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PLANO DE MANEJO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE CURURUPU Versão Simplificada e Resumida São Luís Novembro de 2016

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA

EXTRATIVISTA MARINHA DE CURURUPU

Versão Simplificada e Resumida

São Luís

Novembro de 2016

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Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

(...)

Gonçalves Dias, poeta maranhense

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Equipe de Planejamento

Msc. Desireé Barbosa da Silva – COMAN/ICMBio

Eduardo Henrique Barros – CR4/ICMBio

Msc. Eduardo Borba – Chefe da RESEX

DEICMAR AMBIENTAL

Coordenação

Msc.Vivian Merola

Colabores Técnicos

Ana Claudia Marera dos Santos

Antonio Afonso Cordeiro Jr

Camila Pratalli Martins

Dra. Marisa Fierz

Msc. Fabrício Gandini Caldeira

Dr. Sandro Detoni

COMUNIDADES/LOCALIDADES DA RESEX

Taboa

Mangunça

Caçacueira

São Lucas

Peru

Guajerutiua

Valha-me-Deus

Porto Alegre

Lençóis

Bate Vento

Porto do Meio

Urumaru

Mirinzal

Retiro

Beiradão

Iguará

3

RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

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SUMÁRIO Introdução

Contextualização

Planejamento

Zoneamento

Considerações

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5

INTRODUÇÃO A Reserva Extrativista (RESEX) Marinha de

Cururupu, criada em 2004, é uma Unidade de

Conservação (UC) Federal de Uso Sustentável

considerada a maior em ambiente marinho-costeiro do

Brasil, com aproximadamente 186.000 hectares de

mangues, restingas, apicuns, praias arenosas e

vegetação de terras firmes. O território é utilizado por

populações tradicionais, cuja subsistência baseia-se

principalmente na pesca artesanal. A reserva tem como

objetivo básico a proteção dos meios de vida e da

cultura dessas populações, assegurando o uso

sustentável dos recursos naturais (SNUC - Lei federal

9.885/2000).

Seu interior é ocupado por 12 comunidades de

pescadores artesanais, com um modo de vida

tradicional. Além de mais 4 localidades ocupadas

temporariamente para a realização das atividades

pesqueiras tradicionais.

Conciliar a conservação ambiental, respeitar às

diferenças culturais e o estímulo ao desenvolvimento

local são os principais desafios de gestão da UC.

01

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O presente Plano de Manejo (PM) foi elaborado pela Deicmar Ambiental, empresa de consultoria de Santos/SP,

contratada pelo FUNBIO para esta finalidade. A equipe responsável pela elaboração do Plano esteve em campo em dois

momentos distintos. Na etapa de Reconhecimento de Campo, entre fevereiro e março de 2015, visitaram-se todas as

comunidades da UC, onde as principais ferramentas de diagnóstico foram as reuniões abertas, entrevistas

semiestruturadas e observações participativas da paisagem. Posteriormente, na etapa de Planejamento, em julho de

2015, realizaram-se quatro Oficinas de Planejamento Participativo com representantes de todas as comunidades,

utilizando a metodologia dos “Padrões Abertos” e da cartografia social como instrumento de diálogo e troca de

informações entre pesquisadores e moradores.

Também foram realizadas duas reuniões de planejamento, duas de alinhamento e duas revisões do documento junto ao

Conselho Deliberativo da RESEX.

INTRODUÇÃO

02

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CONTEXTUALIZAÇÃO A RESEX de Cururupu é composta por arquipélagos

de ilhas costeiras na região das Reentrâncias

Maranhenses. Compõe a zona insular do município

de Cururupu, além de tangenciar os manguezais

continentais de Serrano do Maranhão, Porto Rico,

Apicum e Bacuri. Seu limite marinho é dado pela

distância de 2 milhas náuticas a partir da linha de

costa de Cururupu. A UC possui grande

representatividade de ambientes de influência flúvio-

marinha, como manguezais, restingas, apicuns e

lavados, caracterizados pela alta produtividade

pesqueira e diversidade sociocultural.

Porto de Cururupu

03

ACESSOS

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Quem vive ou utiliza os recursos da RESEX?

A RESEX é ocupada por comunidades pesqueiras,

sendo que atualmente abriga 1.229 famílias,

distribuídas em quatro arquipélagos e 12

comunidades. Existem ainda quatro localidades que

não dispõem de serviços e equipamentos da

administração pública municipal.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Quais as comunidades e localidades da RESEX e onde elas estão?

Arquipélago Sul : localidades de Mangunça e

Taboa;

Arquipélago Centro-Sul: Caçacueira, São Lucas e

Peru;

Arquipélago Centro-Norte : comunidades de

Guajerutiua, Valha-me-Deus e Porto Alegre;

Arquipélago Norte ou de Maiaú : comunidades de

Lençóis, Bate-Vento, Mirinzal, Porto do Meio,

Retiro, Iguará e localidades de Beiradão e

Urumaru.

04

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HISTÓRICO DA UC O processo de formação da RESEX, iniciado em 1999, envolveu

tanto a vontade social, como a participação de representantes e

líderes comunitários, quanto política, apoiado pelo Ministério do

Meio Ambiente e prefeito de Cururupu.

Após o desenvolvimento de estudos que destacaram a importância

de proteger o território, em 2004 a área tornou-se oficialmente uma

Unidade de Conservação por meio do Decreto S/N de 02 de Junho

de 2004.

CONTEXTO INTERNACIONAL No âmbito internacional, a RESEX está inserida

nos seguintes programas e políticas de conservação:

Sítio Ramsar

Rede Hemisférica de Aves Limícolas – WHSRN

Metas de AICHI

CONTEXTO NACIONAL No âmbito nacional, a RESEX está inserida nas

seguintes políticas

e programas de conservação:

Amazônia Legal

Polo Ecoturístico da Floresta dos Guarás

Plano de Ação Nacional - PAN Manguezal

Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) do

Estado do Maranhão

Mosaicos de Unidades de Conservação

Você sabe o que é um Mosaico de Unidades de Conservação?

É a gestão integrada e participativa de UCs quando

estas ocupam áreas próximas ou sobrepostas.

05

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CONTEXTO MUNICIPAL A RESEX está inserida no município de

Cururupu, sendo que os seus limites

apenas tangenciam os municípios de Porto

Rico do Maranhão, Serrano do Maranhão,

Bacuri e Apicum-Açu.

Todavia, em função da distância entre as

ilhas do setor norte da UC e a sede do

município, nota-se que estas comunidades

buscam os serviços de saúde, educação e

comércio em Apicum-Açu

CURURUPU O município possui uma população

estimada, no ano de 2015, de 30.913

habitantes, o que representa um

decréscimo de 5% em relação a 2010

(32.652 hab.). É considerado o principal

centro urbano da região, em função

principalmente da presença de

equipamentos urbanos públicos (hospitais,

escolas, prefeitura) e serviços (faculdade,

bancos, farmácias, comércio, linhas de

ônibus).

APICUM - AÇU

O município é mais recente do que

Cururupu, desmembrado de Bacuri em

1994. Possui população estimada, no ano de

2015, de 17.948 habitantes, um acréscimo

de quase 20% em relação a 2010 – cuja

população recenseada pelo IBGE era de

14.959 habitantes.

06

Igreja no centro de Cururupu

Porto de Apicum-Açu

Secretaria de Educação de

Cururupu

Destaque na atividade pesqueira

Cururupu apresenta um dos mais

altos índices de produção

pesqueira, entre os municípios da

costa norte brasileira.

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ANÁLISE DE REPRESENTATIVIDADE DA UC o É a maior reserva marinha do Brasil – protege

180 mil hectares de área total – sendo mais de 59

mil hectares de manguezais;

o Importância para a conservação das aves

costeiras e marinhas - A UC é declarada como um

dos 12 sítios RAMSAR do Brasil;

o A RESEX de Cururupu representa 2% dos

124.362 km² protegidos por reservas extrativistas

federais no Brasil;

o A RESEX contribui para a conservação do maior

bosque contínuo de manguezais do mundo – a costa

norte brasileira;

o Compõe um mosaico de Unidades de Conservação

dos ambientes amazônicos;

A criação da UC é compatível com as Metas de

AICHI, sendo um instrumento de gestão territorial

a favor da sustentabilidade da pesca artesanal e da

valorização dos conhecimentos tradicionais .

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DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

Porque a RESEX é tão importante?

Representa uma área de mais de 185 mil hectares, servindo de berçário para

espécies de peixes e invertebrados aquáticos

É uma área fundamental para o equilíbrio ecológico de diversas espécies da

flora (com mais de 33 Famílias) e fauna silvestre (com mais de 110 Famílias).

Está inserida na maior floresta de manguezal do mundo

É constituída por fitofisionomias de restinga, floresta ombrófila, apicum e

marismas

Considerada um sítio Ramsar: abriga milhares de aves marinhas e costeiras

Abriga diversas espécies de animais silvestres, como tamanduá, guaxinim,

jacarés, jurarás, etc

É área de vida do mero, boto-cinza, tartarugas-marinha e do peixe-boi-marinho

Abriga um importante patrimônio material e imaterial e contribui para a

manutenção da cultura e costumes tradicionais das famílias beneficiárias

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PLANEJAMENTO

O Planejamento da RESEX, foi elaborado com base no diagnóstico científico da

área e nas informações fornecidas pela comunidade, através do método dos

“Padrões abertos para a prática da conservação”. O material apresenta a análise

estratégica, utilizada na construção das estratégias de conservação que visam a

proteção dos recursos naturais da área, bem como a permanência da população nas

praias, além de Programas de Sustentabilidade Ambiental e Social e do

Zoneamento Ambiental. O planejamento nada mais é do que a descrição das

ações que deverão ser realizadas para proteger os recursos naturais da

RESEX e melhorar a qualidade de vida da população.

Participação Comunitária

A participação comunitária foi o fator chave para o

planejamento, a partir do enorme conhecimento sobre a área e

seus recursos naturais.

Durante o planejamento foram

definidos:

o objetivo, missão e visão da RESEX.

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OBJETIVO Conciliar a conservação ambiental e desenvolvimento local, através do ordenamento da

exploração dos recursos naturais e do fomento da qualidade de vida da população beneficiária,

sempre respeitando seu modo de vida tradicional.

MISSÃO Garantir, nesta porção do litoral maranhense, onde se insere a Reserva Extrativista de

Cururupu, os estoques pesqueiros regionais para a manutenção do modo de vida da população

local e um ambiente equilibrado, por meio do uso sustentável dos recursos naturais .

VISÃO PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS

A Reserva Extrativista Marinha de Cururupu, caracterizada pela diversidade e abundância

dos recursos naturais, com um ambiente costeiro equilibrado, que permita a reprodução do

modo de vida tradicional e assegure os estoques pesqueiros para usufruto das presentes e

futuras gerações.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos direcionam as estratégias de conservação e programas, sendo:

Manter os ambientes costeiros, como manguezais, restingas e praias, para provisão dos

serviços ecossistêmicos;

Conservar as espécies marinhas, tais como tartaruga-marinha, cetáceos, mero, cação

espadarte, entre outros;

Valorizar e fortalecer os saberes tradicionais relacionados às artes de pesca, carpintaria naval

e as manifestações culturais típicas;

Promover o desenvolvimento de programas de pesquisa e monitoramento, tais como avifauna,

animais marinhos ameaçados, estoques pesqueiros, manejo do mangue e dinâmica costeira,

visando subsidiar a gestão e o manejo da Unidade de Conservação;

Garantir a reposição dos estoques pesqueiros das espécies de camarão e peixes para usufruto

da população beneficiária;

Diminuir a mortalidade das espécies acidentalmente capturadas durante as pescarias;

Conservar a biodiversidade da flora nativa, com a manutenção da cobertura vegetal e serviços

ecossistêmicos;

Manter os bancos/estoques de mariscos.

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ANÁLISE ESTRATÉGICA A análise estratégica é utilizada para planejar as ações futuras da RESEX, baseadas no diagnóstico do meio e na

participação comunitária. A análise utiliza um modelo conceitual que auxilia na organização das estratégias de

conservação e programas. Este modelo utiliza os seguintes componentes: Alvo de conservação, ameaça, fator

contribuinte e estratégia de conservação, todos escolhidos junto com a população residente na RESEX.

Mas, o que é tudo

isso?

Estratégia de

Conservação

Conjunto de atividades e

ações que objetivam a

redução das ameaças.

Fator Contribuinte

São os fatores sociais, políticos

ou econômicos que perfazem a

ameaça, sendo muitas vezes a

sua origem ou vetor.

Ameaças

São as ações humanas (ou

fenômenos agravados pelo

homem) que põe em risco o

equilíbrio ecológico do alvo.

Alvos de conservação:

É aquilo que se deseja ou precisa

conservar, pode ser um ecossistema,

processo ecológico ou (conjunto de)

espécies. São o foco das estratégias de

conservação.

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Elaboração do Modelo Conceitual

junto com a população local.

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MODELO CONCEITUAL

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QUEM SÃO OS ALVOS DE CONSERVAÇÃO DA RESEX? PEIXES COMERCAIS – Espécies exploradas pela pesca, essenciais para a manutenção da biodiversidade marinha e da

economia local. Alguns deles são: pescada-gó (Macrodon sp.), pescada-amarela (Cynoscion sp.), corvina-mole

(Cynoscion sp.), corvina (Micropogonias sp.), bandeirado (Bagre sp.), uriacica (Arius sp) e uritinga (Arius sp).

CAMARÃO: Espécies exploradas pela pesca, essenciais para a manutenção da biodiversidade marinha e da economia

local. As espécies são: camarão-cascudo (Farfantepenaeus subtilis), camarão-branco ou graúdo (Litopenaeus sp.) e

camarão-piré ou sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri).

ANIMAIS AQUÁTICOS AMEAÇADOS – São as espécies encontradas na UC, classificadas sob algum grau de ameaça pela

IUCN e Lista Oficial Nacional das Espécies Ameaçadas e sob maior vulnerabilidade na área– Boto-cinza (Sotalia

sp.), Tartarugas-marinha (todas as espécies), Mero (Epinephelus sp.) e Cação-espadarte (Pristis sp.).

MARISCOS – Espécies exploradas, sobretudo para a subsistência familiar, assim como pela captura por não

beneficiários. As espécies consumidas pelas comunidades são: sururu-de-dedo (Mytella sp.), sururu-de-pasta (Mytella

sp.), sarnambi (Amalocardia sp.) e ostra . O alvo também abrange o caranguejo-uça (Ucides sp.), este também

explorado por não beneficiários.

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MANGUEZAL – Formação vegetal de maior extensão e importância ecológica na RESEX. As principais espécies vegetais

são: mangue-vermelho (Rhizophora sp.), Siriba (Avicennia sp.) e Tinteira (Laguncularia sp.).

RESTINGA – Representa a segunda formação vegetal da RESEX, rica em espécies de pequeno e médio porte, como o

barbatimão e mangue de botão. As espécies vegetais ajudam na fixação das dunas, como a salsa-da-praia, e na

proteção dos lençóis freáticos.

FLORESTA OMBRÓFILA – Formação vegetal presente em áreas com solo firme e menos arenoso, como em Mangunça.

Abriga espécies animais e vegetais não observados em outras áreas da UC.

AVES – São as espécies de aves marinhas e costeiras que habitam ou migram para a RESEX, tornando a UC um

ponto essencial nas rotas migratórias. Também compõe o alvo, os rapinantes e outros grupos descritos para o local,

representados especialmente pela curica, sabiá-da-praia e pipira-azul que sofrem com o tráfico de animais.

17

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OBJETIVOS DOS ALVOS

AMEAÇAS As ameaças relacionadas aos alvos de conservação foram apontadas pela população residente na RESEX e reafirmadas

a partir de pesquisa bibliográfica. A seguir são descritas as ameaças mais significativas:

Alvos de

conservação Objetivos específicos

Pescados comerciais Garantir a reposição dos estoques pesqueiros das espécies de pescados comerciais para

usufruto da população beneficiária

Camarão Garantir a reposição dos estoques pesqueiros das espécies de camarão para usufruto da

população beneficiária

Animais aquáticos

ameaçados Diminuir a mortalidade das espécies acidentalmente capturadas

Mariscos Manter os bancos/estoques de mariscos

Manguezal Manter a cobertura vegetal e serviços ecossistêmicos dos manguezais

Restinga Conservar a biodiversidade da flora nativa

Floresta Ombrófila Conservar a biodiversidade da flora nativa

Devido a presença de ameaças menos significativas, as aves não serão trabalhadas nas estratégias. Porém, existem

atividades presentes nos Programas que protegem especificamente este grupo.

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Quais são as ameaças que mais atingem os alvos? E como atingem?

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Ameaças Alvo O que causa

Uso inadequado da

flora nativa

Restinga

e Floresta Ombrófila

Perda de cobertura e biodiversidade vegetal;

Aceleramento da erosão costeira;

Perda de áreas usadas como pouso e ninhal pelas aves;

Diminuição do acúmulo de água doce;

Criação de animais

sem

ordenamento

Restinga

e Floresta Ombrófila

Perda de cobertura vegetal;

Desestabilização das dunas;

Pesca no período

reprodutivo ou de

indivíduos imaturos

Pescados comerciais ,

mariscos e camarão

Diminuição da biomassa de peixes e camarões;

Interrupção do ciclo reprodutivo da biodiversidade aquática;

Mais gente pescando

Pescados comerciais,

mariscos e camarão

Diminuição da biomassa de peixes e camarões;

Pesca acidental Animais aquáticos

ameaçados

Mortalidade de animais aquáticos;

Diminuição do fitness;

Pesca com apetrechos

irregulares ou

técnicas

predatórias

Animais aquáticos

ameaçados, Pescados

comerciais, mariscos e

camarão

Diminuição da biomassa de peixes e camarões;

Extinção local de espécies de peixes, camarões e mariscos.

[1] Fitness- Capacidade de um indivíduo em se desenvolver, encontrar um parceiro e se reproduzir com sucesso, ou seja, deixar descendentes saudáveis da espécie.

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20 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

.

PROMOVER O USO ADEQUADO DO RECURSO FLORESTAL COM APRIMORAMENTO DAS TÉCNICAS

AMEAÇA VINCULADA: Uso inadequado da flora nativa

QUAL O OBJETIVO DESTA ESTRATÉGIA?

Fazer o uso sustentável da flora nativa, garantindo a manutenção da biomassa e diversidade vegetal em harmonia

com as necessidades da população local.

COMO A AMEAÇA SERÁ COMBATIDA?

Com os beneficiários fazendo um manejo sustentável da flora nativa

Atividades

1.1. Planejar, junto com a comunidade, o manejo sustentável a partir da utilização das

técnicas identificadas nas áreas disponíveis.

1.2. - Promover o manejo sustentável dos recursos florestais

ESTRATÉGIAS Após o estudo científico da UC e do levantamento, junto com os moradores, dos alvos de conservação e suas

respectivas ameaças, foram definidas 3 estratégias de conservação. Após cada estratégia é apresentada a cadeia de

resultados, ou seja, a representação dos passos que serão seguidos para que o resultado seja alcançado.

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Cadeia de resultados da estratégia –

Promover o uso adequado do recurso florestal com aprimoramento das técnicas de uso

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PROMOVER O ORDENAMENTO DOS ANIMAIS DE

PEQUENO E MÉDIO PORTE

AMEAÇA VINCULADA: Criação de animais sem

ordenamento

QUAL O OBJETIVO DESTA ESTRATÉGIA?

Minimizar o impacto na vegetação local a partir do

ordenamento dos animais de criação.

COMO A AMEAÇA SERÁ COMBATIDA?

Com os animais criados de forma pouco impactante, em

harmonia com os ambientes naturais

Atividades

02. Adotar práticas de mínimo impacto na criação

de animais de pequeno e médio porte

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Cadeia de resultados da estratégia - Promover o ordenamento dos animais de pequeno e médio porte

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IMPLEMENTAR E AMPLIAR O

ORDENAMENTO DA PESCA

AMEAÇAS VINCULADAS: Pesca no período

reprodutivo ou de indivíduos imaturos; Mais

gente pescando; Pesca acidental e Pesca com

apetrechos

irregulares ou técnicas

predatórias

QUAL O OBJETIVO DESTA ESTRATÉGIA?

Garantir a manutenção da atividade pesqueira

da população local a partir do equilíbrio ecológico

entre a fauna aquática e da proteção das espécies

ameaçadas.

COMO A AMEAÇA SERÁ COMBATIDA?

Cessando a pressão sobre o recurso a partir da manutenção

do esforço de pesca aos níveis atuais;

Diminuindo a mortalidade dos animais ameaçados

capturados acidentalmente;

Pescadores deixam de capturar indivíduos no período

reprodutivo ou na fase juvenil;

A partir da não utilização das técnicas de pesca e petrechos

proibidos;

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Atividades

03 - Mitigação da pesca de indivíduos no período reprodutivo ou imaturos sexualmente pelos pescadores da RESEX

04 - Contribuição para elaboração de uma proposta de Defeso objetivando a extinção da pesca no período reprodutivo ou de

indivíduos imaturos

05. Redução ou manutenção do esforço de pesca

06. Redução da mortalidade dos animais acidentalmente capturados

07. Articular, junto aos órgãos governamentais, a proteção e manutenção do estoque pesqueiro na área da APA Estadual

Reentrâncias Maranhenses.

08. Substituição das artes de pesca e petrecho ilegais

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. CADEIA DE RESULTADOS

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PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E SOCIOECONÔMICA Os Programas foram elaborados com base no Modelo Conceitual, eles orientam o desenvolvimento de atividades e ações,

visando a conservação ambiental, a melhoria das condições de vida da população e a valorização da cultura tradicional.

Programa de Consolidação de limites Descrição: Durante a elaboração do Plano de Manejo da

RESEX Cururupu verificou-se inconsistências nos limites

cartográficos na porção continental da RESEX. O

Programa visa fornecer subsídios para a revisão dos

limites continentais e o ajuste do limite oficial.

Objetivo: Subsidiar a revisão dos limites continentais da

RESEX de Cururupu para realizar o ajuste necessário no

limite oficial desta UC.

Atividades:

1 Revisão de Memorial Descritivo – com base nos diagnósticos

elaborados e na situação da RESEX de Cururupu e comunidades do

entorno, na análise da demarcação física realizada em 2012 e das

posições técnicas da equipe de consultoria Deicmar Ambiental e

DCOL, elaborar proposta de revisão dos limites, atestando se as

comunidades Pindobal e Cachoeirinha estão fora dos limites da

RESEX.

2 Revisão do Mapa de zoneamento – com base no Memorial

Descritivo revisado, adequar o mapa de zoneamento em

conformidade com os ajustes realizados no limite oficial da RESEX.

3 Revisão da Demarcação e Sinalização de Limites – ajustar a

demarcação e sinalização dos limites da RESEX após adequação do

Memorial Descritivo contribuindo para a implantação de políticas de

fiscalização e proteção das áreas protegidas pela UC.

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Programa de Educação Ambiental Descrição: O Programa trabalha com a população

através do entendimento das ameaças e impactos

ambientais e sociais, do treinamento para o uso de

técnicas pouco impactantes, e do abandono de práticas

ecologicamente incorretas ou ilegais.

Objetivo: Capacitar a população local para a mitigação

das ameaças diretas e adoção de práticas ou

comportamentos que ajudem na conservação da fauna e

flora local e do ambiente como um todo.

Atividades:

1 Elaborar e executar atividades de sensibilização sobre

as ameaças identificadas e capacitar a população para a

execução de práticas mitigadoras dos impactos causados;

2 Divulgar, junto às comunidades do entorno, as restrições legais

da pesca na RESEX e as características dos beneficiários da UC;

3 Elaborar material informativo sobre a RESEX, para ser afixado

nos principais portos de origem dos pescadores externos;

4 Articular parceria com o Projeto Meros do Brasil para a

sensibilização com a população contra a captura e consumo do

mero nos principais portos da região e nas comunidades da

RESEX;

5 Elaborar material didático para ser distribuído e/ou afixado na

RESEX trabalhando especificamente as ameaças identificadas no

modelo conceitual

6 - Capacitar os comunitários com relação às normas do Acordo

de Gestão e adoção de práticas condizentes com o documento ou

que auxiliem na substituição de práticas vigentes e não

condizentes com as regras

28

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29

Programa de Fortalecimento Comunitário, Gestão Participativa e Qualidade de Vida Descrição

Repousado no tripé “fortalecimento comunitário, participação e incremento na qualidade de vida local”, o programa visa estimular

a organização comunitária local, criar condições para maior participação dos beneficiários na gestão da UC e,

consequentemente, conseguir incrementos na qualidade de vida da população residente.

Objetivo: Fortalecer a organização social dos pescadores e pescadoras artesanais, valorizando atividades sustentáveis ao

mesmo tempo em que se estimula a participação na gestão da UC e o incremento na qualidade de vida local.

SUBPROGRAMA ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA

Descrição: Considerando que um dos princípios do Plano Nacional de Áreas Protegidas é a promoção da participação e

inclusão social e na gestão das áreas protegidas, o subprograma visa fortalecer a organização comunitária. Neste sentido, a

organização pode potencializar a gestão da UC, somando forças na defesa de seus interesses comuns.

Objetivos: Fomentar a organização comunitária, dando continuidade e apoio às organizações já existentes.

Atividades

1 Promover o Programa "Jovens como Protagonistas do Fortalecimento Comunitário"

na RESEX de Cururupu;

2 Estimular e apoiar os pescadores a adquirir a documentação necessária para exercer

a atividade pesqueira (RGP)

3 Estruturar projeto com estratégia para mobilização das mulheres e articular

atividades específicas com este grupo;

4 Realizar levantamento de demandas e articular a realização de capacitações para as

comunidades tradicionais.

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SUBPROGRAMA DE GESTÃO PARTICIPATIVA

Descrição

O subprograma visa o incremento da participação comunitária na gestão da UC, de forma a promover a gestão

descentralizada de diversos aspectos da gestão da RESEX, especialmente capacitando diferentes grupos e promovendo

intercâmbios.

Objetivo

Fomentar a gestão participativa da UC, criando formas de capacitação e desenvolvimento conjunto com as comunidades

beneficiárias.

Atividades

1 Fortalecer o conselho da UC junto às suas bases institucionais e comunitárias;

2 Elaborar um plano de ação para o Conselho Consultivo e realizar o monitoramento mantendo o mesmo atualizado e em

execução;

3 Realização de intercâmbios envolvendo o conselho da UC;

4 Realização de capacitações para o Conselho da UC.

30

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31 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

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SUBPROGRAMA DE SANEAMENTO BÁSICO

Descrição

A criação do Programa se deve a carência de saneamento básico e coleta de lixo na RESEX, serviço municipal

obrigatório, que não é oferecido. O programa se justifica pelos potenciais impactos ambientais gerados no descarte

inadequado de resíduos e dos problemas com a saúde da população, principalmente quanto ao consumo de água não

tratada e esgoto.

Objetivo Fomentar as práticas de gestão de resíduos sólidos perigosos e não perigosos e a promoção do saneamento

básico nas praias.

Atividades

1 Contatar a Prefeitura, a partir de representantes da RESEX (associação), para expor as demandas de coleta de lixo e

assistência à instalação de fossas sépticas;

2 Articular com planos e programas de fomento ao Saneamento Básico, como por exemplo, a FUNASA ou com

instituições de pesquisa para instalação de sistemas alternativos de tratamento de esgotos domésticos e/ou incentivar a

adoção de tratamento de água de baixo custo;

3 Incentivar a criação de um sistema de separação de resíduos recicláveis no interior das comunidades e organizar o

transporte periódico para o local de destinação no município.

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Programa Turismo de Base Comunitária Descrição

O programa visa estimular o desenvolvimento do turismo de base comunitária, entendido como uma atividade potencialmente

harmônica com os objetivos da UC e com o interesse das comunidades. Com motivações ecológicas, culturais e recreativas, o

turismo de base comunitária pode ser uma importante fonte de renda, a partir da valorização cultural e dos recursos naturais.

Objetivo: Ordenar e planejar a atividade turística que naturalmente se desenvolve na RESEX, de modo à otimizar a geração de

renda, atenuar potenciais conflitos e valorizar a cultura local.

Atividades

1 - Pesquisar junto à população o interesse e aceitação para o desenvolvimento das atividades;

2 - Criar ou retomar parcerias para capacitação de moradores como monitores ambientais e para o recebimento e

hospedagem dos turistas;

3 - Divulgar o ecoturismo da RESEX em mídias eletrônicas, especialmente aquelas dentro da área ambiental – que possui

grande interesse em conhecer melhor a UC

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Programa de Proteção da RESEX Descrição

O programa de Proteção da RESEX evidencia e planeja as atividades de Proteção da RESEX, visando principalmente o combate

às ações ilegais que ocorrem na UC, sejam elas executadas por beneficiários ou não.

Objetivo: Objetiva a proteção dos recursos da UC e, consequentemente, a garantia de manutenção desses recursos explorados

tradicionalmente pelas populações beneficiárias.

SUBPROGRAMA DE ELABORAÇÃO DO PLANO DE PROTEÇÃO DA RESEX

Descrição

O subprograma subsidia a elaboração do Plano de Proteção da RESEX, documento este mais detalhado quanto à

operacionalização das principais ações de fiscalização e combate às ameaças externas e práticas ilegais ocorrentes na UC.

Objetivo

Elaborar e executar o Plano de Proteção da RESEX

Atividades

1. Elaborar o Plano de Proteção da RESEX de modo a subsidiar ações de fiscalização mais assertivas;

2. Empreender as ações de fiscalização, combatendo diretamente as ameaças e evidenciando a presença do Estado no

território, de modo a estimular o cumprimento da legislação;

3. Incentivar os moradores para o registro da ocorrência de captura para o comércio e caça de aves, sistematizando tais

informações;

4. Mapear as rotas de tráfico de aves visando operações de fiscalização;

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5. Organizar fiscalizações pontuais para o combate à caça de aves;

6. Organizar fiscalizações pontuais para o combate à captura de aves motivada pelo comércio de animais silvestres;

7. Incentivar os moradores para o registro da ocorrência da pesca do peixe mero, sistematizando as ocorrências descritas;

8. Articular com órgãos ambientais competentes (EXEMPLO: IBAMA, Polícia Ambiental e SEMA/MA) para a fiscalização do

comércio do mero nos portos da região;

9. Fiscalizar de forma assertiva o cumprimento do acordo de gestão a partir de ações organizadas pela gestão da RESEX com

auxílio das atividades de monitoramento e denúncia.

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35 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

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SUBPROGRAMA DE RETIRADA DOS BOVINOS

Descrição

A criação de animais de grande porte é uma atividade proibida em RESEXs, conforme Lei 9.985/2000. Os rebanhos

bovinos existentes na ilha de Mangunça e na região de Aracajá são em sua maioria de propriedade de terceiros, isto é,

não beneficiários. Desta forma, visando à conservação dos ecossistemas de restingas e florestas ombrófilas e

consequentemente de toda riqueza biológica associada, faz-se necessária a retirada destes rebanhos.

Objetivo

Fornecer os subsídios técnicos e legais para a elaboração dos acordos de retirada do gado bovino, como um Termo de

Ajuste de Conduta – TAC.

Atividades

1. Comunicar as comunidades sobre as ações que serão realizadas com o objetivo de retirar os bovinos da UC;

2. Contatar o Ministério Público para a elaboração do TAC;

3. Iniciar o processo de diálogo e apresentação do TAC, negociando as condições para a retirada do gado;

4. Pesquisar e implementar alternativas de substituição do recurso financeiro originado a partir da criação do gado

bovino.

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Programa de Comunicação Descrição

Considerando que a origem de muitas ameaças identificadas está na exploração dos recursos por pessoas não beneficiárias,

faz-se necessária a comunicação da RESEX com seu entorno e também com o contexto nacional.

Objetivo

Difundir as restrições legais do território protegido da UC, de modo a coibir a presença de pescadores de outros municípios,

facilitar as ações de educação ambiental com as populações do entorno e divulgar a Reserva para o meio acadêmico e outros

interessados, como a demanda turística, através, principalmente, da AMREMC.

Atividades

1 Estabelecer um canal de comunicação com a rede mundial de computador, de modo a valorizar as atividades realizadas,

fomentar o encontro de potenciais parceiros; divulgar informações relacionadas à RESEX e as condições para a realização de

atividades que necessitem do acesso de imprensa, como gravação de reportagens e documentários;

2 Estabelecer canais de comunicação com as comunidades presentes nos limites da UC (Aquiles Lisboa, Maracujatiua, Ceará,

Arapiranga, Palacete, Cachoeirinha e São Paulo), à margem do contexto virtual. Desta forma, devem-se procurar parceiros

locais que ajudem a divulgar comunicações da RESEX, tais como festividades, campanhas de educação, notícias e

regramentos;

3 Divulgar as demandas de pesquisa para universidades e projetos de conservação.

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Programa de Gestão e Administração Descrição: O Programa visa otimizar a gestão da RESEX, estruturando os protocolos e procedimentos existentes, assim

como sistematizando os procedimentos administrativos conforme normas de gestão do ICMBio, especialmente aqueles

relacionados às particularidades da UC em campo.

Objetivo: Contribuir para a gestão e administração da UC, de modo à estabelecer procedimentos administrativos

fundamentais para a geração de dados sistematizados; identificar parceiros para pesquisas, monitoramento e aprendizagem

e; evidenciar a necessidade de incremento de mão de obra especializada na gestão da UC.

Atividades:

1 Elaborar o plano anual de trabalho da Unidade, alinhado com o planejamento estratégico do ICMBio e com o Plano de

Manejo;

2 Mapear editais e projetos para a sustentabilidade econômica e financeira da RESEX, incluindo aqueles que ampliem a

sua autonomia financeira e a viabilização da infraestrutura necessária à execução de ações requeridas pela Administração

da UC;

3 Sensibilizar as instâncias superiores do ICMBio visando a ampliação do quadro de servidores e colaboradores, por meio

do concurso público e concurso interno de remoção;

4 Dotar a RESEX com serviços para a manutenção de seus equipamentos;

5 Elaborar e gerir o programa de voluntariado na RESEX de Cururupu;

6 Elaborar um sistema de acompanhamento de gestão;

7 Estabelecer e fortalecer novas parcerias para auxílio na gestão da RESEX.

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Programa de Pesquisa e Monitoramento Descrição: O programa está relacionado com o direcionamento e incremento dos estudos científicos e monitoramento

ambiental elaborados para a RESEX de Cururupu. As pesquisas contribuem para a avaliação dos recursos naturais, de

forma a auxiliar na conservação da área e gestão da UC, além de preencher as lacunas de conhecimento identificadas ao

longo do diagnóstico da UC. Ainda busca o desenvolvimento de pesquisas necessárias para o combate de ameaças

identificadas no modelo conceitual, especialmente aquelas relacionadas à fauna e que não foram contempladas nas estratégias.

Objetivo: Desenvolver as informações prioritárias para os objetivos da RESEX, isto é, para o sucesso de suas estratégias e

programas.

Atividades:

1 Estimular e apoiar o desenvolvimento da pesquisa científica na RESEX, priorizando aqueles temas já identificados enquanto

lacunas de conhecimento.

SUBPROGRAMA DA FAUNA

Descrição: O programa destina-se ao desenvolvimento de ações ou estudos que ajudem na proteção e conservação de

espécies da fauna local que estejam sob pressão de alguma ameaça atual e direta identificada no modelo conceitual, priorizada

ou não nas estratégias.

Objetivo: Conservar as espécies da fauna a partir de ações preventivas ou mitigadoras de ameaças já identificadas.

38

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39 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

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Atividades:

1 Fomentar parcerias para o levantamento de dados ecológicos sobre as principais espécies traficadas, especialmente a

densidade populacional da pipira azul, curica e sabiá da praia e para o mapeamento das áreas de ninhais. Os dados indicarão

se existe alguma queda na densidade populacional que possa estar relacionada com a captura, além de indicar os prováveis

períodos da captura;

2 Identificar as espécies de tartaruga-marinha que ocorrem na RESEX, principais atividades humanas próximas aos locais de

postura e sítios de alimentação utilizados pelos animais, conhecer os locais com maior incidência de captura e quantificar os

indivíduos soltos com vida e as taxas de mortalidade (os dados fundamentarão o desenvolvimento da atividade 5);

3 Registrar e mapear, de forma participativa, as principais áreas e épocas de postura de tartaruga-marinha (os dados

fundamentarão o desenvolvimento da atividade 5);

4 Estudar a ocorrência, índice de mortalidade, a dinâmica de uso da área, reprodução e cuidado parental do boto-cinza (Sotalia

guianensis) (os dados fundamentarão o desenvolvimento da atividade 5);

5 Avaliar a necessidade de limitar o uso das áreas ou atividades nos locais ou períodos de maior mortalidade de animais

aquáticos;

6 Avaliar a densidade populacional e condições ecológicas dos bancos de molusco-bivalve

7 Avaliar a produtividade biológica nas cabeceiras

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Programa de Apoio à Navegação Descrição: A navegação é o principal meio de transporte da RESEX, assim, observa-se a necessidade de monitoramento

e melhoria no transporte. Dessa forma, o programa visa fornecer subsídios à navegação por meio da elaboração de

estudos batimétricos, cartas náuticas e material de divulgação.

Objetivo: Fomentar a elaboração de um mapa de apoio à navegação na RESEX, com informações batimétricas,

fisiográficas ou oriundas do conhecimento tradicional da população local; identificar as áreas que oferecem riscos à

navegação, como fundos rochosos e naufrágios antigos.

Atividades

1 Elaborar um SIG onde constem todas as informações relevantes à navegação, de modo a produzir materiais de apoio

oriundos do acúmulo de informações;

2 Levantar, junto à população local, a localização aproximada dos principais naufrágios e pontos de interesse à

navegação;

3 Incentivar pescadores para a regularização das embarcações junto com a Capitania dos Portos;

4 Articular parceria com a Capitania dos Portos para o controle do fluxo de Veleiros Internacionais que aportam na

Baia de Lençóis.

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41 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

.

Estratégias Ações Início

Promover o uso adequado do recurso florestal com

aprimoramento das técnicas de uso

01a

01b

01c

01d

01e

Promover o ordenamento dos animais de pequeno e

médio porte

02a

02b

02c

02d

Implementar e ampliar o ordenamento da pesca

03a

03b

03c

04

05a

05b

05c

05d

05e

05f

05g

05h

06a

06b

06c

07a

07b

07c

07d

Programas de Sustentabilidade

Prazo

de

início

Programa de Consolidação de Limites

Programa de Educação Ambiental

Programa de Fortalecimento comunitário, Gestão Participativa

e Qualidade de Vida

Programa Turismo de Base Comunitária

Programa de Proteção da RESEX

Programa de Comunicação

Programa de Gestão e Administração

Programa de esquisa e Monitoramento

Programa de Apoio a Navegação

Cronograma de execução das estratégias e programas

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ZONEAMENTO O Zoneamento Ambiental se refere ao estabelecimento de setores ou zonas visando ordenar os usos do território e atender

aos objetivos propostos da UC. Baseia-se principalmente na legislação ambiental, na diversidade e representatividade de

paisagens, na situação fundiária, nos usos atuais e pretéritos e na forma como a população local divide, categoriza e utiliza

seu espaço (MMA, 2009). O Zoneamento da RESEX também foi baseado nas normas do Acordo de Gestão.

42

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FIGURA ZOENAMENTO DA RESEX

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Zona Primitiva – ZP

Definição: Zona voltada à manutenção do ambiente natural com a menor influência humana possível.

Descrição dos limites: Interior dos bosques e franja frontal do mangue não abrigado, se estendendo até o limite terrestre

do manguezal; incluiu o entorno das cabeceiras, apicuns, áreas de ninhais e de dormitório de aves. Inclui ainda áreas onde a

vegetação é imune ao corte, como na região do Perical ao São João Mirim – conforme descrito no Capítulo VII do Acordo de

Gestão.

Objetivo: Preservação do ambiente natural pouco modificado, considerando ainda os habitats associados – especialmente

relevantes enquanto abrigo e local de desenvolvimento de diversas espécies de pescados.

Normas: São permitidos apenas os usos indiretos, tais como a pesquisa científica, educação ambiental e a visitação.

Zona de Uso Madeireiro Tradicional – ZUMT

Definição: Zona voltada ao manejo sustentável dos recursos madeireiros e não madeireiros fundamentais para a

manutenção do modo de vida tradicional.

Descrição dos limites: Franja marginal de 200 metros ao longo dos canais e furos dos manguezais, excetuando as cabeceiras

e franja frontal do mangue – isto é, não é diretamente impactada pelos processos erosivos decorrentes da ação das marés.

Objetivo: Manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano, garantindo a reprodução do modo de vida

tradicional por meio da exploração de recursos florestais e o extrativismo associado.

Normas: É permitida, aos beneficiários, a retirada de madeira para subsistência e de Produtos Florestais Não Madeireiros,

em acordo com os capítulos IV e V do Acordo de Gestão. É permitida, aos beneficiários, a cata de crustáceos e bivalves, em

acordo com o capítulo V do Acordo de Gestão. Estimula-se a visitação, pesquisa científica e educação ambiental.

44

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45 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

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Zona de Uso Comunitário - ZUC

Definição: Zona voltada à manutenção do modo de vida tradicional da população extrativista local, correspondendo às áreas

exploradas e apropriadas pelas comunidades – constituindo assim parte de seu território. É a zona que reúne as características

mais valorizadas pela atividade turística - como praias, dunas e restingas no entorno das comunidades.

Descrição dos limites: Correspondem às restingas, dunas e praias arenosas da UC, excetuando as restingas de Aracajá e

Mangunça, onde predominam atividades conflitantes com a RESEX. Refere-se às áreas de terras firmes de uso comum.

Objetivo: Visa o uso sustentável dos recursos naturais, com respeito ao modo de vida tradicional, buscando promover o

desenvolvimento local, o turismo de base comunitária e o incremento da qualidade de vida.

Normas: São permitidas as atividades tradicionalmente desenvolvidas, cujo ordenamento está descrito no Acordo de Gestão,

como o extrativismo vegetal (Capítulo IV), criação de animais de pequeno porte (Capítulo VI), recreação e lazer (Capítulo VII),

visitação (Capítulo IX) e a pesquisa científica (Capítulo XII). Nesta zona será permitido à instalação de infraestruturas públicas

não passíveis de licenciamento como as de apoio à navegação (piers, ranchos de pesca e atracadouros), de abastecimento

(poços, cisternas) e de qualidade de vida (postes, torres de telefonia, geradores fotovoltaicos) desde que submetidas à

aprovação do Conselho Deliberativo e à chefia da UC.

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46 Plano de Manejo Participativo da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA

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Zona Populacional - ZP

Definição: Zona correspondente a área ocupada pelas comunidades e localidades povoadas da RESEX, destinada à receber os

equipamentos de infraestrutura necessários ao apoio à gestão e incremento da qualidade de vida da população local.

Descrição dos limites: Corresponde às áreas de ocupação permanente ou sazonal da RESEX, isto é, as comunidades de

Mangunça, Taboa, Caçacueira, São Lucas, Peru, Guajerutiua, Valha-me-Deus, Porto Alegre, Lençóis, Bate Vento, Porto do Meio,

Mirinzal, Urumaru, Beiradão, Retiro e Iguará. Somam-se a estas as residências isoladas já estabelecidas, que em função da

escala do mapeamento, não são representadas na cartografia.

Objetivo Geral: Harmonizar a área de residência das comunidades tradicionais com o planejamento da UC, estimulando a

melhoria da qualidade de vida e da realidade local.

Normas: É permitida a prática de atividades tradicionais e/ou daquelas necessárias para a manutenção da população, desde que

respeitados os capítulos VII, VIII, IX, X, XI e XIII do Acordo de Gestão. Estimula-se a instalação das infraestruturas

indispensáveis à melhoria da qualidade de vida – tal como piers, praças, quadras poliesportivas/campos de futebol, iluminação

pública e equipamentos de saúde, desde que submetidos à aprovação da Gestão da RESEX. A abertura de poços artesianos

para captação de água só poderá ocorrer em áreas onde não ocorre a influência da maré, sempre após a autorização da Gestão

da UC e, para poços em áreas coletivas, após aprovação da comunidade. São permitidas as atividades de pesquisa científica,

educação ambiental e turismo de base comunitária.

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Zona de Uso Conflitante - ZUCON

Definição: Zona correspondente às áreas onde são desenvolvidas atividades conflitantes com os objetivos e normas da

RESEX, como a pecuária extensiva de bovinos. Esta zona também contempla as áreas de salinas ativas (Iguará e Ilha das

Moças) existentes na RESEX, entendo-se que tais salinas correspondem a uma atividade antiga, tradicional e necessária

para a subsistência da população (conservação do pescado). Porém, devido à proibição de extrativismo mineral contida no

SNUC, a construção de novas salinas torna-se proibida.

Descrição dos limites: Referem-se às grandes áreas de criação extensiva de bovinos (parte das restingas de

Mangunça/Taboa e de Aracajá), as áreas de salinas existentes (Iguará e Ilha da Moça) e os 2 imóveis existentes na UC,

cuja origem é anterior à criação da RESEX: uma edificação existente na Ilha das Moças e uma antiga fábrica de

beneficiamento de camarão, na Ilha do Tucum.

Objetivo Geral: Evidenciar os usos e atividades conflitantes mais relevantes à gestão territorial da UC, visando à

resolução dos possíveis conflitos e posterior recuperação ambiental.

Normas: São permitidas as atividades tradicionalmente desenvolvidas, cujo ordenamento está descrito no Acordo de

Gestão, como o extrativismo vegetal (Capítulo IV), criação de animais de pequeno porte (Capítulo VI), recreação e lazer

(Capítulo VII e IX), visitação nas áreas das salinas e mosteiro e a pesquisa científica. Nesta zona espera-se também a

instalação de infraestruturas públicas de apoio à navegação (piers, ranchos de pesca e atracadouros), de abastecimento

(poços, cisternas) e de qualidade de vida (postes, torres de telefonia, geradores fotovoltaicos), desde que submetidos à

aprovação da Gestão da RESEX. A construção de novas salinas fica proibida.

47

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Zona de Recuperação - ZR

Definição: Zona voltada à recuperação do equilíbrio do ambiente degradado e/ou modificado, visando o

restabelecimento dos serviços e dinâmicas ambientais originais.

Descrição dos limites: Refere-se as áreas de apicuns modificados para a instalação de salinas, localizados

próximos à Bate Vento, Ilha do Tucum e Porto do Meio.

Objetivo Geral: Restabelecer os serviços ecossistêmicos e dinâmicas ambientais dos ambientes degradados e/ou

modificados.

Normas: É permitida a visitação pública educativa. Após a recuperação, este ambiente deverá ser convertido para Zona

de Uso Comunitário. Não serão instaladas infraestruturas nesta zona, com exceção das necessárias aos trabalhos de

recuperação, pesquisa, educação e visitação. As instalações de apoio aos trabalhos de recuperação serão provisórias, de

preferência construídas em madeira. Os resíduos sólidos gerados deverão receber tratamento adequado. Caso sejam

identificadas novas áreas com necessidade de recuperação estas deverão ficar sujeitas às mesmas regras da ZR.

Zona Marinha de Proteção - ZMP

Definição: Zona marinha destinada à preservação ambiental e manutenção dos estoques pesqueiros.

Descrição dos limites: As cabeceiras presentes no interior dos arquipélagos da UC. Trata-se de uma zona bem

difundida no interior da RESEX - incluindo a totalidade das cabeceiras (muitas das quais não constam no mapeamento,

em função da escala apresentada).

Objetivo Geral: Manutenção do habitat para o desenvolvimento dos organismos aquáticos através da proteção das

cabeceiras dos cursos d’água.

Normas: O único uso direto dos recursos é a cata de mariscos (sururu, siri, ostra e caranguejo), desenvolvida nas

franjas e margens de todos os canais, furos e cabeceiras, respeitando o disposto no Cap. III do Acordo de Gestão. Não é

permitido o uso de nenhum apetrecho de pesca, inclusive o puçá de arrasto. Salvo tal exceção, são permitidos apenas os

usos indiretos, tal como a visitação, educação ambiental e pesquisa científica.

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Zona Marinha de Uso Compartilhado - ZMUC

Definição: Zona marinha destinada ao uso compartilhado dos recursos pesqueiros entre a população beneficiária

extrativista local.

Descrição dos limites: Inclui a totalidade do espelho d’água da RESEX, excetuando as cabeceiras dos furos e canais

presentes no interior dos arquipélagos.

Objetivo Geral: Garantir a manutenção do modo de vida tradicional e o equilíbrio ambiental através da exploração

sustentável dos recursos pesqueiros.

Normas: São permitidas a atividade pesqueira tradicional praticada pelos beneficiários da UC (Perfil do Beneficiário –

ANEXO III), normatizadas nos capítulos I e II do Acordo de Gestão, além de atividades recreativas, navegação, educação

ambiental e pesquisa científica.

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Quadro de Áreas em função das tipologias de Zona da RESEX Zonas Área (ha) % em relação à RESEX

ZP 54.338 29,68

ZUMT 14.904 8,14

ZUC 7.035 3,84

ZP 271 0,15

ZAC 1.273 0,70

ZR 272 0,15

ZMP 846 0,46

ZMUC 104.160 56,89

Área total da RESEX 183.099 100,00

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Zona de Amortecimento – Mosaico das Reentrâncias Maranhenses A Zona de Amortecimento “define e caracteriza uma área no entorno da Unidade”, cujo propósito é “minimizar

ameaças e impactos negativos sobre a mesma”. Devem ser estabelecidas as formas de uso dessa área e a restrição de

atividades impactantes (IN 01/07). É uma área de contato entre a UC e a região onde se insere.

Considerando que a RESEX de Cururupu se sobrepõe (ocupa parte da mesma área) à APA Estadual das Reentrâncias

Maranhenses, seu entorno é um território especialmente protegido pelo poder público municipal – com fins de

conservação ambiental. Nestes casos, o SNUC aconselha um modelo de gestão integrada, na forma de Mosaico de

Unidades de Conservação. A regulamentação do SNUC estabelece que o conjunto de unidades de conservação só

passa a ser tratado como mosaico após seu reconhecimento no Ministério do Meio Ambiente a pedido dos órgãos

gestores das unidades. Desta forma, recomenda-se a gestão do entorno da RESEX Marinha de Cururupu através do

modelo de Mosaico, onde o ordenamento do entorno estará inserido nos limites da APA das Reentrâncias

Maranhenses.

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CONSIDERAÇÕES Todos os dados levantados durante a elaboração do Plano de

Manejo evidenciam a imensurável importância da RESERVA

EXTRATIVISTA DE CURURUPU para a conservação dos

manguezais maranhenses, estoques pesqueiros e tantos outros

importantes recursos naturais, além da proteção e valorização da

população tradicional que residem na área.

O Plano de Manejo é uma importante ferramenta utilizada para

a gestão da reserva, uso sustentável dos recursos naturais e

conservação da biodiversidade. Assim, a partir das estratégias de

conservação e zoneamento ambiental, o Plano visa minimizar os

impactos negativos sobre a UC, garantir a manutenção dos processos

ecológicos e proteger os ecossistemas e espécies associadas.

Espera-se que o presente Plano de Manejo auxilie de forma

eficiente na gestão e proteção da RESEX, e que o ambiente, suas

espécies residentes e migratórias e as comunidades tradicionais

tenham capacidade de se manter na área, sendo exemplo da

convivência harmônica entre o homem e a natureza. 56

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