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1 OS MESTRES E A SENDA C.W.LEADBEATER The Theosophical Publishing House Adyar, Madras, Índia 1940 Primeira Edição em 1925 Segunda Edição, revista e ampliada em 1927 Reimpresso em 1937 e 1940 *** PREFÁCIO Só há uma razão pela qual eu escreveria este Prefácio para o livro escrito por meu honrado colega. Ele fala de muitas coisas que até agora têm sido estudadas e discutidas apenas dentro de um círculo relativamente reduzido, consistindo de estudantes bem versados no conhecimento Teosófico e capacitados para estudar declarações relativas a regiões que eles ainda não podem penetrar por si mesmos, mas esperam entrar mais adiante e então verificar por conta própria as declarações feitas por seus predecessores. As rápidas mudanças no mundo do pensamento, surgindo pela proximidade do Advento do Instrutor do Mundo, tornam úteis algumas informações sobre a parte do mundo em que Ele vive, informações que podem, talvez, em alguma extensão preparar a mente do público para Seus ensinamentos. Seja como for, desejo me associar às declarações feitas neste livro, por cuja exatidão eu posso pessoalmente dar fé em quase tudo, e também quero dizer em nome de meu colega, bem como no meu próprio, que este livro é publicado como um relato de observações feitas cuidadosamente e cuidadosamente registradas, mas que não reivindicam nenhuma autoridade, nem exigem qualquer aceitação. Tampouco alegam ser fruto de inspiração, mas são apenas um relato honesto de coisas vistas pelo escritor. Annie Besant

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OS MESTRES E A SENDA

C.W.LEADBEATER

The Theosophical Publishing House Adyar, Madras, Índia

1940 Primeira Edição em 1925

Segunda Edição, revista e ampliada em 1927 Reimpresso em 1937 e 1940

***

PREFÁCIO

Só há uma razão pela qual eu escreveria este Prefácio para o livro escrito por meu honrado colega. Ele fala de muitas coisas que até agora têm sido estudadas e discutidas apenas dentro de um círculo relativamente reduzido, consistindo de estudantes bem versados no conhecimento Teosófico e capacitados para estudar declarações relativas a regiões que eles ainda não podem penetrar por si mesmos, mas esperam entrar mais adiante e então verificar por conta própria as declarações feitas por seus predecessores. As rápidas mudanças no mundo do pensamento, surgindo pela proximidade do Advento do Instrutor do Mundo, tornam úteis algumas informações sobre a parte do mundo em que Ele vive, informações que podem, talvez, em alguma extensão preparar a mente do público para Seus ensinamentos. Seja como for, desejo me associar às declarações feitas neste livro, por cuja exatidão eu posso pessoalmente dar fé em quase tudo, e também quero dizer em nome de meu colega, bem como no meu próprio, que este livro é publicado como um relato de observações feitas cuidadosamente e cuidadosamente registradas, mas que não reivindicam nenhuma autoridade, nem exigem qualquer aceitação. Tampouco alegam ser fruto de inspiração, mas são apenas um relato honesto de coisas vistas pelo escritor.

Annie Besant

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ÍNDICE

PREFÁCIO PARTE I: OS MESTRES CAPÍTULO 1: A EXISTÊNCIA DOS MESTRES

Considerações Gerais. O Testemunho das Religiões. Evidência Recente. Experiência Pessoal. A Evolução da Vida. A Vida Super-Humana. A Fraternidade dos Adeptos. Os Poderes do Adepto. CAPÍTULO 2: OS CORPOS FÍSICOS DOS MESTRES Seu Aspecto. Um Desfiladeiro no Tibete. A Casa do Mestre Kuthumi. As Atividades do Mestre. Outras Casas. Adeptos do Primeiro Raio. Adeptos do Segundo Raio. Os Outros Raios. Veículos Físicos Perfeitos. Veículos Emprestados. PARTE II: OS DISCÍPULOS CAPÍTULO 3: O CAMINHO ATÉ O MESTRE A Entrada na Senda. A Magnitude da Tarefa. A Importância do Trabalho. As Regras Antigas. "Aos Pés do Mestre". A Atitude do Discípulo. As Três Portas. A Obra do Mestre. Criando o Elo. Ninguém é Esquecido. A Responsabilidade do Instrutor. Idéias Errôneas. O Efeito da Meditação. Obstáculos Comuns. A Devoção deve ser Completa. CAPÍTULO 4: A SENDA PROBACIONÁRIA

A Imagem Viva. Probacionários Jovens. O Efeito da Crueldade contra as Crianças. O Mestre das Crianças. Entrando na Senda Probacionária. Conselhos do Mestre. Tornar-se como Criancinhas. Os Efeitos da Irritabilidade. Egoísmo. Preocupações. O Riso. Palavras Ociosas. Formas Criadas pela Conversação. Agitação. O Valor da Associação. CAPÍTULO 5: A ACEITAÇÃO Relato de uma Aceitação. A União com o Mestre. A Atitude do Discípulo. A Distribuição de Força. A Transmissão de Mensagens. Sensitividade, Mediunidade e Poderes Psíquicos. Mensagens dos Adeptos. A Equação Pessoal. Testando o Pensamento. Relaxamento. Calma e Equilíbrio. Os Poderes Tenebrosos. A Certeza do Sucesso. CAPÍTULO 6: OUTRAS APRESENTAÇÕES

Os Mestres e a Fraternidade. Os Quatro Caminhos para a Senda. A Classificação Budista. Yoga Hindu. Mantras. O Efeito da Fé. Associação de Pensamento. Cooperação Angélica. O Efeito da Repetição. Bênçãos. O Poder do Som. Os Requisitos jamais Mudam.

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PARTE III: AS GRANDES INICIAÇÕES

CAPÍTULO 7: A PRIMEIRA INICIAÇÃO

O Iniciador Único. A Fraternidade. Fracassos. Relato de uma Primeira Iniciação. A Duração da Cerimônia. Afiliação. O Nível da Iniciação. A Oportunidade Atual. Jovens Iniciados. O Iniciado como Irmão de Todos. CAPÍTULO 8: O EGO O Nascimento do Ego. A Mônada e o Ego. A Comunicação com a Personalidade. Em Seu Próprio Mundo. Seu Interesse na Personalidade. A Atitude da Personalidade. A Percepção da Unidade. CAPÍTULO 9: A SEGUNDA E A TERCEIRA INICIAÇÃO

As Três Primeiras Cadeias. Subdivisões dos Estágios. Relato de uma Segunda Iniciação. Desenvolvimento Mental. O Ponto Perigoso. A Terceira Iniciação. A Quarta e Quinta Cadeias. CAPÍTULO 10: AS INICIAÇÕES SUPERIORES O Arhat. Simbolismo Cristão. Nirvana. O Trabalho do Arhat. A Quinta Iniciação. Além do Adeptado. Os Sete Caminhos. PARTE IV: A HIERARQUIA CAPÍTULO 11: A OBRA DOS MESTRES Um Sumário. As Paróquias. Distribuição de Força. O Uso da Devoção. O Trabalho dos Discípulos. O Esforço de Cada Século. As Raças. O Advento. A Sexta Sub-Raça. A Sexta Raça Raiz. CAPÍTULO 12: OS CHOHANS E OS RAIOS

Os Chohans. A Tabela do Mestre Djwal Kul. A Divisão Sétupla. Os Sete Espíritos. Os Sete Tipos de Seres. Magia e Poderes de Cura. Os Chohans dos Raios. As Qualidades a serem Desenvolvidas. Mudanças Cíclicas. O Reino da Devoção. O Advento do Cerimonial. CAPÍTULO 13: A TRINDADE E OS TRIÂNGULOS

A Divina Trindade. O Triângulo de Agentes. A Mãe do Mundo. Limites dos Raios. Mudança de Raio. A Unidade Perfeita. CAPÍTULO 14: A SABEDORIA NOS TRIÂNGULOS

O Buda. Os Atos Suplementares. O Festival de Wesak. O Vale. A Cerimônia. A Maior das Bênçãos. Os Predecessores do Buda. O Bodhisattva Maitreya. O Festival de Asala. As Quatro Nobres Verdades. A Nobre Senda Óctupla. CAPÍTULO 15: O PODER NOS TRIÂNGULOS

O Senhor do Mundo. As Iniciações Superiores. A Meta para Todos.

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PARTE I: OS MESTRES CAPÍTULO 1: A EXISTÊNCIA DOS MESTRES Considerações Gerais

A existência de Homens Perfeitos é um dos mais importantes dentre os muitos fatos novos que a Teosofia nos apresenta. Ele deriva logicamente dos outros grandes ensinamentos Teosóficos sobre o karma e a evolução através da reencarnação. Quando olhamos em torno vemos homens obviamente em todos os níveis de sua evolução - muitos bastante abaixo de nós mesmos em desenvolvimento, e outros que de um modo ou de outro estão nitidamente à nossa frente. Uma vez que isso é verdade, pode também ter havido homens que são muito mais avançados. De fato, se as pessoas estão constantemente se tornando cada vez melhores através de uma longa séria de vidas sucessivas, todas tendendo a uma meta definida, certamente deve ter havido alguns que já atingiram esta meta. Alguns de nós, no processo deste desenvolvimento, já conseguiram desdobrar alguns dos sentidos superiores que jazem latentes em todas as pessoas, e que serão a herança de todas no futuro, e através destes sentidos nos habilitamos para ver a escada da evolução se estendendo muito acima de nós, bem como muito abaixo de nós, e podemos ver também que há pessoas em todos os degraus desta escada. Há uma considerável quantidade de testemunho direto sobre a existência destes Homens Perfeitos a quem chamamos de Mestres, mas acredito que o primeiro passo que cada um de nós deve dar é se certificar de que deve haver tais homens; só depois, como um passo além, segue-se que aqueles com quem entramos em contato pertencem a esta classe. Os registros históricos de todas as nações estão repletos de atos de homens de gênio em todos os diferentes departamentos da atividade humana, homens que em sua linha especial de trabalho e habilidade pairaram muito acima do resto - de fato, tão acima que ocasionalmente (e provavelmente mais vezes do que sabemos) seus ideais estavam completamente além da compreensão das pessoas, de modo que não só o trabalho que eles podem ter feito se perdeu para a humanidade, mas também seus próprios nomes não foram preservados. Tem sido dito que a história de toda nação poderia ser escrita através da biografia de uns poucos indivíduos, e são sempre estes poucos, destacando-se do resto, que dão os grandes passos progressistas na arte, na música, literatura, ciência, filosofia, filantropia, estadismo e religião. Às vezes eles primam no amor a Deus e a seus irmãos, como os grandes santos e filantropos; às vezes no entendimento do homem e da Natureza, como grandes filósofos, sábios e cientistas; às vezes no trabalho pela humanidade, como grandes libertadores e reformadores. Olhando para estes homens, e percebendo o quão alto eles estão em relação à humanidade em geral, o quão longe eles foram na evolução humana, não seria lógico dizermos que não conseguimos distinguir os limites para as conquistas humanas, e que pode ter havido, e pode haver ainda hoje, homens muito mais desenvolvidos até mesmo do que eles, homens grandes na espiritualidade bem como no conhecimento ou poder artístico, homens completos no que tange às perfeições humanas -

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homens exatamente como os Adeptos ou Super-Homens a quem alguns de nós têm tido o inestimável privilégio de encontrar? Esta galáxia de gênios humanos que enriquece e embeleza as páginas da história é ao mesmo tempo a glória e a esperança de toda a humanidade, pois sabemos que estes Grandes Seres são os predecessores do resto, e que Eles fulgem como faróis, como verdadeiros luminares, para nos mostrar o caminho que devemos trilhar se desejamos alcançar a glória que logo será revelada. Há muito tempo aceitamos a doutrina da evolução das formas onde mora a Vida Divina; eis aqui a idéia complementar e muito maior da evolução da própria Vida, mostrando que a verdadeira razão para este maravilhoso desenvolvimento de formas mais e mais perfeitas é que a Vida sempre em movimento precisa delas a fim de expressar a si mesma. As formas nascem e morrem, elas crescem, decaem e se desintegram, mas o Espírito prossegue eternamente, animando estas formas, e se desenvolvendo através da experiência ganha em e através delas, e à medida que cada forma é por sua vez utilizada e se gasta, ela é descartada para que uma forma outra e melhor possa assumir seu lugar. Por trás da forma em evolução resplende sempre a Vida eterna, a Vida Divina. Esta Vida de Deus permeia toda a Natureza, a qual não passa do manto multicor que Ele veste; é Ele quem vive na beleza da flor, na força da árvore, na agilidade e graça do animal, assim como no coração e na alma do homem. É porque Sua vontade é evolução que toda a vida em toda parte está pressionando para frente e para cima, e é por isso que a existência dos Homens Perfeitos no fim desta linha de poder e sabedoria e amor eternamente em desdobramento é a coisa mais natural do mundo. E até mesmo além d'Eles - além de nossa visão e de nossa compreensão - se estende um panorama de glória ainda maior, da qual procuraremos dar mais adiante algumas pinceladas, mas seria inútil falar disso agora. A conseqüência lógica de tudo isso é que deve necessariamente haver Homens Perfeitos, e não faltam sinais da existência de tais Homens em todas as épocas, os quais, em vez de deixarem o mundo completamente para seguir uma vida própria nos reinos divinos ou super-humanos, permaneceram em contato com a humanidade em virtude de seu amor por ela, para auxiliar sua evolução em beleza e amor e verdade, como que para ajudar a cultivar o Homem Perfeito - assim como encontramos aqui e ali um botânico que tem um amor especial por plantas, e se rejubila na produção de uma laranja ou uma rosa perfeitas. O Testemunho das Religiões Os registros de todas as grandes religiões acusam a presença de tais Super-Homens, tão cheios de Vida Divina que repetidamente eles foram tomados como verdadeiros representantes do próprio Deus. Em todas as religiões, especialmente quando de sua fundação, um destes Seres apareceu, e em muitos casos mais do que um. Os Hinduístas têm seus grandes Avataras ou encarnações divinas, tais como Shri Krishna, Shri Shankaracharya e o Senhor Gautama Buda, cuja religião se espalhou pelo Extremo Oriente, e uma grande

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galáxia de Rishis, Santos, Mestres, e estes Grandes Seres tinham interesse não só em despertar a natureza espiritual dos homens, mas também em todos os assuntos que contribuíam para seu bem-estar na Terra. Todos os que pertencem ao mundo Cristão sabem muito, ou deviam saber, sobre a grande sucessão de profetas e instrutores e santos em sua própria dispensação, e que de algum modo (talvez não claramente entendido) seu Instrutor Supremo, o próprio Cristo, era e é Homem, assim como é Deus. E todas as antigas religiões (decadentes como algumas possam estar entre a decadência das nações), até aquelas das tribos de homens primitivos, mostram como característica marcante a existência de Super-Homens que auxiliam de todas as maneiras o povo infantil com quem conviveram. Uma enumeração deles, por mais valiosa e interessante que pudesse ser, nos levaria para longe demais de nosso atual propósito, de modo que eu prefiro remeter o leitor ao excelente livro de W. Williamson, The Great Law. Evidência Recente Há muita evidência direta e recente da existência destes Grandes Seres. Quando ainda um jovem eu nunca precisei de qualquer evidência deste gênero, pois em virtude de meus estudos eu estava completamente convencido que deveria haver tais pessoas. Acreditar que haveria tais Homens glorificados me parecia perfeitamente natural, e meu único desejo era encontrá-Los frente a frente, embora haja muitos dentre os novos membros da Sociedade que, com razões suficientes, querem saber quais evidências existem. Existe uma considerável quantidade de testemunhos pessoais. Madame Blavatsky e o Coronel Olcott, os co-fundadores da Sociedade Teosófica, a Drª. Annie Besant, nossa atual Presidente, e eu mesmo - todos nós temos visto alguns destes Grandes Seres, e muitos outros membros da Sociedade também têm tido o privilégio de ver um ou dois d'Eles, e há amplo testemunho disso em tudo o que estas pessoas têm escrito. Às vezes se objeta que aqueles que Os vêem, ou que fantasiam Os terem visto, podem ter estado a sonhar ou talvez estivessem iludidos. A principal razão, creio, para a possibilidade de ilusão, é que raramente temos visto os Adeptos em ocasiões em que tanto Eles como nós estávamos em nossos corpos físicos. Nos primeiros dias da Sociedade, quando ainda só Madame Blavatsky tinha desenvolvido suas faculdades superiores, os Mestres não infreqüentemente Se materializavam, de modo que todos podíamos vê-Los, e Se mostraram assim fisicamente em diversas oportunidades. Podem ser encontrados relatos destes eventos na história mais antiga de nossa Sociedade, mas é claro que quando o Grande Ser se mostrava desta forma Ele não estava em seu corpo físico, mas em uma forma materializada. Muitos de nós habitual e constantemente Os vêem durante o sono. Saímos em nossos corpos astrais (ou nos corpos mentais, de acordo com nosso desenvolvimento) e Os visitamos e vemos em Seus corpos físicos; mas neste momento não estamos em nossos corpos físicos, e este é o motivo pelo qual no plano físico as pessoas tendem a ser céticas a respeito de tais experiências. As pessoas objetam: "Mas nestes casos vocês que Os viram estavam fora de seus corpos físicos, e podem ter sonhado ou terem sido iludidos, ou Aqueles

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que lhes apareceram vieram de um modo sobrenatural e então desapareceram; assim, como vocês sabem que Eles de fato eram quem vocês supõem que Eles sejam?" Há uns poucos casos em que tanto o Adepto quanto a pessoa que O viu estavam em seus corpos físicos. Isso aconteceu com Madame Blavatsky, eu a ouvi testemunhar que vivera durante certo tempo em um mosteiro no Nepal, onde constantemente via três de nossos Mestres em seus veículos físicos. Alguns d'Eles mais de uma vez desceram de Seus retiros na montanha para a Índia em Seus corpos físicos. O Coronel Olcott disse ter visto dois d'Eles em tais ocasiões; ele encontrou o Mestre Morya e também o Mestre Kuthumi. Damodar K. Mavalankar, a quem eu conheci em 1884, havia encontrado o Mestre Kuthumi em Seu corpo físico. Houve o caso de S. Ramaswami Iyer, um cavalheiro a quem conheci bem naqueles tempos, que teve a experiência de encontrar o Mestre Morya fisicamente, e escreveu um relato sobre este encontro que mais tarde eu citarei; e houve o caso de W. T. Brown, da Loja Londrina, que também teve o privilégio de encontrar um destes Grandes Seres sob condições similares. Existe ainda uma vasta quantidade de testemunhos indianos que jamais foram compilados e examinados, principalmente porque àqueles a quem ocorreram tais experiências estavam tão completamente convencidos da existência de Super-Homens e da possibilidade de encontrá-Los que não consideravam qualquer caso individual digno de registro. Experiência Pessoal Eu mesmo posso relatar duas ocasiões em que encontrei um Mestre, estando nós dois nos veículos físicos. Um d'Eles foi o Adepto a quem foi dado o nome de Júpiter no livro The Lives of Alcyone, e que ajudou muitíssimo na escritura de partes da famosa obra de Madame Blavatsky Ísis sem Véu, quando isso estava sendo feito na Filadélfia e Nova Iorque. Quando eu vivia em Adyar ele foi amável ao ponto de solicitar ao meu venerado professor, Swami T. Subba Row, que me levasse para encontrá-Lo. Obedecendo à sua solicitação viajamos até Sua casa, onde fomos mui graciosamente recebidos por Ele. Depois de uma longa conversa do mais profundo interesse, tivemos a honra de cear com Ele, embora Ele seja um Brâhmane, e passamos a noite e parte do dia seguinte debaixo de Seu teto. Neste caso admita-se que não pode haver margem para ilusão. O outro Adepto a quem tive o privilégio de encontrar fisicamente foi o Mestre Conde de Saint-Germain, chamado às vezes de Príncipe Rakoczy. Eu O encontrei sob circunstâncias bem extraordinárias (sem qualquer combinação anterior, como que por acaso) caminhando no Corso em Roma, vestido exatamente como qualquer cavalheiro romano. Ele me levou para os jardins da colina do Pincio, e sentamos por mais de uma hora a falar sobre a Sociedade e seu trabalho; ou melhor, eu deveria dizer que Ele falou e eu escutei, embora quando Ele fez perguntas eu tenha respondido.

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Tenho visto outros membros da Fraternidade sob várias circunstâncias. Meu primeiro encontro com um d'Eles foi em um hotel no Cairo; eu estava a caminho da Índia com Madame Blavatsky e alguns outros, e paramos naquela cidade por algum tempo. Todos nós costumávamos nos reunir nos aposentos de Madame Blavatsky para trabalhar, e eu estava sentado no chão, cortando e reunindo para ela uma porção de artigos de jornal que ela queria. Ela estava sentada à mesa bem perto, de fato meu braço esquerdo roçava seu vestido. A porta estava bem à vista, e certamente ela não se abriu; mas subitamente, sem qualquer preparação, apareceu um homem quase entre eu e Madame Blavatsky, ao alcance de ambos. Isso me assustou muito, e eu saltei em pé bastante confuso; Madame Blavatsky achou muita graça e disse: "Se você não sabe o bastante para não se assustar com tamanha trivialidade não irá muito longe neste trabalho oculto". Eu fui então apresentado ao visitante, que na ocasião ainda não era um Adepto, mas um Arhat, que é um grau abaixo daquele estado; mais tarde Ele se tornou o Mestre Djwal Kul. Alguns meses depois disso o Mestre Morya nos apareceu, certo dia, exatamente como se estivesse em um corpo físico; Ele caminhou através da sala onde eu estava para se comunicar com Madame Blavatsky, que estava em seu quarto. Esta foi a primeira vez que eu O vi clara e nitidamente, pois então eu ainda não havia desenvolvido meus sentidos latentes o bastante para lembrar o que via em meu corpo sutil. Eu vi o Mestre Kuthumi em condições semelhantes sobre o teto de nossa Sede em Adyar; Ele estava caminhando sobre uma balaustrada como se recém tivesse se materializado do ar no outro lado. Também muitas vezes vi o Mestre Djwal Kul naquele teto da mesma maneira. Suponho que isso talvez seja considerado uma evidência menos garantida, uma vez que os Adeptos vêm como aparições; mas como desde então eu aprendi como usar livremente meus veículos superiores e visitar estes Grandes Seres desta forma, posso atestar que Aqueles que nos primeiros anos da Sociedade vieram e Se materializaram para nós são os mesmos Homens que desde então eu tenho visto vivendo em Suas próprias casas. As pessoas têm sugerido que eu e outros que tiveram a mesma experiência podemos ter estado apenas sonhando, uma vez que estas visitas acontecem durante o sono do corpo; só posso responder que então este é um sonho notavelmente persistente, em meu caso durando mais de quarenta anos, e que tem sido sonhado simultaneamente por grande número de pessoas. Aqueles que desejam coletar evidências sobre estes assuntos (e é bem razoável que desejem fazê-lo) devem consultar a literatura mais antiga da Sociedade. Se encontrarem nossa Presidente, podem ouvir dela como muitos destes Grandes Seres têm sido vistos em diferentes ocasiões, e há muitos de nossos membros que testemunharão sem hesitar que já viram algum Mestre. Pode ser que durante a meditação eles tenham visto a Sua face, e mais tarde tiveram uma prova definida de que Ele é um ser real. Pode ser encontrada muita evidência no Old Diary Leaves do Cel. Olcott, e existe um interessante tratado chamado Do the Brothers exist?, escrito por A.O.Hume, um homem que ascendeu a altas posições no Serviço Civil da Índia, e trabalhou muito com nosso falecido Vice-Presidente A.P. Sinnett. Ele foi publicado em um livro

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intitulado Hints on Esoteric Theosophy. Hume, que era um cético anglo-indiano de mente jurídica, envolveu-se na questão da existência dos Irmãos (como são também são chamados os Mestre, uma vez que Eles pertencem a uma grande Fraternidade e também porque Eles são os Irmãos Primogênitos da humanidade), e mesmo naqueles primeiros tempos ele chegou à conclusão de que possuía testemunhos mais do que suficientes de que Eles existiam, e têm se acumulado muitas evidências adicionais desde que aquele livro foi escrito. A posse da visão expandida e outras faculdades resultantes do desdobramento de nossos poderes latentes também trouxe para nossa constante experiência o fato de que há outras ordens de seres além da humana, alguns dos quais ombreiam os Adeptos em um grau de existência muito superior à nossa. Encontramos alguns seres a quem chamamos Devas ou Anjos, e alguns outros que percebemos estar muito além de nós em todos os aspectos. A Evolução da Vida Uma vez que no decurso de nosso desenvolvimento nos tornamos capazes de nos comunicar com os Adeptos, naturalmente Lhes perguntamos, com toda reverência, como Eles chegaram até aquele nível. Eles de forma unânime nos disseram que há não muito tempo estavam onde estamos hoje. Eles ascenderam para além dos limites da humanidade comum, e nos disseram que no devido tempo estaremos onde Eles estão agora, e que todo o sistema é uma evolução gradual da Vida que se estende mais e mais para cima, até muito além do que podemos distinguir, até a própria Divindade. Descobrimos que assim como há etapas definidas na evolução anterior - o vegetal acima do mineral, o animal acima do vegetal, e o homem acima do animal - da mesma forma o reino humano tem um fim definido, uma fronteira além da qual ele passa para um reino nitidamente mais elevado, e que além dos homens estão os Super-Homens. No estudo deste sistema de evolução aprendemos que em toda pessoa há três grandes divisões - corpo, alma e espírito; e cada uma delas é passível de subdivisão ulterior. Esta é a definição dada por São Paulo há dois mil anos atrás. O Espírito ou Mônada é o alento de Deus (pois a palavra espírito significa alento, do latim spiro), a centelha divina que é o Homem verdadeiro, embora ela possa ser mais exatamente descrita como apenas pairando acima do homem como o conhecemos. O esquema de sua evolução é que ela deve descer à matéria, e através desta descida obtenha definição e exatidão a respeito dos detalhes materiais. Até onde podemos ver, esta Mônada, que é uma centelha do Fogo Divino, não pode descer até nosso nível atual, não pode chegar diretamente neste plano físico em que estamos agora pensando e trabalhando - provavelmente porque as freqüências de sua vibração e as da matéria física diferem em demasia, de modo que deve haver estados e condições intermediárias. Não sabemos em que plano da Natureza originalmente existe aquela centelha divina, pois ela está muito acima de nosso alcance. A sua manifestação mais inferior, que

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poderia ser chamada de um reflexo seu, desce até o mais baixo dos Planos Cósmicos, como é descrito em Um Manual de Teosofia. Usualmente falamos de sete planos de existência, que são subdivisões ou subplanos do mais baixo dos Planos Cósmicos, chamado em nossos livros de Prakrítico, significando o plano físico do Cosmos. A Mônada pode descer até o segundo destes subplanos (que por conseguinte chamamos de plano Monádico), mas não parece ser capaz de penetrar mais baixo do que isso. A fim de obter o contato necessário com a matéria ainda mais densa, ela faz descer uma parte de si mesma através de dois planos inteiros, e este fragmento é o que chamamos de Ego ou Alma. O Espírito Divino tão acima de nós meramente paira sobre nós; a Alma, que é uma representação pequena e parcial dele (é como se a Mônada introduzisse abaixo um dedo de fogo, e a ponta deste dedo seria a Alma), não pode descer abaixo da parte superior do plano mental (que é o quinto plano a contar de cima para baixo, sendo o físico o sétimo e derradeiro); e, a fim de que ela possa alcançar um nível ainda mais inferior, a Alma deve por sua vez fazer descer uma pequena porção de si mesma, que se torna a personalidade que conhecemos. Assim esta personalidade, que as pessoas comuns pensam ser elas mesmas, em verdade é apenas um fragmento de um fragmento. Toda a evolução através do reino inferior é preparatória para o desenvolvimento desta constituição humana. Um animal, durante sua vida no plano físico (e por algum tempo depois no mundo astral) tem uma alma tão individual e separada como a de uma pessoa; mas quando o animal chega ao fim de sua vida astral, aquela alma não encarna novamente em um corpo individual, mas volta a uma espécie de reservatório de matéria anímica, chamada em nossos livros de alma-grupo. É como se a alma-grupo fosse um balde de água, suprindo a necessidade de vários animais da mesma espécie - digamos, por exemplo, vinte cavalos. Quando um cavalo vai nascer desta alma-grupo, é como se naquele balde fosse mergulhado um copo e retirado cheio de água. Durante a vida daquele cavalo ocorre todo o tipo de experiências que modificam sua alma, a partir do que ele aprende lições, e isso pode ser comparado a vários tipos de substâncias corantes que fossem lançadas no copo de água. Quando cavalo morre, a água do copo é despejada de volta no balde, e a substância corante se difunde por todo o balde. Quando um outro cavalo vai nascer da mesma alma-grupo, um outro copo é cheio com água daquele balde, mas obviamente seria impossível retirar exatamente as mesmas gotas de água que constituíam a alma do cavalo anterior (para maiores detalhes consultem Um Manual de Teosofia). Quando um animal se desenvolve a ponto de se tornar humano, isso significa que no fim de sua vida sua alma não é derramada de volta na alma-grupo, mas permanece como uma entidade separada. E então um destino muito curioso mas belo lhe sucede. A matéria anímica, a água do copo, se torna ela mesma um veículo para algo muito mais elevado, e em vez de atuar como uma alma, ela mesma é por sua vez animada. Não temos nenhuma analogia exata para isso no plano físico, a menos que pensemos em comprimir ar para dentro da água, fazendo assim água gaseificada. Se aceitarmos esse simbolismo, a água

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que anteriormente era a alma animal agora se torna o corpo causal de um homem, e o ar injetado nela se torna o ego de que falei antes - a alma humana que é apenas uma manifestação parcial do Espírito Divino. Esta descida do ego é simbolizada na mitologia antiga pela idéia grega da krater ou Cálice, e pela lenda medieval do Santo Graal, pois o Graal ou Cálice é o resultado perfeito de toda esta evolução, onde é derramado o Vinho da Vida Divina, de modo que a alma do homem possa nascer. Assim, como dissemos, aquilo que antes foi a alma animal se torna, no caso do homem, o que é chamado seu corpo causal, que existe na parte superior do plano mental como veículo permanente ocupado pelo ego ou alma humana, e tudo o que foi aprendido em sua evolução é transferido para este novo centro de vida. A evolução desta alma consiste no seu gradual retorno ao nível mais elevado no plano imediatamente abaixo do Monádico, levando consigo o resultado de sua descida sob forma de experiências obtidas e qualidades adquiridas. O corpo físico em todos nós está plenamente desenvolvido, e por causa disso supostamente já o dominamos, mas ele deve estar sob completo controle da alma. Entre as raças mais evoluídas da humanidade nos dias de hoje usualmente isso é o que acontece, embora ele possa ocasionalmente se rebelar e desgovernar. O corpo astral também está todo desenvolvido, mas inda não está de modo algum sob perfeito controle; mesmo entre as raças a que pertencemos há muitas pessoas que são vítimas de suas próprias emoções. Em vez de serem capazes de governá-las com perfeição, demasiadas vezes permitem serem governadas por elas. Elas deixam suas emoções as conduzir, assim como um cavalo selvagem pode fugir carregando seu cavaleiro com ele e levá-lo a lugares onde ele não deseja ir. Podemos porém dizer que em todos os melhores homens das raças mais avançadas atuais o corpo físico está plenamente desenvolvido e bem sob controle; o corpo astral também está completamente desenvolvido mas de forma alguma sob controle perfeito; o corpo mental ainda está em processo de desenvolvimento, mas seu crescimento está muito longe de estar completo. Eles têm ainda um longo caminho à frente antes que estes três corpos, o físico, o astral e o mental, estejam inteiramente subordinados à alma. Quando isso acontecer o eu inferior terá sido absorvido no eu superior, e a alma, o ego, terá dominado o homem. Embora o homem ainda não esteja ali perfeito, os diferentes veículos estarão tão harmonizados que terão todos apenas um só anelo. A esta altura a alma terá paulatinamente desenvolvido o controle dos veículos pessoais até que eles tenham se tornado unos consigo, mas agora a Mônada por sua vez começa a dominar a alma, e logo vem um tempo em que, assim como a personalidade e a alma se tornaram uma só coisa, o Espírito e a alma se tornarão por sua vez também um só. Esta é a unificação do ego com a Mônada, e quando isso é conseguido o homem atinge o objetivo de sua descida à matéria - ele terá se tornado um Super-Homem, ou Adepto.

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A Vida Super-Humana

Somente agora, pela primeira vez, ele começa sua vida real, pois todo este estupendo processo de evolução (através de todos os reinos inferiores e depois através do reino humano até o atingimento do Adeptado) é apenas uma preparação para esta vida verdadeira do Espírito, que começa somente quando o homem se torna mais do que homem. A humanidade é a classe final da escola do mundo, e quando um homem acaba de ser treinado ali ele passa para a vida real, a vida do Espírito glorificado, a vida do Cristo. Até agora só sabemos pouca coisa a respeito do que seja isso, embora vejamos alguns d'Aqueles que dela participam. Ela tem uma glória e esplendor que estão além de qualquer comparação, além de nossa compreensão, e mesmo assim é um fato vívido e vivo, e seu atingimento por cada um de nós é uma certeza absoluta, da qual não podemos escapar mesmo se quiséssemos. Se atuamos com egoísmo, se nos colocamos contra a corrente de evolução, podemos atrasar nosso progresso, mas por fim não poderemos impedí-lo. Tendo terminado a vida humana, o Homem Perfeito usualmente descarta Seus vários corpos materiais, mas conserva o poder de assumir qualquer um deles se no decurso de Seu trabalho Ele precisar. Na maioria dos casos, quem atinge este nível já não precisa de um corpo físico. Tampouco mantém um corpo astral, ou um mental ou mesmo um causal, mas vive permanentemente no Seu nível mais elevado. Sempre que, para qualquer finalidade, Ele precisar lidar com um plano inferior, Ele deverá assumir um veículo temporário que pertença àquele plano, pois apenas através do intermédio de sua matéria é que Ele pode entrar em contato com aqueles que lá vivem. Se Ele desejar falar fisicamente com as pessoas Ele deverá envergar um corpo físico, ou pelo menos materializar-Se parcialmente, doutra forma não poderá falar. Da mesma maneira, se Ele desejar impressionar nossas mentes, deverá reunir em torno a Si um corpo mental. Sempre que necessitar em Seu trabalho, Ele tem poder para assumir um veículo inferior, mas o conserva apenas temporariamente. Existem sete linhas de progresso ainda superior ao longo das quais o Homem Perfeito pode prosseguir, e daremos uma lista delas em um capítulo adiante. A Fraternidade de Adeptos

O mundo é guiado e dirigido em grande medida por uma Fraternidade de Adeptos a que pertencem nossos Mestres. Os estudantes Teosóficos têm todo o tipo de idéias equívocas a seu respeito. Eles freqüentemente Os consideram uma grande comunidade monástica, todos vivendo juntos em algum lugar secreto. Às vezes eles supõem que Eles sejam Anjos, e muitos de nossos estudantes imaginam que todos Eles são indianos, ou que todos Eles vivem no Himalaia. Nenhuma destas hipóteses é verdadeira. Existe uma grande Fraternidade, e seus Membros estão em constante comunicação entre si, mas Sua comunicação se dá nos planos superiores e Eles não necessariamente vivem juntos. Como parte de Sua obra, alguns destes grandes Irmãos a quem chamamos Mestres de Sabedoria voluntariamente aceitam discípulos-aprendizes e os ensinam, mas Aqueles formam apenas uma pequena seção no grande Corpo dos Homens Perfeitos.

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Como explicaremos mais tarde, existem sete tipos de pessoas, pois cada um pertence a um dos sete Raios em que a grande onda de vida em evolução nitidamente se divide. Parece que um Adepto de cada um dos Raios está encarregado de atender ao treinamento dos iniciantes, e todos os que pertencem a este Raio de evolução em particular passam por Suas mãos. A ninguém abaixo do grau de Adepto é permitido assumir a plena responsabilidade por um noviço, embora aqueles que já são chelas [discípulos aceitos - NT] há alguns anos muitas vezes sejam empregados como representantes, e recebem o privilégio de ajudar e aconselhar jovens aspirantes promissores. Estes discípulos mais velhos estão gradualmente sendo treinados para seu futuro trabalho quando eles por sua vez se tornarão Adeptos, e estão aprendendo a tirar cada vez mais o trabalho rotineiro das mãos de seus grandes Mestres, de modo que Estes possam se liberar para funções superiores que só Eles podem desempenhar. A seleção preliminar dos candidatos para o discipulado em grande parte é deixada hoje nas mãos destes operários mais antigos, e os candidatos são ligados temporariamente a estes representantes antes do que diretamente aos grandes Adeptos. Mas os discípulos e o Mestre são tão maravilhosamente unos que talvez esta seja "uma distinção mas sem uma diferença". Os Poderes do Adepto Os poderes do Adepto são de fato muitos e maravilhosos, mas todos aparecem em uma seqüência natural a partir de faculdades que nós mesmos já possuímos. Apenas acontece que Eles possuem estas faculdades em um grau superlativo. Imagino que a característica mais notável do Adepto, comparando-O conosco, seja que Ele vê tudo de um ponto de vista absolutamente diverso do nosso, pois n'Ele não existe nenhum pensamento a respeito de Si mesmo, como ocorre de modo tão proeminente na maioria das pessoas. O Adepto eliminou o eu inferior, e vive não para Si mas para todos, e mesmo assim, de um modo que só Ele pode realmente entender, este todos é também, em verdade, Ele mesmo. Ele atingiu um estágio onde já não há falhas em Seu caráter, nenhum pensamento ou sentimento pessoal, nenhum eu separado, e Sua única motivação é ajudar o progresso da evolução, e trabalhar em harmonia com o Logos que a dirige. Talvez a característica mais proeminente a seguir seja Seu desenvolvimento completo. Todos nós somos imperfeitos, ninguém atingiu o nível mais alto em nenhuma linha, e mesmo o grande cientista ou o grande santo usualmente atingiram a alta excelência apenas em uma coisa, e permanecem outras facetas de sua natureza ainda por desenvolver. Todos nós possuímos em germe todas as diferentes características, mas sempre estão só parcialmente despertos, e um muito mais do que outro. Um Adepto, contudo, é um Homem completo, um Homem cuja devoção e amor e simpatia e compaixão são perfeitos, ao passo que ao mesmo tempo Seu intelecto é uma coisa muito maior do que podemos sequer imaginar, e Sua espiritualidade é maravilhosa e divina. Ele está acima e além de todos os homens que conhecemos pelo fato de ser desenvolvido por completo.

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CAPÍTULO 2: OS CORPOS FÍSICOS DOS MESTRES Seu Aspecto

Entre os estudantes tem havido grande inexatidão e incerteza acerca dos Mestres, assim talvez possa ser de ajuda para compreendermos quão naturais são Suas vidas, e como elas têm um lado físico comum, se eu disser algumas palavras sobre a vida cotidiana e a aparência de alguns d'Eles. Não há nenhuma característica física pela qual se pode distinguir infalivelmente um Adepto dentre os outros homens, mas Ele sempre impressiona por ser um indivíduo nobre, digno, santo e sereno, e qualquer pessoa que O encontre dificilmente deixará de reconhecer que está na presença de um homem notável. Ele é uma pessoa forte mas silenciosa, falando somente quando tem um objetivo definido em vista, para encorajar, ajudar ou advertir, embora seja sempre benevolente e cheio de um agudo senso de humor - um humor sempre do tipo mais gentil, jamais usado para ferir, mas sempre para suavizar os problemas da vida. O Mestre Morya disse uma vez que é impossível fazer progresso na Senda oculta sem senso de humor, e certamente todos os Adeptos que tenho visto possuem esta qualificação. A maioria d'Eles é de homens distintamente bem apessoados, Seus corpos físicos são praticamente perfeitos, pois Eles vivem em completa obediência às leis da saúde, e acima de tudo jamais de preocupam a respeito de nada. Todo o Seu karma negativo há muito foi esgotado, e assim o corpo físico é uma expressão tão perfeita do Augoeides ou corpo glorioso quanto o permitem as limitações do plano físico, de modo que não apenas o corpo físico de um Adepto usualmente é esplendidamente belo, mas também o novo corpo que Ele pode assumir em uma encarnação subseqüente provavelmente será quase uma reprodução exata do anterior, variando apenas em virtude de diferenças raciais e familiares, pois já não há mais nada para ser modificado. Esta liberdade em relação ao karma Lhes dá, quando por qualquer razão Eles escolhem assumir novos corpos, inteira liberdade para selecionar um nascimento em qualquer país ou raça que possam ser convenientes para o trabalho que Eles têm de fazer, e assim a nacionalidade dos corpos particulares que ocorre de Eles usarem em qualquer época não tem importância fundamental. Para sabermos se um determinado homem é um Adepto seria necessário vermos Seu corpo causal, pois nele o Seu desenvolvimento se mostraria pelo seu tamanho muito aumentado e por uma disposição especial de suas cores em esferas concêntricas, como é indicado em alguma medida na ilustração do corpo causal de um Arhat (Figura XXVI) em Man, Visible and Invisible.

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Um Desfiladeiro no Tibete

Há um certo vale, ou antes um desfiladeiro, no Tibete, onde atualmente vivem três destes Grandes Seres, o Mestre Morya, o Mestre Kuthumi e o Mestre Djwal Kul.

Um Desfiladeiro no Tibete O Mestre Djwal Kul, a pedido de Madame Blavatsky, uma vez fez para ela uma pintura precipitada [imagem feita com tinta materializada sobre um suporte pré-existente - NT] representando o início daquele desfiladeiro, e a ilustração dada

aqui é uma reprodução de uma foto dela. O original, que foi precipitado sobre seda, está preservado no santuário da Sede da Sociedade Teosófica em Adyar. À esquerda da pintura o Mestre Morya é visto a cavalo perto da porta de Sua casa. A morada do Mestre Kuthumi não aparece na imagem, estando mais acima no vale, contornando a curva à direita. Madame Blavatsky pediu que o Mestre Djwal Kul se colocasse também na pintura; Ele a princípio recusou, mas por fim acrescentou-Se como uma pequena figura de pé dentro d'água segurando um cajado, mas de costas para o espectador! O original é colorido suavemente em azul, verde e preto. Leva a assinatura do artista - o apelido de Gai Ben-Jamin, que ele usava em Sua juventude nos primeiros dias da

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Sociedade, muito antes de atingir o Adeptado (A assinatura está na margem inferior do quadro, fora da pintura, e por isso não aparece na reprodução). A cena é evidentemente figurada de manhã cedo, já que as brumas matutinas ainda estão sobre as encostas. Os Mestres Morya e Kuthumi ocupam casas em lados opostos deste estreito desfiladeiro, cujas encostas são cobertas de pinheiros. Por suas casas passam trilhas que se encontram no fundo do vale, onde há uma pontezinha. Perto dela existe um porta estreita, que pode ser vista à esquerda na base da imagem, conduzindo a um vasto sistema de salões subterrâneos que abrigam um museu oculto, do qual o Mestre Kuthumi é o Guardião em nome da Grande Fraternidade Branca. O acervo deste museu é do caráter mais variado. Parece que ele se destina a ser um tipo de ilustração de todo o processo de evolução. Por exemplo, há imagens de aspecto vivíssimo de todos os tipos de homem que já existiram neste planeta desde a sua origem - desde os gigantes desajeitados da Lemúria até os diminutos remanescentes de raças ainda anteriores e menos humanas. Modelos em alto relevo mostram todas as variações da superfície da Terra - as condições antes e depois dos grandes cataclismos que a modificaram tão profundamente. Imensos diagramas ilustram as migrações das diferentes raças do mundo, e mostram exatamente até onde se espalharam a partir de suas respectivas origens. Outros diagramas semelhantes são dedicados à influência das várias religiões do mundo, mostrando onde cada uma foi praticada em sua pureza original, e onde se mesclaram com remanescentes de outras religiões e se desvirtuaram. Estátuas impressionantemente vívidas perpetuam a aparência física de alguns dos grandes líderes e instrutores de raças há muito esquecidas, e vários objetos de interesse ligados a avanços importantes e mesmo despercebidos da civilização são preservados para o exame da posteridade. Manuscritos originais de incrível antigüidade e de valor inestimável também são mostrados - por exemplo, um manuscrito saído da mão do próprio Senhor Buda em Sua vida derradeira como Príncipe Siddartha, e um outro escrito do Senhor Cristo durante Sua vida na Palestina. Aqui é guardado o maravilhoso original do Livro de Dzyan, que Madame Blavatsky descreve na abertura de A Doutrina Secreta. Aqui também há estranhos escritos de mundos além do nosso. Também são representadas formas animais e vegetais, algumas das quais nos são conhecidas pelos fósseis, embora a maioria delas sequer seja sonhada pela nossa ciência moderna. Modelos detalhados de algumas grandes cidades de antigüidade remota e esquecida estão aqui para o estudo dos discípulos. Todas as estátuas e modelos são coloridos tão viva e exatamente como eram os originais, e podemos notar que a coleção foi disposta cronologicamente a fim de representar para a posteridade os estágios exatos através dos quais estavam passando a evolução ou a civilização da época, de modo que em vez de fragmentos incompletos, como nossos museus tão amiúde nos apresentam, em todos os casos temos aqui uma série intencionalmente didática de apresentações. Encontramos ainda modelos de todos os tipos de máquinas que foram desenvolvidas pelas diferentes civilizações, e também há elaboradas

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e abundantes ilustrações de todos os tipos de magia em uso nos vários períodos da história. No vestíbulo que conduz a estes vastos salões são mantidas as imagens vivas dos discípulos dos Mestres Morya e Kuthumi que estão na ocasião em período probacional, como descreverei mais adiante. Estas imagens estão ordenadas ao longo das paredes como estátuas, e são representações perfeitas dos respectivos discípulos. Contudo, não é provável que sejam visíveis aos olhos físicos, pois a matéria mais densa que entra em sua composição é a etérica. Perto da ponte há também um pequeno Templo com torrezinhas de forma semelhante às de Burma, onde alguns poucos habitantes das vilas fazem oferendas de frutos e flores, queimam cânfora e recitam o Pancha Sila. Uma trilha áspera e acidentada conduz ao fim do vale ao longo do riacho. As casas dos dois Mestres estão à vista uma da outra, estão ambas acima da ponte, mas nenhuma delas pode ser vista daqui, uma vez que o vale faz uma curva. Se seguirmos a trilha acima do vale passando a casa do Mestre Kuthumi chegaremos a um grande pilar de rocha, além do qual, depois de outra curva, ela sai do alcance da vista. Um pouco mais além o vale se abre em um platô onde há um lago, no qual, de acordo com a tradição, Madame Blavatsky costumava tomar banho, e se diz que ela o considerava muito frio. O vale é protegido e se volta para o sul, e embora a região em torno fique coberta de neve no inverno, não lembro de ter visto nenhuma neve perto das casas dos Mestres. As casas são de pedra, muito sólidas e fortes. A Casa do Mestre Kuthumi A casa do Mestre Kuthumi é dividida em duas partes por uma passagem reta. Como se vê no Diagrama 1, que mostra a planta-baixa da metade sul da casa, na passagem de entrada a primeira porta à direita leva à sala principal da casa, onde nosso Mestre costumeiramente vai sentar. É grande (cerca de 15 x 9 m) e alta, e em muitas coisas se parece mais com um salão do que com uma sala, e ocupa toda a frente da casa deste lado da passagem. Atrás desta grande sala há duas outras peças quase quadradas, uma delas usada como biblioteca e outra como quarto de dormir. Isso completa esta metade da casa, que aparentemente é reservada para o uso pessoal do Mestre, e é rodeada de uma ampla varanda. O outro lado da casa, à esquerda da passagem de entrada, parece ser dividido em peças menores e escritórios de vários tipos; não tivemos a oportunidade de examiná-las de perto, mas notamos que do lado oposto da passagem, na direção do quarto de dormir, existe um banheiro bem aparelhado. O salão é tão bem suprido de janelas, tanto ao longo da frente como do outro lado, que ao entrarmos temos a impressão de um espaço quase aberto, e sob as janelas corre um comprido banco. Há também uma característica um tanto incomum para este país, uma grande lareira aberta no meio da parede oposta à das janelas frontais. Ela é disposta de modo a aquecer as três peças, e tem uma curiosa cobertura de ferro martelado, que segundo me disseram é única no Tibete. Sobre a boca da lareira há um lintel, e perto dali fica a cadeira de braços do Mestre, muito antiga, entalhada em madeira e escavada para

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acomodar anatomicamente o usuário, de modo que não são necessárias almofadas. Espalhados pelo ambiente há mesas e sofás, a maioria sem encosto, e em um dos cantos está o teclado do órgão do Mestre. O teto fica a talvez 6 m de altura é muito belo, com traves finamente esculpidas que, onde se cruzam, descem em pontas ornamentais, dividindo o teto em seções oblongas. Uma abertura em arco com um pilar no centro, em estilo semelhante ao gótico, mas sem vidros, se abre para o estúdio, e uma janela parecida se abre para o quarto de dormir. Este é mobiliado com muita simplicidade. Há uma cama comum, suspensa como uma rede entre dois suportes de madeira lavrada fixos na parede (um deles imita a cabeça de um leão, e o outro tem a figura de uma cabeça de elefante), e quando a cama não está em uso fica dobrada de encontro à parede. A biblioteca é uma bela sala, contendo milhares de volumes. Correndo pelas paredes há armários cheios de livros em muitas línguas, alguns deles obras modernas européias, e na parte de cima há partes abertas para manuscritos. O Mestre é um grande lingüista, e além de ser um exímio erudito do inglês tem um completo conhecimento do francês e do alemão. A biblioteca também contém uma máquina de escrever, que foi presenteada ao Mestre por um de Seus discípulos.

Diagrama 1

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Da família do Mestre sei muito pouco. Há uma senhora, evidentemente uma discípula, a quem Ele chama de "irmã". Se ela é de fato Sua irmã eu não sei, possivelmente pode ser uma prima ou sobrinha. Ela parece ser muito mais velha do que Ele, mas isso não torna o parentesco improvável, já que Ele aparenta manter a mesma idade há muito tempo. Ela se parece um pouco com Ele, e uma ou duas vezes quando houve reuniões ela veio participar, embora seu trabalho principal pareça ser cuidar da casa e dos empregados. Entre estes há um ancião e sua esposa, que há muito tempo servem o Mestre. Eles não sabem de nada sobre a verdadeira dignidade do seu empregador, mas O consideram um patrão muito indulgente e gracioso, e naturalmente se beneficiam muito de estarem a Seu serviço. As Atividades do Mestre

O Mestre tem um grande jardim só Seu. Ele possui também algumas terras e emprega trabalhadores para cultivá-las. Perto da casa há arbustos floridos e touceiras de flores crescendo livres, com samambaias entre elas. Através do jardim corre um regato, que forma uma pequena cachoeira, onde se construiu uma pontezinha. Aqui Ele muitas vezes Se assenta quando está a enviar correntes de pensamentos e bênçãos sobre Seu povo; sem dúvida pareceria ao observador casual que Ele estaria ali observando ociosamente a Natureza, e ouvindo descuidado o canto da passarada e o murmúrio da água. Às vezes, ainda, Ele descansa em Sua grande cadeira de braços, e quando as pessoas O vêem assim já sabem que não devem importuná-Lo; elas não sabem exatamente o que Ele está fazendo, mas supõem que esteja em samadhi. O fato de que as pessoas no Oriente entendem este tipo de meditação e o respeitam pode ser uma das razões pelas quais os Adeptos preferem viver lá e não no Ocidente. Deste modo resulta que o Mestre passa considerável parte do dia sentado quietamente e, diríamos, a meditar; mas enquanto Ele está aparentemente descansando com tanta calma, na realidade Ele está engajado todo o tempo no mais estrênuo trabalho nos planos superiores, manipulando várias forças naturais e derramando influências das mais variadas espécies sobre milhares de almas ao mesmo tempo, pois os Adeptos são as pessoas mais ocupadas do mundo. O Mestre, contudo, também faz muito trabalho no plano físico; Ele tem composto alguma música, e tem escrito notas e documentos para várias finalidades. Ele também é muito interessado no progresso da ciência física, embora este seja o departamento especial de um dos outros grandes Mestres de Sabedoria. De tempos em tempos o Mestre Kuthumi cavalga um grande cavalo baio e, ocasionalmente, quando calha de trabalharem juntos, Ele é acompanhado pelo Mestre Morya, que sempre monta um esplêndido cavalo branco. Nosso Mestre visita com regularidade alguns mosteiros, e às vezes sobe através de uma grande passagem até um mosteiro solitário nas montanhas. Cavalgar no desempenho de Seus deveres parece ser Seu exercício principal, mas às vezes Ele caminha com o Mestre Djwal Kul, que vive em uma cabana que construiu com Suas próprias mãos, bem perto do grande penhasco que há no caminho que leva ao platô.

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Às vezes o Mestre toca o órgão que está na grande sala de Sua casa. Ele foi feito no Tibete sob Sua orientação, e de fato é uma combinação de piano e órgão, com um teclado como os que temos no Ocidente, e onde Ele pode tocar qualquer de nossas músicas Ocidentais. Ele não se parece com nenhum outro instrumento que eu conheça, pois de certa forma tem duas frentes, já que pode ser tocado tanto da sala quanto da biblioteca. O teclado principal (ou antes os três teclados - grande órgão, plenum e coro) está na sala, ao passo que o teclado do piano está na biblioteca; e todos estes teclados podem ser usados ou juntos ou separados. O órgão completo com seus pedais pode ser tocado do modo usual na sala, mas manejando uma alavanca semelhante a um registro, o mecanismo do piano pode ser ligado ao órgão, de forma que tudo soa simultaneamente. Deste ponto de vista, de fato, o piano é tratado como um registro adicional do órgão. Porém do teclado da biblioteca o piano pode ser tocado sozinho como um instrumento independente, de todo dissociado do órgão; mas através de um mecanismo complicado o coro do órgão também é ligado àquele teclado, de modo que assim a pessoa pode tocar o piano sozinho precisamente como se fosse um piano comum, ou pode tocar o piano acompanhado pelo coro do órgão, ou de qualquer forma por alguns registros do órgão. Também é possível, como eu disse, separar os dois completamente, e assim, com um intérprete em cada teclado, executar um dueto de piano e órgão. O mecanismo e os tubos deste estranho instrumento ocupam quase todo o por assim dizer segundo andar desta parte da casa do Mestre. Através de magnetização Ele o colocou em contato com os Gandharvas, ou Devas da música, e destarte sempre que ele é tocado eles cooperam, e assim Ele consegue combinações de sons jamais ouvidas no plano físico; além disso o órgão dispõe de um efeito de acompanhamento de instrumentos de corda e de sopro. O canto dos Devas está sempre sendo cantado no mundo, está sempre ressoando nos ouvidos dos homens, mas eles não atendem à sua beleza. Há o profundo bordão do mar, o suspiro do vento nas árvores, o troar da torrente montesa, a música do córrego, do rio e da cachoeira, que juntos com muitos outros fazem a grandiosa canção da Natureza viva. Isso porém é apenas um eco no mundo físico de um som muito mais majestoso, o do Ser dos Devas. Como é dito em Light on the Path:

"Só fragmentos da grande canção chegam até vossos ouvidos enquanto sois apenas homens. Mas se os ouvirdes, lembrai deles fielmente, de modo que nada se perca, e tenteis aprender deles o significado do mistério que vos cerca. No devido tempo prescindireis de mestres. Pois como o indivíduo possui voz, aquilo onde o indivíduo vive também possui. A própria vida tem voz, que jamais se cala. E sua fala não é, como vós, surdos, podeis supor, um lamento: é uma canção. Aprendei dela que sois parte da harmonia; aprendei dela a obedecer às leis da harmonia".

Todas as manhãs um grupo de pessoas - não exatamente discípulos, mas seguidores - vem à casa do Mestre, e se assentam na varanda e em seu entorno. Às vezes Ele lhes faz uma pequena prédica - uma espécie de

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pequena palestra; mais freqüentemente Ele continua Seu trabalho e não Lhes dá atenção outra além de um sorriso amistoso, com o qual eles parecem se contentar da mesma maneira. Evidentemente eles vêm para se sentar dentro de Sua aura e venerá-Lo. Às vezes Ele come em sua presença, sentado na varanda, com esta multidão de tibetanos e outros ao Seu redor; mas geralmente Ele come sozinho em uma mesa em Seu quarto. É possível que Ele siga a regra dos monges Budistas e não coma nada após o meio-dia, pois não lembro de jamais tê-Lo visto comer à noite; é mesmo possível que Ele não precise comer todos os dias. Mais provavelmente, quando Lhe apetece Ele pede a comida que deseja, e não come em horas predeterminadas. Eu O vi comendo pequenos bolos redondos, marrons e doces, feitos de trigo, açúcar e manteiga, do tipo usualmente feito em casa, assados por Sua irmã. Ele também come curry e arroz, sendo o curry ingerido na forma de sopa, como o dhal. Ele usa uma curiosa e bela colher de ouro, com uma refinada imagem de um elefante na extremidade do cabo, e cuja concha está disposta em um ângulo incomum em relação à haste. Trata-se de uma herança de família, muito antiga e provavelmente de grande valor. Ele de costume veste roupas brancas, mas não lembro de tê-Lo visto usando qualquer chapéu, exceto nos raros casos em que enverga o manto amarelo da seita ou clã Gelupga, que inclui um gorro parecido a um elmo romano. O Mestre Morya, porém, geralmente usa um turbante. Outras Casas A casa do Mestre Morya está no lado oposto do vale, mas muito mais abaixo - bem perto, de fato, do pequeno templo e da entrada das cavernas. É de um estilo bem diverso de arquitetura, tendo pelo menos dois pisos, e a fachada defronte à estrada tem varandas nos dois níveis que são quase totalmente envidraçadas. O método e arranjo de Sua vida são bem semelhantes aos já descritos no caso do Mestre Kuthumi. Se subimos gradualmente pela margem esquerda do riacho, ao longo da extensão do vale, passamos pela casa e terrenos, à direita, do Mestre Kuthumi, e mais acima no morro encontramos, do mesmo lado da estrada, uma pequena cabana que aquele hoje conhecido como Mestre Djwal Kul construiu sozinho com Suas próprias mãos nos dias de seu discipulado, a fim de ter uma morada bem próxima da residência de Seu Mestre. Nesta cabana está pendurada uma espécie de placa onde, a Seu pedido, um dos discípulos ingleses do Mestre Kuthumi precipitou, há muitos anos atrás, uma vista do interior do salão da casa do Mestre Kuthumi, mostrando as figuras de vários Mestres e discípulos. Isto foi feito em comemoração a um encontro especialmente feliz e proveitoso na casa do Mestre. Os Adeptos do Primeiro Raio

Passando agora à consideração da aparência pessoal destes Grandes Seres, ela é modificada em alguma extensão pelo Raio ou tipo a que cada Um pertence. O Primeiro Raio tem o poder como sua característica mais marcada, e aqueles que nascem nele são os reis, os governantes, os líderes do mundo - do mundo interno e espiritual em primeiro lugar, mas também no plano físico.

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Qualquer homem que possua em um grau muito incomum as qualidades que o capacitam a dominar as pessoas e guiá-las suavemente ao longo do rumo que ele deseja provavelmente é uma pessoa do Primeiro Raio ou alguém que esteja tendendo a ele. Uma figura régia deste tipo é o Senhor Vaivasvata Manu, o Regente da quinta Raça Raiz, que é o mais alto de todos os Adeptos, com quase 2 metros de altura, e de proporções perfeitas. Ele é o Homem Modelar de nossa Raça, o seu protótipo, e todos os membros desta Raça descendem diretamente d'Ele. O Manu tem uma face impressionante, de grande poder, com um nariz aquilino, uma barba castanha cheia e ondulante, olhos castanhos, e uma magnificente cabeça de porte leonino. "Ele é alto", diz nossa Presidente, "e de régia majestade, com olhos penetrantes como os de uma águia, trigueiros e brilhantes com fulgores dourados". Atualmente Ele vive nos Himalaias, não distante da casa de Seu grande Irmão, o Senhor Maitreya. Figura semelhante é o Mestre Morya, o imediato e sucessor do Senhor Vaivasvata Manu, e futuro Manu da sexta Raça Raiz. Ele por nascimento é um Rei de Rajput, e tem uma barba escura dividida em duas partes, um cabelo escuro, quase negro, que recai sobre seus ombros, e olhos escuros e penetrantes, cheios de poder. Ele tem cerca de 1,95 m de altura, e porta-Se como um soldado, expressando-Se em frases tersas e curtas como se estivesse acostumado a ser obedecido incontinenti. Em Sua presença têm-se a sensação de um poder e força esmagadores, e Ele tem uma dignidade imperial que compele à mais profunda reverência. Madame Blavatsky muitas vezes nos contava como ela encontrou o Mestre Morya no Hyde Park de Londres, no ano de 1851, quando Ele veio junto com um grupo de outros Príncipes indianos para visitar a grande Exposição Internacional. O estranho é que também eu, então uma criança de quatro anos, também O vi, mas sem saber de quem se tratava. Lembro de ter sido levado para ver um esplêndido desfile, onde entre outras maravilhas estava um grupo de cavaleiros indianos ricamente ataviados. Eram cavaleiros magníficos, montando os cavalos mais belos que se poderia imaginar, e naturalmente meus olhos infantis se fixaram neles com grande deleite, e para mim eles eram a melhor coisa daquele espetáculo maravilhoso e feérico. E enquanto eu os via passar, ainda segurando a mão de meu pai, um dos mais altos dentre aqueles heróis me fixou com seus faiscantes olhos negros, o que em parte me amedrontou e ao mesmo tempo me encheu de indescritível felicidade e exaltação. Ele passou com os outros e não O vi mais, embora muitas vezes a visão daqueles olhos fulgurantes voltasse à minha memória infantil. É claro que eu não fazia a menor idéia de quem Ele era, e jamais O teria identificado se não fosse uma graciosa observação que Ele me dirigiu muitos anos depois. Falando certo dia em Sua presença, a respeito dos primeiros dias da Sociedade, aconteceu de eu dizer que tivera o privilégio de vê-Lo em forma materializada pela primeira vez em uma ocasião em que Ele veio até o quarto de Madame Blavatsky em Adyar, com o intuito de dar-lhe forças e algumas orientações. Ele próprio, que estava envolvido na conversa com alguns outros Adeptos, voltou-Se de súbito para mim e disse: "Não, aquela não foi a primeira

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vez. Tu já me havias visto antes em meu corpo físico. Não lembras, quando ainda criancinha, observando o cortejo de cavaleiros indianos passando por Hyde Park, e não percebeste como eu te distingui então com um olhar?" Instantaneamente lembrei, é claro, e disse: "Oh Mestre, éreis vós? Eu deveria tê-lo sabido!" Eu não cito este incidente entre as ocasiões em que encontrei e falei com um Mestre, estando ambos em corpos físicos, porque naquela ocasião eu não sabia que o grande cavaleiro era um Mestre, e porque a evidência de uma criança tão pequena poderia muito bem ser duvidosa ou negligenciável. S.Ramaswami Iyer, em seu relato da experiência mencionada no Capítulo 1, escreve:

"Eu estava seguindo pela estrada que vai até a vila, por onde, segundo me garantiram as pessoas que encontrei no caminho, eu poderia com facilidade penetrar no Tibete em meus trajes de peregrino, quando subitamente vi um cavaleiro solitário galopando em minha direção. Pela sua alta estatura e habilidade sobre o cavalo pensei que se tratasse de algum oficial militar do Rajá de Sikkhim. Quando ele se aproximou, deteve-se. Olhei para ele e o reconheci imediatamente. Eu estava na impressionante presença dele, do mesmo Mahatma, meu venerado Guru, a quem eu havia visto antes em seu corpo astral sobre a balaustrada da Sede Teosófica. Era ele, o Irmão do Himalaia da memorável noite de dezembro passado, que havia tão gentilmente precipitado uma carta em resposta a outra que eu havia dado uma hora antes em um envelope selado para Madame Blavatsky, a quem jamais perdi de vista durante este intervalo. No mesmo instante prostrei-me no solo a seus pés. Ergui-me a seu comando e, calmamente olhando sua face, esqueci de mim mesmo por completo, abandonado à contemplação da imagem que eu conhecia tão bem, tendo visto seu retrato (aquele de posse do Coronel Olcott) vezes sem conta. Eu não sabia o que dizer; alegria e reverência atavam minha língua. A majestade de seu semblante, que me parecia a encarnação do poder e da inteligência, mantinham-me em um rapto de assombro. Enfim eu estava face a face com o Mahatma do Himavat, e ele não era mito, não era uma criação da imaginação de algum médium, como alguns cépticos sugeriam. Não era um sonho noturno, era entre nove e dez hora da manhã. O sol brilhante e silencioso testemunhava de cima toda a cena. Eu o vi diante de mim em carne e osso, e ele me falava com gentileza e amabilidade. O que mais eu poderia querer? Meu excesso de felicidade me deixava mudo. Não foi senão depois de passar algum tempo que pude pronunciar algumas palavras, encorajado por sua fala e modos gentis. Sua compleição não é tão bela como a do Mahatma Kuthumi, mas eu jamais vi um semblante mais formoso, uma estatura tão imponente e majestosa. Como em seu retrato, ele usa uma barba escura e curta, e um longo cabelo negro pende sobre o peito; apenas sua roupa era diferente. Em vez de uma túnica branca e solta, ele usava um manto amarelo orlado de peles, e em sua cabeça, em vez do turbante, havia o capuz amarelo tibetano, como aqueles que eu vi alguns butaneses usarem em seu país. Quando os primeiros momentos de enlevo e

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surpresa passaram, e compreendi calmamente a situação, tive então uma longa conversa com ele" (Five Years of Theosophy, 2ª edição, p. 284).

Uma outra figura régia é o Senhor Manu Chakshusha, o Manu da quarta Raça Raiz, que é chinês de nascimento, e de casta muito elevada. Ele tem os malares salientes dos mongóis, e Sua face parece ser delicadamente esculpida em marfim antigo. Ele de hábito usa magníficas túnicas de um flutuante tecido de ouro. Via de regra não entramos em contato com Ele em nosso trabalho ordinário, exceto quando acontece de termos de lidar com um discípulo pertencente à Sua Raça Raiz. Os Adeptos do Segundo Raio

Nas pessoas de nosso Senhor o Bodhisattva, o Mestre do Mundo, e do Mestre Kuthumi, Seu principal imediato, a influência que é especialmente notável é a radiância de Seu Amor ilimitado. O Senhor Maitreya está usando atualmente um corpo de raça Celta, embora quando Ele aparecer para o mundo para ensinar Seu povo, como Ele pretende fazer em breve, usará um corpo preparado para Ele por um de Seus discípulos. Sua face é de mirífica beleza, forte, porém terna, com um rico cabelo caindo sobre Seus ombros como uma cascata de ouro vermelho. Sua barba é pontiaguda, como em algumas das antigas imagens, e Seus olhos, de um violeta maravilhoso, são como duas flores gêmeas, como estrelas, como profundas e santas piscinas cheias com as águas da paz eterna. Seu sorriso é deslumbrante além do poder das palavras descrever, e O rodeia uma ofuscante glória de Luz, mesclada com aquele maravilhoso brilho róseo que sempre irradia do Senhor do Amor. Podemos imaginá-Lo sentado na grande sala frontal de Sua casa nos Himalaias, a sala com muitas janelas, sobranceira aos jardins e aos terraços e, ao longe, às ondulantes planícies indianas; ou em brancas túnicas flutuantes, debruadas de uma larga bainha de ouro, a caminhar em Seu jardim no frescor da tardinha, por entre flores gloriosas cujo perfume enche o ar em torno com uma rica e doce fragrância. Admirável além de toda medida é nosso Senhor o Cristo, maravilhoso além de qualquer poder de descrição, pois através d'Ele flui o Amor que conforta milhões, e Sua é a voz que fala, como homem algum jamais falou, as palavras de ensino que trazem paz para os anjos e os homens. Dentro de bem poucos anos esta Voz será ouvida e este Amor será sentido por aqueles que andam nos escuros caminhos da Terra; que possamos nos preparar para recebê-Lo quando vier, e oferecer-Lhe as boas-vindas adequadas e um serviço fiel! O Mestre Kuthumi usa o corpo de um Brâmane de Cachemira, e sua compleição assemelha à dos ingleses em geral. Também Ele tem um cabelo flutuante, e Seus olhos são azuis e cheios de alegria e amor. Seu cabelo e barba são castanhos, que se tornam ruivos com brilhos dourados onde incidem os raios do sol. Sua face é de difícil descrição, pois Sua expressão está sempre mudando quando Ele sorri; o nariz é finamente modelado, e os olhos são grandes e de um maravilhoso azul líquido. Assim como o grande Senhor, Ele também é um Instrutor e um Sacerdote, e daqui a muitos séculos Ele O

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substituirá em Seu alto Ofício, e assumirá o cetro de Mestre do Mundo, e se tornará o Bodhisattva da sexta Raça Raiz. Outros Raios O Mahachohan é o protótipo do Estadista, do grande Organizador, embora Ele também possua muitas qualidades militares. Ele usa um corpo indiano, e é alto e magro, com um perfil afilado muito belo e bem definido, e não usa barba. Seu rosto é antes austero, com um queixo forte e quadrado; Seus olhos são profundos e penetrantes, e Ele fala um tanto abruptamente, como o fazem os soldados. Geralmente Ele usa túnicas indianas e um turbante branco. O Mestre Conde de Saint-Germain se parece com Ele em muitas coisas. Embora não seja especialmente alto, é muito aprumado e militar em Suas atitudes, e demonstra aquela refinada cortesia e dignidade de um grão-senhor do século XVIII; de imediato sente-se que Ele pertence a uma família muito antiga e nobre. Seus olhos são grandes e castanhos, e são cheios de ternura e humor, embora também se perceba um brilho de poder; e o esplendor de Sua Presença impele as pessoas à reverência. Sua face é amorenada, seus cabelos curtos são divididos ao meio e penteados para trás, e Ele usa uma curta barba pontiaguda. Muitas vezes Ele enverga um uniforme escuro com bordados de ouro - e também freqüentemente um magnífico manto militar vermelho - e isso acentua Sua aparência militar. Ele de costume reside em um antigo castelo no leste europeu que pertence à Sua família há muitos séculos. O Mestre Serápis é alto, e de bela compleição. É grego de nascimento, embora todo o Seu trabalho venha se desenvolvendo no Egito e em associação com a Loja Egípcia. Ele tem uma face muito distinta e ascética, que lembra um pouco a do falecido Cardeal Newman. Talvez o Chohan Veneziano seja o mais formoso de todos os Membros da Fraternidade. Ele é muito alto, com quase 2 metros de altura, e tem uma barba flutuante parecida com a do Manu, e Seus olhos são azuis. Embora tenha nascido em Veneza, Sua família sem dúvida tem sangue godo nas veias, pois Ele é um homem característico deste grupo. O Mestre Hilarion é grego e, salvo pelo Seu nariz levemente aquilino, é do tipo dos gregos antigos. Sua testa é baixa e larga, e se assemelha à do Hermes de Praxíteles. Também Ele é maravilhosamente belo, e aparenta ser muito mais jovem que a maioria dos Adeptos. Aquele que antigamente foi o discípulo Jesus hoje usa um corpo sírio. Tem a pele trigueira, olhos escuros e a barba negra dos árabes, e geralmente usa túnicas brancas e um turbante. Ele é o Mestre dos devotos, e a tônica de Sua Presença é uma intensa pureza, e um tipo ardente de devoção que desconhece obstáculos. Vive Ele entre os drusos do Monte Líbano. Dois dos Grandes Seres com quem já entramos em contato diferem ligeiramente do que talvez poderíamos chamar, com toda a reverência, o tipo usual de corpo físico do Adepto. Um d'Eles é o Regente espiritual da Índia,

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sobre quem o Coronel Olcott escreveu tantas vezes, e a quem é associado o nome Júpiter no livro Man: Whence, How and Whither. Ele é mais baixo do que a maioria dos membros da Fraternidade, e é o único dentre todos, até onde sei, cujos cabelos mostram mechas grisalhas. Ele se porta com muito prumo e se movimenta com uma atenção e exatidão militares. Ele é um proprietário de terras, e durante a visita que Lhe fiz com Swami T. Subba Row, O vi diversas vezes tratando de negócios com pessoas que pareciam seus agentes, trazendo-Lhe informes e recebendo instruções. O outro é o Mestre Djwal Kul, que ainda usa o mesmo corpo em que apenas há poucos anos atingiu o Adeptado. Talvez por esta razão ainda não tenha sido possível tornar aquele corpo uma reprodução perfeita do Augoeides. Sua face à nitidamente tibetana em feições, com malares salientes, e a pele é um tanto enrugada, revelando sinais da idade. Algumas vezes um Adepto, para algum propósito especial, deseja um corpo para uso temporário em meio ao torvelinho do mundo. Este será o caso quando vier o Mestre do Mundo, e foi-nos dito que também diversos outros Adeptos poderão aparecer, para atuar como Seus imediatos e ajudá-Lo em Sua grande obra pela humanidade. A maioria destes Grandes Seres seguirá o exemplo de Seu Líder, e tomarão de empréstimo por algum tempo os corpos de Seus discípulos, de modo que é necessário que alguns destes veículos sejam aprontado para Seu uso. Os estudantes às vezes perguntam o porquê de os Adeptos precisarem de outros corpos nesta ocasião, uma vez que Eles já possuem corpos físicos. Veículos Físicos Perfeitos Aqueles que, atingindo o nível de Adepto, escolhem como Suas carreiras futuras permanecer neste mundo e ajudar diretamente a evolução de Sua própria humanidade, consideram conveniente para Seu trabalho que permaneçam em corpos físicos. A fim de serem adequados aos Seus propósitos, os corpos não podem ser de um tipo comum. Não somente eles devem ser absolutamente saudáveis, mas também devem ser expressões perfeitas do ego até onde o plano físico o permita. A construção de um tal corpo não é um trabalho fácil. Quando o ego de um homem comum desce até seu novo corpo de bebê, encontra-o sob cuidado de um elemental artificial, que foi criado de acordo com o seu karma, como descrevi em The Inner Life. Este elemental fica diligentemente ocupado na modelação da forma que logo há de nascer no mundo externo, e ele permanece após o nascimento e continua nesta modelagem até que o corpo tenha de seis a sete anos. Durante este período o ego adquire um contato mais íntimo com seus novos veículos, o emocional e mental assim como o físico, e acostuma-se a eles; mas o trabalho real feito por ele mesmo sobre estes novos veículos até o ponto em que o elemental se retira é, na maioria dos casos, irrelevante. Certamente ele está em contato com o corpo, mas geralmente presta-lhe pouca atenção, preferindo esperar que chegue a uma idade em que esteja mais responsivo aos seus esforços.

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O caso de um Adepto é muito diferente disso. Como já não existe mau karma a ser esgotado, não há nenhum elemental artificial trabalhando, e o próprio ego fica responsável por todo o trabalho de desenvolver o corpo desde o início, sendo limitado apenas por sua hereditariedade. Isso possibilita que seja produzido um instrumento muito mais refinado e delicado, mas também envolve mais trabalho para o ego, e requer durante alguns anos uma considerável quantidade de tempo e energia. Daí que, sem dúvida também por outras razões, um Adepto prefere não repetir o processo mais do que seja estritamente necessário, e portanto Ele faz Seu corpo físico durar o quanto for possível. Nossos corpos envelhecem e morrem por várias razões, desde fraquezas herdadas, doenças, acidentes e negligência, preocupações e excesso de trabalho. Mas no caso de um Adepto nenhuma destas causas está presente, embora devamos lembrar, é claro, que Seu corpo é capaz de trabalhar e durar imensamente mais do que os das pessoas comuns. Os corpos dos Adeptos, sendo como descrevi, permitem-Lhes mantê-los por muito mais tempo do que pode um homem comum, e a conseqüência é que descobrimos que a idade de tais corpos é usualmente muito maior do que seu aspecto leva a supor. O Mestre Morya, por exemplo, parece ser uma pessoa absolutamente na flor da idade - possivelmente entre trinta e cinco e quarenta anos; porém as muitas histórias que Seus discípulos contam a Seu respeito Lhe dão uma idade de quatro a cinco vezes maior do que esta, e a própria Madame Blavatsky nos disse que quando, ainda criança, O viu pela primeira vez Ele parecia ser exatamente o mesmo que é hoje. Também o Mestre Kuthumi parece ter a mesma idade de Seu constante amigo e companheiro, o Mestre Morya, mas se diz que Ele obteve uma graduação universitária na Europa um pouco antes da metade do século passado (XIX), o que certamente O torna um centenário. Atualmente não temos meios de saber qual é o limite desta duração, embora haja evidências a mostrar que eles podem facilmente perdurar mais que o dobro dos setenta anos do Salmista. Um corpo produzido deste modo, adequado para o trabalho superior, inevitavelmente é muito sensível, e por esta mesma razão requer cuidadoso tratamento para estar sempre nas melhores condições. Ele se desgastaria como os nossos se fosse sujeito aos inumeráveis pequenos atritos do mundo externo e suas constantes correntes de vibrações antagônicas. Portanto os Grandes Seres de costume vivem em relativo isolamento, e aparecem mui raramente neste caos ciclônico que chamamos de vida diária. Se Eles trouxessem Seus corpos para o redemoinho da curiosidade e das emoções impetuosas, coisa que provavelmente sucederá ao Mestre do Mundo quando Ele vier, sem dúvida alguma a vida destes corpos seria grandemente abreviada, e ainda, por causa de sua extrema sensibilidade, haveria muito sofrimento desnecessário.

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Veículos Emprestados

Ocupando temporariamente o corpo de um discípulo o Adepto evita estes inconvenientes, e ao mesmo tempo dá um impulso incalculável à evolução do discípulo. Ele habita o veículo só quando precisa - para dar uma palestra, talvez, ou para derramar uma corrente especial de bênçãos; e assim que termina o que queria fazer Ele sai do corpo e o discípulo, que todo o tempo esteve por perto, o reassume, e o Adepto volta para Seu próprio corpo e continua Seu trabalho usual para o auxílio do mundo. Deste modo Sua ocupação costumeira é pouco afetada, já que Ele tem sempre à disposição um corpo que Ele pode, quando preciso, empregar no plano físico, na beatífica missão de Mestre do Mundo. De pronto podemos imaginar de que maneira isso afeta o discípulo que é favorecido a ponto de ter a oportunidade de emprestar seu corpo para um Grande Ser, embora a extensão deste efeito possa muito bem estar além de nossa avaliação. Possuir um veículo afinado por tal influência lhe seria uma enorme ajuda, e não uma limitação, e enquanto seu corpo estivesse sendo usado ele teria sempre a oportunidade de se banhar no maravilhoso magnetismo do Adepto, pois ele deve estar por perto para reassumir seu posto assim que o Mestre acabar de usá-lo. Os Grandes Seres sempre adotam este plano de tomar emprestado um veículo adequado quando Eles pensam em descer entre os homens em condições como as que hoje existem no mundo. O Senhor Gautama empregou este método quando veio para obter o Budado, e o Senhor Maitreya fez o mesmo quando visitou a Palestina há dois mil anos. A única exceção que conheço é quando um novo Bodhisattva assume o ofício de Mestre do Mundo depois que Seu predecessor se tornou um Buda; em seu primeiro aparecimento no mundo naquela função ele nasce como um bebê do modo usual. Assim o fez nosso Senhor, o atual Bodhisattva, quando nasceu como Shri Krishna nas luminosas planícies da Índia, para ser reverenciado e amado com uma devoção apaixonada que dificilmente teve paralelo. Esta ocupação temporária de um corpo de discípulo não deve ser confundida com o uso permanente por uma pessoa avançada de um veículo por outrem preparado para ela. Os seguidores de Madame Blavatsky geralmente sabem que nossa grande Fundadora, ao deixar o corpo em que a conhecemos, entrou em um outro que havia sido recém abandonado por seu ocupante original. Se este corpo foi especialmente preparado para seu uso não sei; mas são conhecidos outros casos em que isso foi feito. Nestes casos sempre há uma certa dificuldade de adaptação do veículo às necessidades e idiossincrasias do novo ocupante, e é provável que ele jamais se torne uma vestimenta perfeitamente adequada. Para o ego que desce há a escolha entre devotar uma considerável quantidade de tempo e trabalho para supervisionar o crescimento de um novo veículo, que seria uma expressão perfeita dele, até onde isso é possível no plano físico, ou contornar todas estas dificuldades entrando no corpo de outra pessoa - um processo que forneceria para todos os fins usuais um instrumento razoavelmente bom, mas que jamais seria o que seu ocupante quer em todos os aspectos. Seja como for, naturalmente um

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discípulo anseia por ter a honra de ceder seu corpo para seu Mestre, mas de fato só poucos são puros o bastante para isso. A questão que muitas vezes se levanta é por que um Adepto, cujo trabalho parece estar quase todo nos planos superiores, precisa de fato de um corpo físico. Isso realmente não nos diz respeito, mas não sendo irreverente a especulação, várias sugestões aparecem por si mesmas. O Adepto passa muito do Seu tempo projetando correntes de influência, e mesmo que, até onde foi observado, elas ocorram mais freqüentemente no plano mental superior, ou no plano acima deste, é provável que às vezes possam haver correntes etéricas, e para sua manipulação a posse de um corpo físico sem dúvida é uma vantagem. Ainda, a maioria dos Mestres que conheço tem alguns discípulos ou assistentes a viver com Eles ou em Sua proximidade no plano físico, e um corpo físico pode ser necessário por causa deles. Mas podemos estar certos de que se um Adepto tem o trabalho de manter um tal corpo Ele deve ter boas razões para isso, pois sabemos o bastante sobre Seus métodos de trabalho para percebermos que Eles fazem tudo da melhor forma possível e através dos meios que envolvam o menor gasto de energia. PARTE II: OS DISCÍPULOS CAPÍTULO 3: O CAMINHO ATÉ O MESTRE A Entrada na Senda

Sempre existiu uma Fraternidade de Adeptos, a Grande Fraternidade Branca, sempre houve Aqueles que sabiam, Aqueles que possuíam esta visão interna, e nossos Mestres estão entre os representantes atuais desta grandiosa linhagem de Videntes e Sábios. Parte do conhecimento que Eles acumularam ao longo de éons incontáveis está disponível para todos, no plano físico, sob o nome de Teosofia. Mas há muito mais por trás. O próprio Mestre Kuthumi uma vez disse, entre sorrisos, quando alguém falou da enorme mudança que o conhecimento Teosófico operou em nossas vidas, e do maravilhoso alcance da doutrina da reencarnação: "Sim, mas até agora só erguemos uma diminutíssima ponta do véu". Quando tivermos assimilado completamente o conhecimento que nos foi dado e vivermos de acordo com este ensinamento a Fraternidade estará pronta para erguer um pouco mais o véu, mas só quando tivermos atendido àqueles requisitos. A Senda está aberta para aqueles que desejam saber mais e chegar mais perto. Mas o homem que aspira se aproximar dos Mestres só pode alcançá-Los tornando-se ele mesmo altruísta como Eles são, aprendendo a esquecer do eu pessoal, e devotando-se completamente ao serviço da humanidade assim como Eles fazem. Em seu artigo Occultism versus Occult Arts Madame Blavatsky expressou esta necessidade em sua linguagem caracteristicamente vigorosa:

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"O verdadeiro Ocultismo ou Teosofia é a grande renúncia do eu, incondicional e absoluta, tanto em pensamento como em ação. Significa altruísmo, e tira quem o pratica dentre o número dos vivos. Ele não viverá para si, mas para o mundo, assim que se lançar ao trabalho. Durante os primeiros anos de provação muito é perdoado. Mas tão logo ele seja aceito sua personalidade deve desaparecer, e ele tem de se tornar meramente uma força beneficente na Natureza... Só quando morrer totalmente o poder das paixões, e quando elas tiverem sido esmagadas e aniquiladas na retorta da vontade inabalável, quando não só os desejos e inclinações da carne estiverem mortos, mas também morto o reconhecimento de um eu pessoal, e por conseqüência o astral tiver sido reduzido a um fragmento, é que pode ter lugar a união com o Eu Superior. Então, quando o astral refletir somente o homem vencido - a personalidade ainda viva mas já não desejosa e egoísta - então o brilhante Augoeides, o Eu divino, poderá vibrar em harmonia consciente com os dois pólos da entidade humana - o homem de matéria purificada e a sempre pura Alma Espiritual - e poderá entrar na presença do Eu Mestre, do Christos dos místicos Gnósticos, fundido, mergulhado nele e a ele uno para sempre... O aspirante deve fazer uma escolha definitiva entre a vida do mundo e a vida do Ocultismo. É inútil e vão tentar unir as duas, pois ninguém pode servir a dois senhores e satisfazer a ambos".

O ponto de vista dos Mestres é tão radicalmente diverso do nosso que de início nos é difícil compreendê-lo. Eles têm suas afeições particulares assim como nós, e com certeza Eles amam algumas pessoas mais do que outras, mas Eles jamais deixarão que tais sentimentos influenciem, em mínimo grau sequer, Sua atitude quando o trabalho está em causa. Eles aceitarão muito trabalho por causa de uma pessoa se perceberem que ela tem as sementes de uma futura grandeza, e se avaliarem que ela se revelará um bom investimento em relação à quantidade de tempo e força despendidos com ela. Não há a menor possibilidade de qualquer favoritismo nas mentes destes Grandes Seres. Eles consideram única e exclusivamente o trabalho que tem de ser feito, o trabalho da evolução, e o valor da pessoa em relação a isso; e se nos aprontarmos para tomar parte nele nosso progresso será rápido. A Magnitude da Empreitada Poucas pessoas compreendem a magnitude desta tarefa e, portanto, a seriedade do que estão pedindo quando querem ser aceitas como discípulos. Os Adeptos lidam com o mundo inteiro, em correntes de poder imensamente abrangentes, Eles influenciam milhões de indivíduos em seus corpos causais no plano búdico, e estão a todo momento elevando, embora em graus quase imperceptíveis, os corpos superiores das pessoas em uma escala mundial. Ao mesmo tempo, os Mestres que passam Suas vidas fazendo este trabalho algumas vezes prestam atenção pessoal a pequenos detalhes relacionados a um único discípulo.

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Todos os que ousam pedir para se tornarem discípulos deveriam tentar compreender o caráter estupendo das forças e do trabalho, e a magnitude dos Seres com quem se propõem a entrar em contato. O mais ligeiro entendimento da grandeza de tudo isso tornará claro o motivo de os Adeptos não gastarem Sua energia com um discípulo a menos que Eles tenham evidências de que em um tempo razoável ele acrescentará uma forte corrente de força e poder na direção correta em prol do mundo. Eles só vivem para realizar o trabalho do Logos do sistema, e aqueles dentre nós que desejam se aproximar d'Eles deve aprender a fazer o mesmo, e a viver somente para o trabalho. Os que fizerem isso com certeza atrairão a atenção dos Santos, e serão treinados por Eles para ajudar e abençoar o mundo. O progresso humano é lento, mas constante; portanto o número dos Homens Perfeitos está aumentando, e a possibilidade de atingirmos o Seu nível está dentro do alcance de todos os que se dispuserem a fazer o tremendo esforço exigido. Em condições normais precisaríamos de muitos nascimentos antes de podermos obter o Adeptado, mas agora nos é possível apressar nosso progresso na Senda, concentrar em poucas vidas a evolução que doutra forma levaria muitos milhares de anos. Este é o esforço que está sendo feito por muitos membros da Sociedade Teosófica, pois nesta Sociedade há uma Escola Interna que ensina às pessoas como se prepararem mais rápido para este trabalho superior. Esta preparação exige um grande autocontrole, um esforço determinado sustentado ano após ano, e muitas vezes com apenas pouca coisa para evidenciar externamente o progresso realizado, pois isso envolve muito mais o treinamento dos corpos superiores antes do que o físico, e o treinamento dos superiores nem sempre se manifesta muito obviamente no plano físico. A Importância do Trabalho

Quem quer que ouça falar dos Mestres e de Seu ensino, se tiver qualquer compreensão de tudo o que isso significa e envolve, deve instantaneamente ser arrebatado por um intensíssimo desejo de entendê-Los e entrar em Seu serviço; quanto mais aprender mais se tornará cheio da maravilha e beleza e glória do plano de Deus, e mais ansioso ficará para tomar parte no trabalho. Tendo uma vez percebido que Deus tem um plano, passa a desejar ser um colaborador Seu, e possivelmente nada mais lhe poderá dar satisfação. Então ele começa a se perguntar: "O que devo fazer agora?", e a resposta é: "Trabalhe. Faça o que puder para ajudar o progresso da humanidade ao modo do Mestre. Comece com o que você tiver oportunidade de fazer e faça-o como puder, o que de início pode ser qualquer pequena coisa externa, e logo, à medida que você adquirir as qualidades de caráter necessárias, será levado para o lado superior de tudo isso, até que, esforçando-se para ser e fazer o melhor, se encontre de posse das qualificações que o admitirão à Iniciação e a se tornar membro da própria Grande Fraternidade Branca". Quando eu tive o privilégio de pela primeira vez entrar em contato um pouco mais íntimo com o Mestre, perguntei-lhe por carta o que eu deveria fazer. Ele respondeu assim: "Deves encontrar trabalho por ti mesmo; tu sabes o que fazemos. Começa a trabalhar de qualquer modo que puder. Se eu te der um trabalho definido tu o

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realizarias, mas neste caso o karma do que foi feito seria meu, pois eu te mandei fazê-lo. Tu só terias o karma da pronta obediência, que obviamente é muito bom, mas não é o karma de iniciar por si mesmo uma linha de ação frutífera. Desejo que inicies por ti mesmo um trabalho, porque então o karma da boa ação voltará para ti". Imagino que todos podemos tomar isso para nós mesmos. Devemos perceber que nossa tarefa não é esperar até que sejamos solicitados a fazer qualquer coisa, mas sim nos lançarmos ao trabalho. Há muito trabalho muito humilde que pode ser feito em relação à Teosofia. Muitas vezes, talvez, alguns de nós prefeririam a parte mais espetacular; gostaríamos de ficar em evidência e proferir palestras a grandes audiências. Geralmente encontramos pessoas que querem se oferecer para fazer isso, mas há uma grande quantidade de trabalho rotineiro de escritório a ser feito em relação à nossa Sociedade, e não encontramos sempre muitos voluntários para tal. A reverência e o amor por nossos Mestres nos levará a desejar fazer qualquer coisa em Seu serviço, mesmo que humilde, e podemos estar certos de que estaremos trabalhando em Seu serviço quando ajudarmos a Sociedade que foi fundada por dois d'Eles. As Regras Antigas

As qualificações para admissão na Grande Fraternidade Branca, que têm de ser adquiridas no decurso do trabalho na primeira parte da Senda, são de um caráter muito definido, e são sempre essencialmente as mesmas, embora elas tenham sido descritas de muitos modos diferentes ao longo dos últimos vinte e cinco séculos. Nos primeiros dias da Sociedade Teosófica, quando todo este maravilhoso ensinamento era novidade para nós, esta questão das qualificações naturalmente era uma das quais alguns de nós estavam ansiosos por conhecer, e antes de Madame Blavatsky escrever para nós aquele maravilhoso manual chamado A Voz do Silêncio ela já havia nos fornecido duas listas com os requisitos para o discipulado. Não posso fazer coisa melhor do que citá-las aqui para uma comparação com as orientações posteriores. Ela escreve:

"Um Chela (discípulo aceito) é uma pessoa que se ofereceu a um mestre como pupilo para aprender de modo prático os mistérios ocultos da natureza e os poderes psíquicos latentes no homem. O mestre que o aceita é chamado na Índia de Guru; e o verdadeiro Guru é sempre um Adepto na Ciência Oculta. Um homem de profundo conhecimento, tanto exotérico quanto esotérico, especialmente este último, e alguém que fez sua natureza carnal ficar sob o controle da vontade; alguém que desenvolveu em si mesmo tanto o poder (Siddhi) de controlar as forças da Natureza, como a capacidade de verificar seus segredos com a ajuda dos antes latentes mas ora ativos poderes de seu ser - este é o verdadeiro Guru. Oferecer-se como candidato para o Discipulado é bastante fácil; desenvolver-se até o Adeptado é possivelmente a mais difícil tarefa que alguém possa empreender. Existe uma infinidade de poetas, matemáticos, mecânicos, estadistas, etc, de nascença, mas um Adepto de nascença é algo praticamente impossível. Pois, embora

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ouçamos falar raramente de alguém que tem uma extraordinária capacidade inata para aquisição de conhecimento e poder Ocultos, mesmo este tem de passar pelos mesmos testes e provações pessoais, e tem de submeter-se ao mesmo treinamento pessoal que os outros aspirantes menos dotados. Neste assunto é a mais pura verdade que não existe uma 'estrada real' por onde possam passar favoritos.

"Durante séculos a seleção dos Chelas - fora do grupo hereditário dentro do Gon-pa (templo) - tem sido feita pelos próprios Mahatmas do Himalaia dentre a classe - bastante numerosa no Tibete - dos místicos por natureza. As únicas exceções têm sido no caso de ocidentais como Fludd, Thomas Vaughan, Paracelso, Pico della Mirandola, o Conde de Saint-Germain, etc, cuja afinidade de temperamento com esta ciência celeste mais ou menos que obrigou os distantes Adeptos a entrar em contato pessoal com eles, capacitando-lhes adquirir o pouco (ou muito) de toda a verdade que era possível em seu ambiente social. No Livro IV do Kiu-te, capítulo 'As Leis dos Upasanas', aprendemos que as qualificações esperadas em um Chela eram: "Perfeita saúde física; "Absoluta pureza mental e psíquica; "Propósito altruísta; caridade universal; compaixão por todos os seres animados; "Veracidade e inabalável fé da lei do Karma, independente de qualquer poder na Natureza - uma lei que não deve ser obstruída por nenhuma agência, nem desviada por preces ou cerimônias exotéricas propiciatórias; "Uma coragem indômita em qualquer emergência, mesmo sob risco de morte; "Uma percepção intuitiva de os seres serem o veículo do Avalokiteshvara manifesto ou do Atma (Espírito) Divino; "Uma calma indiferença por tudo que constitui o mundo objetivo e transitório, mantendo porém uma justa apreciação de tudo, em suas relações com e para com as regiões invisíveis. "Estas têm sido as recomendações básicas para quem quer que aspire ao perfeito Discipulado. Com a única exceção da primeira, que em casos muito raros e excepcionais pode ter sido modificada, cada um destes pontos tem sido invariavelmente enfatizado, e todos devem ter sido mais ou menos desenvolvidos na natureza interna através dos esforços individuais do Chela, antes que ele possa de fato ser testado. "Quando o asceta em evolução autônoma - seja dentro ou fora do mundo ativo - colocou-se, por sua própria capacidade natural, acima (e

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por isso tornou-se o mestre) de seu 1: Sharira (corpo); 2: Indriya (sentidos); 3: Dosha (faltas); 4: Dukkha (dor); e está pronto para se tornar um com seu Manas (mente), Buddhi (intelecto ou inteligência espiritual) e Atma (alma superior, ou seja, o espírito); quando ele estiver pronto para isso e, ainda, para reconhecer no Atma o mais elevado regente no mundo das percepções, e na vontade a mais elevada energia executiva (poder) - então ele poderá, seguindo as venerandas leis, ser tomado pela mão por um dos Iniciados. Então ele poderá conhecer o caminho misterioso em cujo longínquo fim é obtido o infalível discernimento de Phala, ou os frutos produzidos pelas causas, e conseguir os meios de atingir Apavarga - a emancipação da miséria dos repetidos nascimentos, Pretyabhava, em cuja determinação o ignorante não tem qualquer poder" (Five Years of Theosophy, 2ª ed., pp 31-32).

O segundo conjunto de regras que ela nos deu está em seu livro Practical Occultism. São doze ao todo, mas ela nos diz que elas foram tiradas de uma lista de setenta e três, cuja enumeração seria inútil e sem sentido no ocidente, embora ela diga que todo instrutor no oriente está a par delas. As explicações entre parênteses são da própria Madame Blavatsky. Assim:

"O lugar selecionado para receber instrução deve ser arranjado de modo a não distrair a mente, e repleto de objetos emanadores de influência (magnéticos). As cinco cores sagradas reunidas em um círculo devem estar ali, entre outras coisas. O local deve ser livre de qualquer influência maligna pairando no ar. "(O local deve ser reservado para somente este uso. As cinco cores sagradas são tons do espectro arranjados em uma ordem determinada, já que estas cores são muito magnéticas. Por influências malignas queremos dizer quaisquer distúrbios causados por brigas, discussões, maus sentimentos, etc, já que se diz que eles se impregnam imediatamente na luz astral, isto é, na atmosfera do local, e pairam em torno. Esta primeira condição parece fácil de conseguir, mas, avaliando-se melhor, é uma das mais difíceis). "Antes que se permita ao discípulo estudar face a face, ele tem de adquirir um entendimento preliminar na companhia de outros upasaka (discípulos) leigos selecionados, cujo número deve ser pequeno. "('Face a face' significa neste caso um estudo independente ou separado dos outros, quando o discípulo obtém suas instruções face a face seja consigo mesmo [seu Eu superior, Divino] seja com seu guru. Só então ele recebe sua quota devida de informação, de acordo com o uso que tiver feito de seu conhecimento. Isso só pode acontecer no final do ciclo de instrução). "Antes que tu (o instrutor) transmita a teu Lanoo (discípulo) as boas (santas) palavras do Lamrin, ou permita-lhe se aprontar para o Dubjed, deves te assegurar que sua mente esteja completamente purificada e em paz com tudo, especialmente com seus outros Eus. De outra forma

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as palavras da Sabedoria e da Boa Lei serão perdidas e dispersas pelos ventos. "(O Lamrin é um volume de instruções práticas, de autoria de Tson-kha-pa, em duas partes, uma para fins eclesiásticos e exotéricos, e outra para uso esotérico. Aprontar-se para Dubjed é preparar os vasos usados para a vidência, como espelhos e cristais. 'Outros eus' se refere aos outros estudantes. A menos que reine a maior harmonia entre os aprendizes nenhum sucesso será possível. É o instrutor quem faz a seleção de acordo com as naturezas magnéticas e elétricas dos estudantes, reunindo e ajustando mui cuidadosamente os elementos positivos e negativos). "Enquanto os upasaka estudarem devem ser tão unidos quanto os dedos de uma mão. Deves imprimir em suas mentes que quem quer que ofenda um deles necessariamente ofende a todos, e que se a alegria de um não encontra eco no peito dos outros, então as condições requeridas estão ausentes, e é inútil prosseguir. "(Isso dificilmente ocorre se a escolha preliminar tiver sido feita atendendo-se aos requisitos magnéticos. Sabe-se que chelas de outro modo promissores e adequados para a recepção da verdade tiveram de esperar durante anos por causa de seu temperamento e de sua incapacidade de se sintonizarem com seus companheiros. Pois...). "Os co-discípulos devem ser afinados pelo guru como as cordas da vina (um alaúde), cada um diferente dos outros, embora cada qual emitindo sons em harmonia com todos. Coletivamente eles devem formar um teclado que em todas as suas partes responde ao mais ligeiro toque (o toque do Mestre). Assim suas mentes se abrirão às harmonias da Sabedoria, para vibrar como conhecimento através de cada um e de todos, resultando em um efeito agradável aos deuses (tutelares, ou anjos patronos) e útil ao Lanoo. Assim a Sabedoria será impressa para sempre em seus corações e a harmonia da lei jamais será quebrada. "Aqueles que desejam adquirir o conhecimento que leva aos Siddhis (poderes ocultos) têm de renunciar a todas as vaidades da vida do mundo (aqui segue uma enumeração dos Siddhis). "Ninguém pode fazer distinções entre si mesmo e seus companheiros, tais como 'eu sou o mais sábio', 'eu sou mais santo e agradável ao Mestre, ou em minha comunidade, do que meu companheiro', etc, e continuar sendo um upasaka. Seus pensamentos devem predominantemente estar fixos em seu coração, eliminado portanto todos os pensamentos hostis em relação a qualquer ser vivo. Ele (o coração) deve estar cheio dos sentimentos da não-separatividade em relação ao restante dos seres e a tudo na Natureza, de outra forma nenhum sucesso pode ocorrer.

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"Um Lanoo (discípulo) deve permanecer à parte de influências vivas externas (emanações magnéticas de criaturas vivas). Por esta razão, ao mesmo tempo em que ele permanece uno a tudo em sua natureza interna, ele deve cuidar de manter separado seu corpo externo de toda influência estranha: ninguém deve beber ou comer com seus utensílios senão ele mesmo. Ele deve evitar contato corpóreo (tocar ou ser tocado) com seres humanos ou animais. "(Não são permitidos animais de estimação e é proibido mesmo tocar certas árvores e plantas. Um discípulo tem de viver como que em sua própria atmosfera, a fim de individualizá-la para propósitos ocultos). "A mente deve permanecer indiferente a tudo salvo as verdades universais na natureza, senão a Doutrina do Coração se tornará apenas a Doutrina do Olho (ou seja, ritualismo exotérico vazio). "Nenhum alimento animal de qualquer tipo, nada que tenha vida em si, deve ser ingerido pelo discípulo. Nenhum vinho, nenhuma bebida espirituosa ou ópio devem ser usados, pois eles são como os Lhamayin (maus espíritos) que se apoderam dos incautos; eles devoram o entendimento. (O vinho e bebidas espirituosas supostamente contêm o mau magnetismo de todas as pessoas que ajudaram em sua fabricação; a carne de cada animal preserva as características psíquicas de sua raça).

"Meditação, abstinência em tudo, observação dos deveres morais, pensamentos gentis, boas ações e palavras amáveis, boa vontade para com todos e inteiro esquecimento do eu são os meios mais eficazes de obter-se conhecimento e se preparar para a recepção da sabedoria superior. "Apenas com a observação estrita das regras acima é que o Lanoo pode esperar adquirir no devido tempo os Siddhis dos Arhats, cujo desenvolvimento o torna gradualmente Um com o Todo Universal".

O primeiro conjunto de regras não carece de comentários, já que são evidentemente de aplicação universal, e diferem apenas na sua forma de expressão em relação àquelas que têm sido dadas em livros posteriores. O segundo conjunto obviamente está em uma classe muito diferente. Elas são claramente formuladas para estudantes orientais, e mesmo entre eles principalmente para aqueles que são capazes de devotar todas suas vidas ao seu estudo e viver separados do mundo em um mosteiro ou comunidade oculta. O mero fato de que há sessenta e uma regras que nada significariam para discípulos ocidentais mostra que elas não foram dirigidas a todos e nem são necessárias para o progresso na Senda, uma vez que muitos têm trilhado a Senda sem conhecê-las. Não obstante elas são de grande interesse e valor como recomendações. As obrigações morais e éticas são familiares a todos nós, e o mesmo quanto à insistência na necessidade de perfeita harmonia e entendimento mútuo entre os discípulos que têm de aprender e trabalhar

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juntos. É para este último objetivo que a maioria das regras citadas aqui são direcionadas, e no caso de um grupo de estudantes sua importância dificilmente pode ser exagerada. Na vida ocidental temos insistido tanto no individualismo, e no indiscutido direito de cada pessoa de viver sua própria vida até onde não incomode a outrem, que em grande medida esquecemos da possibilidade de uma união realmente íntima. Em vez de sermos unidos como os dedos de uma mão, vivemos juntos como um punhado de bolinhas em um saco, o que do ponto de vista interno está bem longe do ideal. Poder-se-ia supor que estas veementes exortações para o companheirismo sejam inconsistentes com a regra 8, na qual o chela é instruído para evitar contato com os outros. Não é isso, pois as instruções se referem a assuntos inteiramente diferentes. A sugestão de que cada um tenha seu próprio copo (sim, e seu próprio prato, faca, garfo e colher também) é de fato excelente, pois nosso atual sistema de uso promíscuo de talheres e louça mal lavados é revoltante para pessoas de bom gosto. A evitação de contato desnecessário com outros tem suas vantagens, pois a mescla indiscriminada de auras é altamente indesejável. Na pacata vida indiana de antigamente era fácil escapar à proximidade desconfortável; agora que trens e ferrovias foram introduzidos, e que a pressa dos negócios modernos obriga as pessoas a os utilizarem, até mesmo no oriente ancestral já é um pouco mais difícil, e na Europa isso seria praticamente impossível. Eis porque agora nos é oferecido um método diverso de lidar com este problema da proximidade. Podemos rápida e eficazmente nos proteger contra magnetismo indesejável formando ao redor de nossos corpos um escudo que o exclua. Um tal escudo pode ser de matéria etérica, astral ou mental, de acordo com o propósito para o qual é necessário. Uma descrição dos vários tipos e o modo de criá-los podem ser encontrados em meu livro The Hidden Side of Things, que também inclui a bela história dos monges de Alexandria, mostrando que há uma outra maneira de se proteger de influências malignas que é muito melhor do que a formação de um escudo, e é enchendo tanto o coração com o Amor Divino que este se irradia perpetuamente em todas as direções na forma de torrentes de amor para com todos, de modo que esse poderoso fluxo age como o mais perfeito dos escudos contra a entrada de qualquer corrente externa. A regra contra a manutenção de animais de estimação não leva em conta que é apenas pela associação com o homem que estas criaturas podem se individualizar. A regra parece considerar apenas a possibilidade de que a pessoa possa permitir ser afetada adversamente pelo animal, e parece esquecer completamente a influência benéfica que o homem possa intencionalmente causar em seu irmão mais jovem. Mas é bem possível que nas remotas eras quando estas regras foram formuladas não houvesse animais suficientemente desenvolvidos para se aproximarem da individualização. Escrevendo sobre o progresso do discípulo, Madame Blavatsky aconselha fortemente contra o casamento, sustentando que ele não poderá devotar-se ao mesmo tempo ao ocultismo e a uma esposa. Mas ocorre que se a esposa compartilha de sua devoção pelo ocultismo esta restrição severa já não se aplicaria. Enquanto é verdade que o solteiro de certas formas seja mais livre -

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como, por exemplo, podendo abandonar seu trabalho e começar outro em algum país estrangeiro, o que dificilmente poderia ser feito se ele tivesse as responsabilidades de uma esposa e família - não devemos esquecer que o homem casado tem a oportunidade de servir à Causa de um modo bem outro, provendo veículos adequados e ambiente favorável para muitos egos avançados que esperam descer à encarnação. Ambos os tipos de trabalho são necessários, e há espaço em todos os escalões de discípulos tanto para casados como para solteiros. Não encontramos uma condenação do estado marital em nenhum dos três grandes manuais que nos foram dados para iluminar nosso caminho. O último e mais simples deles é o maravilhoso livreto de J.Krishnamurti intitulado Aos Pés do Mestre. Aos Pés do Mestre

Embora tenha sido Krishnamurti quem apresentou este livro ao mundo, as palavras que ele contém são quase inteiramente do Mestre Kuthumi. "Estas não são palavras minhas", diz o autor em seu Prefácio, "elas são as palavras do Mestre que me ensinou". Quando o livro foi escrito, o corpo de Krishnamurti tinha apenas treze anos, e era necessário para os planos do Mestre que o conhecimento exigido para a Iniciação fosse-lhe transmitido o mais rápido possível. As palavras contidas no livro são aquelas em que o Mestre tentou veicular toda a essência do ensinamento necessário da forma mais breve e simples. Mas para os requisitos deste caso especial, poderíamos jamais ter tido declarações tão concisas e ainda tão completas e abrangentes. Muitos livros têm sido escritos expondo os detalhes dos estágios desta senda preparatória, e tem havido muita discussão em torno das nuances exatas de significado das palavras sânscritas e páli, mas neste pequeno manual o Mestre descarta tudo isso e dá apenas a essência do ensinamento, até onde isso pode ser feito em termos modernos e com exemplos tirados da vida moderna. Por exemplo, Ele traduz as quatro qualificações Viveka, Vairagya, Shatsampatti e Mumukshutva como Discriminação, Ausência de Desejo, Boa Conduta e Amor. De forma alguma a palavra amor poderia ser tomada como uma tradução literal da palavra sânscrita Mumukshutva, pois ela inquestionavelmente significa simplesmente o desejo de liberação. Aparentemente o Mestre argumenta desta forma: que o intenso desejo de liberdade é o desejo de escapar de todas as limitações do mundo, de modo que mesmo enquanto estiver entre as limitações uma pessoa pode libertar-se completamente da mais leve sujeição a elas. Uma tal liberdade só pode ser conseguida pela união com o Supremo, com o um que está por trás de tudo, ou seja, pela união com Deus - e Deus é Amor. Portanto apenas nos tornando completamente impregnados do Amor Divino é que a liberdade nos será possível. Não há descrição mais bela ou satisfatória das qualificações do que as dadas neste livro, e pode-se dizer com confiança que quem quer que cumpra integralmente seu ensinamento com certeza passará imediatamente pelo portal da Iniciação. Para o Mestre foi um caso deveras excepcional gastar tanto de Seu tempo com o ensino direto a um indivíduo, mas através de Krishnamurti

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ele alcançou dezenas de milhares de outros, e os ajudou em um grau imensurável. A história de como este livreto veio a ser escrito é relativamente simples. Todas as noites eu tinha de levar este menino em seu corpo astral até a casa do Mestre para que lhe fosse dada instrução. O Mestre devotava talvez quinze minutos a cada noite para falar com ele, mas ao fim de cada conversa Ele sempre reunia os pontos principais do que acabara de dizer em uma única frase, ou algumas poucas frases, formando assim um resumo fácil que era repetido pelo menino, de forma que ele o aprendia de cor. Na manhã seguinte ele lembrava deste resumo e o escrevia. O livro consiste destas frases, do epítome do ensinamento do Mestre, feito por Ele mesmo, e em Suas palavras. O garoto as escrevia com certa dificuldade, porque naquela altura seu inglês não era tão bom. Ele sabia todas aquelas coisas de cor e não se preocupava muito com as anotações que fazia. Um pouco mais adiante ele foi para Benares com nossa Presidente. Enquanto estava lá ele me escreveu, estando eu em Adyar, e pediu-me para da melhor maneira que eu pudesse eu reunisse e lhe enviasse todas as anotações que havia feito do que o Mestre dissera. Eu reuni suas notas o melhor que pude e as datilografei. Então me pareceu que, já que estas eram principalmente palavras do Mestre, seria melhor eu me certificar de que não houvera erros na sua transcrição. Portanto eu levei para o Mestre Kuthumi a cópia datilografada que eu havia feito e Lhe pedi que fizesse a gentileza de verificá-la. Ele a leu, alterou uma palavra aqui e outra li, acrescentou algumas notas de ligação e explicação e algumas outras poucas frases que lembro terem sido ditas por Ele a Krishnamurti. Então Ele disse: "Sim, parece que está certo, isso há de funcionar"; mas acrescentou: "Mostremo-lo ao Senhor Maitreya". E assim fomos juntos, levando Ele o manuscrito, e o mostramos ao próprio Mestre do Mundo, que o leu e aprovou. E Ele nos disse: "Vocês devem fazer disso um pequeno livrinho para apresentar Alcyone ao mundo". Não havíamos pretendido apresentá-lo ao mundo; jamais consideramos desejável que uma massa de pensamento fosse concentrada em um menino de treze anos, que ainda tinha toda sua educação pela frente. Mas no mundo oculto fazermos o que nos ordenam, e deste modo este livro foi levado à impressão tão logo foi possível. Todos os inconvenientes que esperávamos da prematura publicidade de fato aconteceram; mas ainda assim o Senhor Maitreya estava certo e nós, errados; pois o bem que ele produziu de longe ultrapassa os problemas que nos trouxe. Inúmeras pessoas, literalmente aos milhares, têm escrito para dizer como todas suas vidas foram transformadas por ele, como tudo se tornou diferente para elas porque o leram. Ele já foi traduzido em vinte e sete línguas. Já foram feitas cerca de quarenta edições, ou mais, e mais de cem mil cópias já foram impressas. Mesmo agora uma edição de um milhão de cópias está sendo preparada na América. Um esplêndido trabalho tem sido realizado através dele. Acima de tudo, ele traz o imprimatur especial do Mestre do Mundo que há de voltar, e isso é o que o torna mais valioso - o fato de que ele mostra, até certo ponto, o que Seu ensinamento há de ser. Há outros livros da maior utilidade para o discípulo em sua tentativa de entrar na Senda: A Voz do Silêncio e Light

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on the Path nos foram dados com este propósito, e os maravilhosos livros de nossa Presidente, In the Outer Court e The Path of Discipleship, também são do mais alto valor. Desde que a primeira edição deste livro foi publicada, a Presidente e eu lançamos em conjunto um volume chamado Talks on the Path of Occultism, que é um comentário aos três clássicos mencionados acima. A Atitude do Discípulo

Tendo diante de si estes três livros já não cabem dúvidas ao discípulo sobre o que ele deve fazer. Obviamente ele deve esforçar-se ao longo de duas linhas em especial - o desenvolvimento de seu próprio caráter, e o empenho em realizar um trabalho definido para os outros. Claramente o que se apresenta para ele neste ensinamento implica uma atitude completamente diversa em relação à vida em geral; isso foi expresso por um dos Mestres na seguinte frase: "Aquele que deseja trabalhar conosco deve deixar seu próprio mundo e entrar no nosso". Isso não significa, como usualmente poderia ser imaginado pelos estudantes da literatura oriental, que o discípulo deva abandonar o mundo comum da vida e assuntos físicos, e se retirar para uma floresta, uma caverna ou uma montanha. Mas quer dizer que ele deve abandonar toda a atitude mental mundana e adotar em seu lugar a atitude do Mestre. O homem do mundo pensa nos eventos da vida principalmente como eles afetam a si mesmo e àquilo que o interessa pessoalmente; o Mestre pensa neles apenas como eles afetam a evolução do mundo. O que quer que em seu conjunto tenda ao progresso e ajude a humanidade ao longo de seu caminho - isso é bom e deve ser apoiado; o que quer que de qualquer forma estorve estas coisas - isso é indesejável e deve ser impedido ou posto de lado. Bom é aquilo que auxilia a evolução; mau é o que a retarda. Aqui temos um critério muito diferente daquele do mundo externo, temos uma pedra-de-toque por cujo meio podemos rapidamente identificar aquilo que deve ser apoiado e ao que devemos resistir, e podemos aplicá-la a qualidades em nosso próprio caráter assim como aos eventos exteriores. Devemos ser de serventia para o Mestre exatamente até onde pudermos trabalhar com Ele, mesmo da forma mais humilde; podemos trabalhar melhor para Ele nos tornando como Ele é, de modo que devemos considerar o mundo como Ele o considera. As Três Portas

Há um poema que diz:

"Existem três portas no Templo - saber, trabalhar e orar: E os que de fora esperam podem por qualquer uma entrar".

Há sempre estas três vias; uma pessoa pode chegar aos pés do Mestre através de estudo profundo, pois neste caminho ela vem a saber e a sentir, e certamente Ele pode ser alcançado através de uma profunda devoção longamente continuada, pela constante elevação da alma até Ele. E existe ainda o método de lançar-se a alguma atividade definida por Ele. Mas isso

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deve ser algo definidamente feito por Ele com o seguinte pensamento na mente: "Se houver crédito ou glória por trabalho não os desejo; faço isso em nome do Mestre, e para Ele vão a glória e o louvor". O poema acima citado também diz: "Pode haver aquele que nem reza nem estuda, mas porém pode trabalhar muito bem". E isso é verdade. Existem pessoas que não conseguem muito em meditação e quando tentam estudar acham muito difícil. Elas deveriam continuar ambas as coisas, pois devemos desenvolver todos os lados de nossa natureza, mas principalmente elas deveriam se lançar ao trabalho e fazer algo por seus semelhantes. Este é o mais garantido de todos os apelos - fazer algo em Seu nome, fazer uma boa ação pensando n'Ele, lembrando que Ele é muito mais sensível ao pensamento do que as pessoas comuns. Se uma pessoa lembra de um amigo distante, seu pensamento vai até o amigo e o influencia, de modo que o amigo pensa naquele que enviou o pensamento, a menos que sua mente esteja muito envolvida com outra coisa naquele momento. Mas por mais ocupada que esteja a mente de um Mestre, um pensamento dirigido a Ele causa alguma impressão, e embora talvez naquele exato momento Ele possa não perceber, mesmo assim o toque está lá, e Ele saberá e enviará Seu amor e energia em resposta. O Trabalho do Mestre Às vezes nos perguntam que tipo de trabalho em especial deveria ser empreendido. A resposta é que todo o trabalho bom é o trabalho do Mestre. Todo mundo é capaz de encontrar algo bom para fazer. Além disso, algumas das atividades do discípulo devem consistir na preparação de si mesmo para maiores responsabilidades no futuro. Os deveres da vida comum muitas vezes combinam algo de ambas as coisas, pois eles provêem um esplêndido treinamento e educação para aqueles que os desempenham bem, e ainda oferecem muitas ocasiões para ajudar outras pessoas a progredir em caráter e ideais, o que do modo mais enfático é um trabalho do Mestre. Todas as variadas atividades da vida diária se incluem em nosso esforço para servir ao Mestre, quando aprendemos a fazer tudo em Seu nome e para Ele.

"O curso comum da vida, A rotina diária que fatiga, As tarefas que parecem enfadonhas Podem todas ser feitas para Deus. Tudo pode d'Ele ser parte, Nada pode ser tão vil Que, deste modo, em Seu nome, Não se torne limpo e brilhante. Um servo assim pensando Torna divina a servidão. Quem varre uma sala em nome de Deus torna boa esta pequena ação".

Rev. George Herbert (1593)

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O trabalho do Mestre não é algo especial e à parte de nossos semelhantes. Constituir uma boa família que no futuro há de serví-Lo, acumular riqueza para usá-la a Seu serviço, obter poder para ajudá-Lo com ele - tudo isso pode ser parte do trabalho; mas fazendo todas estas coisas o discípulo deve permanecer sempre em guarda contra o auto-engano, deve analisar se não estará vestindo com a santidade do nome do Mestre uma coisa que por baixo é um desejo egoísta de acumular poder ou lidar com dinheiro. O discípulo do Mestre tem de olhar em torno e ver o que existe para ser feito que esteja dentro de seu alcance. Ele não deve menosprezar uma tarefa humilde, pensando: "Sou bom demais para isso". No trabalho do Mestre nenhuma parte é mais importante do que outra, embora algumas partes sejam mais difíceis do que outras, e portanto requeiram um treinamento especial ou faculdades ou habilidades incomuns. Ao mesmo tempo existem alguns esforços organizados em que os Mestres têm um interesse especial. Dentre os principais está a Sociedade Teosófica, que foi fundada sob Sua solicitação e para Seus propósitos. Assim, inquestionavelmente qualquer coisa que alguém puder fazer para sua Loja Teosófica será realmente a melhor coisa a fazer. Pode facilmente acontecer em muitos casos que alguém não tenha esta oportunidade; então deve encontrar alguma outra forma de serviço. Os Mestres também são profundamente interessados na Co-Maçonaria e na Igreja Católica Liberal; devo dizer algo mais adiante sobre o grande trabalho que elas estão fazendo em linhas ocultas. Há também a Ordem da Estrela do Oriente, que está preparando a vinda do Mestre do Mundo, e ainda existe uma variedade de movimentos para benefício dos jovens, dentre os quais a Ordem da Távola Redonda tem uma parte principal. A isto deve ser acrescentado a atividade em educação ao longo de linhas inovadoras, e o trabalho associado a corporações como os Escoteiros e as Bandeirantes. O movimento dos Escoteiros é digno de todo apoio que se puder proporcionar, pois o treinamento que ele fornece em termos de honra, prestatividade e eficiência em geral é exatamente o que é necessário para desenvolver de modo geral na criança as características que a prepararão para servir ao Mestre mais tarde. È de longe mais valioso, tanto física como espiritualmente, do que qualquer educação recebida em uma escola comum. Não é carente de significado, para quem entende, o fato de nossa Presidente ter a posição de Comissário-Chefe Honorário dos Escoteiros da Índia, e tem feito muito para promover a disseminação da organização. Também pode ser feito muito em maneiras não institucionais. Por exemplo, a influência da beleza na vida humana é imensamente elevadora, pois a beleza é a manifestação de Deus na Natureza; assim - para dar só um exemplo - os jardins ao longo das ruas, de todos aqueles que estão se esforçando ao longo destas linhas, devem ser notados por sua beleza e limpeza. Muitas pessoas são descuidadas nestes assuntos menores; não são asseadas; deixam lixo atrás de si; mas tudo isso indica um caráter muito distante do espírito do Mestre. Se trabalhamos ao longo das mesmas linhas em que o Mestre trabalha devemos cada vez mais entrar em sintonia com Ele, e nossos pensamentos se tornarão mais e mais como os d'Ele. Isso nos levará cada vez para mais perto

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d'Ele tanto em pensamento como em atividade, e fazendo isso logo atrairemos Sua atenção, pois todo o tempo Ele está observando o mundo a fim de encontrar aqueles que podem ser de valia em Seu trabalho. Quando Ele nos notar, logo nos levará para mais perto d'Ele para uma observação ainda mais próxima e mais detalhada. Isso é feito usualmente encaminhando-nos para entrarmos em contato com alguém que já seja Seu discípulo. Por isso é perfeitamente desnecessário qualquer pessoa fazer qualquer esforço direto para atrair Sua atenção. Criando o Elo Madame Blavatsky nos disse que sempre que uma pessoa ingressa na Sociedade Teosófica o Mestre a observa, além disso ela disse que em muitos casos os Grandes Seres guiaram pessoas para que se filiassem à Sociedade por causa de suas vidas passadas. Assim, parece que Eles de costume sabem muito mais sobre nós antes que saibamos qualquer coisa sobre Eles. O Adepto jamais esquece de qualquer coisa. Ele parece estar sempre plenamente inteirado de tudo o que Lhe aconteceu, e deste modo se Ele lança mesmo um olhar casual a uma pessoa Ele jamais a esquecerá. Quando uma pessoa ingressa na Escola Interna é criado um elo definitivo, não embora com um Adepto, mas primeiro de tudo com a Líder Externa da Escola (na ocasião, Madame Blavatsky), e através dela com o Mestre, que é o Líder Interno. O elo criado desta forma com a Líder Externa é alargado e fortalecido a cada passo adiante dentro da Escola. Nos estágios introdutórios há apenas uma leve conexão; algo muito mais definido sucede quando são proferidos os votos da Escola, e aqueles que proferem os votos dos graus superiores são levados para ainda mais perto. Isso se mostra principalmente com um alargamento da linha de comunicação, pois há uma linha de pensamento ligando cada membro da Escola à Líder Externa, porque ele constantemente pensa nela em sua meditação. Isso mantém o elo brilhante e forte. De sua parte, ela já se tornou una com seu Mestre. Portanto uma conexão com ela neste sentido é uma conexão com Ele. Todos os que pertencem à Escola Interna estão, assim, em contato com o seu Mestre, o Mestre Morya, embora muitas vezes estejam trabalhando em linhas diferentes da d'Ele, e se tornarão discípulos de outros Mestres quando estiverem na etapa probacionária. Sob tais circunstâncias, contudo, eles receberão a influência de seus próprios Mestres futuros através destes canais, porque os Adeptos, embora vivam muito afastados fisicamente, têm uma ligação entre si tão estreita que estar em contato com um d'Eles é na verdade estar ligado a todos. Parece-nos como uma conexão abrangente, mas isso é muito menos do que podemos pensar aqui embaixo, por causa da prodigiosa unidade íntima entre os Grandes Seres nos planos superiores. Mesmo no estágio inicial deste elo indireto através da Líder Externa, o Mestre pode atuar em certa medida através de qualquer um, se assim desejar. É um pouco fora do Seu hábito enviar Sua força através de um canal não especialmente preparado, de modo que usualmente Ele não o faz. Mas Ele tem uma espécie de consciência a respeito de todos que estão em Sua Escola, o

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que às vezes se manifesta na forma de enviar um pensamento auxiliador quando eles estão fazendo algum trabalho por Ele. Sei que Ele já utilizou um membro da Escola que estava dando uma palestra, a fim de apresentar um ponto de vista novo ao público. É claro que Ele faz isso muito mais amiúde com Seus discípulos, mas com certeza isso tem sido feito com os outros também. Ninguém é Esquecido

Quando um estudante entende tudo isso já não mais perguntará o que deve fazer para atrair a atenção do Mestre. Ele saberá que é completamente desnecessário tentar fazê-lo, e não restará o menor medo de alguém ser negligenciado. Lembro muito bem de um incidente nos primeiros dias de minha própria conexão com os Grandes Seres que tem a ver com este ponto. Eu conhecia no plano físico um homem de vasta erudição e do mais santo caráter, que acreditava piamente na existência dos Mestres e devotara sua vida ao único objetivo de qualificar-se para Seu serviço. Este homem me parecia de todas as formas alguém tão adequado para o discipulado, tão obviamente melhor do que eu mesmo de tantas maneiras, que eu não podia entender como ele ainda não tinha sido reconhecido; e assim, sendo eu novato no trabalho e ignorante, um dia, quando se ofereceu uma boa oportunidade, mui humildemente e como que me desculpando, mencionei seu nome para o Mestre, com a sugestão de que ele poderia talvez se provar um bom instrumento. Um sorriso de amável divertimento emergiu na face do Mestre, ao dizer:

"Ah, não precisas ter medo de que teu amigo esteja sendo esquecido; ninguém pode ser esquecido, mas neste caso ainda resta algum karma a ser esgotado, o que torna impossível aceitarmos tua sugestão por enquanto. Logo teu amigo passará do plano físico, e logo retornará a ele, e então a expiação terá se completado, e o que desejas para ele se tornará possível".

E então, com a gentil delicadeza que é sempre uma característica tão proeminente n'Ele, Ele fundiu minha consciência com a Sua de um modo ainda mais íntimo, e a elevou a um plano muito mais alto do que eu podia então chegar, e desta elevação Ele me mostrou como os Grandes Seres olham para o mundo. Toda a Terra se descortinava ante nós, com todos os seus milhões de almas, subdesenvolvidas em sua maioria, e portanto pouco notáveis; mas onde quer que entre toda a multidão houvesse alguém que estivesse se aproximando, mesmo que a grande distância, do ponto em que se poderia fazer um uso definido dele, ele era entre os outros como a luz de um farol entre a escuridão da noite. "Agora vês", disse o Mestre, "o quão completamente impossível é que alguém seja esquecido, mesmo sendo alguém que esteja a considerável distância da possibilidade de ser aceito como probacionário".

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De nossa parte não podemos senão trabalhar constantemente no aperfeiçoamento de nosso caráter, e tentar de todas as formas possíveis, pelo estudo de obras Teosóficas, pelo autodesenvolvimento, e pelo altruísmo de nossa devoção aos interesses alheios, nos prepararmos para a honra que desejamos, mantendo em nossas mentes a completa certeza de que assim que estivermos prontos o reconhecimento seguramente virá. Mas antes de podermos ser usados com economia - ou seja, antes que a força gasta conosco produza, através de nossas ações, pelo menos tantos frutos quantos seriam produzidos se gasta de outra maneira, seria uma violação do dever de parte do Mestre nos levar a uma relação mais íntima com Ele. Podemos ficar perfeitamente seguros de que na realidade não há exceções para esta regra, mesmo que possamos às vezes pensar termos visto alguma. Uma pessoa pode ser posta em provação por um Adepto enquanto ainda possui algumas deficiências óbvias, mas podemos estar certos de que neste caso há boas qualidades sob a superfície que de longe contrabalançam os defeitos superficiais. Só o Mestre pode julgar até que ponto nossas faltas afetam nossa utilidade para Ele. Não podemos dizer exatamente em que medida quaisquer de nossas falhas reagirão sobre Sua obra; mas Ele, olhando o problema de cima, pode ver claramente todos os fatores em jogo, de modo que Sua decisão é sempre justa, e sempre atende aos melhores interesses de todos. Considerações sentimentais não têm lugar no ocultismo, que tem sido definido como a apoteose do bom senso, atuando sempre pelo bem maior do maior número de pessoas. Nisso aprendemos sobre muitos fatos e forças novos, e remodelamos nossas vidas de acordo com este conhecimento adicional. Isso em todo caso não difere em nada de nossa prática (ou o que deveria ser nossa prática) no plano físico. Estão sendo feitas constantemente novas descobertas ao longo de linhas científicas, e as usamos e adaptamos nossas vidas a elas. Por que não deveríamos fazer o mesmo quando as descobertas pertencem a planos superiores e estão ligadas à vida interior? Entender as leis da Natureza e viver em harmonia com elas é o caminho do conforto, saúde e progresso, tanto físicos como psíquicos. Uma outra consideração que às vezes entra em jogo é a atuação da lei do karma. Como o restante de nós, os Grandes Mestres de Sabedoria têm uma longa série de vidas atrás de Si, e naquelas vidas Eles, assim como os outros, criaram certas ligações kármicas, e por isso às vezes acontece de um indivíduo particular ter algum direito a Eles por causa de algum serviço prestado há muito tempo atrás. Nas seqüências de vidas passadas que examinamos temos às vezes testemunhado casos de tais elos kármicos. A Responsabilidade do Mestre

Obviamente é necessário que um Mestre seja cauteloso ao selecionar candidatos para o discipulado, não só porque Seu próprio trabalho poderia ser prejudicado por um discípulo indigno, mas porque o Mestre tem uma certa responsabilidade definida pelos erros do chela. Madame Blavatsky escreve sobre este assunto da seguinte forma:

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"Há um fato importante que o estudante deve conhecer, qual seja, a enorme, quase ilimitada responsabilidade assumida pelo Mestre em nome do discípulo. Desde os Gurus do oriente que ensinam aberta ou secretamente, até os poucos Kabalistas em terras ocidentais que resolvem ensinar os rudimentos da Ciência Sagrada a seus discípulos - sendo estes Hierofantes ocidentais muitas vezes ignorantes do perigo em que incorrem - um e todos estes Instrutores estão sujeitos à mesma lei inviolável. Desde o momento em que realmente começam a ensinar, desde o instante em que eles conferem qualquer poder - seja psíquico, mental ou físico - a seus pupilos, eles assumem sobre si mesmos todos os pecados daquele discípulo que forem cometidos em relação às Ciências Ocultas, seja por omissão ou comissão, até o momento em que a iniciação torna o discípulo um Mestre e, por sua vez, responsável... Assim fica claro o motivo de os Mestres serem tão reticentes, e o porquê de os chelas precisarem servir sete anos de teste para provar sua aptidão e desenvolver as qualidades necessárias à segurança tanto do Mestre como do discípulo" (Practical Occultism, p. 4, et seq.).

"O Guru Espiritual, levando o estudante pela mão, o conduz para e o apresenta a um mundo inteiramente desconhecido para ele... Mesmo na vida diária comum, pais, amas, tutores e instrutores são geralmente considerados responsáveis pelos hábitos e futura ética de uma criança... Enquanto o discípulo é ignorante demais para estar seguro de sua visão e de seus poderes de discriminação, não é natural que o guia seja responsável pelos pecados de quem Ele conduziu àquelas regiões perigosas?" (Lucifer, vol. II, 257).

Como veremos em capítulos subseqüentes, quando uma pessoa entra em estreita relação com o Mestre ele adquire muito mais poder do que tinha antes. Quem se torna discípulo de um Mestre pode, portanto, fazer muito mais bem, mas pode também fazer muito mais mal, se acontecer de ele permitir que sua força atue na direção errada. Muitas vezes o jovem discípulo não percebe o poder de seu próprio pensamento. O homem da rua pode pensar qualquer tolice ou inverdade sem produzir qualquer efeito sério, porque ele não sabe como pensar fortemente; ele pode pensar mal de alguém sem fazer nenhuma grande impressão sobre aquela pessoa; mas se um discípulo, que tem o poder do Mestre dentro de si, e por longa prática e meditação treinou-se para usá-lo, compreender mal outra pessoa e pensar mal dela, sua poderosa corrente-pensamento prejudicaria aquela pessoa, e poderia afetar seriamente todo o seu futuro caminho. Se a vítima realmente tiver aquela qualidade indesejável que ele lhe atribui, o potente pensamento do discípulo a intensificaria; se a qualidade não existir, a mesma forma-pensamento a sugeriria, e poderia facilmente ser despertada se estivesse latente - poderia mesmo plantar suas sementes se ainda não houvesse nenhum sinal dela. Às vezes a mente de um ser humano está em uma condição de equilíbrio entre um rumo bom e um mau; e quando o caso é este o impacto de uma vívida forma-pensamento vinda de fora pode ser o que basta para desequilibrar a balança, e pode fazer com que o irmão mais fraco embarque em uma linha de ação cujo resultado, para o bem ou para o mal,

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pode se estender por muitas encarnações. Quão cuidadoso deve ser então o discípulo ao constatar que o poder aumentado de pensamento, que se tornou possível por causa de sua ligação com o Mestre, deve ser usado sempre para fortalecer e jamais para enfraquecer aqueles para quem for dirigido! Tudo depende da forma como o pensamento é projetado. Por certo estamos presumindo que a intenção do discípulo seja sempre a mais nobre, mas que sua execução possa ser deficiente. Suponhamos, por exemplo, que um irmão mais fraco tende ao descontrole. Se o pensamento do discípulo porventura for dirigido para este homem, sua atuação pode obviamente seguir várias diferentes linhas. Esperemos não incorrer no perigo de desprezaremos o homem por sua fraqueza, ou o evitarmos com aversão ou desagrado. Mas é bem possível que o discípulo pense: "Que crime horrendo é aquela sua embriaguez, quão terrível é o efeito sobre sua esposa e filhos! Como ele pode ser tão desrespeitoso, tão egoísta, tão cruel?" Cada palavra destas é verdadeira, é um pensamento bem razoável, plenamente justificado pelas circunstâncias, e de modo algum indelicado; mas não ajuda a vítima. Mesmo sendo correto e irreprochável o sentimento, a idéia proeminente é a condenação do pecador, e o efeito da forma-pensamento é esmagá-lo ainda mais fundo na miséria. Por que não tomarmos a linha mais forte da ação mental definida: "Eu invoco o Deus dentro daquele homem; eu conclamo o ego para que se afirme, para que vença a fraqueza do eu inferior, para que diga 'eu posso e o farei' "? Se fizermos isso, a idéia dominante não será de condenação, mas de encorajamento, e o efeito não será de deprimir o sofredor, mas de ajudá-lo a erguer-se do pântano de seu desespero para o chão firme da virilidade e da liberdade. Idéias Errôneas Uma outra qualidade mui essencial para o aspirante é a mente aberta e a liberdade em relação a preconceitos de qualquer tipo. Madame Blavatsky disse uma vez que seu Mestre observou que crenças errôneas às vezes eram um grande obstáculo. Como exemplo Ele disse que havia centenas de milhares de sannyasis indianos que levavam a mais pura das vidas e estavam praticamente prontos para o discipulado, salvo pelo fato de persistentemente pensarem de modo errôneo sobre certos assuntos, o que tornava impossível mesmo para os Mestres penetrarem em suas auras. Tais pensamentos, disse Ele, atraíam em redor deles elementais indesejáveis, as mais desagradáveis influências, que reagiam sobre eles e intensificavam seus conceitos equívocos, de modo que antes de eles desenvolverem razão e intuição suficientes para se libertarem disso eles permaneceriam praticamente bloqueados para novas influências. Tem sido dito que um homem honesto é a mais nobre obra de Deus, e o Coronel Ingersoll uma vez parodiou o provérbio invertendo-o, e dizendo que um Deus honesto era a mais nobre obra do homem - pelo que ele queria dizer que cada pessoa chega à sua concepção de Deus personificando aquelas qualidades de si mesmo que ele considera as mais dignas de admiração, e então elevando-as à enésima potência. Assim, se uma pessoa tem uma concepção nobre de Deus, isso demonstra que há muita nobreza em sua própria natureza, mesmo que ela possa nem sempre viver à altura de seu ideal.

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Mas uma concepção errônea de Deus é um dos mais sérios impedimentos que alguém pode sofrer. A idéia do Jeová do Antigo Testamento, sedento de sangue, ciumento, mesquinho e cruel, tem sido responsável por uma quantidade de prejuízo ao mundo que não pode ser facilmente avaliada. Qualquer pensamento sobre Deus que inclua medo d'Ele é absolutamente desastroso, e bloqueia toda esperança de progresso real; isso encerra a pessoa na mais escura das prisões em vez de levá-la para cima e para frente em direção à glória da luz solar. Isso atrai para em torno da pessoa uma hoste de elementais da classe que se deleita com o medo, regozija-se nele e o intensifica por todos os meios que encontra em seu poder. Quando uma pessoa se encontra nesta pungente situação é de todo impossível ajudá-la; portanto, ensinar a alguém (ainda mais a uma criança) tal doutrina blasfema é um dos piores crimes que alguém pode cometer. O discípulo deve estar completamente livre de todas as superstições limitadoras deste tipo. O Efeito da Meditação Lembremos também que quem medita sobre o Mestre cria uma ligação definida com Ele, que se apresenta à visão clarividente como uma espécie de linha de luz. O Mestre, subconscientemente, sempre sente o toque desta linha, e envia em resposta uma firme corrente de magnetismo que continua a atuar muito depois de terminada a meditação. A prática metódica desta meditação e concentração é por isso da mais alta valia para o aspirante, e a regularidade é um dos fatores mais importantes na produção do resultado. Ela deve ser feita diariamente à mesma hora, e devemos perseverar constantes nela, mesmo que nenhum efeito óbvio possa ser notado. Quando não aparecem resultados devemos ficar especialmente em guarda contra a depressão, porque isso torna mais difícil que a influência do Mestre atue sobre nós, e isso também demonstra que estaremos pensando mais em nós do que n'Ele. No início da prática da meditação é desejável observarmos atentamente os seus efeitos físicos. Os métodos prescritos por aqueles que entendem do assunto jamais deveriam causar dor de cabeça ou qualquer outra dor, embora estes resultados às vezes aconteçam em alguns casos particulares. É verdade que a meditação tensiona o pensamento e a atenção um pouco além do seu ponto usual em qualquer indivíduo, mas ela deve ser feita com cuidado, sem qualquer excesso, a fim de não causar nenhum efeito físico adverso. Às vezes uma pessoa a desenvolve com muita intensidade e por tempo demasiado, ou quando o corpo não está em bom estado de saúde, e a conseqüência é um certo sofrimento. É fatalmente fácil pressionar o cérebro físico além da conta, e quando isso acontece muitas vezes é difícil recuperar o equilíbrio. Às vezes pode ser produzida em poucos dias uma condição que pode levar anos para ser corrigida; assim, quem quer que comece a sentir qualquer efeito desagradável deve de imediato interromper a prática por um tempo e cuidar de sua saúde física, e se possível consultar alguém que saiba mais do que ele sobre o assunto.

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Obstáculos Comuns

As pessoas muitas vezes procuram ou escrevem para nossa Presidente ou para mim mesmo e dizem: "Por que o Mestre não usa a mim? Eu sou tão esforçado e devoto a Ele. Eu realmente quero ser usado. Quero que Ele me tome e me ensine. Por que Ele não faz isso?" Pode haver muitas razões pelas quais Ele não o faz. Às vezes uma pessoa, pedindo isso, tem alguma falha importante em si mesma que é razão suficiente. Não infreqüentemente, lamento dizer, a falha é o orgulho. Uma pessoa pode ter um conceito tão elevado de si mesma que não é passível de ser ensinada, embora pense que seja. Muitas vezes nesta nossa civilização a falha é a irritabilidade. Uma pessoa boa e digna por ter seus nervos à flor da pele, de forma que seria impossível que fosse levada a um contato mais íntimo e constante com o Mestre. Às vezes o impedimento é a curiosidade. Alguns se surpreendem de ouvir que esta é uma falha séria, mas com certeza é - a curiosidade acerca dos assuntos alheios, e especialmente sobre sua situação ou desenvolvimento ocultos. Seria de todo impossível que um Mestre levasse para perto de Si alguém que tivesse esta falha. Um outro obstáculo comum é a facilidade com que nos ofendemos. Muitos aspirantes bons e diligentes sentem-se ofendidos com tamanha facilidade que praticamente não têm serventia alguma para o trabalho, porque não conseguem conviver com outras pessoas. Eles devem esperar até que aprendam a se adaptar e a cooperar com quaisquer pessoas. Muitas pessoas que fazem aquela pergunta têm falhas deste tipo, e não gostam que elas lhes sejam apontadas. Elas geralmente não acreditam que as possuem, e imaginam que estamos equivocados; mas em raros casos elas se dispõem a tirar proveito da observação. Lembro muito bem de uma senhora que veio a mim em uma cidade americana perguntando: "Qual é o problema comigo? Por que eu não posso me aproximar do Mestre?" "Eu perguntei: "Quer realmente saber?" Sim, certamente, ela realmente queria saber. Ela solicitou que eu a observasse ocultamente, ou pela clarividência, ou por qualquer meio que eu desejasse, e pesquisasse por todos os seus veículos e suas vidas passadas, e definisse a sua situação. Eu fiz o que ela pediu e disse; "Bem, se a senhora realmente deseja saber, o fato é que há muito ego em seu universo. A senhora pensa muito em si mesma e não o bastante no trabalho". É claro que ela ficou terrivelmente ofendida; disparou para fora da sala e disse que não acreditava muito em minha clarividência; mas esta senhora teve a coragem de voltar dois anos depois e dizer: "O que o senhor me disse estava absolutamente certo, e eu vou consertar isso trabalhando duro nesta questão". Esta história tem se repetido muitas vezes, exceto que este foi o único caso em que a pessoa voltou e reconheceu a falha. Sem dúvida o discípulo que deseja ver a si mesmo como os outros o vêem pode aprender muito que o ajudará a progredir. Lembro que um dos Mestres uma vez observou que o primeiro dever do chela é ouvir sem ressentimento qualquer coisa que o Guru possa dizer. Ele deve ser ávido por mudar a si mesmo, por livrar-se de seus defeitos. Madame Blavatsky disse: "O discipulado foi definido por um Mestre como um solvente

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psíquico, que dissolve toda a escória e deixa apenas o ouro puro" (Five Years of Theosophy, 2ª Ed., p. 36). O autocentramento é apenas uma outra forma de orgulho, mas que hoje em dia é muito proeminente. A personalidade que temos construído ao longo de milhares de anos se tornou forte e auto-assertiva, e é uma das tarefas mais árduas reverter esta atitude e obrigá-la a adquirir o hábito de ver as coisas do ponto de vista dos outros. A pessoa com certeza deve sair do centro de seu próprio círculo, como expliquei em The Inner Life, se deseja chegar ao Mestre. Às vezes acontece, contudo, que aqueles que fazem a pergunta não têm nenhum defeito especialmente importante, e quando os observamos só podemos dizer: "Não vejo nenhuma razão definida, nenhuma falha que lhe esteja retardando, mas você ainda precisa crescer um pouco mais de modo geral". Isso é uma coisa bem desagradável para termos de dizer a uma pessoa, mas é o fato; elas ainda não são grandes o bastante, e devem crescer antes de ser tornarem dignas. Uma coisa que freqüentemente impede as pessoas de entrarem em contato com o Mestre é uma falta de fé e de vontade; a menos que a pessoa tente de modo perseverante com plena fé de que conseguirá, e com a determinação de que um dia terá sucesso e de que este dia chegará o mais breve possível, é quase certo que não conseguirá. Embora saibamos que em alguns de nós haja defeitos, mesmo assim creio que pelo menos em alguns casos é justamente a falta daquela intensa determinação o que nos mantém para trás. É preciso de certa força e grandeza para se colocar na atitude que o próprio Mestre adota em relação ao trabalho, pois, além de qualquer defeito nosso, temos toda a pressão do pensamento do mundo contra nós. Madame Blavatsky desde o início nos deu a mais completa advertência sobre estas dificuldades. Ela escreve:

"Assim que a pessoa se oferece como Probacionário, seguem-se certos efeitos ocultos. O primeiro deles é a exteriorização de tudo que estava latente na natureza da pessoa - suas faltas, hábitos, qualidades ou desejos reprimidos, sejam bons, maus ou indiferentes. Por exemplo, se uma pessoa for fútil ou sensualista, ou ambiciosa... estes vícios certamente irromperão, mesmo se até agora ela os ocultou ou reprimiu com sucesso. Eles virão à tona incontrolados, e ela terá de lutar cem vezes mais arduamente do que antes até que extinga estas tendências em si. "Por outro lado, se ela for boa, generosa, casta e abstêmia, ou tiver qualquer virtude latente e oculta em si mesma, ela virá à luz tão desimpedida como o resto... Esta é uma lei imutável nos domínios do oculto" (The Secret Doctrine, vol. 5, p. 417).

O leitor conhece o provérbio “Deixem quietos os cães que dormem”? Há nele um significado oculto. Nenhum homem ou mulher conhece sua força moral até que seja testado. Milhares de pessoas passam a vida mui respeitavelmente

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porque jamais foram postas à prova... Quem decide tentar o discipulado por este mesmo ato desperta... qualquer paixão adormecida de sua natureza animal... O chela é chamado a enfrentar não apenas as más tendências latentes de sua natureza, mas em acréscimo o conjunto das forças maléficas acumuladas pela comunidade e nação a que pertence... Se ele se contenta em seguir com seus vizinhos e ser quase como eles são - talvez um pouco melhor ou pior do que a média - ninguém prestará atenção nele. Mas seja sabido que ele se tornou capaz de detectar a farsa vazia da vida social, sua hipocrisia, egoísmo, sensualidade, cupidez e outras más características, e que se dispôs a se elevar a um nível superior, de imediato ele passa a ser odiado, e todas as naturezas malignas, intolerantes ou maliciosas lhe enviam uma corrente de poder de vontade contra ele" (Five Years of Theosophy, 2ª Ed., p. 35). Aqueles que se deixam levar pela corrente da evolução, e que por isso atingirão este estágio no longínquo futuro, acharão tudo muito mais fácil, pois a opinião pública naquela altura estará em harmonia com estes ideais. Agora, porém, temos de resistir ao que o Cristão chama de tentação, a constante pressão da opinião externa de milhões de pessoas ao nosso redor pensando pensamentos personalistas. Colocar-se contra isso requer um esforço real, uma verdadeira coragem e perseverança. Devemos nos agarrar a esta tarefa, e embora possamos falhar mil vezes não devemos esmorecer, mas sim perseverar e prosseguir. Os corpos astral e mental de um aspirante deveriam continuamente exibir quatro ou cinco grandes e brilhantes emoções: amor, devoção, simpatia e aspiração intelectual, entre elas. Mas em vez de poucos grandes sentimentos vibrando esplêndidos e claros com belas cores, geralmente vemos o corpo astral pontilhado de vórtices vermelhos, marrons, cinzas e negros, em número de uma centena ou mais. É algo semelhante a uma massa de verrugas em um corpo físico, impedindo que a pele seja sensível como deveria. O candidato deve providenciar que isso seja sanado, e que a confusão usual das emoções mesquinhas seja inteiramente eliminada. A Devoção deve ser Completa Não pode haver meias-medidas nesta Senda. Muitas pessoas estão na mesma posição que os tão mal-falados Ananias e Safira. Lembremos como eles quiseram (de um modo de todo natural e sem merecer condenação) guardar um pouco para uma eventualidade, como se não estivessem certos de que o novo movimento Cristão seria um sucesso. Eles eram muito entusiastas, e quiseram dar tudo o que pudessem, mas sentiram que seria sábio manter uma certa reserva em caso de o movimento falhar. Eles não deveriam ser condenados por isso absolutamente, mas o que eles de fato fizeram, que foi completamente errado e impróprio, foi que, embora guardando um pouco, não admitiram o fato, mas alegaram ter dado tudo. Há muitos hoje em dia que seguem seu exemplo; espero que a história não seja verídica, pois o Apóstolo certamente foi bem severo com eles.

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Nós não damos tudo, mas mantemos um pouco de nós mesmos - não quero dizer em termos de dinheiro, mas de sentimentos pessoais lá no fundo, o que nos puxa para longe dos pés do Mestre. Em ocultismo isso não deve acontecer. Seguimos o Mestre sem reservas, não dizendo para nós mesmos "Seguirei o Mestre enquanto Ele não me fizer trabalhar com tais e tais pessoas; seguirei o Mestre enquanto tudo o que eu fizer for reconhecido e mencionado nos documentos"! Não devemos estabelecer condições. Não quero dizer que devemos abandonar nossos deveres comuns no plano físico, mas simplesmente que todo nosso ser deve estar à disposição do Mestre. Devemos estar preparados para conceder tudo, ir a qualquer lugar - não como um teste, mas porque o amor ao trabalho é a maior coisa em nossas vidas. Às vezes as pessoas perguntam: "Se eu fizer todas estas coisas quanto tempo levará para que o Mestre me ponha à prova?" Não haverá demora nenhuma, mas aqui a palavra "se" é o problema. Não é tão fácil assim fazê-lo perfeitamente, e tendo-o feito isso teria acontecido sem dúvida bem antes de podermos anelar pelo discipulado. Mas um dos Mestres disse: "Quem faz o melhor de si, para nós faz o bastante". Se a pessoa não tem alegria no trabalho em si mesmo, mas espera apenas recompensa ou reconhecimento oculto, realmente não captou o espírito correto. Se ela possuir a atitude correta se lançará incansável na boa obra, deixando que o Mestre anuncie Sua aprovação quando e como Lhe aprouver. Nossos irmãos hindus têm uma tradição bem consistente a respeito disso. Eles dizem: "Vinte ou trinta anos de serviço não são nada; há muitos na Índia que têm servido por todas suas vidas sem qualquer reconhecimento externo, embora internamente estejam sendo guiados por um Mestre". Deparei-me com um exemplo semelhante há poucos anos; eu havia feito uma pergunta neste sentido a respeito de alguns irmãos hindus, e a resposta do Mestre foi: "Ao longo de quarenta anos tenho mantido aquelas pessoas sob observação. Que se contentem com isso" E de fato eles ficaram mais do que contentes. Depois desta ocasião, devo dizer, eles receberam reconhecimento e se tornaram Iniciados. Nossos irmãos hindus sabem intimamente que o Mestre está a par do seu serviço; mas o discípulo não se importa se Ele decide dar algum reconhecimento externo ou não. Com certeza ele ficaria extraordinariamente feliz se o Mestre o notasse, mas se isso não acontece ele continua exatamente como antes. CAPÍTULO 4: PROVAÇÃO A Imagem Viva

O Mestre em muitas ocasiões escolhe Seus discípulos fora das fileiras dos estudantes e trabalhadores sérios do tipo que eu já descrevi. Mas antes que Ele os aceite Ele toma precauções especiais para Se assegurar de que eles são realmente o tipo de pessoa que Ele poderia atrair para um contato mais íntimo consigo, e este é o objetivo do estágio chamado Provação. Quando Ele pensa que uma pessoa é um possível discípulo, Ele usualmente pede que alguém que já esteja intimamente ligado a Ele que Lhe traga o candidato em corpo astral. Geralmente não há muita cerimônia associada a esta etapa, o

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Mestre dá umas poucas palavras de conselho, diz ao novo discípulo o que se espera dele, e muitas vezes, de Seu modo gracioso, pode encontrar alguma razão para congratulá-lo pelo trabalho que já realizou. Então Ele cria uma imagem viva do discípulo - quer dizer, Ele modela a partir de matéria mental, astral e etérica uma réplica exata dos corpos causal, mental, astral e etérico do neófito, e mantém esta imagem à mão, de modo que Ele possa observá-la periodicamente. Cada imagem é magneticamente ligada à pessoa que representa, e assim toda variação de pensamento e sentimento nela é reproduzida na imagem por vibração simpática, e deste modo com uma simples olhadela na imagem o Mestre pode ver de imediato se desde o momento em que a olhou da última vez ocorreu algum tipo de distúrbio nos corpos representados - se a pessoa perdeu o controle, ou se permitiu ser presa de sentimentos impuros, preocupação, depressão, ou qualquer coisa deste gênero. É só depois que Ele verifica que ao longo de um considerável período de tempo não ocorreu nenhuma excitação séria nos veículos representados pela imagem que Ele admite o discípulo a uma relação mais estreita consigo. Quando o discípulo é aceito ele deve ser levado a uma unidade com seu Mestre muito mais íntima do que qualquer coisa que possamos imaginar ou entender; o Mestre deseja fundir sua aura com a Sua própria, de modo que através disso Suas forças possam estar constantemente atuando sem uma atenção especial de Sua parte. Mas uma relação tão íntima como esta não pode funcionar só em uma direção; se entre as vibrações do discípulo houver alguma que cause perturbação nos corpos astral e mental do Adepto ao reagirem sobre Ele, tal união seria impossível. O futuro discípulo teria de esperar até conseguir eliminar de si mesmo estas vibrações. Um discípulo probacionário não é necessariamente melhor do que as outras pessoas que não estão em provação; apenas ele é de certas maneiras mais adequado para o trabalho do Mestre, e assim seria aconselhável submetê-lo ao teste do tempo, pois muitas pessoas, elevadas pelo entusiasmo, parecem de início ser as mais promissoras e ávidas por servir, mas infelizmente depois de algum tempo cansam e retornam ao que eram. O candidato deve vencer quaisquer falhas emocionais que possa ter, e continuar firme no trabalho até que se torne suficientemente calmo e puro. Quando por um longo tempo não tiver acontecido nenhuma perturbação séria na imagem viva, o Mestre sente que chegou o tempo de trazer o discípulo, com proveito, para mais perto d'Ele. Não devemos imaginar as imagens vivas como registrando apenas defeitos ou perturbações. Ela espelha toda a condição da consciência astral e mental do discípulo, sendo que deve registrar muito da benevolência e alegria, e deveria irradiar paz na Terra e boa vontade entre os homens. Jamais esqueçamos que uma bondade ativa e não meramente passiva é sempre um pré-requisito para o avanço. Não fazer o mal já é grande coisa, mas lembremos o que se registra sobre nosso Grande Exemplo quando perambulava pela Terra fazendo o bem. E quando solicitaram ao Senhor Buda que epitomizasse todo o seu ensinamento em um único verso, Ele começou: "Cessa de fazer o mal", mas imediatamente continuou dizendo: "Aprende a fazer o bem".

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Se um discípulo em provação faz alguma coisa extraordinariamente boa, o Mestre por um momento lhe dá um pouco mais de atenção, e se Ele achar adequado pode enviar uma onda de encorajamento de algum tipo, ou pode colocar algum trabalho no caminho do discípulo e ver como ele o desempenha. Geralmente, contudo, ele delega esta tarefa a algum de Seus discípulos mais antigos. Espera-se que ofereçamos oportunidades ao candidato, mas fazer isso é uma séria responsabilidade. Se a pessoa usa a oportunidade, tudo está bem, mas se ela não o faz, isso conta como um ponto desfavorável. Muitas vezes gostaríamos de oferecer oportunidades às pessoas, mas hesitamos, porque se elas as aceitam isso lhes faria muito bem, mas se elas perdem a chance será um pouco mais difícil repetir a oferta na próxima vez. Vemos, então, que o elo entre o discípulo em provação e seu Mestre destina-se principalmente à observação e talvez a um uso ocasional do discípulo. Não é hábito dos Adeptos empregarem testes especiais ou sensacionais, e em geral, quando é um adulto quem está em provação, ele é deixado a seguir o curso comum de sua vida, e o modo como a imagem viva reproduz sua resposta aos desafios e problemas do dia dá uma indicação suficiente a respeito de seu caráter e progresso. Quando com estas informações o Mestre conclui que a pessoa constituirá um discípulo satisfatório, Ele a levará para mais perto de Si e a aceitará. Às vezes bastam umas poucas semanas para decidir o caso, às vezes o período se estende ao longo de anos. Probacionários Jovens Porque esta é uma época excepcional, muitos jovens estão sendo postos em provação nos últimos anos, e seus pais e membros mais velhos da Sociedade às vezes se admiram com este fato; não obstante seus próprios sinceros sacrifícios e labores, muitas vezes se estendendo ao longo de vinte, trinta ou quarenta anos, eles são preteridos e os jovens são aceitos. A explicação é simples. Todo esse tempo tem sido karma destes pais preparar a si mesmos e o caminho para a vinda do Mestre do Mundo, e exatamente porque eles são membros bons e antigos atraíram algumas almas que se adiantaram até um alto nível de desenvolvimento em encarnações anteriores, de modo que nasceram agora deles como crianças, e não devem se surpreender se algumas vezes descobrirem que aqueles que em seu corpo físico são seus filhos em mundos outros e superiores são muitíssimo mais desenvolvidos do que eles mesmos. Se um menino ou menina subitamente entra em estreita relação com um Mestre - relações tais como eles jamais se aventuraram a imaginar para si mesmos, mesmo após muitos anos de meditação e trabalho duro - não se espantem. Seu filho pode ser capaz de se elevar muito acima deles, mas é exatamente porque ele tem esta capacidade que seu nascimento e educação lhes foram confiados, pois ao longo de seu estudo eles têm aprendido a serem os pais ideais - o tipo de pais requeridos para o corpo de um ego avançado. Em vez de ficarem perplexos ou surpresos, eles deveriam se rejubilar com inexcedível alegria por terem sido considerados dignos de guiar os passos físicos de alguém que vai ser um dos Salvadores do mundo.

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Podemos, talvez, nos admirar como meras crianças podem desfrutar da honra que lhes advém, como podem compreender o esplendor e glória disso tudo. Não esqueçam que é o ego quem é iniciado, é o ego quem é aceito como discípulo. Na verdade, ele deve obter um controle tal sobre seus veículos inferiores de forma que eles não constituam um estorvo no trabalho que tem de ser feito; mas é ele, o ego, que tem de fazer o trabalho e fazer este desenvolvimento, e não sabemos o quanto eles já podem ter conseguido em encarnações anteriores. Muitos daqueles que estão vindo à encarnação agora são almas altamente evoluídas; é precisamente de egos assim avançados que o grande grupo de discípulos que há de cercar o Mestre do Mundo deve ser constituído. Aqueles que se tornam discípulos em tenra idade podem muito bem ter sido discípulos por muitos anos em uma vida anterior, e o maior privilégio que nós, os mais velhos, podemos ter é nos vermos associados com estes jovens, pois através deles podemos adiantar a obra do Senhor na Terra treinando-os para a realizarem com maior perfeição. No capítulo "Nossas Relações com as Crianças" em The Hidden Side of Things eu já tratei longamente sobre o que é necessário para o treinamento das crianças para que elas preservem tudo o que têm de melhor do que trazem do passado e possam desenvolver em uma floração plena as muitas belas características de sua natureza, as quais, tão freqüentemente, são rudemente destruídas por pais incompreensivos. Lá eu falei, entre outras coisas, dos efeitos devastadores do medo induzido nas crianças através da rudeza e da crueldade, mas a este assunto eu devo apenas acrescentar a menção de uma experiência que ilustra os resultados indizivelmente terríveis que às vezes seguem ao mau tratamento. Todo cuidado e esforço possíveis na procura por bons professores não são demasiados para pais que têm filhos em idade escolar, a fim de não permitir que seja feito a seus filhos um mal irremediável por aqueles que ficam responsáveis por eles. O Efeito da Crueldade sobre as Crianças

Algum tempo atrás um impressionante exemplo da calamidade que em certos casos pode ser produzida pela brutalidade chegou ao meu conhecimento de modo muito evidente. Eu tive a imensa honra de estar presente na Iniciação de um dos nossos jovens membros, sendo nesta ocasião o próprio Senhor Maitreya o Iniciador. No decurso da cerimônia o candidato, como de costume, tinha de responder a muitas perguntas relativas ao modo como se poderia dar a melhor ajuda em certos casos difíceis ou incomuns, e foi acrescentada uma interrogação sobre se ele perdoaria e poderia ajudar um homem que o havia tratado com terrível violência e crueldade em sua primeira infância. O Iniciador fez uma imagem de uma aura com os mais maravilhosamente delicados pontos ou toques ou brotos de cores adoráveis, de luzes tremeluzindo sobre sua superfície, como se estivessem emergindo em borbulhas e mergulhando nela sem parar, e disse: "Estas são as sementes das mais elevadas e nobres qualidades da humanidade - frágeis, delicadas como teias de aranha, que devem se desenvolver apenas em uma atmosfera do mais profundo e puro amor, sem qualquer laivo de medo ou receio. Aquele que, estando doutra forma pronto, puder fazer florescer e fortalecer estas sementes

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em plenitude pode alcançar o Adeptado na mesma vida. Este era o destino que esperávamos para ti, para que como um grande Adepto pudesses ficar a meu lado quando eu for ao teu plano físico; mas aqueles a quem te confiei (porque eles te ofereceram ao meu serviço mesmo antes de nasceres) permitiram que caísses nas mãos desta pessoa, que era de todo indigna de tal confiança. Esta era a tua aura antes que a geada de sua maldade caísse sobre ti. Agora vê o que sua crueldade fez de ti". Então a aura mudou e estremeceu horrivelmente, e quando ela acalmou-se de novo todos os belos botõezinhos haviam desaparecido, e em seu lugar havia inumeráveis pequenas cicatrizes, e o Senhor explicou que o mal feito não poderia ser anulado nesta vida, e disse: "Tu ainda hás de me ajudar quando eu for ao mundo, e espero que nesta mesma vida obtenhas o Arhatado; mas para a consumação final devemos esperar ainda um pouco. Aos nossos olhos não existe crime maior do que impedir desta maneira o progresso de uma alma". Quando o candidato viu esta aura deformada e endurecida, quando viu todas suas belas expectativas impiedosamente destruídas pela brutalidade deste homem, ele sentiu novamente por um momento o que em grande parte havia esquecido - a agonia do menininho enviado para longe de casa, o medo e humilhação sempre pairando no ar, o inacreditável horror, o sentimento de ardente ultraje de onde não havia escapatória ou alívio, o malsão sentimento de completo desespero nas garras de um tirano cruel, o apaixonado ressentimento diante desta injustiça maldosa, sem qualquer esperança, sem nenhum chão neste abismo, nenhum Deus para quem apelar; e vendo isso em sua mente, eu, que observava, entendi um pouco sobre a terrível tragédia daquela infância, e o porquê de seus efeitos terem tão longo alcance. Não é apenas quando estamos nos aproximando do Adeptado que este repugnante pecado da crueldade contra crianças impede o progresso. Todas as novas e mais altas qualidades que a raça Ariana deveria estar desenvolvendo agora se apresentam como luzes e delicados botões de natureza semelhante, embora em um nível mais baixo do que o descrito acima. Em milhares de casos eles são rudemente esmagados pela insensata ferocidade do pai ou do professor, ou reprimidos pela agressividade brutal de garotos maiores na escola. E assim muitas pessoas boas permanecem no mesmo nível durante diversas encarnações, ao passo que seus atormentadores recaem em raças inferiores. Certamente há muitos egos que estão vindo à encarnação que, embora estejam muito longe das grandes alturas da Iniciação, não obstante estão se desenvolvendo rápido, e agora estão precisando adicionar às suas qualidades alguns destes desenvolvimentos mais progressivos e delicados, e para este avanço previsto para eles a brutalidade também seria fatal. Eu nunca havia ouvido falar, antes da ocasião mencionada acima, que a última vida em que é alcançado o Adeptado deve ter na infância um ambiente absolutamente perfeito, mas a propriedade da idéia é óbvia quando se nos é apresentada. Esta é provavelmente uma razão pela qual tão poucos estudantes obtêm o Adeptado em corpos europeus, pois estamos muito atrás do resto do mundo neste particular. De qualquer modo é nitidamente claro que

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nada senão males podem suceder a este medonho costume da crueldade. Nossos membros deveriam certamente trabalhar onde possível para sua supressão, e deveriam, como eu disse no início, ser especialmente cuidadosos em se certificarem de que nenhuma criança por quem de qualquer modo fossem responsáveis estivesse sob a menor ameaça desta forma especial de crime. O Mestre das Crianças O Senhor Maitreya tem sido freqüentemente chamado de Mestre dos Anjos e dos Homens, e este fato é algumas vezes expresso de modo diverso, dizendo-se que no grande reino do trabalho espiritual Ele é o Ministro da Religião e da Educação. Não é só que a certos intervalos, quando Ele considera desejável, Ele ou encarna Ele mesmo, ou envia um discípulo, para apresentar a verdade eterna de alguma forma nova - ou seja, para fundar uma nova religião. Além disso, Ele está incessantemente encarregado de todas as religiões, e qualquer novo e belo ensinamento que é transmitido através de uma delas, seja nova ou antiga, é sempre inspirado por Ele. Sabemos pouco sobre os métodos de instrução em escala mundial que Ele adota; há muitas maneiras de ensinar além da palavra falada, e é certo que é Seu dever constante e diário tentar elevar as concepções intelectuais de milhões de Anjos e homens. Seu braço direito em todo esse trabalho maravilhoso é Seu assistente e futuro sucessor, o Mestre Kuthumi, assim como o assistente e futuro sucessor do Senhor Manu Vaivasvata é o Mestre Morya. E porque o Mestre Kuthumi é o Professor Ideal, é para Ele que devemos levar aqueles que serão postos em provação ou aceitos em tenra idade. Pode ser que mais tarde na vida eles sejam usados por outros Mestres para outras áreas do trabalho; mas de qualquer modo todos eles (ou quase todos) começam sob a tutela do Mestre Kuthumi. Ao longo de muitos anos tem sido parte de minha tarefa tentar treinar ao longo das linhas corretas qualquer jovem que o Mestre considere promissor; Ele os encaminha para entrarem em contato comigo no plano físico e usualmente dá breves indicações sobre quais qualidades Ele deseja que desenvolvam, e quais instruções que devem lhes ser dadas. Naturalmente Ele, em Sua infinita sabedoria, não lida com estes jovens cérebros e corpos exatamente da mesma forma como o faz com os mais velhos. Deixem-me citar um relato de uma entrada em provação de três jovens, cerca de dez anos atrás: Entrando em Provação Encontramos o Mestre Kuthumi sentado na varanda de Sua casa, e quando eu conduzia os jovens até Ele, Ele estendeu-lhes suas mãos. O primeiro garoto ajoelhou-se gracioso e beijou Sua mão, e permaneceu ajoelhado junto ao Mestre. Todos eles mantinham seus olhos sobre o Mestre, e suas almas pareciam querer sair pelos olhos. Ele lhes sorriu do modo mais belo, e disse:

"Eu vos recebo com especial prazer; todos vós trabalhastes comigo no passado, e espero que agora trabalheis novamente. Quero que sejais dos nossos antes da vinda do Senhor, e por isso estou começando

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convosco bastante cedo. Lembrai que o que desejais realizar é a mais gloriosa de todas as tarefas, mas não é coisa fácil, porque deveis obter completo controle sobre vossos pequenos corpos; deveis esquecer inteiramente de vós mesmos e viver apenas para serdes uma bênção para os outros, e para fazerdes o trabalho que nos for dado".

Colocando Sua mão sob o queixo do primeiro jovem que ajoelhara, Ele perguntou com um luminoso sorriso: "Podeis fazer isso?" E todos responderam que tentariam. Então Mestre deu alguns valiosos conselhos pessoais a cada um por sua vez, e perguntou a cada um em separado: "Tentarás trabalhar no mundo sob minha orientação?" E cada um dizia: "Tentarei". Então Ele trouxe o primeiro menino para Sua frente, e colocou Suas duas mãos sobre sua cabeça, e o menino mais uma vez ajoelhou. O Mestre disse:

"Então eu te recebo como meu discípulo em provação, e espero que logo entres em mais estreita relação comigo, e para isso te dou a minha bênção, a fim de que a possas transmitir a outrem".

Enquanto Ele falava, a aura do jovem aumentava maravilhosamente em tamanho, e suas cores de amor e devoção resplandeceram com um fogo vivo, e ele disse: "Oh Mestre, tornai-me realmente bom, tornai-me adequado para servir-Vos". Mas, sorrindo, o Mestre replicou: "Só tu podes fazer isto, meu caro menino; mas minha ajuda e bênção estarão sempre contigo". Então Ele tomou os outros e realizou a mesma cerimônia com cada um deles, e suas auras também cresceram e ficaram mais firmes e constantes à medida que brilhavam em resposta do modo mais maravilhoso. Então o Mestre ergueu-Se e reuniu os meninos, dizendo:

"Agora vinde comigo, e vêde o que eu faço".

Todos nós nos encaminhamos ao longo da trilha descendente até a ponte que cruza o rio. Ele nos levou para dentro da caverna, e mostrou aos meninos as imagens vivas de todos os discípulos probacionários. Então Ele disse: "Agora vou fazer imagens vossas". E Ele as materializou diante de seus olhos, e naturalmente eles ficaram tremendamente interessados. Um deles disse com voz assombrada: "Eu sou assim?" Em uma delas havia uma faixa de matéria avermelhada, e o Mestre disse ao respectivo menino, com um olhar bem humorado: "O que é isso?" "Eu não sei", respondeu o garoto; mas acho que ele adivinhou, pois este era o resultado de uma tensão emocional na noite anterior. O Mestre apontou várias cores e padrões nas auras, e lhes disse o que significavam e o que Ele

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desejava que fosse mudado. E lhes disse que verificaria estas imagens todos os dias para ver como eles estariam se saindo, e que esperava que eles as modificassem de modo que se tornassem agradáveis de se olhar. Então Ele lhes deu Sua bênção final. ___________ No caso de pessoas mais velhas colocadas em provação, elas são deixadas em grande parte para que encontrem por si mesmas um trabalho adequado; mas com os jovens Ele às vezes põe uma tarefa bem definida no caminho de um deles e observa como ele a realiza. Algumas vezes Ele condescende em dar mensagens especiais de encorajamento e instrução para indivíduos dentre estes jovens, e mesmo em dar-lhes conselhos sobre seu treinamento. Para orientação de outros jovens que desejam seguir o mesmo caminho são transcritas aqui algumas partes de algumas destas mensagens: Conselhos do Mestre

"Sei que teu único objetivo na vida é servir a Fraternidade, mesmo assim não esqueças de que há degraus mais altos à tua frente, e que progresso na Senda significa vigilância incessante. Não deves estar apenas sempre pronto para servir, deves estar sempre procurando oportunidades - ou melhor, deves criar as oportunidades de ser útil nas pequenas coisas, a fim de que quando o trabalho maior chegar não deixes de percebê-lo".

"Jamais esqueças por um só momento tua relação oculta, ela deve ser uma inspiração permanente para ti - não só como um escudo contra os pensamentos enganosos que flutuam em nosso redor, mas como um constante estímulo à atividade espiritual. A vacuidade e mesquinhez da vida comum deve nos ser impossível, embora não esteja fora de nossa compreensão e compaixão. A felicidade inefável do Adeptado ainda não é tua, mas lembra que os discípulos já são unos com Aqueles que vivem esta vida superior; vós sois dispensadores de Sua luz solar neste mundo inferior, de modo que também vós, em vosso nível, deveis ser sóis radiantes de amor e alegria. O mundo pode não apreciar nem compreender, mas vosso dever é brilhar.

"Não descansa sobre teus remos. Ainda há cumes mais elevados a conquistar. Não deve ser esquecida a necessidade de desenvolvimento intelectual, e devemos desenvolver em nós mesmos a simpatia, o afeto, a tolerância. Cada um deve perceber que existem outros pontos de vista além dos seus, e que eles podem merecer a mesma atenção. Toda vulgaridade e rudeza de fala, toda tendência à discussão, devem desaparecer completamente; quem tiver estas tendências deve conter-se quando surgir o impulso; ele deve falar pouco, e sempre com delicadeza e cortesia. Jamais falar sem antes pensar se o que vais dizer é gentil e sensível. Aquele que tenta desenvolver o amor dentro de si fica a salvo de muitos erros. O amor é de todas a virtude suprema, sem

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a qual todas as outras qualidades são como água tentando fertilizar areia estéril.

"Pensamentos e sentimentos de tipo indesejável devem ser rigorosamente excluídos; deves trabalhar sobre isso até que eles te sejam impossíveis, Toques de irritabilidade agitam o mar calmo da consciência da Fraternidade. O orgulho deve ser eliminado, pois é um sério entrave ao progresso. É necessária uma refinada delicadeza de pensamento e fala - o raro aroma do tato perfeito que jamais pode ridicularizar ou ofender. Isso é difícil de conseguir, mas podes alcançá-lo se quiseres.

"Teu objetivo deve ser o serviço definido, e não a mera diversão; pensa não no que desejas fazer, mas no que podes fazer para ajudar alguém mais; esquece de ti mesmo, e pensa nos outros. Um discípulo deve ser invariavelmente gentil, prestativo, auxiliador - não só ocasionalmente, mas o tempo todo. Lembra, todo o tempo que não é gasto no serviço (ou se preparando para ele) para nós é tempo perdido.

"Quando notares algum mal em ti, domina-o viril e efetivamente. Persevera, e terás sucesso. É uma questão de força de vontade. Fica atento às oportunidades e sugestões, sê eficiente. Estou sempre pronto para te ajudar, mas não posso fazer o trabalho por ti, o esforço deve vir de tua parte. Tenta te aprofundar de modo geral e viver uma vida de completa devoção ao serviço".

***

"Tens trabalhado bem, mas quero que trabalhes ainda melhor. Tenho te testado dando-te oportunidades de ajudar, e até agora tens te desempenhado nobremente. Portanto agora te darei oportunidades em maior número e importância, e teu progresso depende de as reconhecer e aproveitar. Lembra que a recompensa para o trabalho bem feito é sempre o aparecimento de mais trabalho, e a fidelidade no que te parecem pequenas coisas leva à sua aplicação em assuntos de maior importância. Espero que logo te aproximes de mim, e assim fazendo ajudes teus irmãos ao longo da Senda que leva aos pés do Rei. Sê agradecido por teres um grande poder de amar, por saberes como inundar teu mundo de luz, como te derramares com prodigalidade régia, como doar à larga como um rei; isso é realmente bom, mas cuida que no coração desta grande flor de amor não haja o menor toque de orgulho, que poderia se espalhar como uma quase imperceptível mancha de corrupção até que contaminasse e apodrecesse toda a flor. Lembra o que escreveu nosso Grande Irmão: 'Se atingiste a sabedoria sê humilde, sê humilde mesmo quando a tiveres dominado'. Cultiva a olorosa planta da humildade até que seu doce aroma penetre cada fibra de teu ser.

"Quando te esforças pela unidade, não basta atrair os outros para dentro de ti mesmo, envolvê-los com tua aura, fazer a eles unos contigo. Conseguir isso já é uma grande coisa, mas deves ir além, e tornares a ti

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mesmo uno com eles; deves entrar nos próprios corações de teus irmãos e entendê-los; jamais por curiosidade, pois o coração de um irmão é um lugar secreto e santo; ninguém deve ali penetrar para prejudicá-lo ou questioná-lo, mas sim para com reverência tentar compreender, simpatizar, ajudar. É fácil criticar os outros a partir de seu próprio ponto de vista; mais difícil é conhecê-los e amá-los, mas esta é a única maneira de levá-los contigo. Quero que te desenvolvas rápido para que eu possa te usar na Grande Obra, e para te ajudar nisso te dou a minha bênção".

***

"Filha, tens feito bem exercendo tua influência para civilizar até onde possível os elementos mais rudes em teu redor, e para ajudar uma outra alma pura em seu caminho até mim. Isso será sempre uma estrela em tua coroa de glória; continua a ajudá-la, e vê se não existem outras estrelas que possas bem logo acrescentar a esta coroa. Esta tua boa obra tem me permitido te trazer para mais perto de mim muito mais cedo do que de outra forma seria possível. Não há método mais certo de progredir rapidamente do que devotar-se a ajudar os outros na Senda ascendente. Tiveste a boa fortuna, ainda, de encontrar um velho camarada, pois dois que podem realmente trabalhar juntos são mais eficientes do que se aplicassem a mesma quantidade de força em separado. Começaste bem; continua a te mover na mesma linha com desenvoltura e segurança".

***

"Dou as boas-vindas a ti, o mais novo recruta de nosso grupo glorioso. Não é fácil para ti esquecer de ti mesmo completamente, te entregares sem reserva ao serviço do mundo, porém é isso o que é requerido de nós - que vivamos apenas para ser uma bênção para os outros, e para fazer o trabalho que nos é dado. Fizeste um bom começo no processo de autodesenvolvimento, mas ainda falta muito por fazer. Reprime até mesmo a mais leve sombra de irritabilidade, e esteja sempre disposto a receber conselho e instrução; cultiva a humildade e o auto-sacrifício, e enche-te de um fervoroso entusiasmo pelo serviço. Assim serás um bom instrumento na mão do Grande Mestre, um soldado no exército d'Aqueles que salvam o mundo. Para te ajudar nisso agora te aceito como discípulo probacionário.

***

"Estou satisfeito contigo, mas quero que faças ainda mais. Pois tu, meu filho, tens a capacidade de fazer progresso rápido, e quero que coloques isso diante de ti como um objetivo que te determines alcançar a qualquer custo. Alguns dos obstáculos que foste instruído a superar te parecem pouco importantes, mas em realidade não é assim, pois eles são as indicações superficiais de uma condição interna que deve ser alterada se desejas ser de utilidade para Nosso Senhor quando Ele vier. Isso

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significa uma mudança radical que não te é fácil fazer, mas o esforço vale a pena. As regras que desejo que estabeleças para ti mesmo são:

"1. Esquece de ti mesmo e dos desejos de tua personalidade, e lembra apenas do serviço aos outros, devotando tua força, teu pensamento, teu entusiasmo, totalmente para isso. "2. Não ofereças opinião em nenhum assunto a menos que sejas diretamente solicitado. "3. Antes de falar sempre avalia como isso afetará os outros. "4. Jamais reveles ou comentes as fraquezas de outro irmão. "5. Lembra que ainda tens muito a aprender, e portanto podes muitas vezes estar em erro; assim, fala com maior modéstia. "6. Quando fores chamado, move-te de imediato, não esperando acabar o que estiveres lendo ou fazendo; se estás realizando um dever importante, explica gentilmente do que se trata. "Desejo te trazer para mais perto de mim, e se observares estas regras logo poderei fazê-lo. Enquanto isso, que minha bênção esteja sobre ti".

Tornando-se como Criancinhas Muitos dos que lêem estas instruções podem ficar surpresos com sua extrema simplicidade. Elas podem mesmo ser desprezadas como sendo pouco adequadas para guiar e ajudar as pessoas na imensa complexidade de nossa civilização moderna. Mas quem pensa assim esquece que é da essência da vida do discípulo que ele deixe de lado toda essa complexidade, que ele, como disse o Mestre, "saia de seu mundo e entre no nosso", entre em um mundo de pensamento onde a vida é simples e só tem um objetivo, onde o certo e o errado novamente se tornam bem definidos, onde as demandas sobre nós são claras e inteligíveis. Esta é a vida simples que o discípulo deve viver; é a própria simplicidade que lhe torna possível o progresso superior. Temos feito de nossas vidas um emaranhado e uma incerteza, uma massa de confusão, uma tempestade de forças em choque, onde os fracos fracassam e naufragam; mas o discípulo do Mestre deve ser forte e sadio, deve agarrar sua vida com suas próprias mãos, e torná-la simples com uma simplicidade divina. Sua mente deve descartar todas estas confusões e ilusões feitas pelo homem e voar direto para a frente como uma flecha em direção ao alvo. "A menos que vos convertais, e vos torneis como criancinhas, não entrareis no reino dos céus". E o reino dos céus, lembremos, é a Grande Fraternidade Branca dos Adeptos (Vide The Hidden Side of Christian Festivals, pp. 12, 446).

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A partir destes excertos vemos o quão elevado é o ideal que o Mestre coloca diante de Seus discípulos, e talvez isso possa parecer a alguns deles como o que em teologia chamamos de conselho de perfeição - ou seja, uma meta ou condição ainda impossível de ser atingida com perfeição, mas ainda uma pela qual devemos anelar constantemente. Mas todos os aspirantes estão anelando alto, e nenhum deles pode ainda alcançar o que anela; de outra forma ele não precisaria de modo algum estar ainda em encarnação física. Estamos muito longe de ser perfeitos, mas os jovens que podem ser levados para perto dos Grandes Seres tem a mais maravilhosa das oportunidades por causa de sua juventude e maleabilidade. É muito mais fácil para eles eliminar aquelas coisas que não são o que deveriam ser do que para as pessoas mais velhas. Se eles puderem cultivar o hábito de tomar o ponto de vista certo, de agir pelas razões corretas ao longo de todas suas vidas, logo eles chegarão mais e mais perto do ideal dos Mestres. Se o discípulo que foi posto em provação pudesse ver, enquanto ainda em corpo físico, as imagens vivas que o Mestre faz, ele entenderia muito mais plenamente a importância daquilo que pode parecer apenas detalhes menores. Os Efeitos da Irritabilidade

A irritabilidade é uma dificuldade comum; como já expliquei, ser irritável é uma coisa que provavelmente acontece a qualquer um que viva nesta atual civilização, onde as pessoas estão sempre sob tensão. Em grande parte vivemos em uma civilização de ruídos torturantes, e mais do que qualquer coisa o barulho ataca os nervos e causa irritação. A experiência de ir ao centro da cidade e voltar para casa sentindo-se em frangalhos e exausto é algo comum para pessoas sensíveis. Muitas outras coisas contribuem, mas principalmente o cansaço é devido ao ruído constante, e à pressão de tantos corpos astrais vibrando em freqüências diferentes, e todos excitados e perturbados por ninharias. Isso torna muito difícil evitar a irascibilidade - especialmente para o discípulo, cujos corpos são afinados muito mais alto e são muito mais sensíveis do que os das pessoas comuns. É claro, esse problema é um tanto superficial, não penetra profundamente, mas é melhor evitar mesmo a impaciência superficial até onde possível, porque seus efeitos duram muito mais do que percebemos usualmente. Se ocorre uma pesada tempestade, é o vento que primeiro levanta as ondas, mas elas continuam a rolar muito depois de o vento ter cessado. Este é o efeito produzido na água, que é relativamente pesada; mas a matéria do corpo astral é muito mais fina que a água, e as vibrações que se imprimem nele penetram muito mais fundo, e portanto produzem um efeito muito mais duradouro. Algum sentimento temporário, leve, desagradável, que passa da mente talvez em dez minutos, pode ainda produzir um efeito no corpo astral que perdura por até quarenta e oito horas. As vibrações não se acalmam novamente senão após considerável período de tempo. Quando um defeito como esse é reconhecido, ele pode se removido mais eficazmente não focalizando a atenção nele, mas tentando desenvolver a virtude oposta. Um modo de lidar com isso é colocar o pensamento firmemente contra, mas sem dúvida esse rumo de ação suscitará a oposição do elemental

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astral ou mental, de forma que um método melhor é tentarmos desenvolver a consideração pelos outros, baseada é claro fundamentalmente no amor por eles. Uma pessoa que seja cheia de amor e consideração não se permitirá falar ou mesmo pensar com irritação em relação aos outros. Se pudermos nos encher com esta idéia o mesmo resultado será alcançado sem excitarmos a oposição dos elementais. Egoísmo Há muitas outras formas de egoísmo que podem atrasar o progresso do discípulo muito seriamente. A preguiça é uma delas. Já vi uma pessoa se deleitar tanto com um livro que não se dispunha a abandoná-lo para ser pontual; uma outra talvez escreva muito mal, descuidada da inconveniência e do dano aos olhos e à paciência daqueles que têm de ler sua má caligrafia. Pequenas negligências tendem a nos fazer menos sensíveis às influências superiores, a tornar a vida suja e feia para os outros, e a destruir o autocontrole e a eficiência. A eficiência e a pontualidade são essenciais, se havemos de fazer um trabalho satisfatório. Muitas pessoas não são eficientes; quando um trabalho lhes é dado não o terminam completamente, mas arranjam todo tipo de desculpas; ou quando se lhe solicitam alguma informação não sabem como encontrá-la. As pessoas divergem muito a este respeito. Podemos fazer uma pergunta a alguém, e ele vai responder: "Não sei"; mas outro dirá: "Bem, não sei, mas vou descobrir", e volta com a informação solicitada. Do mesmo modo uma pessoa vai fazer uma coisa, e volta e diz que não conseguiu; mas outra persiste até terminar. Assim em toda boa ação o discípulo deve sempre pensar no benefício que isso resultará para os outros e na oportunidade de servir o Mestre nestes assuntos - que mesmo quando são materialmente pequenos são grandes em valor espiritual - e não no bom karma que resultará para si mesmo, o que seria apenas uma outra e bem sutil forma de autocentramento. Lembremos o que Cristo disse: "O que quer que fizerdes ao menor destes meus irmãos, o tereis feito para mim". Outros efeitos sutis do mesmo tipo são vistos na depressão e no ciúme, e nas afirmações agressivas dos próprios direitos. Um Adepto disse: "Pensa menos nos teus direitos e mais em teus deveres". Há algumas ocasiões, ao lidarmos com o mundo externo, em que o discípulo pode considerar necessário estabelecer gentilmente o que ele precisa, mas entre seus companheiros de discipulado não existem tais coisas como direitos, mas apenas oportunidades. Se uma pessoa se sente aborrecida, começa a projetar de si sentimentos agressivos; ela pode não chegar ao ponto do ódio, mas está criando um brilho fosco em seu corpo astral e afetando também o corpo mental. Preocupações Distúrbios similares são freqüentemente produzidos no corpo mental, e são igualmente desastrosos em seus efeitos. Se uma pessoa se permite a ficar profundamente preocupada sobre algum problema, e volta a ele mil vezes em sua mente sem chegar a nenhuma conclusão, com isso ela terá causado algo

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como uma tempestade em seu corpo mental. Devido à extrema velocidade das vibrações neste nível, a palavra tempestade só em parte expressa a realidade; de certo modo chegamos mais perto do efeito produzido se o imaginarmos como uma úlcera no corpo mental, como uma irritação produzida pela fricção. Às vezes encontramos pessoas argumentativas, pessoas que discutem sobre tudo, e aparentemente amam tanto este exercício que pouco se importam de que lado do debate estão engajados. Uma pessoa deste tipo tem seu corpo mental em uma condição de inflamação perpétua, e à menor provocação a inflamação tende a transformar-se em uma chaga aberta. Para este tipo de pessoa não há esperança de qualquer tipo de progresso oculto antes de ele desenvolver o equilíbrio e o bom senso para curar esta condição doentia. Para nossa sorte as boas emoções persistem muito mais do que as más, porque atuam na parte mais refinada do corpo astral; o efeito do sentimento de forte amor ou devoção permanece no corpo astral muito depois que a ocasião que o originou foi esquecida. É possível, embora incomum, ter dois tipos de vibração atuando poderosamente no corpo astral ao mesmo tempo - por exemplo, amor e raiva. No momento de sentir raiva intensa uma pessoa provavelmente não terá nenhum sentimento afetuoso forte, a menos que a raiva seja por causa de uma nobre indignação; neste caso os resultados posteriores se desenvolveriam paralelamente, mas um em um nível muito mais alto do que o outro, e por isso persistindo mais. O Riso É muito natural que meninos e meninas desejem desfrutar da companhia mútua, ser alegres, ler e ouvir coisas divertidas e rir com elas; isso é perfeitamente correto e não faz mal. Se as pessoas vissem as vibrações produzidas pelo riso jovial e amável de imediato perceberiam que mesmo o corpo astral ficando um pouco perturbado, é o mesmo que sacudir o fígado na equitação; na verdade faz bem e não prejudica. Mas se o resultado das histórias menos agradáveis que as pessoas tolas têm o hábito de contar lhes fosse visível elas perceberiam uma assustadora diferença; tais pensamentos são completamente maus, e as formas produzidas por eles permanecem ligadas por um longo tempo ao corpo astral e atraem todo tipo de entidades repugnantes. Aqueles que se aproximam dos Mestres devem estar completamente livres destas grosserias, bem como de tudo que seja turbulento e rude, e os jovens devem constantemente permanecer em guarda contra qualquer deslize em direção à infantilidade ou tolice. Às vezes há uma tendência para as troças fúteis, que devem ser evitada a todo custo, pois têm um efeito muito ruim sobre o corpo astral. Elas tecem em torno dele uma rede de faixas cinza-amarronzadas, muito desagradáveis de se ver, e que formam uma camada que impede a entrada de boas influências. Este é um perigo contra o qual os jovens devem se guardar cuidadosamente. Sejam tão felizes e alegres quanto puderem; o Mestre gosta disso, e é útil em seu caminho. Mas jamais por um só momento deixem que a jovialidade seja tingida de qualquer laivo de grosseria ou rudeza, jamais permitam que o riso se torne uma gargalhada turbulenta; jamais permitam, por outro lado, que degenere em troça tola.

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Há uma clara linha de separação nisso, assim como em outros assuntos, entre o que é inofensivo e o que pode facilmente se tornar daninho. O método mais seguro de discriminar é considerar se o divertimento ultrapassa o ponto da delicadeza e do bom gosto. No momento em que o riso vai além - no momento em que nele surge o menor toque de descontrole, no momento em que ele deixa de ser perfeito em seu refinamento, estamos passando para um terreno perigoso. O lado interno desta distinção é que enquanto o ego está plenamente no controle de seu corpo astral tudo está bem; assim que ele perde o controle, o riso se torna vazio e sem sentido - o cavalo, por assim dizer, está correndo solto sem seu cavaleiro. Um corpo astral desgovernado como este fica à mercê de qualquer influência que passe, e pode facilmente ser afetado pelos mais indesejáveis pensamentos e sentimentos. Cuidem que suas mentes sejam sempre puras e limpas - jamais tintas por um momento sequer do malicioso deleite pelo sofrimento ou desconforto alheio. Se um acidente constrangedor suceder a alguém, não fiquemos lá rindo à toa pelo ridículo do incidente, mas corramos prestes para ajudar e consolar. Uma gentileza amável e prestativa deve ser sempre nossa característica mais proeminente. Palavras Ociosas

Um clarividente que pode ver o efeito sobre os corpos superiores das várias emoções indesejáveis não encontrará dificuldade em entender o quão importante é mantê-las sob controle. Mas porque a maioria de nós não pode ver os resultados ficamos sujeitos a esquecer disso, e a nos permitirmos ser descuidados. O mesmo vale para o efeito produzido pelas observações casuais ou impensadas. Cristo, em Sua última encarnação na Terra, aparentemente disse que a pessoa daria contas no dia do Juízo sobre todas as palavras fúteis que disse. Isso soa como uma coisa cruel para se dizer, e se a visão ortodoxa sobre o Juízo estivesse correta isso seria realmente injusto e abominável. De forma alguma Ele quis dizer que cada palavra ociosa condenaria uma pessoa à tortura eterna - não existe isso; mas sabemos que toda palavra e todo pensamento gera seu karma, seu resultado, e quando coisas tolas são repetidas mais e mais, elas criam uma atmosfera em torno da pessoa que exclui as boas influências. Para evitarmos isso é necessária uma atenção constante. Seria um ideal super-humano esperar que uma pessoa jamais esquecesse disso por um só momento; mas os discípulos estão no fim das contas tentando ser super-homens, porque o Mestre está além dos homens. Se o discípulo pudesse viver a vida perfeita ele já seria um Adepto; ele não pode sê-lo ainda, mas se lembrar constantemente deste ideal ele se aproximará muito mais dele. Toda palavra vã que ele pronuncia por certo afeta durante algum tempo suas relações com o Mestre; assim, que ele vigie suas palavras com o maior cuidado (Vide ainda o capítulo XIV, Sobre a Fala Correta). Formas Criadas pela Fala

O discípulo deveria vigiar o modo de sua fala, bem como seu conteúdo, de forma que sejam graciosos, belo e corretos, e livres de desleixo ou exagero. Suas palavras devem ser bem escolhidas e bem pronunciadas. Muitas pessoas pensam que na vida diária não é preciso nos preocuparmos em falar claramente; isso importa muito mais do que imaginam, porque todo o tempo

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estamos construindo nosso próprio ambiente, e ele reage sobre nós. Enchemos nossas salas e casas com nossos próprios pensamentos, e depois temos de viver ali. Se, por exemplo, uma pessoa se permite ser assolada pela depressão, seu quarto se torna carregado com esta qualidade, e qualquer pessoa sensível entrando ali se tornaria consciente de certa diminuição da vitalidade, de um rebaixamento do tom. E muito mais a própria pessoa, que vive neste aposento todo o tempo, é perpetuamente afetada pela depressão, e não pode com facilidade livrar-se dela. Do mesmo modo a pessoa que se cerca de formas sonoras desagradáveis por causa da fala descuidada e inculta produz uma atmosfera em que estas formas constantemente reagem sobre ela. Por causa desta perpétua pressão a pessoa provavelmente reproduzirá estas formas desagradáveis, e se não for cuidadoso se verá adquirindo o hábito de falar rude e grosseiramente. Repetidamente ouvimos de professores: "Não podemos fazer nada com o linguajar das crianças. Enquanto as temos na escola tentamos corrigí-las, mas quando elas voltam para casa ouvem a pronúncia errada das palavras, e isso continua sempre, e torna impossível que alteremos a situação". A criança fica na escola por talvez cinco horas por dia, e permanecem em casa a maior parte do tempo restante. Nesta casa uma atmosfera de formas sonoras indesejáveis as pressiona todo o tempo, de modo que ficam absolutamente escravizadas por ela; há certas palavras que elas realmente não conseguem dizer, pois não podem articular um som puro. Em alguns lugares, por exemplo, quando se tenta dizer "Está na hora de ir para a escola", o que se diz é algo como "Tá na hora di í pra iscola". Não se faça isso. Pode-se pensar que é uma coisa pequena e desimportante; mas de modo algum é pequena, e muitas coisas assim perpetuamente repetidas produzem um efeito grande. Com certeza é melhor que nos rodeemos de beleza e não de feiúra, mesmo que seja em matéria etérica. É de grande importância falarmos correta, clara e belamente, pois isso leva ao refinamento interior bem como ao exterior. Se falarmos de forma grosseira e desleixada, degradamos o nível de nosso pensamento, e tal maneira de falar afastará e desagradará as pessoas a quem desejamos ajudar. Aqueles que não conseguem ser exatos no seu uso das palavras não podem ser precisos em seu pensamento; mesmo na moralidade serão vagos, pois todas estas coisas reagem umas sobre as outras. Cada palavra que é pronunciada cria uma pequena forma na matéria etérica, assim como na matéria mental. Algumas destas palavras são completamente impróprias. A palavra "ódio", por exemplo, produz uma forma horrível, tanto que, tendo visto sua forma, jamais a emprego. Podemos dizer que não gostamos de alguma coisa, ou que não nos importamos com ela, mas jamais deveríamos usar a palavra "ódio", a não ser quando absolutamente necessário, pois meramente ver a forma que ela cria nos transmite um agudo desconforto. Há outras palavras, por outro lado, que produzem formas belas, palavras que é bom dizer. Tudo isso poderia ser aprofundado cientificamente, e o será um dia, não tenho dúvida, quando as pessoas tiverem tempo para isso. Podemos dizer, contudo, que em geral as palavras que estão ligadas a qualidades desejáveis produzem formas agradáveis, e aquelas que estão associadas às más qualidades produzem formas feias.

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Tais formas verbais não são determinadas pelo pensamento que acompanha as palavras, o pensamento constrói sua própria forma em um tipo superior de matéria. Por exemplo, a palavra "ódio" é freqüentemente empregada sem qualquer ódio real associado, quando queremos dizer, por exemplo, que não apreciamos algum tipo de comida; este é um uso perfeitamente desnecessário para a palavra, e obviamente não veicula nenhuma emoção séria, de modo que a forma-ódio astral não é produzida, mas a feia forma sonora etérica aparece como se a pessoa que fala realmente quisesse transmitir o verdadeiro significado dela. Assim claramente a palavra em si mesma não é boa. O mesmo vale para os impropérios, juramentos e palavras obscenas tão comuns entre pessoas sem educação e cultura; as formas produzidas por algumas destas palavras são de natureza peculiarmente horrenda quando vistas pela visão clarividente. Mas é impensável que alguém aspirando ao discipulado polua seus lábios com elas. Muitas vezes ouvimos pessoas usando todo tipo de frases desconexas em gíria que realmente não possuem significado ou derivação legítimos. É importante que tudo isso seja evitado pelo estudante do ocultismo. A mesma coisa se aplica ao hábito do exagero. As pessoas às vezes falam do modo mais extravagante. Se uma coisa fica a cem metros de distância elas dizem que fica a "quilômetros". Se um dia é mais quente que o habitual dizem que está "fervendo". Nosso domínio do idioma é pobre se não somos capazes de encontrar palavras que expressem as diferentes gradações de pensamento sem recorrermos a estes superlativos descontrolados e sem sentido. Pior de tudo, se desejam veicular a idéia de que alguma coisa é especialmente boa, a descrevem como "terrivelmente" boa, o que não só é uma contradição de termos, e portanto uma expressão completamente tola e sem sentido, mas também é um chocante mau uso de uma palavra que tem uma conotação própria que torna o uso neste sentido grotescamente inadequado. Todas estas abominações devem ser estritamente evitadas se a pessoa aspira a se tornar um estudante do ocultismo. Enfatizamos o controle da fala objetivando regularmos o significado de nossas palavras - e isso é muito certo, nada é mais necessário, e desejaria que pudéssemos todos controlar a pronúncia de nossas palavras, e considerar isso também um ato de autotreinamento. A importância da exatidão e refinamento na fala não pode ser exagerada. Sempre que falamos ou rimos criamos cores, bem como sons. Se é o tipo certo de riso, caloroso e gentil, tem um efeito muito agradável, e espalha um sentimento de jovialidade em toda volta. Mas se for um riso irônico ou sarcástico, uma rude gargalhada, risinhos de mofa ou zombaria, o resultado é muito diverso, e excessivamente desagradável. É notável o quão de perto todas as nuanças de pensamento e sentimento se espelham mutuamente nos outros planos. Isso é evidente quando passamos de um país para outro, e encontramos o ar cheio de efeitos sonoros bem diferentes. Se cruzamos o Canal da Mancha indo da Inglaterra para a França, de imediato vemos que as formas sonoras criadas pela língua francesa são muito diferentes daquelas produzidas pelo inglês. Isso é especialmente perceptível a respeito de certos

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sons, porque toda língua tem alguns sons que lhe são peculiares, e são eles a característica principal que distinguem o aspecto de um idioma de outro. A cor das formas depende mais do espírito com que são faladas. Duas pessoas podem falar as mesmas palavras, e assim criar formas mais ou menos iguais, mas as formas podem ter um espírito bem diferente por trás. Quando nos despedimos de alguém dizemos "adeus". Estas palavras podem ser acompanhadas de uma verdadeira efusão de sentimento amistoso, mas se dizemos "adeus" de modo casual, sem qualquer pensamento ou sentimento especiais por trás, isso produz um efeito de todo distinto nos planos superiores. Aqui se produz apenas um lampejo, significando pouco, fazendo pouco; lá existe uma definida efusão que oferecemos ao nosso amigo. É bom lembrarmos que a expressão significa "esteja com Deus", portanto o que estamos dando é uma bênção. Em francês dizemos "adieu", que quer dizer o mesmo. Se pensarmos no significado destas palavras sempre que as dissermos, faremos muito mais bem do que o habitual, pois então nossa vontade e nosso pensamento condirão com as palavras, e a bênção será uma verdadeira ajuda e não meramente um aceno casual. De todas estas formas a fala do discípulo deve ser refinada e evoluída. Lembremos o que é dito em The Light of Asia, que o Rei, o Eu, está dentro de nós, e que tudo o que sair de nossa boca em Sua presença deve ser um pensamento de ouro expresso em palavras de ouro:

"Governa teus lábios como se fossem as portas do palácio do Rei; tranqüilas e justas e corteses sejam todas as palavras ditas em tal Presença".

Agitação

Para o aspirante é especialmente necessário evitar todo nervosismo ou agitação. Muitos trabalhadores enérgicos e diligentes dissipam a maior parte de seus esforços e os tornam sem efeito condescendendo nestas falhas, pois elas estabelecem em seu redor uma aura de vibrações trêmulas que nenhum pensamento ou sentimento pode ultrapassar sem se distorcer, e o próprio bem que ele emite leva consigo uma agitação que praticamente o neutraliza. Sejamos absolutamente exatos, mas atinjamos nossa exatidão através de uma perfeita calma, jamais através da pressa ou da agitação. Um outro ponto que é necessário enfatizar para nossos estudantes é que em ocultismo sempre queremos dizer exatamente o que dizemos, nem mais nem menos. Quando é estabelecida uma regra de que nada rude ou crítico deve ser dito sobre outrem, isso quer dizer exatamente isso - não que quando acontecer de considerarmos isso devamos diminuir um pouco o número de coisas rudes ou críticas que dizemos todos os dias, mas sim que elas devem cessar completamente. Somos tão habituados a ouvir várias instruções éticas que

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ninguém tenta seriamente colocar em prática que temos o costume de que uma aplicação superficial de uma idéia, ou um vago esforço ocasional de realizá-la, é tudo o que a religião requer de nós. Devemos eliminar por completo esse modo de pensar e entender que é exigida uma obediência exata e literal quando é dada instrução oculta, seja por um Mestre ou por Seu discípulo (Para instruções adicionais sobre este assunto o leitor deve consultar Talks on the Path of Occultism). O Valor da Associação

Freqüentemente é dada muita ajuda em todos esses assuntos para o aspirante, seja ele probacionário ou aceito, pela presença de um discípulo mais velho dos Mestres. Antigamente na Índia, quando um guru selecionava seus chelas, ele os reunia em um grupo e os levava consigo onde quer que fosse. Ocasionalmente ele os ensinava, mas freqüentemente eles não recebiam instrução nenhuma; mesmo assim faziam rápido progresso, porque todo o tempo eles permaneciam dentro da aura do instrutor e eram postos em harmonia com ela, em vez de serem rodeados por influências comuns. O instrutor também os ajudava na construção do caráter, e sempre observava cuidadosamente os principiantes. Nossos Mestres não podem adotar este método fisicamente, mas às vezes Eles arranjam as coisas de modo que alguns de Seus representantes mais velhos podem reunir em seu redor um grupo de jovens neófitos e atendê-los individualmente, como um jardineiro trataria de suas plantas, irradiando sobre eles dia e noite as influências necessárias para despertar certas qualidades ou fortalecer pontos fracos. O auxiliar mais velho raramente recebe instruções diretas a respeito de seu trabalho, embora por vezes o Mestre possa fazer alguma observação ou comentário. O fato de os noviços estarem em um grupo também auxilia seu progresso; eles são influenciados em conjunto por altos ideais, e isso acelera o crescimento de características desejáveis. Provavelmente seja inevitável no desenrolar da lei kármica que um aspirante seja posto em contato com alguém muito mais avançado que si mesmo, e receba muito benefício através de sua habilidade em responder a ele, e o fato é que o Mestre geralmente não faz avançar ou aceita nenhuma pessoa a menos que ela tenha um estudante mais velho que possa guiá-la e ajudá-la. Há, contudo, exceções, e cada Mestre tem Seu próprio modo de lidar com Seus catecúmenos. Em um caso, disse nossa Presidente, o Mestre têm o costume de enviar Seus discípulos para "o outro lado do campo", de forma que eles possam obter grande força pelo desenvolvimento de seus próprios poderes com um mínimo de ajuda externa. Cada indivíduo é tratado como melhor lhe convém. Tem sido perguntado se é possível o avanço para um estudante solitário, cujo karma o colocou em alguma fazenda ou plantação remota, ou o prendeu a algum lugar onde ele provavelmente não encontrará ninguém já estabelecido na Senda. Sem dúvida tal indivíduo pode fazer progresso, e embora sua tarefa seja mais árdua porque tem menos ajuda no plano físico, ele aprenderá a confiar em si mesmo, e provavelmente desenvolverá maior força de vontade e determinação, exatamente porque está tão sozinho. Será bom que ele

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mantenha correspondência com algum estudante mais velho, que possa responder suas perguntas e o aconselhe a respeito de leituras, e assim pode-se poupar muito tempo e seu caminho pode ser suavizado. CAPÍTULO 5: ACEITAÇÃO

Relato de uma Aceitação

Embora quando o Mestre aceita o discípulo isso produza uma diferença tão grande na vida deste, o cerimonial externo associado é apenas um pouco mais elaborado do que na ocasião da provação. O seguinte relato da aceitação de alguns jovens é dado para comparação com o correspondente relato de uma provação no capítulo anterior: Indo como de costume para a casa de nosso Mestre Kuthumi, encontramos o Mestre Morya sentado a conversar vivamente com Ele. Naturalmente nos mantivemos de lado, mas o Mestre nos chamou para diante com Seu deslumbrante sorriso de boas-vindas, e fizemos a saudação habitual. O primeiro de nossos candidatos, a quem o Mestre uma vez chamara de "uma sempre brilhante Estrela de Amor", é tão cheio de amor por seu Mestre que O considera como um Irmão mais velho, e sente-se absolutamente livre e à vontade com Ele, embora jamais lhe dirija a palavra senão com profunda reverência. De fato é uma coisa bonita vê-los juntos. Nesta ocasião nosso Mestre sorriu amavelmente para ele e disse: "Decidiste finalmente trabalhar comigo e devotares-te ao serviço da humanidade?" O menino respondeu muito sério que sim, e nosso Mestre continuou: "Estou muito satisfeito com os esforços que tens feito, e espero que não os relaxes. Não esqueças sob estas novas condições o que te disse há poucos meses. Teu trabalho e determinação me possibilitaram abreviar o período de tua Provação, e agrada-me que tenhas escolhido de todas a mais curta das linhas de progresso, a de trazeres outros contigo ao longo da Senda. O mais forte poder no mundo é o amor absolutamente altruísta, mas há poucos que podem mantê-lo livre de exigências ou ciúme, mesmo quando ele se dirige apenas a um objeto. Teu avanço é devido a teu sucesso em manteres esta chama ardendo simultaneamente por vários objetos. Fizeste muito para desenvolver força, mas ainda precisas mais dela. Deves adquirir discriminação e prontidão, de modo que percebas o que é preciso naquele exato momento, em vez de só dez minutos mais tarde. Antes de falares ou agires, pensa com cuidado nas conseqüências. Mas tens atuado notavelmente bem, e isso me agrada muito". Então o Mestre colocou Sua mão sobre a cabeça de cada um dos candidatos separadamente, dizendo: "Eu te aceito como meu chela segundo o antigo rito". Ele os levou individualmente para dentro de Sua aura, de forma que por um momento o discípulo desapareceu n'Ele, e então emergiu de volta parecendo inexprimivelmente feliz e nobre, expressando as características peculiares do Mestre como jamais o fizera antes. Quando tudo isso acabou nosso Mestre disse a cada um: "Eu te dou a minha bênção". E então, falando a todos em conjunto: "Vinde comigo, agora devo vos apresentar em vossa nova condição

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para o reconhecimento e registro oficiais". Então Ele os levou até o Mahachohan, que os observou atentamente, e disse: "Vós sois muito jovens. Congratulo-me convosco por alcançardes tal posição tão cedo. Cuideis de viver em concordância com o nível que atingistes". E Ele registrou seus nomes no registro imperecível, mostrando-lhes as colunas opostas à de seus nomes, que ainda deviam ser preenchidas, e expressando a esperança de logo poder inscrever outros nomes em virtude de seu trabalho. De volta da visita ao Mahachohan, o Mestre levou mais uma vez seus discípulos para a caverna perto de Sua casa, e eles O viram dissolver no ar as imagens deles mesmos que Ele havia criado pouco tempo atrás. "Agora que sois em verdade partes de mim mesmo todo o tempo", disse Ele, "já não precisaremos mais disso". A União com o Mestre

Se alguém assiste a esta cerimônia com a visão do corpo causal, vê o Mestre como um glorioso globo de fogo vivo, apresentando um número de esferas concêntricas de cor, estando Seu corpo físico e suas contrapartes nos outros planos no centro da massa fulgurante, que se estende a um raio de muitas centenas de metros. Ao se aproximar do corpo físico do Mestre, o discípulo penetra mais neste globo brilhante de material mais sutil, e quando ele finalmente chega aos pés de seu Mestre ele já está no coração desta esfera esplêndida; e quando o Mestre abraça o neófito como descrevi acima, e Se expande para incluir a aura do discípulo, de fato é o coração central de fogo que se expande e o engloba, pois ao longo de toda a cerimônia de aceitação ele já está bem dentro do perímetro externo desta grandiosa aura. Assim, por um momento os dois tornam-se um só, e não só a aura do Mestre afeta a do discípulo como acabei de descrever, mas qualquer característica especial desenvolvida pelo discípulo atua nos centros correspondentes da aura do Mestre, e esta fulgura em resposta. A inexprimível união do discípulo com o Mestre que inicia durante a cerimônia de aceitação é uma coisa permanente, e depois disso, embora o discípulo possa estar bem distante do Mestre no plano físico, seus veículos superiores vibram em concordância com os de seu Instrutor. Todo o tempo ele está sendo gradualmente afinado para cima, e assim pouco a pouco ele se torna mais e mais como o seu Mestre é, embora a semelhança no início possa ser remota; e assim ele se torna de grande valor no mundo como um canal aberto pelo qual a força do Mestre pode ser distribuída nos planos inferiores. Através da constante meditação em seu Guru, e de uma ardente aspiração em direção a Ele, o discípulo tem seus próprios veículos afetados a ponto de ficarem constantemente abertos em direção ao seu Mestre e esperando Sua influência. Todo o tempo ele está preocupado com esta idéia, esperando pela palavra do Mestre e atento a qualquer coisa de Sua parte, de modo que enquanto está aguda e sensivelmente aberto a Ele, em grau considerável permanece fechado a influências inferiores. Portanto todos os seus veículos superiores, do astral

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para cima, são como uma taça ou funil, aberto acima mas fechado nos lados, e praticamente imunes a influências externas nos níveis inferiores. Esta afinação do discípulo continua ao longo de todo o período de discipulado. De início suas vibrações estão muitas oitavas abaixo das do Mestre, mas estão harmonizadas às d'Ele, e são gradualmente elevadas. Este é um processo que só pode acontecer com lentidão. Não pode ser feito de uma só vez, como quando cunhamos uma peça de metal na forma de uma moeda, ou mesmo mais rápido, ao afinarmos um violino ou um piano. Estas são coisas inanimadas; mas neste caso é um ser vivo o que está sendo modelado, e a fim de preservar a vida o lento crescimento a partir de dentro deve adaptar a forma à influência externa, assim como quando um jardineiro gradualmente direciona os ramos de uma árvore, ou quando um ortopedista tenta endireitar gradualmente uma perna torta. Sabemos que o longo de todo este processo o Mestre não fica dando Sua plena atenção a cada discípulo individualmente, mas atua sobre milhares de pessoas simultaneamente, e faz ao mesmo tempo muito trabalho nos níveis superiores - como se estivesse jogando um imenso jogo de xadrez com as nações do mundo e com todos os tipos de poderes, dos Anjos e dos homens, como se fossem as peças no tabuleiro. Contudo, o efeito é como se Ele estivesse velando pelo Seu discípulo sem pensar em mais ninguém, pois a atenção que Ele pode dar a um só entre milhares é maior que a nossa quando a concentramos inteiramente sobre uma só pessoa. O Mestre freqüentemente deixa que algum de Seus antigos discípulos faça o trabalho de afinar os corpos inferiores do noviço, embora Ele próprio permita um constante fluxo entre Seus veículos e os do discípulo. É deste modo que Ele atua em prol de Seus discípulos, sem que eles necessariamente saibam qualquer coisa a respeito. Assim o discípulo aceito se torna um posto avançado da consciência do Mestre - como se fosse uma extensão d'Ele mesmo. O Adepto vê, ouve e sente através do discípulo, de modo que o que quer que seja feito em sua presença é feito na presença do Mestre. Isso não significa que o Grande Ser esteja necessariamente sempre cônscio destes eventos no momento em que se desenrolam, embora isso possa acontecer. Ele pode estar absorvido em algum outro trabalho naquela hora; não obstante os eventos ficam depois em Sua memória. O que o discípulo experimenta a respeito de um assunto em particular passará a fazer parte da mente e do conhecimento do Mestre quando Ele voltar Sua atenção para o assunto. Quando um discípulo envia um pensamento de devoção ao seu Mestre, o tênue lampejo que ele emite produz o efeito de abrir uma grande válvula, e acontece um tremendo efluxo de amor e poder do Mestre. Se alguém envia um pensamento de devoção a outra pessoa que não seja um Adepto, isso se torna visível como uma linha de fogo indo até ela; mas quando um tal pensamento é dirigido pelo discípulo a seu Mestre, o discípulo imediatamente é inundado por uma torrente do ígneo amor vindo do Mestre. O poder do Adepto flui constantemente para fora e em todas as direções, como a luz do sol; mas o toque do pensamento do discípulo atrai uma prodigiosa corrente dele para si mesmo naquele momento. Tão perfeita é a união entre eles que se houver

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algum distúrbio sério nos corpos inferiores do discípulo isso também afetará os do Mestre; e, como estas vibrações interfeririram no trabalho do Adepto nos planos superiores, quando isso infelizmente ocorre Ele tem de lançar um véu que isole o discípulo de Si até que esta tempestade acalme. É claro que isso é uma coisa triste para o discípulo, ver-se isolado desta maneira, mas é culpa exclusivamente sua, e ele pode desfazer a separação imediatamente assim que puder controlar seus pensamentos e sentimentos. Usualmente um incidente infausto deste tipo não dura mais de quarenta e oito horas, mas sei de casos muito piores, onde o isolamento perdurou por anos inteiros, e mesmo por todo o resto daquela encarnação. Mas estes são casos extremos, e muito raros, pois é pouco provável que uma pessoa capaz de tal deserção fosse recebida como discípulo. A Atitude do Discípulo

Provavelmente ninguém seja aceito como discípulo a menos que tenha adquirido o hábito de voltar suas forças para fora e concentrar sua atenção e energia sobre os outros, a derramar pensamentos de ajuda e bons votos sobre seus irmãos. Constantemente se oferecem oportunidades para isso, não só entre aqueles com quem entramos em contato estreito, mas mesmo entre estranhos com que cruzamos na rua. Às vezes percebemos uma pessoa que obviamente está deprimida e sofrendo; num átimo podemos enviar um pensamento de força e coragem para dentro de sua aura. Deixem-me citar mais uma vez uma passagem que li cerca de vinte e cinco anos atrás em um livro da Nova Consciência:

"Mistura amor na massa do pão que assas; embrulha com força e coragem a mercadoria que vendes para a mulher de rosto cansado; transmite confiança e candura com a moeda com que pagas o homem de olhos desconfiados".

Um adorável pensamento expresso com simplicidade, mas transmitindo a grande verdade de que todo contato é uma oportunidade, e que toda pessoa que encontramos do modo mais casual é uma que pode ser ajudada. Assim, o estudante da Boa Lei anda pela vida distribuindo bênçãos em toda volta, fazendo o bem livremente por toda a parte, embora muitas vezes o recipiente da bênção e da ajuda possam não ter idéia de onde elas vêm. Todo mundo pode colaborar nestas boas ações, tanto o pobre como o rico, todos que podem pensar podem enviar pensamentos gentis e auxiliadores, e nenhum destes pensamentos jamais falhou, ou jamais poderá falhar enquanto durarem as leis do universo. Podemos não ver os resultados, mas eles estarão lá, e podemos não saber quais frutos nascerão das pequenas sementes que semeamos ao longo de nosso caminho de paz e amor. Se o estudante tem algum conhecimento sobre as possibilidades da Natureza ele pode muitas vezes invocá-las para ajudar no trabalho mencionado. Há vasto número de espíritos da natureza de um certo tipo, tanto nas florestas como nas águas, que são especialmente adequados para animar formas-pensamento, e têm grande deleite em serem empregados neste serviço. O

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estudante, ao caminhar nos campos e nas florestas, ou quando navega sobre as águas, pode convidar tais criaturas para acompanhá-lo - pode até mesmo atraí-los para dentro de sua aura e os levar consigo. E então, quando chegar a uma cidade, e começar a projetar bons pensamentos sobre as pessoas que encontra, pode animar cada forma-pensamento com um destes pequenos auxiliares. Fazendo isso ele propicia uma grande alegria e alguma evolução ao seu amigo espírito da natureza, e também prolonga muito a vida e atividade de sua forma-pensamento. Distribuição de Força Praticamente todas as pessoas comuns no mundo voltam suas forças para dentro de si mesmas, e porque elas são autocentradas suas forças atuam dentro delas mesmas. Mas o discípulo tem de voltar suas forças para fora e manter uma constante atitude de doação de afeto e serviço. Temos no discípulo, pois, uma pessoa cujos veículos superiores são um funil aberto às mais elevadas influências de seu Mestre, ao passo que o fundo do funil foi treinado para constantemente irradiar estas influências sobre os outros. Isso o torna um instrumento perfeito para o uso do Mestre, para transmissão de Sua força para os planos exteriores. Se um Adepto no Tibete desejasse distribuir alguma força no nível etérico em Nova Iorque, não seria econômico dirigir a corrente etericamente ao longo de toda esta distância, Ele teria de transmitir Sua força em níveis muito mais altos até o ponto desejado, e então escavar um funil para baixo até aquele local. Uma outra comparação que poderíamos sugerir é a da transmissão de eletricidade em altas voltagens através do país, e o rebaixamento da voltagem através de transformadores que produziriam altas correntes e baixas voltagens no local onde o poder seria usado. Mas escavar um funil desses, ou rebaixar a força em Nova Iorque, envolveria uma perda para o Adepto de cerca de metade da energia que Ele tivesse disponível para o trabalho a ser feito. Portanto o discípulo que estiver no local é um inestimável instrumento de economia, e ele deve lembrar que acima de todas as coisas ele deve fazer de si mesmo um bom canal, pois isso é o que o Mestre mais precisa dele. Assim, o discípulo pode ser considerado de certa forma um corpo adicional que o Mestre possui para ser usado no local onde calha de ele estar. Todo corpo humano é na realidade um transmissor para os poderes do Eu interno. Através de muitas eras ele tem sido adaptado para transmitir as ordens da vontade da maneira mais econômica; por exemplo, se por qualquer razão ele quer mover ou virar um copo que estiver sobre a mesa, é bastante fácil estender a mão e fazê-lo. Também é possível virar este copo através da pura força de vontade, sem contato físico; de fato um dos primeiros membros da Sociedade Teosófica tentou isso e realmente conseguiu, mas só depois de uma hora de estrênuo esforço diariamente ao longo de dois anos. Obviamente usar os meios físicos comuns neste caso é muito mais econômico. Nos primeiros estágios da relação do discípulo com seu Mestre ele seguidamente sentirá uma vasta quantidade de força sendo derramada através dele, sem saber para onde vai; ele sente apenas que um grande volume de

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fogo vivo está correndo através dele e inundando as redondezas. Com uma atenção um pouco mais cuidadosa ele logo poderá saber em que direção ele está indo, e um pouco mais tarde se tornará capaz de seguir com sua consciência este fluxo do poder do Mestre, e poderá de fato rastreá-lo até as próprias pessoas que estão sendo afetadas e ajudadas por ele. Ele mesmo, contudo, não pode dirigí-lo, ele está sendo simplesmente usado como um canal, mas ao mesmo tempo está aprendendo a cooperar na distribuição da força. Mais adiante chegará um tempo em que o Mestre, em vez de derramar força no discípulo pretendendo alcançar uma pessoa à distância, lhe dirá para procurá-la e então dar-lhe alguma força, pois isso economizará alguma energia do Mestre. Sempre e onde quer que um discípulo possa fazer um pouco do trabalho do Mestre este sempre o incumbirá dele, e à medida que o discípulo aumentar sua utilidade, mais e mais trabalho será posto em suas mãos, a fim de aliviar, mesmo que minimamente, a tensão sobre o Mestre. Pensamos muito, e com razão, sobre o trabalho que podemos fazer aqui embaixo, mas tudo o que podemos imaginar e fazer é como nada comparado ao que Ele faz através de nós. Há sempre uma suave radiação através do discípulo, mesmo que este possa não estar consciente disso, porém o mesmo discípulo sentirá nitidamente sempre que uma quantidade incomum de força estiver sendo enviada. Esta transmissão de força de um Mestre particular é geralmente restrita aos Seus discípulos, mas qualquer pessoa que esteja seriamente tentando viver uma vida de serviço, pureza e refinamento pode ser usada como um canal para força. Poderia muito bem acontecer de em determinado lugar não haver nenhum discípulo adequado para certo tipo de efusão; mas poderia haver alguma outra pessoa que, embora não tão avançada, pudesse ser empregada para esta finalidade especial. Em tal caso o Mestre provavelmente a usaria. Muitas variedades de força são derramadas pelo Mestre para diferentes propósitos; às vezes uma pessoa é mais adequada, noutras vezes é uma outra. Observando o caso de dois discípulos lado a lado, poderíamos ver que um é usado sempre para certo tipo de força e o outro para outro tipo. Esta efusão é física, bem como também astral, mental e búdica, e no plano físico ela sai principalmente através das mãos e dos pés. Por causa disso - bem como por razões gerais - deve se ter muito cuidado com a limpeza. Se o corpo físico da pessoa escolhida for deficiente neste importante aspecto o Mestre poderá não utilizá-la, pois ela não seria um canal adequado. Seria como derramar água pura através de um cano sujo - ela seria poluída no caminho. Portanto os que estão em contato íntimo com o Mestre são extremamente vigilantes a respeito da perfeita limpeza do corpo. Cuidemos então de estarmos preparados neste aspecto caso sejamos necessários. Um outro ponto sobre o qual devemos ser cuidadosos se desejamos ser de utilidade é evitarmos deformidades, especialmente nos pés. Não há muito tempo estive por algumas semanas em uma comunidade onde é costume andar-se de pés descalços, e fiquei horrorizado de ver o aspecto contorcido e deformado dos pés de muitos dos estudantes, e de observar o quão seriamente esta deformidade interferia em sua utilidade como canais para a força do Mestre. O rumo natural desta força, sob condições normais, é encher

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todo o corpo do discípulo e extravasar pelas extremidades, mas onde hábitos anti-higiênicos no tocante aos pés produziram deformações permanentes o Adepto só podia utilizar a metade superior do corpo, e isso impunha sobre Ele o trabalho adicional de construir a cada vez um espécie de barreira ou represa temporária na altura do diafragma do discípulo, e assim inevitavelmente conclui-se que outros que estão livres desta desfiguração são empregados muito mais freqüentemente. A Transmissão de Mensagens

Às vezes um Mestre envia uma mensagem definida a um terceiro através de Seu discípulo. Lembro uma vez de ser incumbido de transmitir uma destas mensagens a um membro muito erudito a quem eu não conhecia muito bem. Senti um certo embaraço em abordá-lo com tal assunto, mas é claro que o fiz de todo modo; eu disse ao destinatário: "Meu Mestre disse-me para lhe entregar esta mensagem, e simplesmente faço o que me ordenaram. Estou perfeitamente ciente de que não lhe posso dar nenhuma evidência de que isso é uma mensagem do Mestre, mas deixo que o senhor atribua a ela a importância que desejar. Não tenho escolha senão seguir minhas instruções". Obviamente eu estava a par do conteúdo da mensagem, pois eu tivera de transcrevê-la, e afirmo que em uma análise superficial ela era uma mensagem perfeitamente simples e amigável, como uma que pudesse ter sido enviada por qualquer pessoa gentil a uma outra, sem aparentemente conter qualquer significância maior. Mas evidentemente as aparências enganam; o velho cavalheiro a quem eu a entreguei pareceu muito surpreso, e disse: "Não precisas te preocupar em tentar me convencer de que é uma mensagem de teu Mestre, eu o soube instantaneamente, por causa do palavreado usado; para ti teria sido absolutamente impossível conhecer o significado de diversas das referências que Ele faz". Mas até hoje não faço idéia do que ele quis dizer. Contudo, é raro que uma mensagem seja dada desta forma. Parece haver muitas idéias equívocas sobre este assunto, assim é útil explicar exatamente como as mensagens usualmente são transmitidas dos planos superiores até os inferiores. Entenderemos isso mais facilmente se considerarmos a relação entre os planos, as dificuldades de comunicação entre eles, e os vários métodos pelos quais estas dificuldades são superadas. Sensitividade, Mediunidade e Poderes Psíquicos No homem comum do mundo, que não fez nenhum estudo especial destes assuntos e nenhum esforço de desenvolver os poderes da alma, estes planos são mundos separados, e não ocorre nenhuma comunicação consciente entre eles. Quando ele é o que se chama de "desperto", sua consciência funciona através de seu cérebro físico, e quando seu corpo está dormindo ela atua através de seu veículo astral. Se, portanto, um homem morto ou um kamadeva desejar se comunicar com este homem, há dois modos em que pode fazê-lo. Ele pode encontrar o homem frente a frente no mundo astral e conversar com ele exatamente como se ambos estivessem na vida física; ou ele pode de diversas formas se manifestar sobre o plano físico, e estabelecer ali algum tipo de comunicação.

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O primeiro método é ao mesmo tempo mais fácil e mais satisfatório, mas sua dificuldade é que o homem comum não consegue trazer nenhuma lembrança confiável de sua vida astral para a sua vida física; assim, os esforços para inspirá-lo e guiá-lo usualmente são apenas em parte bem sucedidos. Todas as pessoas encontram seus amigos astrais todas as noites de sua vida, e acontecem conversas e discussões entre eles precisamente como se eles as tivessem durante o dia neste mundo mais denso; o homem "vivo" raramente se lembra disso em sua consciência desperta, mas seus pensamentos e atos podem ser, e muitas vezes são, consideravelmente influenciados pelos conselhos dados e pelas sugestões feitas deste modo, embora quando acordado ele permaneça absolutamente ignorante a respeito de sua fonte, e suponha que as idéias que assim se apresentam à sua mente são suas. A entidade astral que deseja se comunicar, portanto, adota freqüentemente o segundo método, e tenta produzir efeitos no plano físico. Novamente isso pode ser feito de dois modos. O primeiro deles é originando certos sons ou movimentos físicos que podem ser interpretados de acordo com um código pré-estabelecido. Podem ser produzidas pancadas em uma mesa, ou a mesa pode ser percutida quando as letras certas do alfabeto são pronunciadas, ou pode ser usado o código telegráfico Morse se sucede de ambas as partes conhecê-lo. Ou o ponteiro de um tabuleiro Ouija pode ser movido de uma letra para outra compondo uma mensagem. Uma outra forma, menos tosca e tediosa, mas um pouco mais perigosa para o participante físico, é o uso pela entidade astral de alguns dos órgãos de seu amigo deste plano. Ele pode se apoderar das cordas vocais deste último, e falar através dele; ele pode usar a mão do homem "vivo" para escrever mensagens ou fazer desenhos sobre os quais seu instrumento físico não sabe nada. Quando o homem "morto" fala através do "vivo", este de costume se encontra em um estado de transe, mas a mão pode ser usada para escrever ou desenhar enquanto seu legítimo dono está plenamente acordado, lendo um livro ou conversando com seus amigos. Não são todas as pessoas que podem ser usadas assim pelas entidades astrais - somente aquelas que são especialmente suscetíveis a tais influências. Tais pessoas são muitas vezes descritas como psíquicas, médiuns ou sensitivas; talvez o último destes nomes seja o mais adequado nos casos que estamos analisando. Mas por mais sensitiva que uma pessoa possa ser a influências de outro plano, ela tem uma personalidade própria fortemente definida que usualmente não pode ser inteiramente reprimida. Há muitos graus de sensitividade a influências dos planos superiores. Algumas pessoas nascem com esta qualidade, outras a adquirem pelo esforço; em ambos os casos ela pode ser desenvolvida e intensificada pela prática. Isso é o que usualmente os círculos Espíritas querem dizer com "sentar-se para desenvolver"; alguém que por natureza é facilmente impressionável é aconselhado a tornar-se o mais passivo possível, a sentar-se dia após dia durante horas em tal atitude. Naturalmente ele se torna mais e mais impressionável, e se alguma entidade astral chega e atua sobre ele dia após dia, eles se tornam acostumados um ao outro, e a transferência de idéias é grandemente facilitada.

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Em certo estágio deste processo o corpo físico da vítima é usualmente posto em transe - o que significa que o ego já não controla seus veículos, mas durante este tempo os empresta à influência astral. Os veículos, contudo, ainda mantêm a forte marca do ego, de modo que, embora a inteligência que os utilize seja bem outra, não obstante em grande parte eles se moverão ao longo de seus caminhos costumeiros. Os sentimentos da entidade comunicante podem ser do tipo mais exaltado, mas se acontecer de o sensitivo ser inculto, ter a linguagem pobre ou de gíria, a expressão destes sentimentos exaltados no plano físico provavelmente será fortemente tingida por estas características. Quando ouvimos um Júlio César ou um Shakespeare ou o Apóstolo São João se manifestando em uma sessão, geralmente notamos que eles decaíram muitíssimo desde o tempo de sua última vida terrena, e naturalmente e com razão concluímos que estes grandes homens de antigamente em absoluto não estão presentes, mas que tudo não passa de desavergonhada impostura. Sem dúvida esta é uma conclusão perfeitamente justa, mas o que às vezes esquecemos é que, mesmo se tal comunicação fosse genuína, em 99% dos casos ela estaria sujeita às mesmas limitações. Há um estado de transe tão perfeito que os defeitos inerentes da personalidade do instrumento são inteiramente suplantados, mas um controle tão completo é de fato muito raro. Quando ele existe podemos ter uma impressionante reprodução da voz e da entonação e das expressões habituais do homem morto, ou uma imitação exata de sua caligrafia; mas mesmo nestes casos extremos estamos longe de ter uma garantia absoluta de que estamos lidando com a pessoa cujo nome é dado. Nestes planos superiores a leitura e transferência de pensamento de todos os tipos são tão extraordinariamente fáceis que só pouca informação pode de qualquer forma ser considerada secreta ou privada. Todo este assim chamado "desenvolvimento" é extremamente ruim para o pobre sensitivo; cada vez mais, à medida que ele aumenta sua suscetibilidade, o ego perde o controle de seus veículos. Ele se torna cada vez mais sujeito a influências astrais, mas não tem nenhuma garantia de sua natureza, o que significa que ele é tão impressionável pelo bem quanto pelo mal. E a promessa que freqüentemente lhe fazem, de que algum "espírito-guia" o protegerá, tem pouco valor, já que o poder de tais guias é muito limitado. Ele está na mesma posição daquele que jaz amarrado e desvalido à beira da estrada, à mercê do próximo passante, que, é claro, pode ser um Bom Samaritano, que o livrará das cordas e cuidará de suas necessidades, mas também pode ser um ladrão que o despojará de tudo o que tiver, e talvez no conjunto os ladrões sejam mais comuns que os Bons Samaritanos. Em minha opinião pessoal, baseada em considerável experiência, devo advertir fortemente meus irmãos contra o envolvimento em qualquer tipo de mediunidade. O título de médium poderia, imagino, ser reservado àqueles através de quem são produzidos fenômenos - pessoas de quem se pode extrair o que tecnicamente se chama ectoplasma, a fim de realizar materializações, e objetos pesados de vários tipos possam ser movidos.

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Um outro e bem diferente tipo de desenvolvimento é o que podemos chamar legitimamente de psíquico, pois em grego psyche significa "alma". A alma tem seus poderes, assim como o corpo, embora talvez fosse mais exato dizermos que todos os poderes que um homem possui são poderes da alma, embora se manifestem em diferentes planos. No fim das contas não é o corpo que vê ou ouve, que escreve ou pinta, é sempre o próprio homem atuando através do corpo. E quando um homem desenvolve estes poderes psíquicos isso realmente apenas significa que ele aprendeu a funcionar através de veículos outros além do físico e em certa medida pode trazer o resultado para sua consciência desperta. É este último aspecto que em quase todos os casos cria as dificuldades. Qualquer homem, atuando no plano astral durante o sono de seu corpo físico, ou depois da morte deste corpo, está consciente de seu ambiente astral, mas isso não significa que ele lembrará disso quando acordar. Portanto, a dificuldade não é a falta de experiências, mas sim ser ou não capaz de imprimí-las no cérebro físico; o poder de fazê-lo só pode ser obtido após longo e contínuo esforço. Parece haver uma idéia geral de que a posse destes poderes indica um grande desenvolvimento moral e espiritual, mas isso não é obrigatório. Um esforço suficientemente estrênuo e constante desenvolveria estes poderes em qualquer pessoa, absolutamente independentemente de seu caráter moral; mas é verdade que eles usualmente se desenvolverão de modo espontâneo quando a pessoa atingir certo nível de avanço espiritual. É geralmente deste modo que estes poderes nascem nos discípulos dos Mestres, e embora eles não estejam isentos de seus perigos peculiares, em seu conjunto eles são com certeza muito úteis e valiosos. Mas é necessário que aqueles em quem eles surgem tentem entendê-los, tentem compreender algo de seu funcionamento; os recipientes não devem supor que, mesmo se os poderes lhes surgirem como resultado de um avanço genérico, estejam com isso livres das leis comuns sob as quais funcionam estas faculdades. Há muitas dificuldades associadas à obtenção de uma lembrança nítida, e isso ocorre tanto para eles como para o sensitivo Espírita, embora nosso longo e cuidadoso estudo deva nos preparar para recebê-los e entendê-los melhor do que o Espírita. Acima de tudo, não devemos esquecer que também nós temos nossas personalidades, que provavelmente serão bem mais fortes do que aquelas de nossos vizinhos, exatamente porque temos tentado desenvolver força e definição de caráter. É claro, temos durante anos tentado dominar a personalidade através da individualidade, mas isso não altera o fato de que provavelmente sejamos pessoas coloridas com características definidas, e que tudo o que passar através de nós estará sujeito a ser modificado por estas mesmas características. Deixem-me tentar ilustrar o que quero dizer citando um ou dois exemplos que observei pessoalmente. Lembro de uma senhora que era uma clarividente extraordinariamente boa, capaz de ver o passado e descrever eventos históricos com grande exatidão e riqueza de detalhes. Ela era uma Cristã mui devota, e imagino que nunca foi capaz de sentir que qualquer religião pudesse

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ser uma exposição tão completa da verdade quanto a sua. Poderíamos dizer que ela (sem qualquer sentido depreciativo) tinha um forte preconceito a favor do Cristianismo. O resultado disso sobre sua clarividência era notável - de fato, algumas vezes até mesmo divertido. Ela poderia descrever, digamos, uma cena da Roma antiga; enquanto qualquer coisa que visse não fosse diretamente ligada à religião a sua descrição seria muito precisa, mas no momento em que na cena aparecia um personagem Cristão ela imediatamente mostrava uma inclinação notavelmente forte a seu favor. Nada do que ele dissesse ou fizesse poderia ser errado, ao passo que qualquer coisa que alguém dissesse ou fizesse contra ele seria sempre um sinal da maior maldade. Quando este fator aparecia sua clarividência se tornava completamente indigna de confiança. Podemos supor que ela deva ter visto os fatos como eles aconteceram, mas o relato que ela dava e a sua interpretação deles certamente não eram verdadeiros. Uma outra senhora que conheci tinha uma brilhante imaginação poética, que na conversa a induzia a magnificar qualquer coisa que ela contasse - absolutamente não com o intuito de falsificá-la, mas simplesmente para adorná-la e torná-la de todas as formas maior e mais bela do que a coisa de fato era - uma atitude mental de vários modos mui feliz, é claro, mas um tanto fatal para a observação científica. A mesma coisa acontecia a respeito de sua lembrança e descrição de cenas de outros planos, fossem elas contemporâneas ou da história passada. Uma cerimônia pequena e simples no plano físico, assistida talvez por alguns devas amigáveis e uns poucos conhecidos dos protagonistas, em seu relato seria ampliada para uma tremenda iniciação assistida por todos os grandes Adeptos e pela maioria dos maiores personagens da história, e abençoada pela presença de todo um exército de Arcanjos. Com estes pequenos exemplos podemos ver quão necessário é para o clarividente iniciante observar cuidadosamente a si mesmo e conceder um largo desconto para suas primeiras impressões. Jamais deve ser esquecido que uma pessoa tem de se acostumar ao uso das faculdades destes planos superiores exatamente como outra tem de se familiarizar com o uso de ferramentas novas de qualquer tipo neste mundo físico. A criança aprende a entender a perspectiva apenas gradualmente: desde o início ela tem seus olhos, mas ela deve aprender como usá-los. A pessoa que tem o azar de ser cega pode chegar a ler com grande facilidade e rapidez pelo sistema Braille, mas a maioria de nós que temos nossos olhos acharia quase impossível distinguir uma letra da outra neste sistema sem um treinamento longo e penoso. É exatamente assim que um homem, cujas faculdades astrais estão começando a se abrir, considera de início quase impossível descrever o que vê e ouve; tudo parece tão diferente, e ele descobre que o que ele chamaria de sua visão atua em todas as mais imprevistas direções. Somente depois de anos de experiência é que ele se torna plenamente confiável, e mesmo então ele pode trazer para a consciência inferior apenas um mero reflexo do que ele pode ver. Existe sempre um aspecto em qualquer acontecimento astral que não pode ser expresso em palavras físicas, e à medida que a pessoa sobe

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para níveis mais altos, mais e mais destes aspectos adicionais indescritíveis aparecem, e ela se descobre cada vez menos capaz de transmitir mesmo a mais leve idéia de suas experiências, e mesmo aquilo que ela é capaz de trazer com certeza será colorido com suas próprias idiossincrasias. Mensagens dos Adeptos Muitos de nós vêm há muito meditando diariamente em nossos grandes Mestres - alguns de nós ao longo de anos; temos nos aproximado d'Eles pela intensidade de nossa reverência e devoção, e muitas vezes acontece aos mais afortunados de nós entrarem em contato pessoal com Eles e às vezes serem encarregados por Eles de transmitirem mensagens para irmãos menos afortunados. Quem quer que receba a honra de ser encarregado de transmitir uma mensagem fará, estou certo, qualquer esforço para transmití-la com minuciosa exatidão, mas ele dever lembrar que de modo nenhum estará livre da lei geral que rege estes assuntos, e deve permanecer definitivamente muito alerta senão suas próprias predileções ou aversões de alguma forma irão colorir o que ele foi incumbido de dizer. Pode-se pensar que isso é impossível - que um Mestre se dê ao trabalho de se assegurar a exatidão da entrega de qualquer mensagem que Ele enviasse. Mas devemos lembrar que também os grandes Adeptos trabalham sob a Lei universal, e que nem Eles podem alterar seu funcionamento para nossa conveniência. Há casos, como o que acabei de mencionar, em que uma incumbência direta de grande importância é ditada palavra por palavra, e transcrita pelo transmissor no plano físico no mesmo momento: mas estes casos são excepcionalmente raros. Deixem-me tentar descrever, até onde permitem as palavras físicas, o que acontece quando um Mestre veicula uma mensagem através de um de Seus discípulos. Em primeiro lugar entendamos que um Adepto habitualmente mantém Sua consciência focalizada em um plano muito elevado - usualmente naquele que chamamos de Nirvana. Ele pode, é claro, em um instante, trazê-la para baixo até qualquer nível onde deseje trabalhar, mas descer abaixo do corpo causal envolve uma limitação que raramente vale a pena enfrentar. O discípulo, quando fora de seu corpo, funciona em diferentes níveis, de acordo com seu desenvolvimento, mas qualquer um que pode ter a chance de ser encarregado de uma mensagem provavelmente estaria usando pelo menos seu corpo causal, e muitas vezes acontece de a comunicação ser dada neste nível. Para entendermos esta transferência de idéias, portanto, devemos tentar ver que forma assume uma destas comunicações. Aqui no plano físico podemos colocar nossos pensamentos ou nossas emoções em palavras faladas; sabemos que tais palavras não são usadas na vida superior, mas que emoções e pensamentos assumem formas flutuantes definidas respectivamente nos planos astral e mental. Como regra, cada pensamento e cada emoção cria sua própria forma separada, embora quando elas se combinam encontremos formas em que as cores são curiosamente mescladas. Suponhamos que tentemos nos elevar em imaginação até a parte mais alta do plano mental, onde o ego atua em seu corpo causal, e vejamos como suas idéias se expressam ali. Como de costume, a linguagem nos falta, mas um ponto principal de diferença é que o ego de forma alguma usa palavras

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e frases, tampouco expressas tais coisas em uma sucessão de pensamentos. Ele não parece pensar sobre um assunto no sentido que damos a esta palavra, ele jamais o analisa e chega a uma conclusão como fazemos aqui embaixo. Quando um assunto lhe chega ele o vê e sabe tudo a seu respeito; se ele deseja veicular uma idéia para outrem é como se ele lhe jogasse um tipo de bola que de alguma forma une tanto conhecimento como inferências. Tampouco ele se limita a projetar uma única idéia. O pensamento de um Adepto derrama sobre o discípulo uma espécie de chuva de lindas esférulas, cada uma sendo uma idéia, e com suas relações mútuas claramente apresentadas; mas se o discípulo é afortunado o bastante para lembrar e inteligente o bastante para traduzir tal chuva, provavelmente ele vai descobrir que pode precisar de vinte páginas escritas para expressar o dilúvio que durou apenas um instante, e mesmo assim, é claro, a expressão necessariamente será imperfeita. Além disso, ele tem de reconhecer que não foram dadas nenhumas palavras, mas apenas idéias, e portanto ele deve necessariamente expressá-las em sua própria língua. As idéias são do Mestre, se ele for afortunado o bastante para captá-las e interpretá-las com exatidão, mas a forma de expressão será toda sua. Portanto, suas idiossincrasias certamente aparecerão, e as pessoas que lerem a mensagem dirão: "Mas por certo este é o estilo de Fulano", referindo-se ao intermediário a quem a mensagem foi confiada. Ao dizerem isso estão muito certas, mas não devem permitir que este fato óbvio as cegue para o espírito ou para a importância da mensagem. Madame Blavatsky, há muito tempo, referindo-se às cartas que naquela época (1888) freqüentemente recebia dos Adeptos, escreveu: "De fato mal uma dentre cem das cartas ocultas são escritas pelas próprias mãos do Mestre em cujo nome são enviadas, já que os Mestres não têm nem a necessidade nem o tempo para escrevê-las; e quando um Mestre diz 'eu escrevi aquela carta', isso significa apenas que ele ditou cada palavra e ela foi transcrita sob sua supervisão direta. Geralmente eles fazem que seu chela, esteja ele perto ou distante, as escreva (ou materialize), imprimindo sobre sua mente as idéias que eles desejam expressar, e se necessário ajudando-o no processo de materialização. Isso depende inteiramente do grau de desenvolvimento do chela, do quão acuradamente as idéias podem ser transmitidas e o modelo escrito, imitado" (Lucifer, vol. III, p. 93). Quando, ao longo de anos, o discípulo se acostumou a transmitir mensagens do Mestre, pela prática constante ele terá obtido uma facilidade e exatidão bem maiores na tradução; mas isso porque ele terá aprendido a reconhecer sua própria equação pessoal, de modo que na prática ele consegue eliminá-la. Mesmo assim, os modos de expressão que ele tem o hábito de usar provavelmente aparecerão, simplesmente porque para ele são os melhores meios de expressar certas idéias; mas quando uma pessoa do desenvolvimento e da vasta experiência como nossa grande Presidente (por exemplo) transmite uma mensagem, podemos ficar muito certos de que seu

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sentido é exato e que a forma de sua expressão é a melhor que pode ser obtida neste plano. A Equação Pessoal Para aqueles de nós que ainda não atingiram tal nível é certo de que a equação pessoal se introduzirá. Infelizmente, isso acontece não só quanto ao estilo da comunicação (que, no fim das contas, não é tão importante, e pode facilmente ser descontado), mas também a respeito de sua substância. Para entendermos como e porque isso é assim, devemos considerar por um momento a constituição e desenvolvimento da pessoa através de quem a mensagem chega. Nossos estudantes mais antigos lembrarão que no livro Man Visible and Invisible dei algumas ilustrações dos corpos astral e mental de pessoas em vários graus de desenvolvimento. Estas ilustrações, contudo, só dão a aparência exterior destes corpos - a parte de cada veículo que está sempre em relação com o mundo astral ou mental em torno da pessoa, e portanto se mantém em uma condição de considerável e constante atividade. Devemos lembrar que estes ovóides de matéria astral e mental só estão vitalizados superficialmente, e que no caso do homem comum a camada superficial que é afetada é usualmente mui fina. Há sempre uma grande porção em cada veículo que ainda não foi vivificada - um núcleo pesado que quase não toma parte nas atividades externas do veículo, e de fato é mui pouco mobilizada por elas. Mas embora esta massa de matéria relativamente inerte seja pouco influenciada pela porção mais desperta, mesmo assim aquela é muito capaz de atuar sobre esta, de certas formas. Já falamos da personalidade como sendo de fato apenas um fragmento do ego que atua através destes veículos inferiores - os corpos mental, astral e físico. Um relato bem completo do método e dos detalhes desta atuação serão encontrados no Capítulo 8 deste mesmo livro, em The Inner Life sob os parágrafos Lost Souls, e em Talks on the Path of Occultism, nas páginas 257 a 261. Lá é explicado que o ego de modo algum já está plenamente alerta, mas que em muitos casos o que, suponho, devamos chamar uma grande parte dele (mesmo que isso soe um absurdo), ainda não está em atividade. É a Mônada que vivifica o ego, mas em todos nós o ego ainda está só parcialmente desperto. Exatamente da mesma forma é o ego quem anima a personalidade, mas esta atuação ainda está bem longe de ser perfeita, e por causa destes fatos se estabelecem certas condições a que devemos prestar bastante atenção. Em algum momento de exaltação um influxo de poder do ego pode temporariamente elevar o padrão da personalidade, ao passo que por outro lado uma constante pressão da porção não utilizada dos corpos astral e mental pode durante algum tempo rebaixá-lo apreciavelmente. A massa letárgica de matéria não-iluminada tem certa vida e tendências próprias, que se afirmam quando a parte mais viva da personalidade está de certa forma inativa, e isso acontece especialmente quando a pessoa não está ativamente usando estes corpos. Estas qualidades naturalmente variam de acordo com as diferentes pessoas, mas de costume é evidente um grande

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egotismo. Os pensamentos e impressões gerados por este núcleo indolente amiúde são de autoglorificação e elogio próprio, e também de autopreservação instintiva em presença de qualquer perigo, real ou imaginário. Antes de atingirmos as glórias refulgentes do homem desenvolvido (vide Man, Visible and Invisible, figura XXI) há um longo período de lento desdobramento, durante o qual este núcleo é gradualmente penetrado pela luz, sendo aquecido e iluminado em brilhante resposta. Mas escapar desta sutil dominação da personalidade é um processo lento. É claro que isso será paulatinamente eliminado à medida que a pessoa assumir o controle de toda sua natureza, mas enquanto isso ele seria sábio em duvidar seriamente de qualquer comunicação que glorifique a personalidade, ou lhe sugira que só ele foi eleito entre toda a humanidade para receber alguma revelação estupenda que há de revolucionar o mundo. Tais promessas são coisa comum nas comunicações de espíritos em muitas sessões inspiracionais privadas, mas não devemos por causa disso presumir uma fraude intencional por parte daquele espírito. Muitas vezes ele é impressionado fortemente por certos grandes fatos que se lhe evidenciam na vida astral e que ele sente que, se pudessem apenas ser adequadamente apresentados ao mundo, sua atitude mudaria completamente - esquecendo que estas mesmas idéias já foram proclamadas muitas vezes durante sua vida física, e que ele mesmo não lhes deu a menor atenção. Isso ilustra a velha observação do homem rico para Abraão: "Se algum morto lhes aparecer eles se arrependerão", e a seqüência mostra a sabedoria da resposta de Abraão: "Se eles não ouviram nem Moisés nem os Profetas, não serão persuadidos nem mesmo por alguém ressuscitado dentre os mortos". É exatamente esta pressão insidiosa mas constante deste eu subconsciente que deixa uma pessoa - de outra forma de razoável bom senso - sujeita a extraordinários auto-enganos, pois fica propensa a aceitar sem questionamento lisonjas que sem esta influência ela veria de imediato serem ridículas. Era para esta estranha subconsciência subdesenvolvida que Coué apelava com muito sucesso. Uma de suas peculiaridades é que ela sempre se ressente de qualquer esforço da parte desperta da personalidade em impressioná-la através da vontade. Sendo indolente e preconceituosa, sempre se coloca contra qualquer mudança, qualquer tentativa de despertá-la e colocá-la a trabalhar. Portanto, Coué especialmente aconselhava seus pacientes a não usarem a vontade de forma alguma, pois ela só despertaria oposição, mas simples e calmamente que repetissem uma sugestão até que seus eus subconscientes a absorvessem. Lembre-se que um dos métodos usados para impor uma tal impressão sobre outrem era fazê-la durante o sono do corpo físico. Mesmo a auto-sugestão era feita tão semelhantemente quanto possível a esta forma; o paciente era solicitado para mergulhar em um murmúrio suave dizendo: "A cada dia e de todas as formas em me torno cada vez melhor". E tal é o poder de uma insinuação constantemente repetida que o eu subconsciente logo se torna repleto desta idéia (que prontamente se harmoniza com seu egotismo irreprimível) e a irradia constantemente sobre a consciência mais ativa até que se produzem resultados definidos. Assim a massa subdesenvolvida, que para o ignorante pode se revelar um perigo e uma fonte

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de fraqueza, pode em verdade ser usada pelo sábio para ajudá-lo em seu caminho ascendente. A moral de tudo isso é que a ignorância é sempre perigosa, e que mesmo as mais nobres intenções podem nem sempre se realizar por falta de conhecimento científico. Qualquer entidade brincalhona ou ardilosa pode enganar uma pessoa que é pouco familiarizada com as leis ocultas da natureza, ao passo que quem as estudou pode evitar muitas dificuldades. Mesmo assim este não deve confiar muito em seu conhecimento, pois o preço da exatidão é a vigilância constante. Têm sido dados muitos conselhos a este respeito, e com certeza faríamos bem em seguí-los. Evitar todo sentimento pessoal - acima de tudo o orgulho; desconfiar profundamente de toda glorificação do indivíduo, pois "a ambição é a primeira maldição" e "o poder que o discípulo deve ambicionar é aquele que o fará parecer uma nulidade aos olhos dos homens". "Sêde humildes se desejais obter a sabedoria: sêde ainda mais humildes depois que a tiverdes alcançado". Aquele que esquece completamente de si mesmo e devota toda sua vida ao serviço dos outros estará salvo, com isso, de muitos perigos; seu coração será puro como cristal, de modo que a luz do Logos poderá brilhar imaculada através dele; toda sua natureza responderá tão verdadeiramente às vibrações de Seu Mestre que pensamentos e mensagens dos planos superiores fluirão através dele sem distorções ou contaminação por qualquer coisa. Assim ele servirá melhor ao Mestre, servindo a humanidade que Eles amam. Testando o Pensamento

Um outro dos mais valiosos privilégios que o discípulo aceito desfruta é o de poder colocar seu pensamento sobre qualquer assunto lado a lado com o do Mestre, e compará-los. Logo se compreenderá como o uso freqüente deste poder manterá o pensamento do discípulo correndo ao longo de linhas nobres e liberais - como ele constantemente será capaz de corrigir quaisquer erros, quaisquer tendências para o preconceito ou para a falta de entendimento. Há muitas maneiras em que ele poderá exercer este poder; meu próprio método sempre foi entrar em meditação e tentar atingir a consciência do Mestre até onde possível. Quando eu chegava no ponto mais elevado possível para mim, eu subitamente me voltava e como que olhava para trás, sobre o assunto em questão, e instantaneamente recebia uma impressão de como ele aparecia para o Mestre. Provavelmente estava muito longe de ser uma impressão perfeita, mas pelo menos me mostrava o que Ele pensava sobre o assunto, até onde eu podia penetrar Seu pensamento. Deve-se tomar cuidado, contudo, para que este maravilhoso privilégio não seja mal utilizado. Ele nos é dado como um poder de referência derradeira em questões de grande dificuldade, ou em casos onde não temos bases suficientes para julgamento mas mesmo assim temos de tomar uma decisão; mas de modo algum isso nos deve poupar o trabalho de pensar, ou ser aplicado na decisão de questões comuns do dia a dia que somos perfeitamente competentes para resolver por nós mesmos.

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Aqueles que meditam longamente sobre um Mestre e formam uma forte imagem-pensamento d'Ele, como o fazem os membros da Escola Esotérica, logo verão que esta imagem-pensamento é definitivamente vivificada por aquele Mestre, de modo que eles recebem através dela um inequívoco influxo de forca espiritual. Isso é como deveria ser, é exatamente este o objetivo desta meditação, e através dela o discípulo vem a conhecer a influência tão bem que sempre pode reconhecê-la. Tem havido casos, embora felizmente raros, em que uma entidade maligna personifica um Mestre a fim de enganar o estudante, mas isso só pode acontecer se nele houver alguma fraqueza oculta, como orgulho, ambição, inveja ou egoísmo, que um tentador insidioso pode despertar e fortalecer até que se torne um entrave fatal ao progresso espiritual. A menos que as raízes de tais qualidades sejam férrea e completamente eliminadas o aspirante jamais estará livre da possibilidade de engano, mas se ele for realmente humilde e altruísta ele não precisa temer. O candidato à Aceitação deve necessariamente vigiar-se com cuidado. Se ele não recebeu nenhuma sugestão direta de seu Mestre ou de algum discípulo mais velho sobre os defeitos particulares que ele deve tentar evitar, ele fará bem em observá-los por si mesmo, e tendo-os uma vez detectado ou sendo alertado sobre eles, exercerá incessante vigilância contra eles. Ao mesmo tempo ele deve ser avisado para não exceder-se em uma introspecção que o leve a tornar-se mórbido. A mais segura de todas as atitudes é concentrar sua atenção na ajuda aos outros; se sua mente estiver cheia deste pensamento ele instintivamente se moverá na direção correta. O desejo de preparar-se completamente para o trabalho o impelirá a remover todos os obstáculos do caminho, de modo que sem pensar conscientemente em seu próprio desenvolvimento ele verá que mesmo assim este está ocorrendo. Relaxamento

Não se espera que um discípulo pense ativamente apenas no Mestre e em nada mais, mas é esperado que a forma do Mestre esteja sempre no segundo plano da sua mente, sempre dentro do alcance imediato, sempre lá quando necessária nas vicissitudes da vida. Nossas mentes, como o arco de um violino, não podem estar sempre tensas; um relaxamento razoável e mudança de pensamento é uma das necessidades da saúde mental. Mas o discípulo deve ser extraordinariamente cuidadoso de que não haja a menor mancha de impureza ou falta de gentileza em seu relaxamento; jamais deve-se permitir um pensamento, nem por um instante, de que o discípulo se envergonharia se fosse notado por seu Mestre. Não há mal nenhum em lermos um bom romance a fim de nos divertirmos; as formas-pensamento engendradas por ele de modo algum interfeririam com a corrente do pensamento do Mestre; mas há muitas novelas cheias de insinuações malignas, histórias que glorificam o crime, e outras que concentram o pensamento de seus leitores nos mais desagradáveis problemas da vida, ou representam vividamente cenas de ódio e crueldade; tudo isso deve ser rigorosamente evitado. Da mesma forma, não há mal nenhum em tomarmos parte ou assistirmos a jogos comuns que são realizados com graça; mas qualquer um que seja rude ou turbulento, qualquer um em que esteja

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envolvida crueldade, qualquer um em que possa haver ferimento a pessoas ou animais - tudo isso deve ser absolutamente barrado. Calma e Equilíbrio Em todo trabalho que o discípulo tiver de fazer ele deve ser cuidadoso em preservar a calma e o equilíbrio, e de duas maneiras. Excesso de trabalho, o que não é incomum entre os jovens e entusiastas, demonstra falta de sabedoria. Cada um de nós deve fazer o que puder, mas há um limite que não é sábio ultrapassarmos. Tenho ouvido nossa grande Presidente dizer: "O que eu não tenho tempo de fazer não é meu trabalho". Mesmo assim ninguém trabalha mais estrênua e incessantemente do que ela. Se usamos razoavelmente nossa força para a tarefa de hoje, devemos estar mais fortes para enfrentar os deveres que o amanhã trará; sobrecarregarmo-nos hoje de modo que amanhã estejamos inúteis realmente não é um serviço inteligente, pois roubamos nosso poder para trabalho futuro a fim de gratificar o entusiasmo desequilibrado de hoje. É claro que ocasionalmente surgem emergências onde se pode deixar a prudência de lado a fim de terminar certo trabalho a tempo, mas o trabalhador sábio tentará organizar-se com antecipação suficiente para evitar crises desnecessárias deste tipo. O segundo modo em que o discípulo deve tentar manter sua calma e equilíbrio é em relação à sua própria atitude interior. Alguma flutuação nos seus sentimentos é inevitável, mas ele deve tentar minimizá-la. Todo tipo de influências externas estão sempre atuando sobre nós - algumas astrais ou mentais, algumas puramente físicas; e embora estejamos usualmente inconscientes delas, não obstante elas nos afetam, mais ou menos. No plano físico a temperatura, o estado do tempo, a quantidade de umidade na atmosfera, o excesso de fadiga, as condições dos nossos órgãos digestivos - todas estas coisas e muitas mais são fatores que afetam nosso sentimento de bem-estar geral. E este sentimento por sua vez afeta não só nossa felicidade, mas também nossa capacidade de trabalhar. Igualmente sem o nosso conhecimento, estamos sujeitos a ser afetados pelas condições astrais, que variam nas diferentes partes do mundo assim como o clima, as temperaturas e o ambiente físico o fazem. Às vezes na vida do mundo externo um companheiro desagradável se liga a nós, e só pode ser afastado com dificuldade; no mundo astral é muito mais difícil livrar-se de algum parasita degenerado ou mesmo de algum defunto infeliz mergulhado nas profundezas do desespero. Tal ser, aferrando-se convulsivamente a uma pessoa, pode drenar muito de sua vitalidade e enchê-la de tristeza e depressão, sem de forma alguma ser ajudado com isso. Podemos estar de todo inconscientes de tal entidade, e mesmo se a notarmos, freqüentemente não é coisa fácil aliviar seu desassossego ou (se isso for impossível) afastar o íncubo de nossa presença. Há vampiros inconscientes no plano astral assim como existem no físico, e em ambos os casos sua ajuda é muitíssimo difícil. O desenvolvimento geral do discípulo o torna prontamente responsivo a todas estas influências, esteja ele cônscio delas ou não; assim, ele provavelmente às vezes se verá inexplicavelmente exaltado ou deprimido.

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O elemental astral aprecia imensamente alternâncias violentas de sentimento, e faz tudo o que pode para incentivá-las; mas o discípulo não deve permitir-se ser a arena de todos esses humores cambiantes. Ele deve tentar manter um nível constante de jovial serenidade, inabalado por agitações passageiras. Às vezes ele terá o bom karma de receber algum grande encorajamento, algum estímulo definido para seu progresso, como os que foram proporcionados, por exemplo, pela oportunidade de assistir à magnífica Convenção do Jubileu em Adyar. Esta foi de fato uma ocasião a ser lembrada por causa do extraordinário estímulo e ajuda que deu a todos os que abriram seus corações à sua influência. Um tal evento pode muito bem constituir um marco na senda ascendente do estudante, a partir do qual ele pode assinalar a abertura de um poder adicional, o sucesso em obter uma compreensão mais plena do que realmente representa a fraternidade. Contudo, ele fará bem em lembrar que depois de uma tal esplêndida efusão, de uma elevação incomum deste tipo, necessariamente sucede uma reação. Não há nada de alarmante ou antinatural nisso. É a manifestação de uma lei da Natureza, da qual vemos constantemente exemplos na vida diária. Muitos de nós, por exemplo, vivem uma vida muito sedentária, fazendo muito trabalho de leitura e escrita; provavelmente a maioria de nós não dá ao nosso corpo físico exercícios suficientes - não tanto como ele precisaria. E então subitamente tal fato nos acontece, e fazemos um grande esforço. Jogamos jogos violentos, talvez, ou fazemos uma longa caminhada. Se não nos excedemos isso é muito bom. Mas depois de termos jogado ou caminhado, vem-nos uma sensação de lassidão, e queremos apenas sentar e descansar. Novamente, isso é perfeitamente correto e natural. Talvez tenhamos esforçado um pouco demais alguns músculos que geralmente não usamos, ou pelo menos não os usamos tão violentamente, e por isso eles estão cansados e precisam de repouso. Portanto, nos sentimos lânguidos; sentamos ou deitamos, e depois de meia hora ou uma hora de descanso, sob condições normais, estamos novamente bem. Mas durante esta meia-hora de descanso que temos de fazer, devemos lembrar que ficamos em uma condição passiva; e, portanto, se acontecer de haver germes de doença no ar, como geralmente há, ficamos um pouco mais propensos a sermos afetados por eles nesta ocasião do que em outras. A mesma coisa vale para os outros níveis, e quando temos uma grande elevação e estímulo, nossos vários veículos se tensionam um pouco mais do que estão acostumados. Não digo que isso seja uma coisa de qualquer modo ruim para nós; foi uma coisa boa; mas mesmo assim permanece o fato de que nossos vários corpos fizeram mais do que estão habituados a fazer, e conseqüentemente vem este período em que precisam de alívio da tensão. Há vários modos em que este período de descanso envolve pequenos perigos. O relaxamento, descendo da altura em que estivemos vivendo, a princípio traz certo risco de descermos um pouco demais - saindo daquele estado de exaltação espiritual, há o risco de nos permitirmos descer um pouco mais para dentro da materialidade do que em nossa vida usual; assim, alguma pequena

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tentação casual, que geralmente não teria qualquer efeito sobre nós, possivelmente pode nos pegar desprevenidos. Esta é uma das possibilidades contra as quais devemos nos manter em guarda - alguma pequena tentação que usualmente mal notaríamos. Nesta leve reação de fadiga podemos nos sentir um pouco mais auto-indulgentes do que normalmente deveríamos ser, e com isso podemos cometer algum erro bem tolo que comumente não deveríamos cometer. Também há uma correlação com os germes de doenças. Enquanto descansamos há todo tipo de formas-pensamento flutuando ao nosso redor, algumas bem agradáveis e outras claramente desagradáveis; muitas delas, de qualquer maneira, abaixo do nível em que nosso pensamento usualmente funciona. Durante este período de reação provavelmente ficaremos um pouco mais suscetíveis a elas. Os Poderes Tenebrosos Há outros aspectos de que também é bom sabermos alguma coisa. Num momento de elevação como o que citamos, recebemos uma efusão muito incomum de força espiritual do alto, da Grande Fraternidade Branca, de nossos Mestres e instrutores pessoais. Existe uma estranha lei na Natureza que produz um resultado bastante curioso, o de sempre que há um grande efluxo de forças mais altas e poderosas, também ocorre um efluxo correspondente de energia indesejável. Isso pode parecer estranho, mas sem dúvida ocorre; tem sido dito que quando os Grandes Seres, que trabalham no lado da evolução, Se permitem dar uma bênção incomum, em uma curiosa espécie de equilíbrio ou justiça, Eles devem permitir uma efusão similar de força do outro lado. Temos lido muito sobre Poderes Tenebrosos, magos negros, Irmãos da Sombra. Estas pessoas seguem uma linha absolutamente diversa da nossa, uma linha que os leva a colidir com os Mestres de Sabedoria, com a Hierarquia que dirige o mundo e o sistema solar. Naturalmente esta oposição atua não só sobre os grandes Adeptos, mas também sobre nós, Seus humildes seguidores. Não desejo reservar muito espaço a estas pessoas neste livro. Já escrevi mais longamente sobre elas em Talks on the Path of Occultism, pp. 632-5. Tenho pouco a acrescentar ao que já disse lá, salvo que há uma teoria, pela qual justificam seus atos espantosos, de que o Logos de fato não deseja a união - que Sua intenção na evolução é o desenvolvimento de cada indivíduo até o mais alto nível possível (Notemos, a propósito - embora eles jamais o admitam - que este nível no fim das contas não é muito alto, porque seu esquema os mantém agindo no fortalecimento do ego, e não os leva até os planos búdico e nirvânico, que são os planos de união). Eles dizem: "Vocês pensam que vêem ao seu redor sinais de evolução rumo à união; vocês pensam que esta é a vontade do Logos. Ao contrário, esta é uma tentação que o Logos coloca em seu caminho. Em vez de querer que vocês se tornem um, Ele quer que afirmem suas individualidades a despeito de tudo o que os tenta a ser absorvidos em uma unidade indiferenciável".

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As pessoas que realmente crêem nisso se encontram em conflito conosco e com nossos Mestres em todos os pontos e extensão do caminho; nós seguimos nossos próprios Mestres, que sabem muito mais sobre a Vontade do Logos do que qualquer um que tome aquela linha errada pode jamais vir a saber, pois nossos Mestres podem atingir a união com o Logos, coisa que, para os advogados da separatividade, é inexeqüível. Portanto, sucede que estes homens se opõem a nós; eles tentam conseguir recrutas; como todos os demais, eles desejam converter os outros às suas próprias opiniões, e se de algumas formas estamos nos desenvolvendo e refinando um pouco mais do que o homem comum, somos exatamente as pessoas que eles querem dominar. Muitos dos mais intelectuais dentre eles são tão pouco imersos na materialidade quanto qualquer grande asceta. Eles concordam que o homem deve colocar de lado as coisas inferiores e almejar as superiores; mas anelam por uma individualidade intensificada que no fim só pode levar à dor. Assim, mui provavelmente eles tentarão nos influenciar, intensificar a individualidade em nós, despertar um orgulho sutil em nós. Lembremos que é parte de seu credo serem completamente inescrupulosos; para eles os escrúpulos parecem uma tolice e fraqueza desprezíveis, e assim eles nos armarão as mais vis armadilhas. Este é um dos nossos perigos peculiares. Quanto mais pudermos avançar, melhor presa seremos para estes Irmãos da Sombra, se puderem nos agarrar. Mas eles não podem nos arrebatar, eles não podem nos tocar enquanto nos mantivermos em plena comunhão de pensamento com nossos Mestres, enquanto nos mantivermos constantes ao longo da linha do altruísmo, da constante efusão de amor. Nossa força contra estes Poderes Tenebrosos é nossa união com nossos Mestres e nosso poder de nos mantermos na atitude d'Eles - sempre abertos para as influências de cima, mas resolutamente fechados contra todos os agentes de separatividade que possam tentar nos influenciar. Tudo o que tenda a incentivar a separatividade simplesmente é uma arma manejada pelas mãos do inimigo, e isso é verdade tanto nas coisas pequenas como nas que imaginamos grandes. Assim, devemos colocar de lado todos os pequenos ciúmes e animosidades; cada vez que cedemos a eles nos tornamos pontos fracos na cidadela Teosófica, brechas em suas defesas; toda vez que cedemos à nossa natureza inferior permitindo que ela goze em uma pequena orgia de orgulho e despeito, ao nos sentirmos ofendidos por algum irmão perfeitamente inocente, nesta mesma extensão seremos traidores de nossos Mestres. Poderíamos pensar: "Com certeza nossos Mestres nos salvarão de uma queda como esta". Eles não o farão, porque não podem interferir em nossa liberdade; devemos aprender a governar a nós mesmos. Além disso, não queremos dar a nossos Mestres o trabalho de velarem sobre nós como uma babá vigia uma criancinha vacilante. Os Adeptos são as pessoas mais ocupadas do mundo; Eles lidam com egos em blocos, lidam com almas aos milhões, e não com personalidades uma a uma. Mesmo assim, se em um caso realmente extremo alguém invocar um Mestre, certamente virá uma resposta. Devíamos ficar muito tristes por causar ao Mestre até mesmo este problema momentâneo se

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pudéssemos evitá-lo, mas quando realmente necessário a ajuda seguramente virá. Nos primeiros tempos desta Sociedade, quando Madame Blavatsky ainda era viva, tivemos um membro que de muitas maneiras era um homem de tremendo poder. Se ele tivesse escolhido se tornar um Mago Negro ele teria sido um exemplar muito eficiente. Às vezes ele era ligeiramente inescrupuloso; ele tinha uma paixão pelo conhecimento; ele faria quase tudo - mesmo coisas um tanto sombrias - para obter mais informações. Ele era médico, e ao atender uma de nosos membros, descobriu ser ela uma clarividente de mui raros poderes em determinadas linhas. Descobrindo isso, quando ela estava convalescendo, ele pediu-lhe que se associasse a ele em certas experiências. Ele lhe falou claramente, no plano físico: "A senhora possui um poder realmente maravilhoso; se me permitir mesmerizá-la, para colocá-la em transe, estou certo de que poderá atingir alturas que eu mesmo jamais poderia tocar, e desta forma obteremos muito conhecimento que até agora esteve fora de nosso alcance". A senhora recusou - creio que com toda razão, pois este tipo de dominação é coisa das mais perigosas, e certamente não deve ser levada a cabo salvo sob condições excepcionais e com elaboradas salvaguardas. Seja como for, ela recusou terminantemente. O doutor ficou muito aborrecido e recusou-se a aceitar um "não" como resposta; mas por ora seguiu seu rumo. Na mesma noite ele se materializou no quarto dela e começou a tentar passes mesméricos. Naturalmente ela ficou intensamente enraivecida; ela sentiu-se grandemente ultrajada por ele ousar a intrusão, por ele tentar forçá-la ao que ela havia negado definitivamente após a devida ponderação; e ela pôs-se a lutar contra a sua influência com toda a sua força. Mas ela prestes reconheceu que seu próprio poder mental era como nada comparado ao dele, que sua vontade estava lenta mas seguramente sendo sobrepujada; assim, sabendo que lutava uma batalha perdida, ela invocou seu Mestre (o Mestre Kuthumi) em busca de ajuda. O resultado foi não só instantâneo, mas também espantoso além de toda descrição. Lembremos que ela estava cheia do mais apaixonado e violento sentimento de ultraje. Em um instante, em um piscar de olhos, assim que ela emitiu o chamado, ela viu o doutor desaparecer na distância. Talvez isso não tenha sido assim tão assombroso; mas o que a maravilhou, e que ela jamais esqueceu, é que em um momento todo seu sentimento mudara completamente. A raiva tinha desaparecido, o sentimento de ultraje se fora, e tudo o que ela sentia em relação ao doutor desaparecido era um profundo pesar por um homem possuir poderes tão maravilhosos e usá-los tão mal daquela forma. Assim, vemos, quando há uma urgência real a ajuda está à mão; mas imagino que nenhum de nós a invocará a menos que sejamos absolutamente forçados a tal. Pensemos nos outros e não em nós mesmos; pensemos em lealdade e amor para com nossos Mestres, e em como podemos serví-Los melhor espalhando Sua influência entre nossos irmãos; então não precisaremos ter medo de perdermos em vez de ganharmos com qualquer inspiração maravilhosa que nos vier.

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A Certeza do Sucesso

O discípulo deve firmar sua mente, a respeito de seus esforços em direção ao automelhoramento, de modo que ele jamais se permita desencorajar pelo fracasso, mesmo que este ocorra muitas vezes. Por mais vezes que ele falhe em seus esforços, por mais vezes que ele caia no caminho que determinou para si mesmo, a mesma razão para levantar e prosseguir depois da milésima queda ainda existe como existia depois da primeira. No plano físico há muitas coisas que são francamente impossíveis; mas este não é o caso nos mundos superiores. Não podemos erguer um peso de uma tonelada sem máquinas, mas nos mundos superiores, com perseverança, é possível erguer o peso de todas as nossas muitas imperfeições. A razão para isso emerge óbvia, se pensarmos. Os músculos humanos não são construídos para serem capazes de levantar uma tonelada, e nenhum treinamento concebível os capacitará a fazê-lo, porque a força por trás deles é limitada. Nos assuntos espirituais o homem tem por trás de si todo o poder divino que puder atrair, e assim, pouco a pouco, e com esforços repetidos, ele se tornará forte o bastante para superar qualquer obstáculo. As pessoas às vezes dizem: "Posso lidar com as coisas do plano físico, mas nos planos astral e mental só consigo pouco; é tão difícil!" Este é o inverso da verdade. Elas não estão acostumadas a pensar e a trabalhar naquela matéria mais sutil, e assim crêem que não conseguem. Mas assim que sua vontade se afirma, descobrem que as coisas seguem a direção desta vontade de um modo impossível no mundo físico. Alguns discípulos se descobrem muito ajudados neste trabalho pelo uso de algum talismã ou amuleto. Isso pode ser uma ajuda muito real, uma vez que a natureza física tem que ser trabalhada e posta sob controle, assim como a mente e as emoções, e sem dúvida aquela é a mais difícil de influenciar; um talismã fortemente carregado de magnetismo para um propósito especial, por alguém que saiba como fazê-lo, pode ser uma ajuda inestimável, como expliquei longamente em The Hidden Side of Things. Muitas pessoas se julgam superiores a este tipo de ajuda, e dizem que não precisam de ajuda; mas eu mesmo tenho considerado a tarefa tão árdua que fico feliz de me servir de qualquer assistência que me possa ser oferecida. CAPÍTULO 6: OUTRAS APRESENTAÇÕES

Os Mestres e a Fraternidade

Todo este tempo o Adepto, além de fazer de Seu discípulo um aprendiz, o tem estado preparando para apresentá-lo à Grande Fraternidade Branca, a fim de iniciá-lo. Todo o objetivo da existência desta Fraternidade é promover a obra da evolução, e o Mestre sabe que quando o discípulo estiver pronto para a estupenda honra de ser recebido como um membro ele será de muito mais utilidade no mundo do que antes. Portanto, Sua vontade é elevar o discípulo até aquele nível o quanto antes. Nos livros orientais sobre o assunto, escritos há milhares de anos, são encontrados muitos relatos sobre este período

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preparatório de instrução, e quando na primeira literatura Teosófica se fazia referência a isso chamou-se-lhe de Senda Probacionária - o termo se referindo não só a alguém ser posto em provação por qualquer Adepto individual, mas também a um curso de treinamento geral preparatório para a Iniciação. Eu mesmo usei esta expressão em Invisible Helpers, mas depois o evitei por causa da confusão causada pelo uso do mesmo termo em dois sentidos diferentes. O método realmente adotado será logo compreendido, e ele é de fato muito parecido ao de algumas de nossas Universidades mais antigas. Se um estudante deseja graduar-se em alguma delas, deve primeiro passar na prova de admissão à Universidade e então ser aceito por uma das Faculdades. O Diretor de cada Faculdade é tecnicamente responsável por seu progresso, e pode ser considerado seu Tutor-Chefe. A pessoa terá de trabalhar em grande parte por si mesma, mas espera-se que o Diretor da sua Faculdade avalie se ela está devidamente preparada antes de ser apresentada para colar seu Grau; não é o Diretor quem confere o Grau, ele é outorgado por aquela abstração chamada Universidade - usualmente das mãos de seu Vice-Reitor. É a Universidade, e não o Diretor da Faculdade, quem estabelece os exames e confere os vários Graus; o trabalho do Diretor da Faculdade é ver se o candidato está devidamente preparado, e geralmente fica um tanto quanto responsável por ele. No processo desta preparação aquele pode, como indivíduo privado, manter com seu discípulo quaisquer relações sociais, ou outras, que ele julgar adequadas; mas tudo isso não é em si o trabalho da Universidade. Exatamente da mesma forma a Grande Fraternidade Branca não tem nada a ver com as relações entre um Mestre e Seu discípulo; isso é um assunto para consideração exclusivamente privada do próprio Mestre. A Iniciação é conferida por um Membro indicado da Fraternidade e em nome do Iniciador Único; este é o único modo de obter-se uma Iniciação. Sempre que um Adepto considera que um de Seus discípulos está pronto para a primeira Iniciação, Ele dá contas do fato e o apresenta para ela; a Fraternidade só pergunta se a pessoa está pronta para a Iniciação, e não como é a relação entre ela e qualquer Adepto. Não é assunto d'Eles verificar se a pessoa está em estágio de provação, aceitação ou filiação. Ao mesmo tempo, é verdade que um candidato para a Iniciação deve ser proposto e secundado por dois dentre os membros mais elevados da Fraternidade - isto é, por dois que já atingiram o nível de Adepto, e certamente nenhum Mestre apresentaria uma pessoa para os testes da Iniciação a menos que Ele estivesse seguro quanto à sua preparação, o que só pode ser feito através de uma identificação muito íntima com sua consciência. A Senda Probacionária é, assim, um estágio que leva à Senda propriamente dita, e que começa na Primeira Iniciação. Nos livros orientais estas Sendas são descritas muito impessoalmente, como se não existisse nenhum Mestre individual. As questões que logo se colocam são: "Como uma pessoa vivendo no mundo comum é levada até esta Senda Probacionária, e como ela vem a saber que tal coisa existe?"

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As Quatro Vias para a Senda

Dos livros ficamos sabendo que existem quatro vias, qualquer uma delas podendo levar uma pessoa ao começo da Senda do desenvolvimento. A primeira é entrar em contato e familiarizar-se com aqueles que já estejam engajados nesta linha, e vir a conhecê-la através deles. Alguns de nós, por exemplo, podem ter sido monges ou monjas na Idade Média. Podemos ter entrado em contato naquela vida com algum abade ou abadessa que tivesse profunda experiência do mundo interior - uma pessoa como Santa Teresa. Podemos, olhando para este líder, ter desejado ardentemente que esta experiência também fosse nossa, e nosso desejo por ela pode ter sido bastante altruísta. Pode ser que não tenhamos pensado na importância de que seríamos revestidos, ou na satisfação da conquista, mas simplesmente na alegria de ajudar os outros, assim como vimos o abade sendo capaz de ajudar os outros com seu discernimento mais profundo. Um tal sentimento naquela vida certamente nos levaria, na encarnação seguinte, a entrar em contato com ensinamentos a respeito deste assunto. Ocorre que, nas terras em que predomina a cultura européia, quase que a única maneira de termos o ensinamento interno claramente apresentado é entrando na Sociedade Teosófica, ou lendo livros Teosóficos. Têm surgido obras místicas ou Espíritas que têm dado alguma informação bastante avançada, mas não há nenhuma, até onde sei, que apresente o caso tão clara e cientificamente como a literatura Teosófica tem feito. Não conheço nenhum outro livro que contenha tanta informação quanto A Doutrina Secreta. Existem, é claro, os livros sagrados Hindus e de outros povos, e neles há muita coisa sobre o assunto, mas ele não é apresentado de forma que torne mais fácil para nós, com nossa cultura ocidental, assimilá-lo ou apreciá-lo. Quando, tendo lido livros Teosóficos, tomamos algumas daquelas belas traduções de obras orientais, podemos ver nelas a nossa Teosofia. Na Bíblia Cristã (embora em muitos pontos ela não tenha sido bem traduzida, em nossa opinião) encontraremos muita Teosofia; mas antes de podermos encontrá-la devemos conhecer este sistema. Quando estudamos Teosofia, de imediato percebemos que ela é corroborada por muitos outros textos, que porém não podem ser explicados racionalmente sem ela; vemos como as cerimônias da Igreja, antes aparentemente sem sentido, adquirem vida sob a luz do ensinamento, e se tornam vívidas e cheias de interesse. Jamais soube de alguém que tenha sido capaz de fazer o caminho inverso, ou seja, deduzir a Teosofia a partir de apenas textos e cerimônias. Deste modo, uma das vias de aproximação da Senda é conviver com aqueles que já a estão trilhando. Uma outra via é lendo ou ouvindo falar sobre ela. Deparei-me com todo este ensinamento em 1882, através do livro do Sr. Sinnett, The Occult World, e imediatamente após li seu segundo livro, Esoteric Buddhism. De imediato eu soube instintivamente que aquilo que estava escrito era verdade, e a aceitei, e lendo e ouvindo sobre ela instantaneamente me incendiaram o desejo e a determinação de saber mais, de aprender tudo o que eu pudesse sobre o assunto, de procurá-lo por todo o mundo se necessário,

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até achar. Logo depois disso eu renunciei ao meu cargo na Igreja da Inglaterra e fui para a Índia, porque me pareceu que se poderia fazer mais por lá. Estas são duas vias por onde as pessoas podem ser levadas até a Senda - lendo e ouvindo sobre ela, e estando em estreito contato com alguém que já a esteja percorrendo. A terceira via que é mencionada nos livros orientais é através do desenvolvimento intelectual; com a penetrante força do pensamento profundo uma pessoa pode chegar a compreender alguns destes princípios, embora eu imagine que este seja um método raro. Além disso, nos falam de uma quarta via - a de que por uma longa prática na virtude as pessoas podem chegar até o início da Senda - desenvolvendo a alma pela constante prática do bem até onde elas conhecerem, isso eventualmente fará com que mais e mais luz se abra diante delas. A Classificação Budista

Há quarenta anos atrás, quando pela primeira vez tomei conhecimento das Qualificações para a Senda do ponto de vista Budista Esotérico, elas foram dadas da seguinte maneira: a primeira delas, Discriminação, chamada pelos hindus de Viveka, era descrita como Manodvaravajjana, que significa a abertura das portas da mente, ou, talvez, escape pela porta da mente. Este é um interessante modo de descrever, uma vez que a Discriminação surge do fato de que nossas mentes se abriram de tal forma que podemos entender o que é real e o que é irreal, o que é desejável e o que é indesejável, e podemos distinguir entre os pares de opostos. A segunda qualificação, Ausência de Desejo, conhecida como Vairagya entre os Hindus, me foi ensinada como Parikamma, significando a preparação para a ação, na idéia de que devemos nos preparar para atuar no mundo oculto aprendendo a fazer o certo puramente pelo certo em si. Isso envolve o atingimento de um estado de indiferença superior, onde a pessoa já não se interessa pelos resultados da ação, e assim isso vem a significar o mesmo que Ausência de Desejo, embora seja apresentado de um ponto de vista diferente. Os Seis Pontos da Boa Conduta, chamados de Shatsampatti no esquema Hindu, foram dados como Upacharo, que significa atenção à conduta. Para a conveniência do estudante que desejar comparar estes Seis Pontos com aqueles dados em Aos Pés do Mestre, eu repetirei aqui o que disse a respeito em Invisible Helpers. Em páli eles são chamados assim: Samo (quietude) - aquela pureza e calma de pensamento que advém do perfeito controle da mente - uma qualificação de conquista extraordinariamente difícil, embora igualmente necessária, pois a menos que a mente se mova apenas em obediência à orientação da vontade ela não poderá ser um instrumento perfeito para o trabalho do Mestre no futuro. Esta qualificação é bastante abrangente, e inclui em si tanto o autocontrole como a tranqüilidade necessários para o trabalho astral.

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Damo (subjugação) - um domínio similar e, portanto, pureza, sobre os atos e palavras - uma qualidade que novamente segue necessariamente de sua anterior. Uparati (cessação) - explicada como o fim da intolerância ou da crença na necessidade de qualquer ato ou cerimônia prescritos por qualquer religião particular - levando assim o aspirante a uma independência de pensamento e a uma tolerância larga e generosa. Titikkha (perseverança ou contentamento) - por isso quer-se dizer a disposição de suportar com jovialidade qualquer coisa que nosso karma pessoal possa impor, e a capacidade de desligar-se de quaisquer e de todas as coisas mundanas sempre que isso se fizer necessário. Isso também inclui a idéia de completa ausência de ressentimento por ofensas sofridas, sabendo que aqueles que nos fazem mal não passam de instrumentos de nosso próprio karma. Samadhana (propósito) - unicidade de propósito, envolvendo a incapacidade de ser desviado do caminho pelas tentações. Saddha (fé) - confiança no seu Mestre e em si mesmo, ou seja, confiança de que o Mestre é um professor competente, e que, por menos que o discípulo confie em seus próprios poderes, ele ainda tem em si aquela centelha divina que uma vez acesa em chama um dia o capacitará a conseguir até o que seu próprio Mestre consegue. A quarta qualificação na classificação Hindu é chamada de Mumukshutva, usualmente traduzida como um ardente anelo pela libertação da roda de nascimentos e mortes, enquanto que os Budistas a chamam de Anuloma, que significa ordem ou sucessão direta, significando que seu atingimento segue como conseqüência natural das outras três. Yoga Hindu A série de qualificações descritas acima imediatamente é percebida como estando de acordo com aquelas dadas em Aos Pés do Mestre, que por sua vez têm exatamente o mesmo perfil que aquelas mencionadas nos livros atribuídos na Índia a Shankaracharya e seus seguidores, para uso dos candidatos ao yoga. O termo yoga, que tem sido usado há muito tempo na Índia, significa união, e como isso geralmente é considerado implicar união com o Divino, na verdade é unidade. Mas a expressão se refere, em todas as diferentes escolas de yoga na Índia, não só à distante meta da união, mas também aos métodos de treinamento prescritos para conduzirem àquela meta; portanto, alguns dizem que o significado de yoga é meditação, que tem um grande papel na maioria dos sistemas. Não devemos presumir, contudo, que a meditação seja a única ou mesmo a principal ferramenta para o yoga, pois existiram e ainda existem muitas escolas diferentes, cada uma tendo seu método especial. O Professor Ernest Wood descreveu as sete principais escolas de yoga em Raja Yoga: The Occult

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Training of the Hindus, e mostrou como cada uma delas pertence a um dos sete Raios, de modo que elas devem ser considerados como métodos complementares, e não como rivais. Cada grande Instrutor expôs um método adequado a um certo tipo de ego - um fato conhecido tão bem pelos Hindus que eles são sempre liberais e tolerantes em seu pensamento, e consideram perfeitamente correto que cada um siga o método que seja mais adequado ao seu temperamento. Este livro explica que em cada escola há certas características similares às que prevalecem no ensinamento de nossos Mestres; há sempre um treinamento preliminar - acompanhado pela exigência de se possuir uma moral elevada - antes que o candidato possa entrar na Senda propriamente dita, e, alcançando a Senda, ele é sempre aconselhado a procurar um mestre ou guru. Na escola de Patanjali, por exemplo, que é a primeira a ser tratada, já que é a mais antiga de que se tem qualquer registro escrito, há dez mandamentos: os cinco primeiros sendo negativos (proibindo o fazer mal aos outros, a mentira, o roubo, a incontinência e a ambição) e os outros cinco são positivos (recomendando limpeza, contentamento, esforço, estudo e devoção). No curso de treinamento preliminar há três requisitos - tapas ou esforço, svadhyaya ou estudo da própria natureza com o auxílio das Escrituras, e Ishvara-pranidhana ou devoção a Deus em todos os momentos; estes o autor compara respectivamente às nossas três qualificações de shatsampatti ou boa conduta, que envolve o uso da vontade em diversos esforços; viveka ou discriminação, que implica o entendimento do verdadeiro e do falso dentro e fora de si mesmo, e vairagya ou ausência de desejo, uma vez que as emoções pessoais podem melhor ser transcendidas pela devoção. Depois de desenvolver estes requisitos preliminares o candidato na senda usa sua vontade para dominar e usar cada parte de sua natureza em uma série de etapas: física, etérica, astral, mental e além; e por causa disso esta escola é descrita como pertencendo ao primeiro Raio, onde predomina o uso da vontade. A segunda escola de yoga é a de Shri Krishna, exposta detalhadamente no grande poema Bhagavad-Gita, que foi traduzido com tanta exatidão e beleza por nossa Presidente, e também apresentado em uma tradução livre por Sir Edwin Arnold sob o título de The Song Celestial. Ele ensina acima de tudo a doutrina do amor. O discípulo Arjuna, a quem falou o Guru, era um grande amante da humanidade; de acordo com as escrituras este grande soldado caiu ao chão de sua carruagem antes da batalha de Kurukshetra começar, cheio de tristeza porque amava seus inimigos e não podia suportar a idéia de ferí-los. O Mestre Shri Krishna então lhe explicou, entre muitos ensinamentos filosóficos, que a maior coisa na vida é o serviço, e que o próprio Deus é o maior servidor - pois Ele mantém a roda da vida girando, não por causa de algum benefício eventual que pudesse receber com isso, mas pelo bem do mundo - e que os homens deviam seguir Seu exemplo e trabalhar para o bem da humanidade. Muitos Grandes Seres, disse Ele, haviam atingido a perfeição seguindo este caminho, fazendo seu dever sem desejos pessoais. Amar sem cessar é o caminho do segundo Raio; no Gita é mostrado como este amor deve ser

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dirigido aos homens e aos outros seres como karma yoga (o yoga da ação ou do trabalho) e a Deus como bhakti yoga (o yoga da devoção). Mais uma vez são dados três ensinamentos preliminares. Para atingir o amor-sabedoria um candidato deve praticar a devoção ou reverência, a busca ou investigação, e o serviço - o primeiro envolvendo a emoção correta, o segundo o pensamento e o entendimento corretos, e o terceiro o correto uso da vontade na vida prática - que novamente são comparados às nossas três primeiras qualificações. É particularmente interessante notar que o Instrutor diz que quando o candidato se preparou deste tríplice modo "os Sábios, que conhecem a essência das coisas, lhe ensinarão a Sabedoria" - em outras palavras, que o aspirante encontrará os Mestres. A terceira escola, a de Shankaracharya, como já citei, apresenta as qualificações na ordem que as temos, colocando viveka ou discriminação em primeiro lugar. Ela é direcionada às pessoas cujo temperamento as leva a querer entender não só qual serviço elas devem fazer, mas também de que maneira sua contribuição entra no esquema das coisas e no desenvolvimento da humanidade. Deve ser notado que o Mestre Kuthumi, ao apresentar estas qualificações, as interpretou todas renovadas sob a luz do amor. A quarta escola é a do hatha yoga. Corretamente entendida, ela envolve purificação e treinamento físicos severos, objetivando levar o corpo a um estado de saúde perfeita, funcionamento ordeiro e refinamento, de modo a habilitar o ego a usá-lo para avançar o máximo possível na atual encarnação. Para este fim há muitos exercícios práticos, incluindo exercícios de respiração, planejados para atuar sobre o sistema nervoso e o duplo-etérico, bem como sobre as partes do corpo denso usualmente treinadas nos cursos de cultura física. Infelizmente muito do que aparece na literatura popular sobre este assunto reflete somente uma distorção supersticiosa do ensinamento verdadeiro, e descreve várias formas repulsivas de subjugação e mortificação do corpo, que eram comuns também na Europa há alguns séculos; mas em todos os livros sânscritos que tratam do hatha yoga é dito claramente que o objetivo das práticas físicas é levar o corpo ao mais elevado estado possível de saúde e eficiência. A quinta escola, denominada de laya yoga, objetiva o despertar das faculdades superiores do homem através de um conhecimento de kundalini, do "poder serpentino" que na maioria das pessoas jaz latente na base da espinha, e dos sete chakras ou centros de força através dos quais o poder desperto é conduzido. Já escrevi um pouco sobre estes centros e esta força em The Inner Life e em The Hidden Side of Things. Agora reuni este material, fiz alguns acréscimos e publiquei uma monografia sobre o assunto com grandes ilustrações coloridas dos sete chakras e dos caminhos dos vários pranas ou correntes de vitalidade (Vide o livro do autor The Chakras, publicado por The Theosophical Publishing House, Adyar, Madras). Os métodos desta escola e da precedente, contudo, não são recomendados para estudantes ocidentais, ou mesmo para ninguém que não esteja sob a especial direção de um instrutor competente. Elas são adequadas apenas a quem possui uma hereditariedade física oriental, e que pode viver tão simples e pacificamente como alguns

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orientais vivem; para os outros elas não só provavelmente não terão sucesso, mas serão claramente perigosas à saúde e mesmo à vida. Já soube de muitos tristes casos de doença ou loucura como resultados de tentativas ao longo destas linhas, especialmente na América. A sexta escola é a da bhakti ou devoção. Ela também é ensinada extensamente no Bhagavad-Gita; de fato, a vemos, em todas as religiões, naqueles verdadeiros devotos que colocam sua confiança inteiramente no Divino - que não oram por favores pessoais, mas estão plenamente convictos de que Deus é um perfeito senhor de Seu mundo, que Ele sabe o que está fazendo, e que portanto tudo está bem; eles ficam, pois, mais do que contentes, ficam inflamados pelo êxtase, se apenas têm a oportunidade e o privilégio de serví-Lo e obedecê-Lo de qualquer forma possível. Mantras

Finalmente temos a sétima escola, que na Índia é chamada de mantra yoga. Pode ser útil expormos aqui seus princípios um pouco mais extensamente do que as outras, pois o Raio de que ela é uma das principais expressões está agora recém começando a se tornar dominante no mundo, e está tendo um grande e crescente papel tanto no oriente como no ocidente. Dois grandes exemplos deste método são encontrados na Igreja Católica Liberal e na Co-Maçonaria, em que nossos Mestres estão profundamente interessados; de fato, Eles estão usando estas associações com grande benefício para a humanidade e para o rápido avanço na Senda daqueles que tomam parte ativa nestes movimentos. A palavra mantra é sânscrita, e praticamente equivale a encantamento ou magia. A maioria dos mantras usados na Índia para propósitos bons são versos dos Vedas, pronunciados com uma firme intenção de acordo com os métodos tradicionais, constituindo o fruto prático do conhecimento oculto. Também há muitos mantras empregados por pessoas que seguem os Tantras, e estes são igualmente usados tanto para o bem como para o mal; de modo que encontraremos na Índia muitos deles, tanto desejáveis quanto indesejáveis. Se formos classificá-los a partir de nosso ponto de vista ocidental, eu diria que há cinco tipos principais de mantras: Os que funcionam simplesmente pela fé. Os que atuam por associação. Os que funcionam por acordos ou alianças. Os que atuam pelo seu significado. Os que funcionam através do seu som, sem referência ao significado.

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O Efeito da Fé

A primeira classe produz seu efeito simplesmente por causa da forte convicção do operador de que o efeito deve acontecer, e por causa da fé da pessoa sobre quem o mantra está operando. Se ambas as pessoas estão absolutamente seguras de que algo vai acontecer - digamos, a cura de uma ferida ou de uma doença - então isso realmente acontece, e em alguns casos a fé de apenas um dos envolvidos parece ser suficiente. Na Inglaterra, e na verdade entre os camponeses de todos os países, são usados muitos destes encantamentos em localidades interioranas. As pessoas usam pequenas fórmulas verbais, geralmente de caráter semi-religioso, que lhes têm sido transmitidas por seus ancestrais, as quais se supõe que produzam resultados definidos. As fórmulas muitas vezes parecem ser mera tolice, o palavreado freqüentemente sequer tem coerência. Provavelmente sejam mesmo corruptelas de certas expressões, seja portuguesas ou em alguns casos latinas, ou mesmo derivadas de outras línguas. Elas não funcionam por causa do som, pois carecem da sonoridade indispensável ao verdadeiro mantra, mas quando recitadas sobre pacientes sob certas condições às vezes são indiscutivelmente eficazes. Em tais casos deve ser a fé na antiga fórmula que produz o resultado. Muitos encantamentos semelhantes encontrados em países orientais parecem agir através da fé. Posso dar um exemplo que conheço pessoalmente e que suspeito ser desta natureza. Uma vez, quando estava no interior do Ceilão, fui severamente mordido na mão por um cachorro. O corte sangrava abundantemente. Um passante casual, um agricultor, vendo isso, correu e tirou uma folha do arbusto mais próximo, pressionou-a contra a ferida e murmurou algumas palavras que não pude entender, e a ferida parou de sangrar imediatamente. Este encanto, pois, sem dúvida funcionou, e com certeza sem qualquer fé de minha parte, já que eu não tinha a menor idéia do que o homem iria fazer. Como é sempre o caso no oriente, o homem não quis nenhum pagamento pelo exercício de seus poderes. Até onde pude ouvir as palavras, devo dizer que elas eram incoerentes, ou, se faziam algum sentido, de modo algum eram na língua singalesa, que seria o idioma daquela pessoa, e tampouco eram em sânscrito. Tenho ouvido dizer que no Ceilão existem encantamentos semelhantes contra mordidas de serpentes, e ao que parece eles também funcionam - novamente através da fé, imagino eu; todos os envolvidos têm certeza de que algo vai acontecer, e assim de fato algo acontece. Há uma variante deste tipo em que o sucesso é alcançado pela força de vontade do operador. À medida que ele fala suas palavras ou faz seus sinais ele está completamente determinado de que o resultado ocorrerá, e assim sucede. Vi o Príncipe Harisinghji Rupsinghji, de Kathiawar, curar instantaneamente um homem padecendo pela picada de um escorpião. O homem já estava pálido e semidesfalecido de medo, contorcendo-se e gemendo pela dor aguda, e mal capaz de caminhar sem a ajuda de dois amigos; o Príncipe traçou sobre ele o sinal da estrela de cinco pontas, falou incisivamente uma palavra sânscrita, e num momento a vítima, que havia caído ao chão, ergueu-se de pé, declarando-se bem e completamente livre da dor, e então prostrou-se diante do Príncipe em gratidão.

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Associação de Pensamento

Há mantras que atuam por associação. Certas formas de palavras trazem com elas idéias definidas, e alteram drasticamente a corrente de nossos pensamentos e sentimentos. Um exemplo disso é o Hino Nacional. A melodia é simples e forte, mas dificilmente de alto nível musical; as palavras, considerando sua qualidade poética, não têm um grande mérito especial [O

Autor trata nesta passagem especificamente do Hino Nacional da Inglaterra, mas seguramente é produzido um efeito similar no caso dos hinos de quaisquer países - NT]. Se ela fosse apenas mais uma canção dentre outras que ouvíssemos provavelmente ela atrairia apenas pouca atenção. Mas nossa associação com ela é de lealdade para com o Rei, e, através dele, para com o Rei Espiritual de Quem ele é o representante; e tão poderosa é esta associação que assim que ouvimos a melodia instintivamente nos aprumamos e derramamos nossa lealdade e boa vontade em direção ao Governante da nação. E isso evoca uma resposta definida, pois, de acordo com a lei, uma força derramada assim altruisticamente deve atrair uma descida de poder correspondente do alto. Esta resposta vem através de certos tipos de Anjos ligados ao trabalho do primeiro Raio, e a sua atenção é atraída sempre que é cantado o Hino Nacional, e eles derramam suas bênçãos sobre e através das pessoas cuja lealdade foi assim estimulada. Um outro exemplo do mesmo tipo de mantra, embora bem menos poderoso, é The Voice that breathed o'er Eden; não podemos ouvir este hino sem pensarmos fortemente em um casamento, e em todo o sentimento festivo de boa vontade usualmente associado a tal cerimônia. Vários hinos e canções natalinas Cristãs também invocam em nossas mentes uma corrente de pensamento bem definida. Os gritos de guerra que tinham um papel tão importante nas batalhas medievais eram mantras desta categoria. Há algumas destas fórmulas que instantaneamente atraem as idéias correspondentes, e produzem resultados por causa de suas associações e não por causa de nada inerente a si mesmas. Cooperação Angélica Há certos mantras que atuam por acordos ou alianças. A maioria das religiões parece ter alguns exemplos deste tipo. O grande chamado Islâmico de cima dos minaretes participa deste caráter, embora também tenha algo do tipo que acabamos de considerar. Ele é uma declaração de fé: "Não há Deus senão Deus" (ou, como também foi traduzido: "Não há nada senão Deus", o que é uma verdade eterna) "e Maomé é Profeta de Deus". É interessante ver o efeito que estas palavras produzem no povo. É muito mais do que o mero pensamento em seu significado, pois elas despertam naqueles que as ouvem uma fé ardente, uma fanática efusão de devoção, que é belíssima à sua maneira, e muito característica do Islamismo. Este poderia ser um mero caso de associação, mas de fato o chamado também invoca alguns Anjos de certo tipo, e é sua atuação que suscita muito do entusiasmo que é exibido.

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Talvez seja na religião Cristã que encontremos os melhores exemplos deste terceiro tipo de mantra, como logo perceberão aqueles que sabem alguma coisa dos Serviços da Igreja. O maior deles é o Hoc est Corpus Meum (Este é o Meu Corpo); pois o próprio Cristo fez uma aliança com Sua Igreja, de que sempre que estas palavras fossem pronunciadas, em qualquer língua, por um de Seus Sacerdotes devidamente ordenados, Ele imediatamente responderia. Mas este poder é dado sob condições, é dado somente àqueles que foram preparados para recebê-lo por um outro mantra do mesmo tipo - também um mantra prescrito pelo próprio Cristo - as palavras "Recebei o Espírito Santo". O poder que Ele deu aos Seus discípulos com estas palavras logo antes de deixá-los tem sido transmitido com as mesmas palavras em uma corrente ininterrupta ao longo que mais de dois mil anos, e constitui o que se chama de Sucessão Apostólica. Sempre que um Sacerdote que foi devidamente ordenado nesta Sucessão pronuncia intencionalmente as palavras "Este é o Meu Corpo", certa mudança maravilhosa é produzida no pão sobre o qual elas são pronunciadas, de forma que embora seu aspecto exterior permaneça o mesmo, seus princípios superiores ou contrapartes são substituídos pela vida do próprio Cristo, e assim o pão se torna tão Seu veículo como o foi o corpo que Ele usou na Palestina. Não há dúvidas sobre a eficácia deste mantra "Este é o Meu Corpo", pois sua ação pode ser vista até hoje por aqueles que têm olhos para ver. Lord Tennyson nos fala, em The Idylls of the King, que Galahad, descrevendo a celebração da Eucaristia, disse:

"Eu vi penetrar no pão uma face de fogo, uma face como de uma criança".

E da mesma forma, qualquer clarividente que observar o oferecimento do mesmo Santo Sacrifício hoje em dia poderá ver a contraparte do pão incandescer em uma linha de luz viva, quando o mesmo mantra sagrado é pronunciado. Todos os ramos da Igreja Cristã - as Igrejas Católica Romana, Ortodoxa Grega, Anglicana e Católica Liberal - que celebram a Santa Eucaristia integralmente na forma em que ela foi deixada por Cristo, usam estas Palavras de Instituição como parte de suas Liturgias, e em todos eles se produz aquele maravilhoso resultado. Todos estes ramos da Igreja, ainda, invocam as Hostes Angélicas para ajudar no Serviço, e isso é feito não só por uma fórmula especial de palavras, mas também (quando o Serviço é cantado), por uma fórmula especial de música, por um arranjo de sons que procede, com mínimas variações, de um período muito antigo na história da Igreja. Os Anjos de um tipo especial tomam estas palavras como uma invocação, e imediatamente acorrem para tomar sua parte no Serviço que vai ser celebrado (para um relato completo da atuação deste maravilhosíssimo mantra, vide The Science of the Sacraments).

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O Efeito da Repetição

Agora passamos a uma classe de mantras que atuam por virtude do significado das palavras repetidas. Uma pessoa recita certa fórmula de palavras com firme confiança vezes sem conta, de modo que seu significado se impinge fortemente sobre seu cérebro e seu corpo mental; e se ela estiver tentando, por exemplo, fazer certo trabalho oculto, tal repetição fortalecerá muito sua vontade. Tais mantras podem ser usados de muitas formas diferentes. No tocante à pessoa envolvida, o efeito pode ser ou fortalecer sua vontade para fazer o que estiver tentando fazer, ou imprimir-lhe uma convicção absoluta de que será feito. Mantras deste tipo aparecem nas meditações diárias prescritas para os Hindus, e na maioria das escolas ocultas; a repetição de certas sentenças em horas invariáveis ao longo do dia tende a imprimir fortemente sobre a mente as idéias que contêm. "Mais radiante que o Sol, mais puro que a Neve, mais sutil que o Éter é o Eu, o Espírito em meu coração. Eu sou este Eu, este Eu sou eu" é um bom exemplo deste tipo de mantra, e é claro que ele é tão eficaz quando pensado como quando falado. Bênçãos

Sob este título devem ser incluídos os vários tipos de bênçãos como as dadas na Igreja, na Francomaçonaria, e pelos discípulos dos Mestres. As bênçãos podem ser distribuídas em duas seções - as que uma pessoa dá por si mesma, e as que são dadas por um poder superior através dela, que serve como um oficial. O primeiro tipo de bênção é meramente uma expressão de um forte bom desejo. Um exemplo típico disso é a bênção que às vezes um pai dá a seu filho, seja no leito de morte do primeiro, seja quando o último vai iniciar alguma longa e potencialmente perigosa viagem. A bênção do Isaac moribundo a seus filhos Esaú e Jacó é uma boa ilustração, embora neste caso em especial algumas complicações tenham sido acrescentadas pela escandalosa fraude de Jacó. Os leitores do relato das Escrituras lembrarão que Isaac estava plenamente persuadido da eficácia de sua bênção, e quando ele descobriu o engodo que se lhe havia sido impingido ele foi incapaz de reverter o voto que havia expressado. Então se levanta a questão: se uma bênção desta natureza produz algum resultado, e, se produz, como é que ele acontece? A única resposta que pode ser dada é que isso depende da intensidade do bom voto e da quantidade de força espiritual colocada nele. A bênção cria uma forma-pensamento que se liga à pessoa que é abençoada; o tamanho, força e durabilidade desta forma-pensamento dependem da força de vontade da pessoa que concede a bênção. Se as palavras forem pronunciadas apenas formalmente, sem muito sentimento ou intenção por trás, o efeito será leve e passageiro; por outro lado, se forem pronunciadas de todo coração e com enérgica determinação, seu efeito será profundo e duradouro. O segundo tipo de bênção é aquele que é dado por um oficial indicado para este propósito, através de quem o poder flui a partir de alguma fonte superior. Um bom exemplo disso é a bênção que encerra a maioria dos serviços da Igreja. Ela não pode ser dada por ninguém cujo grau eclesiástico seja inferior

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ao de Sacerdote, e neste aspecto a bênção pode ser dita ter o caráter dos mantras da terceira espécie, uma vez que o poder de dar uma bênção definida é um dos que o Sacerdote recebe na sua ordenação. Neste caso ele é simplesmente um canal para o poder do alto, e se infelizmente acontecer de ele a dizer de modo meramente formal e como parte do ritual, isso não fará a menor diferença no que diz respeito ao poder espiritual derramado. A bênção flui igualmente sobre todos, mas a quantidade de influências que qualquer indivíduo pode obter dela depende de sua receptividade. Se ele é cheio de amor e devoção, ele pode ser enormemente auxiliado e elevado; se ele, descuidado, está pensando em algum outro assunto, receberá apenas o benefício do impacto de uma vibração superior. Note-se que quando um Bispo está presente no serviço é sempre ele quem confere a bênção. A razão para isso é que na sua Consagração seus princípios superiores foram abertos muito mais do que os do Sacerdote; portanto, através dele pode ser derramado poder daqueles níveis superiores. Os mesmos princípios gerais também funcionam na Francomaçonaria, pois é somente um Mestre Instalado ou um Capelão ordenado quem pronuncia as palavras de bênção no decurso do encerramento da Loja. Já vimos que alguém que foi aceito como discípulo de um Mestre por causa disso se tornou um canal para Sua influência, e mesmo que esta influência esteja sempre fluindo através dele, ele certamente pode dirigir a força momentaneamente sobre qualquer pessoa, como desejar. Da mesma forma, alguém que é um Iniciado pode dar a bênção da Fraternidade, que na verdade é bênção do Rei que está à sua Testa. O Poder do Som

Podemos agora considerar o tipo de mantra que atua somente através de seu som. A vibração que o som põe em movimento atinge os vários corpos dos homens, e tende a levá-los a uma harmonia consigo mesma. Em primeiro lugar um som é uma ondulação no ar, e todo som musical tem um número de sobretons que também são postos em movimento. Na música são detectados e reconhecidos quatro, cinco ou mais sobretons, mas as vibrações se estendem muito além do que o ouvido pode captar. Ondas correspondentes são estabelecidas também nas matérias superiores e mais sutis, e portanto a entonação de uma nota ou de uma série de notas produz efeitos nos veículos superiores. Há sobretons (suponho que ainda os deva chamar de sons) que são altos demais para afetarem o ar; não obstante eles põem em movimento a matéria etérica, e esta matéria etérica comunica suas vibrações ao homem que recita o mantra, e também às outras pessoas em seu redor, e se ele estiver dirigindo sua vontade para qualquer pessoa em particular a vibração certamente irá para ela. Assim os mantras que atuam pelo som produzem resultados definidamente materiais no plano físico, embora haja ondas outras, e mais altas, emitidas ao mesmo tempo, que podem afetar os veículos superiores.

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Um mantra deste tipo usualmente consiste de diversos sons ordenados, de caráter muito ressonante e cheio. Às vezes é usada uma única sílaba, como na Palavra Sagrada OM, mas há várias formas de pronunciá-la, e cada forma produz um resultado bem diverso, de acordo com as notas com que são cantadas as sílabas e do modo como são pronunciadas. Para alguns propósitos enfatizamos e prolongamos o som aberto, combinamos A e U num O, reforçamos isso e o fazemos durar talvez até a metade do tempo da recitação, e então mudamos o som para M. Mas para outros fins o O deve ser bem curto, e o murmúrio dirigido para dentro da cabeça e para os centros, que é um som muito poderoso, deve ser prolongado. Os resultados destes dois métodos diferem grandemente. Quando prolongamos o O estamos afetando os outros e ao mundo em torno, mas com o M longo quase todo o efeito produzido age sobre nós mesmos. Às vezes as três letras A, U e M são recitadas em separado. Novamente, elas podem ser ditas em várias notas diferentes em sucessão, em um tipo de harpejo. Ouvi dizer que de acordo com livros indianos supõe-se que haja cerca de cento e setenta modos de pronunciar aquela mesma Palavra, cada um com um efeito diverso, e considera-se que este seja o mais poderoso dos mantras. Esta palavra sagrada Hindu corresponde ao amen Egípcio. Também vieram dela o aion grego e o aivum latino. A palavra aeon é uma das que derivaram dela. Diz-se que Om é a palavra que representa o nome do Logos, o Nome Inefável durante nossa quinta Raça Raiz, e que a palavra usada de modo similar na quarta Raça era Tau. O Swami T. Subba Row uma vez nos disse que estas palavras substitutas, que são dadas em cada Raça Raiz, são todas elas sílabas de uma grande palavra que será completada na sétima Raça Raiz. O efeito especial desta palavra quando emitida adequadamente no início da meditação ou em um encontro é sempre como o de um chamamento à atenção. Ela arranja as partículas dos corpos sutis num efeito muito semelhante ao de uma corrente elétrica quando passa pelos átomos de uma barra de ferro. Antes da passagem de tal corrente, os átomos do metal estão arranjados em várias direções, mas quando a barra é magnetizada pela corrente elétrica, todos eles se movem e passam a apontar em uma única direção. Exatamente assim, ao soar da palavra sagrada todas as partículas em nós respondem, e então entramos na melhor condição para aproveitarmos os benefícios da meditação ou do estudo que virá a seguir. Ao mesmo tempo, ela atua como um chamado para outros seres - humanos e não-humanos - que imediatamente se reúnem ao redor, alguns entendendo o significado e o poder da palavra, e outros atraídos apenas pelo som estranhamente atraente. Esta questão do som é de larguíssima abrangência. "Os Céus foram feitos através do Verbo do Senhor" em primeiro lugar. O Logos ou Verbo é a primeira Emanação do Infinito, e isso é certamente muito mais do que uma mera figura de linguagem. Isso representa um fato, embora a Emanação tenha lugar em um nível onde não poderia haver nada semelhante a som propriamente dito, pois não haveria ar nenhum para transmití-lo. Mesmo assim, aquilo que corresponde ao som e age como ele é o poder que é empregado para criar o Universo.

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Não sei se podemos esperar obter qualquer entendimento, neste mundo cá de baixo, do que significa esta Palavra Criadora. "Ele falou, e foi feito". Deus disse: "Haja luz, e a luz foi feita". Esta foi a primeira Expressão da Deidade; o Pensamento Eterno oculto nas trevas emerge como a Palavra Criadora. Talvez por causa desta grande Verdade, palavras cantadas ou faladas aqui embaixo invocam um poder superior - um poder desproporcional em relação ao nível ao qual elas pertencem por si mesmas. Estou certo de que há um outro lado em toda esta questão do som que nossas mentes hoje ainda não conseguem captar, e podemos apenas vagamente imaginar. Mas pelo menos podemos ver que o poder do som é coisa muito grande e maravilhosa. Todos os mantras que dependem do poder do som são valiosos apenas na língua em que foram criados. Se traduzirmos um deles para outro idioma teremos todo um outro e diferente grupo de sons. Falando genericamente, um bom mantra que pretenda harmonizar o corpo e produzir resultados benéficos consiste em grande parte de longas vogais abertas. Temos isso em nossa própria Palavra Sagrada, e o mesmo vale para o Amen dos Egípcios, que foi transmitido à Igreja Cristã. A propósito, ele é melhor enunciado usando-se duas notas. A Igreja tem seu modo tradicional de fazer isso através de duas notas afastadas entre si um semitom - usualmente fá sustenido e sol. Mantras usados para propósitos malignos contêm sempre vogais curtas e consoantes de um caráter cortante e disruptivo, tais como hrim, kshrang ou phut. Estas ásperas exclamações são proferidas com uma energia furiosa e impiedosa, o que por certo as torna terrivelmente poderosas para o mal. Às vezes todas as vogais são incluídas em seqüência nestas combinações cacofônicas de consoantes, e sua pronúncia conclui com alguma maldição peculiarmente explosiva que pareceria impossível de expressar em qualquer sistema de alfabeto comum. Nos países orientais, onde eles sabem algo sobre estas coisas, temo que o mantra seja freqüentemente usado para fins malignos. O mesmo também entre os negros. Encontrei muito disso associado a cerimônias de Vodu ou Obeah, que testemunhei tanto nas Índias Ocidentais como na América do Sul, e sei que há muito ódio colocado nestes feitiços e encantamentos. Nossa relação com os mantras será apenas com aqueles de natureza benéfica e amável, e jamais com os maléficos. Mas tanto os bons como os maus agem da mesma forma; todos eles pretendem produzir vibrações nos corpos sutis, seja nos do recitante, seja nos daqueles a quem o mantra se destina. Às vezes eles pretendem impor freqüências vibratórias inteiramente novas. As mentes ocidentais ficam perplexas por pessoas serem instruídas a recitar um mantra três mil vezes. Nossa primeira reação é: Como conseguiremos tempo para isso? Nós dizemos que tempo é dinheiro; o oriental diz que tempo é nada; é uma diferença de pontos de vista. Os métodos e idéias orientais são amiúde inadequados para as vidas ocidentais; mas não obstante eles têm seu valor para aqueles a quem se destinam. Alguns têm sentido que o estudo e a meditação prescritos para os membros de nossa Escola Esotérica são uma carga pesada demais para os que não estão acostumados a tais exercícios, mas nenhum oriental jamais pensaria assim.

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O Brâmane passa praticamente toda a sua vida em récitas religiosas, pois todo ato que ele executa ao longo de todo o dia é sempre acompanhado por algum texto ou pensamento piedoso. É uma vida vivida completamente na religião, ou pelo menos deveria ser. Hoje em dia, em muitos casos o que subsiste é apenas a forma externa, uma espécie de casca vazia; mas as pessoas ainda recitam as palavras, mesmo que elas possam não mais colocar a antiga vida e energia nelas. Eles têm muito tempo livre, e podem muito bem se permitirm repetir uma frase cento e oito vezes ao dia, e seu objetivo com isso é perfeitamente claro. Diz-se que Cristo advertiu Seus discípulos para não usarem repetições vãs quando rezassem, como faziam os gentios, e disso se deduziu que todas as repetições são inúteis. Seguramente o seriam em uma invocação endereçada à Deidade, pois isso implicaria que Ela não teria ouvido a primeira petição! Elas seriam (ou deveriam ser) desnecessárias para discípulos - para pessoas que já fizeram algum progresso ao longo da senda de desenvolvimento; para eles seria suficiente formular uma intenção com clareza e expressá-la com vigor uma só vez. Mas o homem comum do mundo de modo algum atingiu este estágio, ele freqüentemente necessita de um longo e contínuo martelar para imprimir uma nova vibração em si, e assim para ele as repetições estão longe de serem inúteis, pois elas são deliberadamente planejadas para produzir resultados definidos. O constante impacto destes sons (e das várias vibrações que eles estabelecem) sobre os diferentes veículos de fato tende a levá-los firmemente a uma harmonia com um conjunto particular de idéias. Este afinamento de vibrações é análogo ao trabalho feito por um Guru indiano sobre seus pupilos, o que já foi mencionado no Capítulo 4. Todo o tempo as ondas que se irradiam de seu corpo astral estão atuando sobre os corpos astrais deles, as ondas de seu corpo mental estão atuando sobre os corpos mentais deles, e o resultado é que porque suas vibrações são, supostamente, mais fortes do que as dos discípulos, ele gradualmente os leva a uma harmonia cada vez maior consigo mesmo, se eles forem de qualquer forma passíveis de tal afinação. A constante récita de um mantra tenciona afinar a parte particular dos corpos astral e mental em direção àquilo que é desejado, e sem qualquer dúvida isso pode e de fato produz poderosos resultados. Os mesmos métodos são prescritos também em terras Cristãs. Podemos ver muitas vezes um Católico Romano recitando suas Aves Marias e Pais Nossos muitas e muitas vezes. Geralmente ele apenas as fala, e com isso tornam-se de pouco valor para ele, exceto pelos pensamentos que possam lhe sugerir. Na Índia os mantras são sempre cantados, e o mantra cantado realmente produz um efeito. Esta é uma das razões pelas quais as línguas antigas são neste aspecto melhores que as modernas. As línguas modernas são geralmente faladas rápida e abruptamente, e somente os camponeses italianos, espanhóis e gregos parecem ainda falar à moda antiga, em cadências longas e musicais. Na Igreja Católica Liberal, contudo, recomendamos especialmente que seu Serviço seja sempre na língua do país, porque vemos que se desperta muito mais devoção nas pessoas se elas entendem claramente o que está sendo dito e podem se associar inteligentemente às cerimônias. Mas não pode haver dúvida que o latim é mais sonoro. Muitos mantras desta natureza não têm

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qualquer significado especial, são pouco mais que uma mera coleção de vogais. No Pistis Sophia, o conhecido tratado Gnóstico, há alguns destes mantras sem significado, assinalados de um modo que deve indicar terem sido cantados. Sons ressonantes tais como os encontrados nos mantras Indianos impõem suas freqüências vibratórias gradualmente sobre os vários corpos, e assim podem ser usados para economizar força. Qualquer coisa que façamos através de um mantra poderíamos fazer também através de nossa força de vontade sem o mantra, mas o mantra é como uma ferramenta para poupar esforço. Ele estabelece as vibrações requeridas, fazendo por nós esta parte do trabalho e com isso tornando-o mais fácil; podemos, portanto, considerá-lo como um meio de economizar força. Um outro ponto a respeito de mantras, que é enfatizado nos livros indianos, é que os estudantes são proibidos de usá-los em presença de pessoas rudes ou de más inclinações, porque o poder de um mantra freqüentemente intensificará tanto o mal como o bem. Se houvesse uma pessoa presente que não pudesse responder às vibrações em sua forma superior, ela poderia receber uma oitava inferior, que provavelmente fortaleceria o mal existente nela. Jamais devemos usar um mantra onde haja pessoas que possam ser prejudicadas por ele. Lembro que Madame Blavatsky nos disse que um mantra não poderia de forma alguma ser recitado para a própria pessoa, mas sim especialmente para outrem, a quem se imagina que o mantra possa ajudar. Deste modo podemos recitar a Palavra Sagrada ou o Gayatri, ou qualquer um dos belos mantras Budistas que fluem com tanta doçura, pensando fortemente em uma pessoa em particular e projetando para ela a força do mantra. Mas ela aconselhou que usássemos tais coisas com cuidado. Além disso, ela advertiu que ninguém usasse um mantra que fosse muito elevado para si. Nenhum destes nos seria dado por nossos professores; mas devo dizer, como advertência aos neófitos, que se a récita mesmo da Palavra Sagrada de qualquer maneira provocar dor de cabeça ou uma sensação de náusea ou fraqueza, ela deve ser imediatamente interrompida. Devemos então continuar no desenvolvimento de nosso caráter, e tentarmos novamente depois de alguns meses. Ao usarmos a Palavra estamos invocando grandes forças, e se ainda não estivermos bem à sua altura elas podem não ser harmoniosas, e o resultado pode não ser sempre bom. Além deste efeito da vibração do som cantado, muitos destes mantras parecem pertencer ao terceiro tipo, por terem outros poderes a eles associados. Por exemplo, certos Anjos estão conectados ao Gayatri e ao Tisarana, embora estes pertençam a tipos muito diferentes. Talvez o Gayatri seja o maior e o mais belo de todos os mantras antigos. Ele tem sido cantado em toda a Índia desde um tempo imemorial, e o reino dos Devas aprendeu a entendê-lo e a responder-lhe de um modo muito impressionante - um modo que é em si mesmo muito significativo, como para mostrar que, em uma antigüidade tão remota que até mesmo sua própria origem foi esquecida, o uso altruísta de tais mantras já era plenamente

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compreendido e praticado. Ele começa sempre com a palavra sagrada OM, e com a enumeração dos planos em que se deseja que atue - os três mundos onde vive o homem: o físico, o astral e o mental; e à medida que cada plano é mencionado, os Devas que pertencem a ele se agrupam em torno do cantor com um entusiasmo jubiloso a fim de realizar o trabalho que está para lhes ser confiado através da récita do mantra. Os estudantes lembrarão que na Índia às vezes Shiva é chamado de Nilakantha, o Garganta Azul, e existe uma lenda associada a este título. É interessante notar que alguns dos Anjos que respondem quando o Gayatri é cantado possuem esta característica da garganta azul, e pertencem claramente ao primeiro Raio. Este maravilhoso mantra é uma invocação ao Sol - é claro, em verdade ao Logos Solar, que está por trás deste que é o maior de todos os símbolos; e o grande raio de luz que imediatamente é derramado sobre e dentro do recitante vem como que do Sol físico, esteja o Sol em qualquer direção que estiver. Este raio de luz é branco, tingido de ouro, e fulgura com aquele azul elétrico que é visto tantas vezes associado a qualquer manifestação do poder do primeiro Raio; mas assim que o raio enche toda a alma do recitante ele imediatamente fulgura para fora dividido em sete grandes raios ou cones, com as cores do espectro. É como se o recitante atuasse como um prisma, embora as cores que irradiam tenham uma forma inversa àquela que usualmente encontramos nestes casos. Normalmente, quando enviamos raios de força espiritual, eles irradiam a partir de um simples ponto no corpo - o coração, o cérebro, ou algum outro centro - e à medida que se afastam vão-se alargando em forma de leque, como o facho de luz de um farol. Mas os raios do mantra partem de uma base bem mais larga do que o próprio cantor - uma base que é constituída pela circunferência de sua aura, e em vez de se alargarem à medida que se afastam, vão-se estreitando até terminarem em ponta, assim como os raios de uma estrela desenhada, exceto que obviamente eles são cones de luz em vez de apenas triângulos. Uma outra característica notável é que estes sete raios não se irradiam em círculo em todas as direções, mas apenas em um semicírculo voltado para a direção que o recitante tem frente a si. Além disso, estes raios têm o curioso aspecto de irem se solidificando à medida que se estreitam, até que terminam em uma ponta de luz ofuscante. E um fenômeno ainda mais curioso é que estes pontos atuam como se estivessem vivos; se acontecer de uma pessoa passar à sua frente, esta ponta se curva com incrível rapidez e toca seu coração e seu cérebro, fazendo com que brilhem momentaneamente em resposta. Cada raio parece ser capaz de produzir este resultado em um número indefinido de pessoas em seqüência; testando-o sobre uma multidão densamente agrupada descobrimos que os raios aparentemente dividem entre si a multidão, cada um atuando sobre a seção que estiver à sua frente, e não interferindo em nenhuma outra parte. Sobre a questão do idioma do mantra, isso parece ser coisa de menor importância. A repetição das palavras em português, tendo uma clara intenção por trás, produz o efeito integral (A tradução literal deste celebrado versículo é: "OM: Nós adoramos a glória resplandecente de Savitri, nosso Senhor; que Ele possa inspirar nossa devoção e nosso entendimento". Mas ao longo dos

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tempos isso veio a significar muito mais para o devoto Hindu do que sugerem as simples palavras). A récita da mesma coisa em sânscrito com a mesma intenção produz um resultado idêntico, mas, além dele, em torno dos raios, é construída uma forma sonora que se assemelha a uma espécie de moldura de madeira, de talha maravilhosamente intrincada, que fornece algo que poderia ser imaginado como uma arma sétupla de onde os raios são disparados. Esta forma sonora se estende apenas por uma curta distância, e não parece fazer qualquer diferença no que diz respeito ao poder ou tamanho dos raios. Um erudito em sânscrito me disse que, enquanto a palavra comum para o sol é Surya, este título especial Savitri é usado sempre para significar o Sol (isto é, o Logos Solar) como inspirador ou encorajador. Ela parece ter um significado intimamente relacionado à palavra Paráclito, que é muitas vezes, embora insatisfatoriamente, traduzida como Consolador (Vide The Hidden Side of Christian Festivals, p. 202). Meu amigo também enfatiza o fato de que isso não é uma prece para que o Logos nos dê sabedoria ou devoção, mas sim que é a expressão de uma ardente aspiração e decisão de que Sua influência aja de modo a incitar e fortalecer as que já existem em nós. Quando o Tisarana Budista é cantado, os Anjos que acorrem são especialmente aqueles associados ao Manto Amarelo, e eles trazem consigo uma paz e jovialidade maravilhosas, pois embora eles sejam tão pacíficos, estão entre os mais jubilosos em todo o mundo. Quando falamos de Anjos "aparecendo", devemos lembrar de todas as dimensões do espaço. Eles não têm de "vir" no sentido de saírem de algum lugar afastado - de um céu distante, por exemplo. Não sei se tornarei o assunto irremediavelmente complicado se disser que são as grandes forças representantes do Logos que se manifestam nestas formas particulares, em resposta à Invocação. Elas estão sempre ali, sempre prontas, mas se exteriorizam em resposta ao chamado. Essa é toda a história por trás deste tipo de prece e resposta. Temos apenas que pensar fortemente em uma idéia, e aquilo que a anima ou representa se manifestará para nós. Qualquer pensamento forte de devoção traz uma resposta instantânea; o Universo estaria morto se não fosse assim. Está dentro da lei natural que a resposta deva vir; o apelo e a resposta são como o frente e o verso de uma moeda; a resposta é apenas o outro lado do pedido, assim como dizemos do karma que o efeito é o outro lado da causa. Há uma unidade maravilhosa na Natureza, mas as pessoas se encasulam tão densamente em suas personalidades que não sabem nada sobre isso. É apenas uma questão de nos abrirmos. Podemos ver facilmente que quando somos capazes de ceder à Natureza, podemos praticamente comandá-la, pois com esta atitude podemos invocar suas forças, e tudo trabalha conosco. Isso é claramente explicado em Light on the Path. Devemos reconhecer as forças da Natureza, e nos abrir a elas; e porque estes poderes estão fluindo conosco, tudo que antes era difícil se torna muito mais fácil.

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Existe ainda toda uma outra faceta no assunto dos mantras, da qual tenho apenas pouca informação. Há o poder não só do som mas também das palavras como tais, dos números, e mesmo das letras. Não nos ocupamos atualmente com estas coisas, mas nos alfabetos sânscrito e mesmo no hebreu cada letra tem um valor próprio, não só numérico, mas também um poder e cor específicos. Sei de clarividentes que vêem as letras romanas comuns impressas em nossos livros como tendo cada uma uma cor diferente, sendo, digamos, o A sempre vermelho, o B sempre azul, o C amarelo, o D verde, e assim por diante. Jamais tive qualquer experiência pessoal neste sentido, suponho que minha mente não atue desta forma. De modo semelhante, há psíquicos que vêem sempre os dias da semana como cores diferentes. Isso não é da minha experiência, não sou sensitivo desta forma tampouco, e não entendo o que significa. Talvez isso esteja ligado a influências astrológicas, não sei. Este aspecto das coisas também está ligado aos mantras, e há uma escola de mantristas que atribui a cada letra um valor numérico, de todo independente de sua posição no alfabeto, e eles lhe dirão que se somarem os valores que atribuem às letras de uma certa palavra ou frase, com isso chegando a determinado total, e se o mesmo total puder ser obtido somando-se as letras de uma outra palavra ou grupo de palavras, as duas frases produzirão o mesmo efeito mântrico. Mas sobre isso nada sei. O mantra usualmente é uma fórmula curta e forte, e quando para qualquer propósito desejamos produzir um efeito determinado, este é o tipo de forma que nossa conjuração deve assumir. Se desejamos afetar as pessoas profunda e rapidamente quando falamos com elas, devemos usar frases que sejam fortes e curtas, e não longas e frouxas; elas devem seguir a linha dos comandos militares ou dos mantras, e deve haver um clímax definido. Suponhamos que desejemos ajudar uma pessoa amedrontada. Podemos formular dentro de nós mesmos palavras tais como: "Eu sou forte, forte, forte; sou parte de Deus, e Deus é força, e assim eu estou cheio desta força"; e a repetição desta idéia atrairá para a superfície a força divina dentro de nós, e seremos capazes de inspirar os outros com nossa coragem. Nisto, bem como em todas as coisas, conhecimento é poder; se desejamos trabalhar do modo mais eficiente devemos entender, e se queremos entender, devemos estudar. O sábio sabe como viver em paz e felicidade, porque sua vida está em harmonia com a vida de Deus. Compreendendo tudo, simpatiza com tudo; ele deixou, para sempre, o egoísmo para trás, e vive apenas para ajudar e abençoar. Os Requisitos Nunca Mudam Considerando os diferentes sistemas descritos acima, não devemos imaginar que seus métodos sejam mutuamente excludentes. Cada plano contém um pouco de quase todos os outros, e cada um é definido por aquilo que nele predomina. Tampouco devemos supor que qualquer um deles seja estritamente necessário. O que se requer é o que jaz por trás de todos eles - o desenvolvimento do caráter, a purificação da vida e a devoção ao serviço, tão fortemente enfatizados em Aos Pés do Mestre.

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Desta comparação dos diferentes sistemas veremos que as qualificações que o aspirante deve desenvolver, em preparação à primeira grande Iniciação, são fundamentalmente as mesmas, por mais que possam parecer diferentes à primeira vista. Por certo ao longo de vinte e cinco séculos, e provavelmente por um longo tempo antes, tem sido seguido este procedimento assaz sistemático para promover a evolução destas pessoas especiais que persistem lutando à frente, e, embora em certas épocas (e a atual é uma delas) as circunstâncias sejam mais favoráveis à Iniciação do que em outras, os requisitos permanecem os mesmos, e devemos cuidar de não cairmos no pensamento errôneo de que as qualificações tenham sido de qualquer forma minimizadas. Vemos, assim, que todas aquelas linhas diferentes nos levam ao mesmo ponto: a Iniciação. PARTE III: AS GRANDES INICIAÇÕES CAPÍTULO 8: A PRIMEIRA INICIAÇÃO O Iniciador Único

Quando pensa na Iniciação, a maioria das pessoas a imagina como sendo uma etapa a ser vencida por si mesmas. Elas pensam no Iniciado como um homem que se desenvolveu muito e se tornou, quando comparado ao homem do mundo externo, uma figura grande e gloriosa. Isso é verdade; mas toda a questão será melhor entendida se tentarmos analisá-la de um ponto de vista superior. A importância da Iniciação não reside na exaltação de um indivíduo, mas no fato de que ele agora terá se tornado definitivamente uno com a grande Ordem, a Comunhão dos Santos, como se diz belamente na Igreja Cristã, embora poucos prestem atenção ao real significado destas palavras. A estupenda realidade que jaz por trás da Iniciação na Fraternidade será melhor compreendida depois de termos considerado a organização da Hierarquia Oculta e a obra dos Mestres, que serão abordadas nos capítulos subseqüentes. O Candidato agora se tornou mais do que uma pessoa individual, porque ele será uma unidade em uma força tremenda. O Logos Solar tem um Representante Seu em cada planeta, atuando como Seu Vice-Rei. Em nosso globo o título dado a este grande Oficial é Senhor do Mundo. Ele é o Líder da Fraternidade, e a Fraternidade não é apenas uma corporação de Homens que possuem cada um Seus deveres a desempenhar, ela é também uma unidade estupenda - um instrumento plenamente flexível na mão do Senhor, uma arma poderosa que Ele pode manejar. Existe um plano maravilhoso e incompreensível através do qual o Um, tendo se tornado muitos, agora volta a ser Um; não que cada unidade em todo o esquema perca a menor fração de sua individualidade ou poder como unidade, mas sim que ela acrescenta à unidade algo milhares de vezes maior; ela é parte do Senhor, parte do corpo que Ele usa, da arma que Ele emprega, do órgão que Ele toca, da ferramenta com que Ele faz Seu trabalho.

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Só há Um Iniciador em todo o mundo, mas no caso da primeira e segunda Iniciações Ele pode delegar a algum outro Adepto a realização da cerimônia em Seu lugar, embora mesmo nestes casos o Oficial se volte e invoque o Senhor no momento crítico de conferir o grau. Este é um momento realmente maravilhoso na vida espiritual do candidato, como explicou o Mestre Kuthumi quando aceitou um discípulo, há não muito tempo atrás. Ele lhe disse: "Agora que atingiste a meta imediata de tuas aspirações, exorto-te a voltares de imediato tua atenção para os requisitos ainda mais elevados da próxima etapa. Aquilo para o que deves agora te preparar, a 'entrada na corrente', que os Cristãos chamam salvação, será o ponto relevante na longa linha de tuas existências terrenas, será a culminação de setecentas vidas. Há muitas eras, pela individualização, entraste no reino humano; em um futuro que confio não estar muito distante, tu o deixarás pela porta do Adeptado, e te tornarás um Super-Homem; entre estes dois extremos não há ponto de maior importância do que a Iniciação para a qual deves voltar agora teus pensamentos. Não só ela te fará salvo para sempre, mas igualmente te admitirá na Fraternidade que existe de eternidade em eternidade - a Fraternidade que ajuda o mundo. "Pensa, então, com que imenso cuidado deve ser abordado tão maravilhoso evento. Tenhas assim sempre em mente sua beleza e sua glória, para que possas viver à luz de seus ideais. Teu corpo é jovem para tão magno esforço, mas tens agora uma rara e esplêndida oportunidade; desejo que a aproveites em plenitude". A Fraternidade Quando um ego é iniciado ele se torna parte da mais exclusiva organização do mundo, agora ele é uno com o vasto mar da consciência da Grande Fraternidade Branca. Durante um longo tempo o novo Iniciado não será capaz de entender tudo o que esta união implica, e ele deve penetrar muito mais nos santuários antes de poder compreender o quão estreito é este elo e o quão grande é esta consciência do próprio Rei, que todo Irmão compartilha com Ele em certa medida. Aqui em baixo isso tudo é incompreensível e inexprimível, metafísico e sutil além das palavras, mas não obstante uma realidade gloriosa, real a ponto de tudo o mais parecer irreal quando ele começar a entendê-la. Já vimos como o discípulo aceito pode comparar seu pensamento com o do Mestre; agora da mesma forma o Iniciado pode colocar seu pensamento lado a lado com o da Fraternidade e trazer para si mesmo tanto desta tremenda consciência quanto em seu nível ele for capaz de apreciar, e quanto mais a trouxer para dentro de si mesmo, mais será capaz de receber, e sua própria consciência se ampliará tanto que a estreiteza de pensamento se tornará impossível para si. E assim como o discípulo aceito deve cuidar de não causar distúrbios nos veículos inferiores do Mestre, a fim de não interferir na perfeição de Sua obra, da mesma maneira um membro da Fraternidade jamais introduz qualquer coisa discordante dentro desta grandiosa consciência, que age como um todo unificado.

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Devemos lembrar que de forma alguma todos na Fraternidade fazem o mesmo trabalho que nossos Mestres. Muitos d'Eles estão envolvidos em outras tarefas que requerem a mais extrema concentração e a mais perfeita calma, e se algum dos jovens membros algumas vezes esquecer seu chamado superior e causar ondas de agitação que perturbam a Fraternidade, isso afetará o trabalho daqueles Grandes Seres. Nossos próprios Mestres podem talvez não dar importância a isso, e podem voluntariamente suportar algum problema deste tipo em prol do futuro, quando o novo membro faria realmente um belo uso dos poderes da Fraternidade; mas podemos perfeitamente entender que Aqueles que não têm nada a ver com o treinamento de indivíduos possam dizer: "Nosso trabalho está sendo perturbado, e será melhor que aqueles que têm personalidades ainda tão imaturas fiquem de fora". Eles diriam que nada seria perdido, que o progresso poderia ser feito igualmente bem do lado de fora, e que os discípulos devem prosseguir tornando-se melhores e mais fortes e mais sábios antes de receberem a Iniciação. Tão maravilhosa é a expansão da consciência do Iniciado que é mais adequado falarmos desta mudança como um novo nascimento. Ele começa a viver uma nova vida "como uma criancinha", a vida do Cristo, e o Cristo, a consciência intuicional ou búdica, nasce dentro do seu coração. Agora ele tem também o poder de dar a bênção da Fraternidade - uma força tremenda e irresistível, que ele é capaz de dar ou enviar para qualquer pessoa, se assim julgar apropriado e útil. O poder da Fraternidade fluirá por ele à medida que ele o permitir passar; cabe a ele usar o poder e lembrar que é dele toda a responsabilidade de dirigí-lo para qualquer propósito que escolher. A bênção dada pelo Oficial na Iniciação significa: "Eu te abençôo; eu derramo em ti minha força e minha bênção; cuida que tu por tua vez constantemente derrames esta boa vontade sobre os outros". Quando mais confiança tiver o novo Iniciado, maior será o fluxo da força através dele. Se ele sentir a menor hesitação, ou for oprimido pela responsabilidade de permitir tamanho poder fluir através de si mesmo, ele não será capaz de usar este maravilhoso dom em plenitude; mas se ele tem a qualidade de Shraddha - uma perfeita confiança em seu Mestre e na Fraternidade, e a mais completa certeza de que, porque ele é uno com Eles, todas as coisas lhe são possíveis - ele poderá ir pelo mundo como um verdadeiro anjo de luz, semeando alegria e bênção ao longo de seu caminho. A consciência da Grande Fraternidade Branca é uma coisa indescritivelmente maravilhosa. É como um oceano grande e calmo e refulgente, tão estranhamente uno que a menor vibração de consciência fulgura nele atravessando-o num átimo de ponta a ponta, e mesmo assim para cada membro isso parece ser a sua própria consciência individual, embora com um poder e uma sabedoria por trás que nenhuma consciência humana jamais poderia ter. Este magnificente mar de "consciência cósmica" da Fraternidade é algo tão grande, tão maravilhoso, que não há nada no mundo que se lhe compare: mesmo aqueles que pertencem a ele em virtude de terem passado pela Primeira Grande Iniciação podem apenas captar vislumbres, só podem lembrar um pouco dele aqui e ali. Ele pode ser sentido em sua plenitude

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apenas no plano nirvânico, onde a Fraternidade existe primariamente, embora tenha sua manifestação nos planos inferiores, até mesmo aqui no mundo físico. Assim como o grupo de discípulos é todo uno no Mestre, da mesma forma a Fraternidade é todo una em seu Senhor. Os membros podem livremente discutir qualquer assunto entre si, embora isso seja como se um caso apresentasse seus diferentes aspectos dentro da mesma mente, e esta mente os pesasse uns contra os outros; mas o indivíduo está todo o tempo em presença de uma serenidade tremenda e quase assustadora, de uma certeza que nada jamais pode perturbar. E ainda assim de algum modo toda sugestão é bem-vinda; de fato, existe a sensação de que toda a Fraternidade está alerta e avidamente esperando por toda e qualquer contribuição individual para o assunto em questão. Não existe aqui embaixo nada com que esta consciência possa ser adequadamente comparada; tocá-la é entrar em contato com algo novo e estranho, embora inexprimivelmente maravilhoso e belo, algo que não exige evidência ou comparação, mas que se afirma como pertencendo a um mundo mais elevado e desconhecido. Embora as individualidades estejam tão estranhamente imersas no todo, mesmo assim elas são ao mesmo tempo nitidamente separadas, pois requer-se a concordância de cada Irmão para toda decisão importante. O governo do Rei é absoluto, porém Ele mantém Seu vasto conselho com Ele, e em todo o momento Ele deseja considerar qualquer ponto que ocorra a qualquer dos membros. Mas este grande corpo governante difere por completo de qualquer parlamento da Terra. Aqueles que estão acima dos outros em posições de autoridade não são eleitos, nem têm de ser indicados por alguma organização partidária; eles mantêm suas posições porque as conquistaram - as conquistaram por desenvolvimento superior e maior sabedoria. Ninguém duvida da decisão de seu superior, porque sabe que ele é realmente superior - sabe que ele tem uma visão mais penetrante e um maior poder para decidir. Não há nem pode haver a menor sombra de obrigatoriedade para que estes Super-Homens pensem ou ajam de forma igual; porém sua confiança em sua poderosa organização é tão perfeita que é impensável que no final das contas venham a divergir; só no caso de uma tal Fraternidade sob um tal Rei é que podemos compreender completamente a beleza da expressão de uma das Coletas da Igreja da Inglaterra: "Em Seu serviço há completa liberdade". Fracassos

Em uma organização como esta por certo não deveria haver possibilidade de fracasso ou problema de qualquer tipo; mesmo assim, porque a humanidade é frágil, e porque ainda nem todos os membros desta grande Fraternidade são Super-Homens, às vezes ocorrem fracassos, embora sejam muito raros. "Grandes Seres recuam até mesmo no portal, incapazes de suportar o peso de sua responsabilidade, incapazes de prosseguir", como é dito em Light on the Path, e somente o atingimento do Adeptado garante segurança perfeita. O Iniciador diz ao candidato que agora que ele entrou na corrente ele está salvo para sempre; mas embora isso seja verdade, ainda é possível para ele atrasar mui seriamente seu progresso se ceder a qualquer das tentações que ainda encontrar em seu caminho. Ser salvo para sempre usualmente é tomado como

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garantia da certeza de passar adiante com a presente onda de vida - de não ser deixado para trás no "dia do juízo" que acontecerá no meio da quinta Ronda, quando Cristo, descendo à matéria, decidirá quais almas podem e quais não podem ser levadas à meta final ainda nesta cadeia de mundos. Não existe uma condenação eterna; ela é, como disse Cristo, apenas por uma era; alguns não poderão continuar nesta era ou dispensação, mas prosseguirão na próxima, exatamente como uma criança que é por demais subdesenvolvida para passar em determinado ano terá confortavelmente sucesso no próximo, e então provavelmente estará até mesmo à frente de todos. Quando ocorre esta coisa triste e terrível - quando acontece um fracasso de qualquer tipo entre os Iniciados, um frêmito de dor percorre toda aquela vasta consciência, pois a separação de um dentre o restante tem a mesma natureza de uma operação cirúrgica, cortando o coração de todos. Só com o maior dos pesares é que a Fraternidade separa assim um membro de si mesma, e mesmo quando ela o faz o Irmão que errou não é definitivamente expulso, por mais que ele possa ter se desencaminhado. Ele será trazido de volta depois de algum tempo, de alguma forma e em algum lugar; há um elo que não pode ser quebrado, embora saibamos pouco sobre a penosa jornada de provações e sofrimentos que ele deve trilhar antes de poder unir-se novamente ao resto.

"A Voz do Silêncio permanece com ele, e embora ele possa abandonar completamente a Senda, ainda assim ela soará de novo algum dia, e o renderá, e separará suas paixões de suas possibilidades divinas. Então, com dor e gritos desesperados do eu inferior abandonado, ele voltará" (Light on the Path, Parte I, Regra 21).

Há outros que caem durante breve período apenas, através de alguma erupção de sentimentos impossíveis de serem suportados pela Fraternidade. Então, assim como o Mestre pode lançar um véu temporário entre Si mesmo e o discípulo errante, da mesma forma a Fraternidade conclui ser necessário criar por algum tempo uma espécie de concha em torno de um de seus membros que fracassa. Toda a força da Fraternidade se volta para quem estiver caindo assim, de modo que, se for de qualquer forma possível, Eles evitam que ele ultrapasse os limites. Mas às vezes, mesmo a despeito de toda a força que a lei do karma permite à Fraternidade usar, um membro ainda declina em desistir de sua atitude pessoal mesquinha de suposto ultraje, ou ofensa, ou o que seja; então Eles devem isolá-lo por algum tempo até que aprenda mais. A fórmula da Iniciação permanece inalterada ao longo das eras, embora haja alguma elasticidade a respeito. A fórmula de Ordenação do candidato proferida pelo Iniciador é sempre a mesma, no que tange à primeira parte, mas quase invariavelmente há uma segunda parte, pessoal, que consiste praticamente de conselhos ao candidato específico que está sendo iniciado. Esta usualmente é chamada de parte privada da Ordenação. Tenho visto casos em que é feita uma imagem do pior inimigo do candidato e pede-se-lhe como ele lidaria com ele, se ele estaria plenamente preparado para perdoá-lo completamente, e se ele ajudaria mesmo alguém tão baixo como ele se isso estivesse em seu caminho. Em alguns casos também são feitas perguntas sobre o trabalho que o

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candidato já realizou, e algumas vezes aqueles que foram ajudados por ele são convidados a prestar testemunho. Abaixo acrescento um relato da cerimônia. Relato de uma Primeira Iniciação Como o Festival de Wesak deste ano (1915) caiu na manhã de 29 de maio, a noite de 27 de maio foi escolhida para a Iniciação do Candidato, e todos nós fomos instruídos para estarmos preparados. Neste caso o Iniciador foi o Senhor Maitreya, e por conseguinte a cerimônia teve lugar em Seu jardim. Quando é o Mestre Morya ou o Mestre Kuthumi quem realiza o rito este usualmente ocorre no antigo templo-caverna, cuja entrada fica perto da ponte que atravessa o rio que passa entre Suas casas. Havia uma grande assembléia de Adeptos, estando presentes todos cujos nomes nos são familiares. O glorioso jardim estava em seu auge: os arbustos de rododendros eram uma florida explosão violeta, e o ar estava perfumado com o olor das primeiras rosas. O Senhor Maitreya estava sentado no Seu costumeiro banco de mármore que circunda a grande árvore defronte à Sua casa, e os Mestres se agrupavam em um semicírculo à Sua direita e esquerda, em assentos que estavam colocados para Eles sobre o terraço gramado, de onde o banco de mármore se ergue sobre dois degraus. Mas o Senhor Manu Vaivastava e o Mahachohan também se assentavam na bancada de mármore, um em cada braço lateral do trono esculpido mais elevado, que se volta exatamente para o sul, e que é chamado de Trono de Dakshinamurti. O candidato, com o Mestre que o apresentava, ficava um nível abaixo no terraço, aos pés do Senhor, e por trás e abaixo dele se agrupavam outros discípulos, iniciados e não-iniciados, e alguns poucos espectadores privilegiados, a quem se permitiu presenciar uma boa parte da cerimônia, embora em certos momentos um véu de luz dourada escondesse deles os atos das figuras centrais. O candidato estava, como sempre, vestido com flutuantes túnicas de linho branco, ao passo que os Mestres em sua maioria usavam seda branca profusamente debruada de magnífica renda de ouro. Uma grande hoste de Anjos flutuava acima do grupo, enchendo o ar com uma suave linha melódica, a qual, de uma forma estranha e sutil, parecia derivar uma intrincada trama de som do acorde pessoal do candidato, que expressava suas qualidades e possibilidades; ao longo de toda a cerimônia eles permaneceram cantando, apoiando delicadamente todas as palavras que eram ditas, não as perturbando mais do que a suave risada de um regato interrompe a música gorgeante dos pássaros, mas desenvolvendo um clímax triunfante em determinados pontos do ritual. A melodia fazia toda a atmosfera cantar - enriquecendo, e não abafando, as vozes dos protagonistas. Em todos os casos a música é baseada no acorde especial de cada candidato, e tece variações e fugas sobre ele, expressando, de um modo que aqui embaixo não podemos compreender, tudo o que ele é e tudo o que há de ser. No centro da cena permanecia o candidato, entre seu Proponente e seu Avalista. Ele foi levado à frente por seu próprio Instrutor, o Mestre Kuthumi, e o Mestre Jesus assumiu a função de seu Avalista. O Senhor Maitreya sorriu

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quando fez a pergunta que abre o ritual:

"Quem é este que trazeis para diante de Mim?" Nosso Mestre deu a resposta usual:

"Este é um candidato que busca admissão na grande Fraternidade". Então veio a pergunta seguinte:

"Garantes que ele é digno da admissão?"

E a resposta costumeira:

"Garanto".

"Assumirás a orientação de seus passos ao longo da Senda que ele deseja entrar?"

E o Proponente disse: "Assumirei".

"Nossa regra requer que dois dos Irmãos mais avançados avalizem cada candidato; há algum outro Irmão preparado para referendar esta solicitação?"

Então pela primeira vez o Avalista falou, dizendo:

"Eu estou preparado para fazê-lo".

O Iniciador perguntou:

"Tens evidência de que se poderes adicionais lhe forem conferidos eles serão usados para a promoção da Grande Obra?"

E o Mestre Kuthumi respondeu:

"Desta vez o candidato é muito jovem, mas ele já tem muitas boas ações em seu crédito, e está começando a fazer nosso trabalho no mundo. Também em sua vida na Grécia ele fez muito para disseminar minha filosofia e melhorar o país em que viveu".

E o Mestre Jesus acrescentou:

"Ao longo de duas vidas onde teve uma vasta influência ele, paciente, fez meu trabalho, corrigindo os erros e introduzindo um nobre ideal em sua vida como governante, e espalhando longe o ensinamento de amor e pureza e transcendência em sua encarnação como monge. Por estas razões eu fico a seu lado agora".

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Então o Senhor, sorrindo para o jovem, disse:

"O corpo deste candidato é o mais jovem que jamais foi apresentado a nós para a honra da recepção na Fraternidade; algum membro de nossa Fraternidade que ainda viva no mundo externo está pronto para dar-lhe, em nosso nome, a ajuda e conselho que seu jovem corpo físico possam precisar?"

Sirius se adiantou dentre um grupo de discípulos que estava atrás dele e disse:

"Senhor, até onde eu for capaz, e enquanto seu corpo estiver ao meu alcance, com muita felicidade farei por ele tudo o que eu puder".

Então o Senhor disse:

"Teu coração está suficientemente cheio do verdadeiro amor fraterno por este jovem candidato, de modo que possas dar tal orientação como ela deve ser dada?"

Sirius respondeu: "Está". O Senhor falou pela primeira vez diretamente ao candidato:

"Tu, de tua parte, amas este irmão a ponto de aceitar de boa vontade ser ajudado por ele quando necessário?"

E o jovem respondeu:

"Em verdade sim, com todo o meu coração, pois sem ele eu não poderia estar aqui agora".

O Senhor inclinou Sua cabeça com gravidade, e o Mestre fez o candidato adiantar-se de modo a ficar diante do Iniciador. Fixando Seus olhos sobre ele, o Senhor disse:

"Desejas te unir à Fraternidade que existe de eternidade em eternidade?"

O jovem respondeu:

"Desejo, Senhor, se pensais que estou preparado para fazê-lo enquanto meu corpo é ainda tão jovem".

O Iniciador fez então as perguntas usuais a respeito do seu conhecimento e trabalho astrais. Muitos objetos astrais lhe foram mostrados e ele teve de dizer ao Iniciador o que eles eram. Ele teve de distinguir entre os corpos astrais de um homem vivo e de um morto, entre uma pessoa real e uma imagem-pensamento de uma pessoa, e entre um Mestre e uma imitação exata d'Ele. Então o Iniciador lhe apresentou muitos casos astrais e perguntou-lhe como ele

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ajudaria cada um, e ele respondeu da melhor forma quer pôde. No final Ele sorriu e disse que as respostas eram satisfatórias. Então o Iniciador procedeu à Ordenação - uma peroração muito solene e bela - parte da qual é sempre a mesma, embora geralmente seja incluído algo pessoal para cada candidato. Esta Ordenação explica o trabalho da Fraternidade no mundo, e a responsabilidade que cabe a cada membro individualmente, pois cada um tem de compartilhar do suportamento do grande fardo das dores do mundo. Cada um deve estar pronto para ajudar, seja por serviço seja por conselho, pois só existe uma Fraternidade, agindo sob uma única Lei e um único Líder, e cada Irmão tem o privilégio de colocar à disposição da Fraternidade qualquer conhecimento local ou faculdade especial que possa ter, para o desenvolvimento de qualquer departamento de Sua grande obra de ajuda ao progresso da humanidade. Embora o governo do Rei seja absoluto, nenhuma decisão de importância é tomada sem o consentimento mesmo do mais jovem dos membros da Fraternidade. Qualquer um é um representante da Fraternidade em qualquer parte do mundo onde possa estar, e cada um é instado para que esteja à disposição da Fraternidade para ir a qualquer lugar que seja enviado, para trabalhar de qualquer forma que seja solicitada. Enquanto os membros mais jovens naturalmente obedecem implicitamente aos Líderes, mesmo assim eles podem ajudar com conhecimentos locais, e sempre podem sugerir qualquer coisa que lhes pareça ser de possível utilidade. Cada Irmão que vive no mundo deve lembrar que ele é um centro através do qual a força do Rei pode ser enviada para auxílio daqueles que estão em necessidade, e que qualquer Irmão mais velho pode a qualquer hora usá-lo como canal para Sua bênção. Portanto, cada Irmão mais jovem deveria estar sempre pronto para ser usado a qualquer momento, pois ele jamais pode prever quando seus serviços poderão ser requeridos. A vida do Irmão deve ser uma vida de inteira devoção aos outros; ele deve vigiar ávida e incessantemente por toda oportunidade de prestar serviço, e fazer com que este serviço seja sua mais profunda alegria. Ele deve lembrar que a honra da Fraternidade está em suas mãos, e ele deve cuidar que nenhuma palavra ou ato seus jamais a conspurquem aos olhos dos homens, ou os faça pensar nela nem um pouco que seja com menos alta consideração. Não devemos pensar que porque ele entrou na corrente cessarão para ele as provações e lutas; ao contrário, ele terá de fazer ainda maiores esforços, mas terá maior força para fazê-los. Seu poder será muito maior do que era antes: mas exatamente na mesma proporção sua responsabilidade também será maior. Ele deve lembrar que não é ele, um eu separado, quem venceu um degrau que o elevou acima de seus companheiros; antes ele deveria se rejubilar por a humanidade, através dele, ter-se libertado de suas cadeias nesta pequena extensão, por ela ter entrado um pouco mais na posse do que lhe pertence. A bênção da Fraternidade está sempre com ele. Mas ela descerá exatamente na mesma medida em que ele a transmitir para outros, pois esta é a lei eterna.

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Esta é a parte da Ordenação que é comum a todos. Como uma admoestação privada para este candidato o Iniciador acrescentou:

"Teu corpo é muito jovem para suportar a tão pesada responsabilidade deste grande dom da Iniciação; porém esta mesma juventude te oferece a oportunidade mais maravilhosa das que jamais couberam à condição humana. Ela foi merecida pelo karma de tuas vidas anteriores de auto-sacrifício; cuida que neste corpo te proves digno dela. Confiamos que mostrarás que te abrindo esta porta tomamos a decisão mais sábia: lembra sempre da absoluta unidade que existe entre nós todos que somos membros da Fraternidade Única, de forma que sua dignidade jamais se desmereça em tuas mãos. Começando assim tão cedo poderás avançar muitíssimo nesta encarnação; a subida será íngreme, mas tua força e amor serão bastantes para tal. Cultiva a sabedoria; aprende o perfeito controle de todos os teus veículos; desenvolve em ti a prontidão, a vontade, a largueza de vistas; lembra que espero que estejas pronto a agir como um lugar-tenente confiável para Mim quando eu aparecer para ensinar o mundo. Conquistaste tanto pela riqueza de teu amor; que este amor sempre aumente e se fortaleça, e ele te levará até o final".

Então o Senhor se voltou para os outros Mestres e disse:

"Considero satisfatório este candidato; vós todos concordais com sua recepção em nossa Companhia?"

E todos responderam: "Concordamos". Então o Iniciador ergueu-se de Seu assento e voltou-Se para Shamballa, e disse em alta voz:

"Oh, Senhor da Vida e da Luz e da Glória, é em Teu Nome e para Ti que faço isto?"

Em resposta, sobre Sua cabeça fulgurou a Estrela Resplandecente que comunica o assentimento do Rei, e todos se curvaram profundamente diante dela, enquanto a música angélica explodia em uma efusão triunfal semelhante a uma grande marcha régia. E neste ponto o candidato avançou, conduzido pelos dois Mestres, e se ajoelhou diante d'Aquele que representa o Um que, só Ele, pode conceder admissão na Fraternidade. Uma linha de luz deslumbrante, como o clarão de um relâmpago imóvel, estendeu-se da Estrela até o coração do Iniciador, e d'Ele até o coração do candidato. Sob a influência de tão tremendo magnetismo, a pequena Estrela de Prata da Consciência, que representa a Mônada no candidato, cresceu em um brilho intenso até encher todo o seu corpo causal, e durante um momento maravilhoso a Mônada e o ego se tornaram um só, como o serão permanentemente quando for obtido o Adeptado. O Senhor colocou Suas mãos sobre a cabeça do candidato e, chamando-o pelo seu verdadeiro nome, disse:

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"Em nome do Iniciador Único, cuja Estrela brilha sobre nós, eu te recebo na Fraternidade da Vida Eterna. Cuida de seres dela um membro digno e útil. Agora estás salvo para sempre, entraste na Corrente: que possas em breve chegar à outra margem!"

A música angélica cresceu em um grande oceano de sons doces e felizes, e pareceu encher o próprio ar de força e júbilo. Então o Iniciador e o candidato ajoelhado, e seus patronos, foram quase que ocultos por um véu das mais suaves cores, que trazia em suas ondas as bênçãos do Manu e do Mahachohan, e a rara cor dourada da Flor da Humanidade terrena, de Gautama, o Senhor Buda, pairou sobre eles em bênção, pois mais um filho do Homem havia entrado na Senda. E a Estrela de Prata pareceu por um momento se expandir e envolver o Iniciador e o novo Irmão em sua glória ofuscante. E quando eles ressurgiram desta glória a túnica do neófito já não era de linho, mas sim de seda branca, como a dos outros Iniciados. A cena, quando o Iniciador fez Seu próprio corpo causal brilhar e o do candidato brilhou em resposta, era de uma beleza arrebatadora. Fulguraram verde e ouro, e a Mônada - normalmente parecendo apenas como uma faísca de luz dentro do átomo permanente do corpo causal - resplandeceu, de modo que o núcleo brilhante cresceu e ocupou todo ovóide. Neste momento a Mônada se identifica pela primeira vez com a fração de si mesma que constitui o ego, e é ela quem faz os votos. O efeito sobre o corpo astral também é dos mais interessantes: é-lhe transmitida uma poderosa ondulação rítmica que não perturba a estabilidade de seu equilíbrio, de modo que ele daí em diante é capaz de sentir com agudeza muito maior do que antes sem ser abalado em suas bases ou escapar ao controle de seu dono. É o Iniciador quem estabelece esta vibração no corpo astral do neófito, reproduzindo a Sua própria vibração de forma que ao mesmo tempo ela o estabiliza sem criar tumulto ou perturbação, mas suscitando um poder de vibração imensamente aumentado. Quando tudo isso acabou, o Iniciador deu ao novo Irmão a Chave do Conhecimento, e o instruiu como ele poderia reconhecer astralmente, sem qualquer possibilidade de erro, qualquer membro da Fraternidade que ele não conhecesse pessoalmente. Ele determinou que alguns discípulos mais antigos dos Mestres o assistissem o quanto antes nos necessários exercícios búdicos, e a grande cerimônia terminou com todos os Irmãos reunidos abençoando o novo Iniciado. O novo Irmão, por sua vez, deu para o mundo a bênção da Fraternidade, transmitindo assim pela primeira vez o novo e imenso poder que lhe havia sido conferido. À medida que a bênção se espalhava pelo mundo, acrescentando nova vida a tudo, dando a cada coisa um pouco mais de força, um pouco mais de beleza, enchia o ar um murmúrio multívoco, uma miríade de sussurros que perfaziam uma canção de profundo deleite e gratidão. Uma outra força para o bem se havia manifestado, e a Natureza, que sofre e labuta com seus filhos, se rejubila quando um deles entra na Fraternidade que, enfim, a libertará de suas dores. Pois a vida do mundo é Uma Só, e quando uma unidade faz um progresso real, toda a Natureza compartilha do êxito, até mesmo aquela parte dela que dizemos inanimada.

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Assim encerrou a esplêndida cerimônia, e os Mestres se reuniram em torno do novo Irmão e deram-lhe calorosas congratulações, enquanto desaparecia a Estrela Resplandecente. Na noite seguinte recebi ordens para apresentar o neófito ao Senhor do Mundo. É claro, isso é uma honra bem pouco usual, e de modo algum faz parte da cerimônia da Primeira Iniciação. Geralmente isso acompanha a Terceira. Chegamos a Shamballa no horário indicado e fomos recebidos, como de hábito, no grande salão. Encontramos o Rei em conversa com o Senhor Gautama Buda e o Senhor Maitreya. Este apresentou o neófito ao Rei como "nosso mais novo Irmão, a Estrela de Amor sempre brilhante", e Sanat Kumara sorriu com graça para o jovem que se ajoelhava diante de Si. O neófito ergueu suas mãos na saudação oriental, e o Rei estendeu Sua mão direita e segurou-as, enquanto lhe dizia:

"Fizeste bem, meu filho, e estou satisfeito contigo; assim, chamei-te para cá para te dizer isso. Vai e faz ainda melhor, pois espero que desempenhes um grande papel no futuro de minha nova Sub-Raça. Minha estrela brilhou sobre ti visivelmente algumas horas atrás; lembra que ela paira sempre sobre ti, de maneira igualmente real, mesmo quando não a puderes ver; e onde ela brilha haverá sempre o poder, a pureza e a paz".

Então o Senhor Buda, colocando Sua mão sobre a cabeça do neófito, falou:

"Também eu desejo dar-te minha bênção e minhas congratulações, pois penso que teu rápido progresso de agora é um penhor do que está por vir, e que no futuro eu te saúde como Irmão do Mistério Glorioso, um membro da Dinastia Espiritual através da qual vem luz para os mundos".

Os Três Kumaras que estavam atrás também sorriram para o jovem que ajoelhava, emudecido, mas que resplendia de amor e adoração. O Rei ergueu Sua mão em bênção, enquanto nós todos nos prostrávamos, e então partimos. A Extensão da Cerimônia

O tempo que ocupa a cerimônia da Iniciação varia de acordo com muitos fatores, um dos quais é a quantidade de conhecimento que o candidato traz consigo. Algumas tradições estipulam um período de três dias e noites, mas freqüentemente ela termina em bem menos tempo. Uma a que assisti durou duas noites e um dia de procedimentos, mas outras foram condensadas em uma só noite, deixando muito do que costuma ser incluído para que fosse completado mais tarde pelos discípulos mais avançados dos Mestres. Algumas das antigas Iniciações duravam tanto porque os candidatos precisavam ser instruídos sobre o trabalho astral. Também há experiências búdicas que devem ser realizadas, pois a Iniciação requer uma certa extensão de desenvolvimento do veículo búdico, já que alguns ensinamentos que devem ser dados naquele nível não poderiam ser entendidos de outro modo. A maioria dos Teósofos já realiza trabalho astral, e assim já conhece em detalhe o mundo astral, o qual deve ser aprendido neste momento se já não for conhecido. Mas quando o

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Iniciador sabe que o candidato já tem algum desenvolvimento búdico, deixa-se muitas vezes que os discípulos mais antigos o conduzam ao longo das experiências búdicas na noite seguinte, ou na ocasião que for propícia. A cerimônia da Iniciação em si leva menos de seis horas, mas tanto antes como depois dá-se algum tempo para os candidatos. Os Mestres sempre cumprimentam os candidatos depois da Iniciação, e cada um lhes diz algumas palavras amáveis. Eles aproveitam a oportunidade de tal reunião para transmitir certas ordens a Seus discípulos, e geralmente esta é uma ocasião de grande júbilo, especialmente entre todos os membros jovens. É uma vitória para todos quando um outro neófito é admitido, quando mais alguém se salva para sempre. Filiação Já falamos sobre a íntima relação entre um discípulo aceito e seu Mestre; esta intimidade cresce todo o tempo, constantemente, e de hábito acontece que quando o discípulo está se aproximando do portal da Iniciação o Mestre considera que é chegada a hora de Ele atrair o chela para uma união ainda mais profunda. Então ele passa a se chamar Filho do Mestre, e o elo é de tal natureza que não só a mente inferior, mas também o ego no corpo causal do discípulo, são englobados pelos do Adepto, e este já não pode lançar um véu para isolar o neófito. Disse uma vez um francês sábio: "Em todos os amores, há um que ama e um que se deixa amar". Isso é uma profunda verdade em nove entre dez casos, quando tratamos do amor humano. Freqüentemente a razão para isso é que uma das duas almas envolvidas é maior e mais desenvolvida que a outra, e portanto é capaz de um amor mais profundo; a alma mais jovem aprecia esta pletora de afeto, e o devolve na medida de sua capacidade, mas seus melhores esforços ficam muito aquém do maravilhoso dom derramado tão fácil e naturalmente pela mais velha. Este deve ser sempre o caso a respeito do Mestre e Seu discípulo. Um outro ponto: o afeto que encontramos na vida comum é freqüentemente instável, flutuante, capaz de rápido desencorajamento; ele pode ser extinto pela frieza, rudeza, falta de resposta; pode ser mesmo transformado em desagrado se seu objeto viola nossos cânones de conduta, ou age de algum modo que nos horroriza ou causa repulsa. Mas existe um afeto mais verdadeiro e profundo que nada pode abalar - um amor que não exige nada em resposta, que é completamente imune ao desprezo, à indiferença ou mesmo à indignidade de parte de seu objeto - que em verdade sentiria a mais aguda aflição e pesar se este objeto cometesse algum crime ou se desgraçasse de qualquer forma, mas jamais, por nenhum momento, diminuiria em um só grau o seu ardor, seja o que for que o amado pudesse fazer. Desta natureza é o amor de Deus por seu mundo, desta natureza também deve ser o amor do Mestre por aqueles a quem Ele concede o privilégio inefável da Filiação. Ele confia neles plenamente; por vontade própria Ele renuncia ao poder de Se separar deles, porque só através desta união

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completa e inquebrantável Ele se torna capaz de compartilhar com eles Sua própria natureza até a máxima capacidade de seus poderes de resposta - apenas com este sacrifício de Si mesmo Ele pode dar-lhes o máximo que um discípulo pode receber de um Mestre. Assim pode-se dizer verdadeiramente que Ele Se coloca à mercê de Seu discípulo. Pensemos apenas na terrível responsabilidade que isso nos acarreta! Embora raro, um tal amor às vezes se encontra também entre as pessoas em nosso mundo físico; mas quando ele existe, tem sempre a mesma qualidade e produz o mesmo resultado: coloca o superior nas mãos do inferior, de modo que o amor supremo é sempre o sacrifício supremo. Porém, este sacrifício total, esta renúncia absoluta do eu, traz consigo uma alegria tão profunda que nada na Terra pode conferir, pois um amor destes é divino, um tal auto-sacrifício leva a pessoa até o próprio coração de Cristo. De fato é verdade que "um tal amor compensa a multidão dos pecados" (I Pedro, IV, 8), que "seus pecados, que são muitos, são perdoados, pois ela amou muito" (Lucas, VII, 47). Há uma formosa referência a este estado de união estreita em Light on the Path, onde está escrito: " 'Minha paz esteja contigo' só pode ser dito pelo Mestre aos discípulos amados que são como Ele mesmo". E assim são estes que têm o inestimável privilégio de serem capazes de transmitir esta paz aos outros em toda sua plenitude. Todo discípulo aceito do Mestre tem o direto e o dever de abençoar em Seu Nome, e seu esforço em fazê-lo será seguido certamente por uma esplêndida efusão do poder do Mestre. Ele deve especialmente dar esta bênção mentalmente sempre que entrar em uma casa: "Que a bênção do Mestre esteja nesta casa e com todos que aqui vivem". Mas o Filho do Mestre pode dar o próprio toque de Sua Presença íntima, uma paz mais plena e extensa. Quem é Filho do Mestre ou já é ou logo será também um membro da Grande Fraternidade Branca. E isso, como já dissemos, confere o poder de transmitir uma bênção ainda maior, embora ambas sejam apropriadas, cada uma em sua ocasião devida. Lembro muito bem de dar as duas, em diferentes ocasiões, a um grande Anjo das redondezas, a quem eu tenho a honra de conhecer bastante. Passando perto de seus territórios, em um navio, dei-lhe uma vez como saudação a bênção plena de meu Mestre, e de fato foi belo de ver o modo como ele a recebeu, curvando-se profundamente e demonstrando sua apreciação com um adorável brilho suave de santidade e extrema devoção. Num outro dia, sob circunstâncias similares, dei-lhe a bênção da Fraternidade, e instantaneamente todos os poderes daquele grande Anjo fulguraram em alegre resposta, e todo o seu território se incandesceu. Foi como se um soldado fosse chamado à ordem, como se tudo, não só ele mesmo, mas também toda a miríade de criaturas que trabalhavam debaixo dele houvessem subitamente sido vivificadas e elevadas aos seus máximos poderes. Toda Natureza respondeu incontinenti. Veja-se, pois, como por mais profundamente que ele venere meu Mestre, este não é o seu Mestre, mas o meu Rei é o seu Rei, pois só existe Um.

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O Nível da Iniciação

A questão de se a pessoa está chegando perto de se aprontar para a Iniciação envolve três conjuntos separados de considerações, todos interdependentes. O primeiro é se ela está de posse de quantidade suficiente das Qualificações necessárias, como estabelecido em Aos Pés do Mestre, e isso significa que ela deve ter um mínimo de todas, e muito mais do que um mínimo de algumas delas. Para ilustrar isso, pensemos por um momento no método adotado na escolha de temas para um exame. Os examinadores determinam de antemão que nenhum candidato deve passar se não ultrapassar um determinado mínimo em cada um dos assuntos, mas a percentagem requerida em cada um deles é bastante baixa - digamos vinte e cinco por cento. Todos os que deixarem de assegurar esta porcentagem em qualquer um dos assuntos fracassarão, mas, não obstante, alguém que assegure apenas exatamente esta porção em cada um dos tópicos também não passará, pois não apenas existe um nível mínimo para cada um dos diferentes assuntos, mas também existe um mínimo total - digamos quarenta por cento. Alguém que consiga somente vinte e cinco ou trinta por cento em uma ou duas das matérias deve perfazer muito mais do que isso em diversas outras a fim de atingir a média final requerida. É exatamente este o método adotado no Ocultismo: deve haver uma certa quantidade de cada uma das qualificações para que o candidato seja bem sucedido, mas ele deve ter desenvolvido algumas delas muito mais. Um candidato não pode vencer se lhe faltar por completo a discriminação; porém, se ele apresentar muito menos do que deveria, um amor superabundante talvez possa ser aceito como compensação. Em segundo lugar, o ego deve ter treinado seus veículos inferiores o bastante para que possa atuar perfeitamente através deles quando desejar fazê-lo, ele deve ter efetuado o que em nossa antiga literatura Teosófica era chamado de união dos eus superior e inferior, e, em terceiro lugar, ele deve ser forte o bastante para suportar a tensão envolvida, a qual se estende até mesmo ao corpo físico. A respeito do nível de progresso em que ele será iniciado, há margem para uma variação muito grande. Seria um erro supor que todos os Iniciados têm o mesmo desenvolvimento, assim como seria arriscado presumir que todos os homens que obtiveram um diploma como Mestre em Artes sejam iguais em conhecimento. É bem possível que um candidato possa ser extraordinariamente bem sucedido em muitas das qualidades exigidas, e estar muito além do mínimo total, e mesmo assim ser seriamente deficitário e abaixo do nível mínimo em um dos pontos; seria então, é claro, necessário que ele esperasse até que conseguisse alcançar o mínimo naquele tópico negligenciado, e sem dúvida enquanto ele o estivesse adquirindo estaria também desenvolvendo os outros ainda mais. É, pois, evidente que enquanto existe um nível de realização mínimo exigido para a Iniciação, alguns dos que são apresentados para ela podem ter conseguido muito mais do que isso em algumas linhas. Vemos, igualmente, que provavelmente haverá considerável variação no intervalo entre as Iniciações. Uma pessoa que recém tenha se tornado capaz de receber a

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primeira pode não obstante já possuir uma quantidade considerável das qualificações necessárias para a segunda, portanto o intervalo entre as duas será para ele incomumente curto. Por outro lado, um candidato que conseguiu força apenas suficiente em todas as direções para capacitá-lo a passar pela primeira teria que desenvolver lentamente em si mesmo todas as faculdades e conhecimentos adicionais necessários para a segunda, de forma que o intervalo provavelmente seria longo. A Oportunidade Atual

Agora entramos em um período da história mundial em que o progresso em todos os níveis de evolução pode ser muito rápido, porque a proximidade do Advento do Mestre do Mundo estabeleceu uma poderosa maré de pensamento e sentimento sobre coisas espirituais, todas na direção do progresso, que todos os que fizerem um esforço ao longo desta linha se vêem nadando a favor da corrente e avançando com facilidade. Isto se refere não só à corrente de pensamento e sentimento humanos; de fato, o pensamento humano é apenas uma pequena parte desta maré, pois os seres humanos que sabem alguma coisa definida sobre a proximidade do Advento são apenas uma minoria. O que conta mais são o pensamento e o sentimento tremendamente poderosos das vastas hostes de Anjos que conhecem o plano e que estão tentando de todas as maneiras promovê-lo. Um progresso tão rápido, contudo, provoca uma tensão bem considerável - uma coisa que poucos aspirantes compreendem o bastante. O estudante de Ocultismo que coloca diante de si a idéia de apressar seu desenvolvimento faria bem em lembrar que uma das necessidades é a boa saúde física. Ele deseja fazer em uma só vida o progresso que sob circunstâncias comuns seria distribuído ao longo de vinte ou mais, e como o trabalho que ele tem de realizar é o mesmo em ambos os casos (pois não se fez nenhuma redução em absoluto no nível de exigências para a Iniciação) é óbvio que ele deve trabalhar todos os seus veículos com muito mais empenho se deseja vencer. No plano físico é possível abreviar o período de estudo usualmente prescrito para qualquer exame, mas uma pessoa só pode fazê-lo impondo uma atividade muito maior ao seu cérebro, sua atenção, sua visão, seu poder de perseverança; e todos sabemos o quão fatalmente fácil é sobrecarregar-se em qualquer uma destas direções, e por conseguinte prejudicar seriamente nossa saúde física. Condições similares são encontradas também nos esforços para apressar a evolução espiritual; isso pode ser feito, e o tem sido, e é coisa muito boa para alguém fazer, sempre porém com esta advertência, de que ele deve evitar cuidadosamente a sobrecarga, pois senão irá atrasar seu desenvolvimento em vez de apressá-lo. Não basta ter boa saúde física no início da empreitada; é necessário também preservá-la até o final, pois o progresso em si mesmo não passa de um meio para um fim, e devemos tentar nos desenvolver não para que nos tornemos grandes e sábios, mas para que tenhamos o poder e o conhecimento para trabalhar pela humanidade com a máxima eficiência. Jamais devemos esquecer que o Ocultismo é acima de tudo a apoteose do bom senso.

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Jovens Iniciados

Daí que, exceto mui raramente, têm-se iniciado pessoas somente depois que seus corpos físicos chegaram à idade madura, e depois que elas provaram por suas atividades na vida que seus corações estão empenhados na obra do Logos. Durante os últimos anos, contudo, certos egos, cujos corpos ainda são jovens, têm recebido o privilégio da Iniciação, e entendemos que isso tem sido feito a fim de que quando o Senhor vier Ele possa encontrar um grupo de jovens obreiros prontos para serví-Lo. Em Sua chegada o Mestre do Mundo trará a maravilhosa consciência da Fraternidade, e quanto mais ajudantes vivendo em corpos físicos Ele puder reunir em Seu redor em qualquer local dado, mais Sua obra será facilitada. Ele pode usar os serviços de qualquer homem comum do mundo na medida da capacidade daquele homem, mas um que já é um discípulo aceito de um Mestre Lhe será em muitas direções de utilidade muito maior do que o homem do mundo jamais poderia ser, e de uma utilidade infinitamente maior seria alguém que já passou do portal da Iniciação e despertou todos os múltiplos elos que mantêm unidos os membros da Fraternidade. É sempre o ego quem é iniciado; a idade do corpo físico que acontece de ele estar usando em um dado momento tem pouco a ver com a situação. Em todos os casos quando se iniciam pessoas jovens, membros mais antigos da Fraternidade vivendo em sua proximidade ou em contato com eles no plano físico assumem a função de assistí-los e guiá-los. Isso é necessário, por causa da grande responsabilidade que a Iniciação traz junto com sua expansão de consciência e faculdades e poder adicionais. Uma ação errada ou um passo em falso de parte de um Iniciado envolve conseqüências kármicas maiores do que um ato similar de parte de alguém que não seja membro da Fraternidade. Portanto, talvez seja bom incluir aqui algumas instruções para estes jovens. Cada um deveria lembrar sempre que foi iniciado porque em vidas passadas, e talvez na atual, ajudou o mundo em determinado nível exigido, e espera-se que continue neste caminho e se torne um canal ainda mais amplo para a vida do Logos. É por causa da probabilidade de sua utilidade aumentada que ele é admitido na Iniciação, e na cerimônia ele faz os votos, não só como ego, mas também como Mônada, de que fará como obra de sua vida o derramar-se em bênçãos, assim como o Logos derrama Seu amor continuamente. Portanto, ele deve todos os dias e horas manter este voto em mente e subordinar todas as coisas a ele. Seu karma de vidas passadas lhe deu várias características e impulsos pessoais: ele deve cuidar de que eles não o levem a pensar em si mesmo e em seu próprio bem-estar mais do que no eu maior e no bem do mundo. Antes que possa iniciar o trabalho maior que o espera, o jovem Iniciado muitas vezes tem de se preparar através de um treinamento comum em uma escola e uma universidade. Neste caso ele será lançado em circunstâncias de vigorosa atividade e muitos interesses autocentrados. A vida o rodeia de muitas tentações, e com ocasiões que tenderão a fazê-lo esquecer de seu voto à Fraternidade. Em tudo isso ele deve manter uma atitude claramente definida, a de que ele está aqui em prol dos objetivos da Fraternidade. Nesta vida do

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mundo, em todas as ocasiões, seja de estudo, recreação ou diversão, ele deve manter definidamente o pensamento: "O que estou fazendo me tornará mais bem equipado para o trabalho do Mestre, ou um canal melhor para disseminar amor e felicidade?" Ele deve sempre lembrar que a Fraternidade é a demanda prioritária em seus serviços, e ele jamais deve se colocar em qualquer posição que lhe torne impossível cumprir este seu dever para com ela. Não se pretende que ele deva viver uma vida de eremita, mas ao mesmo tempo em que vive esta vida na sociedade, que lhe dará o crescimento que precisa, deve ele todo o tempo cuidar se ela o está tornando um canal maior para o Logos. Doravante para ele qualquer experiência, por mais agradável e inofensiva que seja, que não possa fazer dele um canal mais pleno para o Logos, ou lhe dar uma oportunidade de servir, é para ele desprovida de valor e constitui uma correspondente perda de tempo. Ele deve tentar tirar proveito de toda oportunidade de ajudar que puder divisar, e aprender as coisas que o tornarão útil. O Iniciado como Irmão de Todos Quando o discípulo dá o grande passo da Iniciação e se torna um membro da Fraternidade, ele se torna também, em um sentido muito maior e mais especial do que antes, o irmão de cada um dos seus semelhantes. Isso não significa que ele deve governar suas vidas e tentar guiá-los através da crítica. Não é assunto seu na vida criticar, mas encorajar; mas se ele vê razão para fazer qualquer sugestão, deve fazê-lo com o maior dos cuidados e cortesia. O mundo não vê os membros mais excelsos da Fraternidade, portanto só pode julgar aquela organização através dos membros novatos que entram em seu campo de visão. Isso é o que se quer dizer com a observação durante a Ordenação na Iniciação, de que o neófito tem em suas mãos a honra da Fraternidade. É seu dever derramar amor e bênção, de modo que todo lugar em que acontecer de ele estar seja mais feliz por causa de sua presença. Portanto, ele deve constantemente estar voltado para fora. Doravante não lhe interessa que julgamento o mundo dará sobre suas ações, mas apenas o julgamento que dá a Fraternidade. Se ele é popular ou impopular no mundo isso absolutamente não importa, se através de toda sua conduta ele permanecer leal aos ideais colocados diante dele. Alguns membros mais antigos da Fraternidade podem desejar usá-lo a qualquer momento, onde quer que esteja, e às vezes sem o seu conhecimento consciente, mas ele não poderá ser usado se, no momento em que for necessário, for encontrado pensando em seus próprios assuntos e voltado para dentro, e não para fora, para o mundo. Para ele a necessidade suprema é a construção do caráter, de modo que, quando o Mestre olhar para ele, o encontre pensando no bem do mundo, e não se este mundo está lhe dando felicidade ou miséria.

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CAPÍTULO 8: O EGO O Nascimento do Ego

A fim de que as etapas seguintes da Senda possam ser entendidas claramente, é necessário neste momento estudarmos o ego, e o modo como ele despertou e expressou seus poderes para levar a personalidade a uma harmonia consigo mesmo, e para atingir o plano búdico e perceber sua unidade com tudo o que vive. Em Man Visible and Invisible e em The Christian Creed publiquei um diagrama que reproduzo aqui, ilustrando as Três Efusões da Vida Divina em nosso esquema evolucionário. No topo do diagrama aparecem três círculos simbolizando os Três Aspectos do Logos, as Três Pessoas da Santíssima Trindade, e de cada um deles desce uma linha, cruzando em ângulo reto as linhas horizontais que significam os sete planos da Natureza. A que sai do círculo inferior (o Terceiro Aspecto) vai até a metade do diagrama, ficando mais grossa e escura à medida que desce, mostrando como o Espírito Santo vivifica a matéria dos vários planos, primeiro construindo seus respectivos átomos, e depois agregando estes átomos em elementos.

DIAGRAMA 2

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Nesta matéria assim vivificada chega a Segunda Efusão, a partir do círculo ilustrando Deus Filho, e a Vida Divina em que consiste esta Efusão modela a matéria em formas que pode habitar, e assim encarna e faz corpos ou veículos para si mesma. Em seu nível mais baixo de materialidade esta Vida anima o reino mineral, e à medida que o faz evoluir gradualmente se torna definida o bastante para animar o reino vegetal e, ainda mais tarde, o animal. Quando chega ao nível mais alto do reino animal ocorre uma mudança mui notável, e é introduzido um fator inteiramente novo - o da Terceira Efusão, que desce do círculo superior, o Primeiro Aspecto do Logos, comumente chamado de Deus Pai. Esta força que até então foi animante agora por sua vez se torna animada, e a nova força da Primeira Pessoa toma o que antes havia sido a alma do animal e verdadeiramente faza dela um corpo para si mesma, embora um corpo de matéria tão extraordinariamente refinada a ponto de ser completamente imperceptível para nossos sentidos físicos. Assim nasce o ego em seu corpo causal, e de imediato ele toma para si mesmo o resultado de todas as experiências que foram obtidas por aquela alma animal em todos os éons de seu desenvolvimento anterior, de modo que não se perde nada das qualidades que foram adquiridas no curso de sua evolução. A Mônada e o Ego O que é, então, esta maravilhosa força que emana do Aspecto mais elevado do Logos Solar de que temos conhecimento? Em verdade é a Vida do próprio Deus. Poderíamos dizer o mesmo sobre a Primeira e a Segunda Efusão. Isso é bem verdade, mas elas desceram lenta e gradualmente através de todos os subplanos, atraindo em seu redor a matéria de cada um deles, e mesclando-se tão profundamente a eles que dificilmente fica possível distinguí-las pelo que são, e reconhecê-las de qualquer forma como Vida Divina. Mas esta Terceira Efusão fulgura diretamente a partir de sua fonte sem misturar-se de modo algum na matéria intermédia. É a pura luz branca, impoluta por qualquer coisa pela qual tenha passado. Embora em prol da clareza nosso diagrama mostre esta Terceira Efusão da Vida Divina como vindo diretamente do Logos, na verdade ela partiu d'Ele há muito tempo atrás, e ficou pairando em um ponto intermediário no segundo de nossos planos. Quando paira neste nível ela é chamada de Mônada, e talvez a maneira menos enganosa em que possamos imaginá-la seja pensarmos nela como uma parte de Deus - uma parte, porém uma parte d'Aquilo que não pode ser dividido - um verdadeiro paradoxo para o nosso intelecto mortal, porém guardando uma verdade eterna que está muito além de nossa compreensão. O método geral desta descida do Espírito na matéria parece ser sempre o mesmo, embora as condições diferentes dos vários planos naturalmente produzam muitas variações nos detalhes. O próprio Logos faz descer a Mônada - um pequeno fragmento de Si mesmo - até um nível muito abaixo do Seu; é claro que tal descida deve significar uma seriíssima limitação, embora a Mônada permaneça muito acima do alcance máximo de nossa consciência para poder ser descrita ou entendida. Exatamente da mesma maneira a

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Mônada faz descer um pequeno fragmento de Si mesma que se torna o ego, e também neste caso a limitação aumenta enormemente. A mesmíssima coisa acontece mais uma vez quando o ego repete a operação e projeta uma diminuta porção de si mesmo nos corpos mental, astral e físico do homem - um fragmento que chamamos de personalidade. Este minúsculo e derradeiro fragmento é o ponto de consciência que aqueles de nós que são clarividentes podem ver se movendo no interior do homem. De acordo com um sistema de simbolismo ele é visto como "o homem dourado do tamanho de um polegar" que vive no coração, mas muitos de nós o vêem antes sob a forma de uma estrela. Creio que eu mesmo o vi sempre como uma brilhante estrela de luz. Uma pessoa pode manter esta estrela de consciência onde quiser - isto é, em qualquer um dos sete centros principais do corpo. Qual deles será o mais natural para cada pessoa depende largamente do seu Raio, e imagino que também de sua Raça e Sub-raça. Os que pertencem à quinta Sub-raça da quinta Raça Raiz quase sempre mantêm esta consciência no cérebro, no centro associado à glândula pituitária. Há, contudo, pessoas das outras raças a quem é mais natural mantê-la habitualmente no coração, na garganta ou no plexo solar. Esta estrela de consciência é a representante do ego aqui nestes planos inferiores, e aquilo que ela manifesta através destes veículos chamamos de personalidade, e esta é a pessoa como ela é conhecida aqui embaixo pelos seus amigos. A Comunicação com a Personalidade Mas embora esta personalidade seja indiscutivelmente uma parte do ego - embora a única vida e poder nela sejam os do ego - não obstante ela freqüentemente esquece estes fatos, e vem a considerar a si mesma como uma entidade inteiramente separada, e atua aqui embaixo com seus próprios objetivos. Ela sempre mantém uma linha de comunicação com o ego (muitas vezes chamada em nossos livros de antahkarana), mas em geral ela não faz esforço algum para usá-la. No caso das pessoas comuns que jamais estudaram estes assuntos, a personalidade, para todos os propósitos e fins, é o homem, e o ego se manifesta apenas mui rara e parcialmente. A evolução do homem em seus primeiros estágios consiste na abertura desta linha de comunicação, de modo que o ego possa ser cada vez mais capaz de afirmar-se através dela e finalmente dominar a personalidade por inteiro, para que ela não tenha nenhum pensamento ou vontade separados, mas seja meramente (como deveria ser) uma expressão do ego nestes planos inferiores. Deve ser entendido, é claro, que o ego, pertencendo como pertence a um plano bem superior, jamais pode se expressar completamente aqui embaixo; o máximo que ele pode esperar é que a personalidade não contenha nada que o ego não deseje - que ela expresse dele tudo o que pode ser expresso neste mundo inferior.

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O homem absolutamente destreinado não tem praticamente nenhuma comunicação com o ego; o Iniciado tem comunicação plena; conseqüentemente vemos (como seria de esperar) que entre nós há homens em todos os estágios entre estes dois extremos. Devemos lembrar que o próprio ego está também ele ainda em desenvolvimento, e que, portanto, temos de lidar com egos em vários estágios de progresso. Em todos os casos um ego é de todas as formas uma coisa enormemente maior do que uma personalidade jamais poderia ser. Porém, como dissemos, sendo ele apenas um fragmento da Mônada, é mesmo assim completo como um ego em seu corpo causal, mesmo quando seus poderes não estão desenvolvidos, donde se conclui que na personalidade existe apenas um toque de sua vida. Também é verdade que a vida no seu nível é infinitamente mais vasta e mais vívida do que o que conhecemos como vida aqui embaixo. Assim como para a personalidade a evolução consiste em aprender a expressar o ego mais plenamente, para o ego, igualmente, evoluir é aprender a expressar a Mônada mais plenamente. Uma personalidade subdesenvolvida esquece tudo sobre sua ligação com o ego, e sente a si mesma como perfeitamente independente. Dificilmente poderia ser possível para um ego, em seu nível muito superior, não estar consciente de seu elo com a Mônada; certamente alguns egos estão muito mais despertos para as necessidades de sua evolução do que outros - o que é apenas um outro modo de dizer que há egos velhos e egos jovens, e que os velhos estão tentando com mais empenho do que os jovens desdobrar suas possibilidades latentes. Em seu Próprio Mundo Somos propensos a pensar que o único desenvolvimento possível para o ego seja através da personalidade, mas não é assim - ou, antes, isso vale apenas em relação a um pequeno conjunto de qualidades. Como expliquei detalhadamente em Man Visible and Invisible, o corpo causal de um selvagem é quase incolor. Como no processo de sua evolução ele desenvolve boas qualidades que podem encontrar vibrações correspondentes na matéria do corpo causal, as cores expressivas destas qualidades começam a se mostrar, e logo o corpo causal, em vez de ser vazio, fica cheio de uma vida ativamente pulsante. O ego pode agora manifestar tanto mais de si através dele que o corpo causal tem de crescer enormemente em tamanho; ele se estende mais e mais a partir de seu centro físico, até que a pessoa se torna capaz de englobar centenas ou mesmo milhares de pessoas dentro de si mesma, e assim exercer uma vasta influência para o bem. Mas tudo isso, por maravilhoso que seja, é apenas um lado de seu desenvolvimento. Ele tem linhas bem outras de progresso, sobre as quais não sabemos nada aqui embaixo; ele está vivendo uma vida própria entre seus pares, entre os grandes Arupadevas, entre todos os tipos de Anjos esplêndidos, em um mundo muito além de nosso alcance. O ego jovem provavelmente esteja ainda pouco desperto para toda esta vida gloriosa, assim como um bebê de colo conhece pouco dos interesses do mundo que o rodeia; mas à medida que sua consciência gradualmente se desdobra, ele desperta

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para toda esta magnificência, e se torna fascinando por sua vivacidade e beleza. Ao mesmo tempo ele próprio vai se tornando um objeto glorioso, e nos dá pela primeira vez uma idéia do que Deus pretende que o homem seja. Entre tais seres os pensamentos já não assumem uma forma e flutuam pelo ambiente como nos níveis inferiores, mas são transmitidos de um para outro como lampejos fulgurantes. Aqui não temos veículos recém-adquiridos, gradualmente sendo controlados e aprendendo por etapas a expressar mais ou menos vagamente a alma em seu interior, mas estamos em face de um corpo mais antigo que as colinas, uma verdadeira expressão da Glória Divina que está sempre por trás dele, e reluz mais e mais através dele no gradual desdobramento de seus poderes. Aqui já não lidamos com formas externas, mas vemos as coisas em si mesmas, a realidade que jaz por trás da expressão imperfeita. Aqui causa e efeito são uma mesma coisa, claramente visíveis em sua unidade, como os dois lados de uma mesma moeda. Aqui deixamos o concreto pelo abstrato; já não temos a multiplicidade das formas, mas sim a idéia que jaz por trás de todas as formas. Aqui fica acessível a essência de tudo; já não estudamos detalhes; já não discutimos em torno de um assunto ou tentamos explicá-lo; tomamos a essência da idéia do assunto e lidamos com ela em bloco, assim como se pode mover uma peça num jogo de xadrez. O que aqui embaixo seria todo um sistema de filosofia, precisando de muitos volumes para explicá-lo, lá é um único objeto definido - um pensamento que pode ser manipulado como quando uma pessoa lança uma carta sobre a mesa. Uma ópera ou um oratório, que aqui ocupariam uma orquestra completa para muitas horas de execução, lá é um único e poderoso acorde; os métodos de toda uma escola de pintura são condensados em uma única idéia magnífica; e idéias como estas são as unidades intelectuais que são usadas pelos egos em suas conversas entre si. Não é fácil explicar em palavras físicas as diferenças existentes entre os egos, uma vez que todos eles são de muitas maneiras muito maiores do que qualquer coisa a que estejamos acostumados aqui embaixo. Analogias são notoriamente enganosas se levadas longe demais ou tomadas muito literalmente, mas talvez eu possa transmitir algum pálido reflexo da impressão produzida em mim ao lidar com eles, se eu disser que um ego avançado me relembra um embaixador dignificado, augusto e extremamente cortês, cheio de sabedoria e amabilidade, ao passo que o homem menos desenvolvido tem mais o tipo de um fidalgo rural brincalhão e caloroso. Um ego que já esteja na Senda e se aproximando do Adeptado tem muito em comum com os grandes Anjos, e irradia influências espirituais de um poder prodigioso. Seu Interesse na Personalidade

Podemos nos admirar, então, que o ego se lance energicamente no torvelinho de intensa atividade de seu próprio plano, e que isso lhe pareça imensamente mais interessante e importante do que as vagas e distantes lutas de uma personalidade tolhida e semiformada, velada na densa obscuridade de um mundo inferior?

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Há pouco interesse para o ego na vida física comum do homem do mundo, e é só ocasionalmente que acontece algo de real importância, que possa por um momento atrair sua atenção e disso ele extrair tudo o que valha a pena. O homem comum vive fragmentariamente; mais do que a metade do tempo ele não está de modo algum consciente para a vida real e superior. Alguns de nós ficamos inclinados a lamentar por nossos egos tomarem tão pouco conhecimento de nós, mas pergunto: o quanto nós mesmos nos interessamos por eles? Quantas vezes, por exemplo, em qualquer dia dado, teremos alguma vez pensado no ego? Se desejamos atrair sua atenção devemos tornar a personalidade útil para ele. Assim que começarmos a devotar a maior parte de nosso pensamento às coisas superiores (e isso é o mesmo que dizer assim que começarmos a viver realmente), o ego provavelmente prestará um pouco mais de atenção em nós. O ego sabe que certas partes necessárias de sua evolução só podem ser atingidas através da personalidade, e em seus corpos mental, astral e físico; ele sabe, portanto, que em algum momento deverá fazer isso, deverá tomá-la em suas mãos e controlá-la. Mas podemos muito bem entender que esta tarefa pode muitas vezes parecer pouco convidativa, que uma dada personalidade pode parecer qualquer coisa, menos atraente ou promissora. Se observarmos muitas personalidades ao nosso redor - com seus corpos envenenados pela carne, álcool e tabaco, com seus corpos astrais enegrecidos pela cobiça e sensualidade, e seus corpos mentais não tendo outros interesses além de negócios, ou talvez corridas de cavalos ou lutas de boxeadores - não é difícil vermos o motivo pelo qual um ego, observando isso de suas excelsas alturas, possa decidir protelar seus esforços mais sérios para uma outra encarnação, na esperança de que o próximo conjunto de veículos possa ser mais suscetível de influência do que aqueles em que seu olhar horrorizado pousou. Podemos imaginá-lo dizendo a si mesmo: "Não posso fazer nada com isso; espero que da próxima vez eu consiga algo melhor; dificilmente será pior, e enquanto isso tenho coisas muito mais importantes a fazer aqui em cima". Uma coisa semelhante freqüentemente acontece nos primeiros estágios de uma nova encarnação. Desde o nascimento da criança o ego paira sobre ela, e em alguns casos ele começa a tentar influenciar seu desenvolvimento enquanto ela ainda é muito jovem. Como regra geral ele lhe dá mui pouca atenção até em torno da idade de sete anos, altura em que o trabalho do elemental kármico já deve ter praticamente acabado. As crianças diferem tanto que não surpreende descobrirmos que a relação entre os egos e as personalidades envolvidas também diferem largamente. Algumas personalidades infantis são vivazes e responsivas, algumas são embotadas e medíocres; quando estas últimas características são proeminentes o ego freqüentemente retira temporariamente seu interesse, esperando que à medida que o corpo infantil cresça ele possa se tornar mais esperto ou mais responsivo. Tal decisão pode nos parecer pouco sábia, porque se o ego negligencia sua atual personalidade é improvável que a próxima seja melhor, e se ele permite que o corpo infantil se desenvolva sem a sua influência, as qualidades indesejáveis que se manifestaram podem mui possivelmente ficar mais fortes

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em vez de desaparecer. Mas dificilmente estamos em posição de julgar, uma vez que nosso conhecimento do problema é muito imperfeito, e não podemos saber nada dos assuntos superiores a que ele está se devotando. Daí que se percebe o quão impossível é julgar com qualquer precisão a posição evolutiva de qualquer pessoa a quem só vemos no plano físico. Em certa situação causas kármicas podem ter produzido uma personalidade bem atraente, mas tendo um ego de avanço apenas moderado por trás, enquanto que em outro caso aquelas causas podem ter dado origem a uma personalidade inferior ou defeituosa que pertence a um ego comparativamente avançado. Uma boa ilustração disso aparece entre as histórias da vida do Senhor Buda. Um dia um homem chegou-se a Ele, como as pessoas com problemas costumavam fazer, e Lhe disse que tinha grande dificuldade com sua meditação, que mal conseguia praticá-la. Então o Buda lhe disse que havia uma razão muito simples para isso - que em uma vida anterior ele havia tolamente mantido hábito de incomodar certo homem santo e perturbar suas meditações. Mesmo assim aquele homem pode ter sido um ego muito mais avançado do que seus companheiros cujas meditações eram bem feitas. Quando o ego realmente decide dirigir toda a força de sua energia sobre a personalidade, a mudança que ele pode produzir é maravilhosa. Ninguém que não tenha investigado pessoalmente o assunto pode imaginar quão maravilhosa, quão rápida, quão radical tal mudança pode ser quando as condições são favoráveis - isto é, quando o ego é razoavelmente forte e a personalidade não é incuravelmente viciosa - e mais especialmente quando a própria personalidade faz, por sua conta, um esforço determinado para se tornar uma expressão perfeita do ego e tornar-se atraente para ele. A Atitude da Personalidade

A dificuldade deste assunto é muito aumentada pelo fato de que nos é necessário considerá-lo de dois pontos de vista simultaneamente. A maioria de nós aqui em baixo somos mui enfaticamente personalidades, e pensamos e agimos quase exclusivamente como tais; porém todo o tempo sabemos que na realidade somos egos, e aqueles de nós que, por muitos anos de meditação, se tornaram mais sensíveis a influências mais sutis, são muitas vezes conscientes da intervenção de seus Eus Superiores. Quanto mais pudermos criar o hábito de nos identificarmos com o ego, mais clara e sadiamente consideraremos os problemas da vida; mas enquanto nos sentimos ainda como personalidades, olhando para cima para nossos Eus Superiores, obviamente é nosso dever e de nosso interesse nos abrirmos para eles, tentarmos alcançá-los, e estabelecermos em nós mesmos vibrações tais que lhes sejam úteis. Pelo menos nos certifiquemos de não nos atravessarmos no caminho do ego, e sim de fazermos sempre o melhor para ele de acordo com as nossas luzes. Uma vez que o egoísmo é a intensificação da personalidade, nosso primeiro passo deve ser eliminá-lo. Então devemos manter nossas mentes cheias de altos pensamentos, pois se elas estão ocupadas continuamente de assuntos inferiores (mesmo que eles possam ser muito apreciáveis a seu próprio modo), o ego não poderá usá-los prontamente como canais de expressão. Quando

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fizermos uma tentativa de esforço, e quando ele colocar em nós seu dedo exploratório, recebamo-lo com entusiasmo e nos apressemos em obedecer suas instâncias, para que ele possa tomar posse de nossas mentes cada vez mais, e assim entrar na posse de sua herança até onde diz respeito a estes planos inferiores. Desta forma nos conduziremos cada vez mais para perto da meta que desejamos atingir, assim colocaremos nosso pé na Senda que conduz diretamente à primeira Iniciação, onde os eus inferior e Superior se tornam um só, ou, antes, o maior absorve o menor, de modo que não haja nada na personalidade que não seja uma representação do ego, sendo o inferior agora apenas uma expressão do superior. A personalidade pode ter tido muitas qualidades próprias desagradáveis, como inveja, raiva e depressão, mas elas todas terão sido expulsas, e agora ela meramente reproduz o que vem de cima. Tendo o ego levado o eu inferior a uma harmonia consigo mesmo, agora ele se dirige para cima, para o plano búdico, o plano da unidade. É só deste modo que o homem pode começar a despir-se das ilusões do eu que ficam no caminho de seu progresso ulterior, e é por isso que é necessária a experiência búdica na primeira Iniciação, se ela não tiver ocorrido antes. Em muitos casos ela veio mais cedo, porque as emoções superiores, mostrando-se no corpo astral, terão se refletido no veículo búdico e o terão estimulado, e, por conseguinte, já antes da Iniciação ele terá despertado um pouco. A Percepção da Unidade Tudo o que vive é realmente uno, e é o dever daqueles que entram na Fraternidade saber disso como um fato. Somos ensinados que o Eu é um só, e tentamos entender o que isso significa; mas é uma coisa muito diferente quando vemos isso por nós mesmos, como faz o candidato quando entra no plano búdico. É como se na vida física estivéssemos cada um vivendo no fundo de um poço, de onde poderíamos olhar para o alto e ver a luz do mundo acima; e assim como a luz brilha sobre as profundezas de muitos poços, e permanece sendo a mesma e única luz, o mesmo se dá quanto à Luz do Um que ilumina as trevas de nossos corações. O Iniciado saiu do poço da personalidade, e vê que a luz que ele pensava ser ele mesmo é na verdade a Luz Infinita de tudo. Vivendo no corpo causal, o ego já reconheceu a Consciência Divina em tudo; quando ele olha para outro ego, sua consciência se alça para reconhecer o Divino nele. Mas no plano búdico ele já não se ergue para saudá-lo a partir de fora, pois ele já está aninhado dentro do seu próprio coração. Ele é aquela outra consciência, e aquela outra consciência é a sua. Já não existem o "tu" e o "eu", pois ambos são um só - facetas de algo que transcende e ainda inclui a ambos. Porém em todo este estranho avanço não há nenhuma perda do senso de individualidade, mesmo que haja uma completa perda do sentimento de separação. Isso parece um paradoxo, porém ainda é obviamente verdadeiro. O homem lembra de tudo o que está atrás de si. Ele é ele mesmo, o mesmo homem que fez esta ou aquela ação no passado distante. Ele não mudou de forma alguma, exceto que agora ele é muito mais do que era antes, e sente

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que inclui em si mesmo também muitas outras manifestações. Se aqui e agora cem de nós pudessem ao mesmo tempo elevar suas consciências até o mundo intuicional, seriam todos uma só consciência, mas para cada pessoa ela pareceria ser a sua consciência, absolutamente inalterada, salvo que agora ela incluiria a de todos os outros também. Para cada um isso pareceria como se tivesse absorvido ou incluído todos os outros, de forma que ali estamos manifestamente em presença de uma espécie de ilusão, e uma percepção um pouco além torna claro para nós que todos nós somos facetas de uma consciência maior, e o que até então pensamos ser as nossas qualidades, nosso intelecto, nossas energias, todo o tempo foram as Suas qualidades, o Seu intelecto, a Sua energia. Teremos chegado à compreensão factual da antiga fórmula: "Tu és Aquilo". Uma coisa é falar sobre isso aqui embaixo e compreendê-la, ou pensarmos que a compreendemos, intelectualmente; mas coisa bem diversa é entrarmos naquele mundo maravilhoso e sabermos com uma certeza que jamais poderá ser abalada. Quando esta consciência búdica impressiona plenamente o cérebro físico, ela confere um valor novo para todos os atos e relações da vida. Já não olhamos para nenhuma pessoa ou objeto, não importa com que grau de amabilidade ou simpatia; simplesmente nós somos aquela pessoa ou objeto, e os conhecemos como conhecemos o pensamento de nosso próprio cérebro ou o movimento de nossa própria mão. Apreciamos as suas motivações como se fossem as nossas, e mesmo que possamos entender perfeitamente aquela outra parte de nós mesmos, possuindo mais conhecimento ou um ponto de vista diferente, poderíamos agir de forma bem outra. Porém não devemos supor que quando alguém entra na subdivisão inferior do mundo intuicional ele de imediato se torne plenamente cônscio de sua unidade com tudo o que vive. A perfeição deste sentimento só vem como resultado de muito trabalho e tribulação, quando ele tiver chegado à mais elevada subdivisão deste reino de unidade. Entrar completamente neste plano é experimentar uma enorme expansão de consciência, é entender a si mesmo como uno com muitos outros; mas antes há um tempo de esforço, de autodesenvolvimento, análogo naquele nível ao que nós aqui embaixo despendemos quando, através da meditação, tentamos abrir nossas consciências ao plano que nos está acima. O aspirante deve abrir seu caminho passo a passo, subplano após subplano, pois mesmo naquele nível é necessário esforço se há de acontecer progresso. Tendo passado a primeira Iniciação e entrado conscientemente no plano búdico, apresenta-se diante do candidato este trabalho de desenvolver a si mesmo em subplano após subplano, a fim de que ele possa livrar-se das três grandes cadeias, como são tecnicamente chamadas, que estorvam seu futuro progresso. Agora ele está definitivamente na Senda da Santidade, e é descrito no sistema Budista como Sottapatti ou Sohan, "aquele que entrou na corrente", enquanto que entre os Hindus ele é chamado de Parivrajaka, que significa "o peregrino", ou alguém que sente já não ter morada ou refúgio em nenhum destes três mundos inferiores.

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CAPÍTULO 9: A SEGUNDA E A TERCEIRA INICIAÇÃO As Três Primeiras Cadeias

O candidato que passou a primeira Iniciação entrou definitivamente na Senda propriamente dita - a Senda que conduz ao Adeptado, ao portal que leva para fora do reino humano e para dentro do Super-humano. Olhando esta Senda daqui de baixo, poderíamos nos admirar que o aspirante não esteja exausto depois de sua labuta preparatória para a primeira Iniciação, que ele não recue desencorajado pelas vertiginosas alturas que vê se erguendo diante dele na interminável Senda sempre ascendente. Mas ele bebeu da fonte da vida, e sua força é como a força de dez porque seu coração é puro, e a glória do ideal da humanidade, que ele vê com clareza sempre maior, para ele tem um poder de atração e inspiração que nenhum estímulo ou interesse materiais jamais podem igualar. O primeiro estágio de sua jornada termina na segunda Iniciação, ao conseguir livrar-se das três Samyojana ou cadeias, que são: Sakkayaditthi - a ilusão do eu Vichikichchha - dúvida ou incerteza Silabbataparamasa - superstição A primeira delas é a consciência "eu sou eu", que, sendo associada à personalidade, não passa de uma ilusão, e deve ser afastada no primeiríssimo passo do verdadeiro caminho ascendente. Mas eliminar completamente esta cadeia significa ainda mais do que isso, pois envolve a percepção do fato de que também a individualidade é, na mais pura verdade, una com tudo, que ele portanto jamais pode ter qualquer interesse contrário aos de seus irmãos, e que ele mais verdadeiramente progride quando mais auxilia o progresso dos outros. Sobre a segunda cadeia é necessária uma palavra de advertência. As pessoas que foram treinadas nos hábitos de pensamento europeus estão, infelizmente, tão familiarizadas com a idéia de que pode ser exigida de um discípulo de qualquer religião ou escola ou seita uma adesão cega e irracional a certos dogmas, que, ao ouvirem que no Ocultismo a dúvida é considerada um obstáculo ao progresso, igualmente ficam propensas a supor que esta Senda também exige de seus seguidores a mesma fé sem questionamentos exigida por muitas superstições modernas. Nenhuma idéia poderia ser mais falsa. É verdade que a dúvida (ou antes a incerteza) sobre alguns pontos é um entrave para o progresso espiritual, mas o antídoto para esta dúvida não é a fé cega (que em si mesma é considerada também uma cadeia, como logo veremos), mas sim a certeza da convicção fundamentada na experiência individual ou no raciocínio matemático. Enquanto uma criança duvidar da exatidão da tabuada ela dificilmente adquirirá proficiência nas matemáticas superiores, mas suas dúvidas podem ser satisfatoriamente esclarecidas

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apenas com sua conquista da compreensão, baseada no raciocínio ou na experiência, de que as declarações contidas na tabuada são verdadeiras. Ela acredita que dois vezes dois é quatro, não meramente porque lhe disseram, mas porque isso se tornou para ela um fato auto-evidente. E exatamente este é o método, e o único método, de dirimir as dúvidas relacionadas ao Ocultismo. Vichikichchha tem sido definida como a dúvida sobre a doutrina do karma e da reencarnação, e sobre a eficácia do método de obtenção do bem supremo através desta Senda de Santidade; mas o conhecimento destas coisas também traz consigo uma vívida percepção de que o mundo é a escola de Deus para o homem, e que Seu plano é a evolução da vida imortal através das formas perecíveis, e que este plano é maravilhoso e benéfico em todas as suas partes. Assim que ele elimina esta segunda cadeia o Iniciado chega a uma certeza absoluta, baseada ou no conhecimento pessoal de primeira-mão ou na razão, de que o ensinamento oculto sobre estes pontos é verídico. A terceira cadeia, superstição, tem sido descrita como incluindo todos os tipos de crenças irracionais ou errôneas, e toda a dependência de ritos e cerimônias exteriores para purificar o coração. Ele vê que todos os métodos de ajuda oferecidos a nós pelas grandes religiões - preces, sacramentos, peregrinações, jejuns e a observação de múltiplos ritos e cerimônias - são uma ajuda e nada mais, que o homem sábio adotará os que considerar de utilidade para ele, mas jamais se apegará a nenhum deles como único suficiente para a salvação. Ele sabe definitivamente que a libertação deve ser buscada dentro de si mesmo, e que por maior valor que estas ajudas possam ter no desenvolvimento de sua vontade, sua sabedoria e seu amor, jamais porém tomarão o lugar do esforço pessoal, através do qual somente ele pode ter sucesso. O homem que eliminou esta cadeia compreende que não existe nenhuma forma de religião que seja imprescindível para todas as pessoas igualmente, mas que através de qualquer uma e de todas, e mesmo fora delas, pode ser encontrado o caminho para o mais alto. Estas três cadeias estão numa ordem coerente. Sendo plenamente entendida a diferença entre a individualidade e a personalidade, é então possível em alguma extensão apreciar o verdadeiro curso da reencarnação, e assim dissipar toda dúvida sobre este assunto. Feito isso, o conhecimento da permanência espiritual do ego verdadeiro traz confiança em sua própria força espiritual, e assim afugenta a superstição. Subdivisões dos Estágios Cada estágio na Senda propriamente dita é dividido em quatro degraus. O primeiro é seu Maggo ou caminho, durante o qual o estudante tenta eliminar as cadeias. O segundo é seu Phala, literalmente fruto ou resultado, quando o homem vê o resultado de seus esforços se mostrando mais e mais. Em terceiro vem sua Bhavagga ou consumação, o período em que, tendo culminado o resultado, ele é capaz de cumprir satisfatoriamente o trabalho pertencente ao degrau onde ele agora se apóia firmemente. O quarto é seu Gotrabhu, que significa o tempo quando ele chega a uma condição preparada para receber a Iniciação seguinte.

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Para que o candidato possa se tornar Gotrabhu, vemos que é absolutamente essencial uma inteira e completa liberdade das cadeias relativas a este estágio da Senda. Antes que o homem possa avançar para a segunda Iniciação, o Iniciador escolhido pelo Rei solicita evidências de como o candidato tem usado os poderes adquiridos por ele na primeira Iniciação, e uma das mais belas características da cerimônia é a parte quando aqueles que foram ajudados pelo candidato se apresentam para dar seu testemunho. Também é uma exigência para esta Iniciação que o candidato tenha desenvolvido o poder de atuar livremente em seu corpo mental, pois embora a cerimônia da primeira Iniciação seja realizada no plano astral, a da segunda tem lugar no plano mental inferior. Pode parecer difícil harmonizar esta declaração com o fato de que as Iniciações são descritas como ocorrendo em certo salão ou jardim, mas realmente não há nenhuma discrepância. Se o Senhor Maitreya atua como Iniciador, a cerimônia usualmente é realizada ou em Seu jardim ou em Seu grande salão. Ele mesmo está presente em Seu corpo físico, e o mesmo, em muitos casos, quanto ao Senhor Manu Vaivasvata, que vive ali perto. Todos os outros presentes ordinariamente estão em seus veículos astrais, no caso da primeira Iniciação, mas em seus corpos mentais no caso da segunda. Os Grandes Seres presentes focalizam Suas consciências com perfeita facilidade em qualquer nível necessário, mas é claro que existe nos planos astral e mental uma perfeita contraparte de tudo que existe no físico, de modo que os relatos apresentados são perfeitamente corretos, e as posições assumidas em relação aos objetos físicos são exatamente as descritas. Relato de uma Segunda Iniciação Seguindo o esquema dos capítulos anteriores, mais uma vez dou um relato da cerimônia. Foi recebida a notícia de que haveria uma grande reunião de Adeptos na casa do Senhor Maitreya na noite da lua cheia do mês de Chaitra, e que seria tirado proveito da ocorrência desta augusta assembléia para admitir-se alguns candidatos à Iniciação Sakridagamin logo após, quando fosse conveniente. O Mestre Morya desejava que os guardiães dos jovens se apresentassem não mais tarde do que as dez horas. Nesta noite muitos amigos da Índia estavam por ali, e quando os candidatos e seus guardiães foram para a casa do Mestre Kuthumi, eles os seguiram discretamente e aguardaram a uma distância respeitosa. Logo depois que eles chegaram à casa, entrou o Mestre Morya. Os dois Mestres saíram quase imediatamente para a casa do Senhor Maitreya, seguidos dos discípulos, que permaneceram no jardim enquanto os Mestres entravam na casa. Este jardim fica em uma encosta sul dos Himalaias, sobranceira a uma vasta extensão das planícies da Índia, que se estende até o horizonte longínquo. Ele é abrigado, estando em uma reentrância, e é protegido por trás por um pinhal que continua para a direita. Além desta mata, e um pouco ao leste, fica a antiqüíssima casa de pedra, com uma larga varanda com colunas, onde mora o Manu da Raça, o grande Senhor Vaivasvata. O jardim do Senhor Maitreya

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estava inundado com a argêntea luz da lua cheia, que caía sobre as grandes touceiras de rododendros e as flores primaveris em plena florada, e brilhava de modo deslumbrante sobre o assento marmóreo que fica em torno à grande árvore, o lugar de repouso favorito do Senhor Maitreya, onde Ele agora assumiu Seu posto ao sair da casa. Os Mestres Se agruparam em um semicírculo no terraço gramado logo abaixo do Seu assento, tomando Seus lugares à Sua direita e esquerda. Um degrau abaixo, no terraço, ficaram os dois candidatos, entre os dois Mestres que os apresentavam - o Mestre Kuthumi e o Mestre Djwal Kul. Por trás d'Eles se postaram os guardiães indicados no mundo físico dos jovens candidatos. O Manu sentou-Se um pouco atrás, à destra do Bodhisattva, e então refulgiu acima d'Eles a gloriosa figura do Senhor Gautama Buda, que em Sua última vida terrena havia aceitado destes candidatos "o Voto que jamais pode ser quebrado", e agora dava Sua bênção todo-poderosa a eles no passo que ambos estavam por dar. Perto d'Ele estava o Mahachohan, o Líder dos cinco Raios, e entre Eles e um pouco acima brilhou, mais tarde, em resposta à invocação solene do Bodhisattva, a Estrela Resplandecente do Iniciador Único, o poderoso Rei da Hierarquia Oculta, o Senhor do Mundo. Assim estava formosamente arranjada esta cerimônia da Iniciação. O Mestre Kuthumi e o Mestre Djwal Kul conduziram os dois candidatos um passo à frente, e o Bodhisattva perguntou:

"Quem são estes que trazeis agora para diante de mim?" O Mestre Kuthumi replicou:

"Estes são dois irmãos que, tendo eliminado as cadeias da separatividade, da dúvida e da superstição, e tendo colhido e demonstrado o resultado de seus trabalhos, agora desejam entrar na Senda do Sakridagamin. Eu os apresento como Gotrabhu".

O Senhor Maitreya perguntou:

"Continuarás a guiar estes Irmãos ao longo da Senda que eles buscam entrar?"

O Mestre respondeu:

"Sim, continuarei". O Senhor disse:

"Nossa regra requer que dois dos Irmãos mais avançados afiancem cada candidato que se apresente para a segunda Senda. Algum outro Irmão apóia sua solicitação?"

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O Mestre Djwal Kul respondeu:

"Eu apóio". O Senhor disse, dirigindo-Se aos guardiães:

"Vós, como dois Irmãos vivendo no mundo externo, assumistes o encargo do mais jovem destes candidatos. Vós tendes experiência em vosso dever aceito como guardiães; desejais, como o corpo é ainda de tenra idade, perseverar nesta guarda e ajudá-lo enquanto ele trilhar a segunda Senda?"

Eles responderam:

"Desejamos, e nos alegramos em fazê-lo". O Senhor perguntou:

"Vosso amor por ele ainda é tão forte de modo que o trabalho seja agradável e fácil?"

Eles responderam:

"Nosso amor por ele é ainda mais profundo do que quando iniciamos nossa feliz tarefa; ele é fácil de guiar e ávido por aprender".

O Senhor disse ao candidato mais jovem:

"E teu coração é também cheio de amor por estes dois Irmãos, e continuarás alegremente a te submeteres à sua orientação, não permitindo que nada se interponha entre teu coração e o deles?"

Ele respondeu:

"Eu o farei alegremente, pois amo-os com ternura, e sou-lhes grato por seus cuidados".

O Senhor disse aos dois candidatos:

"Desejais entrar na Senda do Sakridagamin?" Eles responderam:

"Assim o desejamos, se estamos prontos para tal". O Bodhisattva disse:

"Visto ser o costume imemorial desta Fraternidade que, quando se apresentam candidatos para cada Iniciação sucessiva, perguntemos como eles têm usado os poderes previamente conferidos a eles, e como

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um poder só é um poder quando é usado para ajudar os outros, pergunto, pois, quem testemunhará pelos serviços prestados por estes candidatos desde a última vez que estiveram diante de nós e foram admitidos à Fraternidade, que trabalho definido de ensino realizaram? A quem eles ajudaram?"

Assim que as solenes palavras ecoaram pelo ar em torno, parecendo ter ressoado pelo mundo inteiro numa invocação, uma grande multidão de testemunhas acorreu dos quatro cantos, e pairou silenciosa, contemplando com olhos amorosos e agradecidos os candidatos que estavam no centro. O Mestre Kuthumi falou:

"Estes são aqueles que, de muitas nações e de muitas terras, têm recebido, destes meus dois discípulos, luz, força e conforto. Dos lábios de meu filho mais velho minha mensagem chegou a muitos milhares, e ele tem trabalhado incessantemente para trazer a luz para os que estão nas trevas; eles estão aqui para dar testemunho. Ele também escreveu um livro e muitos artigos que permanecem como evidência de seu trabalho amoroso pelos outros. Meu filho mais jovem" - sorriu com ternura o Mestre - "ainda é jovem de corpo para trabalho público, mas escreveu um pequeno livro que dá a outros o ensinamento que eu lhe dei, e dezenas de milhares o amam como seu guia até nós: também estes estão aqui, prontos para dar testemunho".

E muitas vozes exclamaram: "Damos nosso testemunho", e todo o ar pareceu encher-se de vozes, tão numerosos eram os testemunhos. E o sorriso do Bodhisattva ficou mais doce, além de toda descrição, à medida que Ele, o Salvador do mundo, ouvia a resposta que havia evocado. Então o primeiro guardião falou:

"Eu testemunho em favor do mais velho dos candidatos, pois em tempos de grande aflição e árdua luta ele manteve uma perfeita lealdade para comigo e com meu Irmão, aparentemente opostos, em inabalável fortaleza e doçura, serenidade e verdade. Deponho também em favor de seu trabalho incansável e altruísta pelos outros, usando todos os seus poderes no serviço. Quanto ao mais jovem, meu amado protegido, testemunho que ele está sempre buscando ajudar quem quer que encontre, e demonstra uma rara habilidade nisso, ao mesmo tempo que derrama ao seu redor um amor irradiante e uma pureza que torna sua mera presença uma bênção. Todos conhecem o valor de seu inestimável livreto".

O segundo guardião também falou em favor dos candidatos da seguinte maneira:

"Também eu acrescento meu testemunho no caso de ambos estes caríssimos candidatos. Atesto que o mais velho tem prestado a mim pessoalmente muita ajuda e apoio leais, afetuosos e auto-sacrificados, e tenho ouvido de muitos outros sobre a inspiração e luz que ele tem

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trazido para suas vidas. Em nome do candidato mais jovem testemunho que eu mesmo tenho visto evidência do maravilhoso amor e devoção que ele tem inspirado nos membros de sua Ordem, tanto em Adyar quanto em Benares, e da mudança que tem se produzido neles. Também tenho recebido muitas cartas em que os signatários declaram dever uma nova concepção de vida ao livro que ele escreveu".

O Mestre Kuthumi perguntou, dentre as multidões, a alguns que havia aprendido a verdade de cada candidato, quem os tomava e seguia como um guia. Muitos se adiantaram para reconhecer a ajuda prestada, cada qual falando o que sentia em seu coração, e muitos disseram que Aos Pés do Mestre havia lhes dado uma nova visão da vida. Alguns que haviam sido muito auxiliados, mas que não puderam ser trazidos nesta ocasião porque estavam acordados e envolvidos em seus afazeres usuais, foram representados por imagens vivas criadas pelo Mestre, e embora elas não pudessem dizer e fazer nada, é provável que algum toque das maravilhosas influências do momento possam ter sido transmitidas através delas até as respectivas pessoas. Então a multidão se retirou, enquanto a cerimônia continuava. O Bodhisattva, então, dirigiu-Se aos candidatos, aprovando o trabalho que haviam feito, e expressando a esperança de que os novos poderes que lhes seriam outorgados fossem usados tão bem quanto aqueles que eles já possuíam. E continuou:

"Vós eliminastes para sempre as três cadeias que acorrentam vossos irmãos à Terra, e vossa liberdade deve ser usada para aliviar o peso destas cadeias sobre eles. Aprendestes com a mais cabal certeza que a idéia de um eu separado é uma ilusão; deveis agora imprimir esta certeza em vossos veículos inferiores, de modo que neles jamais haja qualquer ato ou pensamento do eu separado, mas tudo seja feito para o Eu Único, que trabalha através de todos. Esforçar-vos-eis em fazer isso, sem cessar vossos esforços, até terdes sucesso?"

Os candidatos responderam: "Nos esforçaremos". O Senhor Maitreya disse:

"Eliminastes a cadeia da dúvida, e sabeis com certeza que a evolução é um fato, e que o método da evolução é o constante mergulho na matéria, sob a lei do reajuste. Deveis usar estes poderes que agora vos serão conferidos a fim de dissipar a dúvida nos outros a respeito destes fatos vitais, de forma que eles possam compartilhar do conhecimento que obtivestes - obtido certamente não só para vós. Usareis, então, vossos poderes para a iluminação de outros?"

E cada candidato respondeu:

"Usarei".

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O Senhor Maitreya continuou:

"Transcendestes toda a superstição; sabeis que um homem pode encontrar a luz em qualquer religião; sabeis que os ritos e as cerimônias não possuem um valor intrínseco, e que tudo o que eles podem fazer pode ser feito sem eles através do conhecimento e da vontade. Acima de tudo, estais livres da superstição sobre a suposta ira do Poder que está por trás da evolução, e sabeis que tudo o que existe está dentro do Amor Universal, e que é o evangelho do Amor Universal que deveis disseminar entre os homens. Procurareis dissipar as trevas através da proclamação deste evangelho?"

Ambos os candidatos responderam:

"Sim". Então o Senhor Maitreya acrescentou:

"Jamais esqueçais que não há treva exceto aquela que é criada pela ignorância e pela ilusão. Foi dito bem que 'Todo dom perfeito e bom vem de cima, e desce do Pai das Luzes, em Quem não existe variação, nem sombra de mudança'. N'Ele não existe treva nenhuma, mas os homens voltam suas costas para Sua Luz, e então caminham em suas próprias sombras, lamentando que elas sejam escuras".

Então os candidatos foram postos sob alguns testes a respeito do trabalho no plano mental. Eles tiveram de examinar pessoas no mundo celeste, dentre as que seriam colocadas sob seus cuidados no futuro, e o Senhor lhes perguntou o que fariam para ajudar em cada caso, tendo em vista as limitações em que elas estariam mergulhadas. Um dos casos foi o de um monge medieval, muito cheio de devoção, mas com idéias excessivamente limitadas a respeito de Deus, dos Santos e da Igreja, e o Senhor lhes perguntou o que fariam para auxiliar em seu crescimento. Tudo o que acontece na segunda Iniciação é feito no plano mental, e todos estão atuando em seus corpos mentais, e não nos mayavi-rupa comuns que eles usariam no plano astral. Depois que terminou este teste, tendo os candidatos respondido corretamente às perguntas que lhes foram feitas, eles foram levados até o Senhor Maitreya e se ajoelharam diante d'Ele. Ele Se ergueu, e, voltando-Se para Shamballa, disse em voz alta:

"Oh Senhor da Luz e da Vida e da Glória, é em Teu nome e para Ti que faço isto?"

Então sobre Ele fulgurou a Estrela Resplandecente, dando o consentimento do Iniciador Único, e a augusta figura do Senhor Gautama brilhou com o mais ofuscante esplendor, enquanto erguia Sua mão direita em uma bênção. O Mahachohan também Se levantou e deu a Sua bênção, enquanto o

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Bodhisattva colocava Suas mãos sobre as cabeças dos dois ajoelhados, e todos se curvaram profundamente em reverente homenagem diante dos Grandes Seres, e fez-se silêncio. Em meio a este silêncio foi dada a Chave do Conhecimento, derramando o Bodhisattva, de Seus próprios corpos mental e causal, os raios do poder que, recaindo nos corpos mental e causal dos novos Iniciados, estimulou em uma floração súbita e esplêndida os germes dos poderes similares que existiam ali. Assim como um botão, estimulado pelo sol, subitamente floresce em toda a glória da flor aberta, os corpos mental e causal igualmente desdobraram de repente os poderes latentes dentro deles, expandindo-os em uma beleza radiosa. Através deles, assim expandidos, a intuição poderia atuar livremente, libertando o grande e novo poder para trabalhar. E o Senhor Maitreya disse:

"Tomai agora este novo poder que vos dou, e confiai-vos a ele sem receio. Estabelecei em vossos veículos inferiores uma ordem e uma responsividade tais que ele possa passar livre através deles até vosso cérebro físico, a fim de que ele guie infalivelmente vossa conduta. Assim ele deverá brilhar sobre o caminho que está à vossa frente, e vos preparará para entrardes na terceira Senda".

Ele terminou com a grande bênção, e a Estrela e as Figuras augustas que estavam por perto se desvaneceram, todos novamente se curvando profundamente em reverência, e encerrou-se a grande cerimônia. Os Mestres reunidos então deixaram Seus lugares, e cada um falou algumas palavras amáveis aos novos Iniciados, e os abençoaram. O Mestre Kuthumi também dirigiu uma palavra bondosa à multidão que havia dado testemunho - e que havia se retirado até alguma distância, como eu disse antes, mas que agora fora autorizada a se aproximar novamente para dar adeus aos seus líderes, os quais, à luz do novo conhecimento recém obtido, deram alguns conselhos a estes seguidores, e os despediram com uma bênção. Desenvolvimento Mental A segunda Iniciação continua com rapidez o desenvolvimento do corpo mental, e neste ponto, ou perto dele, o discípulo aprende a usar o mayavi-rupa, que algumas vezes é traduzido como corpo de ilusão. Este é um corpo astral temporário, feito por quem é capaz de atuar em seu corpo mental. Quando uma pessoa viaja no plano astral, ela usualmente o faz em seu corpo astral, e se lhe fosse necessário aparecer no plano físico enquanto estivesse atuando em seu corpo astral, ela teria de materializar um corpo físico em seu redor. Às vezes isto é feito, embora não com freqüência, porque envolve um grande dispêndio de força. Da mesma forma, se ela estivesse trabalhando em seu corpo mental e desejasse se manifestar no plano astral, ela teria de materializar um corpo astral temporário, que é o mayavi-rupa. Quando tivesse terminado seu trabalho, se retiraria mais uma vez para o plano mental, e o corpo temporário se desvaneceria, com seus materiais retornando à circulação geral de matéria astral de onde havia sido reunido pela vontade do discípulo.

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Até a altura da primeira Iniciação o homem trabalha à noite em seu corpo astral, mas assim que este fica sob perfeito controle e ele é capaz de usá-lo plenamente, começa o trabalho no corpo mental. Quando este corpo, por sua vez, está completamente organizado, torna-se um veículo de longe muito mais versátil do que o corpo astral, e muito do que é impossível no plano astral pode ser realizado nele. Com o poder de criar o mayavi-rupa, o homem torna-se capaz de passar instantaneamente do plano mental para o astral e vice-versa, e de usar todo o tempo o grande poder e os sentidos mais aguçados do plano mental, e só o que é preciso é formar a materialização astral quando ele desejar se tornar visível às pessoas no mundo astral. É necessário que primeiro o Mestre ensine ao discípulo como criar o mayavi-rupa, depois do que, embora isso não seja a princípio uma coisa fácil, ele poderá fazê-lo por si mesmo. Uma expansão e desenvolvimento muito grandes do corpo mental acontece em associação a esta segunda Iniciação, mas usualmente só alguns anos depois é que os efeitos disso podem se mostrar no cérebro físico. Assim que começam a fazê-lo, indubitavelmente impõem uma grande tensão sobre o cérebro, uma vez que este não pode ser afinado instantaneamente até a freqüência necessária. O Ponto Perigoso O período depois de se receber a segunda Iniciação é de muitas maneiras o mais perigoso na Senda, embora em qualquer ponto, até que a quinta Iniciação seja ultrapassada, permaneça a possibilidade de queda, ou de gasto de muitas encarnações vagando sem direção. Mas é neste estágio em especial que, se houver qualquer fraqueza no caráter do candidato, ela se mostrará. Deveria ser impossível, para um homem que tenha se elevado até esta altura, recuar, mas infelizmente a experiência tem mostrado que até isso às vezes acontece. Em quase todos os casos o perigo vem do orgulho; se houver a menor mancha de orgulho na natureza da pessoa ela estará em sério risco de queda. O que tomamos como intelecto aqui embaixo é o mero reflexo da verdadeira coisa; mesmo assim alguns de nós somos orgulhosos dele, orgulhosos de nosso intelecto e visão. Assim, quando uma pessoa obtém mesmo um vislumbre remoto do que o seu intelecto vai ser no futuro há um sério perigo, e se ela seguir por esta linha passará por um período terrível voltando atrás. Nada senão uma vigilância incessante e sempre maior pode habilitá-la a passar com sucesso por este estágio, e deve ser seu esforço constante eliminar todo traço de orgulho, egoísmo e preconceito. Quando conhecemos estas coisas por detrás, descobrimos que uma súbita e curiosa iluminação é lançada sobre vários textos da Bíblia. Este ponto perigoso na vida do Iniciado é indicado, na narrativa do Evangelho, pela tentação no deserto que se seguiu ao Batismo de Cristo por João. Os quarenta dias no deserto simbolizam o período durante o qual a expansão do corpo mental dada na segunda Iniciação está atuando sobre o cérebro físico, embora para o candidato comum não quarenta dias, mas bem quarenta anos, podem ser necessários para a completude do processo. Na vida de Jesus foi o período quando Seu cérebro estava se adaptando ao Cristo que penetrava. Então o

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demônio, que no simbolismo representa a natureza inferior, chega para tentar o Iniciado, primeiro para que use seus poderes para a satisfação de suas próprias necessidades: "Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se transformem em pão". Depois Ele é tentado a se lançar de um pináculo do templo, realizando assim um milagre que assombraria o povo. E por fim lhe são mostrados todos os reinos do mundo e a sua glória, e o diabo diz: "Dar-te-ei todas estas coisas, se te prostrares e me adorares" - ele é tentado a usar os seus poderes para gratificar sua própria ambição. Cada uma destas tentações representa uma diferente forma de orgulho. Assim como a primeira grande Iniciação corresponde a um novo nascimento, da mesma forma a segunda Iniciação pode ser comparada, com justiça, ao batismo pelo Espírito Santo e pelo Fogo, pois o que é derramado neste momento é o poder da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, descendo no que se pode, inadequadamente, descrever como um rio de fogo, uma torrente ígnea de luz viva. Neste estágio a pessoa é chamada pelos Budistas de Sakadagamin, o homem que só volta uma vez, o que significa que quem atingiu tal nível deve necessitar apenas de mais uma encarnação antes de conquistar o Arhatado, a quarta Iniciação, depois da qual o renascimento físico deixa de ser compulsório. O nome Hindu para este segundo degrau é Kutichaka, o homem que construiu uma cabana, aquele que chegou a um lugar de paz. Neste estágio não há cadeias adicionais a eliminar, mas usualmente este é um período de considerável desenvolvimento psíquico e intelectual. Se o que são chamadas comumente de faculdades psíquicas ainda não tiverem sido adquiridas, é tradição que elas devam ser desenvolvidas neste estágio, já que sem elas seria praticamente impossível assimilar o conhecimento que deve ser dado agora, ou fazer o trabalho pela humanidade em que o Iniciado tem o privilégio de ajudar. Ele deve ter a consciência astral sob seu comando durante a vida física desperta, e durante o sono o mundo celeste se abrirá diante dele - pois a consciência de uma pessoa quando fora de seu corpo físico está sempre um degrau mais alto do que quando ele ainda está oprimido pela casa de carne. A Drª. Besant, contudo, em seu Initiation, the Perfecting Man, nos dá uma interpretação alternativa para isso; ela diz que antes de uma pessoa poder chegar à terceira Iniciação ela deve aprender a trazer o espírito da intuição (buddhi) até sua consciência física, de forma que ele possa habitá-la e guiá-la. Então ela acrescenta: "Este processo é usualmente chamado de 'desenvolvimento das faculdades psíquicas', e assim é, na verdadeira acepção da palavra 'psíquico'. Mas isso não significa o desenvolvimento da clarividência e da clariaudiência, que dependem de um processo diferente" (Op. cit., p. 82). A Terceira Iniciação Quando o candidato passou através dos quatro sub-estágios da segunda Iniciação, e mais uma vez se tornou Gotrabhu, fica pronto para a terceira Iniciação, para tornar-se o Anagamin, que significa literalmente "aquele que não volta mais", pois espera-se que ele atinja a Iniciação seguinte ainda na

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mesma encarnação. O nome Hindu para este estágio é Hamsa, que quer dizer "cisne", mas a palavra também é considerada uma forma alternativa da frase So-ham, "Eu sou Aquilo". Há uma tradição, ainda, de que o cisne é capaz de separar o leite misturado à água, e o sábio é igualmente capaz de discernir o verdadeiro valor dos seres vivos dos fenômenos da vida. Esta Iniciação é tipificada no simbolismo Cristão pela Transfiguração de Cristo. Ele subiu a uma alta montanha afastada, e transfigurou-Se diante de Seus discípulos: "Sua face brilhava como o sol, e Suas vestes eram brancas como a luz", "tão brancas que nada na Terra poderia ser mais branco". Esta descrição sugere o Augoeides, o homem glorificado, e não é uma representação inadequada do que acontece nesta Iniciação, pois assim como a segunda Iniciação envolve principalmente o estímulo do corpo mental inferior, neste estágio é desenvolvido especialmente o corpo causal. O ego é levado a um contato mais estreito com a Mônada, e com isso ele é verdadeiramente transfigurado. Até mesmo a personalidade é afetada por esta maravilhosa efusão. Os eus superior e inferior se tornaram um só na primeira Iniciação, e esta unidade jamais é perdida, mas o desenvolvimento do eu superior que agora tem lugar jamais pode ser espelhado nos mundos inferiores da forma, embora os dois sejam unos na maior extensão possível. A narrativa do Evangelho também diz que durante a Transfiguração apareceram Moisés e Elias, as principais figuras da antiga dispensação, um representando a Lei Judaica, o outro sendo o maior dos profetas Judeus. Assim, as duas dispensações ou métodos de aproximação da verdade, o do cumprimento da lei e o da inspiração ou da profecia, são representados junto daquele que há de estabelecer uma nova dispensação, a do Evangelho, e todos estes símbolos têm significados que se referem aos fatos reais da terceira Iniciação. Um outro símbolo relacionado ao mesmo estágio aparece na história evangélica da apresentação de Cristo a Seu Pai no Templo. No relato tradicional isso está um tanto fora de lugar, pois Cristo é então representado como uma criança. Neste estágio do progresso do homem ele tem de ser levado para diante do Rei Espiritual do Mundo, o poderoso Líder da Hierarquia Oculta, que, neste terceiro estágio, ou confere Ele mesmo a Iniciação, ou a delega a um de Seus discípulos, os três Senhores da Chama que vieram com Ele de Vênus, para que a realize; neste último caso o homem é apresentado ao Rei logo que a Iniciação termina. Assim Cristo é levado à presença de Seu Pai; o buddhi do Iniciado é elevado até se tornar um com sua origem no plano nirvânico, e é realizada uma maravilhosíssima união entre o primeiro e o segundo princípio do homem. A Quarta e a Quinta Cadeia

O Anagamin desfruta, enquanto continua seu trabalho cotidiano, de todas as esplêndidas possibilidades oferecidas pela posse plena das faculdades do plano mental superior, e quando ele deixa seu veículo físico à noite ele entra mais uma vez na consciência maravilhosamente ampliada que pertence ao plano búdico. Neste estágio ele tem de eliminar quaisquer remanescentes do

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que são chamadas as cadeias quarta e quinta, kamaraga e patigha, ou seja, o apego ao desfrute das sensações, tipificadas pelo amor terreno, e toda possibilidade de raiva ou ódio. O aspirante deve livrar-se da possibilidade de ser escravizado de qualquer forma pelas coisas externas. Não significa, em absoluto, que ele não sentirá a atração do que é agradável ou belo ou limpo, nem a repulsa dos opostos destas coisas, mas que ele não deixará que elas constituam um fator decisivo no que tange ao seu dever, e as afastará completamente em emergências, quando isso for necessário para seu trabalho. Aqui devemos nos manter em guarda contra um possível mal-entendido - um que encontramos freqüentemente. O amor humano mais puro e nobre jamais fenece - nunca, de forma alguma, diminui por causa do treinamento oculto; ao contrário, ele aumenta e se expande com o mesmo fervor que a princípio era devotado a apenas uma ou duas pessoas. Mas o estudante, com o tempo, de fato sobrepuja todas as considerações ligadas à mera personalidade daqueles que o cercam, e assim fica livre de toda injustiça e parcialidade que o amor comum costumeiramente traz em sua esteira. Tampouco devemos supor, sequer por um momento, que ao obter este amplo afeto por todos ele perca o amor especial por seus amigos mais íntimos. O elo invulgarmente perfeito entre Ananda e o Senhor Buda, assim como aquele entre São João e Cristo, são provas de que, ao contrário, ele é enormemente intensificado, e o elo entre Mestre e discípulo é mais forte do que qualquer laço terreno. Pois o afeto que floresce ao longo da Senda de Santidade é um afeto entre egos, e não meramente entre personalidades, e, portanto, ele é forte e perene, desconhecendo o medo de diminuição ou flutuação, pois ele é aquele "amor perfeito que afasta o medo". CAPÍTULO 10: AS INICIAÇÕES SUPERIORES O Arhat

Durante os estágios que seguem a primeira, segunda e terceira Iniciação o candidato gradualmente desenvolve a consciência búdica, mas na quarta Iniciação ele entra no plano nirvânico, e doravante ele se engaja na constante ascensão através dele, ou, antes, através daquela subdivisão dele que consiste nos seus cinco subplanos inferiores, onde o ego humano tem seu ser. Esta Iniciação é como que um ponto médio, já que usualmente se diz que é passado em média um tempo de sete vidas entre a primeira e a quarta Iniciação, e também mais sete entre a quarta e a quinta; mas estes números podem ser grandemente reduzidos ou aumentados, como eu disse antes, e o intervalo real de tempo empregado não é de costume muito grande, uma vez que as vidas são vividas em sucessão imediata, sem interlúdios no mundo celeste. O candidato que ultrapassou a quarta Iniciação é chamado, na terminologia Budista, de Arhat, que significa o digno, o capaz, o venerável ou perfeito, e nos livros orientais são ditas muitas coisas belas sobre ele, pois eles sabem em qual elevado nível de evolução ele está. Os Hindus o chamam de Paramahamsa, aquele que está acima ou além de Hamsa.

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Simbologia Cristã Na simbologia Cristã a quarta Iniciação é indicada pelo sofrimento no jardim de Getsêmani, pela Crucificação e pela Ressurreição de Cristo, embora, uma vez que há estágios preliminares, ela pode ser simbolizada mais completamente pelos vários eventos que se diz terem tido lugar durante a Semana Santa. O primeiro evento da série foi aquele de Cristo ressuscitar Lázaro dos mortos, e isso é sempre comemorado no sábado antes do Domingo de Ramos, embora, de acordo com a narrativa evangélica, isso tenha acontecido uma ou duas semanas antes. No domingo acontece a entrada triunfal em Jerusalém; na segunda e terça-feiras ele pronuncia alguns sermões no Templo; na quarta vem a traição por Judas Iscariotes; na quinta é instituída a Santa Eucaristia; na noite entre quinta e sexta ocorrem as provações diante de Pilatos e Herodes, e na Sexta-Feira Santa sucede a Crucificação. O Sábado Santo é passado em pregação aos espíritos aprisionados, e na meia-noite de sábado, ou, antes, no primeiro instante da manhã de domingo, Cristo ressuscita dos mortos, triunfante para todo o sempre. Todos estes detalhes do drama Crístico têm relação com o que realmente acontece em associação à quarta Iniciação. Cristo fez uma coisa incomum e maravilhosa ao reviver Lázaro no sábado, e em grande parte foi em conseqüência disto que Ele desfrutou de Seu único triunfo terreno logo após, pois todas as pessoas se reuniram quando souberam da ressuscitação de um morto. Eles esperaram por Ele, e quando Ele saiu da casa e encaminhou-Se para Jerusalém, todos O receberam com uma ovação e uma grande demonstração de afeto, e O trataram como no oriente ainda tratam qualquer pessoa que considerem santa; assim, Ele foi escoltado pelo povo com grande entusiasmo até Jerusalém e, tendo recebido este pequeno reconhecimento terreno, naturalmente Ele aproveitou a oportunidade para ensiná-los, e fez os sermões no Templo, para os quais se reuniram grandes multidões a fim de vê-Lo e ouví-Lo. Isto é simbólico do que realmente acontece. O Iniciado atrai alguma atenção, e obtém algum grau de popularidade e reconhecimento. Então há sempre o traidor para voltar contra ele e distorcer o que ele disse e fez, de modo que pareça maligno; como Ruysbroeck diz:

"Às vezes estes infelizes são privados das boas coisas da Terra, de seus amigos e relações, e são abandonados por todas as criaturas; sua santidade é objeto de desconfiança e desprezo, as pessoas denigrem todas as obras de sua vida, e eles são rejeitados e escarnecidos por todos aqueles que os rodeiam; e às vezes são afligidos com diversas doenças".

Assim, segue-se uma chuva de vilipêndios e abusos, e vem a sua rejeição pelo mundo. Depois vem a cena no jardim de Getsêmani, quando Cristo sente-Se completamente abandonado, e depois Ele é sofre o escárnio e é crucificado. Finalmente, surge o clamor na cruz: "Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" Madame Blavatsky sustentava uma teoria, que expôs em A Doutrina Secreta, e que não sou pessoalmente capaz de verificar, de que o real significado

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daquelas palavras é "Deus, meu Deus, como me glorificas!". Não sei qual das duas traduções é a mais exata, mas há uma grande verdade em ambas. É uma das características da quarta Iniciação que o homem seja deixado inteiramente sozinho. Primeiro ele tem de ficar solitário no plano físico; todos os seus amigos se voltam contra ele por causa de algum mal-entendido; tudo vai bem logo depois, mas durante este tempo a pessoa é deixada com o sentimento de que todo o mundo está contra ela. Talvez esta não seja uma provação assim tão severa, mas há um outro lado, interno, dela, pois ele tem ainda de experimentar por um momento a condição chamada de Avichi, que significa "sem ondas", ou seja, sem vibração. O estado de Avichi não é, como popularmente se supõe, algum tipo de inferno, mas uma condição em que a pessoa fica absolutamente sozinha no espaço, e sente-se separada de toda vida, mesmo a do Logos; e, sem dúvida, esta é a mais terrificante experiência possível para qualquer ser humano enfrentar. Diz-se que ela dura apenas um momento, mas para aqueles que sentiram seu horror supremo ela parece uma eternidade, pois naquele nível o tempo e o espaço não existem. Esta acabrunhante provação tem, imagino, dois propósitos - primeiro, de que o candidato possa ser capaz de simpatizar plenamente com aqueles para quem Avichi advém como resultado de suas ações, e, segundo, para que ele possa aprender a ficar completamente à parte de tudo que for externo, triunfante em sua absoluta certeza de que ele é uno com o Logos, e que esta opressiva consternação, causada pela sensação de isolamento d'Ele, não passa de uma ilusão e uma tentação. Alguns colapsaram diante deste teste terrível, e tiveram de voltar atrás e fazer o percurso novamente até esta Iniciação superior; mas para o homem que pode enfrentar com firmeza este pesadelo pavoroso ele constitui na verdade uma experiência maravilhosa, formidável mesmo, de modo que embora possa ser aplicável para o teste em si a interpretação "Por que me abandonaste?", a versão "Como me glorificas!" expressaria melhor o sentimento do homem que sai dele vitorioso. Esta Iniciação difere de todas as outras neste estranho aspecto duplo de sofrimento e vitória. Cada uma das Iniciações anteriores foi simbolizada, no sistema Cristão, por um fato definido: o Nascimento, o Batismo, a Transfiguração; mas a fim de representar a quarta Iniciação considerou-se necessária toda uma série de eventos. A Crucificação, e todos os diversos sofrimentos de que ela foi a culminação, foram empregados para tipificar um lado desta Iniciação, enquanto que a Ressurreição, com seu triunfo sobre a morte, representa o outro lado. Neste estágio há sempre sofrimento físico, astral e mental; há sempre a condenação pelo mundo, e o fracasso aparente; há sempre este esplêndido triunfo nos planos superiores - o qual, contudo, permanece desconhecido do mundo externo. O tipo de sofrimento peculiar que invariavelmente acompanha esta Iniciação extingue todas as pendências kármicas que ainda poderiam estar no caminho do Iniciado, e a paciência e contentamento com que ele o enfrenta têm grande valor no fortalecimento de seu caráter, e ajudam a determinar a extensão de sua utilidade no trabalho que o aguarda.

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A Crucificação e a Ressurreição que simbolizam a verdadeira Iniciação são descritas da seguinte maneira em uma antiga fórmula egípcia:

"Então o candidato será atado sobre a cruz de madeira, e morrerá, e será enterrado, e descerá aos mundos inferiores; após o terceiro dia será trazido de volta dos mortos".

Somente depois de três dias e noites inteiros e parte do quarto passarem o candidato daqueles tempos, ainda em transe, saía do sarcófago em que jazia, e era levado para o ar livre no lado oriental da pirâmide ou do templo, de modo que os primeiros raios do sol nascente pudessem cair sobre sua face e despertá-lo de seu longo sono. Há um antigo provérbio que diz "Não há coroa sem cruz", que pode ser tomado para significar que sem a descida do homem à matéria, sem seu ligamento à cruz da matéria, ser-lhe-ia impossível obter a ressurreição e receber a coroa da glória; mas através da limitação e da tristeza e da aflição ele obtém a vitória. É-nos impossível descrever esta ressurreição, todas as palavras que poderíamos empregar perecem empanar seu esplendor, e toda tentativa de descrição parece quase uma blasfêmia, mas pode ser dito que é conquistado um triunfo completo sobre todas as dores, penas e dificuldades, tentações e provas, e que ele é seu para sempre, porque ele o ganhou com seu conhecimento e força interior. Podemos lembrar como o Senhor Buda proclamou Sua libertação:

"Retiveram-me muitas moradas de vida - sempre busquei descobrir quem construiu estas prisões dos sentidos, cheias de dor; árdua foi minha luta, incessante! Mas agora, ó tu, construtor deste tabernáculo - tu! Já sei quem és! Jamais construirás novamente estas muralhas de dor, nem erguerás a viga-mestra dos enganos, nem lançarás novos alicerces na argila; tua casa está destruída, e partiu-se a viga-mestra! Foi a ilusão quem a modelou! Agora seguirei seguro até obter a libertação".

Nirvana Doravante para o Arhat a consciência do plano búdico lhe pertence enquanto ainda permanece no corpo físico, e quando ele deixa este corpo no sono ou no transe, passa de imediato para a inenarrável glória do plano nirvânico. Em sua Iniciação ele teve ter tido pelo menos um vislumbre daquela consciência nirvânica, assim como na primeira Iniciação deve haver uma experiência momentânea da búdica, e agora seu trabalho diário será ascender mais e mais através do plano nirvânico. Esta é uma tarefa de dificuldade prodigiosa, mas gradualmente ele se descobrirá capaz de seguir para cima adentrando este esplendor inefável.

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Esta entrada é absolutamente arrebatadora, e tem como sua primeira sensação a intensa vividez daquela vida, surpreendente mesmo para ele, que estava acostumado com o plano búdico. Esta surpresa ocorreu antes, embora em medida menor, sempre que ele passava pela primeira vez de um plano para outro acima. Mesmo quando passamos pela primeira vez em consciência plena e clara do plano físico para o astral, achamos que a nova vida é muito mais vasta do que qualquer uma que tivermos conhecido até então, de forma que exclamamos: "Eu pensei que sabia o que era a vida, mas jamais a conheci antes!" Quando passamos para o plano mental, temos este mesmo sentimento redobrado; o astral era maravilhoso, mas torna-se como nada comparado ao mundo mental. Quando passamos para o plano mental superior, temos novamente a mesma experiência. A cada degrau recorre a mesma surpresa, e nenhum pensamento prévio pode nos preparar para ela, porque é sempre muito mais estupenda do que qualquer coisa que possamos imaginar, e a vida em todos estes planos superiores é de uma intensidade de beatitude para a qual não existem palavras. Os orientalistas europeus têm traduzido Nirvana como aniquilação, porque a palavra significa "assoprado", como a chama de uma vela é extinta com um sopro. Nada poderia ser uma antítese mais completa da verdade, exceto no sentido de que é certamente uma aniquilação de tudo o que aqui embaixo tenhamos conhecido como homem, porque já não existe homem, mas sim Deus no homem, um Deus entre outros Deuses, embora menor que eles. Tentemos imaginar todo o universo como cheio e constituído de uma imensa torrente de luz viva, tudo se movendo para diante, sem relativismos, uma maré progressiva irresistível de um vasto mar de luz, luz com um propósito (se é que isto é compreensível) tremendamente concentrado, mas absolutamente sem qualquer tensão ou esforço - falham-nos as palavras. De início não sentimos nada senão a sua felicidade, e não vemos nada senão a intensidade da luz; mas gradualmente começamos a compreender que mesmo neste fulgor deslumbrante há pontos mais claros (núcleos, por assim dizer) através dos quais a luz obtém uma qualidade nova que permite que ela se torne perceptível nos planos inferiores, cujos habitantes, sem esta ajuda, ficariam completamente abaixo da possibilidade de perceberem sua efulgência. Então, paulatinamente, começamos a compreender que estes sóis subsidiários são os Grandes Seres, os Espíritos Planetários, os grandes Anjos, as Deidades kármicas, Dhyan Chohans, Budas, Cristos e Mestres, e muitos outros de quem não sabemos sequer os nomes, e começamos a ver que através d'Eles fluem a luz e a vida para os planos inferiores. Pouco a pouco, à medida que nos tornamos mais acostumados a esta realidade maravilhosa, começamos a perceber que somos unos com Eles, embora muito abaixo dos cumes de Seu esplendor, que somos partes do Um que, de alguma forma, reside em todos Eles e também em todos os pontos do espaço intermédio, e que nós mesmos também somos um foco, e através de nós, em nosso nível muito inferior, a luz e a vida fluem para aqueles que estão ainda mais longe (não longe d'Ele, pois tudo é parte d'Ele e não existe nada, em parte alguma, fora d'Ele), mas longe apenas da percepção disso, da compreensão e da experiência disso.

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Madame Blavatsky freqüentemente falava de uma consciência que tem seu centro em toda parte e sua circunferência em parte alguma, uma frase profundamente sugestiva, atribuída ora a Pascal, ora ao Cardeal de Cusa ou ao Zohar, mas que de direito pertence ao Livro de Hermes. Em verdade esta consciência está longe da aniquilação; o Iniciado que a atinge não perde em absoluto o senso de que ele é ele mesmo; sua memória é perfeitamente contínua; ele é o mesmo homem, embora seja também tudo isso, e ele pode realmente dizer agora que "Eu sou eu", sabendo o que de fato significa "Eu". Isso foi expresso maravilhosamente bem por Sir Edwin Arnold em The Light of Asia:

"...Buscando nada, ele obtém tudo; Esquecendo do eu, todo o Universo torna-se 'Eu'; Se alguém ensinar que Nirvana é cessar, dizei-lhe que mente. Se alguém ensinar que Nirvana é viver, dizei-lhe que erra, não o conhecendo, nem conhecendo qual luz brilha além de suas lâmpadas rotas e tampouco a felicidade sem vida e sem tempo".

"Sem vida" não no sentido de estar morto, pois o Nirvana é o próprio exemplo e a vera expressão da mais intensa vida imaginável; sem vida porque ele está além tanto da vida quanto da morte, livre do samsara [literalmente "rotação", ou seja, o ciclo de encarnações sucessivas, e por extensão significa os mundos inferiores das formas - NT] para sempre. O inferno tem sido definido como tempo sem Deus, e o céu como Deus sem tempo; seguramente esta última descrição é ainda mais aplicável ao Nirvana. Qualquer descrição do Nirvana que pudéssemos tentar deve soar estranha. Nenhuma palavra que pudéssemos empregar jamais poderia transmitir a menor idéia de uma experiência como esta, pois tudo com que nossas mentes estão acostumadas terá desaparecido bem antes de este nível ser atingido. Há, é claro, mesmo neste nível, um invólucro de algum tipo para o Espírito, impossível de ser descrito, pois em certo sentido ele se parece a um átomo, e noutro parece ser todo o plano. A pessoa sente como se estivesse em toda parte, mas podendo focalizar qualquer coisa dentro de si mesma, e onde por um momento a efusão de força diminuir, para ela isto seria um corpo. O esplendor inefável do Nirvana necessariamente ultrapassa toda compreensão física, e, por conseguinte, mesmo as mais poéticas tentativas de representá-lo estão fadadas ao fracasso. Não obstante, cada pessoa que escreve sobre ele o aborda de um ângulo diverso, e cada qual pode contribuir com algum ponto que os outros esqueceram. Já tentei dar minhas próprias impressões; deixem-me agora citar-lhes as de meu velho amigo e irmão Bispo, George Sydney Arundale, que, em seu livro Nirvana, fez um esforço notável e valiosíssimo para transmitir aquilo que não pode ser transmitido. Todos nós falhamos, por certo; porém não posso senão sentir que ele chegou mais perto do sucesso do que eu. Diz ele:

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"Minha primeira lembrança é a de ver o Mestre K.H. com um aspecto que eu jamais vira antes. Radiante Ele é sempre, sumamente radiante, mas agora Ele era mais do que radiante, e não posso encontrar uma palavra daqui de baixo para descrevê-Lo na glória em que eu O percebia ao primeiro fulgor da consciência Nirvânica. Majestoso e radiante são palavras pobres - ofuscante talvez o expresse melhor, pois por um momento eu fiquei estarrecido. Quase quis velar minha face da Sua visão, porém não podia tirar meus olhos d'Ele, tão insondavelmente esplendoroso Ele parecia - menos glorioso apenas que o Rei, como depois percebi, embora naquele instante eu não pudesse conceber glória maior.

"Reúno minha coragem. Sinto como se Ele me estivesse dizendo: 'Bem-vindo a um novo reino que deves aprender a conquistar'. Minha consciência se desdobra com Seu poder, e eu como que atravesso um portal para dentro do Nirvana. Palavras e frases, embora belas, embora majestosas, quase o profanam quando tentam descrever as suas características. Mesmo o menor toque desta primeira experiência neste excelso nível reduz à insignificância todas as outras experiências dos outros planos, exceto o estar na Presença do Iniciador Único. Lembro de meu primeiro vislumbre do plano Búdico, na ocasião de minha admissão nas fileiras da Grande Fraternidade Branca; lembro até hoje meu maravilhamento à visão do Mestre em Seu veículo Búdico, e também lembro, nos dias que se seguiram, do estupendo senso de unidade com todas as coisas, com as árvores e flores, sentido junto com todas elas, crescendo com elas e nelas, sofrendo e rejubilando nelas e com elas. Lembro, ainda, do abandono do amigo de longas eras - o corpo causal, e lembro de um vívido contraste entre o momento antes e o momento depois da penetração no novo reino.

"Mas hoje parece-me que o Mestre é alguém que jamais conheci antes, ataviado nas glórias de um Reino em que entro como uma criancinha. A nova consciência me envolve, e num instante meu mundo se torna cheio de valores novos, estranhos e gloriosos. Tudo é diferente, supremamente diferente, embora permaneça o mesmo. Uma nova Divindade se desvenda diante de meus olhos, e revela para meu olhar um novo significado, um novo propósito. É a unidade Búdica transcendida, glorificada - uma unidade mais maravilhosa; de alguma forma admirável ela imerge numa condição mais vasta e mais tremenda. Existe uma coisa ainda mais verdadeira do que a unidade, algo ainda mais real. Parece impossível, mas assim é.

”Qual é a natureza daquilo para o que até mesmo a glória Búdica não passa de uma limitação? Sou compelido a usar palavras, mas elas soam como um terrível anticlímax. Posso apenas dizer que é a Glória de uma Luz Transcendente, um mundo de Luz que é a imagem da própria Eternidade de Deus. Estou frente a frente com um espelho imaculado de Seu Poder e com uma imagem de Sua Bondade. E o espelho, a imagem, são um infinito oceano de Luz, do qual eu me torno parte (embora em um sentido eu já o fosse) por uma apoteose de todas as

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transcendências [at-one-ments no original, literalmente "reparações" ou

"reconciliações", porém a palavra tem um significado de compensação após uma ofensa, em vez de veicular o sentido de substituições sucessivas de condições mais limitadas por outras cada vez mais plenas, que é o que está sendo desejado aqui - NT] de planos após

planos abaixo. Fraternidade no mundo exterior; unidade no mundo Búdico; luz transcendente no Nirvana.

"A Luz transcendente está mais próxima do Real até mesmo que a Unidade Búdica, que até então me parecia o fato mais estupendo do mundo todo. Luz o início; Luz o caminho; Luz o futuro; disse Deus: 'Que haja Luz', e ela surgiu, e é uma Luz indescritível. Bela como é a luz do mundo, ainda assim ela não passa de uma imagem pálida e tênue da Luz Triunfante - o adjetivo me parece de alguma forma adequado - destas regiões do Real. É a Luz do Sol antes que ela se torne as formas em que a conhecemos. É a Luz purificada de formas. É a Luz que é a vida das formas. É uma sempre presente 'sugestão de imortalidade', um futuro dentro do Agora, e porém Eterno. É uma - não diria a - apoteose e essência da luz que conhecemos. Toda a glória do mais deslumbrante amanhecer (e sente-se que nada pode ser mais belo do que uma perfeita aurora oriental) é levada a uma fruição gloriosa e a uma perfeição esplêndida no meio-dia que é o Nirvana.

"Deus é Luz; Luz é Deus; o Homem é Luz; tudo é Luz - um novo sentido para as antigas exortações Egípcias: 'Busca a Luz! Segue a Luz! Percebe e aprende a ser uno com a Luz de Deus em todas as coisas!' Olho para o mundo. Vejo o mundo em termos de Luz. Deus-Luz em manifestação no homem-luz, na rocha-luz, na árvore-luz, na criatura-luz. Tudo é luz - uma glória ofuscante no centro, traduzida em cor à medida que irradia para sua circunferência. Uma glória cegante em toda parte - o Deus-Luz - a brilhante semente do futuro em cada coisa individual em todos os reinos. E a semente-luz rompe sua alvura (a palavra parece errada, mas 'relampagosidade' é pior) nas cores do espectro.

"Em cada reino da Natureza, sete grandes caminhos de cor, no início de cada caminho apenas em potência, desdobrando-se em fruição gloriosa no seu término. Vejo o diamante, o rubi, a esmeralda, a safira - os reis do reino mineral - soberbos na perfeição de suas cores. Porém no fundo existem estas glórias, aprisionadas, lentamente sendo libertas através do processo evolutivo, até que ficam livres e esplendem como as jóias do seu reino. Em cada reino ocorre o mesmo. O livre mais uma vez é aprisionado para que uma liberdade mais grandiosa e esplêndida possa ser adquirida.

"Banhado pelo 'relâmpago-estático' que é o Nirvana, percebo os relâmpagos aprisionados em todas as coisas. Percebo a Luz que é fosca - o selvagem; a Luz que é brilhante - o homem evoluído; a Luz que é glória - o Super-Homem, o Mestre. Vejo em toda parte a cor no processo de transmutação, de glorificação, de transcendência. Não existe negrura em parte alguma no sentido de uma negação da Luz. Deus disse: 'Faça-

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se a Luz'. E a Luz surgiu em toda parte. 'Sua Luz brilha mesmo em nossa escuridão'.

"O que é Nirvana? Luz Divina. Toco, quiçá por um momento apenas, seus limites inferiores, suas camadas mais densas. Aqui embaixo não posso sequer conceber sua Glória, mas ela deixa em mim, quando retorno à Terra, uma nova percepção da Realidade. Dei um passo para mais perto do Real. Há no mundo, agora, uma camaradagem maior do que eu imaginara - uma identidade mais profunda, uma origem mais gloriosa, um caminho mais glorioso, e uma meta mais gloriosa. Em torno de tudo e a todo momento estão os Mensageiros da Luz de Deus. Cada cor fala Sua Palavra e Sua Voz. Cada forma exala Seu propósito. Eu, pó diante da Luz Solar, também sou parte dela, e olhando para o Sol vejo o sinal de minha própria Divindade, e a promessa corporificada de minha vitória última. Seremos todos como é nosso Senhor o Sol, pois Ele assim o quis.

"Luz é linguagem, pensamento, vestimenta e veículo. Um só lampejo de luz veicula, ali, o que para nós aqui embaixo é todo um sistema filosófico.

"Luz é a Vontade do Sol, a Sabedoria do Sol, o Amor do Sol. Está escrito em livros que Nirvana é beatitude. Mesmo em suas regiões mais externas, nas suas fronteiras, sei que Nirvana é infinitamente mais. Apenas um vislumbre dele e todas as coisas parecem ter sido renovadas, dentro e fora de mim. Permaneço, porém totalmente mudado, e tudo em meu redor parece estar passando por um processo de reavaliação. Mesmo agora, tudo significa muito mais do que antes. Cada objeto, em todos os reinos, parece de certo modo mais uma sombra da Realidade do que uma realidade, pois percebo o quão tênues e inadequados devem ser todos os reflexos da Luz. Não sabia, antes, que eram tão tênues. Mesmo assim, igualmente verdade é que cada objeto se tornou muito mais real, muito menos uma sombra da Realidade do que eu antes imaginava. Vejo a prisão-oportunidade da forma, e percebo as sombras. Vejo o esplendor desabrochado da Luz Eterna, e percebo o Real. Todos os outros mundos são mundos-sombra comparados com este mundo Nirvânico. Mas eles também são agora mundos mais reais por causa deste mundo Nirvãnico, pois agora percebo o selo do propósito de Deus em todas as coisas, e devo reverenciar todas as coisas em medida ainda maior do que antes.

"Os filósofos falam no Ser Puro. Parece-me ser capaz de sentir o que deve ser o Ser puro, não porque eu o tenha contatado, mas porque contatei aquilo que, de todos os estados de consciência que já experimentei até então, fica mais perto do Ser Puro.

"Quão verdadeiro é que a linguagem neste caso esconde o pensamento e o sentido! Preciso da linguagem Nirvânica para transmitir o sentido das coisas Nirvânicas. Como Myers disse, com tanta beleza:

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"Oh, pudesse eu contar, e vós seguramente acreditaríeis! "Oh, pudesse eu apenas dizer o que vi! "Como eu deveria falar? E como deveríeis ouvir? "Como, até que Ele vos leve para onde eu estive?"

Apenas faço justiça ao distinto autor ao dizer que a citação dada acima é apenas parte de uma série de excertos descontínuos; recomendo fortemente aos meus leitores que estudem com cuidado o livro de onde eles foram tirados; ele pode ser encontrado através de The Theosophical Publishing House, Adyar. O monge Budista Ananda M., em seu livro The Wisdom of the Aryas, escreve sobre o Nirvana da seguinte forma:

"O significado literal da palavra é simplesmente 'assoprado' - extinto, como a chama de uma vela quando a assopramos; mas os que seguiram o que já foi dito a respeito entenderão o quão grande tem sido o erro daqueles que a explicaram como sendo um mero sinônimo de aniquilação total. Em certo sentido é mesmo aniquilação - a aniquilação do Desejo, da Paixão, da Auto-ilusão. Mas quando passamos a tentar expor seu significado em termos outros que não negativos, nos deparamos com dificuldades intransponíveis, ou seja, todas as nossas definições positivas devem necessariamente ser feitas nos termos da vida que conhecemos, em termos de pensamento humano, e aqui falamos d'Aquilo que está além de toda Vida, a própria Meta para onde toda Vida tende..."

Para o erudito Budista, Nirvana significa o Derradeiro, o Além, a Meta da Vida - um estado completamente diverso deste condicionado e eternamente mutante ser do sonho do Eu que conhecemos, estando não só muito além de toda denominação e descrição, mas igualmente muito além do próprio Pensamento. Mesmo assim - e aqui reside a maravilha e a grandeza desta Sabedoria dos Árias, obtida pelo Maior dos Arianos para libertação do homem de todas as suas correntes auto-engendradas - esta Glória, de todo além do alcance do pensamento, esta Paz que é o vero propósito de todos os seres lutadores, reside muito mais perto de nós do que nossa consciência mais próxima; e é mesmo, para quem entende corretamente, mais cara que a mais cara esperança que possamos acalentar. Além de toda glória do sol e da lua, ainda infinitamente acima das alturas estreladas da consciência sublimada ao seu extremo; além dos infinitos abismos daquele Aether todo-abarcante onde estes universos têm seu lar ilimitado - ilimitavelmente mais remotamente acima do que as mais excelsas altitudes onde o Pensamento, batendo inutilmente suas asas, cai como um pássaro transviado que houvera subido tanto que o ar rarefeito não mais o pôde sustentar - ainda mais alto do que este Pensamento de que estamos falando, mais acima do que a consciência que, por ora, é tudo pela qual podemos verdadeiramente nos definir...

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Altruísta na vida e na morte - não buscando recompensa, mas apenas o serviço da vida maior, não esperando nenhum céu além, nenhuma felicidade eterna, mas somente crescer altruísta - esta é a lição que domina tanto a vida como o ensinamento do Mestre, e que ela possa enfim trazer a Paz para toda a vida! A Drª. Besant, referindo-se a este assunto em uma recente palestra, disse:

"Existe, na filosofia Budista, uma frase maravilhosa do Senhor Gautama Buda, onde Ele tenta indicar, em linguagem humana, algo a respeito a condição do Nirvana que nos seja inteligível. Encontramo-la na tradução chinesa do Dhammapada, e a edição chinesa foi traduzida para o inglês por Trübner, em sua Oriental Series. Nela Ele diz que se não houvesse Nirvana não poderia haver nada, e usa várias frases para esclarecer o que deseja significar, tomando o incriado e então associando-o ao criado, tomando o Real e então associando-o ao irreal. Ele resume tudo dizendo que Nirvana é, e se não fosse, nada mais poderia ser. Esta é uma tentativa (se podemos chamá-la assim, com toda a reverência) de dizer o que não pode ser dito. Implica que a menos que exista o Incriado, o invisível e o Real, não poderíamos de forma alguma ter um universo. Temos ali, então, a indicação de que o Nirvana é uma plenitude, e não um vazio. Esta idéia deve ser enraizada fundo em nossa mente, em nosso estudo de todos os grandes sistemas de Filosofia. Vezes em demasia as expressões usadas parecem indicar um vazio. Daí a idéia ocidental de aniquilação. Se o imaginarmos como uma plenitude, perceberemos que a consciência se expande mais e mais, sem perder de forma alguma o senso de identidade; se pudermos imaginar um centro de um círculo sem a sua circunferência, poderemos captar um vislumbre da verdade.

"A pessoa que uma vez penetrou nesta maravilhosa unidade jamais pode esquecê-la, jamais poderá ser exatamente o que era antes, por mais densamente que possa velar a si mesma nos veículos inferiores a fim de ajudar e salvar os outros, por mais estreitamente que estiver atada à cruz da matéria, pregada, enterrada, confinada, ela jamais poderá esquecer que seus olhos viram o Rei em Sua Formosura, que pisou na terra que está muito distante - muito longe, porém muito perto, dentro de nós o tempo todo, se apenas pudermos percebê-lo, pois para atingirmos o Nirvana não precisamos ir para algum céu longínquo, mas apenas basta abrirmos nossa consciência à sua glória. Como disse há muito tempo o Senhor Buda: 'Não vos lamenteis, nem choreis, nem oreis, mas abrí vossos olhos e vêde, pois a luz está em toda vossa volta, e ela é tão maravilhosa, tão bela, tão além de qualquer coisa que os homens tenham jamais sonhado, por que tenham jamais orado, e existe para todo o sempre' ".

"A terra que está muito distante" é uma citação do profeta Isaías, mas estranhamente trata-se de uma tradução equívoca. Isaías não falava da terra que está muito distante, mas da terra das distâncias imensas, o que é uma idéia bem outra, e também de grande beleza. Isso sugere que o Profeta tinha

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alguma experiência destes planos superiores, e estava comparando, em seu pensamento, o esplendor dos campos estrelados do céu com as apertadas catacumbas através das quais rastejamos na Terra, pois isso é o que esta vida é se comparada com aquela outra superior - um cego rastejar através de trevas e caminhos tortuosos, quando comparada com uma vida esplêndida e cheia de propósito, uma completa realização da Vontade Divina a animar e atuar através das vontades daqueles que lá vivem. A Obra do Arhat

O Arhat tem diante de si uma tarefa descomunal no escalar em direção às mais elevadas alturas deste que é o mais excelso dos planos de existência humana, e enquanto ele a realiza ele deve eliminar as cinco remanescentes das dez grandes cadeias, quais sejam: Ruparaga - desejo por beleza de forma ou por existência física em uma forma, incluindo mesmo aquelas do mundo celeste. Aruparaga - desejo por uma vida sem forma. Mano - orgulho. Uddhachchha - agitação ou irritabilidade, a possibilidade de ser perturbado por qualquer coisa. Avijja - ignorância. A sexta e a sétima cadeias incluem não só a idéia de raga, ou atração, mas também a de dwesha, ou repulsa, e a eliminação destas cadeias implica uma qualidade de caráter tal que nada, seja nos planos inferiores de forma, ou nos superiores sem forma, pode retê-lo nem mesmo por um momento por sua atração, ou repelí-lo por sua repugnância, se ele tiver de trabalhar ali. À medida que a oitava cadeia, Mano, é eliminada, ele esquece a grandeza de suas próprias conquistas, e o orgulho se torna para ele impossível, uma vez que doravante ele permanece sempre na luz, e não se mede por nenhuma coisa inferior. Então chega-lhe aquela perfeita serenidade que nada consegue perturbar, deixando-o livre para adquirir todo o conhecimento, para tornar-se praticamente onisciente no que tange à nossa cadeia planetária. A Quinta Iniciação

Agora o candidato realmente se aproxima da quinta Iniciação, a de Adepto; "ele consumou o propósito para o qual foi feito homem", e assim ele dá o passo final que o torna um Super-Homem - Asekha, como os Budistas O chamam, pois já não Lhe resta nada a aprender, e esgotou as possibilidades dentro do reino humano da Natureza; Jivanmukta, segundo os Hinduístas, uma vida liberta, um ser livre, livre não por causa de uma independência separada, mas porque Sua vontade é una com a Vontade universal, aquela do Um-sem-outro. Ele permanece sempre na luz do Nirvana, mesmo em Sua consciência desperta, se escolher permanecer na Terra em um corpo físico, e quando fora

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do corpo Ele ascende ainda mais alto, até o plano Monádico, que está além não só de nossas palavras, mas também de nosso pensamento. Novamente ouçamos o Senhor Buda:

"... Não medí com palavras o Imensurável, nem perscruteis com a vara do pensamento dentro do Insondável. Aquele que pergunta, erra; quem responde, erra. Não se diga nada!"

No simbolismo Cristão a Ascensão e a Descida do Espírito Santo equivalem à aquisição do Adeptado, pois o Adepto de fato ascende bem acima da humanidade, além desta Terra, embora, se assim escolher ele possa, como Cristo fez, voltar para ensinar e ajudar. À medida que ascende, torna-Se uno com o Espírito Santo, e invariavelmente a primeira coisa que faz com este novo poder é derramá-lo em Seus discípulos, assim como Cristo fez descer línguas de fogo sobre as cabeças de Seus seguidores na Festa de Pentecostes. Uma olhada em qualquer dos diagramas ilustrando os princípios do homem, que foram publicados em livros anteriores, mostrará a relação entre as manifestações do Logos no Plano Prakrítico Cósmico e na alma humana; veremos que o triplo Atma, o Espírito trino do homem, está na parte mais baixa do plano Nirvânico ou Espiritual, e que a manifestação inferior da Terceira Pessoa, Deus Espírito Santo, está na parte superior do mesmo plano. O Adepto se torna uno com Ele naquele nível, e esta é a verdadeira explicação da festa Cristã de Pentecostes, o Festival do Espírito Santo. É por causa de sua unidade com Ele que o Asekha pode aceitar discípulos; o Arhat, mesmo que tenha muito a ensinar, ainda atua sob direção de um Adepto, atua em Seu nome e cumpre Suas ordens no plano físico, mas não toma discípulos por si mesmo, pois ainda não tem aquele elo especial com o Espírito Santo. Além do Adeptado

Acima da Iniciação de Adepto está a de Chohan, e além desta ainda há outras, das quais falo no capítulo sobre a Hierarquia Oculta. A escada do ser se eleva para nuvens de luz, nas quais poucos de nós já podem penetrar, e quando perguntamos Àqueles que estão mais alto do que nós, e que sabem infinitamente mais do que nós, tudo que Eles podem dizer é que ela se estende além de Sua própria vista também. Eles conhecem muitos degraus a mais do que nós, mas ela sobe ainda mais, para frente e para cima até alturas inimagináveis de glória, e ninguém conhece seu final. Embora o que eu recém tenha dito seja absolutamente exato - que ninguém de nós pode ver o fim daquela escada, e que o trabalho d'Aqueles que estão nos degraus superiores da Hierarquia é quase incompreensível - ainda desejo deixar perfeitamente claro que Sua existência e trabalho são tão reais e definidos quanto qualquer coisa no mundo - até mais - e que não existe a menor vagueza a respeito de nossa visão daqueles Grandes Seres. Embora eu saiba apenas mui pouco sobre a parte superior de Seu trabalho, ao longo de muitos anos tenho visto o Bodhisattva constantemente, quase diariamente, envolvido naquele trabalho, e muitíssimas vezes tenho visto o Senhor do Mundo em Sua maravilhosa e incompreensível existência, de modo que para

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mim Eles são pessoas tão reais quanto qualquer outra que eu conheço, e estou tão certo quanto possível a respeito de Sua existência e de algo do papel que Eles desempenham no mundo. Estou completamente certo a respeito da tremenda verdade do que posso dizer sobre Eles, e mesmo assim não posso explicá-Los, nem entender mais do que um fragmento do que Eles estão fazendo. Tenho visto Dhyans Chohans e Espíritos Planetários e Embaixadores de outros sistemas solares, e sei absolutamente da existência e da glória transcendente destas pessoas, mas do que possa ser a tremenda obra de Suas vidas não sei nada. Eu mesmo tenho visto a Manifestação do Logos do Sistema Solar, tenho-O visto como Ele se apresenta entre Seus Pares, porém milhões de vezes maior do que a inenarrável grandiosidade que tenho visto n'Ele deve ser aquela que Aqueles que são maiores que eu vêem quando O contemplam. Assim como se diz que Arjuna, no Bhagavad-Gita, viu a Forma Divina, também a vi eu, sem a menor sombra de dúvida. E quero deixar meu testemunho registrado de que estas coisas são como narrei. Ouso dizer que escrevendo isso me abro a certo escárnio; as pessoas perguntarão: "Quem é você para dizer tais coisas?" Mas eu vi, e seria covardia recusar dar testemunho. Repetidamente tenho declarado, em palavras e escritos, que desejo que ninguém baseie sua fé na Teosofia sobre qualquer asserção minha. Penso que cada pessoa deve estudar o sistema por si mesma e chegar às suas próprias conclusões, sendo a razão fundamental para a sua aceitação de qualquer doutrina o que ela conhecer por experiência própria ou o que ela considerar ser a hipótese mais razoável ao seu alcance no momento. Mas isso de forma alguma altera o fato de que tenho evidências a dar àqueles que se interessam em ouvir - evidências que tenho apresentado neste e em outros livros. Nós, que escrevemos a respeito da Teosofia neste século XX, podemos plenamente reafirmar a declaração direta de São João feita dois mil anos atrás:

"O que existia desde o princípio, sobre o que temos ouvido, que temos visto com nossos próprios olhos, que temos contemplado, que temos tocado com nossas próprias mãos... isso que temos visto e ouvido, declaramos a vós" (I João, I, 3).

Nós damos nosso testemunho, se o mundo o aceita é coisa à qual damos pouca importância.

"Quem quer que tenha sentido o Espírito do Altíssimo, Não O pode confundir ou duvidar ou negar; Sim, com uma só voz, oh mundo, embora O negues, Fica tu daquele lado, pois deste estou eu". (St. Paul, do Prof. Myers)

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As Sete Sendas

Imediatamente além da Iniciação Asekha, esta senda superior se divide em sete grandes caminhos, dentre as quais o Adepto deve escolher um, e sobre este tema não posso fazer melhor do que citar o que já foi dito em Man: Whence, How and Whither:

"Quando o reino humano é transposto, e o Homem chega no umbral de Sua vida super-humana, como um Espírito livre, abrem-se diante d'Ele sete sendas para Sua escolha: Ele pode entrar na beata onisciência e onipotência do Nirvana, com atividades muito além de nosso conhecimento, a fim de tornar-se, talvez, em algum mundo futuro, um Avatar ou Encarnação Divina; isto é o que às vezes é chamado de 'tomar a veste de Dharmakaya'. Ele pode entrar no 'Período Espiritual' - uma expressão que encobre significados desconhecidos, entre eles provavelmente o de 'tomar a veste de Sambhogakaya'. Ele pode se tornar parte daquele tesouro de forças espirituais de onde os Agentes do Logos as retiram para Seu trabalho, 'assumindo a veste de Nirmanakaya'. Ele pode permanecer como um membro da Hierarquia Oculta, que rege e guarda o mundo em que ele atingiu a perfeição. Ele pode passar para a Cadeia seguinte, para ajudar a construir suas formas. Ele pode entrar na esplêndida Evolução Angélica ou Dévica. Ele pode devotar-Se ao serviço imediato do Logos, para ser usado por Ele em qualquer parte do Sistema Solar como Seu Servo e Mensageiro, que vive tão-só para cumprir Sua vontade e fazer Seu trabalho em qualquer parte do sistema que Ele governa. Como um General tem seu corpo de oficiais, cujos membros levam suas mensagens a qualquer parte do campo, assim Estes são os Oficiais d'Aquele que tudo comanda, 'Seus Ministros que fazem o que Lhe apraz'. Esta parece ser considerada uma Senda especialmente árdua, talvez seja a mais sacrificada que se abra para o Adepto, e portanto é considerada como merecedora da maior distinção. Um membro do Corpo de Oficiais não possui corpo físico, mas cria um para Si através de kriyashakti - o poder de criar - a partir da matéria do globo para o qual for enviado. O Corpo de Oficiais é constituído por Seres em níveis muito diversificados, do Adepto para cima.

"A pessoa que toma a veste de Dharmakaya se retira para dentro da Mônada, e descarta até mesmo seu átomo nirvânico; o Sambhogakaya conserva Seu átomo nirvânico e se apresenta como Espírito Trino, e o Nirmanakaya preserva Seu corpo causal e também os átomos permanentes que Ele carregou ao longo de toda Sua evolução, de modo que a qualquer momento Ele pode materializar em torno deles corpos mentais, astrais e físicos, se assim desejar. Ele mantém definitivamente Seu elo com o mundo de onde proveio, a fim de que possa suprir o reservatório de onde o poder espiritual é derramado sobre este mundo. Fala-se dos Nirmanakayas, na Voz do Silêncio, como formando um Muro Protetor que preserva o mundo de misérias e tristezas ainda maiores. Para os que não entendem o significado interno, isso parece implicar que a miséria e a tristeza vêm para o mundo a partir de fora, e que estes

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Grandes Seres as conservam afastadas, mas não é assim de forma alguma, pois todos os problemas do mundo provêm daqueles que sob eles padecem. Cada pessoa é o seu próprio legislador, que decreta sua própria danação ou recompensa, mas o dever do Nirmanakaya é fornecer uma grande quantidade de força espiritual para ajudar os homens. Eles geram esta força o tempo todo, não ficando com nada para Si, mas colocando-a toda a serviço da Fraternidade, para Seu uso no alívio do pesado fardo do mundo".

Assim, ver-se-á que dentre os que alcançam o Adeptado relativamente poucos permanecem nesta nossa Terra como membros da Hierarquia Oculta, mas Estes e Sua obra são de importância vital, de modo que a este assunto devotaremos os capítulos restantes deste livro. PARTE IV: A HIERARQUIA

CAPÍTULO 11: A OBRA DOS MESTRES

Um Sumário

Acabei de explicar que dentre os seres humanos que obtêm o Adeptado, apenas uns poucos permanecem em nossa Terra como membros da Hierarquia Oculta, a fim de promover a evolução da vida sobre ela de acordo com o plano de Deus. Atualmente há cerca de cinqüenta ou sessenta destes Super-Homens envolvidos nisso, e sobre Seu trabalho em geral nossa Presidente escreveu, em seu panfleto sobre Os Mestres, da seguinte forma:

"Eles auxiliam, de incontáveis maneiras, o progresso da humanidade. Desde as esferas mais altas Eles derramam luz e vida sobre todo o mundo, para que sejam recebidas e assimiladas, tão livremente como a luz do sol, por todos que sejam receptivos o bastante para tal. Assim como o mundo vive através da vida de Deus, focalizada pelo sol, da mesma forma o mundo espiritual vive pela mesma vida, focalizada pela Hierarquia Oculta. Ademais, os Mestres especialmente ligados às religiões usam-nas como reservatórios onde Eles derramam energia espiritual, para que esta seja distribuída ao fiel de cada religião através dos 'instrumentos de graça' devidamente instituídos. A seguir vem o grande trabalho intelectual, onde os Mestres enviam grandes formas-pensamento de elevado poder intelectual para serem capturadas por homens de gênio, assimiladas por eles e dadas ao mundo; também neste nível Eles enviam Seus desejos aos Seus discípulos, notificando-os sobre as tarefas a que devam se devotar. Depois vem o trabalho no mundo mental inferior, a geração de formas-pensamento que influem na mente concreta e a guiam ao longo de linhas úteis de atividade neste mundo, e o ensino daqueles que vivem no mundo celeste. Então seguem-se as vastas atividades do mundo intermediário, a ajuda aos assim chamados mortos, a direção e supervisão gerais sobre o ensinamento aos jovens discípulos, e o envio de ajuda em incontáveis

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casos de necessidade. No mundo físico, Eles observam as tendências dos acontecimentos, corrigem e neutralizam, até onde permita a lei, os eventos funestos, constantemente equilibram as forças que atuam pró e contra a evolução, fortalecendo o bem, enfraquecendo do mal. Eles também trabalham em associação com os Anjos das Nações, guiando as forças espirituais assim como outros guiam as materiais.

As Paróquias

Podemos analisar mais amplamente as linhas do trabalho, aqui indicadas resumidamente com a largueza de visão pela qual nossa Presidente é mundialmente renomada. Embora o número de Adeptos seja pequeno, Eles arranjaram que em todo o mundo nenhuma vida seja negligenciada ou esquecida; assim, Eles dividiram a Terra em áreas especiais, um pouco da maneira em que nos antigos países a Igreja dividia todo o território em paróquias, daí que onde quer que uma pessoa possa viver, cairá sempre dentro dos limites de uma destas divisões geográficas, e tem uma organização eclesiástica definida para ministrar às suas necessidades espirituais e, às vezes, às corpóreas. As paróquias dos Adeptos, contudo, não são províncias ou partes de cidades, mas grandes países e mesmo continentes. Da forma como o mundo está hoje dividido, pode-se dizer que um grande Adepto está encarregado da Europa, e outro vela pela Índia; e todo o mundo é distribuído semelhantemente. As paróquias não seguem nossas fronteiras políticas ou geográficas, mas dentro do Seu território o Adepto tem de cuidar de todos os diferentes níveis e formas da evolução - não só a nossa, mas também o grande reino dos Anjos, as várias classes de espíritos da Natureza, os animais, vegetais e minerais abaixo de nós, os reinos da essência elemental, e muitos outros de que até agora nada sabe a humanidade; portanto, há uma inimaginável quantidade de trabalho a ser feito. Em acréscimo à proteção dos Adeptos, cada raça ou país conta ainda com a assistência de um Espírito da Raça, um Deva ou Anjo Guardião, que vela sobre ele e o ajuda a guiar seu crescimento, e corresponde de muitas formas à antiga concepção de uma Deidade tribal, embora esteja em um nível consideravelmente superior. A Palas Atena dos antigos gregos é um bom exemplo desta categoria. Há muitos diferentes conjuntos de influências em atividade no serviço do Logos para a evolução do homem, e naturalmente todos eles operam na mesma direção, e em cooperação mútua. Jamais devemos cometer o erro de atribuir a estes grandes Agentes os desastres que ocasionalmente sucedem aos países, como o caso da Revolução Francesa e a recente sublevação na Rússia. Tais acontecimentos se devem inteiramente às paixões selvagens do povo, que se descontrolaram e causaram destruição em vez de construção, e ilustram o perigo a que se expõe o trabalho dos Adeptos e do Espírito da Raça quando Estes fazem experiências ao longo de linhas democráticas. Há um mal terrível envolvido na tirania, e muitas vezes também grandes sofrimentos, mas pelo menos há

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alguma espécie de controle; e o grande problema em livrar-se da tirania é como fazê-lo sem perder a estabilidade social e o autocontrole. Quando isso acontece, muitas pessoas deixam de manter a sua humanidade como guia de suas personalidades, a paixão se acende, as multidões se rebelam, e o povo se torna passível de obsessão por grandes ondas de influências indesejáveis. O Anjo nacional tenta guiar os sentimentos do povo; ele está interessado neles como uma grande massa, e quando necessário os instiga a grandes atos de patriotismo e heroísmo, assim como um general poderia encorajar seus homens a avançar no campo de batalha; mas ele jamais é descuidado das vidas sob seu encargo ou negligencia seus sofrimentos mais do que um general sábio o faria. Distribuição de Força

Uma grande parte do trabalho do Adepto, como vimos em um capítulo anterior, dá-se em níveis muito além do físico, uma vez que Eles estão engajados em derramar Seu próprio poder e também a força retirada do grande reservatório enchido pelos Nirmanakaya. É karma do mundo que ele tenha uma certa quantidade desta força elevante a seu serviço, e mesmo as pessoas comuns que sintonizam suas vontades com a Vontade Divina (dirigindo seus pensamentos e sentimentos a serviço da humanidade) acrescentam um pouco ao reservatório, e assim são privilegiadas por compartilharem do grande sacrifício. Por causa disso, a humanidade evolui como uma unidade, e o milagre da fraternidade possibilita a cada um fazer muito mais progresso do que seria mesmo remotamente possível se tivesse de se valer apenas de si mesmo. Tudo isso é parte do esquema do Logos, que deve ter previsto que eventualmente assumiríamos nossa parte em Seu plano. Quando Ele o concebeu deve ter pensado: "Quando meu povo chegar a certo nível, começará a cooperar inteligentemente comigo; portanto, arranjarei as coisas de modo que quando eles chegarem a este ponto serão capazes de utilizar meu poder". Assim, Ele conta com cada um de nós. Nos níveis superiores a Fraternidade é una com toda a humanidade, e através de sua atuação tem lugar a distribuição do suprimento de força do grande reservatório, para benefício dos homens. Os Adeptos irradiam sobre todos os egos, sem exceção, no plano mental superior, e assim dão a maior assistência possível ao desdobramento da vida interna. Esta vida é como uma semente que não pode morrer e deve crescer, porque o princípio da evolução, o próprio Logos, está no coração de seu próprio ser; no homem esta plantinha já cresceu acima do solo e busca o ar superior, e a rapidez de seu desenvolvimento agora é largamente devido à luz solar da força espiritual que desce através dos canais da Hierarquia. Esta é uma das várias maneiras em que os mais avançados ajudam os menos avançados, à medida que eles compartilham mais e mais da natureza divina, de acordo com o plano divino. Cada um dos Adeptos que assumiu este trabalho específico irradia sobre um número enorme de pessoas, que chega a muitos milhões simultaneamente; mesmo assim, tal é a maravilhosa qualidade deste poder que Ele derrama, que ele se adapta a cada um dos indivíduos destes milhões como se ele fosse o

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único objeto de sua influência, e parece como se a atenção dada a cada um fosse plena e exclusiva. É difícil explicar, no plano físico, como pode ser assim - mas isso deriva do fato de que a consciência nirvânica do Mestre é um tipo de ponto que ainda inclui todo o plano. Ele pode levar este ponto para diversos planos abaixo e expandí-lo como se fosse uma espécie de bolha vastíssima. No exterior desta imensa esfera estão todos os corpos mentais que Ele deseja afetar, e Ele, enchendo a esfera, aparece inteiro a cada indivíduo. Deste modo Ele enche com Sua vida os ideais de milhões de pessoas, e para elas Ele constitui respectivamente o Cristo ideal, o Rama ideal, o Krishna ideal, um Anjo ou talvez um Espírito-guia. Este é um tipo de trabalho muito diferente da superintendência de uma das grandes paróquias, e nele o Mestre presta atenção principalmente a pessoas de um único tipo, aquelas que estão se desenvolvendo ao longo de Sua própria linha de evolução, embora naturalmente a maioria delas esteja de todo inconsciente de Sua ação. Ele tem ainda de lidar com muitos casos especiais, e para este fim Ele algumas vezes delega parte do trabalho aos Devas, deixando-lhes considerável liberdade dentro de limites bem definidos. Por sua vez, os Devas empregam espíritos da natureza e constróem uma variedade de formas-pensamento, e existe assim um grande campo de atividade relacionado com seu trabalho. O Uso da Devoção Em The Science of the Sacraments expliquei como os Grandes Seres tiram partido das cerimônias de todas as religiões para derramar Seu poder sobre o mundo nos planos inferiores, e desta forma estimular em tantas pessoas quantas possíveis o crescimento espiritual de que cada uma é capaz. Mas isso é feito não só em conexão ao cerimonial religioso, pois a Fraternidade faz uso de qualquer oportunidade que se ofereça. Se houver uma reunião de pessoas que estão sob a influência da devoção, todas entregues naquele momento a nobres e elevados pensamentos, tal reunião oferece aos Adeptos uma oportunidade incomum, da qual Eles farão uso imediato, uma vez que ela forma um foco que Eles podem usar como canal de força espiritual. Quando as pessoas estão dispersas e vivendo em suas casas, elas são como uma porção de linhas separadas por onde pode fluir apenas pequena porção de força, mas quando se reúnem é como se elas se combinassem para construir uma espécie de cano, através da qual pode ser vertida uma torrente de bênçãos muito maior do que a soma do que poderia descer através das linhas separadas. Tenho visto milhões de peregrinos reunidos na cidade santa de Benares, muitos deles sem dúvida ignorantes e supersticiosos, mas naquela hora plenos de devoção e completamente concentrados. A massa de sentimento devocional gerada por tal multidão é quase incalculável, e os Adeptos jamais perdem a oportunidade de utilizá-la para o bem. Claro, é inquestionável que um número semelhante de pessoas igualmente entusiastas mas inteligentes forneceria uma força vastamente maior - e também uma força capaz de atuar em um plano de todo superior; mas nem por um instante devemos cometer o

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erro de ignorar o valor da imensa quantidade de energia produzida pelas pessoas ignorantes e mesmo fanáticas. Os membros da Fraternidade têm uma maravilhosa faculdade de separar o mal do bem, ou antes, de retirar até a última gota daquilo que pode ser usado para o bem, mesmo dentre uma grande quantidade que é má. É comum encontrarmos a mais intensa devoção aliada a um sentimento ferozmente sectário; em tais casos o Adepto extrairá e fará uso de cada partícula de sentimento devocional, simplesmente ignorando e deixando de lado o ódio selvagem, que para nós parece ser parte daquele. Portanto, pessoas com as características mais indesejáveis freqüentemente produzem uma certa quantidade de bom karma, embora seja inegável que este seria muito maior se fosse dissociado das qualidades ruins. Uma cidade como Benares é sempre um tremendo centro de força, mesmo fora da época das peregrinações anuais. É uma cidade de santuários e relíquias, e estes podem ser utilizados como canais pelos Adeptos; e o mesmo vale para coisas semelhantes em todo o mundo. Em determinado lugar, por exemplo, pode haver uma relíquia de um grande santo, pertencente a qualquer uma das religiões do mundo. Se a relíquia for genuína, irradia-se dela certa quantidade de forte magnetismo, por causa de sua ligação com um homem digno, e portanto ela pode ser usada, através do envio de uma corrente de força a seu través, para abençoar aqueles que a veneram. Em muitos casos, porém, a relíquia não é autêntica; mas isso, que nos pareceria um fato importantíssimo, na realidade importa menos do que poderíamos supor. Se durante um longo tempo as pessoas criaram um grande centro de sentimento devocional em seu redor, somente por causa disso a Fraternidade já poderia usá-la tão efetivamente como se fosse uma relíquia genuína, e o fato de que as pessoas estão iludidas em sua crença não afeta sua utilidade, uma vez que a sua devoção é verdadeira, e isso é o que importa. Se isso fosse melhor entendido provavelmente refrearia muitas pessoas insensatas que tendem a ridicularizar as superstições dos camponeses Católicos na Itália, Sicília ou Espanha, ou que menosprezam trabalhadores Hindus porque eles prestam homenagem em algum santuário que obviamente não é o que eles julgam ser. Não há dúvida que a verdade é melhor do que o erro, porém devemos lembrar que não é bom tirarmos dos ignorantes os objetos de sua devoção antes que eles sejam capazes de passar para coisas superiores; o mundo se empobrece com esta iconoclastia, pois com ela não só destrói-se a devoção, mas também podem ser fechados canais úteis para a força do Mestre. Além disso, é obviamente impossível para um camponês ignorante julgar a autenticidade de uma relíquia, e seria grosseiramente injusto que o efeito de sua devoção, derramado com boa intenção e com toda a inocência do coração, deva depender de um fato do qual ele não pode ter conhecimento algum. No grande mundo das realidades jamais se lida com as coisas de modo tão inepto; a verdadeira devoção receberá plena e calorosa resposta, seja ou não o objeto de que é centro aquilo que o devoto imagina que ele seja. A devoção é a coisa real - a única coisa que importa - e ela deve e vai receber a resposta real que

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merece. A suposta relíquia é meramente um ponto sobre o qual a devoção se focaliza, e um ponto imaginário funcionará para isso tão bem quanto qualquer outro. O Trabalho dos Discípulos

Já mencionei que os discípulos dos Mestres também são aprendizes, que em seu nível inferior eles servem como transmissores de força, e também fazem uma grande variedade de trabalhos em todos os ramos da civilização e cultura humanas, sendo tudo isso parte da obra dos Adeptos no mundo. Uma vasta porção dela é feita por outros, que receberam inspiração ou sugestão destes discípulos, ou através das várias sociedades e agências que eles estabeleceram ou influenciam. Sem estas influências a humanidade realmente seria mais pobre, embora em sua maior parte ela pouco saiba da fonte de sua verdadeira riqueza. Os próprios Adeptos não podem se afastar de Seu excelso trabalho para realizar estas tarefas mais baixas e fáceis, porque se Eles o fizessem todo o sistema da evolução sofreria. As pessoas por vezes perguntam, por exemplo, por que estes Grandes Seres não escrevem livros. Elas esquecem que os Adeptos estão promovendo a evolução de todo o mundo; dificilmente Eles poderiam largá-la a fim de dar às pessoas informações a respeito de apenas alguma parte dela. É verdade que se um destes Grandes Seres tivesse tempo de escrever um livro, se Sua energia não pudesse ser empregada melhor, este livro seria de longe superior a qualquer um dos que temos. Mas se o plano das coisas fosse que todos os trabalhos fossem feitos por aqueles que já podem fazê-los com perfeição, não haveria espaço para o exercício de nossas faculdades, e seria difícil vermos qualquer utilidade para a nossa existência neste mundo. Um departamento de atividade que recentemente foi organizado em larga escala pelos discípulos dos Mestres é o do serviço prático no plano astral, sobre o qual eu escrevi no livro Invisible Helpers. A maior parte deste trabalho é dirigido aos recém-falecidos, que freqüentemente se encontram confusos, assustados, e mesmo sofrendo, especialmente quando durante sua vida foram amedrontados pelas horrendas histórias de torturas indizíveis após a morte, que formam parte do repertório de algumas seitas religiosas perversas. Embora já tenha vários anos, foi dentro da Sociedade Teosófica que o grupo organizado de auxiliares invisíveis foi fundado e posto a trabalhar. Originalmente ele era composto de pessoas ainda vivas, que haviam decidido usar seu tempo durante o sono do corpo desta forma definida; mas logo elas atraíram muitíssimos dentre os já mortos, que não haviam pensado neste trabalho antes. Até então os recém-chegados ao mundo astral eram em grande parte deixados entregues a si mesmos, a menos que conhecidos seus tomassem a iniciativa de apresentá-los a esta nova vida. Por exemplo, uma mãe que já morrera poderia ainda velar por seus filhos, e se algum deles morresse logo depois da mãe ela lhe daria toda ajuda e informação que pudesse, e geralmente a pessoas bem intencionadas dentre os mortos transmitiam o que soubessem aos outros, quando percebiam a necessidade de ajuda. Nas civilizações

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antigas, quando grandes famílias e clãs eram a regra, talvez relativamente poucas pessoas se vissem sem um amigo, quando necessitassem, no outro lado da morte. Leitores da literatura oriental lembrarão o quanto é dito nos livros religiosos Hindus sobre a importância dos laços e deveres familiares, que se estendiam até as regiões invisíveis além do véu da morte. Além disso, as condições lá eram um pouco como um país sem hospitais ou escolas ou agências de informações públicas, onde muitos podiam sofrer, e em tempos especiais de calamidade ou guerra o problema era amiúde muito sério. O Esforço de Cada Século Uma excelente ilustração da maneira como os Adeptos trabalham para o melhoramento da civilização é dada nas London Lectures de 1907, da nossa Presidente, onde ela nos conta algo dos passos que foram dados pela Fraternidade para tirar a Europa da terrível escuridão da Idade Média. Ela explica que no século XIII um poderoso Personagem, então vivendo no Tibete, deu uma ordem à Fraternidade para que no quarto final de cada século fosse feito um esforço para iluminar a Europa. Analisando cuidadosamente a história, podemos ver que daquele tempo em diante a Loja enviou um novo raio de luz perto do final de cada século. O último destes esforços foi a fundação da Sociedade Teosófica em 1875. Depois de cuidadosa ponderação os Mestres Morya e Kuthumi assumiram a responsabilidade por esta iniciativa, e escolheram a nobre obreira Madame Blavatsky para auxiliá-Los no plano físico. A maioria dos estudantes da literatura Teosófica sabe como ela foi preparada para fazer o que tinha de fazer, como no devido tempo a Fraternidade a enviou à América para encontrar o Coronel Olcott, o camarada que a supriria do lhe faltava - o poder de organização e o de falar às pessoas e reuní-las em seu redor e moldá-las como um movimento no mundo externo - e como a Sociedade foi fundada em Nova Iorque, e mais tarde seu Quartel-General se mudou para a Índia. Enquanto escrevo, nossa Sociedade já completa cinqüenta anos de serviço à humanidade, e é impossível estimar a vasta quantidade de bem que ela produziu em cada departamento da vida humana. Sua influência não pode de modo algum ser medida pelo número de seus membros ou ramos, embora isso sem dúvida seja significativo, uma vez que ela se estende a todas as partes civilizadas do globo. Mas em cada campo de empreendimento humano ela fez soar sua nota característica, cujas reverberações se multiplicam em nosso redor nas palavras e obras de estadistas e homens de ciência, literatos e artistas, e muitos outros, dos quais grande número talvez jamais tenha ouvido a palavra Teosofia. Ela chamou a atenção para as realidades do mundo invisível e para o poder da mente. Ela foi a voz, na vida exterior, para a necessidade de reconhecimento da realidade da fraternidade, buscando não a uniformidade na vida humana, mas a organização para ajuda mútua de indivíduos muito diferentes, cada um dos quais devendo ser forte em seu próprio tipo, e todos sendo unidos pelo laço indissolúvel de respeito pelos homens que lhe são diferentes. Ela uniu oriente e ocidente como nunca antes, exigiu jogo limpo na comparação entre as religiões, e revelou com clareza inequívoca sua unidade essencial de ensinamento e sua origem comum. E trouxe milhares aos pés do

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Mestre, para doravante serví-Los com todas as suas forças e seus corações para o bem da humanidade. As Raças Em seu trabalho para o mundo a Fraternidade lida não só com o presente, mas mira longe no futuro, e prepara, para a evolução, novas raças e nações onde as qualidades da humanidade se desenvolvam em seqüência harmoniosa. Como veremos no Capítulo 13, o progresso da humanidade não acontece aleatoriamente, mas a formação das raças, com suas características especiais físicas, emocionais e mentais (servindo como classes na grande escola do mundo, para o desenvolvimento de qualidades especiais) é tão exata e definida como o currículo e cronograma de qualquer colégio moderno. A grande raça Ariana, a qual, embora ainda não em seu zênite, domina hoje o mundo com seu dom maior do intelecto, seguiu a raça Atlante, cujo povo ainda forma a maioria da humanidade e ocupa uma grande área da superfície de nossa Terra. O Advento Em relação a isso existem, atualmente em andamento, três grandes divisões do trabalho, sendo que a primeira é a preparação para a encarnação física, e atividade entre os homens, do Bodhisattva ou Mestre do Mundo, que é o mesmo grande Personagem que o Cristo, que ocupou o corpo de Jesus há dois mil anos. Seu Advento não deve ser confundido com os acontecimentos de cada século já mencionados; aqueles pertencem ao Primeiro Raio, e estão no departamento do trabalho oculto que trata com a direção das raças e suas subdivisões, ao passo que este é um acontecimento que ocorre somente uma vez em um longo período, e é uma atividade do Segundo Raio, o departamento da religião e educação. O Mestre do Mundo já está às nossas portas, e podemos esperar por manifestações cada vez maiores de Seu poder, Sua sabedoria e Seu amor. A Ordem da Estrela no Oriente foi fundada em 1911 para preparar este Advento através da reunião de pessoas de todas as seitas e religiões do mundo, as quais, por várias razões, acreditam na chegada iminente do Mestre do Mundo e desejam se unir em um grande esforço para proclamá-Lo ao mundo, e se preparar até onde possível para serem servos úteis do Senhor quando Ele vier. Uma vez que o Senhor Maitreya decidiu anunciar Sua vinda ao mundo através de nossa Presidente, imagino que se justifica presumirmos que Seus ensinamentos serão de alguma forma semelhantes aos ideais que ela tem promulgado com tão maravilhosa eloqüência ao longo destes últimos trinta e sete anos. Algumas seitas Cristãs ainda pendem para a superstição de que Ele virá para julgar e destruir a Terra, de modo que há um grande elemento de medo e incerteza associado às suas crenças. Mas todo o medo de Deus provém da má compreensão.

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O Advento do Cristo está de fato relacionado a um fim - não ao fim do mundo, mas ao fim de uma era ou dispensação. A palavra grega para isso é aion, que equivale a éon em português, e assim como Cristo dissera há dois mil anos que a dispensação da lei Judaica havia chegado a um fim, porque Ele viera para fundar uma nova, a do evangelho, da mesma forma a era do evangelho encontrará seu fim quando Ele retornar e fundar uma outra. Ele dará o mesmo grande ensinamento; o ensinamento deve ser o mesmo, pois só existe uma Verdade, embora talvez Ele possa apresentá-la com um pouco mais de clareza para nós, pois já sabemos um pouquinho mais. Ela será promulgada em alguma roupagem nova, quiçá com alguma beleza de expressão que seja exatamente adequada a nós nos dias de hoje, e quem sabe haja alguma declaração que apele a um número maior de pessoas. O ensinamento certamente será o mesmo, pois ele já apareceu em todas as crenças existentes. Estas têm diferido muito em seus métodos de apresentá-lo, mas todas concordam inteiramente a respeito da vida que urgem a seus seguidores viver. Encontramos considerável diferença entre os ensinamentos externos do Cristianismo, Budismo, Hinduísmo e Islamismo, mas se examinarmos os homens bons de qualquer uma destas religiões e perguntarmos sobre suas práticas diárias, veremos que todos eles estão levando exatamente a mesma vida - e todos concordarão sobre as virtudes que um homem bom deve possuir e sobre os males que ele deve evitar. Todos eles nos dizem que um homem deve ser caridoso, veraz, amável, honrado, solícito para com os pobres; todos eles nos dizem que um homem rude e ambicioso e cruel, falso e desonrado, não faz progresso algum, e não tem chances de ter sucesso antes de mudar suas maneiras. Como pessoas práticas, devemos reconhecer que as coisas de importância real em qualquer religião não são as vagas especulações metafísicas sobre assuntos de que ninguém pode saber nada ao certo, pois eles não influem em nossa conduta; as coisas importantes são os preceitos que afetam nossas vidas diárias, que nos fazem este ou aquele tipo de pessoa em nossas relações com nossos semelhantes. Estes preceitos são os mesmos em todas as religiões existentes, e serão os mesmos no novo ensinamento, seja qual for a forma que ele assumir. Talvez possamos ir um pouco mais longe e predizermos o que Ele vai ensinar. Com certeza a grande verdade central que Ele há de enfatizar é que os males do mundo vêm da falta de amor e fraternidade - que se o homem aprender a amar e a adotar a atitude fraterna, todo o mal se extinguirá e a idade de ouro raiará sobre nós. Não de imediato - não podemos esperar por isso, mas pelo menos as pessoas começarão a ver por si mesmas, e a entender o quanto mais há de ser ganho ao longo desta linha do que da outra. A Sexta Sub-Raça O segundo destes grandes eventos é a modelação da forma do corpo, das emoções e da mente da sexta sub-raça de nossa Raça Ariana, a qual já começou a aparecer na América e na Austrália, e talvez em outras partes do mundo. O grande poder modelador da mente e da vontade do Manu estão

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agindo nos planos internos, modificando até o tipo físico das crianças da nova era, onde quer que elas possam ser susceptíveis a tal, e alguns dos membros mais jovens da Fraternidade, atuando no mundo externo, têm instruções de prover para elas, quando possível, a educação e o treinamento que beneficie a nova raça. Este trabalho ainda é de pequena monta, mas está destinado a se desdobrar em proporções gigantescas, até que dentro de poucos séculos a sexta sub-raça se apresentará no novo mundo distinta e admirável em sua juventude, enquanto que o velho mundo continuará a desenvolver a quinta sub-raça até sua maturidade e perfeição. E talvez mais tarde a sexta sub-raça, radiante e gloriosa em sua maturidade, irradie suas bênçãos sobre a quinta, de modo que pela primeira vez uma raça terá um declínio digno para uma velhice frutífera e venerável. Esta pode ser a recompensa de seus serviços presentes e futuros para com a raça infante, e de suas lutas, cheias de sacrifício, mas triunfante, contra os poderes das trevas, abrindo possibilidades tais para o homem como a raça jamais conheceu antes. Devemos tentar entender o que significa pertencer à nova sexta sub-raça. Nossas idéias tendem a ser rígidas demais. Quando a sexta sub-raça estiver plenamente estabelecida, mostrará certas características definidas - físicas, astrais e mentais - que não serão vistas no homem médio da quinta sub-raça. Lembremos que isso tem de ser construído gradualmente a partir da quinta sub-raça, e estas características novas devem ser desenvolvidas uma a uma em cada um dos egos envolvidos. O processo de preparação é longo, e pode muito bem se estender ao longo de várias vidas. Assim, quando olharmos em torno e examinarmos as pessoas (e especialmente os jovens) a partir deste ponto de vista, não devemos esperar ser capazes de dizer com segurança que um pertence à nova sub-raça, e que outro não. Uma asserção mais exata seria mais ou menos assim: "A parece possuir cerca de 25% das características da nova sub-raça; B talvez tenha 50%; C tem uma grande porção - talvez 75%; em D não posso ver nada faltando; até onde posso afirmar este é um exemplar plenamente desenvolvido". E devemos entender que as crianças comuns que imaginamos promissores serão como um A ou um B, pois mesmo estes ainda são muito raros no mundo, e como C e D praticamente são inexistentes, exceto dentro de nosso próprio pequeno círculo. Lembremos ainda que os desenvolvimentos são muito desiguais; um garoto pode ter feito uma considerável quantidade de progresso astral ou mental antes de apresentar muito no seu corpo físico; e, por outro lado, através de uma boa hereditariedade, ele pode ter um corpo físico capaz de expressar avanços maiores nos planos superiores do que ele já tenha atingido de fato. Muito poucos podem esperar mostrar desde já todos os sinais, e podem ficar satisfeitos se apresentarem um ou dois. Nem mesmo em seu apogeu ela será uniforme; por exemplo, ela é em linhas gerais uma raça dolicocéfala, mas sempre terá ramos braquicéfalos; conterá pessoas de cabelos louros e morenos, pessoas com olhos azuis e pessoas com olhos castanhos. Naturalmente os traços astrais e mentais são os mais importantes, mas na maioria dos casos é só através do aspecto físico que poderemos fazer uma avaliação. A tônica será o altruísmo, e a dominante será um vivo entusiasmo pelo serviço, e estas devem ser acompanhadas por uma

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gentileza ativa e um coração largamente tolerante. Aquele que esquece de seu próprio prazer e pensa apenas em como pode ajudar os outros já se adiantou muito na estrada. O discernimento e o bom senso também serão características marcantes. Se desejamos saber quais sinais físicos devemos buscar, talvez os mais assinalados de todos sejam as mãos e pés delicados e bem torneados, dedos finos e unhas ovais, especialmente a finura dos dedos e polegar quando vistos de perfil. A textura da pele também é importante. Ela é sempre suave, e jamais rude. Teremos três tipos de rostos - o marcadamente oval com testa alta, o levemente menos oval com testa larga, e o praticamente braquicéfalo (sendo este mais raro; a definição de um crânio braquicéfalo é que sua largura seja quatro quintos de seu comprimento). Há, na pessoa que esteja se aproximando da sexta sub-raça, uma distinta expressão, que alguém que a buscar logo começará a reconhecer. Freqüentemente ouvimos, de observadores independentes e estudantes, sobre o reconhecimento de um novo tipo racial, visto especialmente na Califórnia, Austrália e Nova Zelândia. Por exemplo, em 1923 o Capitão Pape publicou um documento, para a British Association, tratando do que ele chamou de Raça Austro-Americana, e suas observações incluem a seguinte descrição de suas peculiaridades: "A cabeça tende a ser arredondada, especialmente sobre a região frontal; há um afastamento do padrão que é conhecido como de 'implantação auricular baixa'; cabelo e pele finos; olhos luminosos, inteligentes, mas não grandes; ponte do nariz desenvolvida precocemente; lábios sensíveis e móveis; sobrancelhas proeminentes; grande desenvolvimento do cérebro frontal; tipo de face um tanto triangular, mas não aguda; fisiologia geral harmoniosa, proporcionada, saudável, nada do tipo 'só cérebro e nada de corpo'. A psicologia da criança da nova raça manifesta uma pronta resposta à simpatia, piedade ante o sofrimento, poder de compreender princípios facilmente, rápidas intuições, integridade, sensibilidade, rápido senso de justiça, ausência de inteligência repetitiva, anseio por ajudar os outros. Elas também apresentam aversão à comida grosseira, e freqüentemente não têm um grande apetite para qualquer tipo de comida. Sob outros aspectos elas são crianças normais, mas precisam especialmente de professores simpáticos e compreensivos". No ano anterior apareceu um longo artigo em The Los Angeles Sunday Times, devotado ao assunto da nova raça emergente na Califórnia e Nova Zelândia. Depois de referir-se a algumas características mentais e físicas atribuídas às crianças da nova raça, ele assinalou particularmente suas qualidades de equilíbrio e intuição excepcionais. A Sexta Raça Raiz O terceiro grande evento é a fundação da sexta Raça-Raiz, que há de ter lugar fisicamente na Califórnia daqui a cerca de setecentos anos. Lá será estabelecida uma comunidade com o Manu daquela raça, Aquele que agora é o nosso Mestre Morya, como seu líder, e a Seu lado estará Seu colaborador de

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longas eras, o Mestre Kuthumi, que será o Bodhisattva da sexta Raça-Raiz. Já escrevemos sobre esta comunidade em Man: Whence, How and Whither. Embora isso esteja ainda a centenas de anos no futuro, o que não obstante é um tempo bem exíguo na vida de um homem, todos nós perceberemos, ao buscarmos descobrir seus antecedentes, que já estão sendo feitos preparativos para isso, e neles a Sociedade Teosófica está tendo uma parte nada pequena. Todos os ramos da Sociedade estão, ou deveriam estar, incentivando cada um de seus membros em seus esforços para aplicar no mundo externo o conhecimento Teosófico que já tiver adquirido; obviamente ele deve fazer isso de acordo com seu temperamento e habilidade, e com as oportunidades que se oferecerem ao tratar com as pessoas; mas sempre coisas que ajudem a raça atual. Dentro da Loja Teosófica, onde tantos tipos diferentes de indivíduos se reúnem e devem ajudar-se mutuamente, se a Loja for verdadeira para com seus ideais, deve ser desenvolvida pelos membros uma largueza de caráter, pois a este respeito eles recebem uma educação no espírito da fraternidade que dificilmente pode ser encontrada em qualquer outra parte do mundo. A maioria das sociedades são organizadas para a conquista de um objetivo ou propósito, mas na Sociedade Teosófica sabemos que embora um modelo de perfeição atraia mais fortemente uma pessoa e outro atraia outra, a fraternidade entre os homens não deve ser conseguida pelo triunfo de um só ideal, seja ele o amor, ou a verdade, ou a beleza sozinhos, mas sim pela fusão de todas estas correntes em um feixe poderoso que ligará para sempre os homens ao Divino. Como foi dito no Hitopadesha há muito tempo atrás:

“Coisas pequenas tornam-se extraordinariamente fortes quando habilmente combinadas: Elefantes furiosos são contidos com uma corda de fios de grama”.

Assim é o espírito de fraternidade gradualmente adquirido pelo verdadeiro Teosofista, que apóia seu irmão por causa de um impulso interior e não por uma compulsão externa, e a filiação à Sociedade é verdadeiramente um treino que os Mestres oferecem, o qual, se bem sucedido, aprontará a pessoa para renascer na comunidade da sexta Raça-Raiz quando ela se estabelecer no plano físico. CAPÍTULO 12: OS CHOHANS E OS RAIOS Os Chohans No último capítulo tentei descrever algumas das numerosas linhas de trabalho dos grandes Mestres, mas é claro que há muitas outras, das quais não sabemos praticamente nada; porém o que sabemos indica que o trabalho é vasto e variado, e que os Adeptos lidam com ele de diversas maneiras, de acordo com Seus próprios temperamentos e preferências. Há uma divisão sétupla que percorre todas as coisas, como logo deverei explicar mais extensamente, e isso existe também na Grande Fraternidade Branca. Os sete

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Raios são claramente distinguíveis na Hierarquia. O primeiro, ou Raio do Poder, é governado pelo Senhor do Mundo; à testa do Segundo Raio está o Senhor Buda, e abaixo destes vêm, respectivamente, o Manu e o Bodhisattva da Raça Raiz que na ocasião predominar no mundo. Em nível igual a estes está o Mahachohan, que supervisiona todos os outros cinco Raios, tendo cada um, não obstante, um Dirigente próprio. No meu próximo capítulo explicarei o que puder destes degraus mais altos da Hierarquia, tentando fazer um relato sobre trabalho dos Dirigentes dos Raios Três a Sete, e do dos Mestres Morya e Kuthumi, que, em Seu nível, respondem pelos Raios Primeiro e Segundo. O título de Chohan é dado aos Adeptos que receberam a sexta Iniciação, mas a mesma palavra também é empregada para os Regentes dos Raios Três a Sete, que têm cargos muito definidos e elevados dentro da Hierarquia. Disseram-nos que o significado da palavra Chohan é simplesmente "Senhor", e que ela é usada tanto genérica como especificamente, de modo muito semelhante ao uso da palavra em português. Chamamos um homem comum de "senhor" por questão de cortesia, mas o significado é bem diverso quando aplicamos este apelativo a um Ministro ou um Governador de Estado, por exemplo. O termo aparece ainda combinado, como Dhyan Chohan, que ocorre na Doutrina Secreta e em outros lugares, e nestes casos ele se refere a Seres da mais excelsa dignidade, muito acima da Hierarquia Oculta de nosso planeta. A Tabela do Mestre Djwal Kul

Neste ponto é necessário, para que se entenda esta parte do trabalho dos Mestres, fazermos uma breve digressão para dizermos alguma coisa do que significam os Sete Raios. Este é um assunto bastante difícil. Há muito tempo eu recebi alguma informação, com certeza muito incompleta, porém muito valiosa, sobre estes Raios. Lembro-me bem da ocasião em que ela nos foi dada. O Sr. Cooper-Oakley e eu e um irmão Hindu estávamos sentados no terraço em Adyar naqueles primeiros tempos, quando só havia o prédio da sede e vinte e nove acres de bosques atrás de nós; e ali mesmo subitamente nos apareceu o Mestre Djwal Kul, que naquela época era o principal discípulo do Mestre Kuthumi. Naqueles dias ele nos dava muitos ensinamentos, e era sempre muito amável e paciente, e enquanto Ele sentava e nos falava naquele dia, a questão dos Raios ocorreu ao Sr. Cooper-Oakley e, em sua maneira peculiar, disse: "Oh Mestre, por favor, havei de nos contar tudo sobre os Raios?" Nosso Mestre piscou um olho enquanto dizia: "Bem, não posso vos dizer tudo sobre eles antes que vós tenhais chegado a uma Iniciação muito alta. Recebereis o que eu posso vos dizer, sabendo que será parcial e inevitavelmente confuso, ou esperareis até que possais ouvir tudo?" Naturalmente pensamos que aquela meia fatia de pão era melhor do que pão nenhum, de modo que dissemos que aceitaríamos o que Ele nos desse, mas muito nos foi incompreensível, como Ele previu. Ele disse: "Não vos posso revelar nada mais do que isso, pois me impedem certos votos; mas se vossa intuição puder ir além eu vos direi se estais certos". Mesmo aquela informação fragmentária foi do maior valor para nós.

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O Diagrama 4 que segue é a tabela dos Raios e suas características como Ele no-la deu naquela ocasião. Foi explicado que a religião mencionada em relação a cada Raio não deve ser tomada necessariamente como uma perfeita exposição dele, mas que simplesmente é o que restou na Terra como relíquia da última ocasião em que aquele Raio exerceu a influência dominante no mundo. A Magia do Primeiro Raio e as características do Sétimo não nos foram dadas, mas podemos imaginar que a primeira seja kriyashakti e a segunda seja a cooperação com o reino Dévico. O significado do Nascimento de Hórus não pôde ser explicado, mas foi-nos dito que uma das características do Quarto Raio é o uso das forças de ação e reação - as forças masculinas e femininas da Natureza, por assim dizer. Sempre que nas diversas religiões ocorre o falicismo, isso sempre se deve à materialização e má compreensão de alguns dos segredos ligados a este Raio. O verdadeiro desenvolvimento do Sétimo Raio seria a comunicação com os Devas superiores e recebimento de instruções deles.

Raio Características do Raio Magia Característica Última Religião

1 Fohat-Shechinah ... Bramânica

2 Sabedoria Raja Yoga (Mente Humana)

Budismo

3 Akasha Astrologia (Forças Magnéticas Naturais)

Caldéia

4 Nascimento de Hórus Hatha Yoga (Desenvolvimento Físico)

Egípcia

5 Fogo Alquimia (Substâncias Materiais)

Zoroastrismo

6 Encarnação da Deidade Bhakti (Devoção) Cristianismo (Kabala, etc)

7 ... Magia Cerimonial Culto Elemental

DIAGRAMA 4

Depois do que eu disse acima deve ter ficado claro que a informação que já nos chegou sobre os Raios é fragmentária. Não só é um relato incompleto sobre o assunto, mas tampouco é um esboço perfeito, pois foi-nos dito claramente que havia grandes hiatos na descrição fornecida, os quais possivelmente não poderiam ser preenchidos senão muito mais tarde. Assim, até onde sabemos, muito pouco já foi escrito sobre este assunto, e este pouco é expresso de forma restrita, de modo a não ser prontamente inteligível, e os instrutores ocultos são assinaladamente reticentes quando questionados a respeito (Enquanto esta edição ia para o prelo apareceu um importante livro sobre o tema - The Seven Rays, do Professor Ernest Wood. O material que ele apresenta é iluminador e é apresentado de um ângulo bastante novo).

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A Divisão Sétupla

O aspecto essencial a ser compreendido é que temos uma divisão sétupla em todas as coisas que existem no mundo manifesto, seja vida ou matéria. Toda vida existente em nossa cadeia de mundos passa através e pertence a um ou outro dos Sete Raios, cada um tendo sete subdivisões. No universo há quarenta e nove destes Raios, constituindo, em grupos de sete, os Sete Grandes Raios Cósmicos, que fluem de ou através dos Sete Grandes Logoi. Em nossa cadeia de mundos, contudo, e talvez em nosso sistema solar, somente está em operação um destes Grandes Raios Cósmicos, e suas subdivisões são os nossos Sete Raios. Obviamente não devemos supor que nosso sistema solar seja a única manifestação daquele Logos particular, uma vez que cada um dos Sete Grandes Logoi pode ter milhões de sistemas sob sua dependência. Como expliquei em The Inner Life: O conjunto do nosso sistema solar é uma manifestação de seu Logos, e cada partícula nele é definitivamente parte de Seus veículos. Toda a matéria física do sistema solar, tomado em sua totalidade, constitui Seu corpo físico; toda a matéria astral dentro dele constitui Seu corpo astral; toda a matéria mental, seu corpo mental, e assim por diante. Inteiramente acima e além de Seu sistema Ele tem ainda uma existência própria muitíssimo mais vasta e exaltada, mas isso em nada afeta a verdade da declaração que acabei de fazer. Este Logos Solar contém em Si Sete Logoi Planetários, que são como que centros de força em Seu interior, canais por onde Ele verte sua força para fora. Porém, em outro sentido, pode-se dizer que eles O constituem. A matéria que acabamos de descrever como compondo Seus veículos também compõe os deles, pois não há nenhuma partícula de matéria em qualquer parte do sistema que não seja parte de um ou outro deles.Tudo isso vale para todos os planos; mas por um momento tomemos o plano astral como exemplo, porque sua matéria é fluida o bastante para atender aos propósitos de nossa pesquisa, e o mesmo tempo é próxima o bastante do plano físico para não estar completamente além do alcance de nossa compreensão física. Cada partícula de matéria astral do sistema é parte do corpo astral do Logos Solar, mas é também parte do corpo astral de um ou outro dos Sete Logoi Planetários. Lembremos que isso inclui a matéria astral de que também os nossos corpos astrais se constituem. Não possuímos nem uma só partícula exclusivamente nossa. Em cada corpo astral há partículas pertencentes a cada um dos Logoi Planetários, mas a proporção varia infinitamente. Os corpos daquelas Mônadas que originalmente procederam de um Logos Planetário continuarão através de toda a sua evolução a ter mais partículas daquele mesmo Logos Planetário do que de qualquer outro, e desse modo as pessoas podem ser distinguidas como pertencendo primariamente a um ou outro dos Sete Grandes Poderes.

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Os Sete Espíritos

Na tradição Cristã estes sete grandes Seres são encontrados na visão de São João Evangelista, que disse: "E havia sete grandes lâmpadas ardendo diante do trono, que são os sete Espíritos de Deus" (Apocalipse, IV, 5). Eles são os Sete Místicos, os grandes Logoi Planetários, que são centros de vida dentro de próprio Logos Solar. Eles são os verdadeiros Regentes dos nossos Raios - os Regentes para todo o sistema solar, e não só para o nosso mundo. Cada um de nós deve ter provindo de um ou outro destes grandiosos Seres, alguns através de um, outros através de outro. Eles são os Sete Senhores Sublimes da Doutrina Secreta, os Sete Primordiais, os Poderes Criativos, as Inteligências Incorpóreas, os Dhyan Chohans, os Anjos da Presença. Mas lembremos que este último título é usado em dois sentidos bem diferentes, que não devem ser confundidos. Em cada celebração da Santa Eucaristia entre nossos irmãos Cristãos aparece um "Anjo da Presença", que na verdade é uma forma-pensamento do Senhor Cristo, um veículo de Sua consciência, e por isso ele é chamado, com justiça, de uma manifestação de Sua Presença; mas estes Sete Grandes Seres recebem o título por uma razão muito diversa - porque Eles permanecem sempre na verdadeira Presença do próprio Logos, representando lá os Raios de que são Governantes - e portanto nos representando, uma vez que em cada um de nós há uma parte da Vida Divina de cada um d'Eles. Pois embora cada um de nós pertença fundamentalmente a um só Raio - o canal através do qual a Mônada emanou do Eterno para dentro do Tempo - também temos em nós um pouco de todos os Raios; não há um só grama de força, nenhum grão de matéria, que não seja na mais plena verdade parte de um ou de outro destes Seres estupendos; somos literalmente modelados a partir de Sua própria substância - não de um só, mas de todos, embora um predomine. Portanto, nem o mais leve movimento de qualquer um destes grandes Anjos Siderais pode ocorrer sem afetar em alguma extensão cada um de nós, porque somos ossos de seus ossos, carne de sua carne, Espírito de Seu Espírito; e este grande fato é a verdadeira base para a geralmente mal compreendida ciência da Astrologia. Todos nós estamos sempre em presença do Logos Solar, pois não existe um só lugar em Seu sistema onde Ele não esteja, e tudo o que existe é parte d'Ele. Mas estes Sete Espíritos são em um sentido muito especial parte d'Ele, manifestações d'Ele, quase qualidades Suas - centros em Seu interior através dos quais extravasa Seu Poder. Podemos ter uma indicação disso nos nomes que Lhes são atribuídos pelos Judeus. O primeiro deles é sempre Miguel, "o Seu Príncipe", como é chamado, e este nome significa "A Força de Deus", ou, como algumas vezes é interpretado, "Aquele que se assemelha a Deus em força". El, em hebraico, significa Deus; encontramos esta palavra em Betel, que quer dizer "Casa de Deus"; e Elohim é a palavra usada para significar "Deus" no primeiro versículo da Bíblia. Esta palavra El aparece como terminação no nome de cada um dos Sete Espíritos. Gabriel significa "A Onisciência de Deus", e algumas vezes Ele é chamado de Herói de Deus. Ele está ligado ao planeta Mercúrio, assim como Miguel está a Marte. Rafael significa "O Poder

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Curativo de Deus", e está associado ao Sol, que é o grande doador de saúde para o plano físico. Uriel é "A Luz ou Fogo de Deus"; Zadquiel é "A Benevolência de Deus", e está ligado ao planeta Júpiter. Os outros Arcanjos são usualmente denominados de Camuel e Jofiel, mas no momento não recordo de seus significados ou de seus planetas. Denis chama estes Sete Espíritos de Construtores, e também os chama de Colaboradores de Deus. Santo Agostinho diz que eles são os recipientes do Pensamento Divino, ou do Protótipo, e São Tomás de Aquino escreveu que Deus é a causa primária e estes Anjos são as causas secundárias de todos os efeitos visíveis. Tudo é feito pelo Logos, mas através da mediação destes Espíritos Planetários. A ciência nos diz que os planetas são agregações fortuitas de matéria, condensações da massa da nebulosa, e sem dúvida o são; mas por que eles estão exatamente em seus respectivos lugares? Porque por trás de cada um está uma Inteligência Viva que escolheu estes pontos de modo a se equilibrarem mutuamente. Em verdade tudo o que existe é produto de forças naturais agindo sob leis cósmicas, mas não esqueçamos que por trás de cada força existe sempre seu administrador, uma Inteligência que dirige e administra. Descrevendo-Os desse modo fiz uso da terminologia Cristã, mas os mesmos Seres podem ser encontrados sob nomes diferentes em todas as grandes religiões. Os Sete Tipos de Seres Quando, então, aquela matéria ou espírito primordial, que no futuro havia de se tornar nós mesmos, primeiro emergiu da infinitude indiferenciada, partiu através de sete canais, como a água poderia fluir de uma cisterna através de sete dutos, cada um deles contendo sua matéria corante especial tinge a água que passa através de si de modo que ela para sempre seria distinguida da água dos outros dutos. Através de todos os sucessivos reinos, o elemental, o mineral, o vegetal, o animal, os Raios são sempre diferentes uns dos outros, assim como são diferentes no homem, embora nos reinos inferiores a influência do Raio naturalmente atue de uma forma um pouco diversa. Uma vez que neles não há individualidade, é óbvio que o conjunto de toda uma espécie animal, por exemplo, deve ser do mesmo Raio, de modo que os diferentes tipos de animais do mundo poderiam ser distribuídos em sete colunas paralelas de acordo com os Raios a que pertençam, e uma vez que um animal só pode se individualizar pela associação com o homem, à testa de cada um destes Raios está alguma classe de animal doméstico através da qual somente pode acontecer a individualização naquele Raio particular. O elefante, o cachorro, o gato, o cavalo e o macaco são exemplos de tais classes, e assim fica claro que o impulso da Vida Universal que está animando, digamos, um cachorro, jamais animará um cavalo ou um gato, mas continuará a se manifestar através das mesmas espécies até que a individualização tenha lugar. Ainda não foram feitas pesquisas sobre quais animais e vegetais pertencem a cada Raio, mas tive motivos para investigar há alguns anos as pedras preciosas, e descobri que cada Raio tem suas representantes, através das quais a força do Raio atua mais prontamente do que através de outra qualquer. Mostro aqui a tabela que aparece em The Science of the Sacraments, na qual

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é apresentada a jóia no topo de cada Raio, e outras que estão no mesmo Raio e portanto possuem o mesmo tipo de força, embora em menor grau. Raio Jóia à Testa do Raio Substitutas

1 Diamante Cristal de Rocha

2 Safira Lápis-lazúli, Turquesa, Sodalita

3 Esmeralda Água-marinha, Jade, Malaquita

4 Jaspe Calcedônia, Ágata, Serpentina

5 Topázio Citrino, Esteatita

6 Rubi Turmalina, Granada, Cornalina, Carbúnculo

7 Ametista Pórfiro, Violana

DIAGRAMA 5

A partir de tudo o que eu disse antes segue-se que estes sete tipos são visíveis entre os homens, e que cada um de nós deve pertencer a um ou outro Raio. Sempre têm sido reconhecidas na raça humana diferenças fundamentais desse tipo; há um século atrás as pessoas eram descritas como de temperamento linfático ou sangüíneo, colérico ou fleumático, e os astrólogos nos classificam sob o nome dos planetas, como pessoas de Júpiter, de Marte, de Vênus ou de Saturno, e assim por diante. Presumo que estes sejam apenas métodos diferentes de dizer que as distinções básicas de disposição devem-se ao canal pelo qual aconteceu de provirmos, ou antes, por aquele que nos foi ordenado que passássemos. Contudo, de forma alguma é coisa fácil descobrir a que Raio pertence uma pessoa comum, pois ela envolveu-se demais na matéria e gerou grande variedade de karma, alguma parte do qual pode ser de um tipo que domine e obscureça seu tipo essencial, mesmo às vezes ao longo de toda uma encarnação; mas a pessoa que está se aproximando da Senda já deve estar mostrando em si um impulso diretor ou poder propulsor definido, que tem o caráter do Raio a que ela pertence, e que tende a levá-la ao tipo de trabalho que distingue aquele Raio, e também a levará aos pés de um dos Mestres que também pertencem a ele, de forma que ela se matricula, por assim dizer, na Universidade em que o Chohan do Raio pode ser considerado o Reitor. Magia e Poderes Curativos Pode ajudar um pouco na compreensão destas diferenças de tipo se eu der um ou dois exemplos de métodos que provavelmente seriam empregados, a julgar pela tabela que apresentei acima, por pessoas dos diferentes Raios quando quiserem usar magia para produzir um dado resultado. A pessoa do Primeiro Raio alcançaria seu objetivo pela pura força de uma vontade inabalável e irresistível, sem condescender em usar qualquer outro recurso; a do Segundo

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Raio também agiria pela força de vontade, mas com a plena compreensão dos vários métodos possíveis e com o direcionamento consciente de sua vontade para o canal que fosse mais adequado; para a pessoa do Terceiro Raio seria mais natural usar as forças do plano mental, observando cuidadosamente a ocasião em que as influências fossem mais favoráveis ao seu sucesso; a pessoa do Quarto Raio empregaria para o mesmo propósito as forças sutis do éter, enquanto seu irmão do Quinto Raio mais provavelmente colocaria em ação as correntes do que se pode chamar de luz astral; o devoto do Sexto Raio conseguiria seu resultado pela força de sua fé ardente na sua Deidade particular e na eficácia da prece a Ela, ao passo que a pessoa do Sétimo Raio usaria uma elaborada magia cerimonial, e provavelmente invocaria se possível a assistência de espíritos não-humanos. Igualmente, na tentativa de cura de moléstias, o Primeiro Raio simplesmente atrairia saúde e força da grande fonte da Vida Universal. O Segundo compreenderia cabalmente a natureza da doença e saberia com exatidão como exercer sua força de vontade com o melhor proveito; o Terceiro invocaria os grandes Espíritos Planetários, e escolheria um momento em que as influências astrológicas fossem benéficas para a aplicação de sua terapia; o Quarto confiaria primeiramente em meios físicos tais como massagens; o Quinto usaria remédios químicos; o Sexto, a cura pela fé, e o Sétimo, mantras ou invocações mágicas. Em todos estes casos o operador obviamente é livre para usar qualquer um dos diferentes poderes mencionados, mas provavelmente consideraria o instrumento mais efetivo em suas mãos aquele que fosse típico de seu Raio. Os Chohans dos Raios

Nos membros da Fraternidade de Adeptos as distinções entre os Raios são muito mais claramente assinaladas do que nas outras pessoas, e são visíveis na Sua aura; o Raio a que um Adepto pertence decididamente afeta não só Sua aparência mas também o trabalho que Ele tem de fazer. Talvez compreendamos melhor as características distintivas de cada Raio observando o trabalho dos Chohans dos Raios Terceiro ao Sétimo, e dos dois Chohans que estão no Seu nível nos Raios Primeiro e Segundo, desempenhando um trabalho do mesmo grau no serviço dos Grandes Seres que são Seus Dirigentes. Nos Sete Dirigentes dos Raios na Hierarquia temos um reflexo dos Sete Espíritos que estão diante do Trono. Devemos entender que aqui só podemos dar um mero esboço das qualidades que são agrupadas sob cada Raio, e apenas um fragmento do trabalho que os Adeptos daqueles Raios estão fazendo, e devemos tomar cuidado ainda para perceber que a plena posse das qualidades de um Raio em nenhum caso implica a falta das qualidades dos outros Raios. Se falarmos em um dos Adeptos como preeminente em força, por exemplo, também será verdadeiro que Ele obteve nada menos do que a perfeição humana na devoção e no amor e em todas as outras qualidades também.

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Já falei um pouco sobre o Mestre Morya, que é o representante do Primeiro Raio no nível da Iniciação Chohan. Ele permanece com toda a inabalável e serena força de Seu Raio, tomando uma grande parte no trabalho de guiar povos e formar nações, sobre o que devo falar mais extensamente no próximo capítulo. Neste Raio, ainda, está o Mestre a que chamamos Júpiter, atuando como Guardião da Índia para a Hierarquia, Guardião daquela nação que ao longo de toda a longa vida da quinta Raça nutriu as sementes de todas as suas possibilidades e as enviou no devido tempo a cada sub-raça, para que pudessem crescer e amadurecer e frutificar. Ele também tem um profundo conhecimento sobre as abstrusas ciências das quais a química e a astronomia são as cascas exteriores, e neste sentido Seu trabalho é um exemplo da variedade que pode existir dentro dos limites de um único Raio. O Mestre Kuthumi, que anteriormente foi o grande professor Pitágoras, também é um Chohan, e representa o Segundo Raio no mesmo nível. Este é o Raio da Sabedoria, que dá grandes Professores ao mundo, e o trabalho que envolve poderá ser melhor descrito em meu próximo capítulo em relação com o trabalho do Bodhisattva e o do Buda. Já mencionei os maravilhosos amor e sabedoria que irradiam do Mestre a quem tenho o inexprimível deleite e honra de servir e seguir, e tudo que eu disse sobre o ensino e treinamento de discípulos expressa especialmente o Seu método. Outros Mestres, em outros Raios, levam Seus discípulos até o mesmo ponto e desenvolvem neles as mesmas qualidades nobres, e sempre através dos meios mais impecáveis, porém há diferenças nítidas em Seus métodos; de fato, existem ainda variações no modo em que um mesmo Mestre trata com discípulos diferentes. À testa do Terceiro Raio está o grande Mestre a quem chamamos de o Chohan Veneziano. Nas pessoas deste Raio engajadas no serviço à humanidade aparece fortemente a característica da adaptabilidade que pertence ao Raio, e sua influência tende a torná-las mais adaptáveis aos outros, de forma a ajudá-los da melhor maneira e se tornarem, como dizia São Paulo, "tudo para todos". Aqueles que já são avançados neste Raio têm um grande tato, e uma rara faculdade de fazer a coisa certa no momento certo. A Astrologia está ligada a este Raio, pois, até onde um leigo pode entender, sua ciência é saber exatamente quando é o melhor momento para fazer qualquer coisa, para colocar qualquer força em ação, e saber ainda quando um dado momento não é adequado para fazer determinada coisa, poupando assim muito trabalho e com isso tornando-se mais útil. O Quarto Raio está sob os cuidados do Mestre Serápis. Nos primeiros dias da Sociedade Teosófica costumávamos ouvir falar muito a Seu respeito, por causa do fato de que Ele em certo período assumiu o treinamento do Coronel Olcott, quando Seu próprio Mestre, o Mestre Morya, estava temporariamente envolvido em outros assuntos. Tal intercâmbio de discípulos entre os Mestres, com fins especiais e temporários, não é raro. A linha especial deste Chohan é a harmonia e a beleza, e as pessoas que pertencem a este tipo são sempre infelizes a menos que possam introduzir harmonia em seu ambiente, pois é ao longo desta linha que fazem a maior parte de seu trabalho. A arte conta muito neste Raio, e muitos artistas pertencem a ele.

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Na chefia do Quinto Raio está o Mestre Hilarion, com Sua esplêndida qualidade de exatidão científica. Noutros tempos Ele foi Jâmblico, da escola Neoplatônica, e nos deu, através de M.C., as obras Light on the Path e The Idyll of the White Lotus, sendo Ele, como disse nossa Presidente, um "hábil artista na prosa poética em inglês e na expressão melodiosa". Sua influência paira sobre a maior parte dos grandes cientistas do mundo, e as pessoas avançadas neste Raio são notáveis por sua habilidade em fazer observações acuradas, e serem absolutamente confiáveis até onde estiver envolvida a investigação científica. A ciência do Mestre se estende, é claro, muito além do que usualmente recebe este nome, e Ele conhece e atua com muitas das forças que a Natureza introduz na vida das pessoas. A Natureza é responsiva aos humores da humanidade e os intensifica de várias maneiras. Se uma pessoa é feliz e alegre, outras criaturas apreciam sua presença; os espíritos da natureza correm para encontrá-la, e assim sua própria felicidade é aumentada. Este tipo de reação acontece em toda parte. No norte da Europa, por exemplo, os espíritos da natureza são um tanto pensativos, e têm humores de introspecção melancólica, e assim encontram um lar apropriado na Escócia, Irlanda, Gales, Inglaterra e lugares semelhantes; eles respondem menos prontamente à alegria, e as pessoas também são mais frias e mais difíceis de excitar. Nestes países a natureza é menos alegre, todos eles são terras de muita chuva e céus escuros, cinzas e esverdeados, onde a vida e a poesia assumem uma feição melancólica. O contraste é tremendo entre eles e a Grécia ou a Sicília, onde tudo é radiante, dourado e azul e vermelho, e todas as pessoas são alegres e felizes à flor da pele. As criaturas da natureza realmente se banham na felicidade de uma pessoa, e a maioria delas é atraída para quem quer que seja cheio de um amor jovial, e ficam felizes dentro de sua aura e a têm em alta conta. Hoje em dia ignora-se muito sobre este lado da vida, embora nosso conhecimento do plano físico seja vasto e detalhado. Sabemos, por exemplo, que a água é H2O; os antigos hindus e gregos podem ou não ter sabido disso, mas de qualquer modo eles reconheciam a presença de diferentes tipos de espíritos da natureza associados à água, e usavam seus serviços tão definidamente como hoje usamos o poder da eletricidade e do vapor comprimido para mover muitos tipos de máquinas. O Mestre Jesus, que se tornou Adepto em Sua encarnação como Apolônio de Tyana, e depois foi o grande reformador religioso do sul da Índia Shri Ramanujacharya, governa o Sexto Raio, o da bhakti ou devoção. Este é o Raio dos santos e místicos devotos de todas as religiões, e o Chohan Jesus está encarregado das pessoas que sob qualquer forma adoram o Ser Divino. Mil e novecentos anos atrás Apolônio de Tyana foi enviado pela Fraternidade em uma missão, parte da qual era criar, em vários países, certos centros magnéticos. Foram-Lhe dados objetos da natureza dos talismãs, que Ele deveria enterrar nestes locais escolhidos, a fim de que as forças que eles irradiam pudessem preparar estes pontos para serem centros de grandes eventos no futuro. Alguns destes centros já foram usados, mas alguns ainda não, e todos estes últimos serão empregados no futuro próximo em relação ao trabalho do próximo Advento de Cristo, de forma que muitos detalhes de Seu

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trabalho já foram definidamente planejados há dois mil anos atrás, e foram feitos arranjos até mesmo no plano físico para prepará-lo. O Regente do Sétimo Raio é o Mestre Conde de Saint-Germain, conhecido historicamente no século XVIII, a quem às vezes chamamos de Mestre Rakoczy, uma vez que Ele é o último remanescente daquela casa real. Ele já foi Francis Bacon, Lord Verulam, no século XVII, o monge Roberto no século XVI, Hunyadi Janos no XV, Christian Rosenkreutz no XIV, e Roger Bacon no XIII; Ele é o Adepto Húngaro citado em The Occult World. Ainda mais remotamente Ele foi o grande Neoplatônico Proclo, e antes disso Santo Albano. Ele trabalha em grande parte através da magia cerimonial, e emprega os serviços de grandes Anjos, que obedecem-Lhe tacitamente e se regozijam em cumprir Sua vontade. Embora Ele fale todas as línguas européias e muitas das orientais, muito do Seu trabalho é feito em latim, a língua que é o veículo particular de Seu pensamento, e o esplendor e ritmo em que o usa não encontra paralelo em nada do que conheçamos aqui embaixo. Em Seus vários rituais Ele usa mantos e jóias maravilhosos e multicores. Ele tem um traje de malha de ouro que uma vez pertenceu a um imperador romano; por cima Ele usa um magnífico manto carmesim, cujo fecho é uma estrela de sete pontas de diamante e ametista, e às vezes Ele usa uma gloriosa túnica violeta. Embora Ele esteja envolvido com o cerimonial, e ainda use alguns dos antigos ritos dos Mistérios Antigos, cujos nomes até já foram há muito esquecidos no mundo externo, Ele também tem muito interesse na situação política na Europa e no crescimento da moderna ciência física. As Qualidades a Serem Desenvolvidas O que segue é um sumário das características dos Chohans e Seus Raios, que incluí em The Science of the Sacraments, com os pensamentos que devem ser mantidos por aqueles que desejam servir ao longo de Suas respectivas linhas: Força:

"Eu serei forte, bravo e perseverante em Seu serviço". Sabedoria:

"Alcançarei aquela sabedoria intuicional que só pode ser desenvolvida através do perfeito amor".

Adaptabilidade ou Tato:

"Tentarei obter o poder de dizer e fazer exatamente a coisa certa no momento certo - o poder de tratar com cada pessoa em suas próprias bases, a fim de ajudá-la com mais eficiência".

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Beleza e Harmonia:

"Até onde eu puder, trarei beleza e harmonia para minha vida e meu ambiente, para que eles possam ser mais dignos d'Ele; aprenderei a ver a beleza em toda Natureza, para que eu possa serví-Lo melhor".

Ciência (Conhecimento Detalhado):

"Obterei conhecimento e exatidão, para que possa devotá-los ao Seu trabalho".

Devoção:

"Desenvolverei em mim o grande poder da devoção, para que através dela eu possa levar outros até Ele".

Serviço Ordenado:

"Organizarei e arranjarei meu serviço de Deus, ao longo das linhas que Ele prescreveu, de tal forma que eu possa tirar o máximo proveito da amorosa ajuda que Seus santos Anjos estão sempre prontos para dar" (Op. Cit., p. 92).

Todas estas qualidades terão de ser desenvolvidas em cada um de nós no devido tempo, mas só as teremos perfeitas quando nós mesmos atingirmos a perfeição e nos tornarmos Super-Homens. No momento presente uma das formas em que nossa imperfeição se mostra em nossas vidas é no fato de que temos uma característica mais desenvolvida do que as outras. Há alguns, por exemplo, que já possuem bem desenvolvidas a exatidão e o discernimento científicos, mas porque até agora não cultivaram o afeto e a devoção sua natureza é fria e dura; eles freqüentemente parecem antipáticos e são propensos a julgar mal seus irmãos, e em assuntos de opinião ou na análise de um problema intelectual sua atitude é muitas vezes intensamente crítica. Sua decisão sempre tenderá a ser mais contra do que a favor de qualquer pessoa que ocorra cruzar seu caminho, enquanto que o tipo de pessoa afetuosa ou devota faria mais concessões em prol do ponto de vista alheio, e no geral tenderia a julgar favoravelmente, e mesmo que seu julgamento estivesse equivocado, pois poderiam ser facilmente influenciadas por seus sentimentos, errariam por excesso de misericórdia. Ambos são desvios do julgamento exato, e em nós mesmos, no devido tempo, será necessário equilibrar com perfeição estas qualidades, pois o Super-Homem é o homem perfeitamente equilibrado. Como está dito no Bhagavad-Gita, "o equilíbrio é chamado de Yoga". Mudanças Cíclicas

Ocorrem periodicamente certas mudanças cíclicas nos sete Logoi Planetários, que talvez correspondam aqui no plano físico à inspiração e expiração, ou ao batimento cardíaco. Seja como for, parece haver um número infinito de permutações e combinações possíveis entre Eles, e uma vez que nossos corpos astrais são feitos da matéria de Seus próprios corpos astrais, é óbvio

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que nenhum destes Logoi Planetários pode de qualquer forma mudar astralmente sem com isso afetar os corpos astrais de todas as pessoas do mundo, embora, é claro, mais especialmente daquelas em que haja uma preponderância da matéria que O expressa. Se lembrarmos que tomamos o plano astral meramente como um exemplo, e que exatamente a mesma coisa é válida para todos os outros planos, então começaremos a ter alguma idéia da importância para nós das emoções e pensamentos destes Espíritos Planetários. O que quer que aconteça, isso é visível na longa história das raças humanas como mudanças cíclicas no temperamento dos povos e no conseqüente caráter de suas civilizações. Colocando de lado o pensamento sobre períodos mundiais e considerando apenas o período de uma única Raça-Raiz, descobrimos que nela os Sete Raios predominam em turnos alternados (talvez mais de uma vez cada um), mas no período da predominância de cada Raio haverá sete subciclos de influência, seguindo uma curiosa regra que exige alguma explicação. Tomemos, por exemplo, aquele período na história de uma raça quando predomina o Quinto Raio. Durante toda esta época predominará na mente das pessoas a idéia central deste Raio (e provavelmente na religião fundada a partir dele), mas este tempo de predomínio será subdividido em sete outros períodos, no primeiro dos quais esta idéia, embora ainda principal, será colorida pela idéia do Primeiro Raio, e os métodos do Primeiro Raio em certa medida serão combinados com os seus próprios. Na segunda destas subdivisões sua idéia e métodos serão igualmente coloridos por aqueles do Segundo Raio, e assim por diante, de modo que em sua quinta subdivisão naturalmente eles terão a maior pureza e força. Pareceria que estas divisões e subdivisões deveriam corresponder às sub-raças e seus respectivos ramos, mas não nos foi possível verificar se isso de fato acontece. O Reinado da Devoção Ao discutirmos um assunto tão complexo e tão obscuro como este com um conhecimento tão superficial como no presente é o nosso, talvez seja difícil apresentarmos exemplos; porém uma vez que nos foi dito que o Raio Seis ou Devocional recentemente predominou, podemos especular que seja possível detectar a influência de seu primeiro subciclo nas histórias dos maravilhosos poderes exibidos pelos primeiros santos; a do seu segundo subciclo na seita Gnóstica, cuja idéia central era a necessidade da verdadeira sabedoria, a Gnose; do seu terceiro, nos Astrólogos; do quarto, nos esforços estranhamente distorcidos de se desenvolver a força de vontade através da perseverança em condições penosas ou repugnantes, como fizeram São Simão Estilita ou os Flagelantes; do quinto, nos Alquimistas e Rosacruzes da Idade Média, enquanto que em sua sexta subdivisão a mais pura devoção poderia ser imaginada nos êxtases das ordens monásticas contemplativas, e o sétimo ciclo teria produzido as invocações e adesão minuciosa às formalidades exteriores da Igreja Romana.

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O advento do Espiritismo moderno e da devoção ao culto elemental, o qual é tantas vezes uma característica de suas formas degradadas, podem ser considerados como uma premonição da influência do Sétimo Raio que está para chegar, ainda mais que aquele movimento foi originado por uma sociedade secreta que existe no mundo desde o último período em que o Sétimo Raio predominou na Atlântida. A realidade e a força com que um Raio exerce sua predominância no curso de seu ciclo de influência ficam evidentes para quaisquer pessoas que tenham estudado algo sobre a história da Igreja. Elas percebem o quanto de devoção absolutamente cega havia em toda a Idade Média, o quanto certas pessoas, que eram muito ignorantes em religião, não obstante falavam em nome dela e tentavam forçar as idéias nascidas de sua ignorância sobre outros, que em muitos casos sabiam muito mais. Aqueles que detinham o poder - os Cristãos dogmáticos - eram precisamente as pessoas que sabiam menos acerca do significado real dos dogmas que ensinavam. Houve aqueles que teriam podido lhes ensinar muito mais e poderiam ter explicado o sentido de muitos pontos da doutrina Cristã, mas a maioria não daria ouvidos, e aqueles mais doutos eram eliminados por conta de sua suposta heresia. Ao longo de todo este tenebroso período, as pessoas que realmente sabiam de alguma coisa, como os alquimistas (não que todos os alquimistas soubessem muito, mas certamente alguns deles sabiam mais que os Cristãos), eram encontradas nas ordens secretas, como a dos Templários e dos Rosacruzes, e um pouco da verdade também foi oculta dentro da Maçonaria. Todos estes foram perseguidos pelos Cristãos ignorantes daqueles tempos, em nome da devoção a Deus. Muitos dos santos medievais estavam cheios de uma devoção que muitas vezes era bela, e mesmo espiritual, mas que em geral era tão estreita em sua forma que lhes fazia, a despeito de sua espiritualidade, ter opiniões pouco caridosas sobre os outros que divergiam deles, e mesmo perseguí-los abertamente. Uns poucos foram portadores de ideais realmente espirituais, mas eram olhados com suspeita. Dentre estes estavam os Quietistas: Ruysbroek, Margaret e Christina Ebner, Molinos e Jacob Boheme. Em quase todos os casos as pessoas mais ignorantes abateram aquelas que sabiam, e sempre o fizeram em nome da devoção, e não devemos esquecer que sua devoção era muito real e muito intensa. Não foi só no Cristianismo que o reinado da devoção se mostrou. Ele se refletiu poderosamente nas religiões anteriormente emanadas dos primeiros Raios. O Hinduísmo poderia ser considerado nitidamente frio pelas pessoas devotas. A religião de Shiva, Deus-Pai, a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade, se espalhou por quase toda a Índia, e até nossos dias três quartos dos Hinduístas são adoradores deste aspecto do Divino. Para estes povos foi apresentado o ideal do dever - Dharma - que inquestionavelmente é o ponto forte desta religião. Eles sustentavam que as pessoas nascem nas diferentes castas de acordo com seus méritos, que onde quer que uma pessoa venha a nascer, é seu dever cumprir o Dharma de sua casta, e para sair dela ela deveria ser tão excepcional que durante um longo tempo não se viu quase nenhum caso. Eles adoravam a lei e a ordem, e não aprovavam o descontentamento quanto às condições de vida, mas ensinavam que o caminho para Deus era usar ao

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máximo as condições em que cada pessoa se encontrasse. Se ela o fizesse, estas condições melhorariam a cada novo nascimento. Não obstante, eles sempre diziam que a porta para Deus estava aberta para as pessoas de qualquer casta, se vivessem corretamente, não buscando lutar para melhorar suas oportunidades, mas cumprindo seu Dharma até o fim no estado de vida em que Deus as colocara. Para a mente muito devocional isso pareceria frio e científico, e talvez o fosse; mas quando o Raio devocional começou a influenciar o mundo houve uma grande mudança, e o culto da Segunda Pessoa da Trindade, Vishnu, encarnado como Shri Krishna, veio para o primeiro plano. Então a devoção irrompeu sem restrições; foi tão extrema que se tornou de muitas maneiras uma mera orgia de emoções, e é provável que nos dias de hoje exista ainda maior devoção lá entre os seguidores de Vishnu do que a que poderia ser encontrada mesmo entre os Cristãos, cuja religião é confessadamente devocional. A emoção é tão intensa que sua expressão é freqüentemente desconfortável para nós, de raças mais frias, observar. Tenho visto duros homens de negócios se lançarem em êxtases de devoção, que os levam a prorromper em lágrimas e aparentemente se transfigurar e mudar inteiramente à simples menção do nome do Menino Krishna. Tudo o que foi sentido pelo Menino Jesus entre as nações ocidentais, é sentido pelo Menino Krishna entre os Hindus. Este foi o efeito da devoção sobre uma religião que em si mesma não tinha nenhum caráter devocional. O Budismo igualmente mal pode ser chamado de uma fé devocional. A religião Budista foi um presente do Hinduísmo à grande Quarta Raça, e o ciclo devocional para esta raça não necessariamente coincide com o nosso. Esta religião não prega a necessidade de preces; ela diz a seu povo, até onde reconhece a existência de Deus, que Ele conhece Seu trabalho muito mais do que jamais eles poderiam conhecer; que é completamente inútil rogar para Ele, ou tentar influenciá-Lo, pois Ele já faz melhor do que as pessoas podem imaginar. Em Burma os Budistas diriam: "Existe a Luz infinita, mas ela não é para nós. Algum dia a alcançaremos; por enquanto, nosso trabalho é seguir o ensinamento de nosso Senhor, e procurar fazer as coisas que Ele gostaria que fizéssemos". Não é que eles deixem de acreditar em um Deus, mas que eles colocam Deus muito longe - infinitamente longe - acima de nós; eles estão tão certos d'Ele que O tomam como coisa garantida. Os missionários dizem que eles são ateus. Eu já vivi entre eles e os conheço com mais intimidade do que o missionário comum, e minha impressão é de que eles não têm nada de ateus em espírito, mas que sua reverência é grande demais para se colocarem em relações de familiaridade com Deus, ou, como fazem muitos no ocidente, para falar com Ele com intimidade como se soubessem com exatidão o que Ele vai fazer e tudo sobre Sua obra. Isso chocaria o oriental como sendo uma atitude muito irreverente.

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O próprio Budismo também foi tocado por este fogo da devoção, e em Burma eles adoram o Senhor Buda quase como um Deus. Eu percebi isso quando tive de escrever um catecismo para as crianças Budistas. O Coronel Olcott escrevera o primeiro catecismo de Budismo, imaginado para o uso das crianças, mas ele apresentou respostas difíceis de entender mesmo por pessoas adultas. Consideramos necessário escrever uma introdução para as crianças, e reservar este catecismo, que era um trabalho esplêndido, para estudantes mais adiantados. Naquele catecismo ele perguntava: "Buda é um Deus?", e a resposta era: "Não, não é um Deus, mas um homem como nós, exceto pelo fato de ser mais avançado". Isso foi plenamente aceito no Ceilão e no Sião, mas quando chegamos a Burma eles objetaram à resposta negativa, dizendo: "Ele é maior do que qualquer Deus de que conheçamos qualquer coisa". A palavra sânscrita para Deus é "Deva", e os Hindus jamais usam "Deus" no sentido que o fazemos, a menos que estejam falando de Ishvara, ou da Trindade, Shiva, Vishnu e Brahma. Quando os missionários falam dos Hinduístas como tendo trinta e três milhões de deuses (ou trezentos e trinta milhões), a palavra que eles traduzem como deus é "deva", cujo significado inclui, contudo, uma profusão de seres - anjos, espíritos da Natureza e outros - mas os Hinduístas não os adoram mais do que nós o faríamos. Eles sabem que eles existem e simplesmente os catalogam. Em Burma descobrimos que a devoção se originou daquela forma no seu Budismo, mas no Ceilão, onde as pessoas são em sua maioria descendentes de imigrantes Hinduístas, elas lhe dirão, se forem perguntadas por que fazem oferendas para o Senhor Buda, que é por causa da gratidão pelo que Ele fez por elas. Quando perguntamos se elas pensavam que Ele sabia disso e ficava satisfeito, elas disseram: "Oh não! Ele já passou para o Paranirvana, não esperamos que Ele saiba nada sobre isso, mas devemos a Ele este conhecimento da Lei que Ele nos ensinou, e por isso perpetuamos o Seu Nome, e fazemos nossas oferendas por gratidão". Assim, esta onda de devoção influenciou o mundo poderosamente desde a vinda do Menino Krishna há dois mil e quatrocentos anos atrás, mas agora a maior intensidade desta sexta fase passou, e está rapidamente dando lugar à influência do próximo Raio, o Sétimo. Ainda existe devoção ignorante entre os camponeses em muitos países Arianos, mas as pessoas mais educadas agora não são mais tão prontamente inclinadas à devoção, a menos que tenham ao mesmo tempo algum entendimento a respeito de seu objeto. Houve uma fase, com seu valor próprio, especialmente na quarta sub-raça, quando as pessoas estavam preparadas para se devotar a praticamente qualquer coisa que estimulasse suas emoções, e por causa disso, com o grande desenvolvimento da mente inferior na quinta sub-raça, sobreveio a reação em direção ao agnosticismo. Isso, por sua vez, se provou insatisfatório, de forma que esta onda praticamente já passou também, e as pessoas de agora estão prontas pelo menos a questionar e examinar em vez de negar tudo freneticamente. Agora está tendo lugar uma dupla mudança, pois além da troca do Raio de influência, há também o início da sexta sub-raça, que traz intuição e sabedoria, mesclando o que de melhor há da inteligência da quinta sub-raça com a emoção da quarta.

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O Advento do Cerimonial

O Raio que agora está ganhando força é em grande parte um Raio cerimonial. Houve muito disso na Idade Média, mas foi principalmente devido à influência do sétimo sub-raio do Sexto Raio, enquanto que agora se deve ao primeiro sub-raio do Sétimo; assim ele não será considerado do ponto de vista de seu efeito devocional, mas antes de sua utilidade em conexão com a grande evolução Dévica. Ele será mais benéfico quando as pessoas procurarem entender, até onde possível, o que está se passando. Na religião moderna o cerimonial está tendo uma parte mais importante a cada ano que passa. Na metade do século passado (XIX) as igrejas e catedrais na Inglaterra tinham muito pouca vida própria. As igrejas do interior em geral eram pouco diferentes de uma capela dissidente; não havia vestes especiais, nenhum vitral ou decoração de qualquer espécie, e tudo era tão pouco ornamentado quanto poderia ser. Não se prestava atenção nenhuma em fazer-se as coisas belas e reverentes e dignas de Deus e de Seu serviço; a pregação recebia uma atenção maior do que todo o resto, e mesmo ela era elaborada principalmente de um ponto de vista prático. Se fôssemos entrar hoje nas mesmas igrejas, dificilmente encontraríamos uma paróquia em semelhantes condições. O antigo descaso foi substituído pela reverência; as igrejas em muitos casos foram belamente decoradas, e em muitas delas, especialmente nas catedrais, as cerimônias são realizadas com minúcia e reverência. Toda a concepção do serviço eclesiástico mudou. A influência da mudança do Raio está começando a se manifestar também de outras maneiras. Agora está surgindo uma forma especial de Maçonaria, chamada Co-Maçonaria, que difere de outras formas da mesma Arte onde, em virtude da necessidade dos tempos, as mulheres são aceitas assim como os homens, pois é a tendência de nossa era atual que as mulheres assumam seu lugar ao lado dos homens e lhes sejam iguais em todos os aspectos. Aqueles que iniciaram o movimento não estavam pensando na influência do Raio; não obstante, ele formou-se e foi dirigido pela tendência cerimonial da época. Lembro que por um longo período no reinado da Rainha Vitória houve pouquíssimo cerimonial público pelas ruas de Londres, mas no final de seu reinado ele foi revivido e Eduardo VII o restaurou em seu esplendor original. Muitas pessoas agora estão começando a sentir a influência deste novo Raio, e desejam ver e talvez tomar parte no cerimonial como jamais fizeram antes. CAPÍTULO 13: A TRINDADE E OS TRIÂNGULOS A Trindade Divina

Sabemos que o Logos de nosso sistema solar - que é aquilo que a maioria das pessoas têm em mente quando falam de Deus - é uma Trindade; Ele tem, ou antes é, Três Pessoas; Ele atua através de Três Aspectos. Estes são chamados de diferentes nomes nas diversas religiões, mas não são considerados sempre da mesma forma, pois este grandioso esquema da Trindade tem tantos aspectos que nenhuma religião jamais conseguiu

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simbolizar toda a verdade. Em algumas crenças temos uma Trindade de Pai, Mãe e Filho, a qual pelo menos nos é compreensível quando pensamos nos métodos de geração e interação. Deste tipo temos a de Osíris, Ísis e Hórus no ensinamento egípcio, e na mitologia escandinava temos Odin, Freya e Thor. Os assírios e fenícios acreditavam em uma Trindade cujas Pessoas eram Anu, Ea e Bel. Os druidas chamavam-Nas de Taulac, Fan e Mollac. No Budismo do Norte nos falam de Amitabha, Avalokiteshvara e Manjushri. Na Kabala dos Judeus as Três são Kether, Binah e Chokma, e na religião de Zoroastro estão Ahuramazda, Asha e Vohumano, ou às vezes Ahuramazda, Mithra e Ahriman. Em todos os lugares é reconhecido o princípio da Trindade, embora as manifestações difiram. No grande sistema Hinduísta temos a Trindade de Shiva, Vishnu e Brahma. O elemento Materno não aparece nesta Trindade, mas é indiretamente reconhecido que cada um dos Três possui uma Shakti ou poder, que algumas vezes no simbolismo é chamada de Sua Consorte. Evidentemente esta é uma manifestação de Seu poder na matéria, talvez uma manifestação um pouco mais baixa do que aquela em que devemos pensar quando mencionamos a própria Trindade. No sistema Cristão temos a Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo, e em relação a isso é interessante notar que em alguns dos antigos livros o Espírito Santo é claramente mencionado como sendo feminino. À parte isso, a necessidade instintiva de reconhecer a Maternidade Divina encontrou expressão na Cristandade no culto à Virgem Maria, a qual, embora não sendo uma das Pessoas da Trindade, não obstante é a Mãe Universal, a Rainha dos Anjos, a Estrela do Mar.

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DIAGRAMA 6

Os estudantes devem entender que existe um grande departamento da Maternidade, o qual possui um lugar importante no Governo Interno do mundo. Assim como o Manu é o líder de um grande departamento que cuida do desenvolvimento físico das Raças e sub-raças, assim como o Bodhisattva é a cabeça de outro que atende a religião e a educação, da mesma forma o grande Oficial que é chamado de Jagat-Amba ou Mãe do Mundo é a Chefe do departamento da Maternidade. Assim como o Senhor Vaivasvata atualmente preenche o cargo de Manu e o Senhor Maitreya o de Mestre do Mundo, da mesma forma o grande Anjo que uma vez foi a mãe do corpo de Jesus ocupa o cargo de Mãe do Mundo.

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O trabalho deste departamento é especialmente cuidar das mães do mundo. Do ponto de vista oculto a maior glória da mulher não é se tornar uma líder na sociedade, nem conseguir um alto título acadêmico e viver em um apartamento num insolente isolamento, mas providenciar veículos para os egos que estão a ponto de encarnar. E isso não é considerado uma coisa para se esconder e menosprezar, algo de que se deva envergonhar, mas sim como a maior glória da encarnação feminina, a grande oportunidade que as mulheres têm e os homens não. Os homens têm outras oportunidades, mas o privilégio realmente maravilhoso da maternidade não é deles. É a mulher quem faz este grande trabalho para a ajuda do mundo, para a continuidade da raça, e o faz à custa de um sofrimento do qual os homens não têm a menor idéia. Por causa disso, do grande trabalho e do terrível sofrimento que ele acarreta, é que existe este departamento especial do governo do mundo, e o dever de seus oficiais é cuidar de cada mulher no tempo de seu sofrimento, e dar-lhe toda ajuda e força quantas permitam seu karma. Como dissemos, a Mãe do Mundo tem sob Seu comando vastas hostes de seres angélicos, e no nascimento de cada criança um deles está presente como Seu representante. Em cada celebração da Santa Eucaristia acorre um Anjo da Presença, que em efeito é uma forma-pensamento do próprio Cristo - a forma através da qual Ele endossa e ratifica o ato de consagração efetuado pelo Sacerdote; assim, é absolutamente verdadeiro que embora o Cristo seja um e indivisível, não obstante Ele está presente simultaneamente sobre muitos milhares de altares. De uma forma um pouco similar, embora, é claro, em um nível muito abaixo, a própria Mãe do Mundo está, em Seu representante e através dele, presente ao pé da cama de toda parturiente. Muitas mulheres A têm visto em tais condições, e muitas que não tiveram o privilégio de vê-La, contudo sentiram a ajuda e a força que Ela derrama. É o mais intenso anelo da Mãe do Mundo que cada mulher em sua hora de provação tenha o melhor ambiente possível - que ela seja envolta no mais profundo e verdadeiro afeto, que ela seja cheia dos mais santos e nobres pensamentos, de modo que apenas as mais elevadas influências possam atuar sobre a criança que está para nascer, de modo que ela tenha um começo de vida realmente favorável. Não deve esperá-la senão o mais puro e nobre magnetismo, e é imperativamente necessário que seja observada a mais escrupulosa limpeza física em todos os detalhes. Somente através da mais estrita atenção às regras da higiene tais condições favoráveis podem ser obtidas, que permitam o nascimento de um corpo nobre e saudável, próprio para a habitação de um ego exaltado. Este assunto de prover uma encarnação adequada para egos altamente desenvolvidos causa muita preocupação para a Mãe do Mundo e para Seus anjos auxiliares. Milhares de almas avançadas estão prontas para encarnar e ansiosas para fazê-lo, a fim de que possam ajudar no trabalho do Mestre do Mundo, mas a dificuldade de se encontrar corpos apropriados é muito grande. Em conseqüência de uma tola e dispendiosa ostentação está crescendo no mundo ocidental a perniciosa tradição de que homens e mulheres não podem sustentar um casamento e que famílias grandes são caras demais para serem possíveis na prática. Não compreendendo a maravilhosa oportunidade que seu

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sexo lhes concede, as mulheres desejam ficar livres dos laços do matrimônio a fim de poderem imitar as vidas e atos dos homens, em vez de tirar proveito de seus privilégios peculiares. Uma tal linha de pensamento e ação obviamente é desastrosa para o futuro da raça, pois significa que a maioria dos pais das classes mais favorecidas não tomam parte em sua perpetuação, mas a deixam de todo entregue nas mãos dos egos mais indesejáveis e subdesenvolvidos. Na Índia as condições são outras, pois lá todos habitualmente se casam, mas mesmo nas castas mais elevadas existe com freqüência uma lamentável falta de supervisão, e as condições providas são bastante desfavoráveis para a produção de corpos fortes e saudáveis. Esta é uma questão muito séria, a ser encarecidamente recomendada à consideração de todos os estudantes de ocultismo, que devem seguramente fazer tudo que estiver em seu poder para materializar um panorama mais satisfatório. Na verdade seria bom que as mulheres em todos os países se unissem em um esforço de disseminar entre suas irmãs informações mais precisas sobre este assunto importantíssimo; toda mulher deveria compreender cabalmente as magníficas oportunidades que lhe oferece a encarnação feminina; toda mulher deveria ser ensinada sobre a absoluta necessidade de condições adequadas antes, durante e depois da gestação. Deve rodear o corpo do bebê não apenas a mais perfeita limpeza e a atenção mais cuidadosa, mas ele também deve ser envolto por condições astrais e mentais igualmente perfeitas, por amor e verdade, por felicidade e santidade. Deste modo o trabalho da Mãe do Mundo seria imensamente facilitado e o futuro da raça seria assegurado. Tem sido muitas vezes perguntado se existem Adeptos vivendo em corpos femininos. A existência da Mãe do Mundo é uma resposta a esta pergunta. Por causa da Sua maravilhosa qualidade de intensa pureza e por causa do Seu desenvolvimento em outras áreas, Ela foi escolhida para ser a mãe do corpo do discípulo Jesus muito tempo atrás, na Palestina; e por causa da maravilhosa paciência e nobreza de alma com que Ela suportou o terrível sofrimento que Lhe adveio em conseqüência daquela posição, Ela atingiu naquela mesma vida o nível de Adepto. Tendo-o alcançado, e encontrando as setes sendas abertas diante de Si, Ela escolheu entrar na gloriosa evolução Dévica, e foi recebida nela com grande honra e distinção. Esta é a verdade por trás da doutrina Católica Romana da Assunção; não que Ela tenha sido levada para o céu entre os Anjos em Seu corpo físico, mas que quando deixou aquele corpo Ela tomou um lugar entre os Anjos, e sendo indicada a seguir para o cargo de Mãe do Mundo Ela Se tornou em verdade uma Rainha entre eles, como a Igreja diz tão poeticamente. Um grande Deva não necessita de um corpo físico, mas enquanto estiver em Seu posto atual Ela sempre aparecerá sob forma feminina, o mesmo fazendo os Adeptos que escolheram ajudá-La em Seu trabalho. Ao longo dos séculos milhares de milhares de homens e mulheres têm derramado a Seus pés uma calorosa devoção, e é certíssimo que nem um só grama desta devoção foi mal dirigida ou desperdiçada, pois Ela, cujo amor pela humanidade a evocou, sempre tem usado esta força ao máximo no trabalhoso

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serviço que escolheu. Por menos que as pessoas saibam, elas têm derramado a Seus pés uma pletora de amor tão esplêndida não porque Ela uma vez foi a mãe de Jesus, mas porque agora Ela é a Mãe de todos os seres vivos. Não devemos pensar que este conhecimento sobre a Mãe do Mundo seja posse exclusiva do Cristianismo; Ela é claramente reconhecida na Índia como Jagat-Amba, e na China como Kwan-Yin, a Mãe da Misericórdia e do Conhecimento. Ela é essencialmente a imagem, o protótipo e a essência do amor, da devoção e da pureza; também da sabedoria celestial, de fato, mas acima de tudo Ela é a Consollatrix Afflictorum, a Consoladora, a Confortadora, o Adjutório de todos que estão em aflição, na tristeza, na doença ou em qualquer outra adversidade. A Shakti ou elemento feminino em cada Pessoa da Santíssima Trindade é também reconhecida em alguns lugares através do bem conhecido emblema do Triplo Tau, mostrado no diagrama 7.

DIAGRAMA 7

Existe ainda uma Trindade similar no caso dos grandes Logoi mais elevados, e muito além e por trás de tudo que podemos saber ou imaginar há o Absoluto, cuja representação é também uma Trindade. No outro extremo da escala encontramos uma Trindade no homem: seu Espírito, sua Intuição e sua Inteligência, que representam as tríplices qualidades de vontade, sabedoria e atividade. Esta Trindade no homem é uma imagem daquela outra Trindade maior, porém é muito mais do que uma imagem. Não só ela simboliza as Três Pessoas do Logos, mas de algum modo impossível de entender na consciência

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física, é também uma expressão verdadeira e uma manifestação real daquelas Três Pessoas neste nível mais baixo. O Triângulo de Agentes Assim como o Logos é uma Trindade, igualmente o Governo Oculto do mundo está dividido em três grandes departamentos, governados por três poderosos Oficiais, que não são meramente reflexos dos Três Aspectos do Logos, mas de um modo bem real são verdadeiras manifestações d'Eles. São Eles: o Senhor do Mundo, o Senhor Buda e o Mahachohan, que alcançaram graus de Iniciação que Lhes dão consciência de planos da Natureza além do campo de evolução da humanidade, onde reside o Logos manifesto (vide A Study in Consciousness, de Annie Besant, pp. 3-5). O Senhor do Mundo é uno com o Primeiro Aspecto no mais elevado dos nossos sete planos, e administra a Vontade Divina na Terra; o Buda está unido com o Segundo Aspecto, que reside no plano Anupadaka, e envia para a humanidade a Sabedoria Divina; o Mahachohan é completamente uno com o Terceiro Aspecto, que reside no plano Nirvânico e exerce a Atividade Divina - representando o Espírito Santo. Ele é verdadeiramente o braço do Senhor estendido no mundo para fazer Seu trabalho. A tabela a seguir (Diagrama 8) esclarecerá isso:

LOGOS PODERES DIVINOS

PLANOS DA NATUREZA

TRIÂNGULO DE AGENTES

RAIO

1° Aspecto Vontade Adi ou Primordial O Senhor do Mundo

1

2° Aspecto Sabedoria Anupadaka ou Monádico

O Senhor Buda 2

3° Aspecto Atividade Átmico ou Espiritual

O Mahachohan 3-7

O primeiro e o segundo membros deste grande Triângulo são diferentes do terceiro, estando engajados em um trabalho tal que não chegam o plano físico, mas só descem até o nível do corpo búdico, no caso do Senhor Buda, e ao nível do plano átmico, no caso do grande Agente do Primeiro Aspecto. Contudo, sem este trabalho superior nenhum trabalho nestes planos inferiores seria possível; assim, Eles providenciam a transmissão de Sua influência até mesmo ao mais baixo dos planos, mas através de Seus Representantes, o Manu Vaivasvata e o Senhor Maitreya, respectivamente. Estes dois grandes Adeptos ombreiam o Mahachohan em Seus respectivos Raios, ambos tendo recebido a Iniciação que outorga aquele título, e com isso forma-se outro Triângulo, para administrar os poderes do Logos até o plano físico. Podemos expressar os dois Triângulos em um diagrama (n° 9):

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DIAGRAMA 9

Durante todo o período de uma Raça-Raiz o Manu efetiva os detalhes de sua evolução, e o Bodhisattva, como Mestre do Mundo, o Ministro da Educação e da Religião, ajuda seus membros a desenvolverem qualquer espiritualidade que seja possível para aquele estágio, enquanto que o Mahachohan dirige as mentes das pessoas para que as diferentes formas de cultura e civilização sejam desenvolvidas de acordo com o plano cíclico. Eles são a Cabeça e o Coração e a Mão com os Cinco Dedos, todos ativos no mundo, modelando a Raça em um ser orgânico, o Homem Celeste. Esta última expressão não é uma mera figura retórica, mas descreve um fato literal, pois no término de cada ciclo de uma Raça-Raiz aqueles que atingiram o Adeptado dentro dele formam um poderoso organismo, o Homem Celeste, que em um sentido muito real é uno, e em quem, como no homem terreno, existem sete grandes centros, cada um dos quais é um grande Adepto. O Manu e o Bodhisattva ocuparão neste grande Ser o lugar dos centros do cérebro e do coração, e n'Eles, e como parte d'Eles, gloriosamente unos com Eles, estarão Seus servos, e a totalidade esplêndida prosseguirá em sua evolução futura até se tornar um Ministro de alguma futura Deidade Solar. Porém tão transcendente a toda compreensão é a maravilha disso tudo que esta união com outros não tolhe a liberdade de nenhum Adepto integrante do Homem Celeste, nem impede sua atuação bem além de seu escopo. Até recentemente não era uma regra que o ofício de Mahachohan fosse ocupado por um Adepto permanente deste grau. Era comum que cada um dos Chohans, em revezamento, fosse indicado como Líder sobre os outros cinco Raios, embora fosse obrigado a receber a Iniciação de Mahachohan antes de

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ocupar aquela posição. No presente, contudo, temos um Chohan a cargo de cada um dos cinco Raios, e também um Mahachohan em separado para o conjunto - um desvio do que entendemos ser o método usual que pode ser devido principalmente ao Advento próximo do Mestre do Mundo. Limites dos Raios Nos Raios Três a Sete a mais alta Iniciação que se pode receber em nosso globo é a de Mahachohan, mas é possível ir além nos Raios Um e Dois, como indicado na seguinte tabela de Iniciações, onde se pode ver que a Iniciação de Buda é possível nos Raios Um e Dois, e o Adepto pode ir ainda mais além no Primeiro Raio.

INICIAÇÕES POSSÍVEIS NOS RAIOS

Primeiro Raio Segundo Raio Raios Três a Sete

Iniciação 9

Senhor do Mundo

Iniciação 8

Pratyeka Buda Buda

Iniciação 7

Manu Bodhisattva Mahachohan

Iniciações 1 a 6

DIAGRAMA 10

Para que não pareça haver neste fato uma injustiça, deve ficar claro que o Nirvana é atingível tanto no Primeiro Raio quanto nos outros: qualquer pessoa chegando ao nível Asekha fica imediatamente livre para entrar nesta condição de beatitude por um período que nos pareceria uma eternidade; mas ela só penetra em seu primeiro estágio, o qual, embora exaltado infinitamente além de nossa compreensão como é, ainda está muito abaixo dos estágios mais elevados alcançáveis para respectivamente o Chohan e o Mahachohan, ao passo que estes, por sua vez, empalidecem diante da glória daquelas subdivisões do estado Nirvânico que atingem aqueles Adeptos que fazem o tremendo esforço necessário para receber durante a vida terrena as Iniciações ainda mais altas dos Raios Um e Dois. Também é possível um progresso ulterior nos outros cinco Raios para aqueles que seguem outras linhas de trabalho fora de nossa Hierarquia. Mudança de Raio A possibilidade de uma pessoa mudar de Raio através de uma firme determinação de fazê-lo franqueia por igual todas as sendas para o estudante do oculto. Sabe-se que ambos os Mestres com quem a Sociedade Teosófica tem estado em contato mais estreito decidiram fazer este esforço, e aqueles de nós que desejam conservar sua ligação a Eles como indivíduos estão, portanto, consciente ou inconscientemente, em curso de fazê-lo também. O método pelo qual a transferência é efetuada é bem simples em teoria, embora muitas vezes

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muito difícil de realizar na prática. Se um estudante pertencente ao Sexto Raio, ou devocional, desejar transferir-se para o Segundo Raio, o da sabedoria, deve primeiro tentar colocar-se sob a influência da segunda subdivisão do seu próprio Sexto Raio. Então ele tentará, perseverante, intensificar a influência deste sub-raio em sua vida, até que por fim ela se torne dominante. Então, em vez de estar na segunda subdivisão do Sexto Raio ele se verá na sexta subdivisão do Segundo Raio; em uma palavra, ele terá temperado sua devoção pelo aumento do conhecimento até que ela se torne uma devoção à Sabedoria Divina. Daí ele poderá, se quiser, com um esforço suficientemente intenso e continuado, transferir-se mais além, para alguma outra subdivisão do Segundo Raio. Evidentemente temos com isso um desvio das normas comuns de procedimento, pois uma Mônada que saiu de um determinado Espírito Planetário voltará através de um outro. Tais mudanças são relativamente raras, e tendem a se equilibrar mutuamente no final de forma satisfatória. As transferências são usualmente para os Raios Um e Dois, e há relativamente poucas pessoas nestes dois nos níveis inferiores de evolução. A Perfeita Unidade A maravilhosa unidade dos membros destes Triângulos com o Logos pode ser bem ilustrada através do exemplo do Bodhisattva. Vimos que a união do discípulo com o Mestre é mais íntima do que qualquer outra imaginável na Terra; ainda mais íntima, pois se dava em um nível ainda mais elevado, era a união entre o Mestre Kuthumi e Seu Instrutor, o Mestre Dhruva, que por Sua vez era discípulo do Senhor Maitreya, durante a época em que Este aceitava discípulos. Portanto o Mestre Kuthumi se tornou também uno com o Senhor Maitreya, e como naqueles níveis a unidade é ainda mais perfeita, o Mestre Kuthumi é uno com o Bodhisattva de uma forma mui maravilhosa. Os Adeptos parecem estar tão acima de nós que mal podemos discernir qualquer diferença de glória entre os níveis inferiores e superiores. Todos Eles Se parecem como estrelas acima de nós, apesar de Eles falarem de Si mesmos como sendo apenas pó sob os pés do Senhor Maitreya. Deve haver uma enorme diferença lá, mesmo que não possamos percebê-la. Olhamos para aquelas alturas estupendas e tudo parece ser uma glória ofuscante, onde não podemos presumir distinguir um como maior que o outro, salvo que pelo tamanho de Suas auras vemos que deve haver diferenças. Mas pelo menos podemos compreender que a unidade do Mestre Kuthumi com o Senhor Maitreya deve ser uma união muito maior e mais real do que qualquer coisa imaginável nos níveis inferiores. O Bodhisattva, então, é ainda mais uno com aquela Segunda Pessoa do Logos, que Ele representa. Ele assumiu a função de representá-Lo na Terra, e este é o sentido da união hipostática entre Cristo como Deus e Cristo como homem. Pois Ele, o Bodhisattva, a quem no ocidente chamamos de Senhor Cristo, é a Sabedoria Intuicional, é o Representante e a Expressão da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Este é o mistério que está por trás da dupla natureza de Cristo, "que, embora Deus e Homem, não é dois, mas sim um só

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Cristo - um, não pela conversão da Divindade em carne, mas pela elevação da humanidade até Deus". A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade existia eras antes do Senhor Maitreya iniciar Sua evolução; e a primeira descida daquela Segunda Pessoa à encarnação ocorreu quando na segunda Emanação Ela providenciou veículos para Sua manifestação a partir da matéria virgem de Seu sistema solar recém criado, já impregnados e vivificados por Deus Espírito Santo. Quando isso estava feito tivemos pela primeira vez Cristo não-manifesto opondo-Se a Cristo manifesto, e mesmo naquele tempo deve ter sido verdade que Cristo como Deus era em certo sentido maior que Cristo como homem. Por Sua vez, os Bodhisattvas, que são os representantes desta Segunda Pessoa nos diferentes planetas de Seu sistema, um após outro atingem a liderança de Seu Raio, e então se tornam tão plenamente unos com a Segunda Pessoa que bem merecem o título de Cristo Homem, e por isso, no momento da consumação de tal Iniciação, realiza-se a união hipostática em cada um d'Eles. Este Segundo Aspecto do Logos derrama-Se na matéria, encarna, e se torna homem, e portanto é "igual ao Pai em Sua Divindade, e inferior ao Pai em Sua humanidade", como se diz no Credo de Atanásio. Nosso Senhor o Bodhisattva foi um homem como nós, e ainda é um homem, embora um homem perfeito; porém esta Sua humanidade foi elevada à Divindade de forma tal que Ele em verdade é um Cristo, um Representante do Segundo Aspecto da Trindade, pois n'Ele e através d'Ele nos é possível contatar aquele Poder Divino. Eis o motivo pelo qual se diz que Cristo é o Mediador entre Deus e o homem; não que Ele esteja fazendo barganhas em nosso nome, ou nos comprando para nos livrar de alguma punição terrível, como crêem muitos Cristãos ortodoxos, mas sim que Ele é um verdadeiro Mediador, Alguém que está entre o Logos e o homem, Alguém que podemos ver, e através de Quem a Deidade derrama Seu poder para a humanidade. Portanto Ele é o Líder de todas as religiões por onde estas bênçãos nos chegam. CAPÍTULO 14: A SABEDORIA NOS TRIÂNGULOS O Buda O Buda da atualidade é o Senhor Gautama, que teve Seu último nascimento na Índia cerca de 2500 anos atrás, e naquela encarnação Ele terminou Sua série de vidas como Bodhisattva, e sucedeu o Buda anterior, Kasyapa, como Líder do Segundo Raio na Hierarquia Oculta de nosso planeta. Sua vida como Siddharta Gautama foi maravilhosamente narrada por Sir Edwin Arnold em seu livro Light of Asia, um poema dos mais belos e inspiradores. Durante um Período Mundial aparecem sucessivamente sete Budas, um para cada Raça, e cada um d'Eles assume por Sua vez o trabalho especial do Segundo Raio para todo o mundo, devotando-Se a esta parte do trabalho que se dá nos mundos superiores, enquanto que confiam a Seus assistentes e representantes, os Bodhisattvas, a função de Mestres do Mundo para os planos inferiores. Para Alguém que tenha chegado a esta posição os orientais

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consideram não haver elogio alto demais, nem devoção profunda demais, e assim como eles consideram estes Mestres a quem contemplamos como não sendo senão todos divinos em bondade e sabedoria, em consideração ainda maior eles têm o Buda. Nosso Buda atual foi o primeiro filho de nossa própria humanidade a atingir aquela altura estupenda, tendo os Budas anteriores sido produto de outras evoluções, e foi necessário um esforço muito especial de Sua parte para preparar-Se para esta excelsa função, um esforço tão estupendo que é constantemente mencionado pelos Budistas como sendo o Mahabhinishkramana, ou seja, o Grande Sacrifício. Muitos milhares de anos atrás surgiu a necessidade de que um dos Adeptos se tornasse o Mestre do Mundo para a Quarta Raça Raiz, pois havia chegado o tempo em que nossa humanidade deveria ser capaz de prover seus próprios Budas. Até a metade da quarta Ronda da quarta encarnação de nossa Cadeia, que foi o ponto exatamente central do esquema de evolução a que pertencemos, os grandes Oficiais necessários - os Manus e os Mestres do Mundo e outros - eram supridos por humanidades mais avançadas de outras Cadeias, que tinham feito mais progresso ou talvez fossem mais antigas que a nossa; e nós, tendo sido assim auxiliados, deveremos por nossa vez ter o privilégio, mais adiante, de auxiliar outros esquemas de evolução mais jovens. Desta forma se demonstra a verdadeira irmandade de tudo o que vive, e vemos que não é uma irmandade apenas dentro da humanidade, ou só da vida nesta cadeia de mundos, mas que todas as cadeias do sistema solar interagem e ajudam-se mutuamente. Não tenho evidências diretas de que os sistemas solares dêem assistência uns aos outros desta forma, mas imagino que por analogia deva ser quase certo que isso ocorra. Pelo menos eu próprio tenho visto Visitantes de outros sistemas, como já disse antes, e percebi que Eles não estavam simplesmente em viagem de turismo, mas vieram até o nosso sistema com certeza por alguma boa razão. Qual seja ela não o sei, mas isso claramente não me diz respeito. Então, naquele momento no passado remoto a que aludimos, a humanidade deveria começar a prover seus próprios Mestres, mas dizem-nos que ninguém ainda havia atingido o nível necessário para assumir tão tremenda responsabilidade. Naquela época os primogênitos de nossa Humanidade eram dois Irmãos que eram iguais em desenvolvimento oculto; um deles é Aquele a Quem chamamos de Senhor Gautama Buda, e o outro era nosso atual Mestre do Mundo, o Senhor Maitreya. Não sabemos o que Lhes faltava das qualificações exigidas, mas por causa do Seu enorme amor pela humanidade o Senhor Gautama prontificou-Se de imediato a fazer todo e qualquer esforço adicional necessário para conseguir o requerido desenvolvimento. A tradição nos conta que vida após vida Ele praticou determinadas virtudes, cada vida mostrando alguma grande qualidade adquirida. Este grande sacrifício de Buda é mencionado em todos os livros sacros dos Budistas, mas eles não entenderam a natureza deste sacrifício, pois muitos acreditam que ele consistiu em Ele ter descido dos níveis Nirvânicos depois de atingir a Iluminação, a fim de ensinar a Lei. É fato que Ele desceu, mas isso não seria em nada um sacrifício, seria apenas um trabalho comum, se bem que

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não muito agradável. O grande sacrifício que Ele fez foi ter passado milhares de anos qualificando-Se para ser o primeiro homem de nossa humanidade que haveria de ajudar seus irmãos ensinando-os a Sabedoria que é vida eterna. Este trabalho foi cumprido, e nobremente. Sabemos um pouco das várias encarnações que Ele teve depois de Sua decisão, como Bodhisattva de sua época, embora possam ter havido muitas outras das quais não sabemos nada. Ele apareceu como Vyasa; foi ao Egito antigo como Hermes, o Três-Vezes-Grande, que foi chamado de Pai da Sabedoria; Ele foi o primeiro dos vinte e nove Zoroastros, os Mestres da Religião do Fogo; ainda mais tarde ele andou entre os gregos como Orfeu, e os ensinou através da música e do canto, e finalmente teve Seu último nascimento no norte da Índia, e perambulou pelo vale do Ganges durante quarenta e cinco anos, pregando Sua Lei, e atraindo ao Seu redor todos aqueles que em vidas anteriores haviam sido Seus discípulos. De uma forma que ainda não podemos esperar entender, por causa da grande tensão destas muitas eras de esforço houve certos aspectos no trabalho do Senhor Buda que Ele talvez não tenha tido tempo de terminar com perfeição. É impossível que em tal nível haja qualquer coisa semelhante a um fracasso ou falha, mas talvez a tensão do passado tenha sido grande demais até mesmo para um poder como o d'Ele. Não sabemos, mas permanece o fato de que houve certos assuntos menores a que Ele não pôde dar uma atenção completa, e portanto Sua vida além-túmulo não foi exatamente a mesma que a de Seus Predecessores. É comum, como já disse, para um Bodhisattva, quando Ele viveu Sua vida final e Se tornou Buda - quando Ele entra na glória, levando sua seara consigo, como se diz nas Escrituras Cristãs - transmitir Seu trabalho externo inteiramente para as mãos de Seu Sucessor, passando a devotar-Se aos trabalhos pela humanidade nos níveis mais altos. Quaisquer que possam ser estas atividades múltiplas de um Dhyani Buda, elas não o trazem de novo a um nascimento na Terra; mas por causa das circunstâncias especiais que rodearam a vida do Senhor Gautama, ocorreram duas diferenças, e foram executados dois atos suplementares. Os Atos Suplementares

O primeiro foi o envio, por parte do Senhor do Mundo, o Grande Rei, o Iniciador Único, de um de Seus três Discípulos, todos Eles Senhores da Chama vindos de Vênus, para que encarnasse quase imediatamente após a conquista do Budado pelo Senhor Gautama, a fim de que em uma curta vida viajando pela Índia Ele pudesse estabelecer ali certos centros de religião chamados mathas. Seu nome nesta encarnação foi Shankaracharya - não aquele que escreveu os comentários, mas o grande Fundador desta linha, que viveu há mais de dois mil anos. Shri Shankaracharya fundou certa escola de Filosofia Hindu, reviveu em grande extensão o Hinduísmo, introduzindo uma vida nova em suas formas, e compilando muitos dos ensinamentos do Buda. O Hinduísmo de hoje, embora de muitas maneiras aquém de seu alto ideal, é uma fé muito mais viva do que naqueles dias anteriores à vinda do Buda, quando havia se degenerado em um

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sistema formalista. Shri Shankaracharya foi também grandemente responsável pelo desaparecimento dos sacrifícios animais; embora tais sacrifícios ainda sejam oferecidos na Índia, eles são poucos, e em escala bem reduzida. Além de Seu ensinamento no plano físico, Shri Shankaracharya realizou certos trabalhos ocultos relacionados aos planos superiores da natureza que seriam de grande importância para a vida ulterior da Índia. O segundo ato suplementar a que me referi foi realizado pelo próprio Senhor Gautama. Em vez de Se devotar completamente a um trabalho diferente e superior, Ele permaneceu em contato com este Seu mundo o bastante para ser alcançado pela invocação de Seu Sucessor quando necessário, de modo que Seu conselho e ajuda ainda possam ser obtidos em caso de qualquer grande emergência. Ele também prometeu voltar ao mundo uma vez por ano, no aniversário de Sua morte, e derramar sobre nós uma torrente de bênçãos. O Senhor Buda possui o Seu tipo especial de força, que Ele derrama quando dá Sua bênção ao mundo, e esta bênção é uma coisa única e muito maravilhosa, pois por causa de Sua autoridade e posição um Buda tem acesso a planos da natureza completamente além de nosso alcance, e por isso Ele pode transmutar e transmitir para nosso próprio nível as forças peculiares àqueles planos. Sem a mediação do Buda estas forças não teriam uso algum para nós na vida física; suas vibrações são tão tremendas, tão incrivelmente rápidas, que passariam por nós sem serem percebidas em qualquer dos níveis que podemos alcançar, e jamais saberíamos de sua existência. Mas através d'Ele a força da bênção é espalhada por todo o mundo, e ela instantaneamente encontra para si mesma canais através dos quais possa se derramar (assim como a água ao encontrar um cano aberto), com isso fortalecendo toda boa obra e trazendo paz aos corações daqueles que são capazes de recebê-la. O Festival de Wesak A ocasião escolhida para esta efusão maravilhosa é a lua cheia do mês indiano de Vaisakh (chamado no Ceilão de Wesak, e que usualmente corresponde a maio), que assinala o aniversário de todos os eventos momentosos de Sua última vida terrena - Seu nascimento, o atingimento do Budado, e Sua partida do corpo físico. Relacionada a esta Sua visita, e muito à parte da sua tremenda significação esotérica, realiza-se no plano físico uma cerimônia exotérica, durante a qual o Senhor realmente Se mostra em presença de uma multidão de peregrinos comuns. Se os peregrinos realmente O vêem não sei ao certo; todos eles se prostram no momento em que Ele surge, mas talvez apenas imitando a prostração dos Adeptos e de Seus discípulos, que, Estes sim, vêem de fato o Senhor Gautama. Parece provável que pelo menos alguns dos peregrinos O tenham visto por si mesmos, pois a existência da cerimônia é largamente conhecida entre os Budistas da Ásia central, e é mencionada como sendo a aparição da Sombra ou Reflexo do Buda, cuja descrição, encontrada em certos relatos tradicionais, é bastante exata. Até onde podemos saber parece não haver razão para que qualquer pessoa que esteja nas proximidades seja impedida de estar presente na cerimônia; aparentemente não é feito nenhum

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esforço para limitar o número de espectadores, embora seja verdade que se ouvem histórias sobre grupos de peregrinos que perambularam por anos sem serem capazes de encontrar o lugar. A esta cerimônia usualmente assistem todos os membros da Grande Fraternidade Branca, salvo o Rei em Pessoa e Seus três Discípulos, e não há razão nenhuma para que qualquer de nossos devotados membros Teosóficos não esteja presente em seu corpo astral. Aqueles a quem se confiou o segredo usualmente tentam arranjar seus assuntos de modo a colocarem seus corpos físicos a dormir em torno de uma hora antes do momento exato da lua cheia, e para não serem perturbados antes de uma hora depois dele. O Vale

O lugar escolhido é uma pequena esplanada rodeada de colinas baixas, no flanco norte dos Himalaias, não longe da fronteira do Nepal, e talvez a 640 km da cidade de Lhassa. Este pequeno descampado (vide o Diagrama 11) é mais ou menos oblongo, com um comprimento de cerca de 2 km e largura um pouco menor. O terreno se inclina suavemente do sul para o norte, e em sua maior parte é desnudo e pedregoso, embora em algumas partes se cubra de uma grama grosseira e de vegetação arbustiva retorcida. Do lado oeste da esplanada corre um riacho, que cruza seu lado noroeste, e escapa aproximadamente na metade do lado norte através de uma ravina coberta de pinheiros, chegando por fim a um lago, visível a uma distância de poucos quilômetros. Os arredores parecem selvagens e desabitados, e não existem edificações por perto salvo uma única stupa arruinada, com duas ou três cabanas ao lado, no flanco de uma das colinas do lado leste do valezinho. Perto do centro da metade sul existe um grande monólito branco-esverdeado, rajado de alguma substância cintilante - como que uma pedra de altar, talvez comprida quatro metros e larga outros dois, elevando-se a cerca de um metro do chão.

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DIAGRAMA 11

Alguns dias antes da data assinalada, as margens do riacho e os flancos das colinas em torno vão se enchendo de grupos de tendas de aspecto rústico, pretas em sua maioria, de forma que aquela paisagem deserta se transforma no buliçoso acampamento de uma multidão. Chegam muitas pessoas das tribos errantes da Ásia central e outras de lugares muito remotos do norte. Na véspera da lua cheia todos os peregrinos se banham ritualmente, e lavam suas vestes para se prepararem para a cerimônia. Um pouco antes da lua cheia os peregrinos se agrupam na parte norte do vale e se assentam em silêncio e em boa ordem, deixando um largo espaço desimpedido defronte ao altar. Geralmente muitos Lamas assistem à cerimônia, e aproveitam a chance para dar preleções aos visitantes. Uma hora antes do momento exato da lua cheia começam a aparecer as formas astrais, entre elas as dos membros da Fraternidade, sendo que alguns se materializam para que possam ser vistos pelo povo. Este ajoelha e se prostra em Sua presença. Muitas vezes nossos Mestres e outros, Seus superiores,

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condescendem em conversar nesta oportunidade com Seus discípulos e outras pessoas ali presentes. Enquanto isso, aqueles que são especialmente indicados preparam o altar para a cerimônia cobrindo-o de belas flores, e uma grande grinalda, tramada com o lótus sagrado, é colocada em cada canto. No centro é posta uma preciosa taça de ouro trabalhado, cheia de água, e diante dela fica aberto um espaço sem flores. A Cerimônia Em torno de meia hora antes do momento da lua cheia, a um aceno no Mahachohan, os membros da Fraternidade se reúnem no centro da esplanada, a norte do altar, e se arranjam em três filas em forma de círculo voltadas para o altar, com a fila externa composta dos membros mais jovens da Fraternidade, e a interna sendo integrada pelos Oficiais mais graduados. Depois são cantados em páli alguns versículos das Escrituras Budistas, e no final do canto o Senhor Maitreya se materializa no meio do círculo, tendo em mãos o Cetro do Poder. Este símbolo maravilhoso é de certa forma um centro ou um foco físico para as energias derramadas pelo Logos Planetário, e foi magnetizado por Ele milhões de anos atrás, quando Ele pela primeira vez pôs em movimento a onda de vida humana em nossa cadeia de mundos. Disseram-nos que o Cetro do Poder é o sinal físico da concentração e da atenção do Logos, e que ele é transportado de planeta para planeta à medida que Sua atenção se desloca, e o lugar em que ele se encontra é, naquele momento, a cena principal da evolução, e que quando ele passar para o próximo globo o nosso entrará em uma relativa inatividade. Não sabemos se o Cetro é transportado também para globos não físicos, e desconhecemos além disso o modo como ele é utilizado, ou seu papel na vida do mundo. Usualmente ele fica em posse do Senhor do Mundo, em Shamballa, e só é emprestado ao Senhor Maitreya nas ocasiões do Festival de Wesak. Este Cetro é um bastão de um metal desconhecido para os químicos da Terra, chamado oricalco, e possui cerca de sessenta centímetros de comprimento por cinco de diâmetro, e em cada extremidade ostenta um grande diamante talhado em forma de esfera com uma projeção cônica, e parece estar sempre rodeado de uma aura de fogo transparente e brilhante. É digno de nota que ao longo da cerimônia este bastão só é tocado e manejado pelo Senhor Maitreya.

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DIAGRAMA 12

Quando Ele se materializa no centro do círculo, todos os Adeptos e Iniciados se curvam gravemente em Sua direção, e canta-se outro versículo. Depois disso, ainda entoando versículos, o anel interno se divide em oito partes, de modo a formar uma cruz dentro do círculo externo, permanecendo sempre o Senhor Maitreya no centro. No movimento seguinte deste ritual augusto, a cruz se torna um triângulo, e o Senhor Maitreya se move para diante de modo a ocupar seu ápice, e portanto próximo da pedra do altar. Sobre este altar, no espaço livre diante do cálice de ouro, o Senhor Maitreya deposita, reverente, o Cetro do Poder, enquanto que atrás d'Ele o círculo muda para uma figura curva, de forma que todos se voltam para o altar. Na próxima mudança a figura curva se torna um duplo triângulo, de modo que vemos uma representação do bem conhecido símbolo da Sociedade Teosófica, embora sem a serpente que

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o circunda. Esta figura por sua vez se dissolve numa estrela de cinco pontas, permanecendo o Senhor Maitreya na ponta mais vizinha do altar, e os outros grandes Oficiais ou Chohans nos cinco pontos onde as linhas se interceptam. Anexo um diagrama destas figuras simbólicas, pois algumas delas são de difícil descrição.

DIAGRAMA 13

Quando se chega a este estágio, o sétimo e derradeiro, todo canto cessa, e depois de um momento de silêncio solene, o Senhor Maitreya, novamente tomando o Cetro do Poder em Suas mãos e elevando-o acima de Sua cabeça, exclama em páli:

"Tudo está pronto; vem, oh Mestre!" Então, enquanto Ele depõe novamente o ígneo bastão, no momento exato da lua cheia, o Senhor Buda aparece como uma gigantesca figura flutuando no ar bem acima das colinas do lado sul. Os membros da Fraternidade se curvam com as mãos postas, e a multidão por trás se arroja sobre sobre o solo e permanece prostrada, enquanto que outros cantam os três versos que foram

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ensinados pelo próprio Senhor Buda, durante Sua vida terrena, para o menino Chatta:

"O senhor Buda, o Sábio dos Sakyas, é o melhor Mestre dentre toda a humanidade. Ele cumpriu o que devia ser cumprido, e cruzou para a outra margem (Nirvana). Ele é cheio de força e energia; a Ele, o Bendito, eu tomo como meu guia. "A verdade é imaterial; ela traz liberdade da paixão, do desejo e da tristeza; ela é livre de toda mácula; ela é doce, simples e lógica; e esta verdade eu tomo como meu guia. "O que for dado aos oito tipos de Nobres Seres, que aos pares formam os quatro graus, e que conhecem a verdade, verdadeiramente traz recompensas; a esta Fraternidade de Nobres Seres eu tomo como meu guia".

A Maior das Bênçãos

Então o povo se levanta e permanece contemplando a presença do Senhor enquanto que a Fraternidade canta, para benefício do povo, nobres palavras do Mahamangala Sutta, que foi traduzido pelo Professor Rhys Davids da seguinte forma (algumas leves modificações foram introduzidas a partir de outras fontes, quando pareceram ser melhoramentos definidos):

"Anelando pelo bem, muitos devas e homens consideram como bênçãos coisas diferentes; Dize-nos então, oh Mestre, qual é a maior das bênçãos? "Não servir a tolos, mas servir ao sábio, honrar os dignos de honra, esta é a maior das bênçãos; "Viver em um lugar agradável, ter feito boas ações em uma vida anterior, ter uma alma cheia do desejo correto, esta é a maior das bênçãos; "Muito discernimento e muita educação, autocontrole e mente bem treinada, palavras agradáveis bem pronunciadas, esta é a maior das bênçãos; "Cuidar do pai e da mãe, velar pela esposa e o filho, seguir uma vocação pacífica, esta é a maior das bênçãos;

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"Dar esmolas e viver retamente, ajudar o necessitado, agir de forma impecável, esta é a maior das bênçãos; "Renunciar ao mal e cessar de praticá-lo, abster-se bebidas embriagantes, não aborrecer-se na prática do bem, esta é a maior das bênçãos; "Reverência e humildade, contentamento e gratidão, ouvir a Lei nas ocasiões prescritas, esta é a maior das bênçãos; "Ser paciente e doce, associar-se com os pacíficos, falar de religião nos momentos devidos, esta é a maior das bênçãos; "Autocontrole e pureza, o conhecimento das Quatro Grandes Verdades, a realização do Nirvana, esta é a maior das bênçãos; "Nas mudanças da fortuna, ter a alma inabalável, sem paixão, sem tristeza, segura, esta é a maior das bênçãos; "Invencível de todos os lados é aquele que age assim, de todos os lados ele anda seguro, e a sua é a maior das bênçãos".

A figura que flutua a cima das colinas tem um tamanho enorme, mas reproduz com exatidão a forma e as características do corpo em que o Senhor passou Sua última vida na Terra. Ele aparece sentado, de pernas cruzadas, com as mãos em atitude de prece, vestido com o manto amarelo de monge Budista, mas deixando o braço direito desnudo. Nenhuma descrição é capaz de transmitir uma idéia de Sua face - uma face verdadeiramente divinal, pois combina a calma com o poder, a sabedoria com o amor, em uma expressão contendo tudo o que nossas mentes possam imaginar sobre o Divino. Podemos dizer que sua tez é clara, branco-amarelada, e as feições nitidamente delineadas; que a testa é ampla e nobre; os olhos, largos, luminosos e de um azul escuro e profundo; o nariz é levemente aquilino; os lábios, vermelhos e firmes; mas tudo isso nos apresenta apenas a máscara exterior e permite termos somente uma vaga noção do conjunto vivo. O cabelo é negro - quase azeviche - e ondeado; curiosamente, não é nem longo como no costume

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indiano, nem raspado como os monges orientais, mas é cortado logo antes de tocar os ombros, repartido ao meio e jogado para trás a partir da testa. Diz-nos a história que quando o Príncipe Siddartha deixou sua casa para buscar a verdade, pegou seu cabelo e o puxou para acima de sua cabeça, e o cortou com um golpe de sua espada, e depois disso ele o manteve do mesmo comprimento. Uma das características mais impressionantes desta mirífica aparição é a esplêndida aura que circunda a figura. Ela se dispõe em esferas concêntricas, como todas as auras dos homens altamente evoluídos; sua organização geral é a mesma da do Arhat ilustrado na prancha XXVI em Man Visible and Invisible, mas a ordem das cores é única. A figura é englobada por uma luz que ao mesmo tempo é deslumbrante e transparente - tão brilhante que mal o olho consegue suportá-la, porém através dela a face e a cor do manto aparecem com perfeita clareza. Para além desta luz surge um anel de um glorioso azul ultramarino, e depois, em sucessão, um fulgurante amarelo dourado, o mais rico dos carmesins, um branco prateado puríssimo e um magnífico escarlate - todos estes anéis são na realidade esferas, mas se mostram como faixas quando vistos contra o céu. Perpendicularmente à superfície do último anel partem raios em todos esses tons mesclados, entremeados de lampejos de verde e violeta, como se observa quando nos referimos ao nosso frontispício. Estas cores, exatamente nesta ordem, são descritas nas antigas Escrituras Budistas como constituindo a aura do Senhor; e quando em 1885 considerou-se desejável criar uma bandeira especial para os Budistas do Ceilão, nosso Presidente-Fundador, o Coronel Olcott, consultando nossos irmãos Cingaleses em Colombo, desenvolveu a idéia de utilizar para ela o mesmo significativo grupo de cores. O Coronel nos conta (Old Diary Leaves, vol. III, p. 353) que ele soube, alguns anos mais tarde, pelo Embaixador tibetano junto ao Vice-Rei da Índia, a quem encontrara em Darjeeling, que estas cores são as mesmas que as encontradas na bandeira do Dalai Lama. A idéia deste estandarte simbólico parece ter sido largamente aceita; eu mesmo já o vi em templos Budistas de lugares tão distantes entre si como Rangun, na Birmânia, e Sacramento, na Califórnia. Devido a um infeliz equívoco estas faixas de cor foram publicadas em ordem errada na primeira edição deste livro; o erro agora foi corrigido. Obviamente é impossível obter, em uma ilustração impressa, qualquer semelhança com o brilho e pureza reais das cores vistas no céu; tudo o que podemos oferecer é uma sugestão para auxiliar a imaginação do leitor. Em livros anteriores descrevemos a presença do escarlate na aura humana como indicativa de raiva, apenas; assim é no que diz respeito ao astral inferior comum; mas bem diferente disso, descobrimos que nos níveis superiores um escarlate muito mais magnífico e luminoso, a verdadeira essência da chama viva, fala pela presença de uma coragem inabalável e alta determinação. Isso, é claro, aparecendo na aura do Senhor Buda, denota a Sua posse destas qualidades em um grau superlativo. Poderíamos conjeturar que a incomum proeminência deste escarlate brilhante possa significar a manifestação especial

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destas qualidades por causa do Seu longo trabalho de autodesenvolvimento a que me referi antes. O Senhor Maitreya, que tem um papel de tanto relevo nesta cerimônia, no devido tempo sucederá o Senhor Gautama no cargo que Ele ora ocupa. Talvez seja de interesse comparar Sua aura com a que recém descrevemos. A maneira mais fácil de imaginá-la é tomar a prancha XXVI da aura do Arhat em Man Visible and Invisible e então modificá-la na imaginação do seguinte modo. Em geral ela se assemelha a esta do livro, mas além de ser muito maior, as cores se dispõem em uma ordem um pouco diversa. Seu núcleo é de uma luz branca ofuscante, assim como no caso do Arhat; então, eliminando o amarelo, que o oval rosa permaneça em seu lugar, mas recue para dentro até tocar a borda do branco. Para fora do rosa então coloquemos o amarelo em vez do azul; por fora do verde um anel de azul, e por fora deste o violeta, como no livro, mas por fora do violeta novamente uma faixa larga do mais glorioso rosa pálido, onde se mescla suavemente o violeta. Por fora de tudo vêm a radiação de cores mescladas, assim como no livro. Os raios de luz branca irradiam da mesma forma, mas parecem levemente tingidos com o onipresente rosado. Toda a aura dá a impressão de ser banhada do rosa mais delicado e brilhante, semelhante à prancha XI em Man Visible and Invisible. Um ponto que parece digno de nota é que nesta aura as cores aparecem exatamente na mesma ordem do espectro solar, embora estejam omitidos o laranja e o índigo. Primeiro o rosa (que é uma forma de vermelho), então o amarelo, tornando para verde, azul e violeta, sucessivamente. E então passa para ultravioleta, mesclando-se a rosa - o espectro reiniciando em uma oitava mais alta, assim como o astral mais baixo segue o físico mais alto. É claro que esta descrição é muito pobre, mas parece ser a melhor que podemos fazer. Deve ser entendido que a aura existe em muitas dimensões além das que podemos representar graficamente. A fim de dar essa descrição tentei fazer algo semelhante a uma secção tridimensional. Mas é sábio lembrarmos que é absolutamente possível fazermos uma outra secção em ângulo ligeiramente diferente, o que nos mostraria resultados um pouco divergentes, mas mesmo assim verdadeiros. É inútil tentarmos explicar no plano físico as realidades dos mundos superiores. Quando se encerra a récita do Mahamangala Sutta, o Senhor Maitreya toma a taça dourada de água de cima do altar, e a eleva acima de Sua cabeça por breves momentos, enquanto que a multidão atrás, que também se muniu de vasos já cheios de água, segue Seu exemplo. Quando Ele a depõe novamente sobre o altar canta-se outro versículo: "Ele é o Senhor, o Santo perfeito em conhecimento, que possui os oito tipos de conhecimento e cumpriu as quinze práticas santas, que fez a boa viagem que conduz ao Budado, que conhece os três mundos, o incomparável, o Mestre dos deuses e dos homens, o Bendito, o Senhor Buda".

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Quando isso termina, brilha em Sua face um sorriso de amor inefável, e Ele ergue Sua mão direita em atitude de bênção, enquanto uma grande chuva de flores cai sobre o povo. Novamente os membros da Fraternidade se ajoelham. Novamente a multidão se prostra, e a figura lentamente se dissipa no céu, enquanto a multidão se levanta gritando de alegria e louvor. Os membros da Fraternidade se aproximam do Senhor Maitreya na ordem de sua admissão, e cada um prova da água da taça, e o povo faz o mesmo com a sua, guardando o resto para levar para casa em seus odres como uma água benta para afastar todas as más influências de seus lares, ou talvez para curar os doentes. Então a grande multidão se despede com cumprimentos mútuos, e o povo leva para suas longínquas moradas a lembrança imorredoura da maravilhosa cerimônia de que participaram. Os Predecessores de Buda

Um vislumbre interessante sobre os predecessores de Buda é encontrado na Visão de São João, o Divino: "E perto do trono havia vinte e quatro assentos, e sobre estes assentos eu vi vinte e quatro anciãos sentados, vestidos de linho branco, e sobre suas cabeças levavam coroas de ouro". Quem tem o privilégio de ver isso - e, lembremos, todos nós, um dia, o teremos - o faz de acordo com o ponto de vista especial de sua própria crença. Portanto São João viu o que esperava ver, os vinte e quatro Anciãos da tradição Judaica. Este número, vinte e quatro, assinala a data em que a cena foi vista pela primeira vez, ou antes, a data em que a idéia Judaica desta glória foi formulada pela primeira vez. Se pudéssemos hoje nos elevar em Espírito, e pudéssemos ver esta glória inefável, veríamos não vinte e quatro, mas vinte e cinco Anciãos, pois um outro Buda apareceu depois que a visão se cristalizou no esquema Judaico de pensamento superior. Pois aqueles Anciãos são os grandes Mestres que ensinaram os mundos nesta nossa Ronda. Há sete Budas para cada mundo; isso perfaz vinte e um para os três mundos que já passamos, e então o Senhor Gautama tornou-Se o quarto Buda deste mundo. Portanto, eram vinte e quatro os Anciãos naquele tempo, mas se hoje Os pudéssemos ver novamente seriam vinte e cinco. A Igreja Cristã interpretou isso de forma um pouco diversa, tomando aqueles Anciãos como os doze Apóstolos e os doze Profetas Judeus. Se assim fosse, o vidente teria visto a si mesmo entre Eles, e certamente teria mencionado o fato. Aqueles Anciãos tinham em suas cabeças coroas de ouro, conforme a descrição, e um pouco antes lemos que Eles lançavam as coroas diante d'Ele, como consta no glorioso Hino da Trindade. Lembro que quando criança eu ficava maravilhado de como isso podia ser. Parecia-me uma coisa estranha que aqueles homens estivessem constantemente a lançar suas coroas, e que ainda tivessem coroas para continuar lançando. Eu não podia entender isso, e ficava perplexo sobre de que forma que as coroas voltariam para as suas cabeças, para que pudesse jogá-las de novo. Tais idéias ligeiramente ridículas talvez não sejam antinaturais em uma criança, mas elas desaparecem quando chega o entendimento. Se já vimos imagens do Senhor Buda devemos ter notado que por cima do topo de

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Sua cabeça usualmente há uma pequena projeção ou cone. É como uma coroa, de cor dourada, que representa a efusão de força espiritual a partir do chamado chakra sahasrara, o centro no topo da cabeça humana - o lótus de mil pétalas, como é poeticamente denominado nos livros orientais (Vide The Chakras, deste autor, publicado por The Theosophical Publishing House, Adyar, Madras). No homem altamente desenvolvido este centro derrama esplendor e glória, o que lhe serve como uma verdadeira coroa; e o sentido da passagem é que tudo que é desenvolvido, todo o esplêndido karma que ele produz, toda a gloriosa força espiritual que ele gera - tudo isso ele depõe perpetuamente aos pés do Logos para ser usado em Sua obra. Assim, perpetuamente ele pode continuar a lançar sua coroa de ouro, porque ela perpetuamente se reconstitui à medida que a força emana dele. O Bodhisattva Maitreya O Senhor Maitreya, cujo nome significa bondade ou compaixão, assumiu o posto de Bodhisattva quando o Senhor Gautama o deixou, e desde então Ele tem feito muitos esforços para promover a Religião. Um de Seus primeiros atos ao assumir o novo cargo foi tirar partido do tremendo magnetismo gerado no mundo pela presença do Buda, para arranjar que grandes Mestres aparecessem simultaneamente sobre diferentes partes da Terra, de modo que dentro de um breve período de tempo encontramos não só o próprio Buda, Shri Shankaracharya e Mahavira na Índia, mas também Mitra na Pérsia, Lao-Tsé e Confúcio na China, e Pitágoras na Grécia antiga. Ele próprio apareceu duas vezes - como Krishna nas planícies indianas, e como Cristo nas colinas da Palestina. Na encarnação como Krishna a grande característica foi sempre o amor; o Menino Krishna atraiu em Seu redor pessoas que sentiam por Ele o mais profundo e intenso afeto. Novamente, em Seu nascimento na Palestina, o amor foi a característica central de Seu ensinamento. Ele disse: "Agora vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos tenho amado". Ele quis que Seus discípulos pudessem ser unos com Ele assim como Ele era uno com o Pai. Seu discípulo mais íntimo, São João, insistiu fortemente sobre o mesmo ponto: "Aquele que não ama não conhece Deus, pois Deus é amor". O que hoje é chamado de Cristianismo, na forma em que Ele o ensinou no início, foi sem dúvida uma concepção magnífica, mas infelizmente desde então, nas mãos de expositores ignorantes, ele decaiu daquele alto nível. Não devemos presumir com isso, é claro, que o ensinamento de amor fraterno fosse novo no mundo. Como diz Santo Agostinho, em seu livro De Civitate Dei,

"A mesmíssima coisa que hoje chamamos de religião Cristã já existia entre os antigos, e jamais esteve ausente desde o início da raça humana até a vinda do Cristo encarnado, a partir de quando a verdadeira religião, que já existia, passou a ser chamada de Cristã".

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Os leitores do Bhagavad Gita também lembrarão do ensinamento de amor e devoção de que ele está repleto. O Bodhisattva também ocupou ocasionalmente o corpo de Tsong-ka-pa, o grande reformador religioso tibetano, e ao longo dos séculos Ele enviou uma sucessão de discípulos Seus, incluindo Nagarjuna, Aryasanga, Ramanujacharya, Madhavacharya, e muitos outros, que fundaram novas seitas ou lançaram novas luzes sobre os mistérios da religião, e entre estes Seus discípulos estava aquele que fundou a religião Muçulmana. O envio de instrutores que acabo de mencionar é apenas uma parte de Seu trabalho, que porém não se confina à humanidade, mas inclui a educação de todas as criaturas da Terra, e entre elas as pertencentes à evolução Dévica. Ele, assim, é o Chefe de todas as crenças que existem no presente, e de muitas outras que já feneceram no curso do tempo, embora Ele seja responsável por elas, é claro, apenas em suas formas originais, e não pela corrupção que o homem natural e inevitavelmente introduz em todas elas à medida que o tempo passa. Ele varia o tipo de religião para se adequar ao período da história mundial em que ela aparece e às pessoas a quem ela é dada; mas embora a forma possa variar à medida que a evolução caminha, a ética é sempre a mesma. Ele virá para a Terra muitas vezes mais durante o progresso da Raça Raiz, fundando muitas religiões novas, e cada vez atraindo ao Seu redor homens de todas as raças que estejam preparados para seguí-Lo, e dentre estes Ele escolherá alguns que possa atrair para uma relação ainda mais íntima, alguns que são discípulos em um sentido muito profundo. Então, perto do final da Raça, quando esta já tiver ultrapassado seu zênite e uma nova estiver começando a dominar o mundo, Ele arranjará que todos os Seus discípulos especiais, que O seguiram em encarnações anteriores, nasçam no mesmo período de Sua última vida terrena. Nesta vida Ele atingirá a grande Iniciação de Buda, e assim obterá uma iluminação perfeita; a esta altura estes discípulos Seus, sem lembrarem d'Ele fisicamente, serão todos fortemente atraídos para Ele, e sob Sua influência grande número deles entrará na Senda, e muitos avançarão para estágios superiores, tendo já em encarnações prévias feito progressos consideráveis. De início pensamos que os relatos deixados nos livros Budistas, a respeito o grande número de pessoas que obtiveram o Arhatado instantaneamente quando o Senhor Gautama se tornou Buda, estavam além dos limites do possível; mas em um exame mais cuidadoso descobrimos a verdade que jazia por trás destes relatos. É possível que os números tenham sido exagerados, mas sem dúvida é fato que muitos discípulos subitamente atingiram estes altos níveis simplesmente em virtude impulso gerado pelo imenso magnetismo e poder do Buda.

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O Festival de Asala

Além do grande Festival de Wesak, há uma outra ocasião anual quando todos os membros da Fraternidade se reúnem oficialmente. Neste caso o encontro acontece usualmente na residência particular do Senhor Maitreya, situada também nos Himalaias, mas no flanco sul em vez de no flanco norte. Nesta ocasião nenhum peregrino está presente em corpo físico, mas todos os visitantes astrais que sabem da celebração são bem-vindos para assistí-la. Ela se dá na lua cheia do mês de Asala (Asâdha em sânscrito), usualmente correspondendo ao nosso mês de julho. Este é o aniversário da primeira proclamação, pelo Senhor Buda, de Sua grande descoberta - o sermão que Ele pregou aos Seus cinco discípulos, comumente conhecido como Dhammachakkappavattana Sutta, que foi poeticamente traduzido por Rhys Davids como "A Colocação em Movimento das Rodas da Carruagem Real do Reino da Retidão". Amiúde ele é traduzido com maior brevidade como "O Giro da Roda da Lei". Ele explica pela primeira vez as Quatro Nobres Verdades e a Nobre Senda Óctupla, expondo o grande Caminho do Meio do Buda - a vida de perfeita retidão no mundo, que fica a meia distância entre as extravagâncias do ascetismo de um lado, e a negligência da mera vida mundana de outro. Em Seu amor por Seu grande Predecessor, o Senhor Maitreya ordenou que sempre que chegasse o aniversário desta primeira prédica o mesmo sermão deveria ser recitado em presença da Fraternidade reunida, e Ele, via de regra, acrescenta uma pequena mensagem própria, expondo-o e aplicando-o. A récita do sermão começa no momento da lua cheia, e a leitura e os comentários adicionais usualmente encerram ao fim de meia hora. O Senhor Maitreya geralmente assume Seu lugar no assento de mármore que está colocado na beira do terraço do adorável jardim que fica bem em frente à Sua casa. Os Oficiais mais graduados se sentam ao Seu redor, enquanto que os demais se agrupam no jardim, poucos metros abaixo. Nesta ocasião, assim como na outra, há muitas vezes oportunidade para agradáveis conversas, e os Mestres distribuem amáveis cumprimentos e bênçãos entre Seus discípulos e aqueles que aspiram a ser Seus discípulos. Pode ser útil fazer uma descrição da cerimônia e do que usualmente é dito nestes Festivais, embora seja, é claro, completamente impossível reproduzir a maravilha e a beleza da eloqüência das palavras do senhor Maitreya em tais ocasiões. O relato que segue não tenta reproduzir nenhum discurso específico, é antes uma combinação de, receio, fragmentos imperfeitamente relembrados, alguns dos quais já tendo aparecido em outros lugares; mas para aqueles que não os ouviram antes darei uma idéia da linha geralmente seguida O grande sermão é maravilhosamente simples, e seus pontos principais são repetidos muitas vezes. Não havia blocos de notas naqueles dias, de modo que pudesse ser escrito e lido por todos após; Seus discípulos tinham que lembrar Suas palavras através da impressão que elas lhes causaram naquele momento. Assim, Ele os compôs com simplicidade, e os repetiu muitas vezes à guisa de refrão, para que as pessoas pudessem recordar. Ao lermos o sermão

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temos a impressão de que ele foi construído com um propósito especial - para que pudesse ser facilmente lembrado. Seus pontos são arranjados de forma seqüencial, de modo que quando um ponto é mencionado ele já leva ao seguinte, num jogo mnemônico eficiente, e para os Budistas cada uma destas palavras separadas sugere todo um corpo de idéias relacionadas, e assim o sermão, curto e simples como é, contém uma explicação e toda uma regra de vida. Poderíamos pensar que tudo que pode ser dito sobre o sermão já foi dito muitas vezes; porém o Senhor, com Sua maravilhosa eloqüência, e da forma que Ele o apresenta, a cada ano traz ao sermão uma nota nova, e cada pessoa sente sua mensagem como se fora especialmente endereçada a ela. Nesta ocasião, assim como na pregação original, repete-se o milagre Pentecostal. O Senhor fala no sonoro páli original, mas todos os presentes o ouvem "na língua em que nasceram", como se diz no Ato dos Apóstolos. As Quatro Nobres Verdades

O sermão inicia com a proclamação de que o Caminho mais seguro é o do Meio, e na verdade o único verdadeiro Caminho. De um lado, mergulhar nos excessos sensuais e prazeres da vida mundana comum é vil e degradante, e não leva o homem a lugar algum. Por outro lado, o ascetismo excessivo é mau e inútil. Pode haver alguns a quem atraia a vida altamente ascética e solitária, e que sejam capazes de levá-la corretamente, embora mesmo então ela não deve ser excessiva; mas para todas as pessoas comuns o Caminho do Meio de uma boa vida vivida no mundo é sob todos os aspectos o melhor e mais seguro. O primeiro passo em direção a uma vida assim é entender as suas condições, e o Senhor Buda as apresentou para nós no que Ele chamou de As Quatro Nobres Verdades. Elas são: A Tristeza ou Sofrimento A Causa da Tristeza A Cessação da Tristeza (A Fuga da Tristeza) O Caminho que leva à Fuga da Tristeza A Primeira Verdade é uma declaração de que toda a vida manifesta é tristeza, a menos que o homem saiba como vivê-la. Comentando sobre isso, o Bodhisattva disse que há dois sentidos em que a vida manifesta é triste. Um deles é de certa maneira inevitável, mas o outro é um completo erro que pode mui facilmente ser evitado. Para a Mônada, que é o verdadeiro Espírito do homem, toda vida manifesta é em certo sentido uma tristeza, pois é uma limitação, uma limitação que em nossa consciência física não podemos sequer conceber, porque não temos a menor idéia da gloriosa liberdade da vida superior. Exatamente no mesmo sentido sempre tem sido dito que Cristo oferece a Si mesmo em sacrifício quando Ele desce à matéria. Sem dúvida é um sacrifício, porque se trata de uma limitação inexprimivelmente grande, pois Lhe retira todos os gloriosos poderes que são Seus no Seu próprio nível. O

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mesmo vale para a Mônada do homem; ela sem dúvida faz um grande sacrifício quando entra em contato com a matéria inferior, quando paira sobre ela pelas longas eras de seu desenvolvimento até o nível humano, quando ela desce um pequeno fragmento de si mesma (como que a ponta de um dedo) e com isso forma um ego, ou alma individual. Mesmo que possamos ser apenas um pequeno fragmento - de fato, um fragmento de um fragmento - somos não obstante parte de uma realidade magnífica. Não há nada para nos orgulharmos em sermos somente um fragmento, mas há por outro lado a certeza de que pelo mesmo motivo somos parte do superior, e por isso podemos eventualmente ascender ao superior e lá nos tornarmos unos com ele. Este é o fim e objetivo de toda nossa evolução. E mesmo quando chegarmos lá, lembremos que não será para nosso deleite no avanço, mas para que possamos ser capazes de ajudar no esquema. Todos estes sacrifícios e limitações podem corretamente ser descritos como envolvendo sofrimento, mas eles são assumidos com alegria assim que o ego os entende plenamente. Como um ego não tem a perfeição da Mônada, não entende em plenitude de início, e assim ele tem de aprender como todos os demais. Esta imensa limitação a cada degrau descendente em direção à matéria é um fato inescapável, e assim há muito sofrimento inseparável da manifestação. Temos de aceitar esta limitação como um meio para um fim, e como parte do Esquema Divino. Há um outro sentido em que a vida é muitas vezes uma tristeza, mas um tipo de tristeza que pode ser inteiramente evitado. O homem que vive a vida comum do mundo muitas vezes se encontra aflito de várias maneiras. Não seria verídico dizer que ele está sempre triste, mas que freqüentemente está ansioso, e que está propenso a cair a qualquer momento em grande tristeza ou ansiedade. A razão para isso é que ele está cheio de desejos inferiores de vários tipos, não todos necessariamente maus, mas desejos por coisas baixas, e por causa destes desejos ele permanece atado e confinado aqui embaixo. Ele está constantemente tentando obter alguma coisa que não possui, e fica cheio de ansiedade sobre se a obterá ou não, e quando a consegue, fica ansioso temendo perdê-la. Isso vale não só para o dinheiro, mas também para posição e poder, fama e progresso social. Todos estes desejos causam problemas incessantes de muitas formas diferentes. Não é só a ansiedade individual do homem que tem ou não algum objeto de desejo geral, temos de levar em conta ainda toda a inveja e ciúme e maus sentimentos causados nos corações dos outros que estão lutando pelo mesmo objeto. Há outros objetos de desejo que parecem mais elevados do que estes e mesmo assim não são os mais elevados. Quão amiúde, por exemplo, um jovem deseja a afeição de alguém que não lha pode dar, que não a tem para dar! De um desejo como este advém muitas vezes muita quantidade de tristeza, inveja e muitos outros maus sentimentos. Diríamos que tais desejos são naturais; sem dúvida o são, e o afeto que é recíproco é uma grande fonte de felicidade. Mas se ele não pode ser devolvido a pessoa deve ser forte o bastante para aceitar a situação e para não permitir-se entristecer por causa de um desejo não satisfeito. Quando dizemos que tais coisas são naturais, queremos dizer que são as esperadas dos homens comuns. Mas o estudante

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de ocultismo deve tentar ascender um pouco acima do nível do homem comum - doutra forma como ele poderia ajudá-lo? Devemos ascender acima daquele nível a fim de podermos estender-lhe uma mão auxiliadora. Não devemos anelar pelo natural (no sentido de comum), mas pelo sobrenatural. Quem for clarividente logo subscreverá a verdade deste grande ensinamento do Buda, de que toda a vida é tristeza, pois se ele olhar os corpos astrais e mentais daqueles que encontrar verá que estão coalhados de pequenos vórtices que giram vigorosamente, representando toda sorte de estranhos pequenos pensamentos, pequenas ansiedades, pequenas preocupações sobre uma ou outra coisa. Todos eles causam perturbações e sofrimentos, e o que mais se precisa para o progresso é serenidade. A única forma de obtermos paz é livramo-nos deles por completo, e isso nos leva à Segunda Nobre Verdade, A Causa da Tristeza Vimos que a Causa da Tristeza é sempre o desejo. Se uma pessoa não tem desejos, se não está lutando por uma posição, poder ou riqueza, então estará tranqüila quando a riqueza ou posição vierem e quando se forem. Permanece inabalada e serena porque não se importa. Sendo humana, obviamente desejará isso ou aquilo, mas sempre com suavidade e gentileza, para que não se permita ser perturbada. Sabemos, por exemplo, quantas vezes as pessoas ficam prostradas pela tristeza quando perdem aqueles a quem amam por causa da morte. Mas se seu afeto estiver no nível mais elevado, se amarem seu amigo e não o corpo do seu amigo, não poderá haver sentimento de separação, e por conseguinte não haverá tristeza. Se estiverem cheios de desejo por contato corporal com aquele amigo no plano físico, então de imediato aquele desejo causará tristeza. Mas se elas puserem de lado este desejo e viverem na comunhão da vida superior, a dor desvanecerá. Às vezes as pessoas se acabrunham quando vêem a idade avançando sobre elas, quando descobrem seus veículos menos fortes do que costumavam ser. Elas desejam a força e as capacidades que uma vez possuíam. É sábio reprimirem este desejo, e perceberem que seus corpos fizeram um bom trabalho, e se já não podem fazer tanto quanto faziam antes, devem fazer gentil e pacificamente o que puderem, mas sem se preocuparem com a mudança. Logo elas terão corpos novos, e o modo de assegurar um bom novo veículo é fazer o melhor uso do antigo, mas em todos os casos mantendo a serenidade, a calma e a paz. O único modo de fazer isso é esquecendo do eu, deixando que os desejos inferiores definhem, e voltando o pensamento para fora para ajudar os outros até onde permitirem suas capacidades. A Cessação da Tristeza. Já vemos então como a tristeza cessa e como a calma é obtida - sempre mantendo-se o pensamento nas coisas superiores. Temos ainda de viver neste mundo, que foi descrito poeticamente como "a estrela tristonha" - como o é de fato para muitas pessoas, embora não precise sê-lo, pois podemos viver nele muito felizes se não estivermos acorrentados a ele pelo desejo - ou pelos menos não em uma extensão que nos cause preocupações, problemas e vexames. Sem dúvida nosso dever é ajudar aos outros em suas aflições e problemas e preocupações, mas a fim de fazê-lo com eficácia não devemos ter nada disso em nós mesmos, devemos deixar que

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aqueles torvelinhos, que poderiam fazer os outros cair, passarem suavemente, mantendo-nos calmos e contentes. Se levarmos esta vida inferior com filosofia veremos que para nós terminam quase todas as tristezas. Pode haver alguns que considerem esta atitude inatingível. Não é assim, pois se o fosse o Senhor Buda jamais a teria aconselhado para nós. Todos nós podemos conquistá-la, e deveríamos fazê-lo, pois somente quando a conquistarmos poderemos real e efetivamente ajudar nossos irmãos. A Nobre Senda Óctupla O Caminho que leva à Fuga da Tristeza. Ele nos é exposto no que é chamado a Nobre Senda Óctupla - outra daquelas maravilhosas classificações ou categorizações do Senhor Buda. É uma apresentação muito bela, pois pode ser aplicada a todos os níveis. O homem do mundo, mesmo o inculto, pode tomar seus aspectos inferiores e encontrar um caminho para a paz e o conforto através dela. E mesmo o mais erudito filósofo pode também aceitá-la e interpretá-la no seu nível e aprender muito com ela. O primeiro passo nesta Senda é a Reta Crença. Algumas pessoas objetam a esta qualificação, pois dizem que exige delas algo como uma fé cega. Não é nada disso o que é requerido, é antes a exigência de um certo conhecimento sobre os fatores que governam a vida. Exige que entendamos um pouco do Esquema Divino até onde ele se aplica a nós, e se não podemos ver por nós mesmos, devemos aceitar o que nos dão. Certos fatos gerais são sempre apresentados para os homens de uma forma ou outra. São explicados até mesmo para as tribos selvagens pelos seus curandeiros, e para o resto da humanidade pelos vários mestres de religião e por todos os tipos de escrituras. É bem verdade que as escrituras e religiões diferem, mas os pontos em que todas concordam têm de ser aceitos por uma pessoa antes que ela possa entender a vida o bastante para viver feliz. Um destes pontos é a eterna Lei de Causa e Efeito. Se uma pessoa vive sob a ilusão de que pode fazer tudo o que quiser, e que os efeitos de suas ações jamais voltarão para ela, certamente descobrirá que algumas destas ações eventualmente a envolverão em infelicidade e sofrimento. Se, ainda, ela não entende que o objetivo da vida é o progresso, que a Vontade de Deus para ela é que ela cresça para ser algo melhor do que é agora, então ela atrairá infelicidade e sofrimento para si mesma, pois provavelmente viverá apenas o lado inferior da vida, e este lado jamais pode, em última análise, satisfazer o homem interno. Então segue-se que ela deva conhecer pelo menos um pouco destas grandes leis da Natureza, e se não puder ainda verificá-las por si mesma será bom que acredite nelas. Mais tarde, e em um nível superior, antes que a segunda Iniciação possa ser obtida, dizem-nos que devemos eliminar toda a dúvida. Quando perguntaram ao Senhor Buda se isso queria dizer que devemos aceitar algum tipo de fé cega, Ele respondeu: "Não, mas vós deveis conhecer por vós mesmos três grandes coisas - que somente na Senda da Santidade e da vida correta uma pessoa pode obter enfim a perfeição; que a fim de obtê-la

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ela passa por muitas vidas, ascendendo gradualmente cada vez mais, e que há uma Lei de Justiça Eterna à qual todas as coisas estão sujeitas". Neste estágio a pessoa deve eliminar toda a dúvida, e deve completa e internamente convencer-se destas coisas; mas para o homem do mundo é bom que ele pelo menos acredite nelas, pois se não tomá-las como guia para a vida não poderá chegar muito longe. O segundo passo da Nobre Senda Óctupla é o Reto Pensamento. Mas o Reto Pensamento significa duas coisas distintas. A primeira demanda que pensemos sobre as coisas certas e não sobre as erradas. Devemos ter sempre como pano de fundo em nossas mentes pensamentos belos e elevados, ou senão estas mentes poderão se encher de pensamentos sobre os assuntos cotidianos comuns. Não haja enganos aqui - qualquer trabalho que estivermos fazendo deve ser feito completa e diligentemente, e com a concentração de pensamento que for necessária para seu acabamento perfeito. Mas a maioria das pessoas, mesmo quando seu trabalho está sendo feito, ou quando fazem uma pausa, ainda deixam seus pensamentos correr para coisas relativamente fúteis e ignóbeis. Aqueles que se devotam ao Mestre procuram sempre manter o pensamento naquele Mestre como o cenário de suas mentes, de modo que quando há um momento de pausa na ação no mundo de imediato aquele pensamento n'Ele vem para a frente e ocupa a mente. Imediatamente o discípulo pensa: "O que posso fazer para tornar minha vida como a do Mestre? Como posso melhorar a mim mesmo para que possa mostrar a beleza do Senhor para aqueles ao meu redor? O que posso fazer para colaborar em Seu trabalho de ajudar as outras pessoas?" Uma das coisas que todos podemos fazer é enviar pensamentos de ajuda e simpatia. Lembremos, ainda, que o Reto Pensamento deve ser definido e não fragmentário; pensamentos que demoram só um momento sobre uma coisa e então voam instantaneamente para outra são inúteis, e não ajudarão em nada no aprendizado de como administrar nossos pensamentos. O Reto Pensamento jamais deve ter o menor toque de mal em si, nem deve ser de modo algum dúbio. Há muitas pessoas que não pensariam deliberadamente em nada impuro ou horrível, mas mesmo assim acalentam pensamentos que estão quase lá - não definitivamente maus, mas certamente um tanto obscuros. No Reto Pensamento não deve haver nada disso, sempre que ele contiver qualquer coisa que pareça mesmo levemente suspeita ou rude, ele deve ser calado. Devemos nos assegurar de que todos os nossos pensamentos são completamente bons e amáveis. Há um outro significado no Reto Pensamento, e é o de pensamento correto - isto é, que devemos pensar apenas na verdade. Tantas vezes pensamos inverdades e maldades sobre pessoas apenas por causa de preconceitos ou ignorância. Concebemos uma idéia de que certa pessoa é má, e, portanto, tudo o que ela faz deve ser mau. Atribuímos motivos a ela que muitas vezes carecem de qualquer fundamento, e ao fazê-lo estamos pensando inverdades sobre ela, e assim nosso pensamento não é um Reto Pensamento. Todas as pessoas que ainda não são Adeptos têm em si um pouco de mal e um pouco de bem; mas infelizmente é nosso hábito fixarmos nossa atenção no mal, e esquecermos tudo sobre o bem - nem mesmo o procuramos. Portanto nosso

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pensamento sobre estas pessoas não é Reto Pensamento, não só porque não é caridoso, mas também porque não é verdadeiro. Estamos olhando só para um lado da pessoa e ignoramos o outro lado. Além disso, fixando nossa atenção no lado mau em vez de no lado bom, fortalecemos e encorajamos este mal, ao passo que pelo Reto Pensamento poderíamos dar exatamente o mesmo encorajamento para o lado bom da natureza das pessoas. O próximo passo é a Reta Fala; e aqui novamente encontramos as mesmas duas divisões. Primeiro, devemos falar sempre sobre coisas boas. Não nos compete falar sobre as más ações alheias. Na maioria dos casos as histórias que nos chegam sobre as outras pessoas não são verdadeiras, e assim se as repetirmos nossas palavras serão inverídicas, e estaremos fazendo mal a nós mesmos e à pessoa de quem falamos. E mesmo se a história é real ainda é errado repetí-la, pois não podemos fazer nenhum bem a ela dizendo mil vezes que ela procedeu mal; a coisa mais gentil que podemos fazer é não dizermos nada. Por certo fazemos isso instintivamente quando a coisa errada foi feita por um marido, um filho, um irmão; certamente sentiríamos que é errado anunciar os maus atos de alguém que amamos a outras pessoas que não saberiam de nada por outras vias. Mas se há verdade em nossa profissão de fraternidade universal devemos perceber que não temos o direito de fazer circular maldades sobre nenhuma pessoa, que devemos falar dos outros como gostaríamos que falassem de nós. E devemos lembrar que muitas pessoas tornam sua fala inverídica porque permitem-se cair no exagero e na imprecisão. Tornam coisas pequenas histórias enormes; certamente isso não é Reta Fala. Além disso, a fala deve ser gentil, e deve ser direta e conveniente, jamais tola. Uma grande parte do mundo vive sob a ilusão de que deve manter conversações, que é excêntrico ou descortês não estar perpetuamente tagarelando. A idéia parece ser de que quando encontramos um amigo devemos ficar o tempo todo conversando, senão o amigo se ofenderá. Lembremos que quando Cristo andou pela Terra, deixou um mandamento bastante claro de que a pessoa seria responsabilizada por toda palavra ociosa que proferisse. A palavra ociosa muitas vezes é maldosa, mas bem além disso, mesmo palavras ociosas inocentes envolvem perda de tempo; se devemos falar, pelo menos digamos algo útil e proveitoso. Algumas pessoas, desejando parecer espertas, mantêm uma constante corrente de conversa mais ou menos jocosa ou irônica. Ficam sempre zombando do que os outros dizem. Parecem estar sempre mostrando as coisas sob seu aspecto ridículo ou engraçado. Certamente tudo isso se alinha sob a classificação de palavras ociosas, e sem dúvida é seriamente necessário que exerçamos uma extraordinária vigilância neste assunto da Reta Fala (NOTA - A respeito da Reta Fala o estudante pode consultar ainda o Eclesiástico, capítulo XXIX, 6-17). O próximo passo é a Reta Ação. De imediato vemos que estes três passos necessariamente seguem-se um ao outro. Se pensamos sempre coisas boas, certamente não falaremos coisas más, pois falamos o que existe em nossas mentes, e se nosso pensamento e fala são bons, então a ação que segue será boa também. A ação deve ser rápida, mas ao mesmo tempo ponderada. Todos nós conhecemos alguma pessoa que, quando surge uma emergência, parece ficar perplexa; perde a iniciativa e não sabe o que fazer, e ainda fica no

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caminho daqueles que têm cérebros funcionando melhor. Outros se lançam em uma ação impulsiva sem o menor pensamento a respeito. Aprendamos a pensar agilmente e a agir com presteza, mas sempre ponderadamente. Acima de tudo, que a ação seja sempre altruísta, que jamais tenha como móvel a menor das considerações pessoais. Isso é muito difícil para a maioria das pessoas, mas é um poder que deve ser adquirido. Nós que tentamos viver para o Mestre temos muitas oportunidades, em nosso trabalho, de colocar em prática esta idéia. Devemos todos pensar apenas no que é melhor para o trabalho e no que podemos fazer para ajudar os outros, e devemos colocar de lado quaisquer considerações pessoais. Não devemos pensar em que parte do trabalho gostaríamos de atuar, mas devemos fazer o melhor possível na parte que nos for delegada. Hoje em dia poucas pessoas vivem por espontânea vontade como os monges e eremitas costumavam viver. Vivemos entre outros, de modo que o que pensarmos ou dissermos ou fizermos necessariamente afetará muitas pessoas. Devemos ter sempre em mente que nosso pensamento, nossa fala e nossa ação não são meras qualidades, mas sim poderes - poderes dados a nós para uso, uso pelo qual somos os responsáveis diretos. Todos devem ser empregados no serviço, e usá-los de outra forma seria falhar em nosso dever. Agora chegamos ao quinto passo - Reto Meio de Vida - e isso é um assunto que pode dizer respeito a muitíssimas pessoas. Um Reto Meio de Vida é aquele não causa mal a nenhum ser vivo. De imediato vemos que esta regra baniria ofícios tais como o de açougueiro e o de pescador, mas o mandamento vai muito além. Não devemos obter nosso sustento prejudicando qualquer criatura, e portanto vemos logo que a venda de bebidas alcoólicas não é um Reto Meio de Vida. O vendedor de bebidas não necessariamente mata pessoas, mas sem dúvida faz um mal, e vive deste mal que faz aos outros. Esta idéia vai ainda mais longe. Tomemos o caso do mercador que no desempenho de seu ofício é desonesto. Isso não é um Reto Meio de Vida, pois seu comércio não é justo e ele engana as pessoas. Se um mercador negocia com justiça, comprando artigos por atacado e vendendo a varejo com um lucro razoável, isso seria um Reto Meio de Vida; mas no momento em que ele começa a fraudar as pessoas e vender artigos inferiores como sendo bons ele as está enganando. Um meio de vida reto pode ser tornar errado se tratado de forma errada. Devemos negociar com as pessoas tão honestamente quanto gostaríamos que negociassem conosco. Se a pessoa comercia certo tipo de gêneros, ela deve ter um conhecimento específico sobre esta área. O cliente confia no vendedor, porque ele mesmo não possui aquele conhecimento especial. Quando nos confiamos a um médico ou advogado, esperamos ser tratados com honestidade. Da mesmíssima forma um cliente chega ao vendedor, e portanto este último deveria ser tão honesto com o seu cliente quanto o médico ou o advogado são com os deles. Quando uma pessoa confia em nós desta maneira, é nosso dever de honra fazer o melhor por ela. Temos o direito de tirar um lucro razoável no decurso do negócio, mas devemos também cuidar de nosso dever.

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O sexto passo é Reto Esforço ou Reto Empenho, e é bem importante. Não devemos nos contentar em sermos negativamente bons. O que é desejado de nós não é a mera ausência de mal, mas a positiva prática do bem. Quando o Senhor Buda fez aquela maravilhosa e curta apresentação de sua doutrina em um único verso, Ele começou dizendo: "Cessa de fazer o mal", mas a seguir ajuntou: "Aprende a fazer o bem". Não é bastante sermos passivamente bons. Há muitas pessoas boas que mesmo assim não conquistam nada. Cada pessoa tem uma determinada quantidade de força, não só física, mas também mental. Quando temos à nossa frente um dia de trabalho, sabemos que devemos reservar nossa força para ele, e por isso antes de começarmos não devemos empreender nada que nos esgote, a fim de que o trabalho do dia possa ser feito a contento. Da mesma forma, temos uma certa quantidade de força de vontade e da mente, e podemos realizar apenas uma certa quantidade de trabalho nestes níveis, portanto devemos cuidar como gastamos este poder. Há outros poderes também. Cada pessoa tem uma certa influência entre seus amigos e conhecidos. Esta influência significa poder, e somos responsáveis por fazermos um bom uso deste poder. Em nosso redor encontramos crianças, conhecidos, secretários, trabalhadores, servos, e sobre todos estes temos certa influência, pelo menos através do exemplo; devemos cuidar do que fazemos e dizemos, pois os outros nos imitarão. Reto Esforço significa colocarmos nosso trabalho ao longo de linhas úteis, sem desperdiçá-lo. Há muitas coisas que podem ser feitas, mas algumas delas são imediatas e mais urgentes que as outras. Devemos olhar em torno e procurar onde nosso esforço seja mais útil. Não é bom que todos façam a mesma coisa, é mais sábio que o trabalho seja dividido entre nós de modo que possa ser perfeitamente equilibrado e não deixado em uma condição unilateral. Em todos estes assuntos devemos usar nossa razão e bom senso. Reta Memória, ou Reta Lembrança é o sétimo passo, e significa várias coisas. A Reta Memória de que muitas vezes falou o Senhor Buda foi tomada pelos Seus seguidores como a lembrança das encarnações passadas, um poder que Ele possuía plenamente. Em uma das histórias Jataka, uma pessoa falou mal d'Ele. Ele se voltou para Seus discípulos e disse: "Eu insultei este homem em uma vida anterior, e portanto ele fala mal de mim agora; não tenho o direito de me ofender". Sem dúvida se lembrássemos de tudo o que nos aconteceu antes poderíamos arranjar nossa vida de uma forma melhor do que fazermos agora. A maioria de nós, contudo, não tem o poder de lembrar as suas vidas passadas; mas com isso não devemos pensar que o ensinamento sobre a Reta Memória não se aplica a nós. Primeiramente ela significa auto-recolhimento. Significa que devemos lembrar todo o tempo quem somos, qual é nosso trabalho, qual é o nosso dever, e o que deveríamos estar fazendo pelo Mestre. Então mais uma vez Reta Memória significa o exercício de uma escolha razoável sobre o que devemos lembrar. Todos nós já experimentamos coisas agradáveis em nossas vidas, e também coisas desagradáveis. Uma pessoa sábia cuidará de lembrar as coisas boas, e deixará que as ruins feneçam. Suponhamos que alguém venha e nos fale com grosseria; uma pessoa tola lembraria disso por semanas, meses e anos, e

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continuaria a dizer que tal pessoa lhe tratou mal; isso se agravará em sua mente. Mas que bem lhe trará? Obviamente nenhum, só a aborrecerá e manterá vivo em sua mente um mau pensamento. Certamente isso não é Reta Memória. Devemos imediatamente esquecer e perdoar o mal que nos fazem, mas devemos manter sempre na mente a gentileza que recebemos, pois isso encherá nossa mente de amor e gratidão. Com certeza todos havemos de ter cometido muitos erros, é bom lembrarmos deles para que não os repitamos, mas ir além disso e os ficar remoendo, sempre enchendo nossa mente de remorso e tristeza por sua causa não é Reta Memória. O ensinamento dado acima sobre a Reta Memória foi muito bem ilustrado em alguns versos de S.E.G., que seguem abaixo:

"Esqueçamos as coisas que nos vexaram e humilharam, As preocupações que consumiram nossas almas, As esperanças longamente acalentadas e que, contudo, nos foram negadas, Esqueçamos. "Esqueçamos as ninharias que nos afligiram, Os grandes erros que ainda nos abatem às vezes; O orgulho com que algum soberbo nos desdenhou, Esqueçamos. "Esqueçamos de nosso irmão as faltas e erros, A queda em tentações que atormentam, E que talvez ele, apesar de a tristeza não servir para nada, Não pode esquecer. "Mas as múltiplas bênçãos, os méritos passados, As palavras amáveis e atos de auxílio - multidão incontável; O vício vencido, a retidão triunfante, Lembremos longamente. "O sacrifício do amor, o dar generoso Quando escasseiam amigos, o forte aperto de mão, caloroso; A fragrância de cada vida vivida em santidade, Lembremos longamente. "Todas as coisas boas, as coisas belas e graciosas, Onde quer que haja o bem triunfado sobre o mal, Aquilo que o amor de Deus ou do homem tornou precioso, Lembremos longamente".

O último passo é chamado de Reta Meditação ou Reta Concentração. Ele se refere não só à meditação habitual que realizamos como parte de nossa disciplina, mas também que ao longo de todas as nossas vidas devemos nos concentrar no objetivo de fazermos o bem e de sermos úteis e prestativos. Na vida cotidiana não podemos estar sempre meditando, por causa do trabalho diário que todos devemos fazer em nossas vidas comuns; mesmo assim não

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estou certo de que uma declaração destas, feita sem reservas, seja inteiramente verdadeira. Não podemos manter nossas consciências sempre fora do plano físico, lá nos níveis superiores, porém é possível viver uma vida de meditação no sentido de que as coisas superiores estejam sempre tão poderosamente presentes no pano de fundo de nossas mentes que, assim como eu falei sobre o Reto Pensamento, elas de pronto passem para o primeiro plano quando a mente não se encontrar ocupada com outra coisa. Nossa vida então será de fato uma vida de meditação perpétua sobre os objetos mais nobres e elevados, interrompida aqui e ali pela necessidade de colocar nossos pensamentos em prática da vida diária. Um tal hábito de pensamento nos influenciará de mais maneiras do que imaginamos a princípio. O semelhante atrai o semelhante; duas pessoas que adotam tal linha de pensamento logo se encontrarão, sentirão atração uma pela outra, e pode ser que com o tempo isso leve à criação de um núcleo de pessoas que habitualmente mantêm um pensamento elevado, e que talvez se desenvolva como uma Loja Teosófica; seja como for, elas se aproximarão, seus pensamentos reagirão mutuamente sobre elas, e desta forma ajudarão imenso o avanço dos demais. Além disso, aonde quer que andemos seremos rodeados de multidões invisíveis, Anjos, espíritos da Natureza e pessoas que já deixaram seus corpos físicos. A condição de Reto Pensamento atrairá para nós os melhores tipos dentre aquelas classes de seres, de modo que aonde formos seremos rodeados por influências boas e nobres. Este é o ensinamento do Senhor Buda assim como Ele o deu naquele primeiro Sermão; é sobre este ensinamento que está fundado o Reino universal da Retidão, cujas Rodas de sua Carruagem Real Ele colocou em marcha pela primeira vez naquele Festival de Asala há tantos séculos passados. Quando, no longínquo futuro, chegar o tempo do advento de um outro Buda, e o atual Bodhisattva encarnar pela última vez a fim de dar este grande passo, Ele pregará a Lei Divina para o mundo na forma que Lhe parecer mais adequada para as necessidades daquela era, e então O sucederá em Seu posto o Mestre Kuthumi, que Se transferiu para o Segundo Raio a fim de assumir a responsabilidade de se tornar o Bodhisattva da sexta Raça-Raiz. CAPÍTULO 15: O PODER NOS TRIÂNGULOS O Senhor do Mundo Nosso mundo é governado por um Rei Espiritual - um dos Senhores da Chama que há muito tempo atrás vieram de Vênus. Os Hinduístas O chamam de Sanat Kumara, sendo a segunda palavra um título, significando Príncipe ou Governante. Outros nomes que Lhe atribuem são os de Iniciador Único, o Um-sem-outro, o Eterno Mancebo de Dezesseis Verões, e muitas vezes falamos d'Ele como o Senhor do Mundo. Ele é o Governante Supremo; em Suas mãos e dentro de Sua aura está incluso todo o Seu planeta. Ele representa o Logos, até onde diz respeito a este mundo, e dirige toda a sua evolução - não só a da humanidade, mas também a dos Devas, a dos espíritos da Natureza, e a de

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todas as outras criaturas ligadas à Terra. Ele, é claro, é inteiramente distinto daquela grande Entidade chamada de Espírito da Terra, que usa nosso globo como corpo físico. Ele conserva em Sua mente todo o plano de evolução, em um nível elevado sobre o qual não sabemos nada; Ele é a força que move a máquina do mundo, é a encarnação da Vontade Divina neste planeta, e a força, a coragem, a decisão, a perseverança e todas as características semelhantes, quando se expressam aqui embaixo, são reflexos d'Ele. Sua consciência é de natureza tão abrangente que de uma só vez abarca toda a vida em nossa esfera. Em Suas mãos está o poder da destruição cíclica, pois Ele maneja o Fohat em suas formas superiores e pode lidar diretamente com forças cósmicas de fora de nossa cadeia. Seu trabalho está provavelmente ligado o mais das vezes com a humanidade em bloco antes do que com indivíduos isolados, mas quando Ele influencia uma pessoa dizem-nos que o faz através do seu Atma, e não através do Ego Em certo ponto na carreira de um aspirante na Senda ele é formalmente apresentado ao Senhor do Mundo, e aqueles que O encontraram assim face a face falam d'Ele como tendo a aparência de um formoso jovem, digno, benigno além de toda descrição, e também onisciente, inescrutavelmente majestoso, transmitindo uma sensação de tão irresistível poder que alguns foram incapazes de sustentar Seu olhar, e tiveram de velar suas faces com temor. Assim ocorreu, por exemplo, com Madame Blavatsky, nossa grande Fundadora. Alguém que tenha tido esta experiência jamais poderá esquecê-la, e jamais poderá duvidar novamente de que, por mais horríveis que sejam o pecado e a tristeza terrestres, todas as coisas de alguma forma trabalham em conjunto para o derradeiro bem de tudo, e que a humanidade está sendo firmemente guiada em direção à sua meta final. Dizem-nos que ao longo de cada período mundial há três Senhores do Mundo sucessivos, e o atual ocupante do posto é já o terceiro. Ele reside com Seus discípulos no Deserto de Gobi, em um oásis chamado Shamballa, também muitas vezes denominado Ilha Sagrada, em lembrança do tempo em que ele era uma ilha no Mar da Ásia Central. Estes, os quatro maiores Adeptos, são muitas vezes chamados do "Os Filhos da Névoa de Fogo", uma vez que Eles pertencem a uma evolução diferente da nossa. Seus corpos, embora humanos no aspecto, diferem largamente dos nossos em constituição, sendo antes vestimentas envergadas a título de conveniência do que corpos no sentido usual, pois são artificiais e suas partículas não mudam como no caso dos corpos humanos. Eles não exigem alimento e permanecem inalterados por milhares de anos. Os três Discípulos, que estão no nível de Buda, e são chamados de Budas Pratyeka ou Pachcheka, assistem o Senhor em Seu trabalho, e Eles mesmos estão destinados a serem nossos três Senhores do Mundo quando a humanidade ocupar o planeta Mercúrio.

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Uma vez a cada sete anos o Senhor do Mundo conduz em Shamballa uma grande cerimônia, um pouco semelhante ao evento de Wesak, mas em uma escala ainda mais grandiosa e de um tipo diverso, quando todos os Adeptos e mesmo alguns Iniciados abaixo deste grau são convidados, e têm assim a oportunidade de entrar em contato com Seu grande Líder. Em outras ocasiões Ele trata apenas com os Chefes da Hierarquia Oficial, salvo quando por razões especiais Ele convoca outros à Sua presença. A exaltada posição de nosso Rei Espiritual foi descrita na Doutrina Secreta. Lá consta que à medida que passam as eras os grandes degraus que hoje reconhecemos como levando à perfeição continuarão inalterados no que diz respeito às suas posições relativas, embora todo o sistema de coisas esteja se movendo para cima; assim, as conquistas reais que no futuro remoto marcarão determinada etapa serão na verdade muito mais altas que no presente. O Homem Perfeito da Sétima Ronda de nossa Cadeia estará, como é dito, "apenas um passo abaixo da linha de base de Seu nível, que é o mais alto na Terra e em toda nossa Cadeira terrestre". Ou seja, o Rei está mesmo agora um estágio além do ponto ao qual somente muitas eras de evolução levarão o homem perfeito de nossa humanidade - eras que devem ser contadas em milhões de anos, levando-nos através de duas Rondas e meia de experiências múltiplas. Este Ser estupendo veio durante o período da terceira Raça para encarregar-se da evolução da Terra. Esta vinda do futuro Rei do Mundo é descrita, em Man: Whence, How and Whither, da seguinte forma:

"A grande Estrela Polar Lemuriana ainda estava perfeita, e o grande Crescente ainda se estendia ao longo do equador, incluindo Madagascar. O mar que ocupava o que hoje é o Deserto de Gobi ainda batia contra as barreiras rochosas do flanco norte dos Himalaias, e tudo estava sendo preparado para o momento mais dramático da história da Terra - a chegada dos Senhores da Chama.

"Os Senhores da Lua e o Manu da terceira Raça-Raiz haviam feito todo o possível para levar os homens ao ponto em que o germe da mente poderia ser avivado, e a descida do Ego pudesse acontecer. Todos os retardatários haviam sido empurrados adiante; não havia mais dentre as fileiras animais nenhum que pudesse ascender à humanidade. A porta de passagem do reino animal para o humano se fechou para imigrantes adicionais apenas quando nenhum mais estava à vista, e que só seriam capazes de atingí-la com uma repetição do tremendo impulso dado apenas uma vez na evolução de um Esquema, em seu ponto médio.

"Um grande evento astrológico, quando ocorreu uma colocação de planetas muito especial e as condições magnéticas da Terra eram as mais favoráveis possíveis, foi o momento escolhido. Isso se deu há cerca de seis milhões e meio de anos atrás. Nada mais restava a ser feito, exceto o que somente Eles poderiam fazer.

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"Então, com o espantoso rugido produzido pela vertiginosa descida a partir de alturas incalculáveis, rodeados de fulgurantes massas de fogo que encheram o céu de labaredas, irrompeu dos espaços aéreos a carruagem dos Filhos do Fogo, os Senhores da Chama vindos de Vênus; ela se deteve, pairando sobre a Ilha Branca, que jazia sorridente no seio do Mar de Gobi; ela estava verdejante, e brilhava com uma profusão de flores multicoloridas: era a Terra oferecendo o que tinha de melhor e mais belo em boas vindas ao seu Rei que chegava. Lá ficou Ele, 'o Mancebo de dezesseis verões', Sanat Kumara, o 'Eterno Donzel', o novo Regente da Terra, ao chegar em Seu reino, trazendo consigo Seus três Discípulos, os Kumaras, e Seus Auxiliares; lá estavam trinta poderosos Seres, grandes demais para que a Terra os reconhecesse, em ordem graduada, vestindo corpos gloriosos que haviam criado através de Kriyashakti, a primeira Hierarquia Oculta, ramos da Árvore Banyan única, o berçário dos futuros Adeptos, o centro de toda a vida oculta. Sua morada era e é a imperecível Terra Sagrada, sobre a qual brilha eterna a Estrela Fulgurante, o símbolo do Monarca Terrestre, o Pólo imutável em torno do qual gira sempre a vida de nosso planeta" (op. cit., p. 101).

Assim diz Madame Blavatsky na Doutrina Secreta:

"O 'Ser' a quem acabei de me referir, que deve permanecer inominado, é a Árvore de onde, em eras subseqüentes, brotaram todos os grandes Sábios e Hierofantes historicamente conhecidos, como o Rishi Kapila, Hermes, Enoch, Orfeu, etc. Como homem objetivo Ele é o Personagem misterioso (sempre invisível ao profano, embora sempre presente) em torno do qual abundam lendas no oriente, especialmente entre os ocultistas e os estudantes da Ciência Sagrada. É Ele quem muda de forma permanecendo embora sempre o mesmo. E é Ele ainda quem possui a autoridade espiritual sobre todos os Adeptos iniciados em todo o mundo. Como se diz, Ele é 'o Inominado' que possui não obstante muitos nomes, e contudo estes nomes e a sua verdadeira natureza são desconhecidos. Ele é o 'Iniciador', chamado 'o Grande Sacrifício'; pois, sentado no Umbral da Luz Ele olha para dentro dela a partir do Círculo das Trevas, o qual Ele não ultrapassa; tampouco deixará Seu posto antes do derradeiro Dia deste Ciclo de Vida. Por que este Vigilante Solitário permanece em Seu lugar auto-imposto? Por que Ele se assenta à beira da Fonte da Sabedoria Primeva, da qual Ele já não bebe, pois já não tem nada a aprender - ai! - nem nesta Terra nem em seu Céu? Porque os solitários Peregrinos, de pés sangrando em sua jornada de volta ao Lar, jamais estão certos, até o último instante, de não se perder no caminho, neste ilimitado deserto de Ilusão e Matéria chamado de Vida Terrena. Porque deseja mostrar o caminho até aquela região de liberdade e luz, de onde Ele é um exilado voluntário, para todo prisioneiro que conseguiu libertar-se dos laços da carne e da ilusão. Porque, em suma, Ele Se sacrificou em prol da Humanidade, embora senão poucos eleitos possam se beneficiar do Grande Sacrifício.

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"Foi sob a direta e silente orientação deste Maha-Guru que vieram todos estes outros Mestres e Instrutores da humanidade menos divinos, desde o primeiro despertar da consciência humana, como guias da Humanidade nascente. Foi através destes 'Filhos de Deus' que a Humanidade infante aprendeu suas primeiras noções de todas as artes e ciências, bem como do conhecimento espiritual; e foram Eles que lançaram as primeiras pedras daquelas antigas civilizações que tanto confundem nossa moderna geração de estudantes e acadêmicos" (op. cit., 4.ª ed., vol. 1, p. 256).

As Iniciações mais Elevadas

É dentro do Primeiro Raio que é possível o maior progresso para o homem dentro da Hierarquia Oculta de nosso Globo, pois nele existem duas outras Iniciações além daquela de Manu. Os Budas Pachcheka, que estão logo acima do Manu, têm sido estranhamente mal entendidos por alguns escritores, que os descreveram como pessoas egoístas que Se recusaram a ensinar o que haviam aprendido, e desapareceram dentro do Nirvana. É verdade que estes Budas não ensinam, pois Eles têm outro trabalho em Seu próprio Raio a fazer, e também é verdade que chegará um tempo em que deixarão o mundo, mas apenas para continuar Seu trabalho glorioso em outra parte. O passo seguinte, a Iniciação que ninguém pode conferir, mas que cada um deve tomar por Si mesmo, coloca o Adepto no nível de Senhor do Mundo, um Posto que Ele assume pela primeira vez por um período mais curto, como Primeiro ou Segundo Senhor de um Mundo, e quando este encerra, passa para a responsabilidade maior de Terceiro Senhor do Mundo em um outro globo. A tarefa de um Terceiro Senhor do Mundo é de longe muito maior do que a dos Primeiro e Segundo Senhores, pois é Seu dever completar satisfatoriamente aquele período de evolução e entregar os incontáveis milhões de criaturas em evolução nas mãos do Manu Semente, que será responsável por elas durante o Nirvana interplanetário, e que por Sua vez as entregará ao Manu Raiz do globo seguinte. O Terceiro Senhor do Mundo, tendo completado Seu dever, toma uma outra Iniciação inteiramente fora de nosso mundo e nossa Hierarquia, e atinge o nível de Vigilante Silencioso. Nesta capacidade ele permanece em guarda por todo o período de uma Ronda, e é só quando a onda de vida novamente ocupou nosso planeta e novamente está pronta para deixá-lo é que Ele abandona Sua estranha e auto-imposta tarefa, e a transmite ao Seu sucessor. A Meta para Todos Mesmo estando muito acima de nós como está todo o esplendor destas grandes alturas, vale a pena elevarmos nosso pensamento para elas e tentarmos compreendê-las um pouco. Elas mostram a meta para todos nós, e quanto mais clara for nossa visão dela mais rápido e constante será nosso progresso em sua direção, embora não possamos esperar todos nós realizar o antigo ideal a este respeito, e voar como uma flecha até o alvo.

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No curso de todo este grande processo todas as pessoas algum dia chegarão em plena consciência até o mais elevado destes nossos planos, o plano Divino, e estarão conscientes simultaneamente em todos os níveis deste plano Prakrítico Cósmico, e tendo assim em Si mesmas o poder do mais alto, serão capazes de compreender e atuar no mais baixo, e ajudar onde a ajuda for necessária. Esta onipotência e onipresença com certeza está à espera de cada um de nós, e embora esta vida inferior possa não ser digna de ser vivida por nada que possamos ganhar dela para nós mesmos, ainda assim é magnificamente digna de ser suportada como um estágio necessário para a vida verdadeira que está à nossa frente. "O olho não viu, nem percebeu o ouvido, nem o coração humano chegou a conceber as coisas que Deus preparou para aqueles que O amam", pois o amor de Deus, a sabedoria de Deus, o poder de Deus e a glória de Deus ultrapassam todo o entendimento, assim como a Sua paz.

PAZ A TODOS OS SERES

Tradução de Ricardo André Frantz Todos os direitos reservados para a Canadian Theosophical Association