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Artigo de Revisão Relampa 2012;25(2):107-116 107 Otimização do marcapasso na ressincronização cardíaca: importância da ecocardiografia Optimization of biventricular pacing: role of echocardiography Optimización del marcapasos en la resincronización cardiaca: importancia de la ecocardiografía Adelino PARRO JúNIOR 1 , Bruno C RIBEIRO 2 , Jose Augusto Martins MENEGHINI 3 , Ilana Cristina SINCOS 4 , Frederico Fonseca de OLIVEIRA 5 , Ana Carolina Freua FONTES 6 , Marta Lancia Carramona CHERUBINI 7 , Oswaldo Tadeu GRECO 8 Relampa 78024-XXX Resumo: A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) promove beneficios clínicos para a maior parte dos pacientes com insuficiência cardíaca refratária secundária a disfunção ventricular esquerda importante e prolongada condução interventricular. Uma programação adequada do atraso atrioventricular pode ser também importante para maximizar a resposta da função ventricular esquerda. Vários métodos Doppler-ecocardiográficos têm sido relatados como de grande utilidade para determinação do intervalo atrioventricular (IAV) ideal. Esta revisão abordará os vários parâmetros Doppler-ecocardiográficos utilizados na programação do IAV ótimo em pacientes submetidos a TRC. Descritores: Ecocardiografia, Ressincronização, Insuficiência Cardíaca Abstract: e cardiac resynchronization therapy (CRT) improves clinical benefits for most patients with refractory heart failure secondary to severe left ventricular dysfunction and prolonged interventricular conduction. A suitable programming of the atrioventricular delay may also be important to maximize the response of left ventricular function. Several Doppler echocardiographic methods have been reported as useful for the determination of an ideal atrioventricular interval (IAV). is review discusses the various Doppler-echocardiographic parameters used in the programming of an optimal IAV in patients undergoing CRT. Keywords: Echocardiography, Resynchonization, Heart Failure Resumen: La terapia de resincronización cardiaca (TRC) brinda beneficios clínicos a la mayor parte de los pacientes con insuficiencia cardiaca refractaria, secundaria a disfunción ventricular izquierda importante y prolongada conducción interventricular. Una programación adecuada del retraso auriculoventricular puede ser también importante para maximizar la respuesta de la función ventricular izquierda. Se han relatado distintos métodos Doppler-ecocardiográficos como de gran utilidad para la determinación del intervalo auriculoventricular (IAV) ideal. Esta revisión abordará los varios parámetros Doppler- ecocardiográficos utilizados en la programación del IAV óptimo en pacientes sometidos a la TRC. Descriptores: Ecocardiografía, Resincronización, Insuficiencia Cardiaca 1 - Médico especialista em Cardiologia pela AMB. Coordenador do Setor de Ecocardiografia do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC). 2 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no IMC. 3 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no IMC. 4 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no IMC. 5 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no IMC. 6 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no IMC. 7 - Médica Cardiologista com habilitação em Ecocardiografia pela AMB. Médica Assistente do Setor de Ecocardiografia do IMC). 8 - Médico Cardiologista. Doutor em Ciências da Saúde. Coordenador do Setor de Marcapasso do IMC. Correspondência: Adelino Parro Júnior. Instituto de Moléstias Cardiovasculares - IMC. Rua Castelo d’Água, 3.030. CEP:15015-210 - São José do Rio Preto, São Paulo - Brasil Artigo submetido 5/2012 e publicado em 09/2012.

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Artigo de Revisão

Relampa 2012;25(2):107-116

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Otimização do marcapasso na ressincronização cardíaca: importância da ecocardiografiaOptimization of biventricular pacing: role of echocardiographyOptimización del marcapasos en la resincronización cardiaca: importancia de la ecocardiografía

Adelino PARRO JúNiOR 1, Bruno C RiBEiRO 2, Jose Augusto Martins MENEGhiNi 3, ilana Cristina siNCOs 4, Frederico Fonseca de OLivEiRA 5, Ana Carolina Freua FONTEs 6, Marta Lancia Carramona ChERuBiNi 7, Oswaldo Tadeu GRECO 8

Relampa 78024-XXX

Resumo: Aterapiaderessincronizaçãocardíaca(TRC)promovebeneficiosclínicosparaamaiorpartedospacientescominsuficiênciacardíacarefratáriasecundáriaadisfunçãoventricularesquerdaimportanteeprolongadacondução interventricular.Umaprogramaçãoadequadadoatrasoatrioventricularpodeser também importante paramaximizar a resposta da função ventricular esquerda. VáriosmétodosDoppler-ecocardiográficostêmsidorelatadoscomodegrandeutilidadeparadeterminaçãodointervaloatrioventricular (IAV) ideal. Esta revisão abordará os vários parâmetros Doppler-ecocardiográficosutilizadosnaprogramaçãodoIAVótimoempacientessubmetidosaTRC.

Descritores:Ecocardiografia,Ressincronização,InsuficiênciaCardíaca

abstract: Thecardiacresynchronizationtherapy(CRT)improvesclinicalbenefitsformostpatientswithrefractoryheartfailuresecondarytosevereleftventriculardysfunctionandprolongedinterventricularconduction.Asuitableprogrammingoftheatrioventriculardelaymayalsobeimportanttomaximizetheresponseofleftventricularfunction.SeveralDopplerechocardiographicmethodshavebeenreportedasuseful for thedeterminationof an ideal atrioventricular interval (IAV).This reviewdiscusses thevariousDoppler-echocardiographicparametersusedintheprogrammingofanoptimalIAVinpatientsundergoingCRT.

Keywords: Echocardiography,Resynchonization,HeartFailure

Resumen:Laterapiaderesincronizacióncardiaca(TRC)brindabeneficiosclínicosalamayorpartedelospacientesconinsuficienciacardiacarefractaria,secundariaadisfunciónventricularizquierdaimportanteyprolongadaconduccióninterventricular.Unaprogramaciónadecuadadelretrasoauriculoventricularpuedesertambiénimportanteparamaximizarlarespuestadelafunciónventricularizquierda.Sehanrelatado distintos métodos Doppler-ecocardiográficos como de gran utilidad para la determinacióndel intervalo auriculoventricular (IAV) ideal. Esta revisión abordará los varios parámetrosDoppler-ecocardiográficosutilizadosenlaprogramacióndelIAVóptimoenpacientessometidosalaTRC.

Descriptores:Ecocardiografía,Resincronización,InsuficienciaCardiaca

1 - Médico especialista em Cardiologia pela AMB. Coordenador do setor de Ecocardiografia do instituto de Moléstias Cardiovasculares (iMC). 2 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no iMC. 3 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no iMC. 4 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no iMC. 5 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no iMC. 6 - Médico Cardiologista. Estagiário em Ecocardiografia no iMC. 7 - Médica Cardiologista com habilitação em Ecocardiografia pela AMB. Médica Assistente do setor de Ecocardiografia do iMC). 8 - Médico Cardiologista. Doutor em Ciências da saúde. Coordenador do setor de Marcapasso do iMC.

correspondência: Adelino Parro Júnior. instituto de Moléstias Cardiovasculares - iMC. Rua Castelo d’Água, 3.030. CEP:15015-210 - são José do Rio Preto, são Paulo - Brasil

Artigo submetido 5/2012 e publicado em 09/2012.

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Parro Júnior A, Ribeiro BC, Meneghini JAM, sincos iC, Oliveira FF, Fontes ACF, Cherubini MLC, Greco OT.

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introduçãoAprogramaçãoadequadadosintervalosatrio-

ventricular(IAV)einterventricular(IVV)empor-tadoresderessincronizadorcardíacopoderesultarem benefícios decorrentes do funcionamentoplenododispositivoedamelhorperformancesis-tólicadoventrículoesquerdo1,3.

O IAV ótimo de um marcapasso é definidocomooperíododetempoquepermiteaconclu-sãodacontribuiçãoatrialparaoenchimentodias-tólico, resultando em pré-carga favorável antesda contração ventricular. Um IAV demasiada-mente curto resulta emausência ou interrupçãodocomponenteatrial(onda“A”dofluxomitral)devido à contração ventricular prematura e aofechamentodavalvamitral.Poroutro lado,umatraso AV muito prolongado pode resultar empré-cargasubótimaouinsuficiênciamitral(IM)diastólica,podendotambémpermitiraconduçãodoestímulopelosistema intrínsecodopaciente,frustrandoafinalidadedaterapiaderessincroni-zaçãocardíaca(TRC)4.

Embora a importância da sincronia AV sejainquestionável, a necessidade de otimização doIAV pelaDoppler-ecocardiografia é controversa,porindefiniçãoquantoàabordagemideal.Hádeconsideraraindaosdesafioslogísticosdecoorde-nação entre o laboratório de ecocardiografia e aequipe técnica da eletrofisiologia para melhoraro desempenho do dispositivo de programação.Auricchio et al. concluíramque, emboramuitasvezesoajustedoIAVproduzamelhorahemodi-nâmica, a ressincronizaçãodadissincronia intra-ventricularéofatormaisimportante5.

Atualmente,muitos centros utilizam empiri-camente configurações de IAV entre 100 a 130milissegundosparaaTRC.Outroscontamcomalgoritmos de otimização de IAV com base emdadosdoECGparaaproximaroatrasoAVótimocomoPR(ms)x0,50,seoQRSfor>150ms,ouPR(ms)x0,70,seoQRSfor<150ms6.

Sawhneyetal. 7conduziramumestudopros-pectivo randomizado com 40 pacientes subme-tidos a TRC, em que compararam intervalosAV otimizados pelo fluxo aórtico, avaliados porDoppler,comumintervalofixoAVde120ms.OscasoscomIAVotimizadoapresentarammelhoradaclassefuncionalNYHAedaqualidadedevida,embora sem resultados significativos na cami-nhadade6minutosounafraçãodeejeçãono3ºmêsapósoimplante.

Emoutroestudo,215pacientessubmetidosaotimizaçãoAVpelométododeRitterouiterativoreceberamprogramaçãodoIAVparaobtençãodeumfluxomitralcompadrãodealteraçãodorela-xamento(E/A<1).Desses,49%jáapresentavam

alteraçãodorelaxamento(AR)noecocardiogramabasal e a reprogramação do IAV não alterou deformasignificativaofluxomitral.Entretanto,noscasoscompadrãopseudonormal (PN)ourestri-tivo(PR),aotimizaçãodoIAVmelhorouoenchi-mentodiastólicoem9%8.

TrezemesesapósaTRC,nãoseobservoudife-rençanaclassefuncionalounamortalidadeentrenosgruposcomIAVmaioroumenorque140ms.Adicionalmente, a diferença entre a média doIAVbasaleapósaotimizaçãomostrou-semuitoreduzida(120vs135ms,respectivamente),commelhora hemodinâmica em uma minoria. OsautoresconcluíramqueoscasoscompadrãoARnãonecessitavamdeotimizaçãodoIAV,enquantoaquelescomatrasonaconduçãointra-atrialpode-riamobtermaiorbenefíciodoprolongamentodoIAV(entre150e250ms),poismostravamsupres-são importante da onda de contração atrial dofluxomitral aoDopplerquandoumIAVmuitocurtoeraprogramado8.

Métodos de mensuração do IaV ótimo ao ecocardiograma

Descrevem-se na literatura diversas maneirasdetentaratingirumaprogramaçãoidealdoIAVpara melhor desempenho cardíaco promovidopelaTRC(Tabela1).

OmétodopropostoporRitteretal.eomé-todoiterativoutilizamoDopplerpulsátilnofluxomitral e o Doppler pulsátil (PW) ou contínuo(CW)nofluxoaórticoparaavaliarejeçãoventri-cularesquerdaduranteosajustesdoIAV9,11.

Ritteretal.propuseramsincronizarotérminodacontraçãoatrialcomoiníciodasístoleventri-cular, o que requer uma programação com IAVcurto (aproximadamente 50 ms) e longo (entre200e250ms)paraavaliaro impactonoenchi-mentodiastólicofinal.OatrasoAVfoidetermi-nado corrigindo-se o IAV longo pela diferençadotemponotraçadoDopplerentreosintervaloslongoecurto(Figura1)10,11.OIAVqueresultouem melhor enchimento ventricular correlacio-nou-se com amelhorana aceleração endocárdiamáximadeterminadaporumsensorposicionadono ápice do ventrículo direito para mensurar afunçãosistólicaglobal11.

Kindermann et al. também constataramme-lhora do volume sistólico, avaliada pormeio decardiografiadeimpedância,aocompararaprogra-maçãodoIAVcomumIAVfixo12.Ametodolo-giapropostaporRitteretal.mostrou-seeficientetambémparapacientescomdisfunçãoventricularesquerda13.

Ométodo iterativo émais simples e começacom a programação do ressincronizador com

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Tabela 01: Otimização do intervalo atrioventricular na terapia de ressincronização cardíaca

Referência n Método de otimização Efeito de otimização

Tempo de otimização

após implante

Atraso médio

IAV(MS)IVV

otimizadoRando- mização

Estudo cego

Seguimento(meses)

Otimização evolutiva

Sawhneyetal7 40 VTIAo +10pontosQOL,+0,6NYHA,+4,4%VSVE

<24hs 119+/34 N S S 3 S

Meluzinetal17 18 FluxoMitral +0,2L/MINDCSwanGanz

3meses 148+/-17 N N S N

Porcianietal4 21 lPM -0,49IPM <24hs 97+/-27 S N N N

Scharfetal29 36 VTIVSVE +0,47cm/sVTIVSVEpor10bpmaumpor20msdeaumIAV

Nãodeclarou 99+/-19 N N S N

Riedlbauchovaetal21

19 DCVSVE +0,6l/minDCpelaVSVE,+2,7%FE-VE,1-NYHA

Nãodeclarou 140 S N N 6 Nãodeclarou

ODonnelletal32

40 MétodoRitter 93%pacientesrequeremreotimização

<24hs 126 S N S 9 S

Jansenetal23 30 1-VTImitral,2-DFT,3-VTIAo,4-Ritter

+233dynas/s(+32%);correlaçãoc/dP/dtinvasivo:(1)>(2)>(3)>(4)>;

<24hs 120+/-26 S N N N

Kerlanetal19 40 1-VTIAo,2-MétodoRitter

(1)+19%VTIAo,(2)+12%VTIAo

<24hs 119+/-34 N N N N

Kediaetal8 215 MétodoRittereiterativo

Nãodiferemortalidade,+9%dospacientes≥1estágiodafxdastolica

<30dias 135+/-40 N N N 13 Nãodeclarado

Stockburgeretal25

26 1-PEP-VE,2-IVV,3-FT,4-IPM

-27msPEP-VE,-43msIVV,+0,09FT,-0,36IPM

<3dias Nãodeclarado

N N N 21 Nãodeclarado

Porcianietal33 22 IPM -0,40IPM,82%dospacientesrequeremreotimização

<1semana 115+/-24 S N N 12 S

Moralesetal18 41 dP/dt +0,9NYHA,+4,6%FE-VE

2-4meses 103 N N Simples 6 Nãodeclarado

Zhangetal34 31 MétodoRitter

56%dospac.Requeretamreotimização

<24hs 99+/-30 N N S 16 S

Vidaletal16 100 Iterativo +0,7L/minDCpeloVTIAo;+56minTC6M

24-72hs 137 S N N 6 Nãodeclarado

Hardtetal22 33 VTIVSVE +26mTC6M,-599ng/NTproBNP

31+/-8semanas

Nãodeclarado

N N N 43dias Nãodeclarado

QOL: qualidade de vida pelo questionário de Minnesota em insuficiência Cardíaca; DC: débito Cardíaco; VTI: integral da velocidade de fluxo; dP/dt: variação máxima da pressão/variação do tempo; IVV: intervalo interventricular; VSVE: via de saída do ventrículo esquerdo; Ao: aórtico; NYHA: classe funcional de New York Heart Association; IPM: índice de performance miocárdica; PEP-VE: período de pré-ejeção do VE; TC6M: teste da caminhada de 6 min; NTproBNP: peptídeo natriurético cerebral; DFT: tempo de enchimento diastólico.

intervalosAVgeralmentelongos,quesãogradual-mentereduzidos(acada20ms,porexemplo)atéaproximadamente60ms(Figura2).OmenorIAVquepermiteaseparaçãoadequadadasondas“E”e“A”eotérminodaonda“A”aproximadamente40a60msantesdoiníciodopróximoQRSéconsi-deradoumatrasoAVotimizado,correspondendogeralmenteaograuIdopadrãodedisfunçãodias-

tólica14.Essemétodo foi empregadonaotimiza-çãodoressincronizadordoestudoCARE-HF15eporVidaletal.16.

Ressaltam-se alguns aspectos técnicos comooposicionamentodovolumedeamostragemdoDopplerpulsátildofluxomitralpoucoabaixodopontode coaptaçãodos folhetos, emdireção aoátrioesquerdo,paraotimizaradetecçãodoesta-

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(IAVótimo-50ms)oumaislonga(IAVótimo+28msemmédia)(4,5+0,7vs4,3+0,7vs4,4+0,8l/min,respectivamente;p<0,01paraambos).No entanto, ospacientes incluídosno estudo jáfaziamusodo ressincronizadorpor aproximada-mentetrêsmesesea frequênciacardíacaprogra-mada foide10batimentos acimada frequênciaintrínsecadopaciente,nãohavendodescriçãodasmedidas ao Doppler sem o ressincronizador ouduranteritmoatrialpróprio.

Aderivadapositiva(dP/dt+)dacurvaderegur-gitaçãomitralobtidapormeiodoDopplerpulsá-tilcorrelaciona-seadequadamentecomaderivadapositivadacurvapressão-volumeobtidainvasiva-menteefoiavaliadaporalgunsautoresmedianteavariaçãodoIAV.OsresultadosmostraramqueaotimizaçãobaseadanodP/dt +foisuperioraoIAVfixode120ms,definidopela respostada fraçãode ejeção após seismesesde evolução18, emboratenha sido descrita ampla variação na obtençãodessamedida(>40%)(Figura4).

Uma variação do método iterativo utiliza otraçadodofluxoaórticoparacálculodovolumesistólicodeejeção,sendooIAVidealaquelequeresultaemmaiorintegraldavelocidadedofluxoaórticoapósaumentosprogressivosdoatrasoAV(de60até160ms,comaumentosde20ms,porexemplo),intercaladosporumperíododeesperade10a15ciclosapóscadaincremento19,22.

AobtençãodotraçadodevelocidadedofluxoaórticopodeserrealizadapeloPWoupeloCW(Figura 5). Estudos relataram a utilidade desseparâmetroaoCW,mensurandoaintegraldavelo-cidadeacadamodificaçãodoIAVeverificandoomaiorvalor.

Em um estudo randomizado de pacientessubmetidosaTRC,aprogramaçãodoatrasoAVpeloVTIaórticoresultouemmelhoriadaclassefuncionalNYHAeaumentodafraçãodeejeção

Figura 01: Cálculo do intervalo atrioventricular ótimo (IAVo) pelo método proposto por Ritter et al, onde mensura-se o in-tervalo de tempo entre o início do QRS e o término da onda “A” (QA) durante uma programação do marcapasso com intervalo AV longo (A) e curto (B). Utilizando a fórmula proposta pelos autores, o IAVo resultante foi 190 ms (C).

a B

c

Figura 02: Imagens do fluxo mitral obtida a partir do corte api-cal 4 câmaras demonstrando o método iterativo de adequação do intervalo átrio-ventricular (IAV). Procedeu-se a redução gradual do IAV a partir de 240 ms até 80 ms, observando-se a melhor representação do traçado espectral pela maior velocidade da onda «A» (D) e sem o aparecimento de insuficiência mitral diastólica (A) ou interrupção precoce da onda «A» (E).

lidodefechamentomitral,alémdamaiorveloci-dadedevarreduradotraçado,comotraçadodoECGbemvisível.

Outra alternativa mais simplificada para ocálculo do IAVótimo, proposta porMeluzin etal.17, baseou-se na obtenção desse intervalo pormeiodasubtraçãoentreoIAVlongoeotempoentreotérminodoenchimentomitral(ondaAdofluxomitral)eo iníciodacurvade insuficiênciamitral,correspondenteaocomponentediastólicodebaixavelocidadedorefluxo(Figura3)Haveriaassimumaadequaçãoentreoenchimentodiastó-licoeacontraçãosistólicaventricularsubsequente.Utilizandoocateterismoeoecocardiogramaparaanalisarodébitocardíaco,essesautoresobtiverammelhores resultados com o IAV ótimo relativa-mente a um IAV com programação mais curta

Figura 03: Esquema mostrando a correção do intervalo AV longo pelo intervalo de tempo do jato da insuficiência mitral de baixa velocidade (intervalo t1), derivando o intervalo AV ótimo. IM = insuficiência mitral; IAV = intervalo atrioventricular.

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após três meses de evolução, em comparaçãocomumgrupocomIAVfixode120ms7.OIAVidealquepromoveuomaiorVTIaórticofoimaiselevadoqueoIAVótimoderivadodométododeRitter,nãohavendocorrelaçãoentreosmétodos19.Entretanto, o tempo de enchimento diastólicoaumentou significativamente, independente dométodoempregado.

As vantagens do CW sobre o PW são: 1) aamostragemfixadoPWpodevariarcomomo-

vimentocardíacoduranteasístole;2)oCWfor-nece maior demonstração da característica dofluxodevidoamaior largurado feixe;3)oCWpromovemaiorresoluçãodotraçado,commenorvariaçãocicloaciclo.

Alguns contratempos do emprego do VTIaórtico são o tempo maior requerido para suarealização, a manutenção da posição do cursorduranteasváriasprogramaçõesdoIAVeareali-zaçãodeaomenostrêsmensuraçõesparaamédiadoVTIemcadaprogramação.CasoamédiadoVTInasdiferentesprogramaçõessejasemelhante,pode-seempregaropicodevelocidadeparadeter-minaromaiseficiente.

Outramaneiradeavaliaroresultadodamodi-ficaçãodoIAVépelamedidadaintegraldacurvadevelocidadedofluxomitral(Figura6).Jansenet al.23 verificarammelhor correlação entre esseparâmetro e a derivada positiva da curva pres-são-volume no estudo hemodinâmico invasivo,comparado à integral da velocidade do fluxoaórticoou aométododeRitter.Entretanto, osautores não relataram o cálculo hemodinâmicodovolumesistólicooudodébitocardíaco,alémdaobtençãoda integralda velocidadedofluxoaórticotersidorealizadasempadronização,utili-zandoCWouPW.

Oíndicedeperformancemiocárdica(IPM)ouíndicedeTeiébaseadonasomadosperíodosdecontração(TCIV)erelaxamentoisovolumétricos(TRIV)divididapelotempodeejeçãoventricular(TE), sendoo valor resultanteumdado combi-nadodas funções sistólicaediastólica,quepodeser empregado comomedidade funçãomiocár-dicaglobal(Figura7)24.

Doisestudosabordaramoempregodessameto-dologia na otimização após aTRC, ambos semrandomizaçãoouevoluçãoclínica4,25.OtrabalhodePorcianietal.4,houvereduçãode0,49doIPMem21pacientes,oquedenotamelhoradafunçãoglobal,nãosendodescritaavaliaçãoevolutiva.Nainvestigação realizada por Stockburger et al.25,tambémseobservou reduçãodoIMP,na compa-raçãocomoestudobasalpré-TRC,aprograma-çãopadrãofixaeaotimizaçãodoIAVbaseadaemtrêsparâmetrosecocardiográficos(0,98+0,25vs0,80+0,35*vs0,62+0,22**, respectivamente;*p<0,05vsbasal;**p<0,001vsbasalep<0,01vsprogramaçãopadrão).O IAVótimofoide90msemtrezepacientes,de120msem10ede150msemtrês,nãosendorelatadoremodelamentosub-sequenteporausênciadegrupocontrole.

OefeitodoIAVsobreofluxomitralouaór-ticopareceserinfluenciadopelopadrãodofluxomitralprévioàTRC20.Umestudodeseguimen-to de 40 pacientes programados para um IAV

Figura 04: Imagens demonstrando o cálculo da dP/dT a partir da curva do refluxo mitral ao Doppler contínuo; obtem-se o in-tervalo de tempo (setas amarelas) entre os pontos da porção as-cendente do traçado correspondentes as velocidades de 1 e 3 m/s (setas vermelhas), que equivalem as pressões de 4 e 36 mmHg, utilizando a equação de Bernouilli; divide-se então este tempo pela diferença das pressões nos dois pontos (32 mmHg) para de-rivar a dP/dT, o que resultou em maior valor (640 ms) quando sob a programação do IAV de 80 ms (versus 329 ms quando com IAV de 200 ms).

Figura 05: Imagem do fluxo de via de saída do ventrículo esquer-do demonstrando maior integral da velocidade de fluxo com o intervalo atrioventricular programado em 200 ms (22 cm), em relação ao IAV de 60 ms (19 cm).

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ótimodeterminadopelofluxoaórticoevidencioumelhora da função sistólica, que foi  semelhanteentre pacientes com padrão de AR e PN/PR26.Entretanto,  asmedidasda funçãodiastólica e aspressõesdeenchimentomelhoraramsomentenogrupoPN/PR8.

Casoscomfibrilaçãoatrial,extrassitoliaventri-cularfrequenteouprótesemitralpodemnãoseradequadosparaotimizaçãodoIAV.

Diferença dos métodos para programação do IaV ótimo

Asdiferençasentreofluxomitraleoaórticona programação do melhor IAV devem-se a al-guns fatores. Primeiro, o intervalo de tempoentreofechamentomitraleoiníciodacontraçãoisovolumétricaparamaximizaramelhoradadP/dtpositivapodeterumefeitovariávelnovolumesistólico na vigência de insuficiência cardíacacongestiva (ICC). Segundo, pacientes com ICCe volumes cavitários aumentados podem reque-rer elevada pressão diastólica final doVE e umIAVque promova a reduçãodessa pressão podediminuirovolumesistólico.Terceiro,amelhorahemodinâmica produzida pela TRC parece serindependentedasmudançasnapressãodiastólicafinaldoVE.

OefeitoprimáriodaTRCémelhoraradissin-cronia e a performance sistólica. Já os efeitossobreafunçãodiastólicasãomínimos.Portanto,a mensuração de um parâmetro que representaa performance sistólica doVE, como aVTI dofluxoaórtico,podedefiniroIAVótimoduranteaTRC.

EstudorecentecomparandooefeitodaTRCnamedida invasivadodP/dt+emváriasprogra-maçõesdoIAVmostroumelhordesempenhodoVTIaórticoemrelaçãoaométododeRitter27.

Otimização do IaV sob o comando atrial Sãopoucos os trabalhosque abordama ava-

liação do IAV ótimo em casos que requeremcomando atrial durante aTRC. Berhein et al.28comparou parâmetros ecocardiográficos obtidoscom o eletrodo atrial no modo sensitivo como eletrodo comandando o átrio (modo ativo)em uma frequência superior a 10 batimentos àfrequência basal dos pacientes. Com o eletrodoatrial ativo, oVTI aórtico e o tempo de enchi-mento diastólico do VE reduziram-se, mesmoapós ajustes para a frequência cardíaca (FC), ehouvepioradasfunçõessistólicaediastólica.

Em outro estudo, uma programação como eletrodo atrial comandando 70 ms acima doIAV ótimo previamente determinado resultouemmelhora do dP/dtmedido invasivamente.AdeterminaçãodoIAVótimoduranteoMPatrialfoimais eficiente empregando-se oVTI aórticoemrelaçãoaofluxomitral27.

TambémfoiavaliadaamedidadoVTIaórticoao Doppler para determinar o IAV ótimo naTRCemsituaçãodeMPatrialouimediatamente

Figura 06: Imagens do fluxo mitral obtidas ao Doppler pulsátil demonstrando o cálculo da integral da velocidade nas diversas programações do intervalo atrio-ventricular, sendo o maior valor (16 cm) obtido com o IAV de 200 ms (imagem central).

Figura 07: Esquema ilustrando o traçado do fluxo mitral e aórti-co (Ao), com a colheita do intervalo de tempo “a”, que abrange os períodos de contração isovolumétrico (TCIV), relaxamento iso-volumetrico (TRIV) e de ejeção cardíaca (TE), e o intervalo “b” que corresponde ao TE. Para cálculo do índice de performance miocárdica (IPM) divide-se a diferença entre “a” e “b” pelo in-tervalo “b”.

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após o esforço, comdiscreto aumentodaFC, ecomparado às medidas no repouso em posiçãosentada ou supina29.Houve decréscimo doVTIaórticocomaelevaçãodaFCduranteoMPatrialeimediatamenteapósoesforço,sendonecessárioumIAVmaisprolongadoparaaumentodoVTIaórticocomFCelevada.Contrariamente,quandoprogramadonomododinâmico,oMPressincro-nizador encurtou o IAV como esforço e houveaumentodaFC,oquepoderiaserprejudicialaoaumentodoVTIaórtico.

Assim,oestímuloporMPatrialassocia-seàreduçãodovolumesistólicocomparadoàcondu-ção intrínsecaAVeoIAVótimoé tipicamentemais prolongado. O método de determinaçãodoIAVpelofluxomitralnãoésuperioraoVTIaórticonapresençadeMPatrialeaprogramaçãodinâmicadessamodalidadepodenão serbené-ficaaovolumesistólicoempacientessubmetidosaTRC.

Triagem simplificada para otimização aVVistoquenãoháconsensoparaaotimização

rotineira após o implante do ressincronizador,umamaneirasimplificadautilizaaDoppler-eco-cardiografiaapósaTRC,combasenopadrãodofluxomitral30.

Inicialmente,otimiza-seo sinaldoECG, in-vertendoocomplexo,senecessário.Emseguida,aperfeiçoa-seacurvadevelocidadedofluxomitralaoDopplerpulsátilutilizandovelocidadealtadevarredura,filtroreduzidoevolumedeamostragemnoníveldo anelmitral paraobter o estalidodefechamentomitral.Examina-seentãoopadrãodotraçadodevelocidademitral,nãohavendoneces-sidadedeotimizaçãonocasodeidentificaçãode“E”e“A”adequadasebemseparadas,términoda

onda“A”aomenos40msantesdoiníciodoQRSouestalidodefechamentomitral.

O estalido valvar mitral deve estar alinhadocomoECGpara que seja possível identificar oinício da sístole. Um padrão consistente com adisfunção diastólica grau I no fluxo mitral nãosofremuitaalteraçãoapósaTRCealgunsauto-resjulgamqueaotimizaçãoAVnãoénecessárianessescasos8.AotimizaçãoAVérequeridaquandoumdosseguintesachadosestápresente:onda“A”não identificada, ondas “E” e “A” fusionadas eonda“A”truncadapelofechamentovalvarmitral.

Adicionalmente, um padrão de enchimentomitral tipo pseudonormal ou restritivo deve serconsideradoparaaotimizaçãodoIAV.Umaonda“A” ausentepode serdecorrentededistúrbiodecondução intra-atrial e requer o prolongamentodo intervaloAV,assimcomooscasoscomonda“A” truncada. Contrariamente, uma fusão dasondas“E”e“A”podeocorrerquandoumatrasodo longo IAV é programado. Em qualquer doscenáriosacima,pode-seoptarpelométodoitera-tivooudeRitter(Figura8).

Amaioriadosgrandesensaiosclínicosadotoua otimização do IAV.OMUSTIC empregou ométododeRitter31,enquantooMIRACLE32eoCARE-HF33realizaramaavaliaçãopelacaracterís-ticadoDopplerdofluxomitral,oqueresultouemmelhorseparaçãodasondas“E”e“A”quecarac-terizamafasedeenchimentorápidoeacontraçãoatrial,respectivamente.

PublicaçõesposterioresdoMIRACLE34,35 em-pregaramométododeRitterenoapêndice8doCARE-HFinvestigationplanutilizou-seométodoiterativo.Combasenessesgrandesestudos,aSocie-dadeAmericana de Ecocardiografia recomenda ousodométododeRitterouiterativo30.

Figura 08: Triagem simplificada de determinação do intervalo atrioventricular (IAV) utilizando a velocidade do fluxo mitral ao Doppler; o volume de amostragem deve ser posicionada junto ao ponto de fechamento da valva mitral para o registro do estalido de fechamento; se as ondas “E” e “A” do fluxo mitral são bem definidas e separadas, e o término da onda “A” ocorre antes do inicio do QRS, ou o esta-lido de fechamento mitral estiver alinhado com o final da onda “A” e o complexo QRS (semelhante ao grau I da disfunção diastólica), a otimização AV pode não ser necessária; a otimização é indicada em casos com onda “A” truncada ou ausente, e quando as ondas “E” e “A” forem fusionadas; pacientes com padrão diastólico pseudonormal ou restritivo podem ser considerados para otimização AV.

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Reotimização do marcapasso ressincroni zador

Vários estudos tem reportado variação doIAV ao longo do tempo, e, embora não tenhasido registrada nenhuma alteração significativanoIAVmédio,mudançasindividualizadasforamcomuns36,39. Tais variações foram avaliadas emalgunsestudosqueconstataramanecessidadedenovaotimizaçãoem55a82%doscasos37,39.Taisalterações são esperadas, em vista dos efeitos daTRCsobreoremodelamentoeafunçãosistólica.

Otimização do intervalo interventricularOsmarcapassosressincronizadorespermitem

a regulagem do intervalo entre os ventrículos eo efeito benéficoda otimizaçãodesse parâmetrotemsidoobservadodesdeadescriçãoinicialfeitaporSogaardetal.40.Osautoresrelataramaprimo-ramento do funcionamento do ressincronizadorpela otimização do intervalo V-V em 20 casosemhouveaumentoadicionaldafraçãodeejeção(22+ 6%para 30 + 5% apósTRC e 34+ 6%apósotimizaçãoV-V;p<0,01).Aregulagemdesseparâmetrotambémpromoveureduçãodograudaregurgitaçãomitral41,42.

AotimizaçãodoIVVéfeitapelavariaçãodasequência de estimulação dos ventrículos, esti-mulando-se inicialmente o ventrículo esquerdoe,emseguida,odireito,reduzindogradualmenteouaumentandooIVV(intervalosde20ms,porexemplo) e mensurando o maior valor da velo-cidade integral do fluxo aórtico. Trabalhos têmdemonstradoquesubgruposdepacientesbenefi-ciam-seagudamentedaotimizaçãodoIVV,masos resultados em longo prazo ainda não foramdeterminados43.

Dois estudos utilizaram o Doppler tecidualparaotimizaçãodoIVV.Vidaletal.16otimizaramconcomitantementeoIAVem51casos,semquehouvessemelhoradaclassefuncionaldaNYHA,das respostas ao questionário de qualidade devida ou da caminhada de 6minutos. Por outrolado,Novaket al.44utilizaramo strain rateparaotimizar a dissincronia interventricular, obtendoaumentododébitocardíaco (4,6+0,3vs4,3+0,3l/m).

ConclusãoOmétodoDopplerpodeauxiliaraprograma-

ção do IAV ótimo, embasado na otimização dapré-cargapara aumentarovolume sistólicopelomecanismo de Frank-Starling. Permite avaliaroefeitodaotimização sobrea funçãodiastólica,pormeiodaanálisedofluxomitral,diretamentepelamudançarelativanovolumesistólicooupelaobservação do fluxo aórtico. Não está estabele-cidoseemlongoprazoaotimizaçãopeloDoppler

oferece vantagem sobreum IAVfixo em termosfuncionaisouclínicosetampoucoseareprogra-maçãodoIAVpodeserbenéficaemnãorespon-dedores.

Adespeitodafaltadevalidação,aotimizaçãodo IAV foi utilizadanos grandes estudos, tendosido avaliada por meio de Doppler transmitral.É difícil separar os benefícios da ressincroniza-ção combinada à otimização do IAV da ressin-cronização isolada.Frente a essas informações, aotimização do IAV é aconselhável após aTRC,empregando-se ofluxomitral, e periodicamentenoacompanhamentoevolutivodopaciente.

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