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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aline dos Santos Barros Orientadora Professora: Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2005.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aline dos Santos Barros

Orientadora

Professora: Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2005.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como condição prévia para a conclusão do curso

de Pós-graduação “Lato Sensu” em Educação Infantil e

Desenvolvimento.

Por: Aline dos Santos Barros

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

OBJETIVOS:

Esta publicação atende a complementação didático-

pedagógica de metodologia da pesquisa e a produção e

desenvolvimento de monografia, para o curso de pós-

graduação em Educação Infantil e desenvolvimento, da

Universidade Candido Mendes, para obtenção do título

pela autora, Aline dos Santos Barros.

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AGRADECIMENTOS

A minha linda filha Victoria Nolding, por tanto amor

e carinho; ao meu marido e companheiro Paulo

Roberto Nery Camuri Nunes, pela ajuda e

compreensão.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus queridos avós,

Dalmo Borges dos Santos e Ethel Nolding dos

Santos, por todos os momentos que passamos juntos

e pela confiança que sempre tiveram em mim.

À minha querida mãe, por ser minha amiga e por

todas as ajudas e amor dedicado a mim.

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RESUMO

A finalidade desta monografia é mostrar porque devem ser dados limites na

educação infantil. A metodologia utilizada foi através de pesquisa bibliográfica e

pesquisa de campo. O resultado foi amplamente satisfatório, visto que perante os

diversos estilos educativos o que tem mais valor na educação é a transparência de

ordens com laços afetivos, contribuindo para um desenvolvimento sócio-cognitivo

harmonioso e produtivo. A conclusão é que dentro das diversas possibilidades, nunca

se pode concretizar a maneira ideal de educar. A educação infantil, como instituição,

substitui o papel dos pais cada vez mais. Diante do impasse, a educação infantil

procura, da melhor maneira possível educar junto com a família.

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METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido a partir de uma vasta pesquisa bibliográfica de

autores renomados no assunto que assumiu um profundo caráter exploratório e foi

desenvolvido embaraçando-se em leituras de textos variados.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

CAPÍTULO I - A EDUCAÇÃO ................................................................................10

CAPÍTULO II - LIMITES NA EDUCAÇÃO ............................................................24

CONCLUSÃO .............................................................................................................34

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................35

ATIVIDADES CULTURAIS .....................................................................................37

ÍNDICE .......................................................................................................................38

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................................40

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INTRODUÇÃO

Com muita freqüência, ouvimos nos noticiários ou lemos nos jornais atos

violentos onde, muitas vezes, crianças estão envolvidas. Por que essas crianças se

tornam violentas tão cedo, de onde vem tanta agressividade e amargura e o que

aconteceu para que elas não tenham nenhuma perspectiva de vida?

Possivelmente, muitos se perguntam, estão chocados e se sentem inseguros na

atual situação sócio-educacional. Muitas são as origens das condutas violentas e

inadequadas destas crianças e o problema nasceu numa sociedade revoltada, onde

desigualdade e injustiça imperam e onde a impunidade é gritante.

A injusta distribuição de bens ajuda a semear a inveja, a raiva, a cobiça e gera

sentimentos de humilhação e de agressão. No mundo em que vivemos, ganha sempre

o mais forte e não quem é o mais educado. Defender as idéias de uma boa educação se

tornou difícil, pois os principais valores se orientam no dinheiro rápido e fácil. Idéias

altruístas já quase não existem mais e muitas vezes são ignoradas.

Perante tantos problemas, é compreensível que a maioria dos pais perca a

noção dos valores e se questione qual o modelo educativo ainda vale à pena seguir. O

que pode ser oferecido às crianças a respeito de educação, levando em consideração

nossas próprias condições de vida? O fato de não ter mais tempo e em conseqüência

disso, a falta de dedicação às crianças, causam provavelmente o maior problema de

todos: o desconhecimento delas.

Poder trocar idéias e dividir os momentos com as crianças, divertir-se e

estabelecer relacionamentos sólidos e sinceros com elas, são condições fundamentais

para qualquer educação vitoriosa.

A companhia dos pais é sempre a primeira opção de divertimento e

aprendizado para as crianças. São os pais que devem educar seus filhos e não deixar

essa educação por conta das escolas, clubes de recreações ou até mesmo por conta de

empregados.

O que realmente é necessário para nossos filhos no processo de educação? O

que devemos fazer e como podemos prepará-los para enfrentar a vida e os problemas

que terão de enfrentar?

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO

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1. O QUE ENVOLVE A EDUCAÇÃO

“Educação é a ação de desenvolver as faculdades psíquicas,

intelectuais e morais. Quando se educa, desperta as aptidões

naturais do indivíduo e as orienta segundo os padrões e ideais

de determinada sociedade, aprimorando-lhe as faculdades

intelectuais, físicas e morais: cultiva o espírito, instrui e

ensina.” (KOOGAN & HOUAISS, 1994)

O fato de a educação estar sujeita a mudanças, produz uma multiplicidade de

definições, opiniões e visões críticas. Em seu livro, CARLOS BRANDÃO analisa os

diferentes pontos de vista da educação no decorrer do tempo, começando na

Antigüidade, vindo até o tempo presente. Ele focaliza aspectos morais, sociológicos e

ideológicos, fazendo a seguinte observação:

“Toda a estrutura da sociedade está fundada sobre códigos

sociais de inter-relação entre seus membros e entre eles e os

de outras sociedades. São costumes, princípios, regras de

modos de ser às vezes fixados em leis escritas ou não. A

educação é, assim, o resultado da consciência viva duma

norma que rege uma comunidade humana, quer se trate da

família, duma classe ou duma profissão, quer se trate de um

agregado mais vasto, como um grupo étnico ou um Estado.”

“(...) um pensamento muito coerente hoje em dia é o de que a

educação é um dos principais meios de realização de

mudança social ou, pelo menos, um dos recursos da

adaptação das pessoas a um mundo em mudança. Este modo

de imaginar tende a ser dominante atualmente. Mas ele não

fazia sentido para gregos e romanos e nem mesmo para os

portugueses e missionários que tenteram educar nossos

antepassados durante a Colônia.” (BRANDÃO,2000)

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Dificilmente pode-se conversar sobre idéias pedagógicas contemporâneas sem

considerar os pensamentos antigos de ROUSSEAU, KANT, JEAN PAUL,

HUMBOLDT, GOETHE, PESTALOZZI, FRÖEBEL, ELLEN KEY e

MONTESSORI.

A educação é um processo e os educadores que orientam o fazem segundo

padrões e ideais ligados à ética ou à moral. E quando alguém procura responder a

pergunta o que é moral ou ética, não pensa primeiro em KANT?

Além da postura do educador a respeito de suas convicções morais, existem

outros fatores importantes: Qual a prática educativa ideal? Quais são as experiências

na história? Como se educou antigamente? Será que os alvos educativos da

antigamente são ainda transmissíveis ao nosso tempo atual? Quais são os problemas

atuais? A educação tem que ser vista em relação a seu contexto, seu ambiente, a

família, a sua classe social e a seu tempo. Assim, nem sempre os mesmos padrões

educativos podem ser utilizados em diferentes sociedades ou famílias.

“Como a educação não é um fenômeno isolado, ela não pode ser vista fora das

condições sociais e históricas.” (NISKIER, 1992)

De toda a maneira, a educação de hoje enfrenta muitos desafios: uma

sociedade diversificada, um mundo que sofre mudanças muito rápidas dos quais

fazem parte os atuais educandos. Não podemos separar o educando de tais problemas,

pois estes são partes existenciais do educando.

“Uma educação não fragmentada, isto é, uma educação

na totalidade e para a totalidade pode permitir ao ser humano

consumar-se plenamemte.

Numa abordagem integral, acredita-se que o todo é

maior do que a soma das partes. A educação da criança deve,

por isso, ser encarada como um todo e considerando todas as

facetas de sua personalidades e a influência de uma sobre a

outra. Na educação vista assim, a responsabilidade moral

deve ser baseada na antecipação das conseqüências.”

(NISKIER, 1992)

Finalmente, a educação envolve questões éticas, culturais, sócio-políticas,

sócio-econômicas, históricas, filosóficas, ideológicas e psicológicas e procura formas

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de auto-realização, felicidade, liberdade, igualdade, solidariedade, dignidade,

cidadania e do bem-estar.

1.1 EDUCAÇÃO E ÉTICA

São os pensamentos de IMMANUEL KANT (1724-1804) que convencem e

determinam uma conduta exemplar. Em seu livro “O Mundo de Sofia” JOSTEIN

GAARDER explica:

“Kant tinha a forte impressão de que a diferença entre certo e

errado tinha de ser mais do que uma questão de sentimento.

Nesse ponto ele concordava com os racionalistas, para quem

a diferenciação entre certo e errado era algo inerente à razão

humana. Todas as pessoas sabem o que é certo e o que é

errado; e não sabem porque aprenderam, e sim porque isto é

algo inerente à nossa razão. Kant acreditava que todos os

homens possuem uma razão prática, que nos diz a cada um o

que é certo e o que é errado no campo da moral... A

capacidade de distinguir entre certo e errado é tão inata

quanto todas as outras propriedades da razão. Todas as

pessoas entendem os acontecimentos do mundo como

causados por alguma coisa e todos têm acesso à mesma lei

moral universal. Esta lei moral tem a mesma verdade das leis

do mundo físico. Ela é tão basilar para a nossa vida moral

quanto é fundamental para a nossa razão o fato de que tudo

possui uma causa, ou de que sete mais cinco são doze...

E sobre a lei moral ele diz: Uma vez que ela é anterior a toda

e qualquer experiência, ela é formal. Isto significa que ela

não está ligada a um grupo específico de opções na esfera da

moral. Ela vala para todas as pessoas, em todas as

sociedades, em todos os tempos. Ela não diz, portanto, o que

você deve fazer nesta ou naquela situação. Ela diz como você

se comporta em todas as situações... Por imperativo

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categórico Kant entende que a lei moral é categórica, ou seja,

vale para todas as situações. Além disso, ela é também um

imperativo , uma ordem, portanto, e também é absolutamente

inevitável.” (Gaarder, 1996)

As idéias de KANT influenciaram consideravelmente todo o pensamento da

ética e deram o impulso para novos pensamentos que continuaram evoluindo. KANT

é o concluidor e superador do Iluminismo no campo da filosofia, enfatizando as idéias

da cultura mental (Geistesleben) e da educação, especialmente com seus conceitos dos

deveres e obrigações que ele mesmo estimou como “princípio de vida mais

importante de toda a moralidade no homem”. Suas idéias humanistas incluem o estado

e a sociedade como meio de educação para os homens. Mas é um estado de direitos

que valoriza cada homem como homem., com sua liberdade legalmente protegida.

Estas idéias humanistas atraem conseqüências pedagógicas: deveres e disciplina.

Ao contrário de KANT, PIAGET acreditava que a conduta moral da criança se

desenvolve em três etapas: no primeiro estágio a conduta é aceita como algo que vem

de fora. O julgamento moral está orientado pelas permissões e proibições do

educador. A conduta moral se estabelece a partir da obediência à autoridade e depois

se desenvolve em uma moral cooperativa devido à convivência com outros da mesma

idade. Na continuação desse processo se constrói a noção de justiça, que daí não

precisa mais da influência dos pais. A lei da igualdade tem preferência à da autoridade

e para todos a lei moral é idêntica. Na fase seguinte estes conceitos mudam com as

modificações das regras da convivência e ficam sempre mais diferenciados segundo

as diferenciações das normas da sociedade. Para PIAGET diversos processos

cognitivos servem de base à evolução das diferentes fases da moralidade.

1.2 RESUMO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO

A educação somente entrou em evidência na época do Iluminismo, quando a

pedagogia foi fundada como ciência. “De volta à natureza!” é o que dizia JEAN

JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778). “Ele é um dos precursores da escola ativa, ao

propor a aprendizagem pela própria experiência.” (PEREIRA, 2002). A vontade

comunitária não é equivalente à vontade geral de todos, mas sim é uma totalidade

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superior indivisível. Mas segundo ROUSSEAU, partindo da natureza, existe uma

harmonia profunda entre o interesse geral e o interesse individual. O objetivo do

estado tem que ser o de despertar o interesse responsável de todos os cidadãos para a

totalidade e fazer com que as leis expressem a vontade de todos, assim como garantir

dignidade e igualdade dos membros. ROUSSEAU considerava o homem

naturalmente bom e que o mal estava na sociedade civilizada. Em sua obra “O

Emílio” ele sugeria uma educação natural enfatizando o lado humanitário no homem:

primeiro seja homem! Ele queria deixar as crianças o máximo possível em seu estado

natural de inocência. Vendo a infância de forma que ela tem seu valor próprio, era

revolucionário para seu tempo, por que a infância não era mais considerada como uma

preparação para a vida adulta. Mesmo tendo entrado em conflito com muitas idéias da

época, ROUSSEAU influenciou bastante a vida intelectual européia, principalmente a

alemã. Ele estimulou na Alemanha o campo da literatura e da pedagogia. Através de

ROUSSEAU, visão da individualidade da criança e suas fases do desenvolvimento

foi liberada, assim como o próprio direito da criança. Ele abriu o caminho para que o

educador pudesse tornar-se “advogado da criança”, o que foi considerado um grande

avanço no pensamento pedagógico. A literatura pedagógica, divulgada por as idéias

da educação antiautoritária, é bastante ligada ao poeta LEO TOLSTOJ, que organizou

uma instituição que hoje se chama “escola antiautoritária”, e também à ELLEN KEY

e à BERTHOLD OTTO, que influenciou alguns experimentos escolares dos anos 20,

do século XX, em Berlim e Hamburgo; e sobretudo à NEILL, com seu experimento

da escola livre Summerhill, o mais conhecido modelo de uma escola antiautoritária.

Como ROUSSEAU, também JEAN PAUL se apresentou como “advogado da

criança”. Ele concordava com ROUSSEAU de que o homem em si é bom, mas que a

educação é negativa, quando ao mais pode ser uma ajuda para o desenvolvimento da

autonomia do homem que do seu lado só precisa seguir os próprios impulsos de se

formar. JEAN PAUL e HUMBOLDT partem do princípio da individualidade da

criança e antecipam idéias da psicologia moderna enfatizando o significado da

primeira infância: as primeiras impressões dos primeiros três anos de vida para

sempre e são decisivas; por isso os primeiros erros na educação são mais perigosos.

JEAN PAUL dá muita importância e compreensão ao jogo infantil. A alegria é o

ponto de partida para qualquer educação de sucesso.

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HUMBOLD acreditava que nada era mais importante que a força própria e a

formação multifacetada da individualidade e daí ser a moral a lei principal: forme-se e

ao seu próprio: atue sobre os outros com o que você é (cultura e sociedade ficarão

melhor quando o indivíduo investir em si para o aproveitamento de todos).

GOETHE, poeta e homem de grande sabedoria, foi também educador e

identificou-se em muitos aspectos com HUMBOLDT. Em sua obra “Wilhelm

Meister” , expressou suas opiniões sobre a formação, que para ele tinha que ser um

desenvolvimento orgânico. Ele acreditava que a vida tinha que se corrigir sozinha sem

interferência do mundo e também considerava o erro como inerente à vida: o homem

tem que supera-lo quando ele está em busca de si mesmo. O educador sábio não

poupa com facilidade os desvios que o aluno enfrenta quando erra, mas sim, deixa:

“ele tem que esvaziar sua caneca cheia de erros”. Olhar demais pode prejudicar o

núcleo do homem, só agir dá força e formação pura. O objetivo é a relação

harmoniosa entre olhar e agir. GOETHE vê a necessidade do homem de ser alguém

útil e necessário para a sociedade.

PESTALOZZI acreditava que o sentido principal da educação seria o de servir

aos homens. A formação do homem é o pensamento central e ele diferencia primeiro

três lados da formação do homem: formar a “cabeça” (cérebro, intelecto), o coração

(formação moral) e a mão (o corpo, as habilidades). O princípio geral para cada é o da

autonomia e o princípio da inter-relação dos três lados: todo mental cresce do natural

sensual. Toda habilidade corporal tem suas raízes nos movimentos naturais dos

membros, e toda formação moral sai do relacionamento confidencial mãe – filho,

como todo conhecimento do mundo sai do ensino, da intuição e da contemplação, isto

é o estado de solicitação da criança pelo mundo. O relacionamento entre mãe e filho

tem que demorar o máximo tempo possível e mesmo assim a criança tem que chegar

a uma liberdade e autonomia interna.

FRÖEBEL, discípulo de PESTALOZZI, aprofundou as idéias da educação

maternal e o princípio da autonomia com a sua filosofia da pedagogia do jardim da

infância. Para ele, só pode ser pleno ou total aquele que vivencia plenamente sua

infância com todas as suas fases. O importante é a formação do coração, da alma e das

faculdades afetivas. Com o brincar, por exemplo, a criança aprende como lidar com o

mundo e com ela mesma e assim faz crescer a criatividade.

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A pedagogia que movimenta o século XX distingue-se pela grande

compreensão da criança. O educador não deve interferir, no máximo limitar-se a

eliminar ou impedir perturbações do desenvolvimento. Os representantes dessas idéias

são MARIA MONTESSORI e ELLEN KEY. Em seu livro “O século da criança”,

KEY defendeu radicalmente a criança e o livre desenvolvimento de sua

personalidade, que ela acreditava ser reprimida e violada pelos sistemas escolares.

Para a escola do futuro, ela desejava ausência de classes, nenhuma obrigação de

trabalho e nenhum castigo, e sim, muita ocupação ao ar livre, no jardim, no esporte e

também nos trabalhos manuais.

MONTESSORI caracterizou-se pelo grande respeito diante da criança: a

criança segundo MONTESSORI carrega com ela “um mapa de construção da alma”

com o qual se desenvolve e cresce sozinha. Assim, o ambiente só deveria fornecer o

material e considerar as fases e necessidades do desenvolvimento, especialmente as

“fases sensitivas” quando a criança é mais susceptível a aprender. Embora

MONTESSORI dê menos importância aos movimentos criativos artísticos,

lingüísticos e sociais – educativos, ela contribuiu com seus métodos da formação dos

sentidos e sua educação da autonomia para que a criança alcance auto - segurança,

auto – confiança e equilíbrio interno, que são qualidades essenciais para a preparação

da vida escolar e adulta.

1.3 AS EXIGÊNCIAS ATUAIS DA EDUCAÇÃO

A educação da criança antigamente era sempre focalizada na maneira que seria

melhor para a sociedade na qual estava vivendo.Hoje esta visão é apresentada de outra

forma: como a criança pode sobreviver na sociedade já existente. A criança não

determina mais com sua conduta a forma do estado. É a sociedade que com suas

mídias e escolas produz as condutas. As famílias se encontram indefesas diante do

problema da educação e das grandes mudanças que nosso tempo traz. Não se pode

mais educar como nós fomos educados. Existem valores, que nem sempre

conhecemos bem e outros que nem aceitamos como valores, por não corresponderem

às nossas convicções. Nós seguimos um sistema econômico que nos obriga a seguir

outros padrões de vida, materialmente mais elevados para competir com os outros

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membros da sociedade. A conseqüência disto é mais trabalho, mais rendimento, mais

desempenho. A obrigação com o trabalho é tanta, que nos sobre menos tempo para a

família, principalmente para os filhos. Com cada vez menos tempo para se dedicar aos

filhos, os pais acabam deixando a educação das crianças nas mãos das escolas.

Educação exclusivamente absorvida em casa não é mais competitiva e produz

crianças mal preparadas para ávida numa sociedade globalizada onde se precisa de

capacidades múltiplas como conhecimentos específicos em línguas, em ciências, em

informática e muita cultura geral. Além disto, o desempenho tem que começar cada

vez mais cedo. Já na educação infantil, as crianças têm que conviver com diferentes

línguas durante a fase do desenvolvimento da língua materna. O brincar das crianças

não pode mais ser o brincar por brincar, tem sempre que ter um objetivo por trás.

O educador de hoje tem que ter conhecimento de psicologia do

desenvolvimento da criança, pois os pais com a pouca convivência que têm com os

filhos não conseguem mais perceber, se algo está errado com esses filhos.

Como desde cedo, os pais querem preparar seus filhos para serem bem

sucedidos, procuram escolas se status, mesmo sem saber se estas instituições são

adequadas para as crianças.

1.4 A SITUAÇÃO DA FAMÍLIA HOJE

Com tantas obrigações os pais não conseguem mais cumprir todas as suas

funções. Preferem trabalhar para ganhar dinheiro e poder pagar a educação que

desejam dar aos filhos. Seja nas escolas, nas creches, nas academias, nos cursos de

línguas ou com uma babá. Tudo isso custa caro, o que significa mais dedicação ao

trabalho, mais tempo longe dae casa, da família, o que traz como conseqüência

precisar de mais ajuda. O resultado é um grande desconhecimento dos membros da

família, insegurança na execução dos papéis de pai e mãe, um distanciamento

crescente das crianças que acarreta no isolamento de cada um. Cada um passa a ter

seu mundo, seus problemas. Diminui assim a comunicação, os carinhos, o afeto, a

relação entre pais e filhos. Por causa dos altos custos da educação e dos desejos de

consumo, as famílias precisam organizar as despesas domésticas de forma bem

diferente que no passado. O número de filhos que um casal pode ter caiu bastante,

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hoje em dia se planeja ter dois, três filhos no máximo. Os apartamentos estão cada vez

menores, as despesas cada vez mais altas. Se as famílias forem tão numerosas como

antigamente o padrão social e a qualidade de vida dessas famílias despencaria

vertiginosamente.

A falta de espaço e segurança para as crianças acarreta na falta de liberdade

das próprias crianças de se movimentarem, correrem, pularem, brincarem e até

mesmo fazerem barulho já que a proximidade de vizinhos que não querem ser

incomodados é quase sempre constante. Crianças que vivem presas em ambientes

pequenos e não têm a oportunidade de se exercitarem podem sofrer perturbações,

como por exemplo na área psicomotora.

A solução encontrada para a falta de espaço das crianças é colocá-las na frente

da televisão! Dessa maneira as crianças ficam tranqüilas, não fazem coisas erradas,

não precisam ser controladas e o melhor de tudo: Podem ficar sozinhas! É a maneira

mais cômoda e menos trabalhosa de se educar um filho!

A situação econômica é o principal fator para o encolhimento das famílias,

mas contribui para isso também o surgimento de problemas entre os casais. O número

de divórcios é cada vez maior e faz nascerem novos tipos de famílias como pai e mãe

com filhos do primeiro e segundo casamentos convivendo como pais, madrasta,

padrasto, irmão, meio irmão, etc.. Nestas novas formas de famílias, podem existir

várias maneiras de se pensar a educação dos filhos, o que pode acarretar dificuldades

e confusões na criança em absorver tantas informações. Este impasse causa com muita

freqüência insegurança; os pais desamparados e manipulados pelos filhos não sabem

mais quando dizer não ou sim, na tentativa de agradar as crianças.

1.5 O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Como a sociedade em seu conjunto com suas diferentes instituições contribui

de forma considerável no processo educativo além da família, não fica fácil para a

escola se impor. Não raramente precisa servir de mediador entre as diferentes

correntes de pensamento. Ao mesmo tempo, o que dificulta é a expectativa de que ela

tenha metas educacionais claramente definidas. A educação infantil no conjunto do

ensino fundamental e médio representa na maioria das vezes, o primeiro contato da

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contato para a criança e sua família com uma instituição de ensino ou escola. Os dois

lados têm que aprender a se comunicar durante esta fase de adaptação mútua, pois

vivemos hoje, no tempo da pós – modernidade com uma realidade familiar complexa

e diferente. A escola precisa encontrar então meios e caminhos para mediar e ao

mesmo tempo integrar as famílias ao processo educativo. Neste sentido é

compreensível que as escolas particulares, diante desta diversidade social, queira

selecionar um grupo mais homogêneo de alunos.

Na procura de uma descrição da pedagogia da pós-modernidade, JEAN-

PIERRE POURTOIS e HUGUETTE DESMET falam em seu livro “A educação pós-

moderna”:

“A educação pós–moderna não se identifica com um modelo

específico mas sim fica aberta para as diversas orientações

de pensamento e desta forma é construção humana e

dinâmica que se elabora permanentemente e que é

caracterizada por suas ações e originalidade. O processo do

pensamento e de ação procura uma unidade real, mas ficará

sempre inacabado.” (POURTOIS & DESMET, 1999)

Examinando como os educadores da escola no dia – a – dia se engajam,

coloca-se a pergunta: Qual é o modelo educativo a que eles se referem? Segundo

BOURDIEU, referindo-se à pedagogia da impregnação,

“Cada um de nós incorporou em si um modelo pedagógico,o

que viveu em sua infância, e tende a reproduzi-lo quando

passa a ser educador. Assim todo adulto apresenta uma

identidade pedagógica que é a maneira como interiorizou os

valores e as práticas educativas que encontrou em sua

primeira juventude, durante sua socialização” (POURTOIS

& DESMET, 1999)

Atualmente esta idéia de auto-referência está presente em todas as ciências da

mente.

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Na educação infantil, os objetivos gerais são a garantia de um máximo de

possibilidades para um desenvolvimento harmonioso, incluindo orientações

educativas individuais e gerais. Construir a personalidade e propiciar a socialização

(condutas sociais), além de formar os sentidos e treinar habilidades como possibilitar

e favorecer o domínio da(s) língua (s). A escola portanto não provê simplesmente um

saber com as atividades dirigidas que devem levar ao processo de aprendizagem e ao

sucesso de uma preparação máxima para o ensino (entrada no primeiro ano do ensino

fundamental). Ela é apenas um início de um processo contínuo, que nunca chega ao

fim. A função pedagógica da pré – escola é de contribuir com a escola e seu papel

social é a valorização e a aquisição de conhecimentos. Dificilmente porém, pode se

avaliar o produto final da educação infantil porque não é algo concreto e nem sempre

palpável, mas sim algo que se percebe mais como atitudes ou condutas que dependem

da leitura “subjetiva” do educador.

MARIA LUCIA MACHADO aponta um aspecto essencial para uma escola de

sucesso: a pesquisa, que ela gostaria que fosse encarada como rotina nas escolas,

porque ela avalia e fornece elementos de análise sobre a condução do processo

pedagógico, fundamentando suas proposições em bases científicas. MACHADO se

sente apoiada na preocupação de PIAGET e POLASKI. Ela cita a respeito:

“Qual o objetivo do ensino? (...) O que devemos ensinar? (...)

Como devemos ensinar? Essas são apenas três questões não

respondidas pela educação atual. E, segundo PIAGET, jamais

serão respondidas enquanto os educadores não se voltarem

para a pesquisa experimental em busca de informações

decisivas. (...) O fato da pesquisa educacional permanecer em

silêncio com respeito a muitas dessas questões fundamentais

é, para PIAGET, um testemunho mudo da atemorizante

desproporção que a confrontam e os meios empregados para

solucioná-las. (...) E por que isso se dá?, indaga PIAGET. Por

que, numa época em que a sociologia , a psicologia, a

antropologia e outras ciências sociais dispõem de uma base

ampla de conhecimento científico, encontra-se a educação tão

atrasada? E a resposta ecoa, clara e honesta:a educação não

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é considerada uma ciência, mas antes uma profissão de

segunda classe.” (MACHADO, 1999)

Enfrentando a pesquisa na medida certa, proporciona-se ao mesmo tempo a

reciclagem necessária de cada educador. Os obstáculos que um encontra quando lida

com as crianças se resolvem quando começa a refletir, a procurar respostas através da

literatura ou nas discussões com os colegas. A disponibilidade e abertura a novas

reflexões com a postura de auto crítica são condições básicas para cada educador.

“Educar crianças pequenas não é fácil por que além de

qualificação profissional, exige a disponibilidade interna a se

dedicar à criança, o que exige tempo, muito amor, paciência,

compreensão, interesse e ao mesmo tempo uma certa dose de

sacrifício. O educador da pré- escola deve ter qualidades

como: estar bem preparado didaticamente, deve ser criativo,

flexível, acessível sem ser permissivo, bem-humorado,

delicado, alegre, justo, aberto às novas tendências, conhecer

um pouco a psicologia infantil e estar sempre se renovando.”

(SPODEK & SARACHO, 1998)

Interessante é também a colocação crítica de MARIE CLAIRE SEKKEL

quanto ao papel da escola na educação:

“Nem os pais, nem a sociedade: a escola carrega sua parcela

de culpa e pode ser considerada co-responsável pela tirania e

indisciplina infantis... Não adianta falarmos em práticas

pedagógicas esquecendo que uma escola é um conjunto de

atores formando por docentes e demais funcionários

administrativos. Todos eles com sus próprios conflitos

particulares. A escola é uma representação das contradições

da sociedade. Os professores e o corpo administrativo não

estão imunes ao medo do desemprego, às pressões

profissionais, ao estresse do dia – a – dia. Tais pressões

geram uma dose de agressividade e autoritarismo. O poder é

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necessário para que as relações se organizem numa

instituição, mas deve ser exercido de forma democrática.”

(SEKKEL, 2000)

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CAPÍTULO II

LIMITES NA EDUCAÇÃO

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2. AS CRIANÇAS APRENDEM O QUE VIVENCIAM

“Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar.

Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar.

Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser medrosas.

Se as crianças convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas.

Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.

Se convivem com a inveja, aprendem a invejar.

Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa.

Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas.

Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes.

Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.

Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.

Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de sei mesmas.

Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo.

Se as crianças vivem partilhando, aprendem o que é generosidade.

Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade.

Se convivem coma eqüidade, aprendem o que é justiça.

Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito.

Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas

e naqueles que as cercam.

Se as crianças convivem com a afabilidade e a amizade, aprendem que o

mundo é um bom lugar para se viver.”

(NOLTE & HARRIS, 2003)

2.1 A IMPORTÂNCIA DE COLOCAR LIMITES NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Indisciplina, comportamento não adequado, desrespeito, agressões, teimosia

exasperada, crianças mal – educadas, que batem os pés, perturbam e fazem a todo

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momento bobagens para chamar a atenção ou então crianças calmas demais, tímidas,

medrosas, caladas – quem trabalha com crianças reconhece estes tipos de crianças

problemáticas. Quais são as causas de tais problemas? O que falta ou o que há demais

para essas crianças?

Na procura de respostas a essas questões de quando, quem e por que devem

ser dadas ordens e estabelecidos limites e regras para as crianças, temos que levar em

consideração diferentes fatores.

Perturbações no comportamento não podem ser vistas isoladamente ou como

falta de educação, mas sim no contexto familiar, comparadas aos comportamentos dos

outros membros da família. Podem também ser a expressão de um relacionamento

conflituoso ou de um estado emocional afetado, de uma situação de sobrecarga

intelectual ou de outra origem. É a situação inteira da criança que sempre deverá ser

considerada e não seu comportamento isolado. Porém uma das causas destas condutas

inadequadas é a falta de educação ou a educação mal planejada, seja ela em casa ou na

escola. Um crescimento harmonioso e saudável é indispensável para o

desenvolvimento emocional da criança nos primeiros três anos de vida.

É evidente que a educação tem que ser vista em relação ao estado e

desenvolvimento emocional, pois é convincente que é mais fácil educar uma criança

feliz do que uma criança infeliz. É mais desafiante também, no sentido positivo,

educar uma criança segura, com uma boa auto – imagem e uma personalidade forte.

A preparação para viver em sociedade começa desde o nascimento da criança,

e não apenas quando chega a hora de freqüentar uma escola. Para a psicanálise, tudo

começa durante a gestação. Com a aceitação da criança durante a gravidez, manifesta-

se a postura da mãe, se ela está preparada para respeitar a individualidade e a

liberdade da criança e confronta-la com limites. Desmame, separação ou como reagir

ao choro são os primeiros desafios para a mãe na educação infantil e demonstram

claramente a questão dos limites. Não conseguir dizer não, pode influenciar todo o

desenvolvimento seguinte, inclusive as aptidões da criança.

Por que é tão importante dar limites à criança pequena? Qual é o benefício

deles? Por que limites são necessários, e por que os pais de hoje sentem tanta

dificuldade em dar limites?

Imaginemos uma criança de quatro anos no primeiro dia no jardim de infância:

o quadro comum é o de uma criança envergonhada, tímida e insegura. Ela não sabe o

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que a espera: se pode ou não brincar, correr, explorar, falar. Primeiro ela avalia a

situação para depois arriscar uma iniciativa. À medida que for adquirindo coragem,

experiência e auto - segurança, começará a agir e progredir enquanto puder encontrar

limites. Inconscientemente estará precisando de limites, sentindo a necessidade de ter

o espaço marcado. Este espaço será conquistado devido à necessidade de cada

criança, ou maior ou menor, mas será dentro dele que a criança encontrará a

segurança necessária para se enquadrar ou domina-lo. Mas o que acontece quando não

damos os limites às crianças? Este processo demora mais tempo ou é alcançado com

desvios. Ao contrário, se damos regras e orientações, falando de forma clara e

compreensível, transmitimos saber lógica e esclarecimentos. A criança se sente mais

segura, se torna independente e, além disso, começa a se relacionar através desta

comunicação, ligando razões e causalidades com comportamento. Ela irá adotar de

forma automática aquelas regras e limites que lhe são explicados e que compreende,

pois correspondem à sua necessidade de se adaptar e enquadrar. Quanto mais o ser é

adaptado tanto mais a sintonia é garantida. Limites não significam tirar a liberdade da

criança quando os mesmos são dados com explicação e não arbitrariamente como

forma de poder.

Mas qual é a medida? Quanta liberdade podemos conceder? Surgem questões

de confiança em si mesmos, em julgarem-se capazes. Enfim, a postura adotada tem

muito a ver com as experiências passadas de cada um. É necessário superar-se a si

mesmo e aplicar uma educação natural com conhecimento dos mecanismos de

desenvolvimento da criança.

Enfrentar o desafio da educação com coerência e sem comodismo é muito

difícil e nem sempre se está preparado para poder formar a criança e leva-la à

autonomia. O que muitas vezes impede de educar os filhos da forma como foram

educados é o fato de terem sentido as repercussões de uma postura autoritária. Por

outro lado, não se deve delegar aos filhos todas as decisões. O adulto até pode, em

certas ocasiões, adotar posturas liberais, mas cabe a ele se colocar como autoridade

diante dos filhos.

Muitos pais não conseguem mais dar limites e educar com disciplina e tendem

a delegar esta tarefa à escola. Porém, muitas vezes a educação efetuada em casa não

combina com àquela da escola e isso acaba por confundir a criança. Fica às vezes

difícil para a escola dar continuidade a uma educação totalmente diferente, mesmo

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que ela não seja errada, mas siga outras normas e filosofias que a da escola.Também é

difícil para a instituição iniciar a educação da criança; muitas vezes a família se omite

por não se sentir responsável ou alegando falta de tempo. Educação começa em casa e

tem que ter continuidade na escola, e para ser bem sucedida tem que haver consenso

entre todos que estiverem envolvidos de alguma forma. Se não conseguimos mais nos

dedicar com calma e paciência às necessidades das crianças dando preferência a

outros valores, estamos negando a nossa própria existência e impedindo a auto -

realização das crianças.

“O educando não pode mais ser visto como autômato, cujo

único dever seja cumprir ordens emanadas de uma autoridade

externa. O homem de hoje quer saber as razões por que deve

fazer isto e deixar de fazer aquilo. Não quer agir em virtude

de uma compulsão externa, mas sim em virtude de uma

compreensão interna.” (ROHDEN, 1997).

Finalmente, estamos pouco conscientes de que tudo que temos pode perecer e

que somente fica o que somos. E somente podemos transmitir o que somos.

Infelizmente, em tempo de consumismo, o valor deste pensamento é desprezado.

2.2 O PARADIGMA DA FAMÍLIA

Quando queremos detectar os erros na educação, precisamos sempre analisar

como funciona a família, quais são os paradigmas e porque são assim. A família

também deverá ser analisada em seu ambiente sócio - cultural e na complexidade das

inter – relações psicológicas, dela com este ambiente.

Na sociedade de hoje, os pais em sua maioria trabalham, por diversos motivos

como aumento das pretensões individuais, dificuldades financeiras, mães que

valorizam tanto sua realização profissional quanto sua vida familiar. Consumismo e

competitividade tornam-se o alvo e colocam as reais necessidades só em segundo

lugar. Enfim, uma série de fatores mantém os pais longe dos filhos e aumenta

proporcionalmente o sentido de culpa. Começam então, os mecanismos de compensar

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as faltas, tais como “comprar a educação”, ocupar as crianças o dia todo com

atividades (liberando assim, os pais, ao menos temporariamente).

2.3 A NECESSIDADE DE HIERARQUIA NA FAMÍLIA E NA

ESCOLA PARA A EDUCAÇÃO

Dentro de uma família, um dos principais fatores que estabelece e determina a

diferenciação hierárquica é a idade. Assim como em sociedades animais, onde o chefe

é sempre o mais forte, o mais velho e o mais experiente. A idade estabelece, a um

nível primitivo, os padrões de domínio e submissão, que se exprimem, a um nível

mais elaborado, pela autoridade parental indispensável ao enquadramento das crianças

até o momento em que adquirem competência suficiente para serem livres.

A criança que é mimada em casa, será voluntariosa e dominadora com os

colegas, e até mesmo arrogante e respondona para o professor. Mas ao contrário, a

criança que for castigada, punida e recriminada em casa, tenderá a ser tímida,

medrosa e retraída em sala de aula, conseqüentemente não terá um bom

relacionamento com os colegas e acabará por ser isolada pela classe. Já a criança que

tem um bom relacionamento em casa, será bem ajustada na escola.

Na escola não deve existir uma disciplina muito severa, castigos exagerados. É

importante a escola ter normas disciplinares, mas o recomendável é o incentivo,

principalmente dos comportamentos positivos. Sempre que for possível, as crianças

devem ser bem orientadas a fazer algo e não forçadas. Portanto dependerá muito do

comportamento do professor – dominador ou social integrador - como ele condiciona

o comportamento das crianças. A forma de lidar com as crianças pode determinar os

diferentes efeitos no comportamento , tais como:

Ø Liderança democrática: O professor se apresenta como um dos

elementos do grupo, interagindo com os alunos de forma que estes

entendam os objetivos das tarefas escolares e das várias fases

necessárias à sua realização. Além disso, colabora ativamente nos

trabalhos da classe, orientando os alunos. Esse tipo de liderança faz

com que as crianças desenvolvam a espontaneidade, a responsabilidade

e a autodisciplina. Neste caso, os alunos não necessitam de um controle

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sistemático do professor para executar suas tarefas e quase não

apresentam comportamentos hostis e agressivos.

Ø Liderança autoritária ou autocrática: O líder autoritário ou

autocrático é aquele que impõe suas idéias e exige que as atividades

sejam realizadas a seu modo.Além disso, não explica aos alunos os

objetivos das tarefas propostas, tampouco sua importância. Quando

transmite ordens é sempre em tom agressivo e impositivo. Esse tipo de

liderança gera baixo rendimento dos alunos e uma aprendizagem falha.

Os alunos apresentam-se apáticos ou revoltados, o que prejudica as

tarefas e extingue o interesse nas aulas. Quando o professor autoritário

se ausenta, os alunos aproveitam para manifestar a sua insatisfação

com algazarra e agressões.

Ø Liderança permissiva: O professor do tipo permissivo simplesmente

se omite de suas obrigações. Portanto não cumpre o papel de professor

e líder da classe, isto é, não coordena nem orienta os alunos no que diz

respeito aos objetivos, etapas e importância das tarefas a serem

executadas. Logo, os alunos agem do mesmo modo: não executam as

atividades propostas, nem mostram interesse por elas, porque sabem

que, no final, serão promovidos.

O comportamento a respeito destes tipos de liderança nunca corresponde a um

só tipo. Sejamos pai, mãe educador, professor, cada um de nós representa vários

quadros de liderança. Na medida que conseguimos perceber os efeitos do nosso

próprio comportamento podemos mudar – e adapta-lo sempre com o objetivo de tirar

os melhores resultados das crianças.

2.4 A COMUNICAÇÃO COMO FATOR CONDICIONAL NA

EDUCAÇÃO EFICAZ

Todo ser humano se comunica; segundo a teoria da comunicação é impossível

que um indivíduo não se comunique. Daí deriva-se a afirmação de que todo

comportamento é comunicação e vice-versa. A comunicação pode ser verbal ou não

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verbal e, ao que tudo indica, a comunicação não verbal è anterior à verbal. Os homens

se comunicam primeiro por sinais, mímicas, sorrisos, choro, postura corporal,

desenhos e etc. antes de aprenderem a falar. De tudo o que fazemos, participam nossas

pressuposições, estratégias, perspectivas e idéias fixas, que estão enraizadas em nós:

são nossos modelos mentais (mentais, por estarem em nossas mentes e dominarem

nossos atos; modelos porque o construímos a partir de nossas experiências).

Elaboramos os modelos mentais a partir dos costumes sociais, da cultura e da idéia de

adultos importantes para nós durante a infância. Depois continuamos formando-os e

mantendo-os, de acordo com nossa experiência de vida, de quatro formas distintas:

eliminação, construção, distorção e generalização.

Eliminação: Somos seletivos quanto a nossa atenção. Nossos sentidos

recebem os estímulos, mas filtram e selecionam segundo nosso estado de ânimo,

nossos interesses, nossas preocupações e nosso grau de lucidez.

Construção: É o contrário da eliminação: vemos algo que não existe. Ver é

crer. Praticamente sempre, a ambigüidade leva à construção.

Distorção: Mudamos a experiência, amplificando algumas partes e diluindo

outras. É a base tanto da criatividade quanto da paranóia. Quando distorcemos os

acontecimentos damos mais importância a umas experiências que a outras.

Generalização: Na generalização, criamos nossos modelos mentais tomando

uma experiência como representativa de um grupo de experiências. A generalização é

uma parte básica da aprendizagem e de como aplicamos nosso conhecimento em

situações distintas.

Segundo VIGOTSKII, a linguagem origina-se em primeiro lugar como meio

de comunicação entre crianças e as pessoas que a rodeiam. Só depois, convertida em

linguagem interna, transforma-se em função mental interna que fornece os meios

fundamentais ao pensamento da criança.

O educador tem um papel importante neste processo de desenvolvimento da

linguagem, que representa um dos tipos de comunicação entre adultos e crianças. É

um dever dele transmitir mensagens bem claras que possibilitam ao mesmo tempo o

desenvolvimento de todas as capacidades das crianças. Assim, tanto o educador do

jardim de infância quanto os pais são comunicadores especiais que determinam o

estilo de comportamento. Dessa maneira, quando as crianças aprenderem a expressas

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seus pensamentos, conseguirão relacionar-se. Manifesta-se assim a personalidade da

criança.

Hoje, a televisão também representa um importante meio de comunicação para

a criança. Ela exerce grande influência no comportamento das crianças. Alguns bons

programas até podem educar, mas a maioria deles acaba por excitá-las e super

estimulá-las não somente quanto à audição e visão, mas sobretudo no lado emocional.

Mensagens de violência, luta e competitividade agem como verdadeiros

condicionadores na mente das crianças.

Outros meios de comunicação bastante educativos são as leituras de histórias

infantis e o teatro infantil. Estes meios, através de diálogos, linguagem coerente e

muita ação. Moral, limites, regras, condutas e etc., conseguem canalizar a imaginação

da criança e resolver conflitos da convivência e de modo afetivo – emocional.

2.5 CONSENSO ENTRE EDUCADORES: COMO ORGANIZÁ-LO

A educação é executada por muitas pessoas, e não apenas por uma única. Fora

a mãe, pai, parentes há os educadores e professores de creches, clubes, escolas e até

mesmo terapeutas. Assim, fica evidente que entram em jogo diferentes opiniões,

posturas, exigências que às vezes podem ser contraditórias e contra - produtivas

dependendo do grau de formação de cada pessoa (filosofia, religião ou cultura), ou da

própria experiência e sabedoria. O efeito destas diferentes mensagens educativas pode

ser construtivo ou confuso, dependendo da intercomunicação dos membros

envolvidos. Quanto à família, é tão grave a ausência de uma iniciativa educacional do

pai ou da mãe quanto uma educação contraditória. Como mãe e pai têm o

relacionamento mais forte e mais próximo com os filhos que todos os educadores

citados, eles são considerados os mais responsáveis e os que vão determinar qual a

meta educacional a ser seguida. Se os pais se afastarem da tarefa educacional, a

criança se sentirá insegura ou falta de interesse por ela; o que pode desenvolver

carências afetivas na criança e conseqüentemente distúrbios emocionais e de

comportamento.

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Crianças que vêm de um contexto familiar enfrentando mensagens

contraditórias, limites mal definidos, apresentam um comportamento inadequado na

escola. Ainda mais quando a educação familiar não corresponde às regras e limites ou

à disciplina da escola.

“A escola tem um papel importante na colaboração com os pais para discutir e

resolver problemas.” (MACHADO, 2003) Como o distanciamento entre as pessoas é

cada vez maior, o que acarreta uma certa apatia, a argumentação de MACHADO na

inclusão da família no processo educativo escolar é fundamental para um crescimento

saudável.

No momento, quando a família escolhe uma determinada escola para seus

filhos, ela deve incluir tanto as metas educacionais da escola nas próprias convicções

quanto subordinar-se ao sistema escolar. Em caso de discordância, pais, como

professores e educadores têm que possibilitar um entendimento. Como a educação

não é estática, todos nós precisamos estar abertos à novidades e mudanças,

precisamos ser flexíveis e capazes de adaptações. Pois o fato de educar junto torna as

crianças mais seguras e mais autoconfiantes, o que é a condição básica para um

melhor rendimento escolar possível.

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CONCLUSÃO

Quando nos referimos ao tema dos limites na educação infantil, logo nos

envolvemos com princípios, pensamentos éticos, eventos sociológicos, terapias,

sistemas escolares e familiares. Observando os diversos aspectos da educação de

maneira mais abrangente, fica evidente a preocupação, de como podemos educar

melhor nossos filhos. As idéias educativas se repetem ou mudam e se adaptam aos

novos contextos. Nas diferentes tendências da educação, chamadas com nomes

característicos, tentaram educar com disciplina e com autoridade. Descobriram que

autoridade demais tinha efeito repressivo e causava inibição. Alternaram com outro

extremo: deixar a criança livre. Só a liberdade podia desenvolver o homem! Mas nem

a educação autoritária com limites e disciplina, nem aquela que deu a grande

liberdade, conseguiram formar uma criança de maneira satisfatória. Fica na incerteza,

qual a medida e os limites certos, para serem utilizados hoje em dia? Considerando o

desenvolvimento psicomotor, a educação precisa respeitar a natureza da criança.

Seguindo os novos conhecimentos da área sistêmica, tenta-se explicar os

determinantes da convivência. Apenas nasce a idéia cósmica da auto-educação. Mas

por enquanto fiquemos na realidade atual: precisamos educar sim, começando no

momento certo, na educação infantil, com limites sim, em conjunto, a escola com a

família. Não por que seja o ideal, mas por necessidade. A família, por diversas razões,

encontra-se no impasse de não poder mais corresponder às exigências e expectativas

da educação.

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BIBLIOGRAFIA

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DROUET, Ruth Caribe da Rocha: Fundamentos da educação pré-escolar. São

Paulo: Editora Ática, 1990.

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Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1994.

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NOLTE, Dorothy/ HARRIS, Rachel: As crianças aprendem o que vivenciam.

Rio de Janeiro: Editora sextante, 2003

NISKIER, Arnaldo: Filosofia da educação: uma visão crítica. Rio de Janeiro:

Editoração Eletrônica,1992.

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Paulo : Editora Loyola, 1999.

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SEKKEL, Marie Claire: Repensar a escola, da revista Educação No. 230. São

Paulo: Editora Segmento. 06/2000

SPODEK, Bernard/ SARACHO, Olívia: Ensinando crianças de três a oito anos.

Porto Alegre: Editora Artmed, 1998

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ATIVIDADES CULTURAIS

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38

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

OBJETIVO 3

AGRADECIMENTOS 4

DEDICATÓRIA 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO 10

1. O que envolve a educação 11

1.1 Educação e ética 13

1.2 Resumo histórico da educação 14

1.3 As exigências atuais da educação 17

1.4 A situação da família hoje 18

1.5 O papel da escola na educação infantil 19

CAPÍTULO II

LIMITES NA EDUCAÇÃO 24

2. As crianças aprendem o que vivenciam 25

2.1 A importância de colocar limites na educação infantil 25

2.2 O paradigma da família 28

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39

2.3 A necessidade de hierarquia na família e na escola para a educação 29

2.4 A comunicação como fator condicional na educação de sucesso 30

2.5 O concenso entre os educadores: Como organizá-lo 32

Conclusão 34

Bibliografia 35

Atividades Culturais 37

Índice 38

Folha de avaliação 40

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Aline dos Santos Barros

Entregue em: julho de 2005.

Avaliado por: Mary Sue Pereira ..................................................................................

Conceito: ..................

Conceito final: ................................................................................................................