palestra femicídio guarapuava_2014

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Prevenção ao femicídio

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Mobilização pelos direitos das mulheres

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Page 1: Palestra femicídio guarapuava_2014

Prevenção ao femicídio

Page 2: Palestra femicídio guarapuava_2014
Page 3: Palestra femicídio guarapuava_2014

Parte 1

•A violência em números

•Percepções da sociedade

Parte 2

•A Lei Maria da Penha

•Femicídio no Código penal?

Page 4: Palestra femicídio guarapuava_2014

homicídio “maus tratos”: exclusivamente praticado pela mulher contra o marido/esposo/amante; normalmente, precedido de diversas tentativas de ruptura (saída de casa, pedido de divórcio e até suicídio tentado)

homicídio “violência-conflito”: o homem é o autor e a mulher a vítima. Normalmente não é antecedido de denúncia, pois a vítima não reagiu às reiteradas agressões. O quadro de valores da vítima encontra-se tão arraigado à cultura patriarcal que a mulher assimila pacificamente a agressão e a tem como uma fatalidade, aceitando-a como se fosse um fardo indescartável

homicídio “posse-paixão”: pode ser cometido por ambos os sexos. Envolve sempre três personagens: vítima-agressor-outro, podendo ser formado por dois tipos de triângulo: (a) agressor é homem ou mulher; vítima é o que impede a ruptura da conjugalidade; (b) agressor é homem que mata outro homem, numa situação de disputa da mulher que ambos desejam

homicídio “abandono-paixão”: predominantemente masculino. Nele, a vítima é o objeto amado (mulher, ex-mulher ou amante) que desinvestiu na relação e a quer abandonar ou já a abandonou afetivamente.

Page 5: Palestra femicídio guarapuava_2014

Brasil – 7º país em número de homicídios de mulheres

em uma lista de 84 países

Mapa da Violência 2012

Paraná é o 3º estado em número de homicídios femininos

6,4 por 100 mil

4,6: a média nacional

De cada 10 mulheres vítima de homicídio, 7 são assassinadas por aqueles com quem elas mantêm uma relação de afeto

Page 6: Palestra femicídio guarapuava_2014

41% das mortes de mulheres ocorreram dentro de casa

Mapa da Violência 2012

52% das violências praticadas pelos maridos e companheiros são de de morte (2012)

Guarapuava

Taxa: 8,2 (96º nac)

4,6: a média nacional

Page 7: Palestra femicídio guarapuava_2014

Ipea - 2013Violência contra a mulher: femicídios no Brasil

Conclusão: “Constatou-se que não houve impacto, ou seja, não houve redução das taxas anuais de mortalidade, comparando-se os períodos

antes e depois da vigência da Lei.”http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130925_sum_est

udo_feminicidio_leilagarcia.pdf

Page 8: Palestra femicídio guarapuava_2014

Números alarmantes - Brasil

Page 9: Palestra femicídio guarapuava_2014

Sociedade e LMP

Page 10: Palestra femicídio guarapuava_2014

Em mulher não se bate nem com uma flor91%

Page 11: Palestra femicídio guarapuava_2014

2010 Fundação Perseu Abramo/SESC

Entre os pesquisados do sexo masculino:

8% admitem já ter batido em uma mulher

14% acreditam que agiram bem;

15% declaram que bateriam de novo

2% declaram que “tem mulher que só aprende

apanhando bastante”

Page 12: Palestra femicídio guarapuava_2014

Existem situações em que o homem pode agredir sua mulher?

A mulher deve aguentar a violência para manter a família unida?

16% simhomens 19%mulheres 13%

11% sim

“Ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele”

20% de acordo

Cerca de 24% homens

Cerca de 17% mulheres

Mais velhos: 32%

Page 13: Palestra femicídio guarapuava_2014

Deve-se intervir em briga de marido e mulher

63% dos entrevistados 72% das mulheres,51% dos homens

advogados, advogadasjuízes, juízas

promotores, promotoras de justiçadefensores, defensoras públicos

delegados, delegadas

Atores jurídicos

Page 14: Palestra femicídio guarapuava_2014

Cultura machista - subliminar

TJRO – RT 728/632

“Não pode a mulher ficar à mercê do maridoque, injustificadamente, a agridereiteradamente. A absolvição, se decretada,resultará, na mente do infrator, a implícitaautorização de novos ataques.”

Page 15: Palestra femicídio guarapuava_2014

Cultura machista - subliminar

TJ/DF – proc. 2006.0919.173.057

Agressões como “atitudes covardes de homensque resolvem abandonar seu perfil natural deguardiões do lar para se transformarem emalgozes e carrascos cruéis de sua própriacompanheira.” Des. Sérgio Bittencourt

Page 16: Palestra femicídio guarapuava_2014

Estereótipos de gênero

Pesquisa do Canadá aponta empate técnico

Quem fala mais: o homem ou a mulher?

Quem gasta mais no cartão de crédito?

Homens. 26% mais – Fonte: Instituto Ibope Inteligência (2007)

Quem é mais fofoqueiro?

Homens. 76 min por dia Fonte: OnePoll (2009)

Quem mente mais?

Homens. Instituto Gfk – Alemanha

Quem fala mais de sexo?

Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)

Page 17: Palestra femicídio guarapuava_2014

prepotência do masculino+

subalternidade do feminino=

ingredientes essenciais de ordem simbólica que define as relações de poder

origem da violência de gênero

Page 18: Palestra femicídio guarapuava_2014

Violações reiteradas

Mulher é proibida de dirigirhttp://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2011/10/03/chibatadas-por-dirigir-e-agressoes-a-mulher/

Mulher não tem acesso à educaçãohttp://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2012/10/14/ativista-mirim-e-baleada-por-defender-a-igualdade-de-genero/

Adotar o sobrenome da mulher já é opção de 25% dos homens ao casarFSP, 6 out 13, p. C5

Transplante de rosto – ácido sulfúrico

Page 19: Palestra femicídio guarapuava_2014

Mulheres expõem cicatrizes para denunciar violência doméstica em ensaio de fotos

http://atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini/2014/03

/08/precisamos-de-um-dia-internacional-da-mulher/

Page 20: Palestra femicídio guarapuava_2014

O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais

Kwame Anthony Appiah

Sentimento que

muda a história

Page 21: Palestra femicídio guarapuava_2014

“morte de uma mulher em um contexto de gênero, por pertencer ao feminino (por ser mulher)”

JORGE EDUARDO BUOMPADRE

PLS 292/2013 CPMI Violência contra a mulher

Projeto tipifica o femicídio, com pena dereclusão de 12 a 30 anos para assassinatos demulheres com circunstâncias de violênciadoméstica ou familiar, violência sexual,mutilação ou desfiguração da vítima;

Page 22: Palestra femicídio guarapuava_2014

Estima-se que cerca de 70% dos assassinatos demulheres foram cometidos pela associação com a suacondição de ser mulher.

Geralmente, aconteceram na intimidade de seusrelacionamentos e a sua residência é o local ondeocorrem esses crimes com maior frequência.

Lourdes Bandeira - Secretaria de Políticas paraMulheres – SPMhttp://www.spm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/05/31-05-na-camara-federal-spm-destaca-que-femicidio-transpoe-fronteiras-e-avalia-incidencia-no-brasil-como-nos-casos-eloa-e-estupro-coletivo-na-paraiba

Page 23: Palestra femicídio guarapuava_2014

Forma qualificada

§1º Se o crime é cometido:I – mediante paga, mando, promessa de recompensa;por preconceito de raça, cor, etnia, orientação sexual eidentidade de gênero, deficiência, condição devulnerabilidade social, religião, procedência regional ounacional, ou por outro motivo torpe; ou em contextode violência doméstica ou familiar, em situação deespecial reprovabilidade ou perversidade do agente;

Page 24: Palestra femicídio guarapuava_2014

Reflexões

- previsão de penas severas como forma de simbolizar o repúdio institucional à conduta criminalizada x garantia:

desvalor da ação/desvalor do resultado = proporcionalidade das penas

- simbologia de reprovação social x direito penal não pode ser usado para criar uma simbologia

- Dp não dispõe de meios para modificar a verdadeira fonte do preconceito e da discriminação que legitimam, naturalizam e toleram tais atos de agressão x prevenção

geral negativa

Page 25: Palestra femicídio guarapuava_2014

Reflexões

- O que não se dá nome não existe

Visibilidade definitiva da problemática de

gênero

- Femicídio serve como categoria social de análise, mas que, infelizmente, precisa passar pelo mundo jurídico para que sejam criadas condições de visibilidade entre

os atores jurídicos e entre a sociedade (pgn).

Page 26: Palestra femicídio guarapuava_2014

Reflexões

A erradicação do preconceito e dos atos de brutalidade por ele legitimados ocorrerá pela educação, pelo debate e

pelo convite a repensar crenças, pois nada mais equivocado do que a afirmação de que

determinados “comportamentos, por serem cultura, não mudam”.

Culturas não são estanques, e é por sua natureza dinâmica que se constroem e se reconhecem novos direitos, que

visam substancialmente a paz e a redução do sofrimento e da violência, seja a praticada pelos indivíduos, seja a

praticada pelo Estado.

A erradicação do preconceito

e dos atos de brutalidade por

ele legitimados ocorrerá pela

educação, pelo debate e pelo

convite a repensar crenças,

pois nada mais equivocado do

que a afirmação de que

determinados

“comportamentos, por

serem cultura, não mudam”.

Page 27: Palestra femicídio guarapuava_2014

Reflexões

A erradicação do preconceito e dos atos de brutalidade por ele legitimados ocorrerá pela educação, pelo debate e

pelo convite a repensar crenças, pois nada mais equivocado do que a afirmação de que

determinados “comportamentos, por serem cultura, não mudam”.

Culturas não são estanques, e é por sua natureza dinâmica que se constroem e se reconhecem novos direitos, que

visam substancialmente a paz e a redução do sofrimento e da violência, seja a praticada pelos indivíduos, seja a

praticada pelo Estado.

Culturas não são estanques, e

é por sua natureza dinâmica

que se constroem, se

reconhecem e se dá eficácia a

novos direitos.

Page 28: Palestra femicídio guarapuava_2014

“não existe o ser humano natural; o

comportamento é moldado pela cultura.” Regina Navarro Lins. O livro do amor.

Rio de Janeiro: BestSeller. 2012.

Page 29: Palestra femicídio guarapuava_2014

O Código de honra: como ocorrem as revoluções morais

Kwame Anthony Appiah

v e r g o n h a