhe um débito no valor de R$ 357.736,00 (trezentos e cinquenta e sete mil, setecentos e trinta e seis reais), por conta das irregularidades citadas nos considerandos 6 e

7 do presente Acórdão, que deverá ser atualizado monetariamente a partir do primeiro dia do exercício financeiro subsequente ao das contas ora analisadas,

segundo os índices e condições estabelecidos na legislação local para atualização dos créditos da Fazenda Pública Municipal, e recolhido aos cofres públicos municipais, no prazo de 15 (quinze) dias do trânsito em julgado desta decisão,

devendo cópia da Guia de Recolhimento ser enviada a este Tribunal para baixa do débito. Não o fazendo, que seja extraída Certidão do Débito e encaminhada ao Prefeito do Município, que deverá inscrever o débito na Dívida Ativa e proceder a

sua execução, sob pena de responsabilidade. Aplico à Sra. Rose Mary de Oliveira Garziera multa no valor de R$

10.000,00, prevista no artigo 73, inciso II, da Lei Estadual n° 12.600/04, que deverá ser recolhida, no prazo de 15 (quinze) dias do trânsito em julgado desta Decisão, ao Fundo de Aperfeiçoamento Profissional e Reequipamento Técnico

do Tribunal, por intermédio de boleto bancário a ser emitido no sítio da internet deste Tribunal de Contas (www.tce.pe.gov.br).

Aplico às Sras. Maria Luiza Coelho Lima, Vera Lúcia Barbosa Pinheiro, Eunice Rodrigues Borges e Valdelice Felipe Silva (integrantes da Comissão de Licitação), multa individual no valor de R$ 3.000,00, nos termos

do art. 73, incisos III, da Lei Estadual nº 12.600/2004, que deverá ser recolhida, no prazo de 15 (quinze) dias do trânsito em julgado desta Decisão, ao Fundo de Aperfeiçoamento Profissional e Reequipamento Técnico do Tribunal,

por intermédio de boleto bancário a ser emitido no sítio da internet deste Tribunal de Contas (www.tce.pe.gov.br).

Determino o encaminhamento dos autos ao Ministério Público de

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Contas para providências cabíveis no que tange ao procedimento de Nota de

Improbidade Administrativa à luz no artigo 10, VIII, da Lei Federal nº 8.429/92, consoante irregularidade citada no considerando 7 do presente Acórdão.

DETERMINO, também, com base no disposto no artigo 69 da Lei

Estadual nº 12.600/2004, que o Prefeito do Município de Lagoa Grande, ou quem vier a sucedê-lo, adote as medidas a seguir relacionadas, a partir da data

de publicação desta Decisão, sob pena de aplicação da multa prevista no inciso XII do artigo 73 do citado Diploma legal:

a) Utilizar-se da prerrogativa da Inexigibilidade de Licitação como uma exceção, e não como uma regra;

b) Instruir todos os processos administrativos para contratações

diretas com os documentos exigidos no parágrafo único do art. 26 da Lei n° 8.666/93;

c) Realizar o procedimento licitatório prévio para a aquisição de bens e contratação de serviços acessórios às apresentações artísticas – como montagem de palco, som e iluminação – tendo em vista que a inexigibilidade de

que trata o inciso III do art. 25 da Lei nº 8.666/93 é exclusiva para o pagamento dos artistas;

d) Nas inexigibilidades com fulcro no art. 25, inciso III, da Lei n° 8.666/93, instruir o processo com a justificativa do preço, demonstrando que este é compatível com o praticado pelo artista no mercado;

e) Nas inexigibilidades com fulcro no art. 25, inciso III, Lei n° 8.666/93, firmar contrato diretamente com o artista ou por intermédio de seu empresário exclusivo e habitual, com o qual o artista tenha vínculo contratual

prévio, devidamente comprovado no processo; f) Nas inexigibilidades com fulcro no art. 25, inciso III, da Lei n°

8.666/93, instruir o processo com documentação comprobatória de que o artista é consagrado pelo público e pela crítica especializada;

g) Exigir a apresentação pela empresa contratada de certidões de

regularidade fiscal para com as Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal, dentro dos respectivos prazos de validade, antes da assinatura do

contrato e de se efetuar cada pagamento; h) Incluir na documentação comprobatória da realização dos eventos

os vídeos e áudios integrais dos shows, com identificação do local, do artista e do

dia da realização do evento; i) Incluir na documentação comprobatória da despesa com cachês

de artistas, recibos assinados pelos artistas contratados e as notas fiscais dos

empresários exclusivos; j) Priorizar a contratação de bandas/artistas de alcance e comoção

local ou regional além de outros tipos de fornecedores locais ou regionais,

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sempre na forma da lei, em respeito aos aspectos constitucionais relativos à

redução das desigualdades regionais e à ordem econômica e à promoção do patrimônio cultural, como esculpido na Constituição Federal, em seus artigos 3°, III; 170, VII; e 30, IX.

_________________________________________________________________O CONSELHEIRO ROMÁRIO DIAS VOTOU DE ACORDO COM O RELATOR. O

CONSELHEIRO PRESIDENTE, TAMBÉM, ACOMPANHOU O VOTO DO RELATOR. PRESENTE O PROCURADOR DR. RICARDO ALEXANDRE DE ALMEIDA SANTOS.

MC/ACP