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20-04-2011 1 OS MOVIMENTOS DAS AVES Lisboa, Abril de 2011 RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO TEJO Observatório Português de Zonas Húmidas Vitor Encarnação DGAC-ZH/CEMPA-Central Nacional de Anilhagem As aves em Portugal e no Paleártico Os diferentes tipos de movimentos • Naturais • Artificiais O que fazer? As aves e o WNV

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OS MOVIMENTOS DAS AVES

Lisboa, Abril de 2011

RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO TEJO

Observatório Português de Zonas Húmidas

Vitor EncarnaçãoDGAC-ZH/CEMPA-Central Nacional de Anilhagem

� As aves em Portugal e no Paleártico� Os diferentes tipos de movimentos

• Naturais• Artificiais

� O que fazer?� As aves e o WNV

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Paleártico Ocidental

Aves de Portugal e do PaleárticoOcidental

� Mais de 640 espécies no Paleártico Ocidental• Mais de 430 ocorrem regularmente

� 390 ocorrem em Portugal• (53 exóticas) destas 21 são nidificantes

� Alterações que ocorrem• Clima

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Estatuto fenológico das espécies em Portugal

R I N/E MP

Continente 110 91 82 48

Madeira 29 6 11 7

Açores 23

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Os movimentos

� Naturais• Migração• Dispersão

� Alteração da área de distribuição

� Artificiais (intervenção humana)• Intencional• Não intencional

(comércio)• Ocasional

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Migrações - o que são?� Uma migração ocorre quando uma população de seres

vivos se move de um biótopo para outro, normalmente embusca de melhores condições de vida, seja em termos dealimentação, de temperatura, de trabalho (nos sereshumanos), ou para fugirem a inimigos que se instalaram noseu biótopo.

� As migrações podem ser temporárias, quando a populaçãoregressa ao seu biótopo de origem, ou permanentes,quando a população se instala indefinidamente no novobiótopo.

� Migrações temporárias são conhecidas em muitas espéciesde animais e podem ter periodicidades muito diferentes,desde as migrações diárias, normalmente verticais doplâncton na coluna de água, anuais como as dasandorinhas e de outras aves e de muitos animais terrestres,ou plurianuais como as das enguias e de outros peixes.

MIGRAÇÃO DAS AVES� Migração é a deslocação regular, normalmente em

grupo, entre habitats realizada por umadeterminada população de uma espécie emdiferentes épocas do ano.

� A maior parte das espécies que nidificam no Nortevoa para sul para fugir aos invernos.

� Cerca de metade das populações das zonas maistemperadas também o faz para evitar o frio.

� Muitos milhões de aves migram duas vezes porano entre os continentes Europeu e Africano.

� As aves também migram dentro dos continentes.� A mais longa rota de migração conhecida é a da

gaivina do Ártico (Sterna paradisaea), que migrado Ártico para o Antártico e retorna todos osanos.

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A ORIGEM DAS MIGRAÇÕES

� É o ciclo das estações que determina as migrações.

� Pensa-se que na Europa as migrações surgiram com o fim da última época glaciar.

� As aves adaptaram-se a um ciclo de vida durante o qual ocupam muitas vezes habitats muito variados.

� Competem com outras espécies e utilizam recursos alimentares diferentes nas diversas épocas do ano.

Estratégias de migração ou optimização do esforço

� De um modo geral pode-se dizer que existem duas estratégias de migração:• Migração numa frente ampla• Migração numa frente estreita

� As rotas de migração são normalmente:• rota pré-nupcial (mais a leste )• rota pós-nupcial (mais a oeste )

• (estas diferenças estão fundamentalmente ligadas aos ventos predominantes)

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Ciconia ciconia

Sterna albifrons(andorinha-do-mar-anã)

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Ardea purpurea

Garça-vermelha

Nidificante

Invernante

Residente

Movimentos migratórios

� Ciconia nigra

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Dispersão

Phoenicopterus roseus

Flamingo

Nidificante

Invernante

Residente

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Platalea leucorodia

Colhereiro

Nidificante

Invernante

Residente

Boquilobo - 2010

Movimentos de “RG”Entre 17-07-1994 e 16-09-2003

1994

1995 (4)

2002 (10)

2003 (9)

1996 (8) e 1997(3)

1997(4)

1997(5 a 8)

1997 (9)

1998 (8)

1999 (9)

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Aves anilhadas controladas

Movimentos de A. clypeata

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29-01-1978 (04-08-1977)

06-07-1999 (10-09-1997)

05-03-1993 (20-08-1992)

18-12-1994 (10-08-1994) 02-12-1981 (18-08-1981)

03-02-1996 (23-08-1993)

Acrocephalus scirpaceus(rouxinol-pequeno-dos-caniços)

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Alterações

� Aumento das distâncias a percorrer• Aves migradoras da família das toutinegras enfrentam o risco de ter

de alongar até mais 400 quilómetros as suas viagens anuais entre aÁfrica e a Europa, por causa das alterações climáticas

� Alterações no calendário dos movimentos• Análise de dados de 30 espécies de aves obtidos ao longo de 24 anos

concluiu que algumas aves estão a regressar vários dias mais cedo emrelação à década de 80. Esta alteração é maior nas aves quepercorrem longas distâncias e menor nas que viajam menosquilómetros.

� Deslocação das áreas de distribuição• Prevê-se a deslocação em cerca de 550km para Nordeste no final

deste Século• Para algumas espécies, a área de distribuição futura nem sequer se

sobrepõe à área de distribuição actual.

� Estudo em 42 espécies de aves, demonstra que as aves do sul daEuropa, entre 1980 e 2004, se tornaram mais comuns em paísescomo, por exempplo, o Reino Unido.

Fonte: “A Climatic Atlas of European Breeding Birds”

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Movimentos artificiais

O que fazemos

� Monitorização• Censos • Anilhagem

� Análise de informação sobre os movimentos das aves migratórias

� Vigilância activa� Vigilância passiva

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Programa Nacional de Monitorização de Aves Aquáticas Invernantes

•Os locais objecto de monitorização eque fazem parte do programa, foramorganizados dentro das respectivasbacias hidrográficas em que se divideo território nacional continental.

•Este encontra-se dividido em:•17 bacias,•75 locais de contagem,englobando a maior diversidadepossível de tipos de zonashúmidas: (estuários, lagoascosteiras, pauis e albufeiras debarragens e açudes) e as maisimportantes em termos de área eimportância ecológica para aavifauna.

•São recenseadas normalmente 80espécies de aves aquáticas.

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Residente

Nidificante

Invernante

Anas platyrhynchos

(pato-real)

Anas crecca

(marrequinha)

Residente

Nidificante

Invernante

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As aves e o WNV� A infecção natural já foi demonstrada em mais de 200 espécies de aves

silvestres e domésticas em todo o mundo (HAYES et al., 2005a; van derMEULEN et al., 2005; KOMAR, 2003).

� As diferentes espécies de aves apresentam grande variabilidade desusceptibilidade à infecção e também potenciais distintos de transmissão.Os corvídeos (corvos e gralhas) possuem um papel epidemiologicamenteimportante, pois são muito susceptíveis ao agente e desenvolvem altosníveis de viremia (LaDEAU et al., 2007; KOMAR, 2003; KOMAR et al.,2003).

� Estes animais também apresentam alta morbidade e mortalidade, o que osatribui um importante papel de sentinelas naturais da infecção (KOMAR,2003).

� Os passeriformes (aves canoras e pardais), Chadriiformes (avespernaltas), corujas e falconiformes também desenvolvem níveis de viremiasuficientes para infectar uma grande parcela dos mosquitos que realizam orepasto sangüíneo (KOMAR et al., 2003).

� Pombos, pica-paus, gansos, marrecos e patos não desenvolvem altosníveis de vírus no sangue e assim não infectam eficientemente osmosquitos hematófagos (KOMAR, 2003; KOMAR et al., 2003).

As aves e o WNV

� Embora poucas espécies de aves norte-americanas migrem para aArgentina, a introdução do vírus na América do Sul por aves da ordemChadriiforme (aves costeiras e andorinhas do mar) tem sido sugerida(KOMAR & CLARK, 2006).

� Essas aves apresentam níveis altos e longos de viremia, infecçõespersistentes ocasionais em que o vírus pode ser encontrado nos folículosdas penas e realizam migrações de longas distâncias (KOMAR & CLARK,2006).

� No entanto, este mesmo estudo não detectou sorologia positiva em 211amostras coletadas de aves migratórias (DIAZ et al., 2008).

� Em regiões marginais e de risco, as aves silvestres têm sido utilizadascomo sentinelas, para monitorar a possível introdução do agente (KOMAR& CLARK, 2006).

Fonte:Eduardo Furtado Flores, ; Rudi WeiblenDepartamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP), Sector de

Virologia,Universidade Federal de Santa Maria