paranapiacaba - carderneta_2012

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  • 7/31/2019 Paranapiacaba - carderneta_2012

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    Trabalho de Campo

    PARANAPIACABA

    Ena serra estava escrita uma cidade... (Carlos Drummond de Andrade)

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    Trabalho de Campo Paranapiacaba

    Apresentao:

    O Trabalho de Campo em Paranapiacaba tem como proposta

    discutir no somente a formao histrica e geogrfica da Vila de

    Paranapiacaba, mas tambm a formao do Estado de So Paulo, tanto

    em suas caractersticas polticas e econmicas como em suas

    caractersticas fsicas do relevo e da geomorfologia do estado paulista.

    Ou seja, buscaremos compreender as mudanas espaciais ocorridas no

    passado e no presente da na regio, e que esto presentes em vrias

    partes do Estado de So Paulo e do mundo.

    O trabalho ser divido em trs partes: a primeira inicia no

    percurso de So Paulo at a Vila de Paranapiacaba, trajeto histrico

    bastante utilizado durante o auge econmico do caf; a segunda parte

    ser realizada atravs de uma trilha na serra do mar para discutirmos a

    formao do relevo paulista e os processos dessa formao; a terceira

    e ltima ser na esfera urbana da vila para discutirmos os fatores

    econmicos, histricos e polticos que relacionam Paranapiacaba

    formao scio-espacial do Estado de So Paulo.

    Caractersticas do Trabalho:

    Tempo de durao: 11 horas

    O custo para o trabalho de campo ser o transporte (ida e volta). A

    visita monitorada R$ 12,00 e o marmitex (opcional) R$ 8,00 (pra quem

    quiser, podemos fazer um lanche coletivo, com cada um levando, se

    puder, algo para contribuir).

    O trabalho contar com caminhadas, pontos de parada e trilha na serra

    do mar.

    Caractersticas da trilha do Mirante

    Nvel de Dificuldade da Trilha: Fcil

    Tempo Previsto de Caminhada: 2h30

    Distncia Aproximada do Percurso: 2,5Km

    Durao Prevista do Percurso: 4 horas

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    Informes gerais:

    Pr-Campo: 18/08, s 16h no Instituto Alana.

    Campo: 19/08/2012 s 06h00 na esto de Trem Jardim

    Helena-Vila Mara ou s 7h00 na estao Brs da CPTM

    Ps-Campo: ainda a confirmar

    Campo: 30/06/2012

    Encontraremo-nos s 06h00 na Estao Jardim Helena/Vila Mara

    ou s 7h00 na Estao Brs da CPTM. De l, seguiremos partir da

    plataforma da Linha 10 Turquesa, no ltimo vago sentido Rio Grande

    da Serra.

    Na estao de Rio Grande da Serra tomaremos um nibus at a

    Vila de Paranapiacaba Santo Andr que custa R$ 2,80. (Linha 424

    Rio Grande da Serra (Centro) / Santo Andr (Paranapiacaba).

    Os horrios so de vital importncia para o trabalho, pois tanto o

    trem quanto o nibus possuem frequncia reduzida aos Sbados e

    Domingos. O trabalho de campo ocorrer em qualquer CONDIO

    CLIMTICA.

    Almoo

    Poderemos almoar aps a trilha, porm quando estivermos no

    alto da Serra Faremos um lanche coletivo antes de descermos. O

    almoo ao trmino da trilha est previsto para s 15h30 e ser feito

    em um restaurante na vila. Podemos fazer uma vaquinha e comprar

    alguma coisa se for o caso.

    Para o trabalho:

    O que levar:

    Capa de chuva;

    gua;

    Protetor solar e repelente;

    Roupa reserva para se caso estiver chovendo;

    Sacos plsticos para guardar roupa molhada e lixo produzido

    durante o campo;

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    Papel Higinico;

    Fique a vontade para levar mquina fotogrfica, filmadora;

    Leve documento (RG, Carteira de motorista, etc.);

    Recomendaes

    Calados apropriados para caminhadas em terrenos acidentados e

    pedregosos (de preferncia sapatos fechados). Os mesmos j

    devem estar amaciados;

    Use roupas confortveis (evite saia, sandlias, sapatos de salto e

    coisas do tipo); Use chapu ou bon para efeito de proteo aos raios solares;

    Traga uma toalha ou uma canga;

    Se possvel tome caf da manh antes de nos encontrarmos;

    Use meias para absorver melhor o suor e ajudar a evitar bolhas;

    Corte as unhas dos ps antes da caminhada. Unhas compridas

    podem causar dores ou at carem;

    Cronograma

    Encontro na estao Jd. Helena-Vila Mara: 06h00

    Encontro na estao Brs: 07h00

    Chegada em Paranapiacaba: 09h

    Incio da Trilha (subida): 09h30

    Chegada ao mirante: 11h00

    Incio da descida: 12h30Trmino da Trilha e Incio do Percurso na Cidade : 13h30

    Almoo: 15h30

    Atividade livre: 16h30

    Reencontro no Mercado da cidade: 17h30

    Fim do Trabalho de Campo: 18h

    Inscrio

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    Aceitaremos inscries at o ltimo pr-campo, 18/08. O

    fechamento das inscries importante para podermos confirmar os

    agendamentos com a Associao dos Monitores e o restaurante.

    Como chegar a Paranapiacaba

    De carro

    Seguir pela via Anchieta at o km 29 (placa para Ribeiro Pires), entrar

    na SP 148 (estrada Velha de Santos), at o km 33 e pegar a rodovia

    ndio Tibiri (SP 31) at o km 45,5. Da pegar a SP 122 at

    Paranapiacaba.

    De Trem e nibus

    Alm do trajeto indicado acima a linha 040 Paranapiacaba, da Viao

    Ribeiro Pires, parte do Terminal Rodovirio de Santo Andr (Tersa) a

    cada 40 minutos a partir das 4h30 durante a semana e, aos finais de

    semana, a partir das 5h.

    Contatos:

    Kau 6348-9931 (Tim)

    Bruno Queiroz 7508.3876 (vivo)

    Thas (Catita) 9755-2474

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    1. Paranapiacaba o Princpio

    No sculo XIX, a economia brasileira baseava-se quase que

    exclusivamente em um nico produto de exportao: o caf. Este,

    gradativamente, ganhou espao como um bem de grande valor

    comercial e possibilitou o surgimento da ferrovia. Assim, em 1854, por

    iniciativa do Baro de Mau, a concesso do empreendimento foi

    cedida a So Paulo Railway Company pelo prazo de 90 anos. A ferrovia

    trouxe da Europa toda uma tecnologia inaugurada a partir da inveno

    da mquina a vapor, mas, aqui em So Paulo, enfrentou o desafio de

    vencer o grande desnvel que separava o planalto paulistano da

    Baixada Santista, ou seja, a ligao das principais regies produtoras

    de caf ao seu terminal exportador, o porto de Santos. A soluo desse

    problema exigiu muito tempo e demandou grandes capitais bancados

    pela Inglaterra.

    A 15 de maio de 1860, as obras foram iniciadas. Durante os

    trabalhos de preparao do leito e instalao da linha com 139 km foi

    necessrio que se constitusse um acampamento no alto da serra do

    Mar a 796 m de altitude. O local escolhido para o acampamento

    principal ficava no topo da serra e era prximo das obras. Esse local -

    que era um vale circundado por morros onde a Companhia,

    circunstancialmente, instalou o pessoal operacional, tcnico e

    administrativo do sistema ferrovirio - denominou-se Alto da Serra.

    No se pode afirmar com preciso quando se formou a Parte

    Alta, mas sabe-se, com certeza, que ela nasceu atravs da implantao

    da ferrovia e, quando esta foi inaugurada em 1867, uma pequena

    aglomerao j existia na Parte Alta. Era um pequeno povoado de

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    casas de pau-a-pique e palha, quando Bento Jos Rodrigues da Silva,

    saindo de Mogi das Cruzes, construiu uma picada que finalizava no Alto

    da Serra. No local de chegada, em 1889, foi erigida a igreja matriz.

    No perodo que vai de 1860 ao final de 1899, Alto da Serra, na

    Parte Baixa, manteve, basicamente, as caractersticas e a feio de

    acampamento que serviu de alojamento construo da ferrovia.

    1.1 Ncleos urbanos

    Paranapiacaba foi constituda por dois ncleos urbanos distintos.

    Esses ncleos, morfolgica e funcionalmente diferentes, eram

    formados por:

    Parte Baixa: composta pelo ncleo original, Vila Velha ou

    Varanda Velha e a parte projetada, Vila Martin Smith ou Vila

    Nova

    Parte Alta, ou Morro, ou Vila dos Aposentados ou, ainda, Parte

    Civil o local onde se registra uma ocupao com forte herana

    dos imigrantes portugueses, percebida facilmente na rua

    principal, onde em lotes estreitos e alinhados se formaram

    residncias geminadas compondo uma nica fachada contnua

    multicolorida, com usos em geral misto, residencial e comrcio.

    De fato, o alinhamento dos sobrados geminados da Rua William

    Speers, conjuntamente com a igreja e cemitrio, so os

    principais referenciais da Parte Alta.

    A Parte Elevada da Vila de Paranapiacaba, hoje integrante do

    municpio de Santo Andr, surgiu em decorrncia dos ferrovirios

    aposentados no desejarem abandonar a regio pela qual sentiam

    muito carinho. O estilo arquitetnico das moradias no acompanhou o

    original da Vila ferroviria, sofrendo inmeras modificaes ao longo do

    tempo.

    1.2 Ncleos Urbanos: Vila Nova ou Vila Martin Smith

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    Com a construo da segunda obra de subida e descida da serra,

    o ncleo original se estendeu para as reas vizinhas ao longo do vale.

    Essa expanso urbana teve um controle mais rgido e planejado, dando

    incio implantao de um modelo urbano projetado: a Vila Nova ou

    Vila Martin Smith.

    Esse novo conjunto projetado pela Companhia formava um

    sistema disciplinarmente organizado atravs de uma tcnica de

    aglomerao dispostas hierarquicamente e conforme um arranjo que

    definia o desenho das habitaes. Isto vinha reforar o aspecto

    britnico das construes j existentes, que eram arquitetonicamente

    diferenciadas pela utilizao de sistema construtivo em madeira, a

    maioria em pinho de Riga, porm trazia novidades quanto ao sistema

    construtivo, pois as habitaes possuam uma tipologia pr-definida.

    1.3 O Sistema Funicular: um Patrimnio Tecnolgico

    Os ingleses, aliados aos mais renomados engenheiros europeus,

    vieram ao Brasil executar o projeto de ligao da ferrovia entre o

    planalto paulista e a Baixada Santista na serra do Mar, cuja

    implantao foi dividida em duas fases distintas:

    Primeiro Perodo: 1860 a 1899

    Segundo Perodo: 1900 a 1946 (ps 1946)

    1.4 Instalao do 1 Sistema Funicular (Serra Velha)

    Essa primeira fase correspondeu instalao da primeira ligao

    conhecida como Primeiro Sistema Funicular ou Serra Velha. Este se

    constitua de quatro planos inclinados interligados por patamares, onde

    estavam instalados sistemas de mquinas fixas acionando cabos de

    ao ("tailend") que sustentavam a locomotiva e composies na subida

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    e descida da serra, numa extenso total de aproximadamente oito

    quilmetros.

    Em 1864, estava pronto o primeiro trecho. A 16 de fevereiro de

    1867, o sistema foi inaugurado, em carter provisrio, com duas

    viagens dirias.

    1.5 Instalao do 2 Sistema Funicular (Serra Nova)

    Por causa da rpida expanso econmica da regio do planalto, o

    escoamento da produo de caf foi tornando-se insuficiente,

    necessitando de novas alternativas, resolvidas a partir da construo

    do Segundo Sistema Funicular ou Serra Nova. Este executava suas

    operaes em cinco planos inclinados por meio de cabos de ao

    contnuos que tracionavam as composies movidas por cinco

    mquinas fixas, assentadas nos patamares. Para a circulao das

    composies, usava-se uma locomotiva de pequeno porte denominada

    "locobreque", que era dotada de um mecanismo de sapatas em sua

    parte de baixo, entre as rodas, que tracionava os cabos de ao.

    Em fins de 1899, foram concludas as obras do segundo plano

    inclinado, que foram inauguradas no incio de 1900. Em outubro deste

    ano, o segundo funicular comeou a operar, sendo definitivamente

    entregue ao pblico, em 28 de dezembro de 1901.

    1.6 Ps 1946

    Em 1946, expirando-se o prazo de concesso de noventa anos, a

    estrada de ferro foi encampada pela Unio (decreto de 13 de outubro

    de 1946), passando a se denominar Estrada de Ferro Santos - Jundia.

    Na dcada de 1960, comearam os estudos para o aumento da

    capacidade de trafego Santos - Jundia, o que resultou na implantao

    do sistema de esterias dentadas construdo exatamente em cima do

    traado da Serra Velha. Assim, inaugurava-se, em 1974, a chamada

    cremalheira-aderncia, com tecnologia japonesa. E um sistema de

    trao, parecido com a operao de escadas rolantes, com

    engrenagens que se juntam e se ajustam s locomotivas, que, alm

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    das rodas convencionais, possuem uma terceira roda dentada, no meio

    da composio, que se ajusta s cremalheiras.

    Com o sistema aderncia-cremalheira, desapareceu o primeiro

    plano inclinado construdo na dcada de 1860. O Segundo Plano

    Inclinado continuou em atividade at 1982, sendo ento desativado

    comercialmente.

    2. A Formao do Relevo Paulista

    O campo em Paranapiacaba nos serve de forma bastante eficiente

    para a compreenso do relevo paulista. Apesar de uma enorme

    diversidade de fenmenos estarem associados a essa formao, vamos

    considerar a diviso mais clssica do relevo de So Paulo, sendo ela

    feita em quatro partes/compartimentos: Faixa Litornea, Planalto

    Atlntico, Depresso Perifrica e Planalto Ocidental.

    2.1 Faixa Litornea

    Como qualquer outra plancie costeira um dos principais agentes

    formadores do litoral paulista a ao construtiva e desconstrutiva das

    guas ocenicas, bem como as atividades elicas (vento), que so

    sempre bastante intensas em reas litorneas (brisa martima e brisa

    continental). Deve-se somar ainda o choque entre as atividades das

    guas ocenicas (mares) e as atividades das guas continentais (rios).

    Alm desses dois importantes condicionantes podemos sintetizar

    quatro fatores de formao da plancie costeira brasileira (e paulista):

    Fontes de Areia atravs da formao de barreiras (enseadas,

    baias);

    Correntes de Deriva Litornea que so paralelas as linhas da

    costa;

    Reteno de Sedimentos atravs de depsitos em baias,

    falsias;

    Variaes no nvel do mar perodos glaciais e inter-glaciais.

    A faixa litornea constitui-se como a parte mais jovem do relevo

    paulista, tendo sua formao mais recente no Tercirio (65 milhes de

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    anos), portanto um ambiente que apesar de ser bastante

    biodiversificado possui uma diversa gama de sedimentos

    inconsolidados que tornam sua estrutura frgil, quando comparado s

    outras partes integrantes do relevo paulista.

    2.2 Planalto Atlntico

    O Planalto Atlntico tambm possui uma formao que excede os

    limites paulistas, comeando no Uruguai e seguindo at o norte da

    Bahia, passando pelos estados do RS, SC, PR, SP, RJ, leste de MG e ES.

    Duas dataes so de extrema importncia: O pr-cambriano (544

    Milhes de Anos) e o ps-cretceo (146 Milhes de anos), sendo que no

    primeiro o cinturo geolgico formado, soerguendo todo o planalto e,

    no segundo, novos movimentos tectnicos ocorrem e formaes como

    a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira surgem.

    No plano geral o planalto atlntico formado por rochas bastante

    estveis, em mdia formadas a 570 Milhes de Anos. Rochas como

    granitos, basaltos, gnaisses e quartzito so exemplos de formao

    desse perodo. At o fim do cretceo (146 Milhes de Anos) as

    formaes da Serra do Mar e da Mantiqueira dominavam quase que

    toda parte do planalto paulista. No incio do tercirio diversas

    irregularidades tectnicas determinaram a fragmentao e o

    levantamento de parte dessa estrutura. Logo em seguida os

    afloramentos de rios e os consequentes processos erosivos terminaram

    por esculpir o terreno que hoje conhecemos (que no caso paulista vai,

    no sentido oeste, desde a Serra do Mar at a cidade de Jundia).

    Essa parte do relevo possui uma influncia muito importante dos

    rios ao ponto de que a drenagem da maioria deles corre no sentido

    Oeste, ou seja, contrrio ao mar (rios endorricos). O fluxo dos rios

    diretamente influenciado pela formao das escarpas e serras paulistas

    e assim levado ao encontro do rio Paran, do outro lado do estado

    (com algumas excees como o Rio Paraba do Sul).2

    2 Consultar Anexo 4 Mapa Hidrolgico de So Paulo

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    Essa formao muito antiga, fortemente intemperizada e erodida

    por rios, ventos e deslizamentos faz com que os morros do planalto

    sejam levemente ondulados, com algumas formas mais ponteadas,

    caracterizando o domnio de Mares de Morros.

    2.3 Depresso Perifrica Paulista

    Tanto a depresso perifrica quanto o planalto ocidental paulista

    esto diretamente conectados com a formao da Bacia Sedimentar do

    Paran. Esta se caracteriza como uma grande fossa tectnica formada

    a partir de falhamentos verticais datadas do pr-cambriano (544

    Milhes de Anos). Movimentos tectnicos causaram assim a

    subsidncia da crosta, com algumas falhas que atravs de diques

    foram preenchidas com derramamentos de magma. Dessa maneira

    essa regio se forma com uma altura menor que o seu entorno

    (Planalto Atlntico e Planalto Ocidental), variando de 600 a 750 metros,

    tornando-se uma regio propensa a receber sedimentos de ambas as

    formaes. A espessura dos sedimentos da depresso perifrica pode ir

    de 1.500 a 2.500 metros. nessa regio que muitas das rochas

    sedimentares paulistas so formadas, tais como: calcrio, arenito e

    diabsios (que daro origem a famosa terra roxa).

    A depresso perifrica paulista possui uma forte drenagem em

    direo ao eixo da bacia do Paran. O nico obstculo que os rios

    encontram so as Cuestas (baslticas). Essas formaes delimitam o

    fim da depresso com subida de nvel abrupta de at 900 metros, so

    oriundas de derramamentos baslticos em cima de formaes

    arenticas (sedimentares). Com o nvel de base menos inclinado, os rios

    (Tiet, Paranapanema, Mogi-guau) se movem de maneira mais suave

    o que causa um maior depsito de sedimentos, ou seja, maior

    quantidade de nutrientes para o solo. Assim essa parte do relevo

    paulista uma das mais frteis se levarmos em considerao o

    tamanho de sua rea.

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    2.4 Planalto Ocidental Paulista

    O quarto e ltimo compartimento paulista chamado de Planalto

    Ocidental Paulista. Essa parte compreende cerca de 50% da rea do

    estado e surge dos mesmos processos tectnicos da depresso

    perifrica, j que ambos esto dentro de um conjunto maior, j

    denominado Bacia do Paran. Sua principal diferena se d que, o

    soerguimento ocorrido no cenozico (incio do Tercirio) foi bastante

    diferente da depresso, no ocasionando assim numa fossa tectnica,

    mas sim num corredor que declina a partir das cuestas (limites da

    depresso).

    Essa especificidade ocasionou tanto uma diferena no relevo,

    com predomnios de colinas amplas e baixas, quanto uma diferena

    climtica. Uma das caractersticas que une as duas formaes a forte

    presena de uma rocha sedimentar em especial, o arenito. Entretanto

    essa formao apresenta uma drenagem baixa em relao s outras,

    devido aos vales que so pouco entalhados por estarem prximos ao

    ponto de desgue de muitos dos rios paulistas, o Rio Paran.

    Tal caracterstica agregada a um clima seco torna essa regio

    suscetvel a processos erosivos, como vooroca e lixiviao. A altitude

    de no mximo 800 metros, chegando, sempre de forma bastante

    suave, a 400m no extremo oeste do estado. tambm por essa

    formao possuir uma leve declividade at o limite do estado paulista

    com o sul mato-grossense, que os rios cruzam seu territrio no sentido

    Oeste cumprindo seu trajeto final at o rio Paran.

    3. Paranapiacaba Uma Modernizao Turstica

    necessrio discutir agora como Paranapiacaba esta interligada

    com o Brasil e com o mundo atravs de processos econmicos que vo

    desde a constituio de seu primeiro trecho ferrovirio em 1854 at a

    questo turstica que encrava todas as ruas da Vila. Paranapiacaba

    nasce com um objetivo, o caf. J sabemos que esse produto foi o

    carro chefe da economia brasileira durante muitas dcadas e que

    sua importncia fez com que muitas cidades surgissem no oeste

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    paulista. Desde a constituio da ferrovia, de cidades e de uma

    indstria brasileira, o caf se coloca como um produto que perpassa

    todos esses fenmenos (seja de forma positiva ou negativa).

    Na passagem do sculo XIX para o sculo XX a vila

    notadamente um plo tecnolgico brasileiro, investimentos oriundos de

    todo pas, e tambm de movimentaes externas, fez com que

    Paranapiacaba se afirmasse como um importante entreposto entre a

    cidade de So Paulo, e toda produo concentrada no oeste paulista, e

    a costa litornea - o porto de Santos. Dessa forma, a produo da

    vila pautada justamente por questes de ordem econmica.

    O Brasil nessa passagem de sculo vivia um momento

    importante em relao ao seu desenvolvimento econmico. As

    balanas comerciais apontavam um crescimento econmico gigantesco

    a ponto de cidades, fazendas e estruturas (como ferrovias) surgirem no

    pas da noite para o dia. Precisamos nos questionar o que trazem esses

    investimentos para o pas? Que capital esta sendo investido no Brasil e

    na lavoura cafeeira?

    Bom, partimos da anlise que essa modernizao vestida na

    figura do caf trs consigo algumas contradies. Em primeiro lugar o

    Brasil est entrando num processo produtivo onde os pases

    capitalistas do centro, alm de j estarem imersos h sculos no

    contexto de mxima produtividade, realizaram uma acumulao

    primitiva que propiciou a possibilidade de exportar capitais para todo o

    mundo. O Brasil participa desse processo como uma nova forma de

    acumular primitivamente aos pases do centro, por esse caminho se

    explica o mercantilismo, a extrao do pau Brasil, a extrao aurfera

    do ainda perodo colonial. Dessa forma, o contexto da produo

    cafeeira no Brasil s pode ser visto como um processo de

    desenvolvimento econmico se analisarmos exclusivamente o Brasil,

    porm dessa forma camos no erro de no considerar a economia

    global como ela , entrelaada e tendenciosa a todo o mundo.

    Pensando num processo mundial de acumulao de capital o Brasil se

    desenvolve a partir de capitais oriundos do centro capitalista que,

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    possui em sua lgica se expandir para todos os mbitos econmicos e

    sociais do mundo. Sendo assim a tentativa de desenvolvimento

    brasileira (atravs do caf nesse caso) a mesma tentativa de nadar

    rio acima: no se pode parar para no se afogar, mas sabe-se que no

    poder ir muito adiante.

    Como foi comentado, o reflexo dessa modernizao causa

    algumas contradies como, por exemplo, uma ferrovia construda

    nica e exclusivamente para um fim (de forma mais concreta o caf) e

    somente por uma figura, no caso o baro de Mau. O que ocorre no

    perodo auge do caf (passagem do sculo XIX para o sculo XX) um

    desenvolvimento estrutural somente do estado de So Paulo e mais

    especificamente de algumas regies. Afinal se o contexto acumular

    para o centro do capital no h porque, naquele momento,

    desenvolver outras regies que no as que tornam propicias a

    circulao desse mesmo capital. nesse contexto que a vila de

    Paranapiacaba pode ser vista como plo tecnolgico e como smbolo

    de modernizao.

    Tal processo to contraditrio que no momento de crise

    cafeeira e, depois na constituio das rodovias para transporte de

    produtos, Paranapiacaba se v sem funcionalidade e sua ferrovia no

    tem outro destino que no tornar-se somente uma pilha de ferro que

    modestamente carrega no trecho da serra para o litoral. O que

    entendemos ento que a vila entra em crise junto com o caf, que

    por sua vez entra em crise junto com a bolsa de valores estadunidense,

    que por sua vez entra em crise junto com o resto do globo (ou o capital

    por assim dizer).

    Em que contexto pode-se pensar sobre o turismo em

    Paranapiacaba? Diferentemente de outros lugares que nascem para o

    turismo, j traamos que a vila possui um nascimento com vis

    econmico desenvolvimentista. Porm, atualmente fcil notar que

    no mais a ferrovia, o transporte de carga e muito menos o caf que

    movem o sentido da vila. Com a queda do caf e a mudana de

    investimentos externos, que a partir da dcada de 30 com pice na

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    dcada de 50 so direcionados para importar e formar uma indstria

    brasileira, Paranapiacaba torna-se uma Vila dos Esquecidos tanto no

    sentido econmico quanto no social (j que os dois se entrelaam em

    todos os momentos).

    Na tentativa de se manter no mercado mundial so muitas as

    formas de forar uma superao de uma crise que imanente ao

    capital, uma delas se traduz hoje atravs da cultura, da museificao e

    do turismo. dessa maneira que Paranapiacaba procura seu lugar para

    se manter no mercado global. O investimento transformado em

    turismo so crditos que no circulariam mais na grande indstria, ou

    na grande lavoura (o prprio caf, por exemplo), e procuram onde se

    encaixar. Aps a crise do caf no era mais necessrio implantar novas

    tecnologias na cidade, a partir disso a nica forma de circular capital

    em Paranapiacaba a partir do turismo. Ou seja, o turismo entra em

    Paranapiacaba como resultado de uma crise estrutural do capital. a

    nica maneira que a vila consegue existir para a economia global ou

    existir de fato.

    A cultura e o turismo no se reproduzem a partir da criao do

    valor, da criao do capital, mas sim a partir da crise desses. O que

    produz o setor de servios enquanto modo de produo? O que produz

    o turismo dentro desse mesmo critrio? Essas relaes de

    produtividade se entrelaam, e o setor de servios recebe investimento

    e pagamento em cima de crditos que se tornaro outros crditos, e

    que no possuem nenhuma vinculao com algo material. No limite

    Paranapiacaba sobrevive atravs do turismo, dessa forma sobrevive

    atravs de crise. Atravs de uma modernizao que nunca ser

    moderna, que est posta para no ser.

    Bibliografia:

    Livros e textos:

    Boletim Paulista de Geografia - "A Terra Paulista", n 23, Julho de 1956.

    Mapa Geomorfolgico do Estado de So Paulo, Atlas.

    Revista do Departamento de Geografia, n 10 - Jurandyr Ross.

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    Filme:

    Paranapiacaba A Vila dos Esquecidos

    Paranapiacaba: Cidade Esquecida

    Site:

    Site da Sociedade de preservao e resgate de Paranapiacaba (SPR-

    Paranapiacaba).

    Anexo 1. Croqui da Vila de Paranapiacaba

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    Anexo 2. Perfil do Relevo Paulista

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    Anexo 3. Malha Ferroviria de So Paulo 1920

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    Anexo 4. Mapa Hidrolgico de So Paulo