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Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro 08/Novembro/2007 Selecionados cobram lista de readmitidos nos hospitais federais Marcha a Brasília fez história Servidores, trabalhadores da iniciativa privada, estudantes e sem-terra fizeram o maior ato público dos últimos dois anos na capital federal. I Encontro da Conlutas aponta direção classista para movimento negro Pagina 12 Pagina 12 Saúde Federal, DRT e MPS querem antecipação e retroativo dos 47,11% Governo Lula dificulta volta de redistribuídos à RFB para o INSS Pagina 11 Cabral desrespeita saúde estadual e não responde sobre Geeled Projetos no Congresso atacam direitos de servidores Pagina 7 Pagina 9 Pagina 2 Pagina 2 Pagina 3 Reintegrados da Funasa conquistam 50,32% de equiparação salarial Cerca de 15 mil pessoas ocuparam ruas da capital federal em defesa da previdência pública e contra a corrupção – leia nas páginas centrais. União tem até 3/12 para conferir listagem dos beneficiados nas ações de 28% FOTO: FERNANDO FRANÇA FOTO: FERNANDO FRANÇA

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Page 1: Marcha a Brasília fez história - SINDSPREV · direitos de servidores Pagina 7 Pagina 9 Pagina 2 Pagina 2 Pagina 3 Reintegrados da Funasa conquistam ... dia 24/10 acordo com Neiva

Sindicato dos Trabalhadores emSaúde, Trabalho ePrevidência Socialno Estado doRio de Janeiro08/Novembro/2007

Selecionadoscobram lista dereadmitidos noshospitais federais

Marcha a Brasília fez história

Servidores, trabalhadores da iniciativa privada, estudantes e sem-terra fizeram o maior ato público dos últimos dois anos na capital federal.

I Encontro da Conlutasaponta direção classistapara movimento negro

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Saúde Federal,DRT e MPSqueremantecipação eretroativo dos47,11%

Governo Lula dificultavolta de redistribuídos àRFB para o INSS

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Cabral desrespeita saúde estadual enão responde sobre Geeled

Projetos no Congresso atacamdireitos de servidores

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Reintegrados da Funasa conquistam50,32% de equiparação salarial

Cerca de 15 mil pessoas ocuparam ruas da capital federal em defesa daprevidência pública e contra a corrupção – leia nas páginas centrais.

União tem até 3/12 para conferir listagem dos beneficiados nas ações de 28%

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2� 8 DE NOVEMBRO DE 2007

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde,Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro

Rua Joaquim Silva, 98-A - Centro - Rio de Janeiro� (21) 3478-8200 | fax: (21) 3478-8233

Edição: André Pelliccione (Mtb JP19301RJ) | Redação: Helcio Duarte Filho (Mtb JP16379RJ), Vânia Gomes (Mtb JP18880RJ), Olyntho Contente (Mtb JP14173RJ)e Ricardo Portugal (Mtb JP16959RJ) | Diagramação: Virginia Aôr (Mtb JP185880RJ) | Fotografia: Fernando de França | Tiragem: 30 mil exemplares | Impressão:Folha Dirigida | Secretaria de Imprensa e Divulgação Tel.: (21) 3478-8220 | Fax (21) 3478-8223 | website: http://www.sindsprevrj.org.br | e-mail:[email protected]

OPor Ricardo Portugal

s selecionados públicosintensificam a luta pela

efetivação de sua situação funcional. Opróximo passo do movimento é cobrar

Selecionados públicos dos hospitais federais cobram do Ministérioda Saúde a lista completa de readmitidos no Estado

Participação dos selecionados na Marcha contra reformas, em Brasília, dia 24/10

acordo com Neiva Magrini, da Comis-são de Coordenação Estadual dos Se-lecionados Públicos, tal comportamen-to da coordenadora contraria o acordofirmado durante reunião em Brasília en-tre representantes dos selecionados pú-blicos e do Sindsprev-RJ com integran-tes do Ministério da Saúde.

No encontro, os trabalhadores re-ceberam do Ministério da Saúde a pro-messa de mais transparência na con-vocação daqueles a serem reapro-veitados nas unidades federais do Rio.Na companhia de dirigentes doSindsprev-RJ, eles levaram suas reivin-dicações a Rafael, do Recursos Huma-nos do ministério.. Ficou acertada a for-mação de uma comissão com trabalha-dores e sindicato para acompanhar aconvocação.

Coordenadora informou aexistência de 94 vagas no HGB

A coordenadora do NERJ (Núcleodo Ministério da Saúde no Rio), FátimaMatheus, chegou a informar a exis-tência de 94 vagas no HGB, a serem

preenchidas de imediato. Mas empur-rou para os próprios selecionados pú-blicos a definição de critérios para isso- em quais unidades serão reaprovei-tados e em que proporção. Fez issotentando gerar divisão no interior domovimento dos selecionados públicos,para jogá-los uns contra os outros nadisputa pelas vagas disponíveis.

Segundo o dirigente do Sindsprev-RJ e integrante da Coordenação Esta-dual, Luiz Henrique Santos, a luta pelareadmissão e efetivação funcional vaicontinuar até o pleno reconhecimentodo governo da condição de servidorespúblicos de todos os trabalhadores dacategoria, que prestaram provas e se-guiram todas as etapas de um concur-so público normal, no processo de ad-missão no serviço público.

Até o fechamento desta edição,em 8 de novembro, os selecionadosestavam com assembléia estadualmarcada para o dia 13 (terça-feira),às 13 horas, na sede do Sindsprev-RJ(Rua Joaquim Silva, 98 – Lapa), paracontinuar sua mobilização.

uma definição da coordenadora do Nerj,Fátima Matheus, que insiste em negarao conhecimento da categoria a listacompleta dos selecionados públicos aserem readmitidos nas diversas unida-des de saúde federal do estado. De

U

Reintegrados da Funasa conquistam 50,32% de reajuste a partir de março/08Acordo também prevê mais 6,79% em março/09, garantindo equiparação salarial com demais servidores

Por André Pelliccione

ma vitória da mobiliza-ção dos reintegrados

da Funasa, que souberam pressionar ogoverno por seus legítimos direitos. As-sim é a proposta oferecida à categoriadurante audiência da Comissão doSinds-prev/RJ com o Planejamento(MPOG), no dia 1/11, em Brasília:50,32% de reajuste a partir de marçode 2008, mais 6,79% em março de 2009.Aprovado pela assembléia de reintegra-dos realizada no último dia 5, no auditó-rio do Sindsprev, o acordo equipara osalário da categoria (contratada via re-gime de emprego público) aos dos de-mais servidores da carreira da segu-ridade social no país.

A soma dos dois reajustes (50,32%+ 6,79%) totalizará 66,5% em março de2009. A apresentação da minuta de acor-do pelo Ministério do Planejamento es-tava prevista para acontecer no dia 8/11, data de fechamento desta edição. “Aproposta coroa o esforço da nossa cate-goria, que nunca teve dúvidas sobre seudireito à equiparação. Sempre foi absur-do existirem trabalhadores realizando asmesmas funções mas com salários dife-rentes. Mas agora será corrigida uma in-justiça que vem no mínimo desde 2003”,

avalia Lúcia Pádua,diretora da Fenasps emembro da Comissãode Reintegrados. Emaudiência com a Co-missão do Sindsprevrealizada no dia 27 deoutubro, também emBrasília, o Planeja-mento havia sinaliza-do com 30,32% dereajuste a partir demarço de 2008, maisos 6,79% em marçode 2009. A Comissão,no entanto, acertada-mente criticou a pro-posta como insufi-ciente para garantir aequiparação, cobrando do governo quea reformulasse. O resultado é que pou-cas categorias de servidores no país te-rão um reajuste como o dos reintegra-dos em 2008.Férias - Como a anterior (de 27/10),a audiência do dia 27 de outubro tam-bém abordou outros temas relevantespara a categoria, como férias, examesperiódicos e assinatura das carteiras.Sobre a reformulação do cronogramade férias nos municípios do Estado doRio — proposto pelo Sindsprev como

forma de evitar um aumento nos casosde dengue — o Planejamento disse queo assunto deverá ser tratado diretamentecom a Funasa. O que será feito peloSindsprev.Exames periódicos - Após muitoresistir, o Planejamento finalmente en-tendeu como procedente a reivindica-ção do Sindsprev, de que se realizemexames periódicos (e não admissionais)nos reintegrados. O pressuposto paraisto é que a categoria já realiza um tra-balho continuado há muitos anos, e que

não teria sentido proceder a um exame‘admissional’ após tanto tempo de ati-vidade laboral.Assinatura das carteiras - Ascarteiras dos reintegrados com documen-tação considerada regular deverão serassinadas até o final do ano, garantidoao Sindsprev o direito de acompanhartodo o processo. As carteiras serão as-sinadas com a data de 12 de julho de2006, relativa à contratação dos reinte-grados pelo regime de emprego público.O Sindsprev sempre reivindicou que ascarteiras fossem assinadas com data re-troativa a 1994. O Planejamento negouesse pleito, mas comprometeu-se a emi-tir carta declaratória com a data original(1994) de admissão.

Quanto aos 512 reintegrados compendências de documentação, suas car-teiras serão assinadas assim que essaspendências forem solucionadas. A Fun-dação comprometeu-se a cobrar, da Co-missão que realizou o enquadramento dosreintegrados em 2006, que solucione oscasos desses trabalhadores no menorprazo possível. A maioria desses traba-lhadores, inclusive, já entregou os docu-mentos exigidos pela referida comissão.

Com os 50,32% oferecidos pelo Pla-nejamento, o salário da classe C, nível13 da atual tabela salarial — onde está amaioria dos reintegrados — passará deR$ 969,87 para R$ 1.454,80, em marçode 2008.

Acima, audiência noPlanejamento. Aolado, assembléia dereintegrados queaprovou o acordo

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�38 DE NOVEMBRO DE 2007

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Servidores da Seguridade lutam porantecipação de parcelas e retroativo

Por Ricardo Portugal

s servidores dos ministériosda Saúde, do Trabalho e da

Previdência Social permanecem na lutapela antecipação das parcelas dos47,11% e pelo pagamento do retroativoaos que assinaram o Termo de Opçãoà carreira após 29 de junho deste ano. De acordo com o diretor doSindsprev-RJ, Júlio Tavares, o GT dosindicato vai convocar uma assembléiageral da Seguridade Social para a se-gunda quinzena deste mês, a fim de dis-cutir e encaminhar novas formas depressão junto ao governo federal. En-tre elas, a possibilidade de o sindicatoimpetrar um mandado de segurança econvocar uma ampla mobilização dabase da Seguridade (Saúde, Previdên-cia e Trabalho). Ele informou que aFenasps está empenhada na análise daMP 369, que abre novo prazo para op-ção à carreira da seguridade social.

Mobilização rendeu vitóriasInicialmente, o governo havia edi-

tado a MP 301, com um texto que abriaa possiblidade de prejudicar os servido-res na contagem do tempo de aposen-tadoria. Também ameaçava a manuten-ção da jornada de 30h semanais. Amobilização dos trabalhadores, contudo,forçou o Planalto a rever a questão,editando a MP 341 com as modifica-

ções propostas pelas categorias.Foi assim que, a partir do início des-

te ano, a Fenasps e os sindicatos regio-nais orientaram a categoria pela assi-natura do Termo de Opção.

Com isso, o governo passou a fixaros procedimentos via Ministério do Pla-

Ato realizado em maio deste ano, com críticas dos servidores ao parcelamento dos 47,11%

Regional Centrofaz festa de fim deano dia 7 dedezembroA Regional Centro do Sindsprev-RJ está convidando os servidorespara a tradicional festa de fim deano, que será realizada no dia 7de dezembro, uma sexta-feira.Como nos anos anteriores, a festaacontecerá no Clube Militar, comprevisão para começar às 19h30 eterminar por volta das 00h30.O ingresso, que custa R$ 40,00,dá direito a bebidas e ao bufê.Haverá música ao vivo na festa.Para adquiriros ingressos,entrar emcontato comAluízio, Valériaou com aRegionalCentro, quefica na ruaMéxico, nº 90(falar comAdriana ouVinicius).

nejamento e da Saúde para o pagamen-to parcelado dos atrasados dos 47,11%.Júlio Tavares alerta que ainda falta pa-gar um resíduo de 226 reais, pois os ser-vidores teriam direito a uma parcela de600 reais e só receberam entre 300 e400 reais. Ele acusou o governo de tra-

tamento diferenciado, uma vez que osservidores do INSS já tiveram essas par-celas incorporadas aos seus vencimen-tos. Outro dado para o qual Júlio cha-ma a atenção é para o pagamento dosdébitos de exercícios anteriores, quenada têm a ver com os 47,11%.

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Departamento Jurídi-co do Sindsprev in-forma que o proces-so nº 95.0023278-2,

da 20ª Vara Federal, relativo à açãodos 28,86% dos ministérios da Saúde,do Trabalho e da Previdência Social,entrou na fase final de execução, queé a apresentação dos cálculos paraque o juiz determine o pagamento.Foram apresentados 6.800 cálculos,totalizando cerca de R$ 109 milhões.

A União embargou* os cálculosde cerca de 3.000 autores, totalizandoR$ 15 milhões.

Os embargos versam sobre diver-

União tem até 3 de dezembropara conferir a listagem

gências de cálculos para os detento-res de função gratificada, servidoresda última referência do nível superior,recebimento em outras ações e acor-dos administrativos.

Os embargos suspendem o paga-mento dos valores controversos, masnão impedem que o processo prossi-ga para os demais autores.

No dia 24 de outubro, foi realiza-da uma audiência especial perante ojuiz da 20ª Vara Federal, quando ficoudecidido abrir um prazo de 30 dias paraque os ministérios confiram as lista-gens para evitar possíveis pagamen-tos em duplicidade. O juiz determinou

que após este prazo — que terminano dia 3 de dezembro — sejamexpedidas as Requisições de Paga-mento em nome dos que não foramembargados.

Quanto aos embargados, o jurídi-co do Sindsprev apresentou a impug-nação visando assegurar os direitos detodos os associados. No entanto, es-ses dependem de decisão judicial.

A listagem dos embargados e dosincontroversos pode ser consultada nosite do Sindicato, www.sindsprevrj.org.br, no link Jurídico/Ações/28,86%.* Embargar significa discordar de critéri-os, listagens e valores apresentados.

28,86% - MINISTÉRIOS DA SAÚDE, DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

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47,11% NA SAÚDE FEDERAL, TRABALHO E PREVIDÊNCIA

A Regional Centro convida para Roda de Debates sobre a Semana da Consciência Negra,dia 29 de novembro, quinta-feira, a partir das 16h, na Regional Centro (Rua México, n° 90,9° andar). Inscrições até o dia 23 de novembro.

Temas: História da África e Diáspora | Religiosidade | Carolina Maria de Jesus, em seu“Quarto de despejo” | Saúde da população negra |

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4� 8 DE NOVEMBRO DE 2007

Ainexistência de políticas vol-tadas para saúde do traba-lhador nos serviços públicose a necessidade de lutar con-

tra as más condições de trabalho e o as-sédio moral foram destaques no Semi-nário Sobre Saúde do Trabalhador, reali-zado no sindicato, dia 30 outubro.

O professor Márcio Ramos, diretorda Regional do Sindsprev em Niterói,fez uma análise histórica da saúde notrabalho e defendeu o combate urgenteao assédio moral e às más condiçõesde trabalho. Destacou a importânciapolítica e econômica desta questão, fa-tor importante, segundo ele, até mesmopara que em 1917 acontecesse, naRússia, a primeira revolução proletáriavitoriosa da história. “As pessoas esta-vam sentindo a perda da qualidade devida, o que é saúde”, disse à reporta-gem deste jornal, referindo-se à maiorsensibilidade dos trabalhadores aos dis-

SAÚDE DO TRABALHADOR

‘Servidores estão adoecendo’,denunciam palestrantes emseminário do SindsprevSeminário organizado pela Regional Niterói e Departamento de Saúde doTrabalhador do Sindsprev debate condições de trabalho, assédio moral epropõe organizar a defesa dos direitos dos trabalhadores

cursos de Lênin e outras lideranças.Para ele, as mudanças ‘neoliberais’

introduzidas no mundo do trabalho tam-bém atingem a saúde. “É o técnico deenfermagem tendo que fazer serviçosburocráticos, tendo que fazer dez coi-sas ao mesmo tempo”, disse. Márciocriticou o abandono do serviço público,que considera deliberado, e as conse-qüências disso para a saúde do traba-lhador. “O governo não faz nada e oque acontece? Você é induzido a pen-sar: privatiza”, disse.

O seminário foi dividido em quatromódulos temáticos: “A evolução histó-rica sobre a saúde do trabalhador”, de-senvolvido por Márcio Ramos; “A Saú-de do Trabalhador na Perspectiva doServiço Público”, pela sanitarista LizeBarros, coordenadora do Programa deSaúde do Trabalhador da SecretariaEstadual de Saúde; “O Processo deAdoecimento no Exercício Laboral”,

Nas fotos acima, aquicultoresdurante a ocupação e naentrada da área reivindicada

com o psiquiatra Aluízio Lovise; e “As-pectos Jurídicos na Saúde do Trabalha-dor”, com o advogado José Ricardo deOliveira Lessa.

Defesa do concurso públicoA sanitarista Lize Barros criticou o

fato de o estatuto do servidor ignorar oambiente de trabalho e de não existirqualquer legislação sobre isso. “A gen-te precisa colocar isso no papel, preci-sa exigir de nossos gestores que elesgarantam os nossos direitos”, defendeu.“Não existe reabilitação, não existereadaptação, você volta simplesmentepara o seu setor, quando não volta paraoutro pior, e fica lá de castigo”, afir-mou, referindo-se a quem é obrigado ase afastar por ter adoecido.

Lize Barros atacou ainda a falta deconcurso público e disse que a preca-rização tornou-se uma prática. “Cadavez que eu digo que falta funcionário,ao invés de me falar em concurso, eles

me apresentam um banco de currícu-los”, criticou. Ela disse que a saúde doprofissional da área é alvo constante doquadro hospitalar atual. “O usuário estána sua frente precisando de medicamen-to e não tem para dar e você sabe queele não tem dinheiro para comprar e queisso pode levar a um derrame, isso ésaúde?”, disse.

“Manutenção do Sistema”O seminário levou mais de 80 pes-

soas ao auditório do sindicato. A direto-ra da Regional Baixada-I JaquelineAlves de Sousa criticou a atuação dosconselhos de saúde e demais organis-mos institucionais. “As estruturas ofici-ais que existem hoje são estruturadaspara manutenção do sistema, não vãomudar nada”, disse.

O seminário foi organizado pela Re-gional Niterói em parceria com o De-partamento de Saúde do Trabalhador doSindsprev-RJ. (Hélcio Duarte Filho).

Acima, auditório durante o seminário,que teve comemoração pelo Dia doServidor Público (ao lado).

FOTOS: FERNANDO FRANÇA

Por Hélcio Duarte Filho

experiência popular de ex-ploração de recursos naturaisassociada à preservação do

meio ambiente, apoiada pelo SindsprevComunitário, teve mais um capítulo emum sábado de outubro às margens do rioSão João, na Região dos Lagos, litoralnorte-fluminense.

Por volta das 9 horas da manhã dodia 20/10, pescadores artesanais, ostracul-tores, maricultores e simpatizantes da cau-sa ocuparam área que reivindicam para ainstalação da Associação Livre dosAqüicultores de Barra de São João(ALA). Em poucas horas, concluírammuro já parcialmente erguido, limparamterreno tomado pelo capim, instalaram umportão, com o cuidado de afixar à portaplaca com horário de funcionamento daassociação, e declararam em atividade abase de apoio da entidade que dará su-porte à criação de ostras no rio.

Horto e reserva extrativistasão metas

A ocupação pacífica da área em tor-no do Porto do Gambá, referência aopequeno cais que ali existira, local quepescadores teriam utilizado por décadas,é parte de uma idéia que une, por en-

quanto, cerca de 25 famílias na Associa-ção de Aqüicultores. A criação de ostrasnas águas do São João, rio que separaCabo Frio de Barra, é um dos projetosem andamento. Há outros.

Os idealizadores da associação que-rem criar uma reserva extrativista naárea e um horto voltado para recupera-ção do mangue e da restinga. “Pode sera maior reserva extrativista do Brasil emárea marinha”, calcula Luis CarlosMaciel, ex-diretor do Sindsprev-RJ e umdos fundadores da ALA.

Maciel garante, com evidente entu-siasmo, que a preservação do meio am-biente não é proposta secundária ou pa-ralela aos objetivos da associação, masalgo intrínseco a ela. “Se não preservarnão adianta ter colônia, associação, bar-co, pescador, porque vai acabar o pes-cado”, justifica.

Ele destaca a parceria conquistadacom a Prefeitura, através dos secretá-rios de Turismo e de Agricultura e Pes-ca – respectivamente Tereza Chedid eJosé Branco – , com a Associação dosMoradores de Barra, cujo presidenteJorge Mello prestigiou o ato de ocupa-ção, e pede ao repórter para registrar que“tudo o que foi constituído foi com oapoio do Sindsprev Comunitário”.

Ocupação às margens do São Joãoserá ‘base’ de projeto que une

aquicultura e preservação

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Serafim e o Porto do GambáUm dos fundadores da ALA, Sebastião Go-

mes Bastos, 65 anos, vê a ocupação como umpasso decisivo para o futuro do projeto. Um laçofamiliar une Sebastião ao local ocupado. Portodo Gambá foi assim batizado por conta de seuavô, Serafim Teixeira Bastos, dono de barco ho-mônimo que ali aportava.

A lembrança leva Sebastião ao passado. Nos-tálgico, viaja outra vez nas águas do São João nacompanhia do pai, Benedito Teixeira Bastos. “Jápescamos mero de até 150 quilos”, recorda. His-tória de pescador? Afirma que não.

Outro colega da ALA, Manoel da Penha Cor-deiro de Lima, 69 anos, comemora o resultado daocupação. “Não é um passo só para os associa-dos, é para o município, todo mundo pesca [aqui]”.

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�58 DE NOVEMBRO DE 2007

Por Vânia Gomes

discussão do impacto da in-corporação da GEELED

(gratificação de encargos especiais delotação, exercício e desempenho) nafolha de pagamento dos servidores dasaúde estadual não ocorreu no mês pas-sado e pode não ocorrer tão cedo. Ogovernador Sérgio Cabral prometeucobrar do secretariado, mas nada fez.Nem ele, nem o secretário de Saúde,Sérgio Côrtes, demonstram vontade po-lítica de negociar, segundo a direçãodo departamento da saúde estadual doSindsprev.

A imprensa do sindicato tambémtentou conversar sobre o assunto como secretário, mas ele não estava no lo-cal quando foi procurado. Sua assesso-ria de imprensa afirmou que consultariaa agenda do secretário e faria contatono mesmo dia. Como não foi feito, ajornalista do sindicato ligou cobrandouma resposta. Até o fechamento destaedição, no entanto, a entrevista não foramarcada, sem qualquer resposta.

Enquanto a secretaria permaneceem silêncio, o caos aumenta em todasas unidades de emergência do estado,principalmente na zona oeste. A mes-ma bactéria (Enterococcus faecium)que ocasionou o fechamento da emer-gência do Hospital Geral de Bonsucesso,no mês passado, foi detectada no Hos-pital Estadual Pedro II, em Santa Cruz.

Governador adia definição sobre GEELED

Acima, audiência no Palácio Guanabara com representantes doDepartamento da Saúde Estadual. Governo continua enrolando

Foram registrados nove casos, entrecrianças e adolescentes. Quatro conti-nuam internados.

Problemas na infra-estrutura do hos-pital também contribuem para aumen-tar os riscos de contaminação. O exaus-tor do refeitório está quebrado, e, emrazão disso, os funcionários suam so-bre a comida que é preparada. A unida-de não tem um freezer, grande o sufici-ente, para armazenar os produtos. Orefeitório não tem ar condicionado, e acaldeira funciona das seis ao meio-dia.

Em conseqüência,muitos pacientes nãotomam banho quente eroupas não são esterili-zadas. Os profissionaisconstataram o apareci-mento de grande quanti-dade de percevejo na emergência e noquarto andar.

No Hospital Estadual Rocha Faria,a situação também é das piores. Após14 dias de intervenção do secretário, adireção anunciou a transferência dos

seis únicos neurocirurgiões da unidadepara os Hospitais da Posse (NovaIguaçu), Azevedo Lima (Niterói) e AdãoPereira Nunes (Saracuruna), mas, de-vido a denúncias no Conselho Distritale à pressão do Sindsprev, a medida foisuspensa – vale lembrar que o hospitalRocha Faria é referência em neuro-cirurgia na zona oeste.

Há ainda denúncias de prática denepotismo nos Hospitais AlbertSchweitzer, Pedro II e Rocha Faria.‘O governador Sérgio Cabral prome-teu, antes das eleições, que as vagas

seriam preenchidas por concurso pú-blico e não indicação política. O quemais se vê são parentes e amigos ocu-pando cargos. Os diretores estão agin-do pior do que os deputados, que em-pregavam seus cabos eleitorais. Ago-ra é cabide de emprego mesmo’, de-nuncia um sindicalista.

A

Reclamações individuais

A Secretaria Jurídica do Sindsprev vai passar

a atender as reclamações individuais dos

servidores da saúde estadual a partir de 12

de novembro. Em breve, será divulgado um

boletim específico com as informações

jurídicas de interesse dos servidores,

inclusive sobre as ações coletivas do

sindicato.

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ermanece a ameaça deprivatização do Hospital de

Acari. Unidade de saúde de médiacomplexidade e com diversas especi-alidades, está fechada há dois anos emuitas iniciativas têm sido realizadaspara forçar o prefeito do Rio, CésarMaia, a reabrí-la. A diretora doSindsprev-RJ Cristiane Gerardo con-tou que muitos atos públicos já forampromovidos na porta do hospital, in-cluindo uma audiência pública na Câ-mara dos Vereadores doRio.

Diversos sindicatosentraram com açõespara cancelar a licitaçãoda gestão do Hospital deAcari. O próprio Tribu-nal de Contas do muni-cípio questionou a lega-lidade do edital de licita-ção, apontando inúmerasirregularidades. Aindade acordo com Cristiane,a prefeitura, ardilosa-mente, reparou algunsproblemas existentes porexigência do TCM e re-

Acari fechado agride direito da população à saúde pública

PPor Ricado Portugal alizou um novo edital, conseguindo

anular todos os demais questiona-mentos judiciais contra a tentativa deprivatização do Hospital de Acari.

Hospital permanecedesativado

Cristiane desconhece os motivosque obrigam a unidade a permanecerdesativada. Por falta de estrutura parao atendimento à população, decertoque não é. Ela lembrou que – mesmoparada – Acari dispõe de diversosequipamentos de última geração, in-

SAÚDE ESTADUAL

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felizmente sem uso. Recentemente, aJustiça determinou que um tomógrafoque lá se encontrava fosse transferi-do para o Hospital Bom Jesus.

Quanto à suposta falta de pessoalconcursado, a justificativa tambémnão procede, uma vez que a regiãopossui o maior banco de talentos atu-almente existente, oriundo do últimoconcurso realizado em 2004.

A dirigente do Sindsprev-RJ afir-mou que a entidade estuda formas ju-rídicas e políticas de anular este novoedital da prefeitura, que apontou a em-

presa GPS Saúde comovencedora para a gestãoprivada daquela unidade.Para isso, a GPS recebe-rá 340 milhões de reaisdos cofres públicos muni-cipais.

Cesar Maia querentregar Acari,construído com recursospúblicos, para ainiciativa privada.População seráprejudicada.

Para psiquiatra,trabalho poderia ser

uma “coisa boa”O psiquiatra Aluízio Louise dis-

se que o trabalho deveria levar aocrescimento do ser humano e nãoao seu adoecimento. “Eu por algu-ma razão acredito que o trabalhopoderia ser uma coisa boa para oser humano, o trabalho que contri-bui para o crescimento do ser hu-mano, [mas] o que está aí estámuito distante [disso]”, lamentou.

Ele criticou a mercantilizaçãoda saúde e a interferência do Ban-co Mundial. “É esse banco que de-termina o que vamos fazer de nos-sa saúde”, disse. “É todo um ca-minho de privatização, o caminhoé vender remédio, é vender apare-lho”, afirmou.

Por fim, disse que o Brasil éuma colônia voltada para o lucro depoucos, e que quando um raio-xnão funciona é porque tem alguémganhando com isso. “Não existe de-sorganização, existe organizaçãopara o lucro, se a porta de cá nãoestá funcionando, na outra pontaestá funcionando muito bem”.

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� 6 8 DE NOVEMBRO DE 2007

Sucesso da Marcha a Brasília eluta em defesa da Previdência

Mais de 15 mil pessoas ocuparam ruas da capital federal para dizer não às reformas que tiram di

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Por André Pelliccione (texto) e FernandoFrança (foto), enviados a Brasília

ueremos abraçar cari-nhosamente todos os queestão aqui e que fizeramaquela que já é a mais im-

portante marcha contra as reformasneoliberais de Lula e contra todos os cor-ruptos. Os que roubam os cofres públicossão os mesmos que roubam os direitos dostrabalhadores’. Ao discursar quase no fi-nal da Marcha Contra a Reforma da Pre-vidência e a Corrupção, a presidente doPSOL, Heloísa Helena, expressou o sen-timento que contagiou as mais de 15 milpessoas que ocuparam as ruas de Brasíliano dia 24 de outubro: o de que começauma retomada das mobilizações capaz debarrar as tentativas feitas pelo atual go-verno de acabar com a previdência públi-ca, privatizar as universidades e atacar osdireitos trabalhistas.

Organizada por um conjunto de enti-dades nacionais lideradas por Conlutas eIntersindical, a marcha foi das mais repre-sentativas já realizadas na capital federal,agrupando representantes dos movimen-tos sindical, social, popular e estudantil detodo o país, além de partidos políticos deesquerda (PSOL, PSTU, PCB) e parla-mentares como Chico Alencar (PSOL),Luciana Genro (PSOL), Ivan Valente(PSOL) e o senador José Néri (PSOL).“Lula tem garantido recordes de lucros parabanqueiros e empresários, atacando os di-reitos dos trabalhadores. Dos 27 estadosdo país estamos aqui para dizer que nãoaceitamos a continuidade dessas políticase dessa corrupção. O que aconteceu em2003 não se repetirá e, para barrar a re-forma, faremos marchas ainda maiores doque esta. Vamos preparar a maior parali-sação nacional que esta país já viu”, afir-mou José Maria de Almeida, pela Conlutas.

Fora Renan e todos oscorruptos

“A marcha é o resultado de um pro-cesso de discussão, de norte a sul do país,onde os trabalhadores vêm debatendo areforma da previdência. Mas achamosque, além dessa marcha, temos que cons-truir um grande processo de luta nos lo-cais de trabalho, paralisando a produção ecirculação de mercadorias para dizer quenão aceitamos essa reforma que leva auma regressão brutal das condições de vidado povo brasileiro”, avaliou Edson Carnei-ro (o Índio), representando a Intersindical.

Concentrados em frente ao EstádioMané Garrincha, os manifestantes passa-ram em frente à catedral de Brasília, pa-rando em frente ao Ministério da Previ-dência Social (MPS), onde, durante 40 mi-

nutos, fizeram um protesto com uma mui-to aplaudida performance teatral contra areforma da previdência e a corrupção. Sobmúsica de Chico Buarque [Tango do Co-vil] da peça ‘Ópera do Malandro´, cercade 20 pessoas fantasiadas de pizzaioloscom faixas de deputado e senador, carre-gando pizzas nas mãos, dançaram paralembrar os ‘acordões’ do Congresso quelivraram o senador Renan Calheiros(PMDB) da cassação.

Em seguida ao ato no MPS, a marchafoi para a frente do Congresso Nacional,onde alguns militantes atiraram-se ao lagoprincipal, abriram suas faixas de protestoe gritaram as palavras de ordem: ‘Se nãoé hoje, é amanhã. Nós queremos a cabe-ça do Renan’, e ‘Um dois três, quatro cin-co mil, ou pára essa reforma ou paramoso Brasil’. Novamente foi encenada aperformance das pizzas de Renan. “Esta-mos aqui apoiando a luta contra a reformada previdência, pela cassação de RenanCalheiros e pela regularização do vínculode trabalho dos selecionados públicos por-que o nosso processo seletivo foi na ver-dade um concurso que Lula nunca quis re-alizar”, disse Fábio Luiz da Silva, doSindsprev e da comissão estadual dos se-lecionados públicos.

Em defesa da universidadepública

Representando o PSTU, Luiz CarlosPrates (o Mancha), enfatizou o caráter mi-litante da marcha. “Nas fábricas os ope-rários pagaram um bônus para fazer essaviagem, um dinheiro ganho com o suor dostrabalhadores. Por isso já fazemos parteda história. Mas precisamos demonstrarao povo que esse governo é dos ricos.Hoje Lula está recebendo lá no Planaltoos 100 maiores empresários do país paralhes dar satisfações”, criticou.

“Sem dúvida a marcha traz um novofôlego para a luta contra as reformas, gerapressão no Congresso e reaglutina as for-ças nacionais do movimento contra as re-formas. Vamos mobilizar os estudantes emsalas de aula, nas ocupações de reitorias e

Macha levou mais de 15 mil pessoas aBrasília, no maior ato contra as políticasneoliberais de Lula realizado nos últimosdois anos em todo o país

A política agrária do governo Lula foicriticada pelo seringueiro Osmarino Amân-cio, um dos mais aplaudidos no carro desom. “Nossa luta é contra as reformasneoliberais e contra a especulação com aterra e as nossas florestas. O Evo Moralesna Bolívia e o Hugo Chaves fazem a refor-ma agrária que Lula nunca fez. Se HeloísaHelena for eleita presidente, teremos refor-ma agrária pra valer”, disse.

“A política energética do governo tam-

Políticas agrária e de energia também foram criticadasbém foi alvo de críticas, nas faixas abertaspela Frente Nacional dos Petroleiros e mi-litantes independentes. Funcionário daPetrobrás, Verli Luis Esteves expressouesse ponto de vista. “Todos nós, petrolei-ros conscientes”, sempre apoiamos asações de Evo Morales sobre as refinariasda Petrobrás porque ela estava exploran-do o povo boliviano. Queremos que aPetrobrás volte a investir no Brasil e expul-se daqui as multinacionais”, resumiu.

nos atos em defesa da universidade públi-ca”, disse Eduardo Rennó Zanata, estu-dante do 9º período de letras da UNB emembro da Conlute (Coordenação Naci-onal de Luta dos Estudantes). Durante amarcha, os estudantes protestaram con-tra o ‘Reuni’, ou decreto presidencial6.096, que força um aumento na relaçãoestudantes/professor — privilegiando as-pectos quantitativos do ensino — e abrin-do caminho para a privatização da univer-sidade pública.

“A reforma da previdência de Lula énefasta porque ele quer igualar o tempo deserviço da mulher ao do homem, o que éainda mais absurdo porque as mulheres játêm dupla ou tripla jornada”, criticou MariaCelina de Oliveira, da direção do Sindsprev.

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�78 DE NOVEMBRO DE 2007

a estimulaia Públicam direitos e à corrupção

Pela primeira vez em Brasília e mora-dor do Parque São Francisco de Paula, nokm 32 da antiga rodovia Rio-São Paulo, emNova Iguaçu, o pedreiro aposentado EmílioLourenço enfrentou 20 horas de uma can-sativa viagem num dos seis ônibus envia-dos pelo Sindsprev-RJ à capital federal.“Lula tem que aumentar o valor dos nossosbenefícios porque estão muito baixos e nin-guém suporta mais. Os salários dos demaistrabalhadores também têm que aumentar eo governo pode fazer isso”, falou.

Na marcha, dois bonecos (de Lula eLuis Marinho) chamaram a atenção. Elesapareciam tentando queimar uma carteirade trabalho, simbolizando o caráter das re-formas empreendidas pelo governo, quetambém atacam os direitos trabalhistas.

“Precisamos derrotar algo muito alémdas reformas, que é o projeto de recoloniza-ção do Brasil posto em prática por Lula”,resumiu o servidor do INSS Luiz FernandoCarvalho.

Também participaram da Marcha re-presentantes do Movimento Terra, Traba-lho e Liberdade (MTL), MNLM (Movi-mento Nacional de Luta pela Moradia),Sepe, Sindicato dos Metalúrgicos (Oposi-ção Metalúrgica de Contagem),PCB,Pastorais Católicas, Fenasps,Fenajufe, Sindipetro de São José dos Cam-pos, Sindicato dos Municipários de PortoAlegre, Cobap (aposentados) e Sintrajud.

Protestos contraa corrupção(acima). Aolado, bomhumor nosbonecos comcríticas a Lula eLuis Marinho

Projetos anti-servidor

DEMISSÕES - O Projeto de LeiComplementar 248, de 1998, regulamentao item da Emenda Constitucional nº 19, queprevê o fim da estabilidade do servidorpúblico. Estabelece como será a demissãode servidores por desempenho“insuficiente”. Aprovado na Comissão deTrabalho da Câmara dos Deputados, oprojeto, que já passou pelo Senado, vaiagora ser apreciado no plenário da Casa.

SALÁRIOS CONGELADOS - O Projeto de LeiComplementar 01/2007, do PAC, restringeas despesas com pessoal por parte daUnião. Na prática congela os salários pordez anos.

PRIVATIZAÇÃO - O PLP 92/2007 autoriza acriação de “fundações estatais de direitoprivado” para contratação de servidorespela CLT. Encontra-se na Comissão deTrabalho, Administração e Serviço Públicoda Câmara dos Deputados e está para servotado.

Acima, Heloísa Helena denuncia medidas anti-servidor

APOSENTADORIA - O PL 1.992/2007 instituia previdência complementar para osservidores públicos e põe fim, para osfuturos servidores, à paridade e àintegralidade da aposentadoria. O projetojoga nas mãos dos bancos privados o‘mercado’ da seguridade do funcionalismo.O governo também tanta aprovar umaterceira etapa da ‘reforma’ da Previdência. OFórum Nacional da Previdência, criado comesse objetivo pelo PAC (Programa deAceleração do Crescimento), já concluiu oseu relatório final.

DIREITO DE GREVE - Projeto de lei dadeputada federal Rita Camata (PMDB-ES)cerceia este direito. O PL 4.497/01 encontra-se para ser votado na Comissão deTrabalho, de Administração e ServiçoPúblico. Já o STF decidiu, no dia 25 deoutubro, que a greve nos serviços públicosdeve seguir as regras do setor privado (Lei7.783/89).

PRECATÓRIOS - A Proposta de EmendaConstitucional 12/2006 retira o caráteralimentar dos precatórios dos servidores,limita os recursos orçamentários para opagamento de tais dívidas e institui osleilões para venda de precatório por menosda metade do valor de face.

Por Hélcio Duarte Filho

projeto de lei que prevê ademissão de servidorespor desempenho “insufi-

ciente” está pronto para ser votado peloplenário da Câmara dos Deputados. O PLP248/98, enviado ao Congresso Nacional nagestão do presidente Fernando HenriqueCardoso, integra um grupo de pelo menosseis projetos de lei em tramitação que mi-ram direitos dos servidores públicos fede-rais.

Do direito de greve à privatização,passando pela aposentadoria, demissões,salários congelados e até mais restriçõespara o pagamento de passivos trabalhis-tas, os projetos agregam aspectos das ‘re-formas’ defendidas pelo governo Lula.

O analista político Antônio Augusto deQueiroz, do Diap (Departamento Inter-sindical de Assessoria Parlamentar), aler-ta para a gravidade das propostas, queagora tramitam de forma acelerada noCongresso. “No momento em que o go-verno federal dispõe de folga de caixa e,portanto, não tem a menor necessidade de

promover ajuste sobre os servidores pú-blicos, contraditoriamente coincide comas maiores ameaças aos direitos do fun-cionalismo nos últimos anos”, escreveuem artigo publicado na página do Diap nainternet.

Duas avaliações negativaslevam à demissão

O projeto que disciplina a demissãode servidores públicos estáveis por insu-ficiência de desempenho regulamentaitem da Emenda Constitucional nº 19, quepôs fim à estabilidade plena do servidorpúblico. Os servidores serão avaliados nosquesitos produtividade, cumprimento denormas de conduta, assiduidade e pontu-alidade.

A avaliação anual ficará a cargo deuma comissão composta por quatro ser-vidores, entre eles o chefe imediato doservidor. Após a primeira avaliação ne-gativa, o servidor é submetido a um pro-cesso de capacitação. Caso seja repro-vado em uma segunda avaliação conse-cutiva, ou em três de cinco avaliações, éinstaurado processo administrativo parademiti-lo. “[O projeto] abre caminho paraa perseguição pelas chefias aos servido-res, inclusive das carreiras exclusivas deEstado”, avisa Antonio Queiroz, do Diap.

Outro projeto que o assessor parla-mentar destaca é a emenda constitucio-nal que trata dos precatórios, espécie derequisição de pagamento de dívidas judi-ciais da Fazenda Pública. “A PEC 12/06institucionaliza o calote no pagamento deprecatório, além de retirar o caráter ali-mentar dos precatórios dos servidores”,critica Antonio Queiroz.

A decisão do Supremo Tribunal Fe-deral de estender ao serviço público aslimitações ao direito de greve previstosna legislação do setor privado é partedesses ataques ao funcionalismo, avaliamdirigentes do Sindsprev-RJ. “É uma de-cisão que é parte da tentativa do governode pôr fim à liberdade do movimento sin-dical”, critica Júlio Tavares, diretor do sin-dicato.

O Sindsprev-RJ participa da campa-nha nacional contra as ‘reformas’ e pro-jetos do governo que atacam os trabalha-dores. Dirigentes do sindicato afirmam,ainda, que o desfecho desses projetos nãoestá decidido e que é possível derrubá-los. E que não será com leis e decretosque Lula conseguirá deter as mobilizaçõese greves do funcionalismo. Para o sindi-cato, a expressiva participação de servi-dores na marcha que ocupou Brasília nodia 24 de outubro é prova disso.

PROPOSTAS DE LULA, FHC, PARLAMENTARES E DO STF

Da demissão asalários congelados,projetos no Congressotêm servidor como alvo

Analista do Diap diz queconjunto de 6 projetos

em tramitação contém as“maiores ameaças aos

direitos do funcionalismonos últimos anos”

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FOTOS: FERNANDO DE FRAMÇA

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8� 8 DE NOVEMBRO DE 2007

Por André Pelliccione

s cerca de 800 agen-tes comunitários desaúde (ACS) e agen-

tes de controle de endemias (ACEs)de Belford Roxo estão em vias de con-quistar a regularização funcional segun-do o disposto na Lei 11.350. Em as-sembléia da categoria realizada no dia31 de outubro, na sede do Sindiquímica,o representante da Secretaria Munici-pal de Saúde, Dr. Luiz Antônio, afir-mou que estão em fase final os enten-dimentos entre a Procuradoria deBelford Roxo e a Câmara de Verea-dores para votação de um Projeto deLei (PL) até o final de 2007. Em nomedo Secretário Fábio Volnei Stasiaki, oDr. Luiz Antônio afirmou ainda que oPL levará em consideração a experi-ência dos atuais agentes como ‘provade títulos’.

No próximo dia 21 de novembro,às 15h, também no Sindiquímica, osACS e ACEs do município fazem novaassembléia como parte da luta pela re-gularização. Ao mesmo tempo, a Re-gional Baixada II do Sindsprev já soli-citou à Câmara Municipal uma audi-ência pública com a finalidade deacompanhar a tramitação do Projeto deLei, que ainda não possui número defi-nido. “Acho que temos boas perspec-tivas de conquistar a regularização fun-cional, mas precisamos continuar vigi-lantes para cobrar o prometido. O cum-primento da Lei 11.350 é nosso direi-to”, analisou Reinaldo Gonçalo Men-des, dirigente da Regional Baixada IIe membro da Comissão de Negocia-ção do Município.

A assembléia do dia 31 teve presen-ça superior a 400 trabalhadores, quemostraram disposição de cobrar o cum-primento da Lei.

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Regularização de ACS e ACEs em BelfordRoxo deve ser votada em dezembroPL em tramitação na Câmara Municipal considera experiência anterior de agentes

Por Vânia Gomes

Comissão de Saúde daCâmara dos Vereado-

res do Rio vai solicitar ao Ministério Pú-blico a abertura de inquérito civil paraapurar responsabilidades em relação aodescumprimento da lei que prevê o re-passe de recursos do governo federalpara pagamento de salário dos agentescomunitários do município. Também vaisolicitar a votação do pedido de convo-cação do Secretário de Saúde para queexplique as denúncias.

A medida foi anunciada em audiên-

ACS DO RIO DE JANEIRO

Câmara pede ao Ministério Público abertura de inquérito contra Prefeitura do RioObjetivo é investigar repasse de recursos do governo federal para pagamento de salário dos ACS

Acia pública convocada pela Comissão deSaúde da Câmara, a pedido do Sindsprev.O sindicato reivindica o cumprimento daLei 11.350, sancionada no ano passado,que regulariza a situação funcional dosagentes comunitários e dos agentes deendemias dos estados, municípios e doDistrito Federal. Na audiência, o presi-dente da comissão de saúde, CarlosEduardo, criticou a Prefeitura do Rio porestar descumprindo a lei.

— Esses trabalhadores desempe-nham uma função de interesse públicorelevante. Eles atuam em locais de difí-cil acesso onde o Estado falha, e são

peças fundamentais na prevenção, de-safogando as emergências — afirma overeador. O vínculo efetivo é uma ex-pectativa legítima dos agentes. É o re-conhecimento do processo seletivo e odireito à estabilidade.

Uma das críticas mais contundentesdos dirigentes do Sindsprev e dos traba-lhadores diz respeito à contratação dosagentes por organizações não-governa-mentais (ONGs) e sem fins lucrativos.A assessora de recursos humanos daSecretaria Municipal de Saúde (SMS),Kelly Rocha, garantiu que esse tipo devínculo é legítimo, porque a legislação

permite. Já a gerente do Programa deSaúde da Família (PSF), Márcia Reis, ex-plicou que a Lei de Responsabilidade Fis-cal impede que a Prefeitura crie cargos.

— Temos um quadro extenso, e exis-tem exigências legais que impedem aampliação do quadro. Estamos fazendoo que é possível e legal, algo que nãocompromete o estado de direito –desconversou.

Os trabalhadores denunciaram casosde assédio moral, desvio de função, per-seguição política, falta de capacitaçãoprofisssional e defasagem salarial. Rei-vindicaram a revisão das demissões.

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Concorrida assembléia de ACS e ACEs mostrou disposição de luta dos trabalhadores pelo cumprimento da Lei 11.350

delegação do município doRio se retirou no último diada V Conferência Estadualde Saúde em protesto con-

tra a redução do número de conselhei-ros municipais na 13ª Conferência Naci-onal de Saúde, que será realizada de 14a 17 de novembro, em Brasília. A quan-tidade de vagas previstas – 52 – foi re-duzida para 34, sem uma explicação ló-gica. Em razão disso, o Sindsprev vai

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Conselheiros municipais deixam a V Conferência Estadual de Saúdeimpetrar mandado de segurança paragarantir as vagas na 13ª Conferência.

O conselheiro Paulo Murilo de Paiva,diretor da Regional Norte do Sindsprev,considerou a decisão absurda porque,segundo ele, o município do Rio é a ‘ca-pital da saúde’, pois dá assistência a pa-cientes de todos os municípios. Aconselheira Edna Theodoro, também di-retora do Sindsprev, criticou a forma au-toritária de intervenção do conselho na-

cional, que determina, além do númerode conselheiros, o que discutir e o quefazer, quando o procedimento deveria sero contrário.

As propostas defendidas na 5ª Con-ferência Estadual de Saúde peloSindsprev foram as mesmas dos eixosde luta da categoria: implementação doPCCS, rejeição da fundação estatal dedireito privado como gestora do SistemaÚnico de Saúde (SUS).

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�98 DE NOVEMBRO DE 2007

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OPor André Pelliccione

s trabalhadores do SistemaNacional de Emprego

(SINE-RJ) podem paralisar suas ativi-dades caso a Secretaria de Trabalho eRenda do Estado (Setrab) continue comsua política de demissões arbitrárias. Em‘Estado de Greve’ desde a assembléiarealizada no dia 19/10, os trabalhadorestambém querem a reversão das cercade 30 demissões efetuadas desde julhodeste ano, o cumprimento do acordo degreve de 2006 e uma solução que ga-ranta a sua permanência após feverei-ro de 2008, quando expira o atual con-trato.

Em reunião com a comissão de re-presentantes dos trabalhadores doSINE-RJ e o Sindsprev, no dia 18/10, oSecretário Estadual de Trabalho e Ren-da, Alcebíades Sabino, alegou que as de-missões ocorrem ‘em função das ne-cessidades de ampliar’ o número deunidades no Estado. “As declaraçõesdo Secretário mostram o uso políticodessas demissões, que atingem gentequalificada e com anos de experiência

Trabalhadores do Sine-RJ podem entrar emgreve contra demissões no Estado do Rio

Trabalhadores do Sine em assembléia na Setrab que aprovou Estado de Greve

no SINE. Com isso, a população tam-bém será prejudicada”, avalia o diretordo Sindsprev Rolando Medeiros.

Termo de Ajuste de Conduta

Os trabalhadores querem a constru-ção de um Termo de Ajuste de Condu-

concurso público para repor mão-de-obra, permitindo a continuidade dos atu-ais servidores do SINE-RJ pelo perío-do de sua vigência; e dar-lhes o temponecessário à preparação para o referi-do concurso. Em geral, um TAC temdois anos de vigência.

Alternativas à demissão

Outra alternativa em debate é pres-sionar pela aprovação da Proposta deEmenda Constitucional (PEC) 54, de1999, que prevê a efetivação de traba-lhadores há mais de 9 anos e 6 mesesde efetivo exercício no serviço público,o que beneficiaria a maioria dos atuaisservidores do SINE-RJ. Atualmente, aPEC tramita no Congresso Nacional,onde já saiu e entrou de pauta inúmerasvezes.

“Precisamos construir um grandemovimento em defesa dos nossos direi-tos e as pessoas precisam participarmais das reuniões”, avalia PatríciaLopes, da Comissão de Trabalhadoresdo SINE-RJ.

ta (TAC), a ser enviado ao MinistérioPúblico do Trabalho, o que permitiria aprorrogação do atual contrato, conquis-tado durante a greve de 33 dias realiza-da em outubro de 2006. O TAC cum-priria duas finalidades: dar ao gestor otempo necessário à preparação de um

IMPOSTO SINDICAL

Por Ricardo Portugal

riado na década de 40 pelogoverno Vargas com o ob-

jetivo de dar impulso ao movimento sin-dical ainda embrionário, o imposto sin-dical hoje serve para manter estrutu-ras sindicais falidas (na questão da lutapor direitos da classe trabalhadora) eque quase sempre não atendem às de-mandas trabalhistas e sociais país afo-ra. Basta abrir os jornais e ver as mor-domias desfrutadas por diversos diri-gentes de sindicatos, levando uma vidanão condizente com a condição de tra-balhadores que dizem representar.Graças ao imposto sindical, muitosdesses sindicalistas chegam a levarvida de rico, andando em carros im-portados, viajando em aviões e heli-cópteros particulares, empregando pa-rentes nos sindicatos que dirigem emorando em casas luxuosas de con-domínios caros.

A pressão fisiológica das centraissindicais governistas (CUT, Força Sin-dical, UGT) pela manutenção da re-galia coincide com o bloqueio, pelo Tri-bunal de Contas da União, dos repas-ses da verba do FAT. Um festival deabusos com o dinheiro público foi des-

Manutenção do impostosindical atende a centrais

sindicais governistascoberto pelo TCU, em que pontuaminúmeras irregularidades na celebraçãode convênios das entidades sindicaiscom o governo.

Para entender a polêmicaO Imposto Sindical desconta um

dia de salário de todo trabalhador dequalquer categoria registrada no Mi-nistério do Trabalho, seja ele sindicali-zado ou não. Em assembléia históricarealizada logo a seguir à sua fundação,o Sindsprev-RJ rejeitou o recebimentodessa contribuição, descontada com-pulsoriamente pelo governo e repassadaa sindicatos, federações e confedera-ções. Desde então, o Sindsprev-RJsobrevive da mensalidade sindical des-contada nos contracheques dos servi-dores sindicalizados.

Apesar de aprovado o fim da co-brança obrigatória na Câmara, a Co-missão de Seguridade Social no Sena-do votou por sua manutenção, pressio-nada pelos sindicalistas ligados ao go-verno. O relator da proposta, PauloPaim (PT-RS), foi levado a modificarseu parecer pelo fim do imposto sindi-cal, no bojo do projeto que legaliza ascentrais sindicais. A proposta aindaserá levada ao plenário do Senado.

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Juíza classifica fundaçõesde “excrescência jurídica”

uma excrescência jurídica’.Com essa frase contunden-te, a juíza Salete Maccalozpôs um ponto final na ‘absur-

da dicotomia da expressão’ (fundaçõespúblicas de direito privado) utilizada pe-los governos para qualificar a nova estra-tégia de privatização da saúde pública,tema do seminário promovido pela Re-gional Niterói. Em tom irônico, ela expli-cou que não existe fundação de direitoprivado.

— Ou é fundação pública ou priva-da’, frisou. ‘Não existe metade de gravi-dez. Isso é uma isca para gastar tempodiscutindo o absurdo. Essas fundaçõesestatais de direito privado equivalem auma nova criatura, um Frankenstein,metade homem, metade mulher’, con-cluiu, ironizando mais uma vez.

A juíza afirmou que essa discussãonada mais é do que uma estratégia docapital para privatizar a saúde pública por-que, segundo ela, ‘esse pessoal (a inicia-

Por Vânia Gomes

tiva privada) está acostumado a ganhardinheiro fácil sem encostar em pessoasdoentes’. Ela alertou que a gestão dasfundações estatais de direito privado pelainiciativa privada dá oportunidade de oempresariado gerir recursos públicos fu-gindo do controle do Tribunal de Contas.

Salete Maccaloz tranqüilizou os ser-vidores públicos quanto às conseqüên-cias jurídicas da criação das fundações.Ela garantiu que os direitos da categorianão serão ameaçados porque estão as-segurados pela Constituição, pelo esta-tuto do funcionalismo e pela Justiça.

Também participaram do seminárioa assistente social Mary Jane Teixeira,do programa de políticas públicas daUERJ, que fez um resumo da reformasanitária, passando pela campanha emdefesa do Sistema Único de Saúde(SUS) e do propósito privatizante de cri-ação das fundações estatais de direitoprivado. O outro convidado foi o secretá-rio de Saúde, Luís Tenório.

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Seminário lotou auditório do CPN, em Niterói

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10� 8 DE NOVEMBRO DE 2007 ENCONTRO DO INSS

Servidores criticam decreto que adia retorno ao INSSDecreto de Lula que ‘regulamenta’ volta de redistribuídos à Receita em ‘lotes’ prevê cronograma que vai até julho de 2008

s servidores redistri-buídos à Receita Fe-deral do Brasil nãogostaram nada do de-

creto do presidente Lula que dificultae retarda o retorno e a permanênciadeles no INSS. Pouco antes do anún-cio do decreto, já insatisfeitos com afalta de definição de como seria a voltaà Previdência, decidiram intensificara mobilização nos estados e instalarum ‘comando’ em Brasília para parti-cipar das negociações e coordenar asatividades nacionais.

As decisões foram tomadas no en-contro nacional do INSS, organizadopela federação nacional (Fenasps), emBrasília, no dia 25 de outubro, dia se-guinte à marcha que levou mais de 15mil a Brasília, entre eles servidores daPrevidência. À noite, os trabalhado-res levaram ao presidente do INSS,Marco Antônio de Oliveira, as reivin-dicações do setor.

O Decreto 6.248, de 25 de outu-bro de 2007, impõe um calendário deretorno que se estende até julho de2008. Contraria, desta forma, a Lei11.457, que prevê o direito de opçãode retorno imediato ao órgão de ori-gem. “O decreto, cujos termos foramnegociados entre o INSS e a SRFB,não contempla a categoria”, disse Fa-biano Villardo, diretor do Sindsprevque esteve na audiência com o presi-dente da autarquia. Ele relata que oencontro decidiu solicitar à assesso-ria jurídica da Fenasps estudo com oobjetivo de ingressar na Justiça paraexigir o cumprimento do direito de re-torno imediato aos quadros do INSS.

Para a servidora Maysa Cabral, odecreto desrespeita o que está pre-visto na lei. “Trataram todo mundocomo se fosse devolução de impostode renda, dividido em lotes”, ironiza.

Receita federal“dificulta” retorno

Na reunião com Marco Antônio foireivindicado que seja estendido aosservidores ‘fixados’ na ProcuradoriaGeral da Fazenda o direito de opção.

O presidente do Instituto alegouque o decreto deve-se à necessidadede ‘zelar pela administração pública’.Disse ainda que pretende implantarum programa de recepção aos servi-dores, com plano de capacitação paranovas atribuições.

O decreto estabelece a seguintecronologia para quem optou por ficarno INSS: 1) 30% até 31 de dezembrode 2007; 30% até 31 de março de2008; e 40% até 31 de julho de 2008.Segundo o decreto, o retorno ocorre-rá de acordo com a ordem cronológi-ca da entrega dos termos de opçãona Receita e será imediato para quemesteja exercendo atividades no INSS.

Há evidente interferência da Re-ceita no caso. Relatos dados no en-contro mostram isso. Representantesdo Distrito Federal disseram que o de-legado da Receita alegou que não po-derá ‘abrir as portas’ caso os traba-lhadores voltem antes de dois anospara o INSS. Para a servidora MaluTitonelli, diretora da Regional Serra-na, isso é inaceitável. “A lei não con-diciona a volta em nenhum momen-to”, afirma. (Hélcio Duarte Filho)

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SS Liberação dos 3,17% só depende da Justiça FederalPor Vânia Gomes

á não depende mais do Sindsprev acelerar a li-beração do pagamento do reajuste de 3,17% dosservidores do INSS. A responsabilidade é da Jus-

tiça Federal do Rio. Assim mesmo, o sindicato continuatomando todas as providências para que isso ocorra rapi-damente, tanto que mantém contato permanente com aJustiça e encaminhou, em CDs, as informações necessá-rias para o cadastramento das requisições de pagamento.

Esse procedimento facilitou muito o trabalho do Judici-ário, porque o setor de informática não precisará cadastraro pagamento de cada servidor individualmente. Está desen-volvendo um sistema de cadastramento único, que proces-sará as informações, contidas nos CDs cedidos pelo sindi-cato, de uma só vez. Da forma como as informações eramprocessadas, a Justiça levaria quase dois anos para liberaro pagamento.

Tão logo essa situação esteja resolvida, o sindicato di-vulgará imediatamente.

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OConcurso e desconto de dias também abordados na audiência

presidente do INSS,Marco Antônio de Oli-veira, disse a dirigen-tes sindicais que até

dezembro será concluída a licitaçãopara empresa que realizará o concur-so público para contratação de doismil servidores, com possibilidade deconvocação de mais mil.

O sindicato, no entanto, conside-ra este número insuficiente para aten-der à demanda no Rio e no país.

Também foi informado que, como sistema reestruturado, a próxima fo-lha de pagamento trará a denomina-ção dos cargos criados pela Lei11.501/07, como técnicos e analistasprevidenciários.

A federação e os sindicatos volta-ram a defender a devolução dos des-contos de dias de paralisação, masMarco Antônio reafirmou o corte deponto como uma “política de governoinegociável”. O departamento Jurídi-co do Sindsprev-RJ estuda entrar coma possibilidade de ajuizar ação pelarestituição do desconto.

Servidores da Previdência participaram da Marcha a Brasília realizada no dia 24,véspera do encontro do INSS e da audiência com o presidente do Instituto

Regional NortecomemoraDia do Servidor

Ar puro e um dia relaxanteà beira mar foram ospresentes da RegionalNorte do Sindsprev paracomemorar o Dia doServidor Público. A data foilembrada com um passeiode veleiro à Ilha Grande, doqual participaram 116pessoas, entre servidores edirigentes do sindicato.Esse tipo de evento serepetiu há dois anos,quando os servidorescomemoraram a data naIlha de Itacuruçá, tambémna Costa Verde.

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�118 DE NOVEMBRO DE 2007

Por Hélcio Duarte Filho

Sem condições de trabalho, servidorestemem ‘tragédia anunciada’ em Caxias

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Na agência do INSS, que teve água da cisternamisturada com esgoto, servidores enfrentamratos, goteiras e rachadura em coluna; obrasprometidas ao MP não começaram

FOTO: ARQUIVO

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Acima, o letreiro daPrevidência Socialcaído na entrada daagência de Duque deCaxias; no alto,detalhe da rachadurana coluna do prédio;ao lado, goteira nosétimo andar; abaixoà esquerda, um dosbanheiros semágua devido àcontaminaçãoda cisterna poresgoto

uem passa por ali pa-rece nem mais reparar.Há pelo menos cinco

anos o enorme letreiro azul e branco daPrevidência Social está caído, pendu-rado, preso apenas em uma extremida-de, bem na entrada da agência do INSSde Duque de Caxias. ‘É um símbolo dascondições do prédio’, sentencia um ser-vidor. Quem sabe um aviso do que areportagem do Jornal do Sindsprev,que visitou a agência em outubro, iriaencontrar.

No dia 19 de novembro faz cincomeses que o procurador da repúblicaAntonio do Passo Cabral, atendendosolicitação do sindicato, recomendouque sejam feitas obras no prédio em nomáximo seis meses. O documento doMP orienta o seguinte ao ministro daPrevidência e à Gerência Executiva doINSS: “promovam, imediatamente, re-paros estruturais de emergência paraevitar desmoronamentos, desabamentosou qualquer abalo físico na construçãodo edifício sede do INSS em Duque de

Caxias (...) que poderiam ocasionar le-são corporal ou morte aos inúmerosservidores públicos e aos administradosusuários do serviço”.

Sindicato pode pedir interdição

Até o momento, no entanto, fez-seapenas a medição do solo. “Se expiraro prazo e não for feito nada, vamos pe-dir a interdição do prédio”, avisa LuisFernando Carvalho, diretor doSindsprev-RJ e funcionário do CRP(Centro de Reabilitação Profissional),que funciona no primeiro andar. “Estãoesperando o quê? Acontecer algumacoisa? Quando fala que cai, cai mesmo,o que estão esperando para tirar a gen-te desse prédio?”, pergunta a assisten-te social Solange.

Para a servidora Teresinha VillasBoas, é preciso tomar medidas urgen-tes para resolver as “condições péssi-mas do prédio”. Ela acredita que o Pro-grama de Gestão do Atendimento, doqual já fez parte, poderia melhorar ascondições de trabalho.

Por enquanto, porém, a insalubrida-de está até no ar. No dia da visita, nãohavia água nos banheiros, interditadospor conta do esgoto que contaminou acisterna. Salas e banheiros cheiravammal. “O prédio está todo com fedor derato podre”, constatou uma servidora.Em certos locais, baldes tentavam re-mediar os estragos das goteiras. Pou-cos dias antes, o alagamento da sub-estação de energia obrigou os servido-res a desligar todos os computadores.O atendimento aos segurados parou.

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O que mais preocupa os servidores éuma rachadura em uma coluna na gara-gem do prédio. A gerente executiva do INSSde Duque de Caxias, Maria de Lourdes,não permitiu a entrada na sala da coluna enão quis falar com a reportagem. A racha-dura, cuja foto publicada nesta página éde outro dia, é o principal fator que levou àrecomendação do Ministério Público.

E há os ratos, que, segundo relatos,chegavam a parar a agência (APS). “Du-rante o dia, eles começavam a descer enem ligavam mais para gente, as meni-nas começavam a gritar, era uma confu-são, parava o atendimento”, garante umaservidora. Eles andam sumidos, por con-ta de uma recente desratização. Mas nemtanto: “Um dia desses apareceu um, pa-recia que era o Fred, mas era desse ta-

“Minha preocupação é com o ‘reverso do avião’”Servidor faz analogia com tragédia na aviação;gerente nega acesso à rachadura em coluna

manho, será que o Fred engordou?”,ironizou uma funcionária de apoio à APS,referindo-se a um roedor já ‘batizado’ pe-los servidores .

A brincadeira com ‘Fred’, porém, nãoatenua os problemas. Poucos dias antes,servidores do sétimo e último andar doprédio observaram que por alguns segun-dos ele literalmente tremeu. “Não tinhatrem passando, não tinha nada, senti umavibração, parecia uma corrente”, relatauma servidora.

“A minha preocupação é com o rever-so do avião, que já tinha avisado, com arachadura do metrô, que já tinha sido vis-ta, enfim, tragédias anunciadas”, alerta oservidor Abel Espingardeiro, referindo-seaos recentes acidentes com o avião daTAM e com o Metrô de São Paulo. (HDF)

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12� 8 DE NOVEMBRO DE 2007

Por André Pelliccione(texto) e FernandoFrança (foto), enviadosa Brasília

onfiança de que a lutapor sua readmissão/reintegração pode-rá avançar concretamente foi o senti-mento dominante entre os mais de 100pedevistas de vários estados que par-ticiparam da I audiência pública doPDV, realizada dia 25 de outubro, naComissão de Constituição, Justiça e Ci-dadania (CCJ) da Câmara dos Depu-tados, em Brasília. Presidida pelo de-putado federal Leonardo Picciani(PMDB-RJ), a audiência ocorreu porsolicitação do deputado Chico Lopes(PCdoB-CE) e do Murp (MovimentoUnificado pela Readmissão/Reintegra-ção dos Pedevistas). Participaram damesa o representante do MURP, Jor-ge Godoy; do Sindsprev-RJ, RolandoMedeiros; o advogado Ulisses BorgesRezende e Picciani.

Como encaminhamento principal, aaudiência reativou a Frente Parlamen-tar Mista do PDV e a CCJ compro-meteu-se a estudar a viabilidade de umProjeto de Lei, Medida Provisória ououtro instrumento legislativo, de suaautoria, prevendo a anistia aos 25 mil

Audiência na Câmara reativa frente parlamentarpela reintegração/readmissão dos pedevistas

Mesa da audiência, com presença do MURP e representante do Sindsprev

pedevistas da administração públicafederal.

Convidado oficialmente para a au-diência, o ministro do Planejamento,Paulo Bernardo, não compareceu enão enviou nenhum representante, ati-tude criticada pelos pedevistas. Essefato levou a CCJ a decidir que, naspróximas audiências sobre o PDV, oministro será convocado [em caráterobrigatório] e não apenas convidado.

“Na época — disse Godoy — amaioria dos servidores públicos esta-

de trabalhadores, como já admitiu opróprio presidente Lula”, completou, aofazer referência à tramitação da PEC54, que prevê a regularização funcio-nal de 310 mil servidores há mais de 9anos e seis meses de vínculo.

Rolando Medeiros, do Sindsprev,reforçou as palavras de Godoy. “Rein-tegrar os pedevistas é, antes de tudo,uma questão de justiça. O governo estáprevendo concursos para mais 40 milservidores. Se existe essa necessida-de, por que não se convocam tambémos pedevistas, como fez com os 5.792mata-mosquitos da Funasa?”, pergun-tou, com críticas à ausência do Minis-tro Paulo Bernardo. “É lamentável queo Ministério não tenha enviado nenhumrepresentante aqui, o que configurouum desrespeito aos pedevistas e a essaComissão [CCJ]”, disse.

Presentes à audiência, os deputa-dos Chico Lopes (PCdoB-CE), autordo requerimento da audiência, BispoManoel Ferreira (PTB-RJ), GeraldoPudim (PMDB-RJ) e Edmar Moreiratambém manifestaram seu apoio à cau-sa dos pedevistas.

Em suas considerações finais,Godoy enfatizou: “A ausência do pla-nejamento é triste e soa como fuga. Esó foge quem está devendo”.

va há anos sem aumento e totalmenteendividada, e teve a ilusão de que a vidairia melhorar ao sair do serviço públi-co, confiando nas promessas não cum-pridas pelo governo, entre elas a derequalificação profissional e financia-mento para montar o próprio negócio”,disse.

O representante do Murp ressaltoutambém a conveniência de retorno dospedevistas. “Constituímos mão-de-obraqualificada e ainda seremos muito úteisao serviço público, que continua carente

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Por André Pelliccione

or uma direção clas-sista e socialista paraos movimentos negros,

com total independência em relação agovernos e patrões; contra as reformasneoliberais do governo Lula e por repa-rações. Para a maioria das 610 pesso-as que participaram do I Encontro Naci-onal de Negros e Negras da Conlutas,essas resoluções são parte de um pro-grama de lutas cujas conseqüênciaspositivas serão sentidas em todas asmobilizações de trabalhadores daqui pordiante.

“Foi emocionante e uma vitória emtodos os sentidos. Ficou evidente quehá socialismo e um setor anti-governono movimento negro”, afirmou, visivel-mente emocionada, após leitura do ma-nifesto final, Dayse Oliveira, do GT deNegros e Negras da Conlutas e mem-bro da delegação que, em junho desteano, foi ao Haiti.

Realizado entre 2 e 4 de novembro,na Uerj de São Gonçalo, o I Encontroteve 3 teses: ‘Construindo a Conlutascomo ferramenta de luta revolucionáriapara o povo negro (MTL- Movimento Ter-ra, Trabalho e Liberdade); ‘Uma luta deRaça e Classe’ (PSTU – Partido Socia-lista dos Trabalhadores Unificado); e‘Hora de Lutar’ (CCI – Coletivo Comu-nista Internacionalista).

Pela retirada das tropasbrasileiras do Haiti

O Encontro consistiu de debates etrabalhos de grupo com as temáticascentrais, como conjuntura nacional e in-ternacional; reparações, ações afirma-tivas e cotas; raça e classe; reformasdo governo Lula; cultura afro-brasileira;mulheres negras; comunidades quilom-bolas; violência e juventude negra.

As principais deliberações foram:combinar políticas anti-racistas com osmovimentos contra as reformas que ti-ram direitos; contra a criminalização dapobreza, dos movimentos sociais e dapopulação negra; retirada dos caveirões

das favelas; contra a redução da maiori-dade penal; por cotas nas universidadesde acordo com o percentual da popula-ção negra; que a Educação faça abor-dagem não-européia sobre a cultura ereligiões da África; política específica desaúde para a população negra; e apoioàs lutas quilombolas, entre outras.

No plano internacional, pela retiradadas tropas brasileiras do Haiti e em so-lidariedade ao militante negro MúmiaAbul Jamal, injustamente preso.

“O que aprovamos vai se contraporaos projetos dos governos, mas é im-portante que se lute todos os dias con-tra o racismo”, afirmou o diretor da Se-

cretaria de Gênero, Raça e Etnia doSindsprev, Osvaldo Sergio Mendes.

“O Encontro dará impulso às lutasdo povo negro por um projeto de nação”,completa Manoel Crispim, da RegionalLagos do Sindsprev.

Reorganização denegros e negras

“O Encontro ajudará muito porquedebateu teorias e prática. Nós, do MTL,trouxemos nossa prática e discutimosisto. Queremos debater nossa presen-ça nas favelas e no campo”, completouSebastião José da Silva (Tão), servidorda saúde e morador do Morro do Esta-do, em Niterói.

“Tiramos a discussão racial da lógi-ca de raça e território, dando-lhe umcorte de classe”, avalia a servidora dasaúde municipal Alessandra Souza,membro do GT nacional de Negros e Ne-gras da Conlutas.

A plenária repudiou declaração dogovernador Sergio Cabral, que, em en-trevista à Folha de S. Paulo, afirmou queas ‘mães de favela geram marginais’.Outra deliberação indica debates sobrecotas para negros, mulheres e GLBT nacoordenação da Conlutas e sindicatos,e sobre estereótipos racistas de lingua-gem.

O I Encontro teve apresentações dogrupo Agbara Dudu, compositor EdinhoOliveira, Rapper Luta Armada, Grupo Le-vante e Movimento Cultural ‘Vai Vai Bra-sil’. Participaram 469 delegados, 86 con-vidados e 33 observadores de 11 esta-dos mais o Distrito Federal.

Plenário do I Encontro, marco na reorganização dos negros brasileiros

I Encontro de Negros e Negras reafirmaluta contra reformas e discriminação

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