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SALVADOR QUARTA-FEIRA 20/11/20138 FIM DE JOGO PARA O RACISMO ESPECIAL CONSCIÊNCIA NEGRA

JURACY DOS ANJOS

A Copa no Brasil será um mo-mento de vibração e festa parao público dos jogos e um pe-ríodo de oportunidade para ocomércio.Mas,emSalvador,asbaianas de acarajé, símbolosda cultura local, e vendedoresambulantes lutam para asse-gurar um lugar de destaque nopalco das vendas.

Na capital baiana, os ambu-lantes,grupocompostoemsuamaioria por afrodescendentes,continuam a criticar as rígidasregras de ficarem a 800 metrosdo estádio.

A tensão entre os trabalha-dores e a Federação Interna-cional de Futebol (Fifa) ficoumais evidente após os protes-tosdasbaianas.PelasregrasdaFifa, elas não poderiam ficaraté, no mínimo, 200 metros dolocal dos jogos.

Com ações de protesto, elasconseguiram o direito de ven-deromais famosoquitutebaia-no na Arena Fonte Nova. A lutafoi árdua e incluiu até entregade carta à presidente DilmaRousseff, ao governador Jac-ques Wagner e a representan-tes da Fifa.

O brado resultou na libera-ção do comércio do bolinho naCopa das Confederações, maso embate continua. O objetivoagora é ampliar o número devendedoras no estádio.

Hoje, seis baianas possuempermissão para atuar nas de-pendências do estádio. A As-sociação das Baianas de Aca-rajé e Mingau do Estado daBahia (Abam) quer ampliar onúmero para dez.

Segundo a diretora daAbam, Angelice Batista dosSantos, a entidade está nego-ciando a possibilidade com osorganizadores do evento. “Es-tamos lutando para isso, mas omartelo ainda não foi batido”,conta ela, informando que ainstituição é formada por trêsmil associados.

“Noventa e cinco por centodas mulheres são negras liga-das aos terreiros de candom-blé. Elas precisam trabalhar”,destaca.

A Secretaria Estadual paraAssuntosdaCopadoMundodaFifa Brasil 2014 (Secopa) de-clara-se favorável à luta dasbaianas.

De acordo com coordenadorde Legados Sociais do órgão,Marcos Andrade, o governodiscute o assunto com a fede-ração. “Estamos também ten-tando fazer com que dez baia-nas possam comercializar seusquitutes na Arena. Acredita-mos em uma definição favo-rável”, informa.

ExclusãoNaoutrapontadestadiscussãoestão os vendedores de ali-mentos, bebidas e souvenirs.Eles reivindicamespaçosdetra-balho durante o mundial. Opresidente da Associação deAmbulantes do Centro, Arimá-rio Nunes Barreto, conhecidocomo Alemão, acredita que ostrabalhadores não poderãoatuar no estádio.

“O que foi informado é quesópoderemos ficarnoentorno,o que causa prejuízos e con-traria a categoria, já que o nú-mero será limitado”, diz.

De acordo com ele, os tra-balhadores esperam que o go-vernomunicipal estabeleçaumprocesso de negociação com acategoria e apresente alterna-tivas mais viáveis.

“Na Copa das Confedera-ções, muitos profissionais fo-ramretiradosdoCampodaPól-vora e da Estação da Lapa (lo-cais próximosàArena), onde jáatuavam. Não queremos queisso volte a acontecer”, diz.

Por conta da concentraçãosignificativa de trabalhadoresinformais na cidade, esta ex-clusão é um ponto negativo,segundoodiretordaFaculdadede Economia da UniversidadeFederal da Bahia (Ufba), PauloBalanco.

“Na prática, esta interven-çãoexternananossaeconomiatem uma característica mani-puladora”, analisa o professor,argumentandoqueaCopamo-biliza grande público e renda.

“Esta concentração de rique-zaacabareduzidaaumnúmeropequeno de empresas, que játêm grande peso mundial. Porisso, a proibição da atividadeinformal é uma subordinaçãoque prejudica nossa soberaniade nação independente”, diz.

NEGÓCIO Baianas de acarajé e comerciantes informais reivindicam condiçõespara trabalhar nos jogos da Copa. A prefeitura garante ordenar o comércio noentorno da Arena Fonte Nova e apresentar alternativas para a categoria

Ambulantes queremparticipar do jogo

Atuação só no entorno da festaPor conta das diretrizes estabe-lecidas pela Fifa – para proteçãodas marcas patrocinadoras doevento mundial– ambulantesnãoserãopermitidosnoestádio,segundo o secretário do Escri-tórioMunicipal daCopadoMun-do (Ecopa), Isaac Edington.

Os ambulantes devem man-ter uma distância de 800 me-tros do estádio. “Todos os ca-dastrados vão receber um kitcom fardamento e isopor ofe-recido pelas marcas patrocina-doras do mundial”, contaEdington acrescentando que,em contrapartida, os ambulan-

tes só poderão comercializar osprodutos das marcas oficiais.

Esta determinação tambémcontrariaosautonômos.SegundoArimário Barreto, da Associaçãode Ambulantes do Centro, estamedida restringirá ainda mais otrabalho.“Osautonômosnãopo-dem ser obrigados a só venderestas marcas. A escolha dos pro-dutos deve obedecer apenas aocusto das mercadorias”, pontua.

O sorveteiro João Freitas,que trabalha há 25 anos naArena Fonte Nova, afirma queé preciso que a prefeitura qua-lifique e padronize os trabalha-

dores. “Sou contra a proibição,porque pais de família serãoprejudicados”, diz.

O sorveteiroJoão Freitastrabalha há 25anos na FonteNova e é contraa proibição

GRUPO QUERAMPLIAÇÃO

A Abampretendeaumentar aquantidade decadastradaspara dez

LUTA PELOESPAÇO

Após protestos,as baianasconseguiram odireito deatuar naArena

IDENTIDADENEGRA

Segundo dadosda Abam, 95%das associadassão negras eadeptas docandomblé

LIMITE NÃOAGRADOU

Os ambulantesdevem ficar auma distânciamínima de 800metros doestádio

Raul Spinassé/Ag. A TARDE

O secretário Isaac Edington,afirma que alternativas forampensadas para dar assistênciaaos trabalhadores. Ele diz quea regularização para atuaçãona Copa é de responsabilidadeda prefeitura.

“Assim como fizemos na Co-pa das Confederações, vamosestabelecer pontos para que osambulantes possam trabalharnas proximidades da Arena,mas sem ferir as diretrizes daFifa. Vamos cadastrar 600 pro-fissionais, que poderão traba-lhar dentro da norma de se-gurança e higiene”, afirma.