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PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS -

DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha para Catálogo PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título:

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICOS RACIAIS NA ESCOLA PÚBLICA: VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE E EFETIVAÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS, CIVIS, CULTURAIS E ECONÔMICOS

Autor

Maria Aparecida Moreira Gobetti

Escola de Atuação

Escola Estadual Padre Antonio Vieira – Ensino

Fundamental

Município da Escola

Francisco Alves

Núcleo Regional de Educação

Umuarama

Orientadora

Professora /Drª Luciana Regina Pomari

Instituição de Ensino Superior

Universidade Paranaense – Campus Paranavaí

Disciplina/Área

História

Produção Didático - Pedagógica

“A busca da autoestima de negros e afro

descendentes na escola”

Relação Interdisciplinar

Público Alvo

Alunos da 7ª série do Ensino Fundamental

Localização

Escola Estadual Padre Antonio Vieira – Ensino

Fundamental

Rua 07 de setembro n° 570 – Distrito de Rio Bonito

Francisco Alves

Apresentação

Os problemas que envolvem a baixa autoestima do aluno negro e afro descendente no

contexto escolar, tem trazido sérias implicações, pois tem impedido o bom

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desenvolvimento do processo de aprendizagem. Isso tem desafiado e instigado o processo

de interação entre professores e alunos. Compreendendo o preconceito e a discriminação

contra negros e afro descendentes diretamente ligados à falta de autoestima, ao sentimento

de inferioridade e ao fracasso escolar, é urgente o desenvolvimento de ações que visem

desconstruir o mito de inferioridade de negros e descendentes que os levem a se identificar

positivamente com a sua história. Assim sendo, o presente material didático se propõe a

buscar diferentes práticas metodológicas e promover ao educando reflexões, discussões e

questionamentos sobre a situação dos negros e afro descendentes no Brasil, visando o

aumento da autoestima dos mesmos. Por meio deste irá se possibilitar ao alunado,

conhecimento para que possa se reconhecer na cultura nacional o que lhe dará subsídios

sobre a cultura afro-brasileira e africana que lhes permita formular concepções não

baseadas em preconceitos, mas sim em ações que construam atitudes de respeito étnico

racial. A intenção deste trabalho é fornecer aos alunos negros e afro descendentes imagens,

conceitos e produtos culturais que estimulem o orgulho de ter como ancestrais os povos

africanos e seus descendentes. Acreditando também que essa prática de ressignificação da

história dentro de uma perspectiva da educação para relações étnico raciais certamente trará

melhoria à autoestima de negros e afro descendentes o contribuirá no processo ensino

aprendizagem.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Universidade Estadual do Paraná - Campus Paranavaí

MATERIAL DIDÁTICO: UNIDADE DIDÁTICA

“A busca da autoestima de negros e afro descendentes na escola”

Paranavaí

2011

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1 IDENTIFICAÇÃO

1.1 ÁREA: História

1.2 PROFESSORA PDE: Maria Aparecida Moreira Gobetti

1.3 PROFESSORA ORIENTADORA: Profª. Drª Luciana Regina Pomari.

1.4 IES VINCULADA: Universidade Estadual do Paraná – Campus de

Paranavaí

1.5 NRE: Umuarama

1.6 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Escola Estadual Padre Antonio Vieira,

Ensino Fundamental

1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos de 7ª – Ensino

Fundamental

1.8 PROJETO: PDE 2010

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2 TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO:

RACISMO, DISCRIMINAÇÃO RACIAL E PRECONCEITO

3 TÍTULO

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICOS RACIAIS NA ESCOLA PÚBLICA: VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE E EFETIVAÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS, CIVIS,

CULTURAIS E ECONÔMICOS.

4 MATERIAL DIDÁTICO SELECIONADO:

UNIDADE DIDÁTICA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 5

2. METODOLOGIA ____________________________________________________ 6

3. AVALIAÇÃO OU ACOMPANHAMENTO ________________________________ 8

4. RESULTADOS ESPERADOS ___________________________________________ 8

5. RECURSOS _________________________________________________________ 8

6. CRONOGRAMA _____________________________________________________ 8

7. Unidade ____________________________________________________________ 10

7.1. Capítulo 01 _________________________________________________________ 10

7.2. Capítulo 02 _________________________________________________________ 12

7.3. Capítulo 03 _________________________________________________________ 17

7.4. Capítulo 04 _________________________________________________________ 21

7.5. Capítulo 05 _________________________________________________________ 23

7.6. Capítulo 06 _________________________________________________________ 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 30

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho em desenvolvimento nesta Unidade tem como foco principal valorizar

a busca da autoestima de alunos negros e afrodescendentes na escola. Isto parte do

questionamento levantado: Será que a baixa autoestima pode interferir no

desenvolvimento escolar?

O não reconhecimento e a desvalorização da História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana presentes nos diversos ambientes frequentados pelos alunos, resultam em baixa

autoestima, o que a nosso ver, impede o bom desenvolvimento do processo ensino

aprendizagem.

Se observarmos, atentamente, essa falta de autoestima tem desafiado e instigado o

processo de interação entre professores e alunos. Para comprovar esta afirmativa basta

analisar estatísticas sobre o rendimento escolar e evasão, realizadas pelo Sistema Nacional

de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a situação dos negros e pardos é notavelmente

desvantajosa em relação à dos brancos.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (2004, P.15):

A educação tem papel preponderante para a eliminação das discriminações e

para emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar acesso aos

conhecimentos científicos, a registros culturais diferenciados, a conquista de

racionalidade que rege as relações sociais e raciais, a conhecimentos

avançados, indispensáveis para consolidação e concerto das nações como

espaços democráticos e igualitários.

Compreendendo estar o preconceito e a discriminação contra alunos negros,

diretamente, relacionado à baixa autoestima, ao sentimento de inferioridade e ao fracasso

escolar é urgente a necessidade do desenvolvimento de ações que visem desconstruir o

mito da inferioridade do negro e levem-no a se identificar positivamente com a sua

história.

Com base nesse panorama sócio-educacional, o presente trabalho se justifica e é

viável, pois tem por objetivo buscar uma nova prática de ressignificação da história dentro

de uma perspectiva da educação para relações étnicos-raciais buscando melhorar a

autoestima de alunos negros e afro descendentes, visando proporcionar aos mesmos,

base para que possam questionar sua realidade, identificando problemas e possíveis

soluções dentro de seu processo de formação escolar, como é sugerido nas Diretrizes

Curriculares Estaduais de História do estado do Paraná (2008, p. 14) que vem propor:

“[...] uma reorientação na política curricular com o objetivo de construir uma sociedade

justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos.”

Percebe-se que o ensino é racista quando nega ao aluno o conhecimento sobre a

força dos movimentos negros em busca de mudanças no Brasil, da sua ancestralidade

africana, sua religiosidade, seus bens culturais e, principalmente, seu pertencimento a um

continente ou área geográfica, sendo assim, elevar a autoestima dos alunos é promover o

florescimento do orgulho e da esperança no cotidiano da escola.

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Pois conforme nos assegura Munanga (2005, p.17):

A educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos a

possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e

inferioridade entre os grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura

racista na qual foram socializados.

A temática sobre os problemas que envolvem a baixa autoestima do aluno negro e

afro descendente, que caminha de mãos dadas com o racismo e preconceito, vai mais

além de ser um problema educacional, sendo também um problema social.

Sabemos que a educação de um povo é sua maior riqueza, que o povo só se

libertará das algemas do racismo e preconceito através do processo educacional e que só

atingiremos nossa maturidade social quando reconhecer que a solução desse problema

está na Educação.

Embora muitos afirmem que não existe preconceito racial no Brasil, é inegável

que ele se faz presente. Ele, além de existir, possui várias caras, ora declarada, ora

dissimulada, mas que ainda, infelizmente, se apresenta muito forte. Como uma doença

que aos poucos vai matando ou quando não, deformando.

Segundo Munanga (2005) “o preconceito profissionalmente côa a diversidade, somando-

se ao conteúdo preconceituoso dos livros e materiais didáticos e ás relações

preconceituosas entre alunos de diferentes ascendências étnico-raciais, sociais e outras,

desestimulam o aluno negro e prejudicam seu aprendizado”

2 METODOLOGIA

Conforme ressaltado nas Diretrizes Curriculares Nacionais (2004, P.15):

A educação tem papel preponderante para a eliminação das discriminações e para

emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar acesso aos conhecimentos

científicos, a registros culturais diferenciados, a conquista de racionalidade que rege

as relações sociais e raciais, a conhecimentos avançados, indispensáveis para

consolidação e concerto das nações como espaços democráticos e igualitários.

Conceber uma educação anti-racista é, portanto, o único caminho capaz de

construir o sentimento de pertença, ao mesmo tempo em que descortina perspectivas de

uma educação de qualidade, imprime à escola valores e práticas da cosmovisão africana

em que com a ética, a emoção e a afetividade formam o tripé que sustenta o equilíbrio

social e possibilita edificação da cidadania.

Existe hoje uma demanda na sociedade brasileira em relação ao conhecimento da

história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica e superior. Com a

publicação da lei 10639/03, e das Diretrizes Nacionais para educação das Relações

Étnicos raciais e para o ensino de História e cultura Afro brasileira e Africana, essa

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demanda ganha proporções ainda maiores. A inclusão do estudo da história do negro no

Brasil, suas lutas, sua resistência e participação na formação da identidade nacional em

todos os aspectos, justifica-se pelo elevado percentual da população afro-descendente e

pela imensa importância da identidade afro-brasileira. (apostila história e cultura afro

brasileira e africana na escola p.16)

Sendo assim, segundo ressalta as Diretrizes Curriculares Estaduais de História do

Estado do Paraná (2008, p. 15) temos que promover no âmbito escolar:

Um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente

aos sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento

étnico e cultural [...]. Essas características devem ser tomadas como

potencialidades para promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe a

escola ensinar, para todos.

Dessa forma, cabe a escola buscar diferentes caminhos para reverter esta situação.

É comum vivenciar no cotidiano escolar, situações em que os alunos apresentam visão

preconceituosa, tal visão cairia por terra se fosse confrontada com o conhecimento da

história da sociedade africana, e do protagonismo histórico dos afrodescendentes.

O trabalho em questão será pautado em questionamentos orais e escrito e na

análise de textos e filmes visando uma reflexão que leve a tomada de consciência para

que o aluno negro e afrodescendente reconheça seu papel na sociedade e que o racismo

e o preconceito se tornem coisa do passado em nossa sociedade.

3 AVALIAÇÃO OU ACOMPANHAMENTO

A avaliação dar-se-á no decorrer de todo o processo e não somente como

requisito para o resultado final. Será contínua, diagnóstica e formativa e efetivada em

todas as atividades desenvolvidas.

Os alunos serão avaliados com base na sua participação nas atividades, na

apresentação dos resultados das atividades propostas e na contribuição dada aos colegas,

durante discussões promovidas em sala, por meio de observação direta e controle feito

pelo professor.

Serão analisados durante todo o processo de desenvolvimento do projeto, os

seguintes aspectos:

Interesse do aluno na realização das atividades;

Participação do aluno quando solicitado;

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Conclusão das tarefas nos prazos determinados;

Colaboração nos debates orais;

Argumentação convincente de seu ponto de vista.

4 - RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se, com esse trabalho, que os alunos percebam que a prática do

preconceito e da discriminação não tem sentido. Que eles reflitam a respeito da

contribuição e importância dos afro descendentes na construção da história brasileira, o

que poderá auxiliá-los na construção de sua autonomia.

Espera-se também que eles compreendam e tenham consciência para que,

principalmente, o aluno negro e afrodescendente reconheçam seu papel na sociedade e

que dessa forma, o racismo e o preconceito se tornem coisa do passado em nossa

sociedade.

5 - RECURSOS UTILIZADOS

Para o desenvolvimento das atividades elaboradas abaixo, será necessário o uso

da TV multimídia, laboratório de informática, internet, textos digitados ou xerocados,

power point etc.

6 - CRONOGRAMA

A unidade didática será desenvolvida no segundo semestre letivo de 2011 com

distribuição em capítulos definida conforme descrição apresentada dos capítulos.

1ª semana

Capítulo 01 - Apresentação do projeto para direção, equipe e

alunos;

Aplicação do questionário para subsidiar o desenvolvimento

do projeto;

Síntese das respostas para direcionar o debate;

Iniciação das atividades: Após apresentação do significado de

algumas palavras que serão usadas durante o desenvolvimento

das atividades;

Sugestões de atividades: filme sobre Racismo: Vista Minha

Pele.

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2ª semana

Capítulo 02 - Racismo;

Leitura e discussão de textos sobre o assunto;

Sugestões de atividades: Filme sobre racismo - Xadrez em

Cores e uma dinâmica com um Jogo - Na Trilha do

Preconceito;

Capítulo 03 - Formação do Povo Brasileiro;

Mapa do Brasil e da África onde destaca o tráfico negreiro no

passado;

Leitura e discussão de textos sobre formação do povo

brasileiro e da mestiçagem no Brasil;

Sugestões de atividades: Dinâmica envolvendo uma caixa de

lápis de 48 cores.

3ª semana

Capítulo 04: A África em nós;

Leitura de textos que falam sobre o assunto;

Capítulo 05: A Ressignificação da África;

Mapa político do continente africano;

Atividades: pesquisa sobre alguns países africano para

construção de um mural.

4ª semana

Capitulo 06: África Berço da Humanidade;

Leitura de textos que falam sobre o assunto;

Mapa político do continente africano;

Atividades: construção de um mural com mapa da África

(Alguns países com destaque para: Bandeiras, capitais, principais

economias, etc.)

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7- UNIDADES

7.1- Capítulo 01: Apresentação do Projeto de Implementação e Discussão

sobre o tema proposto: racismo, discriminação racial e preconceito.

1º. Momento: Apresentação do projeto

Explicitar aos alunos o que será trabalhado nesse projeto. Quais os

objetivos que deverão ser alcançados e qual a metodologia será utilizada.

2º. Momento: Conversa, análise e discussão sobre o tema

Fazer um levantamento se há compreensão, por parte dos alunos do

que é conhecimento que eles têm a respeito das palavras: racismo,

discriminação racial e preconceito. Depois da conversa inicial apresentar a

frase de Luther King para análise. Após análise e discussão socializar num

grande grupo as conclusões levantadas a respeito do assunto.

Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos junto como irmãos. (Martin Luther King)

Para o professor: Nesta unidade, o objetivo é o de levar ao conhecimento dos alunos

o que é este Projeto de Implementação e quais são seus objetivos, fazê-los perceber

qual a finalidade do trabalho a ser desenvolvido. Também serão propostas reflexões

sobre o tema do referido projeto. Objeto de Estudo e intervenção: A busca da autoestima de negros e afro

descendentes na escola.

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3º Momento: Aplicação do questionário

Questionário para ser aplicado na escola, para subsidiar o desenvolvimento do

projeto. (questionário apresentado aos alunos xerocopiados)

1- Você já sofreu situações de constrangimento em relação à sua etnia?

Relate.

2- Qual foi a sua reação no momento?

3- Por que você acha que isso aconteceu?

4- Será que é comum ocorrer casos como o que acabou de relatar? Comente.

5- Onde ocorreu e quem mais presenciou?

6- Houve alguma intervenção de alguém? Comente.

7- Você já presenciou conflitos dentro da escola em relação à discriminação

ou preconceito racial? Relate

8- Você acha que esses conflitos e situações têm prejudicado a você ou a

algum colega de sala? Comente:

9- O que você faria se ocorresse com você?

10- Como você acha que poderia ser resolvido esse tipo de problema? Você

sabe o que vem a ser preconceito? Discriminação? Discriminação racial?

Racismo? Estereótipo? Preconceito racial? Vejamos o que é e como

acontece a toda hora entre nós.

Para o professor: Poderão ser feitas outras questões de acordo com a realidade da

sala onde o trabalho for desenvolvido. A partir das respostas dadas o professor

apresenta aos alunos a síntese das respostas, para direcionar o debate. Após

debate apresentar aos alunos explicação sobre o significado das palavras que serão

muito usadas durante todo o desenvolvimento das atividades.

Sugestão de Atividade como introdução do conteúdo:

Filme: Vista Minha Pele

Direção: Joel Zito Araújo Os alunos assistirão ao filme e num debate oral exporão suas análises sobre como o tema foi apresentado no filme. Vista Minha Pele” é uma divertida paródia da realidade brasileira, para servir de material

básico para discussão sobre o racismo e preconceito em sala de aula.Nesta história

invertida,os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados.os países

pobres são por exemplo a Inglaterra e a Alemanha, e os países ricos são, por exemplo, a

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África do sul e Moçambique. Maria é uma menina branca pobre que estuda num colégio

particular graças á bolsa de estudos que tem pelo fato de sua mãe ser faxineira nesta

escola.A maioria de seus colegas a hostilizam por sua cor,e por sua condição social, com

exceção de sua amiga Luana, filha de um diplomata que, por ter morado em países

pobres,possui uma visão mais abrangente da realidade. Maria quer ser “Miss Festa

Junina” da escola, mas isso requer um esforço enorme, que vai desde a predominância da

supremacia racial negra( a mídia só apresenta modelos negros como sinônimo de beleza),

á resistência de seus pais, a aversão dos colegas e a dificuldade em vender os bilhetes para

seus conhecidos, em sua maioria pobres.... (Disponível em

http://brasildosnegros.arteblog.com.br/33863/Documentario-Vista-a-minha-pele/ acesso em

20/07/2011)

7.2 Capítulo 02 – Racismo Leitura e Discussão sobre os textos abaixo

O não reco-

nhecimento e

desvalorização

da História e

Cultura Afro

Brasil e Afri-

cana presente

nos diversos

ambientes fre-

qüentados pelos

alunos, resultam

em baixa auto-

estima, o que

impede o bom

desenvolvimento

do processo em-

sino aprendi-

zagem.

Texto 01 O racismo não é somente uma ideologia elaborada

pelos indivíduos, é um fenômeno mais estrutural e

sistêmico de manutenção, repartição, desigualdade e

racializada dos grupos sociais. Para que se sustente,

busca manter certos grupos expropriados dos bens

culturais e materiais de uma sociedade. O racismo na

sociedade brasileira, não é um fenômeno passageiro,

pois, infelizmente, tem sido mantido no dia a dia em

todos os níveis do convívio social, principalmente nas

escolas. Nesse ambiente, a discriminação racial é um

componente prático diário, moldando comportamentos

discriminatórios. Por mais que o Brasil se declare uma

nação multirracial e sem preconceitos, desenvolve um

racismo que em sua maioria é silencioso, camuflado,

afirmar que para alcançar o desmantelamento estrutural

do racismo, é preciso buscar a erradicação dele no bojo

das consciências coletivas depende de estratégias

concretas de contenção e combate á circulação e

manutenção de ideologias racistas no ambiente escolar.

Racismo:

Expressão cria-

da, no séc. XIX,

para justificar a

ação política de

discriminação,

segregação.

Exclusão e elimi-

nação baseada na

idéia de que exis-

tem raças huma-

nas com caracterís-

ticas pertencentes

a este grupo e

transmitidas

hereditária-mente.

Isto é, invenção do

homem para do-

minar outro ho-

mem.

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Preconceito

racial:

Concepção sem

exame crítico, for-

mada a priori,

transmitida cultu-

ralmente de gera-

ção em geração.

Caracteriza-se por

ideias assumidas

com prioridade,

sem reflexão

sobre sua

racionalidade e

sobre a conse-

qüência de aderir

ou não a elas

Portanto, um primeiro passo para concretizar essas

estratégias de ação é demonstrar que tanto para o aluno

negro e afro descendente. “A escola possui a vantagem

de ser uma das instituições sociais em que é possível o

encontro das diferentes presenças” É de grande

importância o ambiente escolar proporcionar práticas

educativas que promovam a convivência democrática e o

respeito aos direitos humanos. Percebe-se que o ensino

é racista quando nega ao aluno o conhecimento sobre a

força dos movimentos negros em busca de mudanças no

Brasil, da sua ancestralidade africana, sua religiosidade,

seus bens culturais e, principalmente, sem

pertencimento do orgulho e da esperança no cotidiano

da escola.

Conforme assegura Munanga (2005, p.17):

A educação é capaz de oferecer

tanto a jovens como aos adultos a

possibilidade de questionar e

desconstruir os mitos de

superioridade e inferioridade

entre os grupos humanos, que

foram introjetados neles pela

cultura racista na qual foram

socializados.

A temática sobre os problemas que envolvam a baixa

autoestima do aluno negro afro descendente, caminha

de mãos dadas com o racismo e preconceito

Autoestima:

Sentimento

amoroso que uma

pessoa é capaz de

sentir por si mes-

ma.

Reconhecimento e

valorização das

próprias qualida-

des, potencialda-

des e atributos

físicos e respeito às

próprias imperfei-

ções e limitações.

Texto 02 – Leitura Complementar

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A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

Sugestões de Atividades:

1ª Filme: O Xadrez das Cores

Após discussão análise sobre o assunto assistir o filme xadrez das cores Direção: Marco

Schiavon

Sinopse: Cida, uma mulher negra de quarenta anos, vai trabalhar para Maria, uma velha

de oitenta anos, viúva e sem filhos, que é extremamente racista. A relação entre as duas

mulheres começa tumultuada, com Maria tripudiando em cima de Cida por ela ser negra.

Cida atura a tudo em silêncio por precisar do dinheiro, até que decide se vingar através

de um jogo de xadrez. Ficção. Brasil, 2004, 22:00 minutos. Disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=KGyNtbqaQRg

Acesso dia 22/07/2001

2ª Dinâmica: O Jogo - Na trilha do Preconceito

Objetivo: Promover reflexão e debate sobre estereótipos e preconceitos cristalizados no

modo de pensar das pessoas, sobre o povo negro e sua cultura.

Sugestões para extrapolação do jogo:

- Promover debates sobre as afirmações da trilha.

- Fazer levantamentos sobre as outras várias formas de preconceito expressas por meio de

palavras, provérbios e expressões.

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- Promover um debate sobre essas formas de preconceito e incentivar os alunos,

especialmente os negros, a se posicionar, apresentando seus sentimentos em relação a

essas expressões, provérbios e frases racistas.

- Escolher algumas alternativas que propiciem uma pesquisa esclarecedora sobre o

preconceito nelas contido. (Exemplo: leia o texto da casa 22. Pesquise os últimos dados

do IPEA, sobre distribuição da população de cor.

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Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro

Rosa Margarida Carvalho Rocha

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7.3 - Capítulo 03: Formação do Povo Brasileiro Leitura e Discussão sobre os textos

Disponível em libertaria.pro.br

Acesso em 20/07/2011

Aprender e conhecer o Brasil e o povo

brasileiro e aprender a conhecer a história

e a cultura de vários povos que aqui se

encontraram e contribuíram com suas

bagagens e memórias na construção deste

país e na produção da identidade

brasileira. Pode –se dizer que essa história,

teve início com os aventureiros e

navegadores portugueses: embora, essa

terra já estivesse ocupada e tivesse seus

donos, os chamados índios. Mais tarde, na

1ª metade do séc. XVI, inicia-se a busca de

africanos que trouxe para o Brasil milhões

de negros que aqui foram escravizados

para fornecer a força de trabalho

necessária ao desenvolvimento da colônia.

Seres livres em suas terras de

origem, aqui foram despojados de sua

humanidade através de um estatuto que fez

deles apenas força animal de trabalho,

coisas, mercadorias ou objetos que podiam

ser comprados e vendidos; fontes de

riqueza para os traficantes (vendedores) e

investimentos em “máquinas animais” de

trabalho para os compradores (senhores

dos engenhos). Foi esse o regime

escravistas que fez do Brasil uma espécie

de sociedade de casta, uma branca, e a

outra formada para homens e mulheres

escravizadas que também por consciência

histórica, é negra. Assim a história

brasileira se revela através de uma

pluralidade étnica, sendo isto, produto de

um processo histórico que inseriu num

mesmo cenário 3 grupos distintos que

foram os portugueses, os índios e os negros

africanos.

Contato esse que permitiu uma interação

entre culturas, levando á construção de um

país inegavelmente miscigenado.

Acesso em 20/07/2011 - Disponível em: :infojovem.org.br/infopedia/tematicas/diversidade/raca-e-etnia/

De modo geral, o atual povo brasileiro e oriundo de 4

continentes: América, Europa, África e Ásia

bventura70.blogspot.com

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20

O número exato de negros que foram trazidos para o Brasil não se sabe, mas,

calcula-se cerca de 4 milhões. A partir de mais ou menos 1808 a população branca

começa a crescer no Brasil. Em épocas e datas diferentes a partir de 1808, vieram

alemães, suíços, italianos, espanhóis, franceses, irlandeses, poloneses, austríacos,

belgas, russos, ingleses, sírios e libaneses. Os asiáticos em especial os japoneses,

começaram a entrar no fim do sec. XIX e início XX.

Brasil, um país formado por várias caras e cores

Disponível em :bibliotecaziraldo.zip.net

Acesso em 22/07/2011

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Uma das forma

de combate á

discriminação

racial é via legis-

lação penal.

Vejamos alguns

documentos le-

gais de combate

ao racismo que

podem ser em-

contrados no li-

vro Manual so-

bre a educação,

pode ser encon-

trado no site do

Conselho Naci-

onal de Educa-

ção são eles:

- Código Penal,

art. 140, Pará-

grafo 3°- Injúria

discriminatória;

- Lei 7716/89 –

Crime de Racis-

mo;

Lei 10639/03 –

Obrigatoriedade

da inclusão da

história da Áfri-

ca e da Cultura

Afro brasileira

no currículo es-

colar das esco-las

públicas e

particulares de

educação Bási-

ca.

Estereótipo:

Clichê, rótulo,

modelo rígido e

anônimo, com

ba-se no qual são

produzidos de

maneira automá-

tica, imagens ou

comportamentos.

Os negros brasileiros de hoje são descendentes de

africanos que foram trazidos para o Brasil pelo tráfico

negreiro. Muitos deles são mestiços resultantes da

miscigenação entre negros e brancos, negros e índios. No

censo brasileiro, os mestiços são classificados como

pardos, mas alguns deles, por decisão política ou

ideológica, se consideram negros ou afro descendentes.

Para entender “nossa” história e “nossa” identidade é

preciso começar pelo estudo de todas as suas matrizes

culturais. Como no Brasil são várias, é viável que se

inicie o estudo sobre as três principais matrizes

brasileiras: européia, indígena e africana. Mas no Brasil,

em relação á matriz africana, na maioria dos livros

didáticos que conhecemos o ensino sobre a África é

geralmente ausente ou é apresentado de modo distorcido

ou de forma estereotipada. Essa maneira distorcida de

olhar a África e seus povos pode ser ilustrada pelos

antigos filmes de Tarzan e pelas informações divulgadas

pela imprensa escrita e falada ou pelas mídias eletrônicas

de modo geral. Nas informações vinculadas, focalizam-

se, por exemplo,

as chamadas guerras tribais, as calamidades naturais e as

doenças como a AIDS e outras endemias que dizimam

anualmente milhões de africanos. O brasileiro de

ascendência africana, ao contrário dos brasileiros de

outras descendências (européia, asiática, árabe etc.) ficou

por muito tempo privado da memória de seus ancestrais.

É esse conjunto de fatos que faz com que hoje seus

descendentes desejem não assumir-se como negro. Veja

que ironia: O negro foi arrancado à força de sua terra,

trazidos como animais para uma terra desconhecida,

vendidos como objetos, escravizados, obrigados a fazer

tudo que não queria e ainda eram considerados inferiores.

Como pode pessoas inferiores plantar, colher, preparar

alimentos, trabalhar na minas, construir as riquezas do

Brasil e até mesmo amamentar os filhos do branco? É o

negro, na realidade, o responsável pela construção do

Brasil em todos os sentidos sócio-econômicos e cultural.

Isso, porém é passado, e se pode alegar, com alguma

razão, que o presente e o futuro interessam mais. A

participação do negro e afro descendente nesta

construção não aparece. Olhe para a população negra e

afro descendente que tanto fez por este Brasil? Menores

salários, piores moradias, motivos de chacotas e piadas,

acusados de tudo de ruim que acontece. São acusados até

mesmo de serem negros e de ter cabelo ruim. Muitas

vezes parece que são acusados até de serem arrancados

de sua terra natal. O homem para não repartir riqueza

apela para tudo. É ai que mais uma vez entra o racismo

que acompanha o negro desde sua escravização no Brasil

até hoje. Mas o negro provou que tudo o que se pregava

para justificar sua escravização estava errado e não fazia

Afro-descendente

(afro-brasileiro):

Designa tanto

pessoas com asce-

dência africana

quanto objetos e

cultura oriundos da

vinda de ne-gros

escravos afri-canos

para o Brasil.

Discriminação e

racismo não são

temas recentes, vem

desde os pri-

mórdios da histó-ria

do Brasil. Desde o

Brasil Colônia,

Império e

República vigo-

ravam vários em-

traves para im-pedir

o ingresso do negro

aos ban-cos

escolares.

Basta observar a lei

n° 01 de 04 de

janeiro de 1837 em

seu artigo 3°, e

também o de-creto

n° 1331 de 17 de

fevereiro de 1854,

que estabelecia que

nas escolas pú-blicas

do país não fossem

admitidas escravos,

e que a previsão de

ins-trução para adul-

tos negros depen-

dia da disponi-

bilidade de pro-

fessores.

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sentido pois, fora o negro junto com o índio,o construtor

principal quase exclusivo da nossa riqueza material e

espiritual.O negro provou que não era passivo á

escravização, que sabia se organizar, que sabia

reivindicar e sabia se reorganizar. Prova disso é que tanto

fez que derrubou a “escravidão legalizada.” Esperava se

que com a abolição a situação do negro melhorasse. Mas,

após a festa da abolição o que aconteceu com o negro? A

situação deles mudou? Muito pouco, pois não foram

ressarcidos pelo que tinha direito por tudo que construiu

e ainda foi marginalizado, (marginalizado pode ser aceita

como sinônimo de pobreza). Parou? Não. Continuou

lutando, ocupando espaço. Ora, uma das vozes do nosso

livro didático é precisamente tratar o negro e o índio

sempre no pretérito, como se já não fossem: em que

contribuíram, onde viviam, de onde vieram. Para escapar

desse campo de força vamos indagar em que o negro

contribuiu e contribuirá para a civilização brasileira. A

razão principal de estudar o negro é, portanto, a

necessidade de compreender o Brasil, na originalidade de

seu processo civilizatório. Olhar o negro é deste jeito,

uma maneira de ver o brasileiro que somos e devemos

ser. Não adianta, contudo, olhar pela metade, mas o

corpo inteiro: sua arte, mas também suas idéias; sua

contribuição no passado escravista, mas também na

atualidade; sua sociabilidade, mas também suas atitudes

políticas, seus cultos, suas festas, mas, sobretudo sua

religiosidade e suas maneiras de estar no mundo, seu

folclore, mas também sua cultura em suma. Há muito que

fazer ainda, pois apesar de intensa miscigenação e das

trocas de culturas, o negro brasileiro continua

diferenciado do não negro. O motor da diferenciação é o

racismo, operando, basicamente, de duas maneiras: pela

discriminação no mercado de trabalho e pelo complexo

de superioridade dos não negros É preciso acelerar esta

luta. Se antes, no início da história do Brasil, havia leis

que restringia e dificultava o ingresso do negro na escola.

Agora com vários movimentos negros, o cenário

começa a se modificar. Temos leis que punem atos de

racismo e preconceito. Ganhamos também a Lei

10.639/03 promulgada em 2003 que vem significar um

grande passo na luta do negro pelo reconhecimento do

seu lugar na história brasileira. Depois de 115 anos da

abolição veio justamente reparar essa injustiça feita não

apenas aos negros, mas a todos os brasileiros, pois esta

história esquecida ou deformada pertence a todos sem

discriminação de cor, idade, sexo, etnia e religião.

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Momento de Reflexão Atividades sugeridas:

Propor aos alunos analisar alguns livros de História que são ou que eram usados a pouco

tempo e observar:

a) Qual é a porcentagem do livro, dedicada à história do negro no Brasil, em relação à

história européia?

b) Que parte dos livros didáticos geralmente aparece a história do negro quando

abordado?

c) Será que esses livros mostram a verdadeira participação do negro na construção da

riqueza e sociedade brasileira? Justifique sua resposta.

Dinâmica da caixa de lápis de cores: Entrega – se aos alunos uma caixa com 48 Lápis coloridos e pedir que, se for possível, encontre dentre eles qual cor corresponde a de sua pele.

a) Por que será que tão difícil descobrir a cor dos brasileiros?

b) Por que será que quase ninguém quer se declarar negro?

c) Discussão sobre as respostas.

7.4 - Capítulo 04: A África em nós Leitura e discussão sobre os textos abaixo.

O Brasil tem muito mais de África do que podemos imaginar.

Embora muitos não aceitem e tentem negar, as ligações entre Brasil e África

são muito fortes e indistrutiveis.

Brasil África

Disponíveis em : inspetorfrederico.blogspot.com espiritismocomentado.blogspot.com

Acesso em 22/07/2011

O Brasil tem muito

mais de África do que

podemos imaginar.

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A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

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Sugestão de Atividade: Pesquisa na Internet sobre particularidades de alguns países africanos para construção de um Mural.

7.5– Capítulo 05 - A Ressignificação da história da África

Disponível em: http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-descolonizacao-africa.htm

Acesso dia 22/07/2011

Durante muito tempo, ficamos impedidos de conhecer as verdadeiras

contribuições do continente africano para a civilização mundial. Esta falta de

conhecimento, muitas vezes, ajudou na constução da idéia de que a África fosse um

continente hostil, sem história, sem cultura, com um povo incapaz de construir

desenvolvimento. Há pouco tempo é que se começou a reconhecer que foi a partir da

África que todo o planeta foi povoado. Lá surgiram as primeiras famílias humanas.

A diabolização constante da África (veiculada, principalmente através dos

quadrinhos,do cinema, das revistas e da televisão) se manifesta, as vezes, também sob

ótica da “ exotização”. A África seria um lugar estranho, povoado de animais estranhos

de povos estranhos e de culturas “tribais” folcloricas.Ou seja, os africanos aparecem

como gente distante de “nós”. O africano é transformado no outro tão distante que não

chegamos a estabelecer uma relação de proximidade afetiva com ele. Ora, a proximidade

afetiva e indispensável para impor o respeito para com o outro. Sem um sentimento de

proximidade, nenhum povo, cultura ou civilização pode ser considerado em pé de

igualdade com a “nossa”. A exotização da África é a base da “estranheza”que sempre é

mãe do medo. E o racismo se alimenta do medo do outro. É hora de procurar desfazer

essas imagens negativas sobre o continente, colocando no lugar, outras que as façam ter

orgulho de ter como ancestrais os povos africanos.Só assim, as crianças negras e brancas,e

criançasde todos os outros grupos étnicos ou raciais constitutivos da nação brasileira,

poderão orgulhar-se de sua verdadeira identidade, que perpassa o segmento negro da

sociedade brasileira.( Carlos Moore).

Precisamos resgatar a verdadeira história da África para entendermos melhor a

história mundial.

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A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

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7.6 - Capítulo 06

Leitura e discussão dos textos:

Texto 01 - África Berço da Humanidade

Almanaque II Pedagógico Afrobrasileiro

– Rosa Margarida de Carvalho Rocha

“A escrita não é saber, é a fotografia do saber.O saber é algo que está em nós e nos possibilita saber que o boabá existe mesmo antes de conhecê-lo.”(Hampâté Bâ)

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Texto 02 - O lugar da África na Hitória

A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

O continente africano, apesar ser o palco do início da aventura humana, foi

classificado pelo pensamento ocidental durante muito tempo como um espaço fora da

História. Como entender tal atitude? A palavra História é o termo polissêmico, ou seja,

possui muitos sentidos. Ela é usada para se referir ao processo de vida da espécie

humana ao longo do tempo, como para designar o estudo deste mesmo processo.

Designa a experiência e a narrativa desta experiência. Porém, nem todos os estudiosos

pensaram ou pensam desse jeito. Muitos são os que definem História como uma jornada

que só começou com o surgimento da escrita. Tal definição é uma das idéias no

pensamento ocidental e fortemente presente nos dias de hoje, na organização dos

curriculos, programas escolares, e na produção de materiais didáticos que ainda trazem,

em sua grande maioria, a já clássica divisão de “Pré-História” e “História”.

Seguindo essa linha hegemônica no pensamento ocidental boa parte dos povos

asiáticos, ameríndios e africanos estão excluídos da História já que suas sociedades eram

baseadas na tradição oral. Só entram para a história a partir do contato com os europeus.

Duas indagações são necessárias neste ponto. Em primeiro lugar não é verdade

dizer que a África não tinha escrita. Segundo Jean Vercoutter, as bases da escrita foram

definidas entre o quinto e o terceiro milênio antes de Cristo. Sendo assim, a África foi o

berço da escrita.Também no vale do Rio Nilo existem registro de uma outra escrita, a

Meroítica, ainda não decifrada. A inexistência de vestígios de escrita em outras regiões

não quer dizer que não existia de fato algum mecanismo de registro, mas apenas que não

exitem registros. Lembrem-se do caso da escrita cuneiforme que, pela base utilizada,

quase não deixou sinais da sua existência.

Porém, é prudente pensar, e se por acaso não tiver existido realmente escrita em

nenhuma outra parte do continente africano? Estariam então esses povos excluidos da

História? Partindo do conceito esboçado no início deste texto de que a história é o

conjunto de toda a experiência humana ao longo dos tempos, não teremos dúvidas em

afirmar que, com ou sem escrita, a África tem História. Este continente é o berço, o

ponto de partida, o lugar de origem , da formação do Homo Sapiens e das culturas por

ele criada.

África

Continente que compreende uma extensa área e grande número de diversidades de

povos, cada um com sua própria cultura e língua e com sua história.

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Texto 03

A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

A África é o berço da inteligência humana. A cultura humana nasce muito

antes do que imaginávamos. Na África.

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O texto abaixo é um dos exemplos do uso da oralidade do povo africano

para transmitir sua História e sua sabedoria.

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A História da África na Educação Básica

Almanaque II Pedagógico – Rosa Margarida de Carvalho Rocha

Atividades:

Construção de um Mural com o Mapa da África e particularidades de alguns países em destaque (Bandeira, Nome oficial, Língua, localização, principais economias etc).

Reflita:

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada,

não existirão resultados”. Mahatma Gandhi

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REFERÊNCIAS:

BRASIL. Lei nº 10.639 – 09 de janeiro de 2003. Brasília: Ministério da Educação,

2003. Plano nacional das diretrizes curriculares nacionais para a educação das

relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e

africana. Brasília: SECAD; SEPPIR, junho, 2009.

MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na escola. 2ª edição revisada

[Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e

Diversidade, 2005.

BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais - 2004.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica – História. 2008.

ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho – Almanaque Pedagógico afro-brasileiro –

Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar.

2ª. Ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2005.

A História da África na Educação Básica: Almanaque Pedagógico – Referênciais

para uma Proposta de Trabalho. Belo Horizonte: Nandyala, 2009.

REFERENCIAS ON LINE

Filme: Vista minha pele – Direção de Joel Zito Araújo - Disponível em:

http://brasildosnegros.arteblog.com.br/33863/Documentario-Vista-a-minha-pele/

acesso em 20/07/2011

Filme: O Xadrez das Cores Direção de Marco Schiavon - Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=KGyNtbqaQRg Acesso dia 22/07/2001

Libertaria.pro.br - Acesso em 20/07/2011

bibliotecaziraldo.zip.net - Acesso em 20/07/2011

inspetorfrederico.blogspot.com - Acesso em 20/07/2011

espiritismocomentado.blogspot.com - Acesso dia 22/07/2011

http://infojovem.org.br/infopedia/tematicas/diversidade/raca-e-etnia/ - Acesso

em 20/07/2011 -

http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-descolonizacao-

africa.htm - Acesso em 20/07/2011