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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
OS EFEITOS DO ÁCOOL NA VIDA DA CRIANÇA
Por: FÁTIMA REGINA PIMENTA IGLESIAS
Orientador
Prof.Ms.Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE
OS EFEITOS DO ÁLCOOL NA VIDA DA CRIANÇA (SAF – Síndrome Alcoolica Fetal)
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como prévia para conclusão
do Curso de Pós-Graduação “LatoSensu”em
Psicopedagogia.
Por: Fátima Regina Pimenta Iglesias
3
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus em primeiro
lugar , por ter me dado a
oportunidade de retornar aos
estudos e aos meus amigos que
sempre estavam presentes na
minha caminhada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao
apoio incansável de minha
família, e que esta etapa não
termine aqui, e sim seja o
início para outros horizontes.
5
RESUMO
O tema apresentado na monografia, Síndrome Alcoólica Fetal, tem como objetivo cuidar, integrar, reconhecer, relacionar-se com crianças, que necessitam de tratamentos especiais diferenciando recursos diferentes. Esta tarefa estava restrita a família ou alguma pessoa que assumisse esse papel, bem como as Instituições Públicas, especialmente dedicado ao problema relacionado com o álcool e as drogas. No Hospital Escola São Francisco de Assis, é feito um levantamento de dados através de Pesquisa Bibliográfica, sendo que todos os profissionais na área escolar tenham consciência e aprofundamento no tema abordado para acompanhar melhor as crianças com a faixa etária de 05 a 12 anos na vida escolar, para que consigam ter um futuro melhor. Os teóricos utilizados foram: Paulo Mattos, Celso Antunes, Piaget, Clara Rappaport, Dr. José Mauro Braz de Lima M.Sc. PhD. Palavras Chaves: Síndrome.Feto.Álcool.Aprendizagem.Criança.
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SUMÁRIO Introdução 07 1- SAF(Síndrome Alcoólica Fetal) 10 2- A criança e a Escola 19 Conclusão 26 Bibliografia 27 Anexos 28 Índice 33 FOLHA DE AVALIAÇÃO 34
7
INTRODUÇÃO
Mediante estudos recentes, feitos por profissionais da
área de saúde para avaliar a necessidade de acompanhamento
das crianças com SAF. Podemos constatar que o uso e abuso de
álcool e outras drogas tem acarretado no individuo vários
prejuízos pessoais e coletivos no decorrer de sua vida.
Podemos ver a importância de um trabalho com início na
infância, onde em grande parte os primeiros contatos e
problemas ocorrem no ambiente escolar.
Nas manifestações médicas, psíquicas e sociais do uso de
qualquer droga são severas ou às vezes fatais.
Como vimos no capítulo I o uso e abuso de álcool
durante gravidez tem sido associado a abortamento espontâneo
e morte fetal, tendo também uma conseqüência grave chamada
Síndrome Alcoólica Fetal, que poderá ser uma das causas de
retardo mental. As mães tendo as devidas prevenções, a
síndrome poderá ser evitada.
Deve-se estabelecer procedimentos para cuidar, integrar,
reconhecer relacionar-se com crianças que necessitem de
tratamentos especiais, e por isso, diferenciam-se ou utilizam
recursos diferentes.
Outras deficiências serão constatadas na vida escolares,
como foi relatado no capítulo II, o déficit de atenção que
envolve vários aspectos, como funcionam as classes especiais
no processo de ensino-aprendizagem, relacionamentos na
sociedade e com os pais, sendo que todos tenham
conscientização e aprofundamento no tema para acompanhar
melhor seus alunos no processo ensino-aprendizagem.
Tendo sempre o enfoque de que a prevenção feita por
profissionais capacitados em diversas áreas, com a
colaboração dos pais, sendo assim estaríamos atacando o
8
problema pela raiz e contribuindo para minimizar o fracasso
em todos os sentidos, tendo um enfoque principal na escola.
9
CAPÍTULO I
SAF SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL
10
1- SÍNDROME ALCOOLICA FETAL
Neste capítulo será relatado as conseqüências de uma
gravidez, onde a mãe apresenta problemas relacionados ao uso
e abuso do álcool.
A síndrome alcoólica fetal (SAF), caracteriza por
microcefalia, dismorfias craniofaciais e retardo
mental,foi descrita em 1968 e ratificada em
1973(LIMA,2002, Jornal O Globo).
1.1- Definição
Uma associação entre alcoolismo materno e
desenvolvimento fetal alterado tem sido mencionada desde a
antiguidade. Evidência a partir da mitologia grega e romana
relaciona o alcoolismo materno com o desenvolvimento fetal
prejudicado. Nos anos de 1960 investigadores relacionaram
morbilidade e mortalidades infantis, prematuridade aumentada,
recém-nascidos de baixo peso e deficiências mentais entre
crianças nascidas de gestantes alcoólatras.
Os cientistas e pesquisadores de vários países do mundo
(Alemanha, EUA e Japão) confirmaram e descobriram as
evidências e mecanismos como o álcool lesiona as células do
cérebro do feto durante a gravidez.
Sendo assim podemos definir SAF como um conjunto de
problemas ocasionados pelo uso excessivo de álcool durante a
gravidez, e a extensão deste está estreitamente relacionada
com a duração e quantidade de ingestão de álcool, como também
da capacidade do organismo feminino de digerir o mesmo.
Esta síndrome pode provocar várias deficiências com:
11
- Disfunções no sistema nervoso central, como
microcefalia (cérebro com tamanho inferior ao normal),
dificuldade de coordenação motora, irritabilidade, retardo
mental e demais distúrbios de comportamento;
- Déficit de crescimento: peso abaixo do ideal
durante a vida intrauterina e mesmo depois do nascimento.
Anomalias em diversos órgãos, especialmente na
face: nariz encurtado, maxilar diminuído, estrabismo, pregas
no canto dos olhos, ausência de sulco labial superior entre
outras deformidades.
No Hospital Escola São Francisco de Assis /UFRJ é
realizada investigações através do Núcleo de Atenção à
Síndrome Alcoólica Fetal (NASAF), as conseqüências da
exposição ao álcool, apresentadas por crianças, em idade de
educação infantil ao ensino fundamental, filhos de mulheres
que ingeriram álcool durante a gravidez, diagnosticando,
acompanhando e avaliando a problemática apresentada.
1.2- Álcool
O alcoolismo vem se tornando um dos problemas médico-
sociais dos mais graves e importantes, conforme considera a
Organização Mundial de Saúde (OMS) em suas reuniões nos
últimos 20 anos, chegando a incluí-lo como doença no CID
(Código Internacional de Doenças). Por outro lado, segundo
dados da própria OMS e outras instituições que lidam com o
problema, o uso abusivo do álcool vem aumentando
assustadoramente, com graves repercussões sobre a saúde
física e mental, além dos não menos graves efeitos sociais e
econômicos. Neste sentido, vem sendo observado que o consumo
12
e uso abusivo do álcool vem crescendo entre os jovens e
mulheres, grupos pouco atingidos anteriormente.
Em 1967, o psiquiatra francês Pierre Fouquet instituiu o
termo de alcoologia e só cerca de dez anos veio figurar nos
dicionários da França e de Portugal. No Brasil, só na obra de
Antonio Houaiss, na edição de 2002, encontramos a palavra
definida como “nova disciplina que estuda o álcool e o
alcoolismo”.
...disciplina consagrada a tudo o que trata do mundo do álcool etílico, produção, conservação, distribuição, consumo normal e patológico com as implicações desse fenômeno, suas causas e conseqüências, seja no nível coletivo, nacional e internacional, social, econômico e jurídico, seja no nível individual, espiritual, psicológico e somático. Esta disciplina autônoma incorpora como seus instrumentos, os saberes principais das ciências humanas, econômicas, jurídicas e médicas, encontrando na sua evolução suas próprias leis.(FOUQUET,1967, Revista “Álcool ou Santé).
O conceito de alcoologia compreende um enfoque que
interliga os diferentes problemas relacionados ao alcoolismo
aos diversos determinantes ou fatores envolvidos na
causalidade do processo.
Segundo recente pesquisa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o consumo de cerveja
triplicou no período de 1979 a 2000, passando da 41ª posição
na lista dos produtos mais vendidos, para a 4ª posição.
Atualmente estamos produzindo mais de 10 bilhões de cerveja
ao ano.
Segundo o Dr José Mauro, nos últimos vinte anos a
atenção médica foi despertada por outro importante e grave
problema, até então pouco suspeitado, que são as repercussões
fetais (SAF) teratogênicas do alcoolismo. O uso do álcool na
13
gravidez, algumas vezes nos primeiros meses, quando a mulher
ainda não sabe que está grávida, tem sido apontado como
responsável por uma série de deficiências, além das
complicações neurológicas, às vezes manifestada apenas pelo
retardo mental.
De um modo geral as repercussões deletérias do álcool
sobre o feto são agora bem reconhecidas como Síndrome
Alcoólica Fetal (SAF).
1.2.1- Prejuízos na gravidez
Os efeitos deletérios de álcool são bem conhecidos. Na
gestação, a freqüência das complicações decorrentes do abuso
crônico do álcool, tais como a pancreatite e a hepatite
alcoólica é igual à das não gestantes. Observa-se, no
entanto, incidência menor de lesões compatíveis com o estágio
final de um órgão, como a cirrose alcoólica, que geralmente
se manifesta em fase mais tardia, após a idade reprodutiva,
além de que a doença hepática crônica avançada está associada
à fertilidade anovulatória.
Há milênios sabe-se que o álcool pode ter graves
conseqüências durante a gravidez. Um exemplo que se vê está
no Velho Testamento onde um anjo adverte a mãe de Sansão a
não tomar vinho na gravidez. Neste período a fisiologia
feminina sofre grandes transformações alterando, inclusive,
os mecanismos de absorção e excreção de substâncias tóxicas.
Algumas dessas substâncias, entre as quais o álcool, pode
atravessar a placenta e se concentrar mais no feto do que no
sangue materno, ou seja, a existência de um mecanismo
bioquímico que envolve o álcool etanol (encontrado nas
bebidas alcoólicas) no cérebro ainda em desenvolvimento.
14
Esse mecanismo causa uma morte generalizada de células no
cérebro, o fenômeno conhecido como apoptose, ou morte celular
programada. Como futuro bebê ainda não tem os mecanismos de
defesa de um indivíduo adulto, os danos podem ser
significativos.
As gestantes alcoólatras sofrem deficiências de
vitaminas e minerais (tiamina, folato, piridoxina, ferro,
zinco e outros), que podem levar a anemia ou a
trombocitopenia, que estão relacionadas à ingestão de
nutrientes essenciais, bem como a má absorção destes por
efeito do álcool.
O álcool na corrente sanguínea da mãe atravessa
facilmente a placenta e circula no filho trazendo efeitos que
variam de leve, moderados e até casos mais graves e provoca
algumas conseqüências como: aborto espontâneo, aumento da
taxa de natimortos, baixo peso ao nascer, aumento do risco de
deslocamento prematuro da placenta, que provavelmente está
relacionado com o maior número de traumas abdominais entre as
grávidas que consomem bebidas alcoólicas.
Em alguns casos, o recém-nascido também pode sofrer uma
espécie de síndrome de abstinência, uma vez que, ao sair do
ventre da mãe, o fluxo de álcool na corrente sanguínea é
interrompido, o bebê pode apresentar tremores e convulsões.
Observa-se, também, retardo na linguagem receptiva e
expressiva em 86% das pacientes com SAF, déficit de memória e
de aprendizado verbal, desordens da fala como déficit de
entoação da voz (voz monótona) e disfunção da voz (voz
áspera, hipernasalidade).
15
Em relação às anormalidades craniofaciais, destacamos a
presença de microcefalia, olhos pequenos, formação retardada
da área mesofacial, lábios superiores finos, prega
epicântica, orelhas não paralelas. Outras deficiências são,
ainda relacionadas à patologia como, anomalias
oftalmológicas.
Agrava-se então, a situação do grupo destas crianças que
são acometidas das formas mais brandas dessa Síndrome, pois,
em sua maioria, a sintomatologia que apresentam não é
relacionada à exposição abusiva do álcool no período intra-
útero, mas trazem transtornos consideráveis ao seu
desenvolvimento neuro-cognitivo que por sua vez dificultam
sua inserção e permanência, não só na escola, mas também nos
grupos sociais, mercado de trabalho, etc.
1.2.2- Como Prevenir
A prevenção tem que ser feita a partir de estudos do
desenvolvimento humano conhecendo as características comuns
de cada faixa etária, permitindo reconhecer as
individualidades.
Sendo assim, foi implantado o Núcleo de Atenção à
Síndrome Alcoólica Fetal (NASAF) que compreende um subprojeto
de pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas Relacionados ao
uso e abuso do álcool, que funciona no Hospital São Francisco
de Assis, com a coordenação geral do Prof. José Mauro Braz de
Lima – M.Sc, Ph.D, criado para suprir a necessidade de
atendimento a crianças, filhas de mulheres que utilizaram
álcool durante a gravidez.
Deverá ser feito um atendimento a gestantes no período
pré-natal e a crianças até seis anos, por uma equipe
16
multiprofissional (Médicos Neurologista e Pediatra,
Enfermeira, Psicopedagoga, Psicóloga e Arte-Terapeuta), tendo
as seguintes atividades:
Favorecer o aprofundamento das orientações aos
efeitos do uso e abuso do álcool durante a gravidez;
Encaminhar as gestantes que usam álcool, para
acompanhamento em centros especiais;
Recepção e avaliação das crianças, considerando-se
os aspectos neonatais e pediátricos, neuropsicológicos,
comportamentais e outros;
Realização de exames complementares: EEG,
Tomografia Computadorizada de Crânio, Ressonância Magnética e
Testes Neuro-cognitivos;
Acompanhamento clínico e neuropsicológico em
serviços especializados;
Realização de Seminários, Palestras, Simpósios,
Cursos, para jovens, pais e profissionais com o intuito de
esclarecer os efeitos do uso e abuso de álcool, durante a
gravidez;
Observar as crianças nas suas atividades diárias;
Sondar interesses da criança com finalidade de
estimular uma maior participação nas atividades ligadas a sua
área de interesse.
A partir de todas as atividades feitas por cada
profissional, poderá ser diagnosticados o problema de cada
17
criança e tentar encaminhar a serviços especializados, caso
seja necessário.
18
CAPÍTULO II
A CRIANÇA E A ESCOLA
19
2.-A CRIANÇA E A ESCOLA
Neste capítulo será relatado como as crianças portadoras
de SAF, deverão ser observadas na escola e ter um tratamento
diferenciado. Segundo o autor Paulo Mattos(2003) “a maioria
das supostas causas de mau aprendizado normalmente é
conseqüência”.
2.1- A criança em classe especial
A criança portadora de SAF apresenta normalmente
dificuldades, sendo assim a partir de três meses deverá ser
feito uma estimulação precoce que visa o atendimento de bebês
de risco (SAF), a fim de minimizar os prejuízos futuros e
tentar garantir um desenvolvimento em cada deficiência
apresentada.
A estimulação precoce tem como objetivo, promover a
continuação do desenvolvimento global da criança o mais
próximo do normal, favorecendo a proteção e conservação das
funções existentes, prevenindo contra a incapacidade e
garantindo a recuperação ou a adaptação em diferentes níveis.
se estende durante a vida escolar para que junto com a
criança o professor possa desenvolver suas atividades
diárias, ou seja, procurar ajudar a criança tornar-se
independente, tendo condições de estudar, trabalhar e
progredir dentro de sua limitação.
Devemos observar algumas etapas na estimulação precoce
como: seguir a iniciativa da criança, permitindo que ela
escolha entre diferentes oportunidades; as conseqüências são
importantes para manter ou mudar o comportamento para que
sejam eficazes (as naturais são as mais eficazes: as sociais
têm grande valor educativo, reforçando o comportamento
20
positivo, que variam em cada criança devendo ser
respeitadas); dividir uma tarefa em partes, facilitando a
aprendizagem, proporcionando continuidade e mudanças para
adquirir segurança, confiança nas pessoas e provocando
mudanças na sua rotina e que sinta sempre estimulado; brincar
de exploração/aprendizagem; o mesmo jogo pode ser de desafio
e domínio, de provar habilidades, de construir novos jogos
com o mesmo princípio; conceder a criança tempo para
descansar, um espaço para assimilar (brincando, andando,
correndo ou dormindo).
Para Vygotsky, pela análise sócio-histórica, a
brincadeira é entendida como atividade social da criança,
cuja natureza e origem específicas são elementos fundamentais
para a construção de sua personalidade e compreensão da
realidade na qual se insere. Em toda brincadeira infantil
estão presentes três características: a imaginação, a
imitação e a regra. Cada uma delas pode aparecer de forma
mais evidente em um tipo ou outro, tendo em vista a idade e a
função específica apresentada pela criança que apresente a
SAF.
2.2- A criança e a sociedade
Seja qual for o problema que a criança apresente, a
sociedade sempre tem a resistência de muita rejeição.
Esta reação acontece quando há falta de conhecimento do
assunto, e sendo a criança, no caso portadora de SAF a mais
afetada socialmente.
Cabe assim a Sociedade através de suas Organizações,
Associações, Religiões, Sindicatos, Clubes de Serviços e
outros, devem tomar as rédeas da tarefa que é da maior
21
importância assumindo um compromisso com a organização e
divulgação dos trabalhos de prevenção e esclarecimento sobre
SAF ou qualquer outra Síndrome que prejudique a criança ou o
ser humano a ser excluído da sociedade. Tendo como orientação
a Lei nº2909/2002 da Deputada Estadual Heloneida Stuard
programa estadual de Prevenção à Síndrome Alcoólica Fetal
(provocada pelo uso e abuso de bebidas alcoólicas e drogas
durante a gravidez).
A SAF pode ser prevenida através da informação dos efeitos nocivos que o consumo do álcool pode ter sobre o feto em desenvolvimento durante a gravidez”.(STUART, Lei2909/2002)
Sendo assim a estimulação tem como objetivos é valorizar
a brincadeira como forma de expressão que traduza a
construção dos conhecimentos pela criança, vivenciada pelo
grupo (sociedade) ou individualmente.
2.3- A importância dos pais
A maioria das pessoas não consegue ver que o uso do
álcool na gestação é um problema futuro que junto com a
criança irão enfrentar. Segundo Paulo Mattos, ”a vida é
apenas o que nós fazemos dela: benção ou castigo”(2003,p.49
A ausência da família seja ela decorrente do
desconhecimento ou negação, estabelece uma relação de
facilitação aonde o problema vai tomando uma proporção de
evolução de todas as deficiências existentes.
É fundamentais a ajuda dos pais com a criança portadora
de SAF, principalmente a mãe que será sempre a pessoa que irá
revelar dados importantes para todo o acompanhamento social,
psicológico e cultural.
22
A integração e comunicação entre a família, a escola e
os profissionais que tratam a criança permite reduzir
intensamente os desgastes e prejuízos. O preconceito o medo
causado pela falta de informação (SAF), vão se transformando
em conquistas ao longo tempo. Entendemos que o tratamento e a
abordagem adequados possibilitam à criança desenvolver seu
potencial gerando, a cada dia, mais confiança e coragem para
superar suas dificuldades. A família devidamente orientada
consegue, pouco a pouco, se reorganizar. E essa
reestruturação será mais fácil se percebermos que diferentes
todos somos, cada um a sua maneira. E que, da ajuda de todos
necessitamos, uns mais, outros menos. E o portador de SAF tem
a capacidade de ser feliz e fazer quem vive a sua volta feliz
também.
2.4- Acompanhamento ensino-aprendizagem (déficit de
atenção)
O distúrbio de déficit de atenção (DDA) afeta em torno
de 3% a 5% das crianças, dentre elas as crianças portadoras
de SAF.
O conhecimento científico sobre as causas do DDA tem
aumentado muito nas últimas décadas, já existem inúmeros
estudos em todo o mundo – inclusive no Brasil – demonstrando
que a prevalência do DDA é semelhante em diferentes regiões,
o que indica que o transtorno não é secundário a fatores
culturais.
Podemos descrever os possíveis fatores que causam o
TDAH, como a hereditariedade, que é a contribuição genética
que parece ser muito significativa, os genes parecem ser
responsáveis não pelo transtorno em si, e o seu
23
desenvolvimento parece depender da interação destes genes com
diversos outros fatores ambientais. Outro fator é as
substâncias ingeridas na gravidez, como a nicotina e o
álcool, causando alterações em algumas partes do cérebro do
bebê, incluindo-se a região frontal orbital. Mulheres que
tiveram problemas no parto, causando sofrimento fetal, tem
mais chance de terem filhos com DDA, e os problemas
familiares podem agravar.
Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando
os resultados do indivíduo em testes padronizados e
individualmente administrados de leitura, matemática ou
expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado
para sua idade, escolarização e nível de inteligência. Os
problemas de aprendizagem interferem significativamente no
rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que
exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Os
transtornos de aprendizagem podem persistir até a idade
adulta.
Desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas
habilidades sociais podem estar associados com os transtornos
da aprendizagem. A taxa de evasão escolar ou adolescente com
transtornos da aprendizagem é de aproximadamente 40% (cerca
de 1,5 vezes a média). Existem evidências de que atrasos no
desenvolvimento da linguagem podem ocorrer em associação com
os transtornos de aprendizagem (particularmente transtorno de
leitura), embora esses atrasos possam não ser suficientemente
severos para indicarem o diagnóstico adicional de transtorno
da comunicação. Os transtornos da aprendizagem também podem
estar associados com uma taxa superior de transtorno do
desenvolvimento da coordenação.
24
A característica essencial do transtorno da leitura
consiste em um rendimento da leitura substancialmente
inferior ao esperado para a idade cronológica, a inteligência
medida e a escolaridade do indivíduo. A perturbação da
leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou
em atividades da vida cotidiana que exigem habilidades de
leitura.
Podemos observar que as crianças portadoras de SAF se
enquadram nessas descrições de déficit de atenção, tendo que
ter mais cuidados ao fazer as seguintes observações:
1- Comprovação do exame médico como diagnóstico de
SAF;
2- Obter o maior número de dados possível a seu
respeito;
3- Estabelecer as causas desse seu modo diferente
de agir;
4- Fazer um diagnóstico e um prognóstico da
evolução desses comportamentos perturbados ou de sua
incapacidade para aprender;
5- Tentar controlá-los ou mesmo altera-los,
preveni-los e ainda, se possível, remedia-los;
6- Através de jogos lúdicos, pode-se avaliar e
desenvolver a criança na área que apresente maior
dificuldades;
7- Procurar informações sobre as crianças através
de professores, pais ou responsáveis;
25
8- Preparar através de informações e
esclarecimentos aos professores como lidar com a criança
portadora de SAF.
A partir dessas observações, provavelmente o professor
deverá conhecer o transtorno e saber como iniciar o processo
ensino-aprendizagem, tendo um jogo de cintura e criatividade
para gerar uma variedade de alternativas, avaliando qual
delas “funcionou melhor” para aquela situação em particular.
Tem que ser capaz de modificar as estratégias de ensino, de
modo a adequá-las ao estilo de aprendizagem e às necessidades
da criança. O professor deverá entender bem o fato de a
criança prestar atenção e se dedicar apenas àquilo que a
interessa ou motiva. Essa é uma das características do
transtorno que mais facilmente se confunde com uma série de
outras coisas, geral; mente malvistas pelos professores.
Outro aspecto muito importante é saber distinguir
“incapacidade para atender a regras”(DDA) com falta de
vontade de atender a regras”(problemas comportamentais). Às
vezes, o TDAH pode coexistir com problemas, o que pode
complicar o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
No Hospital Escola São Francisco de Assis está sendo
feito um trabalho de acompanhamento a crianças portadoras de
SAF por psicopedagogos, psicólogos médicos, enfermeiras,
pediatras em toda a sua vida, principalmente no ensino-
aprendizagem e também as mães que ingerem álcool, palestras
para esclarecer os efeitos dessa substância na sua gravidez
26
CONCLUSÃO
Podemos concluir que a Síndrome Alcoólica Fetal apesar
de ser um problema reconhecido ao longo de muitos anos
observa que ainda é incipiente a tenção dispensada ao
aprofundamento das questões apresentadas, no sentido de
combater os efeitos maléficos causados pelo uso e abuso de
álcool durante a gravidez, bem como diminuir o número de
recém-natos atingidos.
Os temas de SAF e déficit de atenção apresentados nos
capítulos I e II serão sempre avaliados e renovados. Pois a
cada momento sempre existe algo novo que podemos introduzir
no nosso dia-a-dia, para cada vez mais diminuir o índice de
deficientes.
Dentro do tema apresentado, deverá ser dada continuidade
a pesquisas constantes em Entidades de Deficientes Mentais,
atendimento ambulatorial no Hospital São Francisco de Assis,
e uma Pesquisa de campo na Pestalozzi, para que no futuro
todos os profissionais das áreas de Saúde e Educação possam
identificar com muita clareza e confiança, crianças
portadoras de SAF.
27
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2003.
LIMA, José M.B. Os perigos do álcool para o feto, Jornal
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Site: www.lardemaria.org.br www.contextosaude.com.br www.terra.com.br/saúde/gravidez www. estadao.com.br www.connectmed.com.br
28
ANEXOS
29
30
31
32
33
ÍNDICE
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
SUMÁRIO 06
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
SAF ( Síndrome Alcoólica Fetal) 10
1.1- Definição 10
1.2- Álcool 11
1.2.1- Prejuízos na gravidez 13
.1.2.2- Como prevenir 15
CAPÍTULO II
A CRIANÇA E A ESCOLA 19
2.1- A criança em classe especial 19
2.2- A criança e a sociedade 20
2.3- A importância dos pais 21
2.4- Acompanhamento ensino-aprendizagem
(déficit de atenção) 22
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA 27
ANEXOS 28
ÍNDICE 33
FOLHA DE AVALIAÇÃO 34
34
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação ‘Lato Sensu”
“OS EFEITOS DO ÁLCOOL NA VIDA DA CRIANÇA”
Data de Entrega:__________________________
Auto Avaliação:
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Avaliado por:_____________________ Grau:____________
Rio de Janeiro, _______ de ____________ de 2004.