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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte,Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.:218855472; Fax: 218855473. [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial:Sandra Costa Saldanha06 - Foto da semana07 - Citações08-11 - Nacional12-19 - 13 surpresas do pontificado20-29 - Opinião Eugénio Fonseca Henrique Pinto Miguel Oliveira Panão Franciscanas Hospitaleiras30-33- Entrevista Isabel Varanda34-39 - Papa Francisco Os primeiros dias

40- Opinião D. António Marcelino42 - A semana de José Carlos Patrício44 - Cinema46 - Multimedia48 - Vaticano II50 - Estante52 - Agenda54 - Liturgia56 - Programação Religiosa57 - Por estes dias58 - Fundação AIS

Foto da capa: VaticanoFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Papa convidado avisitar Portugal[ver+]

13 surpresasdo Papa Francisco[ver+]

O novoPontificadoEntrevista a Isabel Varanda [ver+] D. António Marcelino, EugénioFonseca, Henrique Pinto, IrmãsFranciscanas, Miguel Panão

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Acolhidos e desejados

Sandra Costa Saldanha

Com alguma ansiedade e expectativa, a opiniãopública tem concedido especial atenção aosmovimentos do novo Papa. E tem gostado,manifestando-se em atitudes de louvor que hámuito não se viam.A serenidade do Santo Padre é de facto muitoreconfortante. Com palavras de improviso, falaao coração de todos. Num registo informal, masinteligível, comunica muito, mas sobretudo falacomo muitos queriam ouvir o seu pastor.Francisco tem um discurso inclusivo, alheio aoalvoroço periférico dos media, que obriga arefletir sobre a simplicidade das coisas. Emgestos simples, como são os que nos pede, incitaao afastamento daquele ruído efémero, que nosconcentremos no essencial.Homem emergente, numa estrutura dehierarquias tantas vezes alheias e distantes,impõe deste modo a sua soberania, num registode proximidade, imensa responsabilidade esentido de missão. Uma cúpula congregadora,como se deseja, segura e sólida. E aqui abre-noscaminho a um outro plano, maravilhoso, deafetos e esperança.Faz um apelo à Ternura e ao Bem, desafiando aque se assumam como pilares inquestionáveis navida da Igreja. Pontos, aliás, particularmentecobrados pela sociedade, a bondade e acaridade são constantes no seu discurso,aspetos inabaláveis e referenciais da ação daIgreja no mundo, verdadeiros baluartes

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destes tempos intrincados.Como um amigo, recebe semdistinção, abre as portas da suaIgreja e alimenta a esperança de umcaminho renovado. Distingue-sepois, em Francisco, esse fulgordeslumbrante. No seu modosimples, de sorriso iluminado,envolve e acolhe todos quantos sedeixam fitar, transmite confiança etodos se sentem desejados. Emtroca, recebe aplausos, muitoentusiasmo e um sopro revigorante,um sentimento de bem-estar e umavontade de querer ali estar, assistire participar, em tão edificanteconstrução.

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Entrega do anel do pescador«O verdadeiro poder é o serviço», Papa Francisco 19.03.2013

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“Ah, como desejo uma Igrejapobre e para os pobres”, PapaFrancisco em audiência aosjornalistas, 16.03.2013

“Em 2011, não obstante umesforço bastante considerávelde controlo orçamental emedidas orçamentais que nãoestavam previstas no programaoriginal, a forma como estavadesenhado o programa impediua concretização plena dosmontantes de ajustamentoorçamental que estavamprevistos", Vítor Gaspar, noparlamento sobre a sétima avaliaçãoda Troika, 19.03.2013

“Disse ao Santo Padre que seriauma grande alegria para osportugueses que ele pudessevisitar Portugal”, Cavaco Silva aosjornalistas, na embaixadaportuguesa junto da Santa Sé, emRoma, 19.03.2013

"Confirmo que a RTP vai ter doisnovos comentadores políticos:José Sócrates e Nuno MoraisSarmento", diretor de Informaçãoda RTP, Paulo Ferreira à Lusa,21.03.2013

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Cavaco Silva convidouFrancisco a visitar Portugal O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva,

convidou esta terça-feira o Papa Francisco a visitarPortugal, tendo como pano de fundo o “centenário dasaparições de Fátima”, em 2017. “Como tinha pensado,disse ao Santo Padre que seria uma grande alegriapara os portugueses que ele pudesse visitar Portugal”,disse aos jornalistas, na embaixada portuguesa juntoda Santa Sé, em Roma. O presidente e Maria CavacoSilva foram apresentados ao Papa pelo chefe doprotocolo da Secretaria de Estado do Vaticano,monsenhor José Bettencourt, luso-canadiano, durantea sessão de cumprimentos na Basílica de São Pedroàs mais de 130 delegações oficiais presentes nacerimónia de inauguração do pontificado.Cavaco Silva disse ainda ter recordado a “ligaçãoestreita” de João Paulo II (1920-2005) ao santuário daCova da Iria. A referência a Fátima foi, segundo opresidente português, “corroborada” pelo secretáriode Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, umdos responsáveis da Igreja Católica que estudou maisde perto o chamado ‘terceiro segredo’, relativo ao teordas aparições relatadas pela irmã Lúcia (1907-2005).“É óbvio que ele [Papa Francisco] não respondeuimediatamente que ia lá, mas eu insisti que comcerteza numa data tão importante para a Igrejaportuguesa e para o mundo, dada a importância doSantuário de Fátima, todos esperaríamos que o SantoPadre estivesse presente”, adiantou Aníbal CavacoSilva.

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O presidente revelou também que oPapa Francisco deu os parabéns àprimeira-dama pelo seu aniversárionatalício, que celebrava naqueledia.“O Papa começa por dirigir-se àminha mulher, felicitando-acalorosamente pelo seuaniversário”, declarou. “Encontrei defacto um Papa muito afetuoso, comum permanente sorriso nos lábios,muito próximo daspessoas, com um ar muito simples”,acrescentou.O presidente da República aludiu,por outro lado, às “relações

multiseculares, de amizade esempre muito leais”, existentes entrePortugal e a Santa Sé e tambémcom a figura do Papa, contactos quecomeçaram a partir da fundação dopaís, em 1143, "quando um Papareconheceu o primeiro reiportuguês", D. Afonso Henriques.“Foi um encontro rápido, como nãopodia deixar de ser, mas pareceu-me encontrar um homem capaz decativar, com gestos e com poucaspalavras, até este momento, e quede alguma forma ganhou a simpatiado mundo”, observou.

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Paulo Portas emocionado

O ministro português dos NegóciosEstrangeiros confessou-se“emocionado” com a eleição doPapa Francisco e elogiou a opçãodo líder da Igreja Católica pelosmais pobres.“Eu senti uma grande emoçãoquando o novo Papa foi eleito: umPapa que decide chamar-seFrancisco é todo um programa; umPapa que vem do hemisfério sul étodo um desafio; um Papa que é

jesuíta é toda uma referência”, dissePaulo Portas, em declarações aosjornalistas portugueses em Roma.O membro do Governo disse que o“sorriso” de Francisco é “inspiradorde uma enorme bondade”, algo deque “o mundo precisa”. “Asimplicidade deste Papa é algo quevai marcar profundamente, de modoque fiquei e estou muitoemocionado”, acrescentou.

“Bispo e peregrinos da Diocese de Leiria-Fátima queremos exprimir-lhe anossa profunda comunhão eclesial e o nosso caloroso afeto, dizer-lhe que,em Fátima, confiamos a sua Pessoa e o seu Ministério à proteção daSenhora de Fátima e, ainda, que o Santuário espera com emoção poderrecebê-lo um dia como peregrino. Desde já lhe damos as boas vindas: Bem-vindo Santo Padre Francisco!”(Mensagem de D. António Marto, 20.03.2013)

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Semana Santacom Teresa Salgueiro e LuísRepresas Os cantores Teresa Salgueiro eLuís Represas vão dar voz àslocuções das meditações e textosbíblicos propostos pelo site passo-a-rezar.net para a Semana Santadeste ano, que começa no próximodomingo. Em comunicado enviadoà Agência ECCLESIA, o Apostoladode Oração, obra da Companhia deJesus e promotora deste projeto,adianta que as meditações foramescritas pelo professor JoséMattoso, “reconhecido historiadormedievalista, de grandesensibilidade aos temas docristianismo”.A iniciativa tem como objetivo“ajudar os portugueses a preparare viver a Páscoa, na semana maisimportante do ano, fazendo usodas novas tecnologias e levando aoração aos ritmos e lugares do dia-a-dia”.“Para além das meditaçõespropostas pelo professor JoséMattoso, as vozes e as músicas,algumas delas tiradas dos últimostrabalhos de Teresa Salgueiro (OMistério) e de João Gil (MissaBrevis),

ajudarão a criar o ambiente paraviver a Páscoa de um modo especial”,salienta o texto.O site passo-a-rezar.net, criado em2010 com o apoio da ECCLESIA, éum projeto que se dedica à promoçãoda oração pessoal, oferecendodiariamente orações de 10 a 12minutos em formato digital.Atualmente, conta também com oapoio do Secretariado Nacional daPastoral da Cultura e do grupoR/com, para a gravação e edição dosconteúdos.

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Papa Francisco13 momentosque surpreenderam o mundo No dia 13 de março de 2013,um cardeal "vindo do fim do mundo"chegou à Varanda Central da Basílica de S. Pedroe poucos o reconheceram, na Praça que o esperava.As surpresas das primeiras palavras e dos primeiros gestosdepressa revelaram a pessoa e abriram horizontes para opontificado.Nesta edição, registamos 13 desses momentos...

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“O Papa da simplicidade e dossimples”

Eugénio FonsecaPresidente da CáritasPortuguesa

Francisco, reafirma na homilia da missa inauguraldo seu Ministério Petrino uma ideia central que,na minha opinião, servirá de guia para o seupontificado, a ideia de “cuidar”. Potenciar a Igrejapara uma dimensão que é verdadeiramentehumana e de serviço. “Guardar a criação inteira”,afirma Francisco lembrando “que tudo estáconfiado à guarda do homem”. Cuidar do mundointeiro e dos bens confiados por Deus. O apeloque o Papa Francisco faz a todos os cristãos,mas não apenas a estes, mais uma vez vemreforçar que a sua mensagem é para “todos oshomens e mulheres de boa vontade” e, destavez, dirigindo-se particularmente aos queocupam cargos de responsabilidade.Impressiona-me a linguagem simples mas que étambém, a meu ver, de uma frontalidadeacutilante com que pede este “favor” de sermostodos “guardiães da criação”.Francisco traz de novo para a ribalta osprincípios exigentes da Doutrina Social da Igreja.Encontrar o equilíbrio entre o cuidar dos “quesão mais frágeis e que muitas vezes estão naperiferia do nosso coração” é encontrar a justapartilha dos bens da terra. Cuidar para quechegue a todos o que a todos pertence. É umprincipio universal que não pode ser nuncaesquecido e que ele assumiu no momento emque escolheu para si o nome de Francisco e,particularmente, depois de todos termos acerteza de que se tratava de uma referência aode Assis.

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O Santo Padre traz uma mensagemde serviço e de humildade que, nasua homilia é fundamentada peloconvite de Jesus: ”apascenta osmeus cordeiros, apascenta asminhas ovelhas”. É aqui que situa oseu “poder”, no “serviço” àhumanidade. Isto só nos pode darconforto ao coração e incentivo àação da Igreja no mundo. Aliás, aforma como saudou os milhares quea ele se juntaram na eucaristiainaugural é revelador disto mesmo.Um homem que vem dizer-nos “estátudo bem”. Como o pai que acalmao filho depois da queda! “Está tudobem”, diz-nos Francisco, num sinalclaro de proximidade, de alento e deesperança. O que dizer destehomem que sai do carro e se inclinapara beijar uma pessoa doente? Umhomem que pede para si a oraçãode todos e se curva perante os querezam por ele?A forma como os gestoscomplementam as palavras é, a

meu ver, uma forma de predispor aspessoas e de as trazer até si com ocoração livre para ouvir: “nãoesqueçamos jamais que overdadeiro poder é o serviço, e queo próprio Papa, para exercer opoder, deve entrar sempre maisnaquele serviço que tem o seuvértice luminoso na Cruz; deve olharpara o serviço humilde, concreto,rico de fé, de São José e, como ele,abrir os braços para guardar todo oPovo de Deus e acolher, com afetoe ternura, a humanidade inteira,especialmente os mais pobres, osmais fracos, os mais pequeninos,aqueles que Mateus descreve noJuízo final sobre a caridade: quemtem fome, sede, é estrangeiro, estánu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servemcom amor capaz de proteger.”Francisco convoca a Igreja para quevivam em coerência e testemunhemaquilo que professam.

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Se de uma revolução se tratao Papa Francisco não vai poder desiludir a humanidadee a natureza, para lá da Igreja…

Henrique PintoTeólogo

Um Papa que se dá por nome Francisco, quesonha com uma fraternidade global, que desejauma Igreja pobre e para os pobres, que colocaum forte acento na infinita e não-desistentemisericórdia de Deus, e que se vai despindo doque, no exterior, não lhe é essencial, só podiatornar enorme a expectativa em torno da homiliada eucaristia que marcou o início oficial do seupontificado.E o Papa de facto surpreendeu. Não porquetenha trazido para o seu texto algo que a Igreja,em mais de 2000 anos de história, nunca tivessedito à luz da sua revelação, mas porque, ouvidoo clamor do povo destes últimos tempos, teve acoragem de invocar o que, como “vocação”, nassuas palavras, “não diz respeito apenas a nós,cristãos, mas tem uma dimensão antecedente,que é simplesmente humana e diz respeito atodos: a de guardar a criação inteira”. Diante deum generalizado empobrecimento global, dogalopante desemprego de milhares e milhares depessoas, da abissal e escandalosa desigualdadeentre uns e outros e do desrespeito pelanatureza, falar do dever de nos guardarmos oucuidarmos uns aos outros,

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não podia ser mais oportuno oufazer mais sentido - precisamenteporque vocação genética - e destafeita, extremamente urgente enecessário. O Papa não se perdeunuma teologia frequentementeportadora e promotora dedualismos, e que ainda hoje colocauns debaixo do sagrado, da suagraça, e outros debaixo no profano,da sua desgraça, mas fez apelo auma experiência que é certamenteanterior a qualquer revelaçãoescrita, dita sagrada, numa tentativade levar as suas palavras para ládos confins da Igreja e convocartodos, sem exceção, a seremguardiões da humanidade, danatureza, do universo.

O filósofo alemão Jürgen Habermasinsiste que para que possa fazersentido, e integrar o debate deideias, que se acontece na esferapública, toda a tradição religiosa temque saber traduzir-se para queoutros, que lhes sejam estranhos,possam compreender. Confrontadacom a modernidade, a abertura aomundo, que no meu entender, comodesejo, foi o grande propósito doConcílio Vaticano II, tem continuadorefém de uma teologia que aindaque se tenha desembaraçado de umposicionamento fundado na ExtraEcclesiam nulla Salus, continua, noentanto, refém de um outropensamento dogmático quedefende,

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a titulo de exemplo, que a Igreja deCristo subsiste na Igreja Católica -num tempo em que o Evento deDeus, de Jesus de Nazaré, e sequiserem, de outras figuras centraisa outras tradições, como Maomé,Buda…, deixaram de caber noslivros e nos egos oficiais que delesfalam, tendo-se tornado realidadessobre as quais ninguém, em tempoalgum, tem poder ou exclusivajurisdição. Por isso, qualquer jogode exegese ou de hermenêuticasobre palavras ou textosconsiderados sagrados, que nãotenham uma ligação à história queos precedem, a uma históriapresente e futura, onde as palavrasmais do depósito ou essência dealguma coisa, são promessas de umagir humano por cumprir , nãoservem a uma

mobilização global que entendaalicerçar a sustentabilidade humanae ambiental no cuidar de si,enquanto ética, e no cuidar dosoutros, enquanto moral. Para ser coerente, despojada doque de facto não interessa, e nofundo credível aos olhos do mundo,a teologia moral do Papa Franciscovai ter de mexer com a sua teologiadogmática. Cuidar, ser bondoso,terno,perdoar e ser perdoado, ser pobre eestar ao lado dos mais pobres,das crianças dos idosos, vai exigirda Igreja

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muito mais que um simples afetuosoe reconfortante abraço, ou que ummero respeito pela diferença dosoutros. A exigência do exercício dopoder da Igreja, enquanto serviço,de que falava já na década de 90 osilenciado australiano missionáriodo Sagrado Coração de Jesus, PaulCollins (em oposição ao poderglorioso, pomposo, espetacular etriunfalista dos últimos mil anos), vaiexigir a sua morte, e só atravésdela, a ressurreição e vida serãogenuinamente possíveis e credíveis.E é precisamente esta dimensão darealidade de Jesus de Nazaré quevamos ver se o pontificado do atualPapa Francisco vai ser capaz detrazer para dentro do seu pensar eagir - também eles desafiados pela

exigência de uma maiorcolegialidade com os seus bispos, edestes com o resto da hierarquia edo povo crente.As surpresas deste primeiros diasdepontificado tornaram os diastremendamente expectantes emrelação ao governo da Igreja deRoma, ao exercício da suadimensão política, social, económicae cultural. Com elas, o Papa deixoude poder desiludir o povo que elemesmo quis ouvir, o povo quedesencadeou e lhe colocou nasmãos esta revolução, e que, quemsabe, talvez tenha mesmo quepassar por um novo concílio, como odefendia também Paul Collins, masque desta vez, tornando-sefundamental para a vida da Igreja,se erguesse não em Roma, mas nasua periferia.

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O ambiente num Pontificadosurpreendente

Miguel Rosa OliveiraPanãoInstituto SuperiorTécnico

O mundo surpreendeu-se com Francisco, o nossoPapa e bispo de Roma. Talvez nem todos se lembremque escolher um nome na tradição Cristã é o mesmoque escolher dizer sim à Vontade de Deus que esserepresenta. O nome exprime a missão. No que dizrespeito ao nosso Papa, segundo a suas palavras,esse discernimento começou quando o Cardealbrasileiro Cláudio Hummes lhe disse: «Não teesqueças dos pobres!» Segundo Francisco: "aquelapalavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, ospobres. Logo depois, associando com os pobres,pensei em Francisco de Assis. (...) Para mim, é ohomem da pobreza, o homem da paz, o homem queama e preserva a criação; neste tempo, também anossa relação com a criação não é muito boa, poisnão?". Desde cedo que este pontificado se revela próximodas pessoas e do ambiente. Não é só o ser humanoque experimenta a pobreza, atualmente, também oambiente é vítima desse flagelo que assinala anecessidade de uma maior consciência daquilo queune ambos. Francisco evidencia que o ser humano échamado a ser guardião do ambiente. Nesse sentido,"a vocação de guardião não diz respeito apenas anós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente,que é simplesmente humana e diz respeito a todos: éa de guardar a criação inteira, a beleza da criação,como se diz no livro de Génesis e nos mostrou SãoFrancisco de Assis: é ter respeito por toda a criaturade Deus e pelo ambiente onde vivemos".

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Em Francisco de Assis, com o seuCântico das Criaturas, este respeitoé elevado de uma forma particularque encontra eco em diversosmovimentos em torno da defesa domeio ambiente. Assim como somostodos parte da família humana,quando ampliamos essa famíliaincluindo o ambiente, descobrimo-nos como parte da família daCriação. Numa família, somosresponsáveis uns pelos outros equando falha essaresponsabilidade, a família éafetada e, por conseguinte, o tecidosocial. Da mesma forma, afirma oPapa Francisco, "quando o homemfalha nesta responsabilidade,quandonão cuidamos da criação edos irmãos, então encontra lugar adestruição e o coração ficaressequido.

Infelizmente, em cada época dahistória, existem «Herodes» quetramam desígnios de morte,destroem e deturpam o rosto dohomem e da mulher".A evocação sistemática aoambiente, ao lado do ser humano eda Criação, aponta para umasensibilidade particular destepontificado no que diz respeito àtríplice vocação humana aosacerdócio da Criação centrado nacomunhão. Comunhão com aCriação, comunhão entre homem emulher, e comunhão com Deus.Embora seja uma postura emcontinuidade com os pontificadosanteriores, é-lhe conferida umaprioridade à qual não podemos serindiferentes.

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Um caminho de novas pontes!E agora, iniciamos este caminho!Foi este o primeiro convite do PapaFrancisco, da janela que prendia ocoração e o olhar do mundo inteiro,antes de dar a bênção Urbi et Orbi ,na sua primeira aparição empúblico. Como que a dizer: háapenas um momento sagrado emque Deus intervém na história doseu povo: agora!Este pontificado surge, comnaturalidade sequencial, e comoresposta ao momento histórico que,mundialmente, estamos a viver.Aparece como suave e forteterramoto de Pentecostes que aIgreja precisa. São assim as coisasde Deus. O Seu Espírito irrompe,em cada tempo e lugar, e suscitadiscípulos atentos aos sinais deDeus e do mundo que, naressuscitar este gigante da fé, eassumir o estilo de vida do santo dafraternidade universal, do pobre quese fez pobre por causa do Filho daSenhora Pobrezinha, como referemos historiadores da época.Em tão pouco tempo, o PapaFrancisco provocou e remexeuconsciências, com a sua posturasimples e natural,

com as suas palavras profundas,concisas, pastoralmente claras,muito práticas e de uma grandeaproximação aos nossosquotidianos.Pede, por favor, que rezem por ele.Pede, por favor, que não seesqueçam de Deus que tudoprovidencia.Pede, por favor, que caminhemosjuntos.escuta obediente do Evangelho, nahumildade e na simplicidade dosgestos respondem: Eis-me aqui! Éesta a imagem que deixa este Papasurpreendente, imagem de pastor eservo que se inclina diante do povo,a pedir a bênção de Deus sobre osseus frágeis ombros.Este caminho iniciado assim temmarcos claros de assombro e risco.Poderíamos chamar o caminho dasrelações novas, do cuidadorecíproco, do guardar e proteger oessencial da pessoa e da vidahumana, da defesa da terra e detoda a criatura.Francisco (de Assis)! Apenas onome? O porquê desta escolha?Como o Poverello que se assumeparte integrante da Igreja, pecadorae santa, o Papa quer

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É o servo e pobre que sabe dapedagogia do estender a mão atodos, corresponsabilizando todosno seu ministério de guardião da fée defensor dos mais pobres.Avizinham-se tempos de graça nãofáceis. Tempos que pedem que noscentremos no essencial eretomemos rumos mais altos. Sãotempos de penumbra, tempos denovas pontes entre crentes e nãocrentes, pontes que sabementrelaçarharmoniosamente homens emulheres de diálogo e de boavontade.Pelo que já disse, por palavras egestos, adivinha-se umPontificadoque vai pôr-nos todos emmovimento, que vai convocar-nospara um dinamismo de retorno àsorigens. Na Eucaristia deEncerramento do Conclave, o Papa,fiel aos imperativos da Palavra,afirmou: Vejo que as três leiturastêm algo em comum: é o movimento.Caminhar, edificar e confessarCristo Crucificado

… a nossa vida é um caminho e quando nos detemos, algo estáerrado. Agora, iniciamos estecaminho. Juntos! Um caminholuminoso e forte de Paz e deFraternidade Universal. Um caminhoque prossegue o apelo feito porBento XVI, na Homilia do início doseu Pontificado: Hoje, pede-se àIgreja e aos sucessores dosapóstolos que adentrem o mar dahistória e lancem as redes paraconquistar os homens para oEvangelho!A referência constante e os gestosque tem tido para com o seuantecessor dizem-nos da suaprofunda humildade e afetuosagratidão. Bento XVI acendeu nosnossos corações uma chama quevai continuar a arder, porquealimentada pela sua oração queorientará a Igreja no seu caminhoespiritual e missionário. (Eucaristiade Encerramento do Conclave -14de março 2013).

Um grupo de jovens Irmãs FranciscanasHospitaleiras da Imaculada Conceição, devários países, em Ano de FormaçãoIntensiva, que se preparam para o simdefinitivo a Deus, nas pegadas de Franciscode Assis e da Beata Maria Clara do MeninoJesus.

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Novo Papa já definiu«uma identidade» de Igreja Isabel Varanda, docente deteologia da UniversidadeCatólica Portuguesa, comenta asmensagens iniciais dopontificado de Francisco.

Agência Ecclesia (AE) – Que leituraretira da mensagem inaugural dopontificado do Papa Francisco,concretamente na necessidade queele apontou para que todo o poderexercido seja encarado como umserviço aos outros?Isabel Varanda (IV) - Oposicionamento do Papa Francisconão é inédito, a Igreja de JesusCristo sempre anunciou o seu podercomo um ministério que, de certomodo, significa na sua raiz estar aoserviço, exercer um serviçofundamental e total.O que é original é o facto de o Papafrisar bem este aspeto através dassuas palavras, das poucas palavrasque até agora dirigiu ao mundo e àIgreja, à Igreja de Roma emparticular, e também através da suapostura física, do seucomportamento como pessoa juntodos outros.Sendo um Papa da América Latina etendo crescido num contexto em quese desenvolveram teologias dalibertação, a partir de facto das

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situações deploráveis em quemilhões de seres humanos viveramao longo do século XX e continuama viver, ele poderá representar aquiuma reviravolta bastantesignificativa.Pode haver outras leituras, quasepolíticas, mas eu ousaria situar-memais no contexto do reconhecimentode que a Igreja de Jesus Cristo e oEvangelho têm um poder deuniversalização espantoso, e é issoque faz também com que mereconheça cristã.Será também certamente umenriquecimento profundo partirmosà escuta das mensagens positivas emenos positivas que nos chegam deoutros quadrantes do mundo.Tenho a sensação, e não faltariamexemplos para o ilustrar, que muitasvezes os católicos são testemunhasde uma Igreja irreconhecível, quedificilmente identificam com oEvangelho, em muitos contextos.Nesse sentido, supostamente emconsenso com o que tem sido a suavida pastoral, enquanto cardeal earcebispo de Buenos Aires, o PapaFrancisco tem tido uma posturaincarnada na realidade, assumindo,

vivendo, partilhando, verbos muitoimportantes que já transmitiuexplicitamente aos católicos e quefazem parte da sua essência comoPastor e como homem, umapresença fraterna, solidária,responsável, cuidadosa.O discurso do Papa procurarecentrar-nos num órgão vital queestá ligado à dignidade de todas ascriaturas de Deus e ao direito a umavida boa, que não énecessariamente uma boa vida, eneste aspeto o Papaincarna na sua própria pessoa apreocupação com os vulneráveis,com os mais frágeis, diante dosquais Marguerite Yourcenar diziaque devíamos ajoelhar como diantede um altar.(…) João Paulo II começou o seupontificado e as suas primeiraspalavras oficiais foram no sentidodas pessoas não terem medo deJesus Cristo, Bento XVI, de algummodo, em outros contextos, passoua mesma mensagem, para que aspessoas não tivessem medo de sercristãs, não tivessem medo doEvangelho.Na sua homilia de terça-feira, oPapa Francisco disse o mesmo, nãode forma tão exortativa,

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mas quase como um conforto, queas pessoas não devem ter medo dabondade ou mesmo da ternura.Isto é espantoso, porque marca aquium tom de afabilidade, de emoção,convida a libertarmo-nos da aridez ede uma legislação fria e dura,mostra a intenção de evangelizar opoder no sentido não de um poderfrio, caustico, insensível, mas de umpoder caloroso, afável, humano. (…) AE – De que forma é que essediscurso pode ter eco no meio deuma sociedade onde as liderançaspolíticas e económicas são muitasvezes acusadas de seremdesumanas, e de uma IgrejaCatólica que vive temposconturbados?IV - Nós precisamos de terconfiança nos poderes quegovernam o mundo. É certo que emmuitos contextos, e concretamentena situação que a Europaatravessa, com a crise e osproblemas gravíssimos dasociedade portuguesa, nóscolocamos em causa todas asestruturas que nos governam, acredibilidade de todo esse sistema.Mas eu ainda queria acreditar naboa-fé daqueles que nos governam,não partir do pressuposto de que os

governos não têm em vista o bemcomum e que são perversos poressência e natureza.Acredito que em muitos contextos,os órgãos de poder fazem o melhorque sabem, simplesmente aquiloque sabem é tão pouco, é tãoredutor, que fica muito aquém dasatisfação do que é essencial parareencontrar o equilíbrio de umasociedade saudável, pacífica, ondehá desenvolvimento sustentável eonde as pessoas, nassuas diversas concretizações, sevejam reconhecidas na suadignidade e no seu direito a umavida boa.Há uma carência, um défice muitogrande na educação integral dasnossas elites culturais, políticas,governantes, que se reflete depoisnas suas prestações ao serviço daspessoas.Nesse sentido, ousaria dizer que aIgreja tem um papel decisivo,fundamental, na evangelização dospoderes civis, políticos, em geral,mas também dos poderes da Igreja.Creio que é por isso que o Papainsiste no facto do poder ser missão,ser serviço, e um serviço que vai atéà Cruz. (…)

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AE – O Papa Francisco recebeuuma Igreja envolta em diversosproblemas, como os casos depedofilia por membros do clero ouas alegadas lutas de poder dentroda Cúria Romana?IV - O Papa está também a falarpara dentro da Igreja, naquilo emque ela, na sua visibilidadeinstitucional tem de poder, porque otem, nas suas estruturas visíveis, nosentido de uma purificaçãoprogressiva, de um recentramentonaquilo que é essencial, que é oEvangelho de Jesus Cristo.Encontramos aqui outro fio condutorinteressante, porque o Papa BentoXVI, num texto que escreveu em1970 ainda como cardeal JosephRatzinger, falava da Igreja do futuroe dizia que ela deveria ser maisinteriorizada.Na obra intitulada “Fé e futuro”, eledizia também que era preciso

uma Igreja que não suspirasse porum mandato político, e o PapaFrancisco referiu claramente nassuas últimas intervenções que aIgreja de Jesus Cristo não é umaorganização não-governamental, éuma Igreja de sedução, não deproselitismo, e vaichamando a atenção para aspetosessenciais.Ratzinger defendia que a Igrejadeveria tornar-se numa Igreja dospobres, dos pequenos, pois sóassim é que ela poderia aparecer aomundo como portadora deesperança.Dizia ainda que era necessário quea Igreja se limpasse, se purificasse,cortasse aquilo que ao longo dosséculos se foi associando à Igrejamas que não lhe pertence. (entrevista na íntegra emwww.agencia.ecclesia.pt)

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INÍCIO DO PONTIFICADO

Papa recusa pessimismo na Igreja

O Papa Francisco deixou um apelocontra o “pessimismo” na Igreja,num encontro com os cardeais quese encontravam no Vaticano, eelogiou a atualidade da mensagemcristã, bem como a “velhice”. “Nãocedamos nunca ao pessimismo, àamargura que o diabo nos oferecetodos os dias: não cedamos aopessimismo e aodesencorajamento”, disse, apesarde ter um texto preparado.Segundo o Papa, a Igreja deve ter“a coragem de perseverar etambém de procurar novos métodosde evangelização” para levar a suamensagem a “todos os confins daterra”. “A verdade cristã é atraentee persuasiva porque responde à

necessidade profunda da existênciahumana, anunciando de maneiraconvincente que Cristo é o únicosalvador do homem todo e de todosos homens”, acrescentou.Francisco sublinhou que este anúncio“continua válido hoje como foi noinício do Cristianismo, quando seoperou a primeira grande expansãomissionária do Evangelho”. O Papa,de 76 anos, destacou por outro ladoo facto de uma parte dos membros doColégio Cardinalício se encontrar jána “velhice”.“A velhice, gosto de o dizer assim, é asede da sabedoria da vida. Os velhostêm a sabedoria de ter caminhado navida”, observou.

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Igreja pobre e para os pobresO Papa disse este sábado emRoma, durante uma audiência ajornalistas, que deseja uma “Igrejapobre e para os pobres”, inspiradaem S. Francisco de Assis.Francisco recebeu mais de 6000profissionais da comunicação socialno primeiro ato público após tersido eleito Papa e revelou em quecircunstâncias se inspirou no santode Assis para a escolha de umnome e de um programa para opontificado.Para o Papa, Francisco de Assis é“o homem da pobreza, da paz, ohomem que ama e cuida o criado”numa ocasião em que “nemsempre” se promove uma boarelação a natureza.O Papa esclareceu que foramessas atitudes que o inspiraram eque confirmaram a escolha donome no seu “coração”, quandoterminou a contagem dos votos noConclave.“Ah, como desejo uma Igreja pobree para os pobres”, disse o PapaFrancisco na audiência aosprofissionais da comunicação socialque acompanharam, durante asúltimas semanas, osacontecimentos relacionados com aresignação

de Bento XVI e a realização doConclave.O Papa quis esclarecer os jornalistascontanto “a história” da escolha donome Francisco: “Na eleição, eutinha junto a mim o arcebispo eméritode S. Paulo e também prefeitoemérito da Congregação para oClero, cardeal Cláudio Hummes. Umgrande amigo, um grande amigo!Quando aquilo se tornava um poucoperigoso, confortava-me. E quandoos votos atingiram os dois terços,ouviu-se um aplauso porque estavaeleito o Papa. Ele abraçou-me ebeijou-me e disse-me: não teesqueças dos pobres”.

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Misericórdia e Virgem de Fátima

O Papa Francisco presidiu nodomingo pela primeira vez àrecitação do Angelus, perantedezenas de milhares de pessoas, esublinhou a “misericórdia” de Deusevocando uma passagem daimagem da Senhora de Fátima porBuenos Aires. “Deus nunca secansa de nos perdoar, somos nósque nos cansamos de pedirperdão”, disse, na sua catequese,desde a janela do apartamentopontifício sobre a Praça de SãoPedro.O Papa argentino recordou a esterespeito passagem da imagemperegrina de Nossa Senhora deFátima por Buenos Aires, em 1992,ea conversa que teve com uma ‘avó’,uma idosa com mais de 80 anos, arespeito dos pecados. “O Senhorperdoa tudo. Se o Senhor nãoperdoasse tudo, o

mundo não existiria”, referiu.Francisco retomou assim a ideiacentral da homilia que tinhaapresentado horas antes na missadominical a que presidiu naparóquia de Santa Ana, no Vaticano,sobre a misericórdia de Deus.O Papa argentino deixou críticas àhipocrisia dos que se julgam acimade qualquer falha e disse que amisericórdia de Deus é “um abismoincompreensível”, porque nãocondena ninguém.Após a eucaristia, o Papa passouvários minutos a cumprimentar osparticipantes na celebração, à portada Igreja, aos gritos de ‘Francisco’ e‘Viva o Papa’. Momentos mais tarde,já sem as vestes litúrgicas, voltou àrua para saudar as pessoas que sereuniram para o ver.

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Um pontificado para cuidar domundoO Papa Francisco defendeu noVaticano que o “verdadeiro poder”deve ser “serviço”, com especialatenção aos pobres e fracos,apelando ao compromisso nestesentido de quem tem cargospolíticos ou económicos. “Nãoesqueçamos nunca que overdadeiro poder é o serviço, e queo próprio Papa, para exercer opoder, deve entrar cada vez maisnaquele serviço que tem o seucume luminoso na Cruz”, afirmou, nahomilia da missa que marcou oinício solene do seu pontificado, naPraça de São Pedro, perantedezenas de milhares de pessoas.A intervenção papal deixou umapelo direto aos que “ocupamcargos de responsabilidade” nocampo económico, político ou social,e a todos “os homens e mulheres deboa vontade”. “Queria pedir, porfavor (...): sejamos «guardiões» dacriação, do desígnio de Deusinscrito na natureza, guardiões dooutro, do ambiente; não deixemosque sinais de destruição e morteacompanhem o caminho destenosso mundo”, referiu Francisco,que falou de pé.O Papa convidou os católicos a

“cuidar carinhosamente” de todas aspessoas, “especialmente dascrianças, dos idosos, daqueles quesão mais frágeis e que muitas vezesestão na periferia”. Ele próprio,precisou, deve "abrir os braços paraguardar todo o Povo de Deus eacolher, com afeto e ternura, ahumanidade inteira, especialmenteos mais pobres, os mais fracos, osmais pequeninos".Francisco chegou ao local por voltadas 08h50 (menos uma em Lisboa),a bordo de um automóveldescoberto, para cumprimentar osfiéis que o esperavam desde asprimeiras horas da manhã. O Papaacenou à multidão, sorridente,beijou algumas das crianças e, aosair do papamóvel, cumprimentouum doente paralítico, sob osaplausos dos presentes.

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Um Papa ecuménico

O Papa afirmou esta quarta-feira noVaticano que está determinado emcontinuar a “causa nobilíssima” doestreitamento de relações entre ocatolicismo e as outras Igrejas ecomunidades cristãs. Na audiência arepresentantes de Igrejas,comunidades eclesiais e religiõesnão cristãs, Francisco manifestou “avontade firme de prosseguir nocaminho do diálogo ecuménico”.“Viver em plenitude” a fé, afirmando-a de maneira “livre, alegre ecorajosa”, constitui o “melhorserviço à causa da unidade doscristãos”, sublinhou, acrescentandoque o testemunho das convicçõesreligiosas deve ser pautado pela“esperança”.A presença na audiência derepresentantes das tradições nãocristãs, a começar pelosmuçulmanos,

“que adoram o Deus único, viventee misericordioso”, é um sinal “davontade de crescer na estimarecíproca e na cooperação para obem comum da humanidade”.“Sobretudo devemos ter em conta asede de absoluto, não permitindoque prevaleça uma visão da pessoahumana segundo a qual o Homemse reduz ao que produz e consome”,naquela que é “uma das insídiasmais perigosas” de hoje, vincou.A alocução realçou a “proximidade”com as pessoas que não sereconhecem pertencentes aqualquer tradição religiosa mas que,ao estarem “à procura da verdade,da bondade e da beleza”provenientes de Deus, são “aliadosprecisos” na defesa da dignidadehumana e da paz.

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Última ceia na prisão

O Papa Francisco vai celebrar amissa da tarde de Quinta-feiraSanta, que evoca a última ceia deJesus, numa prisão para menoresem Roma, anunciou hoje o Vaticano.“No seu ministério como arcebispode Buenos Aires, o cardealBergoglio costumava celebrar numaprisão ou num hospital ou em casaspara pobres ou pessoasmarginalizadas”, refere ocomunicado da sala de imprensa daSanta Sé.A celebração tem início marcadopara as 17h30 locais (menos umaem Lisboa) e representa umamudança relativamente aoprograma habitual da SemanaSanta, dado que o Papa

preside habitualmente a estacerimónia na Basílica de São Joãode Latrão.A missa no Instituto Penal paraMenores de Casal del Marmo, queBento XVI visitou em 2007, éapresentada pela Santa Sé comouma continuação do que o novoPapa costumava fazer na Argentina,num “contexto de grandesimplicidade”.“Como é sabido, a missa da Ceia doSenhor é caraterizada pelo anúnciodo mandamento do amor e pelogesto do lava-pés”, acrescenta otexto oficial.O resto das celebrações da SemanaSanta vai decorrer “segundo ocostume habitual”, refere o Vaticano.

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Eliminar os privilégiose promover os méritos

D. António MarcelinoBispo emérito de Aveiro

Nada de novo. Uma pessoa sensata sabe que éo caminho. Porém, é precisa uma pedrada nocharco meio apodrecido da nossa sociedade, estimular quem trabalha e merece, e denunciaras muitas estátuas com pés de barro queenxameiam lugares e serviços públicos. E privados.É difícil eliminar os privilégios porque, muitasvezes, quem os denuncia só aguarda a sua vezpara deles poder usufruir. Se estivermos atentos,vemos que muitos gritos de revolta não são afavor de todos, mas apenas de poucos, bemconhecidos e especificados.A eliminação dos privilégios numa sociedade decidadãos com iguais direitos, torna-se umaurgência. O corporativismo que por aí reina, umaherança salazarista, que se traduz em defesa epromoção de grupos profissionais não é senãouma luta pelos direitos e bem estar apenas dealguns. Uma forma para fazer valer o detestávelindividualismo de pessoas e de grupos, como seos direitos dependessem dos gritos,manifestações e expressões enraivecidas degente que pensa mais em si e nos seus, que nacomunidade.Não quer dizer que não haja, por vezes, razõespara se manifestar a indignação peranteatropelos ou menor atenção à verdade e àjustiça. Mas, o modo com esta indignação setraduz diz bem do espírito que a anima e daleitura unilateral e do claro

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escuro tanto dos manifestantes,como de quem empunha a batuta.Não se podem eliminar privilégiospara gerar novos privilegiados.Nem sempre na sociedade sepromove e se premeia o mérito. Hágente válida e com capacidadesnaturais à qual não se dá a mão, aser ultrapassada por muitos menosqualificados, mas protegidos pormecenas do poder..Este modo de agir não favorece arenovação da sociedade, nem a suaprogressiva melhoria. Tanto aprocura de privilégios nãomerecidos, como a desatenção aosméritos de quem os tem, sãocaminho de empobrecimento sociale falsificação do espirito crítico edemocrático, mesmo que venhamde proclamados democratas.

Os cristãos, como toda a gentehonesta e de boa vontade devemtestemunhar o seu empenhamentonesta causa: não procurar privilégios para si e para os seus eabrir-se claramente a meritocracia.Não é fácil ver esta seriedade serclassificada de estupidez, como nãoé fácil viver num ambiente poluídode interesses pessoais, onde valetudo, por caminhos de imerecidaproteção e vergonhosa corrução.Vêm caindo ídolos, sem que muitaspessoas acordem para ocompromisso pessoal de limpeza dasociedade em que vive.A crise é de valores materiais, mas,também, de valores morais.

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Os primeiros passos do PapaFrancisco

José Carlos PatrícioAgência Ecclesia

Os últimos sete dias, aos quais dedico este texto,foram também os primeiros sete dias dopontificado de D. Jorge Mario Bergoglio, agorasimplesmente Papa Francisco.Depois do Conclave eleitoral no Vaticano terrevelado aos fiéis da Praça de São Pedro e aomundo um Papa simples, fraterno, próximo daspessoas, à imagem de São Francisco de Assis,esta semana evidenciou o seu empenho depassar das palavras aos atos, a sua vontade emmarcar um novo ritmo, dentro da Igreja e no meiodo mundo.Ao pagar a conta do hotel onde tinha ficadohospedado antes do início do processo deescolha do sucessor de Bento XVI, o Papaargentino mostrou que quanto maior é aresponsabilidade, mais importante é dar oexemplo, que a subida ao poder ou a conquistade determinado estatuto não retiram ao homem odever de cumprir com as suas obrigações.E no dia em que assumiu oficialmente a sua novaposição da Igreja, na terça-feira, já com o anel dopescador e o pálio petrino, símbolos do poder doPapa, Francisco disse simplesmente que overdadeiro poder é o serviço, sobretudo aosmais desfavorecidos.Uma mensagem dirigida não só às inúmerasdelegações oficiais que se deslocaram aoVaticano para saudar o novo Papa, incluindo opresidente da República Portuguesa, AníbalCavaco Silva, mas também à Igreja e a toda asociedade.

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Um repto que surge numa altura emque cada vez mais os governos, nomeio da crise que tomou conta detantas nações do mundo, sãoacusados de implementarempolíticas sem olharem ao bem-comum.O último exemplo veio do Chipre,onde para evitar a bancarrota, ogoverno estava preparado paraacatar uma medida do Eurogrupo edo Fundo Monetário Internacionalque previa a implementação de umimposto excecional sobre depósitosbancários, em troca de umempréstimo de 10 mil milhões deeuros.Também na Igreja, ao longo dosséculos, encontramos exemplos dautilização do poder não como formade serviço, não em defesa daverdade, dos mais fracos edesprotegidos, mas para alimentarnecessidades ou ambições que nãose coadunam com a missão deproclamar o Evangelho de Cristo.Tal como Francisco de Assis (1181-1226) procurou afirmar a bondade ea beleza da Criação numa épocadifícil e austera como foi a IdadeMédia, o Papa Francisco depara-sehoje também com a necessidadede ter de dizer aos homens que“não tenham medo da bondade”e que

sejam “guardiões” da natureza.Que civilização é a nossa, quandoalguém se vê obrigado a defenderprincípios que deveriam fazer partedo código mais comum de cada serhumano?Resta agora saber se osgovernantes deste tempo vão fazercomo o sultão egípcio Al-kamil, quese disponibilizou a escutar o queSão Francisco teve para lhe dizer,apesar de ser muçulmano e elecristão.A jornalista argentina Alicia Barrios,que começou a acompanhar o PapaFrancisco há 15 anos, quando aindaera arcebispo de Buenos Aires, dizque o mundo ganhou “um grandepároco”.E de facto, se há coisa que asociedade atual, os poderespolíticos, sociais, culturais ereligiosos parecem precisar émesmo de quem consiga ser umbom diretor espiritual e um bomadministrador de pessoas, decorações.Se o novo Papa conseguirá cumpriresta missão, só o tempo o dirá, mascomo sublinha a teóloga portuguesaIsabel Varanda, em entrevista a estaedição do Semanário ECCLESIA, o“tom” do pontificado está dado edeixa antever uma sinfonia deesperança.

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Os Croods

Na pré-história, os Croods são umafamília de seis que vive ao abrigodo sentido de proteção do patriarca.Confinando-os à caverna ondehabitam e a uma escassa área emseu redor, Grug, o pai, crê ser estaa melhor forma de cuidar dos seus,não os expondo a nenhum tipo deameaça... desnecessária.Porém, quando um fenómenoincontrolável destrói a caverna e oidílio em que Grug imaginava poderviver para sempre, não resta aosCroods senão partirem em busca deum novo lugar para viver. Assimcomeça uma grande aventura, que sem evitar perigos lhesproporcionará, igualmente,inúmeras descobertas e

ótimas surpresas. Desde 1998 quea casa Dreamworks Animationmantém em pleno o seu ritmo deprodução cinematográfica pensadopara o público mais novo,destacando-se filmes como oprimogénito ‘Ant Z- Formiga Z’, ‘OPrincipe do Egito’, ‘Shrek’, ‘Pular aCerca’, ‘Madagascar’, ‘O Panda doKung Fu’ e, mais recentemente, ‘OGato das Botas’Na sua linha, variando embora osestilos, temas abordados e asequipas encarregues daconcretização de cada projeto,permanecem o espírito de aventurae a preocupação de uma mensagempedagogicamente válida: nodesenvolvimento de cada uma,realçando valores universais como o

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espírito de entreajuda, a amizade, aabertura ao outro, sobretudo odesconhecido ou diferente, orespeito pela natureza, além daimportância do sentido para a vida –o que normalmente move aspersonagens a ultrapassar o quecreem ser os seus próprios limites –e das virtudes da esperança ou dacaridade. ‘O Princípe do Egito’ umcaso, de certa forma, à parte,evidentemente não pela ausênciade valores, mas por provir de fonteprópria – o Livro do Êxodo.Sem se desviar dessa linha a que aprodutora nos habituou, ‘Os Croods’transformam-se na proposta daPáscoa para o público portuguêsmais novo. Com pouco mais de horae meia de animada aventura, estahistória de

risco em que os ganhos resultamsempre superiores às perdas se,por um lado, não evita o facilitismode estereótipos que poucocontribuem para diferenciar ocinema como proposta de genuínainterpelação humana, por outrocumpre uma fórmula certeira compassagem de uma mensagempositiva relativamente àdisponibilidade para o desconhecidoe à importância de se sair da zonade conforto para se poder ir maislonge – como pessoa e comofamília.Rejeitando o heroísmo individualistae transformando o que parece ser ‘ofim’ num surpreendente ‘reínicio’. Oque nos tempos que correm faz bomsentido.

Margarida Ataíde

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Apostolado da oração online www.apostoladodaoracao.pt

A proposta que fazemos esta semana é umavisita ao sítio do Apostolado da Oração (AO). Daresponsabilidade da companhia de Jesus, estaobra “tem como missão principal a formação decristãos atentos e comprometidos com asnecessidades da Igreja e do Mundo”. Como “redemundial de oração e ação para responder aosdesafios da humanidade dentro da missão daIgreja” naturalmente que a presença na internetnão poderia ser descurada. A renovação querecentemente sofreu, merece assim a nossaatenção e olhar atento para percebermos aspotencialidades que este espaço virtualcomporta.Ao digitarmos o endereçowww.apostoladodaoracao.pt entramos num sítiosimples, organizado e graficamente bemenquadrado, onde os conteúdos informativosestão claramente em destaque.Na opção “quem somos”, ficamos a conhecer umpouco mais sobre esta rede mundial de oração,que em Portugal “está presente em quase todasas paróquias do nosso país, em grupos quepromovem a oração, a animação das liturgias, avisita a doentes, catequese, etc.”. É aindapossível saber um pouco mais sobre a suahistória, nomeadamente que o AO teve a sua“origem numa casa de estudo da Companhia deJesus, em França, na festa de S. FranciscoXavier do ano de 1844”.

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Em notícias como o próprio nome orefere, podemos consultar todas asnovidades que vão estandorelacionadas com os objetivospresentes nesta obra.Caso pretenda aceder àspublicações editadas pelo AO, bastaque clicar em “editorial”. Aí podefacilmente consultar todos os títulosnos mais diversos temas, ler umaresenha de cada livro eposteriormente, caso interesse,adquirir online de uma forma fácil esegura.Em “revistas” podemos obter maisinformações acerca das publicaçõesperiódicas editadas com a chancelaAO. Mais concretamente as revistas:Mensageiro do Coração de Jesus(órgão oficial do AO em Portugal),

Cruzada Eucarística (tem comofinalidade principal a difusão dadoutrina da Igreja Católica) eMagnificat (dedicada a instruir semaborrecer, elevar sem violentar,distrair sem condescender).Por último em “oração”, entramospossivelmente no principal ambientedeste sítio. Além da meditaçãodiária, onde de uma forma muitodireta somos convidados a rezar e ameditar a Palavra de Deus,dispomos ainda de uma maneira deiniciarmos a nossa jornada diária ede acompanharmos as intençõesmensais do Santo Padre.Fica lançado o repto paraacederemos e beberemos do muitoe bom do que aqui se publica.

Fernando Cassola Marques

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A negra realidade da fome,50 anos depois do II Concílio doVaticano

Numa alocução à assembleia especial da Organizaçãodas Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura(F.A.O.), João XXIII corroborou os objetivos dacampanha contra a fome, promovida por esteorganismo, que se pode resumir na mobilização emlarga escala das energias e recursos de todo o mundopara ir ao encontro das carências e necessidades dospovos a braços com a miséria e a fome.Na mensagem aos «30 sábios», realizada a 14 demarço de 1963, o Papa que convocou o II Concílio doVaticano disse ainda que “na preocupação” de semanterem “fiéis à doutrina de Cristo e de acordo coma mais pura tradição da Igreja”, tiveram “todo o gostoem encorajar, logo desde o início, em 1960, acampanha contra a fome”. (Boletim de InformaçãoPastoral; Abril-Maio 1963; número 23)Os esforços a empreender orientam-se no duplosentido de promover uma melhor repartição dosrecursos e de proporcionar aos povossubdesenvolvidos os meios de tirarem plenorendimento dos recursos com que a natureza dotou ospaíses que habitam. O problema da fome, e maisgenericamente o problema do desenvolvimentoeconómico e social dos povos, constitui, aliás, um dospontos refletidos na encíclica «Mater et Magistra». Neste documento de 15 de maio de 1961, no terceiro

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ano de pontificado de João XXIII,denuncia-se que “há países em quese produzem bens de consumo esobretudo produtos agrícolas emexcesso, enquanto que noutrosgrandes camadas da populaçãolutam contra a miséria e a fome”.O Papa João XXIII é perentório eenfrenta corajosamente o motivoclássico aduzido por países quepreferem destruir os bens agrícolasa vendê-los a um preço maisreduzido: “Sabemos que produzirbens especialmente agrícolas, queexcedem as necessidades dumacomunidade política, pode terrepercussões economicamentenegativas relativamente a algumascategorias de cidadãos. Porém, nãoé esta razão suficiente para eximirdo dever de prestar auxílio deemergência aos indigentes e aosesfomeados”.Segundo os dados da F.A.O de1962, quase 75% da humanidadepassava fome ou estavasubalimentada. Seria duvidar daprovidência divina pensar que, pelanatureza das coisas, o

homem é um condenado à mortepela fome. Portanto, qualquer queseja o progresso técnico eeconómico, “não haverá no mundojustiça nem paz, enquanto oshomens não tornarem a sentir adignidade de criaturas e de filhos deDeus, primeira e última razão de serde toda a criação” (Mater etMagistra, nº 214).Passados 50 anos, o PapaFrancisco que iniciou o seupontificado a 19 deste mês disse nahomilia: “Queria pedir, por favor, aquantos ocupam cargos deresponsabilidade em âmbitoeconómico, político ou social, atodos os homens e mulheres de boavontade: sejamos «guardiões» dacriação, do desígnio de Deusinscrito na natureza, guardiões dooutro, do ambiente; não deixemosque sinais de destruição e morteacompanhem o caminho destenosso mundo!”O que mudou na negra realidade dafome desde o II Concílio do Vaticanoaos dias de hoje? Os alertas deJoão XXIII e do Papa Franciscoafinam pelo mesmo diapasão.

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Ignacio Larrañaga

O Irmão de Assis

O que é necessário e correto é ver Francisco«por dentro», incluído no seu ambiente, eassim descobrir-lhe o mistério. Porque, semdúvida, esse mistério será resposta para hoje epara o futuro.

Francisco de Assis é umdos santos mais amadosda tradição católica, e asua popularidade contagiacrentes de outros credos emuitos não crentes. Dizerque São Francisco foi umherói romântico, umprofeta social, umprecursor dos ideaishumanistas, umprotagonista do seu tempoé certamente pouco. Qualé então o seu segredo?Ignacio Larrañaga, um dosgrandes autorescontemporâneos do campoda literatura espiritual, nãopodia deixar-nos com umaresposta imprecisa: eleconvoca-nos nesta obrapara o interior de umaapaixonante viagem. Título: Irmão de AssisSubtítulo: O segredo deuma vida que permaneceAutor: Ignacio LarrañagaEditora: Paulinas EditoraColeção: Os grandes dahistória

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Jorge M. Bergoglio

O verdadeiro poder é o serviço“O verdadeiro poder é oserviço” é título de um livrodo Papa Francisco,publicado pela primeira vezem 2007 (Argentina,Publicaciones Claretianas).Um tema pensado pelocardeal Bergoglio queresultou nesta obra escritaenquanto era cardeal emBuenos Aires, onde o atualPapa revela a sua forma deentender a presença daIgreja Católica, das suasestruturas e pessoas,determinadas a criar umacultura de proximidade e deencontro. Um livro para conhecer apessoa do Papa, que iniciouo pontificado com a mesmadeterminação. Na missa deinício de pontificado afirmouuma certeza pensada,talvez, nesta obra:

“Não esqueçamos jamais que o verdadeiropoder é o serviço, e que o próprio Papa,para exercer o poder, deve entrar sempremais naquele serviço que tem o seu vérticeluminoso na Cruz”.

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março 2013

Dia 22* Vaticano - O Papa Franciscoencontra-se com o corpodiplomático acreditado junto daSanta Sé. * Santarém - 15º Aniversário daentrada de D. Manuel Pelino nadiocese de Santarém.* Porto - Torre dos Clérigos -Exposição de serigrafias sobre «OPorto visto da Torre dos Clérigos»desenvolvidas pelos alunos daEscola Artística e ProfissionalÁrvore.* Aveiro - Murtosa (Igreja Paroquialdo Monte) - Concerto de Páscoa«Via Crucis» de Franz Liszt. * Braga - Igreja de São Marcos - Concerto pelo Coro e Orquestra deCâmara da EPM de Viana doCastelo, Coro VianaVocale esolistas: Stabat Mater, de Pergolesi.

* Évora - Via Sacra da Igreja doCalvário à Igreja de São Francisco.* Fátima - Encontro dos diplomadoscatólicos. (22 a 24)* Faro - Jornada diocesana dajuventude. (22 a 24)* Braga - Galeria São Victor - Exposição de pintura de MargaridaCosta sobre «Braga, horizontes etradições». (22 a 07 de abril)* Braga - Tesouro/Museu da Sé deBraga - Exposição «Paixão dobarro» - Cerâmica de Barcelos. (22a 07 de abril)* Braga - Museu Pio XII - Exposiçãosobre «Os têxteis falam da Páscoa». (22 a 08 de abril)* Braga - Junta de Freguesia de SãoVictor -Exposição de crucifixos sobre«Cristo Crucificado... por amor a nós» (22 a 12 de abril) Dia 23* Vaticano - Castel Gandolfo - Visitado Papa Francisco a Bento XVI. * Lisboa - Museu da Presidência - Apresentação do livro «E um filhonos foi dado - Iconografia do MeninoDeus no Alentejo Meridional» pelojornalista António Marujo.

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* Évora - Vila Viçosa (Panteão dosDuques de Bragança) - Apresentação da Cantata a NossaSenhora da Conceição cujadirecção está a cargo do padreAntónio Cartageno. * Guarda - Centro Apostólico D.João Oliveira Matos - ConselhoPastoral diocesano.* Évora - Iniciativa Rota das Igrejasd´Évora com visita e análise à Igrejados Lóios.* Braga - Conselho Geral da DomusFraternitas com a presença de D.Jorge Ortiga.* Guarda - Fundão - Dia diocesanoda juventude e concerto do 10ºaniversário da Banda Jota. * Fátima - Assembleia geralordinária da CNIS.* Braga - Famalicão (PraçaCupertino de Miranda) - Representação da «Paixão deJesus» que estará a cargo do“GRECULEME”, Grupo Recreativo eCultural de Lemenhe. * Beja - Odemira - Encontro deformação para animadores dacomunidade.* Porto - Casa diocesana de Vilar - Encontro «Espaços “NaFÉ” – ONosso Aprofundamento na Fé»sobre «Conhecer Deus» promovidopela JOC.

* Lisboa - Parede (Paróquia) -Encerramento do ciclo deconferências sobre «IntroduçãoTeológica a uma fé libertadora. Épossível uma Teologia da Libertaçãohoje, em Portugal?» pelodominicano Rui Grácio das Neves.* Lisboa - Convento de SãoDomingos de Lisboa - Conferênciasobre «Sola Fide? - Profissão de Fée Ecumenismo» por Eduardo Borgesde Pinho e integrada no ciclo «Aslinguagens da Fé». Dia 24* Fátima - «Via Sacra ao vivo» coma participação de todos os grupos emovimentos católicos que integrama comunidade. * Lisboa - Igreja de São Domingos - Concerto de Domingo de Ramospelo Coro de Santo Inácio. * Coimbra - Ferreira do Zêzere - Viasacra «Uma Vela a Jesus» (doscruzeiros de Dornes em direção aoSantuário de Nossa Senhora doPranto) presidida por D. VirgílioAntunes. * Porto - Torre dos Clérigos(15h00m) - Concerto de DomingoRamos

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Ano C - Domingo de Ramosna Paixão do Senhor

Contemplar acruz compaixão,entregar avida por amor

O Evangelho do Domingo de Ramos convida-nos acontemplar a paixão e morte de Jesus. Na cruz revela-se o amor de Deus, que não guarda nada para si, masque se faz dom total para nos salvar.O grande poeta Dante definiu o evangelista Lucascomo “o escriba da misericórdia de Deus”. No relatoda Paixão, sem esquecer os sofrimentos de Jesus, asua angústia na agonia do monte das Oliveiras, Lucascontinua a revelar até ao fim a misericórdia do Pai.Primeira afirmação de Jesus: “Pai, perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem”. Jesus não se limita aperdoar, vai mais longe. Sabe que a fonte do amor edo perdão está no Pai.Segunda afirmação de Jesus, como resposta ao bomladrão: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo noParaíso”. O perdão do Pai não suporta qualqueradiamento nem qualquer exclusão.Terceira afirmação de Jesus, que é um grito de infinitaconfiança no seu Pai: “Pai, em tuas mãos entrego omeu espírito”. Jesus acolheu sempre, na liberdade dasua consciência humana, o amor do Pai. No momentosupremo da sua vida, manifesta a sua adesão ao amorinfinito do seu Pai, à sua vontade de salvação e demisericórdia.Celebrar a paixão e morte de Jesus é abismar-se nacontemplação do amor de Deus. Por amor, Ele veio aonosso encontro, assumiu os nossos limites,

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experimentou a fome, o sono, ocansaço, conheceu a mordeduradas tentações, tremeu perante amorte, suou sangue antes deaceitar a vontade do Pai; e,estendido no chão, esmagadocontra a terra, atraiçoado,abandonado, incompreendido,continuou a amar. Ele quis repartirconnosco esta boa notícia queenche de alegria o nosso coração, amais espantosa história de amorque é possível contar.Contemplar a cruz onde semanifesta o amor e a entrega deJesus significa assumir a mesmaatitude e solidarizar-se com aquelesque são crucificados neste mundo:os que sofrem violência e sãoexplorados, excluídos e privados dedireitos e de dignidade. Significadenunciar tudo o

que gera ódio, divisão, medo, emtermos de estruturas, valores,práticas, ideologias. Significa evitarque os homens continuem acrucificar outros homens. Significaaprender com Jesus a entregar avida por amor. O cristão sabe queamar como Jesus é viver a partir deum dinâmica que a morte não podevencer: o amor gera vida nova eintroduz na nossa carne osdinamismos da ressurreição.Levados pela Palavra, vivamos aSemana Santa na oração e nacontemplação, com o olhar fixo emJesus Cristo, a essência do nossoser e da comunhão de irmãos emIgreja.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 - Transmissãoda missa da dominical da igrejaparoquial de S.Francisco Xavier(Restelo, Lisboa) 12h15 - 8º Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 24 - O PapaFrancisco: mensagens quemarcam o pontificado. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 25 -Entrevista: Dia Mundial daJuventude.Terça-feira, dia 26 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II, compadre António Martins;Quarta-feira, dia 27 -Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja,com Manuela Silva;Quinta-feira, dia 28 - Ritos e símbolos da SemanaSanta e "O Passado do Presente", com D. ManuelClementeSexta-feira, dia 29 - Apresentação da liturgia por D.António Couto Antena 1Domingo, dia 24, 06h00 - Dia Mundial da Juventude eCasa de Espiritualidade de Vale de Lobos -Fraternidade Verbum Dei Segunda a sexta-feira, dia 25 a 29 de março, 22h45m- Reflexão sobre os dias da Semana Santa com ofrade dominicano Filipe Rodrigues

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♦ Na sexta-feira passam 15 anos sobre a tomada deposse de D. Manuel Pelino como bispo de Santarém. ♦ Francisco e Bento XVI almoçam este sábado emCastel Gandolfo, próximo do Vaticano, num encontrosingular que junta o Papa e o seu antecessor. ♦ O padre Tolentino Mendonça apresenta no domingoo livro “O tempo pede uma Nova Evangelização”, de D.Manuel Clemente. A sessão na Torre dos Clérigos,monumento nacional que em 2013 completa 250 anos,assinala o sexto aniversário da tomada de posse dobispo do Porto. ♦ Também no domingo começa a Semana Santa, quevai marcar o ritmo espiritual e pastoral da Igreja. Esteano com a curiosidade de ver e ouvir a primeiraQuaresma e a primeira Páscoa do novo Papa. ♦ Alice Vieira, Carminho, Leonor Xavier, Maria Barroso,Maria do Rosário Pedreira e Teolinda Gersão sãoalgumas das escritoras que na segunda-feira, dia daAnunciação de Nossa Senhora, participam numasessão de poesia na Capela do Rato, em Lisboa, queevoca “as Mulheres como Povo de Deus”. ♦ Terça-feira é Dia do Livro Português e na quarta-feira, 27 de março, assinala-se o Dia Mundial doTeatro.

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Refugiados sírios no Líbano são acolhidospelas Irmãs do Bom Pastor

As lágrimas já secaram……perante o horror. A cada dia quepassa é mais grave a situação naSíria. As histórias que nos chegamdeste país dilacerado pela guerracivil são arrepiantes. As Irmãs doBom Pastor, no Líbano, não têmmãos a medir no auxílio queprestam aos refugiados. E pedem-nos ajuda.Na guerra civil que está a deixar aSíria num monte de escombros, abarbaridade atingiu um ponto detotal loucura e o país é hoje comoque um corpo dilacerado, como umaferida enorme, aberta, que sangra egangrena. Lá dentro estão pessoasque gritam, reclamam, pedem ajudae morrem.Todas as guerras deixam as suascicatrizes, mesmo àqueles queapenas abraçam os combatentes,que curam as feridas ou que secamas lágrimas. O infortúnio contagia-se. Em Beirute, no Líbano, na casadas Irmãs do Bom Pastor, é raro odia em que não aparece alguémcom os olhos

toldados de horror, sangrando pordentro. São os refugiados. Muitosdeles são já gente sem papéis, emfuga, sem pátria. Gente que éacolhida pela boa-vontade de unstantos, de organizaçõeshumanitárias, da Igreja. Ainda háalgum tempo o mundo encolheu-sede horror perante a notícia dobombardeamento a uma fila depessoas, cerca de mil, na cidade deHalfaya. O bombardeamento Nas ruínas da velha padaria,algumas pessoas afadigavam-se adar corpo à farinha que restava emsacos que sobreviveram aoscombates. Lá fora, as pessoaspacientemente aguardavam a vez.Os aviões, Migs russos, chegaramnum instante e num berrodespejaram as bombas e ametralha. As fotografias mostraramos corpos despedaçados. Numinstante, morreram mais de 300pessoas. A guerra civil é a maisdesumana de

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todas as guerras. A Fundação AISapoia as Irmãs do Bom Pastor, noLíbano, junto à fronteira, que seafadigam numa luta contra o relógionesta guerra insana que está adestruir a Síria. As Irmãs não têmmãos a medir.Há dias, abrigaram um menino de 8anos. Fedi vinha da escola, nacidade de Seir, quando ouviu aolonge o metralhar das armas. Umpouco mais à frente, o caminho quepercorria todos os dias estavajuncado decadáveres. Eram tantos que teve se

saltar por cima deles, já a correr,apavorado. Como se explica a umacriança de oito anos tanto horror?Para muitos meninos, como Fedi, jánão há mais lágrimas. Secaram. Aviolência, o sangue, a morte, comoque se banalizaram. As Irmãspedem-nos ajuda. O tempo correcontra elas. É à nossa porta queestão a bater. Será possível sequerdizer-lhes que não as vamosajudar? Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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Deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requerbondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, SãoJosé aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, noseu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dosfracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidadede solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, deamor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!(Papa Francisco, na homilia da Solene inauguração do pontificado)

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