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INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma proposta de realização de
um Plano Municipal de Turismo para o distrito de Paranapiacaba, localizado no
município de Santo André, no Estado de São Paulo, e tem como objetivo
incentivar a atividade turística buscando um desenvolvimento socioeconômico,
resgatando a memória da vila e valorizando a população que nela vive.
O plano busca transformar a atividade turística da Vila, criando
ações de revitalização e capacitação dos moradores para trabalhar em tais
postos e tem como meta, sua aplicação dentro de quatro anos nos quais
deverá haver a geração de novos empregos, a atração de mais visitantes,
aumento da renda do distrito e fortalecimento do mercado interno.
Para os desafios presentes no plano, serão propostas algumas
medidas de resolução para que a atividade turística possa alcançar seu
desenvolvimento pleno, não só econômico como social e cultural, na medida
em que são diminuídos os impactos negativos sociais e ambientais através das
ações por ele propostas.
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1) DIAGNÓSTICO
1.1) História e Localização
A Vila de Paranapiacaba, pertence ao município de Santo
André, embora não faça limite com o mesmo, e esteja a uma distancia de 35km
de seu centro, esta situada no Alto da Serra do Mar, fazendo limite com as
cidades de Rio Grande da Serra, Cubatão e Santos. A Vila está localizada na
região Sudeste do município de Santo André, entre o Planalto Paulista e a
Serra do Mar. Está a 60 Km de São Paulo capital.
A região é composta por Mata Atlântica, fazendo parte da
Reserva da Biosfera. O Parque Natural de Paranapiacaba é uma Unidade de
Conservação que garante a preservação de toda a área verde no entorno da
vila. No distrito, estão presentes várias reservas ecológicas e nascentes, com a
presença de plantas e animas exóticos.
Sua origem histórica está vinculada com transporte ferroviário
de café em São Paulo. Em junho de 1860 o governo Imperial aprovou os
estatutos da estrada de Ferro Santos Jundiaí, a primeira linha férrea de São
Paulo, que recebeu o nome de São Paulo Railway Company Limited- SPR,
uma vez que apenas 10 por cento do capital era do Barão de Mauá e seus
sócios o restante pertencia a capitalistas ingleses. No mesmo ano inicia-se a
construção da ferrovia, que devido a uma diferença de nível de 800 metros na
escarpa do planalto, foi adotado o sistema funicular de planejamento da
estrada, o qual realizava uma composição para servir de contra-peso à outra,
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cada uma em uma ponta do cabo. Em 1866 foi inaugurado o primeiro plano
inclinado da serra.
As estradas de ferro em São Paulo foram construídas
obedecendo aos interesses capitalistas da burguesia cafeeira e, portanto não
tiveram um planejamento prévio. Foram necessárias várias retificações em seu
traçado e muitos trechos foram inutilizados com a decadência da venda de
café. E por consequência da decadência do café, outros cenários foram
atingidos por que existiam em função da ferrovia e foram perdendo suas
funções originais, que foi o caso da Vila de Paranapiacaba tinha como sua
principal função ser uma vila ferroviária, sobrevivendo à base das atividades da
ferrovia. Fato este presente até hoje no cotidiano da população que nela vive,
as casas estão deterioradas e a prefeitura realiza poucas ou nenhuma ações
para tentar revitalizar a vila. Atualmente, onde antigamente era a estação
ferroviária funciona o Museu Tecnológico Ferroviário mantido pela Associação
Brasileira de Preservação Ferroviária. O museu e a estação, não encontra-se
tão bem mantido assim, existem vários elementos, como as caldeiras, que
encontram-se muito deterioradas, e é inclusive proibido a visita a esses pontos
da estação para não ser observado a situação em que se encontra o
patrimônio. Em 2000, a Vila foi tombada como tesouro Cultural Mundial pelo
World Monument Fund e desde 2002 é considerada Patrimônio Histórico
Nacional pela IPHAN. Os reconhecimentos são vários, mas as ações para
revitalizar a vila são poucas, quase nenhuma.
A Vila de Paranapiacaba foi um exemplo único no país de
núcleo constituído para exercer apenas uma atividade econômica e por isso a
companhia inglesa, cedia casa apenas para funcionários com vinculo com a
ferrovia. A companhia mantinha as casas e da vila, para que os operários não
deixassem o local. Paranapiacaba sofreu rápidas transformações, inicialmente
causadas pela decadência da atividade cafeeira, mas, o principal motivo, foram
os incentivos de políticas públicas que priorizavam o transporte rodoviário.
Até a década de 1940 os moradores que viviam na vila
praticamente todos se conheciam, e a ferrovia tinha como hábito as
contratação de parentes, por isso era muito comum as funções ferroviárias
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passarem de pai para filho. A vila era bem cuidada, as casas, ruas e calçadas
eram constantemente reformadas e pintadas e a vila era bastante arborizada.
Com a incorporação à União de toda a área ocupada pela vila, seu acervo e a
estrada de ferro receberam o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e a
Vila de Paranapiacaba começou a sofrer uma decadência mais intensa a partir
deste ano. A Vila, que pertencia à RFFSA – Rede Ferroviária Federal foi
adquirida pela Prefeitura Municipal de Santo André em 2002.
Mesmo com a expansão econômica iniciada nos anos 30 com
a abertura do país para as multinacionais automobilísticas, apesar de todos
esses investimentos no sistema rodoviário, a ferrovia Santos Jundiaí, ainda
estava com uma grande demanda de carregamentos, pois como é visto até os
dias de hoje, apenas o sistema rodoviário não é suficiente para demanda de
transporte de cargas no país.
Em 1982 um incêndio acabou com a antiga estação, destruindo
assim, com a referência da vila, surgindo um novo cenário de abandono,
descaso e decadência, a vila passa a servir de "dormitório" onde os moradores
trabalham fora da vila durante o dia e retornam apenas a noite para as casas,
fazendo crescer o número de novos moradores não-ferroviários.
1.2) Dinâmica Populacional
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1.3) Infra-Estrutura Social
Abastecimento de água: A parte alta da Vila recebe água do
tanque da represa construída pela SPR em 1900. A parte baixa obtém a água
via dois sistemas de captação, construídos pelos ingleses.
Esgoto: A parte baixa sempre teve a rede de esgoto que fazia
parte no planejamento dos ingleses e a parte alta dependeu de benfeitorias
recentes serviço pertence ao SEMASA. Não há a existência de banheiros
públicos.
Pavimentação: As ruas da parte alta da vila são pavimentadas
com paralelepípedos e apresentam um bom estado de conservação, porém, a
parte baixa tem suas ruas pavimentadas com paralelepípedo em péssimo
estado possuindo um grande número de ruas de terra não apropriadas ao
tráfego de pedestres e de veículos.
Limpeza Urbana: É de competência da Prefeitura Municipal de
Santo André, porém não é possível constatar o trabalho de maneira efetiva, as
ruas se encontram abandonadas. Não há receptores de lixo distribuídos pela
Vila. A coleta de lixo é realizada por uma empresa privada a qual conta com a
ajuda de agentes locais e do trabalho de diversas entidades de defesa da vila.
Energia Elétrica: O fornecimento é da Eletropaulo, e os
moradores queixam-se das ruas não possuírem uma boa iluminação e não
terem manutenção.
Abastecimento Alimentício: Os moradores da vila fazem suas
compras em grandes mercados nas cidades mais próximas que oferecem
melhores preços e serviço de entrega a domicilio, pois as pequenas quitandas
presentes no distrito não conseguem concorrer com esses mercados.
Saúde pública: A vila conta com um Posto de Saúde com
atendimento 24 horas, localizado na parte baixa. Os casos mais graves são
transferidos para os hospitais da região, principalmente o de Ribeirão Pires. A
população tem atendimento gratuito psicológico aos finais de semana atribuído
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ao grande número de desempregados, a transformação da vila em "cidade
dormitório" e ao processo de deterioração em que se encontra sem
perspectivas de melhora para a população.
Educação: Na Vila existem duas escolas, uma de EMEI e uma
de 1º grau porém não há cursos de 2º grau ou profissionalizantes.
1.4) Agropecuária
A região de Paranapiacaba e Parque Andreense não sofreu
pressão por urbanização, em face do isolamento geográfico causado pela
ruptura física do território municipal, imposta pela presença da represa Billings
e pela distância da área urbana central e também em função da legislação
ambiental e de uso e ocupação do solo mais restritivas. A região caracteriza-se
pela baixa densidade populacional com presença de grandes áreas sem
proprietários. Essa porção do território andreense possui 87km² e constitui, em
sua maior parte, a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM)
de Santo André, instituída por Leis estaduais específicas, abrigando as sub-
Bacias hidrográficas dos rios Grande e Pequeno. Pequena parcela do território
insere-se na bacia do rio Mogi, que verte suas águas para a Baixada Santista.
nessa região há uma vegetação de Mata Atlântica ainda bastante conservada e
extremamente importante para a manutenção dos recursos hídricos. Mesmo
nas áreas loteadas, em face da baixa ocupação, a vegetação não foi
totalmente suprimida como na área urbana.
Na região de Paranapiacaba e Parque Andreense são
observadas as feições geomorfológicas abaixo relacionadas, conforme carta
geomorfológica elaborada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de São Paulo. Escarpas festonadas, Escarpas com espigões digitados,
Morrotes baixos, Morros paralelos e a Falha de Cubatão. As Várzeas dos Rios
Grande e Pequeno caracterizam-se por topografia de baixíssima declividade,
grande densidade de rede hidrográfica e com lençol freático extremamente
raso, não raro aflorante. São comuns os solos hidromórficos, associados a forte
presença de água, que dificulta o seu aproveitamento ea vegetação rasteira e
arbustiva.
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1.5) Comércios
37 Estabelecimentos que oferecem alimentação
13 lojas de arte e artesanato
1.6) Serviços
17 opções de hospedagens
Serviços de monitoria 21 agência /16 autonomos
1 PAT (Posto de Atendimento ao Turista)
1 Posto de Saúde
1.7) Finanças Públicas - 2007
Departamento do meio ambiente: R$ 158.565,00
Departamento de Paranapiacaba: R$ 509.526,00
Departamento administrativo/gabinete: R$ 801.724,00
Fundo de Paranapiacaba: R$ 647.382,00
Total de Dotação: R$ 2.117.177,00
2) DIRETRIZES
O turismo enquanto atividade econômica, social e também cultural,
pode promover o desenvolvimento não só econômico de um local,
mas social para a população na medida em que ele promove e
valoriza o território do município, valorizando também a população
que nele vive. A proposta do Plano Municipal de turismo parte,
primeiramente, na melhoria da qualidade de vida da população que
vive dela, propondo ações a serem tomadas em várias instâncias a
fim de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e cultural da
vila em questão. As diretrizes apontadas irão devem servir de base à
implementação do Plano e fornecer os objetivos à serem alcançados
pelo mesmo:
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Melhorias na pavimentação da vila para garantir melhor
acessibilidade a ela, inclusive à pessoas com
necessidades especiais. Melhorar também o sistema
viário de conexão com o município.
Implantação de lixeiras públicas por toda a vila
separadas por resíduos recicláveis e não recicláveis
além da criação de banheiros públicos para turistas.
Incentivo à criação de um sistema de reservas de água
para garantir o fornecimento durante o ano. Implantação
de placas nas áreas de trilhas informando que é proibido
jogar lixo nelas. Realizar um acordo com a Prefeitura de
Santo André para buscar os resíduos separados.
Revitalização das casas da vila, as quais encontram-se
bastante deterioradas, principalmente as de alvenaria.
Concessão de créditos aos moradores que desejam
reformar suas casas para transformá-los em bares,
restaurantes, lojas, vendas, etc bem como a criação de
cursos de capacitação da mão de obra e de
empreendedorismo para pequenas empresas e cursos
para a formação de monitores ecológicos.
Melhorias no sistema de educação, melhorando a
infraestrutura da escola, aumentando o número de
vagas no colégio, contratando mais professores,
implementar o ensino de educação ambiental no
currículo escolar, valorizar a cultura local no colégio e
incentivar a prática do turismo nas salas-de-aula.
3) DESAFIOS
Enfrentar o descaso com a Prefeitura de Santo André em relação
à Vila;
Falta de divulgação do turismo local;
Falta de capacitação da população;
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Falta de infra-estrutura básica;
Falta de parceiras público-privadas.
4) GESTÃO
Para ser possível haver um real desenvolvimento da atividade
turística na Vila de Paranapiacaba, é preciso haver uma gestão democrática,
onde haja a participação de vários órgãos e associações, além da prefeitura, a
fim de que haja uma melhor transparência quanto aos orçamentos turísticos.
As instituições participativas do Plano Municipal de Turismo
serão: Prefeitura de Santo André e a Secretaria da Vila de Paranapiacaba,
S.O.S. Mata Atlântica, ONG’s, associação de moradores da vila, associação de
monitores turísticos, proprietários de camping’s e representantes dos
comércios e serviços da vila. Todos poderão opinar no Plano de turismo. As
determinações do Plano serão elaboradas pela Secretária da Vila e
organizadas pelo Ministério do Turismo de Santo André.
Deverão ser realizadas reuniões entre todos os envolvidos em
um período de, no máximo, 20 dias aberta a toda a população e com
ocorrência de plenárias para a tomada de decisões. Para a secretária, deverão
ser contratados de um geógrafo, um turismólogo, um biólogo e um historiador
além de um representante da vila.
Os profissionais envolvidos deverão exercer atividades que
buscam, primeiramente, ao marketing da Vila, realizando estudo das
potencialidades do lugar. O Geógrafo deverá realizar um mapeamento dos
pontos turísticos, centros históricos, trilhas e cachoeiras com uma análise
técnica de medidas a serem implantadas para melhorar o turismo nesses locais
e também um mapa para a localização dos turistas, com esses mesmo pontos
citados. O turismólogo deverá propagar a imagem de Paranapiacaba nas redes
sociais, incentivando a visitação de turistas além de atender os mesmos e a
população local que necessite de ajuda para lidar com os turistas. O biólogo
deverá fazer um estudo das plantas e animais presentes nas áreas de
preservação e ministrar um curso aos monitores de trilhas, valorizando o
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trabalho dos mesmos. Por último, o historiador, deverá resgatar a memória da
vila, dos moradores, as historias do local para divulgação da vila aos turistas e
nas redes sociais. Poderá também ser contratado um organizador de eventos,
para incentivar a atração de turistas na vila.
5) PROGRAMAS E METAS
Durante o período de quatro anos (2013-2016), pretender-se-á a
realização de determinadas metas através de alguns programas de incentivo
ao turismo local. Essas metas são: Revitalização de todas as casas da parte
baixa da Vila, construídas no Século XIX, revitalização da estação de trem e do
museu ferroviário, e da infra-estrutura da vila, bem como a iluminação local,
além da implantação das lixeiras e placas explicativas deverá haver a
transformação da linha de trem para transporte de passageiros além do de
carga, para incentivar o turismo regional além do local. A meta é que a
revitalização toda seja feita em um ano, para que no ano de 2014 já comece a
fomentar o turismo no local.
Após as revitalizações, que deverão ser organizadas pela secretária da
vila em conjunto com o Programa da UNESCO de revitalização do patrimônio
da Humanidade, os profissionais deverão fomentar a propaganda de turismo na
Vila, divulgando em redes sociais, revistas e Jornais. O profissional de eventos
deverá criar festas com shows e venda de artesanato para atrair turistas para
consumir e comer no local.
A criação de um Projeto Conheça Paranapiacaba deverá implementar
postos de atendimento ao turista na vila com a presença de folders de
divulgação da mesma o qual contenha informações da história da vila,
localização de trilhas e cachoeiras, pontos turísticos e um guia gastronômico e
de compras. O projeto também irá divulgar a vila nas redes sociais e em países
como a Inglaterra.
Será criado também um Programa de Capacitação ao Turismo,
ministrado por um profissional do turismo, para dar assistência a população em
como lidar com os turistas, o que servir, o que vender, além de incentivar a
valorização da Vila para haver uma real integração entre moradores e turistas.
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O programa Paranapiacaba nas escolas deverá capacitar professores
para ministrarem aulas de ensino do meio-ambiente e resgatar a história da
Vila, para as crianças do ensino fundamental que moram na Vila. Para os
alunos do Ensino Médio, eles desenvolverão trabalhos nas escolas que
incentivem o desenvolvimento da vila e programas de turismo para atrair ainda
mais turistas.
Criação de um Programa de capacitação aos monitores turísticos, ministrado pelo biólogo, turismólogo, geógrafo e o historiador.
6) ANEXOS
fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=460924
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REFERÊNCIAS
ALAMINO, Caroline A. M. Vila de Paranapiacaba: Paradoxos de um patrimônio
histórico e um ponto turístico. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História,
São Paulo, julho 2011
Sumário de Dados de Paranapiacaba e Parque Andreense, 2004, Prefeitura de
Santo André. Disponível em: < pt.scribd.com/doc/82606851/Sumario-de-Dados-Paranapiacaba > Acesso em: 20 de novembro de 2012.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano Nacional de Turismo (2007-2010): uma viagem de inclusão.
Prefeitura Do Município de Santo André. < http://www2.santoandre.sp.gov.br/>
Acesso em: 25 de novembro de 2012