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Parábolas E Ensinos De Jesus Cairbar Schutel A MEUS GUIAS E PROTETORES ESPIRITUAIS Como poderia eu escrever os ditames contidos nesta obra, sem o vosso paternal auxílio? Aceitai, como uma homenagem de amor que me ensinastes a cultivar, os meus melhores préstimos ao vosso labor. CAIRBAR Preito de sincera amizade e gratidão ao meu bom companheiro LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA BORGES e sua digna esposa MARIA ELIZA DE OLIVEIRA BORGES. EPÍSTOLA A JESUS Mestre e Senhor: Após longos anos de lutas e de esforços dedicados à difusão da tua palavra redentora, chegamos a realizar uma das nossas maiores aspirações — dar à publicidade esta despretenciosa obra, que cremos encerrar os princípios doutrinários que motivaram a tua vinda a este mundo, e cujo único escopo é dar uma interpretação clara e suscinta da tua inigualável Doutrina. O tempo, esse grande iconoclasta que derrui monumentos e devasta metrópoles; que assiste ao ritmo cadenciado do camartelo do progresso, à sucessão das gerações e à transformação da mais sublimada ciência que ao homem foi dado conhecer, não teve, até agora, poder contra a tua Doutrina sem mácula. Tudo tem passado nestes dois mil anos, na Terra quanto no Céu — mas a tua Palavra brilha como um Sol sem ocaso, guiando as ovelhas tresmalhadas, os cordeiros perdidos do Rebanho de Israel à porta do aprisco, para restituí-los ao Bom Pastor. De década em década, as religiões, que não são de tua autoria, sentem diminuir o seu poder, ante os embates da Verdade, que lhes estreita as veredas; as Ciências, de concepção humana, também vêem esboroar-se, no decorrer do tempo, os seus mais aprimorados dogmas; tudo tem passado como os ventos, as águas e as nuvens que se desvanecem, mas a tua Palavra permanece, os teus Ensinos tomam vulto, os teus feitos se rememoram, mesmo após séculos e séculos da tua estadia neste mundo. E ainda, Senhor, o que mais admirável nos parece, é a difusão do espírito dessa Doutrina, no seu monumental complemento, erguendo a nossa Humanidade das regiões das trevas para as amenas paragens da Luz da Imortalidade!

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  • Parbolas E Ensinos De Jesus

    Cairbar Schutel

    A MEUS GUIAS E PROTETORES ESPIRITUAIS Como poderia eu escrever os ditames contidos nesta obra, sem o vosso paternal

    auxlio? Aceitai, como uma homenagem de amor que me ensinastes a cultivar, os meus

    melhores prstimos ao vosso labor.

    CAIRBAR Preito de sincera amizade e gratido ao meu bom companheiro LUIZ CARLOS DE

    OLIVEIRA BORGES e sua digna esposa MARIA ELIZA DE OLIVEIRA BORGES.

    EPSTOLA A JESUS

    Mestre e Senhor: Aps longos anos de lutas e de esforos dedicados difuso da tua palavra

    redentora, chegamos a realizar uma das nossas maiores aspiraes dar publicidade esta despretenciosa obra, que cremos encerrar os princpios doutrinrios que motivaram a tua vinda a este mundo, e cujo nico escopo dar uma interpretao clara e suscinta da tua inigualvel Doutrina.

    O tempo, esse grande iconoclasta que derrui monumentos e devasta metrpoles; que assiste ao ritmo cadenciado do camartelo do progresso, sucesso das geraes e transformao da mais sublimada cincia que ao homem foi dado conhecer, no teve, at agora, poder contra a tua Doutrina sem mcula. Tudo tem passado nestes dois mil anos, na Terra quanto no Cu mas a tua Palavra brilha como um Sol sem ocaso, guiando as ovelhas tresmalhadas, os cordeiros perdidos do Rebanho de Israel porta do aprisco, para restitu-los ao Bom Pastor.

    De dcada em dcada, as religies, que no so de tua autoria, sentem diminuir o seu poder, ante os embates da Verdade, que lhes estreita as veredas; as Cincias, de concepo humana, tambm vem esboroar-se, no decorrer do tempo, os seus mais aprimorados dogmas; tudo tem passado como os ventos, as guas e as nuvens que se desvanecem, mas a tua Palavra permanece, os teus Ensinos tomam vulto, os teus feitos se rememoram, mesmo aps sculos e sculos da tua estadia neste mundo.

    E ainda, Senhor, o que mais admirvel nos parece, a difuso do esprito dessa Doutrina, no seu monumental complemento, erguendo a nossa Humanidade das regies das trevas para as amenas paragens da Luz da Imortalidade!

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    Mas, todos esses fatos grandiosos, todo esse movimento acelerador do progresso humano constam dos teus vaticnios, esto previstos no teu Evangelho. Aquelas letras memorveis com que teus Discpulos traduziram o teu pensamento, a eles confiado para que o fizessem repercutir atravs dos sculos e das geraes, a esto, gravadas nas pginas do Livro da Vida, escritas em todos os idiomas e reclamando a ateno de todos, porque, na verdade, chegaram os tempos de cumprir-se a tua Palavra em toda a linha, auxiliada, com todo o poder, pela manifestao categrica dos teus servidores.

    Senhor, sabemos que, como prometeste, continuas entre ns, no em matria corruptvel, mas em esprito vivificante, a selecionar as ovelhas do teu rebanho, deixando, esquerda, as que parecem ovelhas, porm mais no so que lobos devoradores. Sentimos a fora da tua grandeza e o poder do teu amor inesgotvel!

    Precisamos continuar a receber os influxos das tuas graas, pois, sem eles, nada seremos.

    Que o Esprito Consolador, sob teus auspcios, se venha consubstanciar nas elucidaes deste livro, para que ele produza os efeitos desejados.

    Que a Vida estenda seus horizontes queles que nos lerem, para que possam entrever seus destinos imortais, Ajuda-os a vencer os abismos, resguarda-os dos inimigos! Que a Milcia Apocalptica, montada em alvos corcis, os auxilie a abater barreiras, a vencer dificuldades, a destruir empecilhos, para que gozem do teu imaculado aconchego!

    Recebe, Senhor e Mestre, o mais intenso tributo de gratido e de amor. CAIRBAR

    PREMBULO

    A luta entre o esprito e a matria, parece vir de tempos imemoriais. Basta passar um relance de vistas na Histria para que nos convenamos das

    transformaes sucessivas por que vem passando o nosso mundo, acionado sempre pelas Potestades Superiores, s quais est afeta a direo do nosso planeta.

    E justamente quando o jugo se torna mais pesado, quando o carter se deprime, quando a materialidade invade e domina a famlia e a sociedade, que os seres invisveis acentuam a sua ao, para ganharmos, na senda do progresso, o tempo perdido em vos holocaustos, que s serviram para assinalar nosso atraso espiritual!

    Foi numa poca semelhante nossa, em que a Humanidade havia descambado para o terreno acidentado do fanatismo, da superstio e do materialismo, que o Cu se fez ouvir pelo seu maior Expoente, pelo seu mais ldimo Representante.

    Foi nessa poca que se encarnou entre ns o grande Esprito que conhecemos por Jesus Cristo.

    Enviado com determinada misso, Divino Messias, desde o seu nascimento, manifestou poderes superiores, que o exalaram, nos momentos de dvidas e vacilaes quanto sua real grandeza, aos olhos dos que o cercavam.

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    Todos esses fatos, tidos como miraculosos pela ignorncia, popular e pelo autoritarismo clerical, no eram mais do que provas objetivas dos atributos do Esprito, magnificamente sintetizadas no Filho do Homem.

    As vozes dos augrios, os cnticos, as revelaes, as manifestaes em sonhos, as materializaes, as maravilhas diversas, os fatos de ordem psquica e extrasensorial narrados nos Evangelhos, constituem o carter positivo da Religio de Jesus Cristo.

    A Palavra do Cristo, em todos os seus princpios e sancionada pelo Esprito, afirma a Vida alm-tmulo, a sobrevivncia do Homem aps a transio que chamamos morte.

    por este distintivo que ela se tornou querida e respeitada at mesmo dos negadores mais renitentes.

    No o timbre moral da Doutrina que faz os adversrios curvarem a cerviz ante a Palavra de Jesus, mas, sim os fenmenos de ordem fsica e intelectual que reluzem nas pginas dos Evangelhos, fatos que, digamos de passagem, com maior ou menor intensidade, nunca deixaram de se produzir, desde tempos imemoriais at poca em que nos achamos.

    Na verdade, que seria o Cristianismo sem as curas, sem as manifestaes diversas, sem as aspiraes? No passaria de uma religio como as demais, cultuais, dogmticas, especulativas. Que seria o Cristianismo sem o cntico dos Espritos, anunciando aos pastores das cercanias de Belm, o nascimento do Menino Jesus; sem os sonhos profticos de Jos; sem a transmutao da gua em vinho nas bodas de Can; sem a multiplicao dos pes e dos peixes; sem a dominao dos elementos no Mar da Galilia; sem as aparies de Moiss e Elias no Tabor? Que seria do Cristianismo sem as manifestaes fsicas e consecutivas de Jesus por quarenta dias aps a sua morte, sem a exploso do Pentecostes e as portentosas manifestaes que se deram por intermdio dos Apstolos, segundo narram os Atos, desde a primeira ltima pgina? Que seria do Cristianismo sem o resplendor do Caminho de Damasco?

    A Religio no pode ser manifestao platnica a servio dos cultos ou dos dogmas de qualquer igreja; no monoplio de determinado povo ou raa; um apelo razo e ao sentimento, e conduz o Espirito a destinos ignotos, mas imortais.

    A Religio no se limita a um s mundo, a um s planeta; tem carter universal, muito mais do que os sacerdotes proclamam, muito mais do que as Igrejas concebem! Est fora do tempo e do espao, sem deixar, contudo, de abranger os mundos e sis que se equilibram no ter. Para que tenha carter eterno, precisa conter o Infinito, sem a dependncia da vontade humana e sem estar circunscrita a uma famlia, a um povo, a uma nao, a um mundo.

    Uma religio que circunscreve a existncia das almas a um mundo como o nosso, criadas ao nascer dos corpos e com o seu futuro fixado entre as alternativas de um Inferno perptuo, e de um estado paradisaco num Cu abstrato, no pode orientar aqueles que sentem o corao palpitar para a Imortalidade, no pode ser verdadeira!

    A Verdadeira Religio desperta altas aspiraes e torna-se um liame entre as almas e Deus; por isso no pode deixar de ter carter permanente, no tempo e fora do tempo, no espao e fora do espao!

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    Como explicar a permanncia da Religio nos Reinos de Pluto, onde as almas, dissuadidas de toda a misericrdia, sem mais esperana de salvao, permanecem no sofrimento mais atroz, em meio a dores e lamentaes, choros e gemidos?!

    A Religio, cuja insgnia o Amor, demonstra atributos divinos de bondade, de misericrdia, de sabedoria; portanto, no pode sancionar as concepes absurdas e ilusrias com que pretendem apresent-la aqueles que se adstringem aos dogmas de conclios, s resolues de uma maioria ocasional, cujos artigos de f constituem a anttese da Revelao do Sinai, da Revelao Messinica e a da Revelao Esprita, exemplificando os ascendentes da Verdade, livre de todas as obliteraes humanas.

    De fato, se nos dermos ao trabalho de recorrer histria religiosa dos povos em sua feio primitiva, quer se tratem dos povos do Oriente ou do Ocidente, nos convenceremos de que toda essa gente, que com o seu trabalho e sacrifcio preparou o nosso mundo, para que nele se estabelecessem grandes empresas e nobres cometimentos, vivia na Religio Natural, Religio, alis, revelada em sua forma progressiva, como acontece nos demais ramos do saber humano, Religio baseada na 1mortaildade, revestida de substanciosos fenmenos demonstrativos da sobrevivncia, num mundo alm do nosso, daqueles que aqui viveram e que pelo seu trabalho e sentimentos afetivos constituram famlias, ou, ao menos, se acharam entrelaados entre si por vnculos de amizade.

    E esse fato que se vem produzindo permanentemente, de gerao em gerao, e tem servido para alimentar nos coraes, a f no futuro, a confiana em nossos destinos promissores; esse fato que abre clareiras nossa esperana e impulsiona, embora lentamente, o princpio de fraternidade, que nos faz voltar as vistas para o Incomensurvel, para Deus!

    Excluamos da Histria todos esses fenmenos supranormais e psquicos, essas aparies e vozes, esses augrios, essas manifestaes variadas, e a Relig