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O APELO GENÉTICO DAS MAÇÃS SILVESTRES Talita Pereira Lopes (PIBIC/ARAUCÁRIA-UEPG), Frederico Denardi, Alessandro Nogueira, Gilvan Wosiacki (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Alimentos/ Ponta Grossa, PR. Ciências Agrárias: Ciência e Tecnologia de Alimentos. Palavras-chave: domesticação, sucos especiais, erosão genética. Resumo: As maçãs silvestres foram trazidas do Oriente à Europa pela Estrada da Seda, uma antiga rota de comércio, e acabaram sendo domesticadas e valorizadas economicamente. Hoje são focalizadas em pesquisas de melhoramento genético de macieiras, portanto, faz-se necessária a determinação dos descritores de suas qualidades. Foram utilizadas amostras de seleções avançadas cedidas pela Epagri, obtidas pelo cruzamento de cultivares silvestres com a comercial Baronesa. Feitas as análises físico-químicas foi concluído que os sucos apresentam maiores amplitudes de descritores de qualidade., Já o bagaço pode ser ótima fonte para obtenção de açúcar, em especial pela elevada quantidade de frutose, que possui poder edulcorante consideravelmente superior a sacarose. Logo, as macieiras silvestres têm um potencial para transferência de informação gênica e suas frutas para correção de sucos. Introdução As maçãs comerciais (Malus domestica) são descendentes das silvestres (Malus sylvestris) que ainda hoje se distribuem em florestas no leste da China em regiões de clima tipicamente temperado, com estações bem definidas. Trazidas nas caravanas que percorriam a Estrada da Seda, chegaram à Europa e mediante técnicas rústicas e mais recentemente, mais sofisticadas, acabaram se tornando domesticadas e valorizadas economicamente. Atualmente estão sendo focalizadas em pesquisas de melhoramento de macieiras haja vista a sua integridade da carga informacional genômica, pois sobrevivem em biomas nativos há muito tempo. Neste trabalho são apresentados os descritores de qualidade química de amostras de descendentes de maçãs silvestres consideradas seleções avançadas de uma pesquisa conduzida na Epagri, com cruzamento em condições de polinização aberta com uma variedade comercial cv Baronesa. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

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Page 1: Palavras-chave: domesticação, sucos especiais, erosão ... · São caracterizadas pelos teores de ácido málico (0.446±0 ... granulometria de 60 MESH contém, além de uma

O APELO GENÉTICO DAS MAÇÃS SILVESTRES

Talita Pereira Lopes (PIBIC/ARAUCÁRIA-UEPG), Frederico Denardi, Alessandro Nogueira, Gilvan Wosiacki (Orientador), e-mail:

[email protected].

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Engenharia de Alimentos/ Ponta Grossa, PR.

Ciências Agrárias: Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Palavras-chave: domesticação, sucos especiais, erosão genética.

Resumo:

As maçãs silvestres foram trazidas do Oriente à Europa pela Estrada da Seda, uma antiga rota de comércio, e acabaram sendo domesticadas e valorizadas economicamente. Hoje são focalizadas em pesquisas de melhoramento genético de macieiras, portanto, faz-se necessária a determinação dos descritores de suas qualidades. Foram utilizadas amostras de seleções avançadas cedidas pela Epagri, obtidas pelo cruzamento de cultivares silvestres com a comercial Baronesa. Feitas as análises físico-químicas foi concluído que os sucos apresentam maiores amplitudes de descritores de qualidade., Já o bagaço pode ser ótima fonte para obtenção de açúcar, em especial pela elevada quantidade de frutose, que possui poder edulcorante consideravelmente superior a sacarose. Logo, as macieiras silvestres têm um potencial para transferência de informação gênica e suas frutas para correção de sucos.

Introdução

As maçãs comerciais (Malus domestica) são descendentes das silvestres (Malus sylvestris) que ainda hoje se distribuem em florestas no leste da China em regiões de clima tipicamente temperado, com estações bem definidas. Trazidas nas caravanas que percorriam a Estrada da Seda, chegaram à Europa e mediante técnicas rústicas e mais recentemente, mais sofisticadas, acabaram se tornando domesticadas e valorizadas economicamente. Atualmente estão sendo focalizadas em pesquisas de melhoramento de macieiras haja vista a sua integridade da carga informacional genômica, pois sobrevivem em biomas nativos há muito tempo. Neste trabalho são apresentados os descritores de qualidade química de amostras de descendentes de maçãs silvestres consideradas seleções avançadas de uma pesquisa conduzida na Epagri, com cruzamento em condições de polinização aberta com uma variedade comercial cv Baronesa.

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

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Materiais e métodos

MateriaisAmostras de seleções avançadas de genótipos descendentes de maçãs silvestres e da cultivar Baroneza, cedidas pela EPAGRI.

Processos Extração do suco clarificado. Amostras de maçãs lavadas e sanitizadas foram selecionadas e moídas em equipamento de facas após o que, acondicionadas em pacotes plásticos e submetidas à prensagem (3 kgf/cm2) durante 5 minutos por duas vezes consecutivas. O suco extraído foi despectinizado (3mL/hL) por 60 minutos a 45º C após o que foi tratado termicamente (20 minutos; 80º C) ou congelado a -18º C (Wosiacki et al, 1989).

Desidratação do bagaço. As amostras de bagaço de maçã foram lavadas com água corrente a uma proporção de 1:1 (m/v) e centrifugadas, procedimento usado para diminuir a presença de açúcar superficial a fim de favorecer o processo de secagem do bagaço. A massa a ser desidratada a 70º C, até peso constante, foi espalhada em bateias de bambu colocadas em equipamento adiabático de secagem por circulação interna de ar aquecido. Após peso constante, o bagaço era homogeneizado em moinhos de martelo e posteriormente, para análise, em moinhos de bolas sendo tamisados a 60 mesh.

AnálisesA umidade foi determinada por perda termogravimétrica a 110ºC, metodologia indicada segundo Instituto Adolfo Lutz (2005). Os açúcares redutores (AR) e redutores totais (ART) foram quantificados por método químico colorimétrico após uma hidrólise branda da sacarose e reação com o reativo fosfomolibdico em meio alcalino, conforme a metodologia descrita por Somogyi e Nelson (1952). A glucose foi determinada pelo reativo enzimático GOD, leitura por absorbância em espectrofotômetro a 520 nm, para complementar as análises de açúcares. Os valores de frutose e sacarose foram obtidos por diferença.

A acidez foi determinada por reação de neutralização, promovida por titulação com base (NaOH), metodologia segundo Instituto Adolfo Lutz (2005), sendo expressa em ácido málico.

Os compostos fenólicos totais foram obtidos por Método químico no qual se utiliza padrão de catequina. O teor de fenóis é determinado por leitura da absorbância em espectrofotômetro a 720 nm - Metodologia segundo Tanner e Brunner (1985).

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

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Resultados e Discussão

As tabelas 1 e 2 apresentam, respectivamente, os valores experimentais encontrados, para sucos e bagaços, para acidez, expressa em ácido málico (MAL), teor de açúcares redutores (AR) e redutores totais (ART), relação entre açúcares totais e acidez (RATIO), compostos fenólicos totais (CFT), frutose (FRU), glucose (GLC) e sacarose (SAC).

São caracterizadas pelos teores de ácido málico (0.446±0,161g/100mL) como ácidas que variam de doces até azedas, enquanto os de fenóis totais (1.868±1.569 mg/L) como amargas até adstringentes. A fração açúcar (11,77±1,82 g/100mL) caracteriza as frutas como mediamente doces e com uma distribuição de açúcares que pode ser considerada balanceada com 51,28% de frutose, 17,89% de glucose e 30,65% de sacarose. O bagaço estabilizado por desidratação com granulometria de 60 MESH contém, além de uma umidade de 12g/100g, a fração de açúcares representada pelos teores de frutose (14,45±3,025 g/100ml), glucose (4.507±1,865 g/100ml) e sacarose (16,473±9,315 g/100mL) com um percentual de 12,72%, 46,49% e 49,79% destes açúcares solúveis, respectivamente.

Tabela 1. Composição centesimal dos sucos.CTV MAL ART AR RATIO CFT FRU GLC SAC

19 0,14 12,96 9,54 93,91 5594,08 6,69 2,85 3,4278 0,34 9,04 6,35 26,28 1076,11 4,14 2,21 2,6998 0,56 12,93 7,46 23,17 479,92 5,77 1,69 5,47

118 0,46 9,77 6,03 21,19 2682,88 4,46 1,57 3,74191 0,27 11,04 8,60 41,66 513,74 6,52 2,08 2,44228 0,57 10,01 6,13 17,53 1663,85 4,90 1,23 3,88250 0,54 14,24 10,35 26,52 2167,02 7,03 3,32 3,89281 0,54 13,30 9,31 24,77 1173,36 6,98 2,33 3,99314 0,61 12,34 9,48 20,36 1461,95 7,68 1,80 2,86

Tabela 2. Composição centesimal de açúcares nos bagaços.CTV ART AR GLC SAC FRU

19 31,65 20,53 3,98 11,12 16,5578 26,70 17,64 3,55 9,06 14,0998 32,65 21,71 3,64 10,94 18,07

118 51,14 16,33 6,26 34,81 10,07191 49,00 18,70 6,80 30,30 11,90228 27,86 16,02 2,33 11,84 13,69250 31,03 18,55 7,58 12,48 10,97281 33,89 20,88 3,26 13,01 17,62314 34,98 20,28 3,16 14,70 17,12

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Conclusões

De uma forma sincrética os sucos apresentam-se com amplitudes maiores de descritores de qualidade química, podendo ser usadas como agentes de correção dos processados com maçãs comerciais.

Este bagaço respeitada a influência do processamento e pode servir como matéria prima para a extração e purificação de açúcar para uso como adoçante melhor do que a sacarose isolada, haja vista o maior dulçor da frutose presente.

As plantas podem ser usadas com fontes de informação genética no que diz respeito à acidez e aos compostos fenólicos.

Agradecimentos

À Fundação Araucária por conceder a bolsa para realizar as pesquisas, à Epagri por fornecer as amostras e aos colegas de trabalho do GTM (Grupo de Trabalho Sobre a Maçã).

Referências

INSTITUTO. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. Brasília: Anvisa, 2005.

SOMOGHY, M. Notes on sugar determination. Journal of Biological Chemistry, v. 195, n.1, p. 19-23, 1952.

TANNER, H.; BRUNNER, H. R. Getränke Anlutik: Unterschungsmethode für dia Labor-und Betriebspraxis. Wädesnwill: Verlag Helles, 1985.

WOSIACKI, G. et al. Estabilidade do suco clarificado de maçã. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v. 32, n. 4, p. 775-786, 1989.

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