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Page 1: Panorana Historico Literario HUMANISMO

GE030507

Humanismo em Portugal (Panorama Histórico-Literário) Características

Frente: 01 Aula: 07

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Prof: LÍGIA FREITAS

CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL

Ao final da Idade Média a Europa passa por profundas transformações. A imprensa é aperfeiçoada permitindo maior divulgação dos livros; a expansão marítima é impulsionada graças ao desenvolvimento da construção naval e à invenção da bússola, dando espaço, assim, ao aparecimento da atividade comercial.

Surge o mercantilismo, e com ele, a economia baseada exclusivamente na agricultura perde em importância para outras atividades. As cidades portuárias crescem, atraindo camponeses. Criam-se novas profissões e pequenas indústrias artesanais começam a se desenvolver.

Uma nova classe social emerge nas pequenas cidades (burgos), composta por mercadores, comerciantes e artesãos, as quais passam a desafiar o poder dos nobres. Essa classe recebe o nome de Burguesia.

O espírito medieval, baseado na hierarquia nobreza – clero – povo, começa a se desestruturar e o homem preso ao feudo e a o senhor adquire nova consciência. Diante do progresso, percebe-se como força criadora capaz de influir nos destinos da humanidade, descobrindo, conquistando e transformando o Universo.

O homem descobre o homem. A idéia de que o destino estava traçado por forças superiores, a qual caracteriza a homem como ser passivo, vai sendo substituída pela crença de ele é o mentor de seu próprio destino. O misticismo medieval começa a desaparecer, e o Teocentrismo cede lugar ao Antropocentrismo.

O belo ideal renascentista de voltar ao homem, como fonte máxima de inspiração e de colocá-lo como centro do universo (Leonardo da Vinci).

Rei D. João

A expressão Humanismo se refere genericamente a uma série de valores e ideais relacionados à celebração do ser humano. O termo, porém, possui significados diversos, muitas vezes conflitantes.

Segundo Bernard Cottret, biógrafo de Calvino, o seu actual significado surge apenas em 1877. Significa, segundo este autor, o interesse dos sábios do Renascimento pelos textos da antiguidade clássica (em Latim e Grego) em detrimento da escolástica medieval. Autores clássicos como Cícero ou Séneca voltam a ser lidos com um interesse acrescido na Europa do século XVI.

Humanistas famosos são entre outros Petrarca, Gianozzo Manetti, Lorenzo Valla, Marsilio Ficino, Erasmo de Roterdão, François Rabelais, Pico de La Mirandola, Thomas Morus e João Calvino.

O Humanismo foi, portanto, o movimento cultural que esteve a par do estudo e da imitação dos clássicos. Fez do homem o objeto do conhecimento, reivindicando para ele uma posição de importância no contexto do universo, sem contudo, negar o valor supremo de Deus. O MOVIMENTO LITERÁRIO. O Humanismo na Literatura teve início em 1418, quando Fernão Lopes foi nomeado guarda-mor da Torre do Tombo, passando a cronista-mor da Torre do Tombo em 1434.

O Humanismo caracterizou-se, portanto, por ter sido um período de transição entre a Idade Média (teocentrismo) e o Renascimento (antropocentrismo). O seu término foi em 1527 com o retorno de Sá de Miranda a Portugal, introduzindo o Classicismo.

Portugal tem como marco cronológico de toda essa transição a Revolução de Avis (1383 – 85), quando D. João, o Mestre de Avis, aliado aos burgueses, proporcionou a expansão ultramarina. A tomada de Ceuta em 1415, primeira conquista. Os humanistas passam a difundir a idéia de que os valores e direitos de cada indivíduo deveriam sobrepor-se as ordens sociais. Grandes admiradores da cultura greco-latina, cujas idéias seriam amplamente aceitas no Renascimento antigo, estudavam, copiavam e comentavam os textos de poetas e de filósofos

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O Momento

- Surgimento da burguesia (comerciantes, mercadores , artesãos). - Decadência da Igreja. - A língua deixou de ser o galego-português, passando para o português. - O homem passou a valorizar o conhecimento (sabedoria): consumo de livros, difusão de novas idéias, atenção voltada para a cultura greco-latina. Esse tipo de homem passou a ser conhecido como HUMANISTA. - O teocentrismo ("Deus como o centro do universo") deu lugar ao antropocentrismo ("o homem como o centro do universo"). A Poesia

A poesia desligou-se da música, servindo para a leitura e declamação. O seu ambiente principal era o palácio ou castelo, ficando conhecida como "Poesia Palaciana".

Apesar de ainda presa ao tema medieval (trova-doresco), como "a mulher inacessível" por exemplo, a poesia palaciana tornou-se mais requintada (superior, variada e atraente) do que a poesia do Trovadorismo. Veja exemplo: (1) "Cantiga sua partindo-se"

"Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. Tão tristes, tão saudosos, tão doentes da partida, tão cansados, tão chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tão tristes os tristes, tão fora d'esperar bem, que nunca tãi tristes vistes outros nenhuns por niguém".

(João Ruiz de Castelo Branco)

As poesias desse período foram reunidas, em 1516, por Garcia de Resende, sob o título de "Cancioneiro Geral". No "Cancioneiro Geral" encontramos 286 poetas (dentre eles, o próprio Garcia de Resende) com mais de mil composições. Encontramos vários cronistas nesse período (Gomes Eanes de Azurara, Rui de Pina), mas o destaque ficou a cargo de Fernão Lopes. E é sobre ele que vamos tratar neste módulo. Fernão Lopes

Considerado o marco do Humanismo em Portugal, quando, em 1418 o infante Dom Duarte o nomeou "guarda-mor" ou "guarda das escrituras" da Torre do Tombo. Em 1434, sucedendo a seu pai, Dom Duarte incumbiu Fernão Lopes de escrever a biografia dos reis de Portugal, de Dom Henrique até Dom João I, tornando-se, assim, "cronista-mor" da Torre do Tombo. Características de Fernão Lopes

- Narrativa simples (devido à sua origem plebéia). - Preocupação com a verdade histórica. - Visão imparcial (impessoal) da história - Valorização dos movimentos de massa, apesar de ainda conceber a história de uma forma regio- cêntrica, ou seja, girando-a em torno dos reis. - Considerado "o pai da história de Portugal". Obras: "Crônica del-rei D. Pedro" "Crônica del-rei D. Fernando" "Crônica del-rei D. João I" O TEATRO - PRINCIPAL PRODUÇÃO LITERÁRIA DA ÉPOCA Nasce o Teatro em Portugal - Gil Vicente

O ano de nascimento do teatrólogo Gil Vicente, o introdutor do teatro em Portugal, não é conhecido ao certo; alguns assinalam que teria sido em 1465 ou 1466, e o ano de sua morte entre 1536 e 1540. Alguns documentos dão-no como, além de dramaturgo, ourives. Sabe-se, entretanto, que ele iniciou sua carreira teatral

em 1502, quando, representando os servidores do Palácio do rei D. Manoel, declamou em espanhol o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro, na câmara de D. Maria de Castela . Vicente, figura cimeira do teatro português, foi homem de coragem, que não hesitou em denunciar com lucidez, mordacidade e sentido

de humor os abusos, hipocrisias e incoerências que estavam a sua volta. Nada escapou a sua observação: o clérigo devasso e venal, esquecido do verdadeiro sentido de sua missão; o velho cúpido e avarento; a moça fútil e preguiçosa; a esposa infiel, hipócrita e interesseira – todos eles constituem personagens vivas, lançadas do tempo para a eternidade pelo genial Mestre Gil.

“Foi assim que começou... No mais rico cenário de então no Paço Real Português, na magnificente alcova real, horas depois de a rainha Dona Maria, mulher de D. Manuel, Ter dado à luz aquele que viria a ser El-rei”

D. João III, na noite de 7 para 8 de julho do ano da

graça de 1502... "entrou um vaqueiro dizendo: Perdiez! Siete repelones / me pegaron à la entrada...".

...E mestre Gil, entrando naquela suntuosa câmara recamada de damascos e pedrarias, com seu Monólogo do Vaqueiro, inicia a sua carreira de dramaturgo. E, por ser coisa nova em Portugal, Dona Leonor lhe pediu que o repetisse, endereçado ao nascimento do Redentor, nas matinais do Natal, em 1502.