os efeitos da ginÁstica laboral na incidÊncia de … · ginástica laboral é bastante eficaz na...
TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
ERYKLES OLIVEIRA DA SILVA JONATHAN TEODORO BRANDÃO DE ARAUJO
OS EFEITOS DA GINÁSTICA LABORAL NA INCIDÊNCIA DE
LER/DORT: Uma revisão narrativa
MACEIÓ-AL 2018/2
ERYKLES OLIVEIRA DA SILVA JONATHAN TEODORO BRANDÃO DE ARAUJO
OS EFEITOS DA GINÁSTICA LABORAL NA INCIDÊNCIA DE
LER/DORT: Uma revisão narrativa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Educação Física, Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da Professora Dra. Mayara Vieira Damasceno.
MACEIÓ-AL 2018/2
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC
SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO
S586o Silva, Erykles Oliveira da Os efeitos da ginástica laboral na incidência de ler/dort: uma revisão
narrativa / Erykles Oliveira da Silva, Jonathan Teodoro Brandão de
Araújo – Maceió: 2019.
18 f.: il.
TCC (Graduação em Educação Física) – Centro Universitário
CESMAC, Maceió – AL. 2019. Orientadora: Mayara Vieira
Damasceno.
1. Ginástica laboral. 2. LER/DORT. 3. Trabalhadores. 4. Dor. 5. Estresse. I. Araújo, Jonathan Teodoro Brandão de. II. Damasceno, Mayara
Vieira. III. Título.
CDU: 796:616-057
Bibliotecária: Ana Paula de Lima Fragoso Farias – CRB/4 - 2195
ERYKLES OLIVEIRA DA SILVA JONATHAN TEODORO BRANDÃO DE ARAUJO
OS EFEITOS DA GINÁSTICA LABORAL NA INCIDÊNCIA DE
LER/DORT: Uma revisão narrativa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Educação Física, Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da Professora Dra. Mayara Vieira Damasceno.
APROVADO EM: ___/____/_____
___________________________________
Orientadora- Professora Dra. Mayara Vieira Damasceno
BANCA EXAMINADORA
Professora Dayse Cássia Alves Medeiros
Professor Vitor Fabiano dos Santos
Professora Mayara Vieira Damasceno
OS EFEITOS DA GINÁSTICA LABORAL NA INCIDÊNCIA DE LER/DORT: Uma
revisão narrativa THE EFFECTS OF LABOR GYMNASTICS IN THE IMPACT OF LER/DORT: A
narrative review
Erykles Oliveira da Silva
Acadêmico do curso de Educação Física [email protected]
Jonathan Teodoro Brandão de Araújo Acadêmico do curso de Educação Física
[email protected] Orientadora- Dra. Mayara Vieira Damasceno
RESUMO No Brasil, poucas empresas oferecem boas condições de trabalho aos seus funcionários, o que pode promover o aparecimento de problemas como: lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios ósteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Uma proposta para solucionar esses agravos é a implantação da Ginástica Laboral. Desta forma, o presente estudo teve como propósito verificar, através de uma revisão narrativa, os efeitos da Ginástica Laboral (GL) nos casos de LER/DORT em funcionários de empresas. Para isto foi realizada uma busca nas bases de dados Google Acadêmico, SciELO, EBSCO e PubMed, entre os anos de 2007 e 2017. Após uma análise dos estudos encontrados, foram selecionados 18 artigos para compor a revisão. Os resultados mostraram que a Ginástica Laboral é bastante eficaz na diminuição das dores em diversas regiões do corpo e também na redução do estresse e cansaço. Ficou constatado que a Ginástica Laboral promove inúmeros benefícios aos trabalhadores, sendo de grande importância que as empresas implantem esse tipo de atividade, porém ainda faltam evidências científicas claras que mostrem a sua eficiência nos casos de LER.
PALAVRAS-CHAVE: Ginástica Laboral. LER/DORT. Trabalhadores. Dor. Estresse. ABSTRACT
In Brazil, few companies offer good working conditions to their employees, which can promote the emergence of problems such as repetitive strain injuries (RSI) and specific disorders. A proposal to solve these problems is the implementation of the preventive exercises. In this way, the present study aimed to verify, through a narrative review, the effects of the exercise in cases of RSI in company employees. For this, a search of the SciELO, EBSCO and PubMed databases was carried out between 2007 and 2017. After an analysis of the studies found, 18 articles were selected to compose the review. The results showed that preventive exercise is very effective in reducing pain in various regions of the body and also in reducing stress and tiredness. It was verified that the exercises offers numerous benefits to the workers, being of great importance that the companies implant this type of activity, but still lacking scientific evidences that show their efficiency in the cases of Repetitive strain injuries.
KEYWORDS: preventive exercises. RSI. Workers. Pain. Stress.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 6 2 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................... 8 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 9 4 CONCLUSÃO.............................................................................................. 14 REFERÊNCIAS............................................................................................... 15
6
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, infelizmente, o investimento em melhores condições de trabalho
parece não ser o ideal (OLIVEIRA, 2007). Somente algumas empresas e instituições
se preocupam em oferecer melhores condições de trabalho a seus funcionários, mas
grande parte ainda insiste em administrar seus planejamentos baseados no que os
trabalhadores podem produzir, não investindo em melhorias para promover a
qualidade de vida de seus servidores (OLIVEIRA, 2006). Melhores condições de
trabalho e intervenções específicas podem ser importantes para redução do
absenteísmo, que é um padrão habitual de ausência do funcionário no serviço
(SAMPAIO; OLIVEIRA, 2008). Laux et al. (2016) realizaram uma intervenção no
local de trabalho com 31 sujeitos de uma empresa durante o período de 1 ano e ao
final do estudo observaram que houve uma redução de 55,5% na quantidade de
afastamentos por atestados médicos em relação ao período sem a intervenção.
Sampaio e Oliveira (2008) afirmam que as principais causas do absenteísmo são as
Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT).
Fornasari et al., (2000) afirmam que LER e DORT são síndromes que podem
afetar os músculos, fáscias, nervos, tendões, articulações e ligamentos. Os DORT
são transtornos funcionais mecânicos e lesões de membros utilizados de maneira
incorreta, que resultam em dor, fadiga, dormência, tremores, formigamento,
dificuldade de executar alguns movimentos, levando a queda no rendimento do
trabalho, podendo evoluir para uma síndrome dolorosa crônica (COUTO, 1998;
QUILTER, 1998). Na mesma direção, a LER caracteriza-se por afetar membros e é
provocada pela inadequação do serviço ao trabalhador, má postura e o uso
repetitivo dos grupos musculares (CODO; ALMEIDA, 1998).
Direcionando as intervenções para retardar o surgimento desses distúrbios, a
principal preocupação tem sido o tipo de exercício que pode ser realizado antes,
durante e/ou após a jornada de trabalho (OLIVEIRA, 2006; CAÑETE et al., apud
POLITO; BERGAMASCHI, 2002). Dessa forma, foi proposta a realização da
Ginástica Laboral (GL) que, segundo Picoli e Guastelli (2002), é composta por
atividades físicas realizadas coletivamente, com sessões de cinco, dez ou quinze
minutos e tem por finalidade compensar e prevenir os efeitos negativos dos esforços
7
repetitivos da jornada de trabalho, retardando ou impedindo o surgimento de dores,
corrigindo posturas inadequadas e outros problemas.
Baseada no momento em que é realizada, a GL tem recebido quatro
principais designações, conforme sugere Oliveira (2006): Preparatória,
compensatória, de relaxamento e corretiva. Na GL preparatória, os exercícios são
utilizados antes de iniciar a jornada de trabalho como uma forma de aquecimento
dos grupos musculares que serão utilizados durante o serviço, preparando assim os
trabalhadores com o objetivo de prevenir problemas futuros (OLIVEIRA, 2007).
Segundo Kolling (1980), a GL Compensatória tem como objetivo fortalecer os
músculos que não são muito utilizados durante o trabalho, e de relaxar os que são
mais utilizados, fazendo assim uma compensação entre os músculos. Os exercícios
utilizados durante a jornada de trabalho funcionam de forma terapêutica e têm o
objetivo de alongar e relaxar os músculos mais usados durante a jornada de trabalho
(MARTINS, 2001). A GL de Relaxamento é praticada no final da jornada de trabalho
com o intuito de relaxar os músculos, liberando as tensões exercidas sobre ele
(MENDES, 2000). Por outro lado, a GL Corretiva tem como objetivo a manutenção
do equilíbrio articular e muscular, sendo aplicado um fortalecimento de músculos
mais fracos e um alongamento de músculos encurtados (MENDES; LEITE, 2004).
Nesse sentido, Bezerra e Félix (2015) realizaram um estudo com 20 professores de
uma escola, durante um período de 30 dias. Aplicaram três tipos de Ginástica:
Preparatória, compensatória e relaxamento. Ao final do estudo, observaram que
houve uma redução de 35% das dores e 60% na sensação de estresse.
Por sua vez, o trabalho do Painel sobre Desordens Músculoesqueléticas do
Governo dos Estados Unidos (National Research Council and Institute of Medicine,
2001) afirma que existem poucos estudos que associam programas de GL e a
prevenção de LER/DORT. Os que são encontrados possuem uma precisão científica
limitada e não são generalistas. Maciel et al., (2005), ressaltam que a implantação
da GL nas empresas não é adequada por ser uma atividade física realizada no
ambiente de trabalho, e com vestimentas inadequadas para sua execução. Já
Trebien (2003) relata que, apesar de todos os benefícios da GL na melhora da
qualidade de vida dos trabalhadores e da produtividade da empresa, a implantação
do programa não deu certo por falta de interesse nos funcionários, que alegavam
não haver tempo para a pausa, e o não incentivo dos superiores, que visam um
interesse maior na produção da empresa, esquecendo as atividades físicas.
8
Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo buscar na literatura questões
relacionadas à intervenção da prática da ginástica laboral na diminuição e prevenção
dos casos de LER/DORT.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão narrativa. A busca pelos artigos foi feita nas
bases de dados Google Acadêmico, SciELO, EBSCO e PubMed. Foram usadas as
seguintes palavras-chaves como ferramentas para busca dos artigos: Ginástica
Laboral, LER/DORT, workplace exercises, repetitive stress, injury, músculo skeletal
disorders.
Para a inclusão dos artigos foram utilizados os seguintes critérios: estudos
experimentais, com publicações em língua portuguesa e inglesa nos períodos de
2007 a 2017 que se relacionassem com os distúrbios músculos esqueléticos. Os
critérios de exclusão foram: artigos duplicados, temas que não apresentavam
relação com esses distúrbios, textos sem acesso, artigos de revisão e por idiomas
diferentes. Para os critérios de análise foram escolhidos apenas estudos que
apresentassem relação com LER/DORT.
Após a consulta na base de dados, foram lidos todos os resumos para
estabelecer quais artigos seriam incluídos. Nos casos em que a leitura não era
suficiente para determinar se o estudo seria incluído, de acordo com os critérios de
inclusão, o artigo foi lido na íntegra. Quando o resumo era suficiente e o artigo
atendia os critérios de inclusão, este era obtido para compor o estudo.
Foram selecionados 687 artigos. Desses, 568 foram excluídos após analisar
os resumos. Dos 129 selecionados, 111 foram excluídos conforme os critérios de
análise. Após a análise, 18 artigos foram selecionados para a revisão. A figura 1
apresenta o processo de seleção dos artigos.
9
Figura 1. Organograma de seleção de artigos para integrar a revisão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados nos estudos estão descritos na tabela 1, onde o
objetivo foi demonstrar quais os achados a respeito dos diferentes tipos de ginástica
utilizada. Todos os artigos vêm explicitando os locais, a característica da amostra, o
tipo de ginástica aplicada e os resultados.
10
Tabela 1 - Distribuição dos artigos conforme autoria/ano de publicação, local,
amostra, tipo de ginástica e resultado.
Duarte et al. (2017)
Hospital Luxemburgo
/ Instituto Mário Penna
53 funcionários
Relaxamento
A GL proporciona mudanças
significativas na melhoria da saúde em geral.
Gonsalves et al. (2016) Prefeitura municipal de Três Lagoas-MS
Não relatado
Compensatória
↓ a tensão muscular e o estresse.
Neto et al. (2016)
Instituição de ensino
superior
106 colaboradores
Compensatória
A GL melhorou as queixas de
dores/desconfortos
osteomusculares.
Souza et al. (2015)
Gráfica 30 entrevistados
Compensatória
A GL não atingiu total
satisfação por parte dos colaboradores.
Silva et al. (2015) Cerâmica de tijolos
Primos 30 colaboradores
Não relatado
↓ das dores osteomusculares
Bezerra e Felix (2015)
Professores da escola Gesner
Teixeira
20 professores
Preparatória, compensatória e
relaxamento.
↓ o cansaço e o nível de
estresse.
Habibi e Soury(2015)
Companhia de Gás
da Província de Isfahan
75 funcionários
Não relatado
↓ nos sintomas
musculoesqueléticos.
Martins e Alvarez (2015)
Trabalhadores de uma empresa metalúrgica
22 colaboradores
Relaxamento
↓ das queixas de dores.
Martins et al. (2015) Almoxarifado e administrativo
43 funcionários
Preparatória, compensatória e
relaxamento.
A GL ↓ o número de parestesias e dormência dos membros
superiores.
Pedroso e Altemar (2014)
Unochapecó 93 participantes
Não relatado
A GL é uma ferramenta
importante para a tentativa da prevenção de doenças ocupacionais e no ↑ da
produtividade.
Freitas-Swerts e Robazzi (2014)
Instituição pública de ensino superior
30 colaboradores
Compensatória
↓ significativa de algias na
coluna vertebral.
Mehrparvaret al. (2014) Escritório de
Universidade 184 funcionários
Compensatória
↓ da dor musculoesquelética.
Rycerz (2014)
Empresa fabricante
de chá 65 funcionários
Relaxamento e
preparatória
A GL foi eficaz, pois ↓ os problemas relacionados a
dores.
Leal et al. (2013) Instituição de ensino
superior 50 indivíduos
Compensatória
↓ dos quadros álgicos nas
doenças ocupacionais.
Yu et al. (2013) Fábricas em
Shenzhen, China 918 funcionários
Relaxamento
A GL pode ser efetiva para ↓ as
dores osteomusculares nas extremidades inferiores, pulso e
dedo.
Back (2012) Distribuidora de
combustível 13 funcionários
Compensatória
A GL melhorou a região das costas superior e inferior, ↓
também os desconfortos no ombro.
Gondim et al. (2009) Hospital público 22 funcionários
Preparatória e compensatória.
A GL atendeu às necessidades da maioria dos participantes, ↓
as dores osteomusculares.
Resende et al. (2007)
Empresa de
teleatendimento 24 funcionários
Preparatória e
compensatória.
↓ das dores do corpo, cansaço e estresse.
Autores (Ano)
Local Amostra Tipo de ginástica
Resultados
11
De acordo com os achados dos estudos revisados, a grande maioria dos
trabalhos que aplicaram diferentes tipos de GL verificaram melhora em parâmetros
como estresse, cansaço e queixa de dores em locais específicos do corpo,
dependendo da amostra utilizada.
Por exemplo, no estudo de Gondim et al. (2009), realizado num hospital
público, foi mostrada uma redução das queixas de dores de cerca de 54,5% dos
participantes. Do mesmo modo, Duarte et al. (2017), no estudo realizado num
hospital, com 53 funcionários, demonstraram que, antes da intervenção com a
ginástica laboral os indivíduos apresentaram dores em diversas regiões do corpo,
tais como: cervical (26,5%), ombros (26,5%), braços (17,6%), antebraço (5,9%),
punhos (14,7%), quadril (23,5%), região dorsal da coluna (29,4%), região lombar
(38,2%). Após a intervenção, os sintomas de dores foram diminuídos de forma
importante (cervical 14,7%, ombros 5,9%, braços 8,8%, antebraço 2,9%, punhos-
5,9%, quadril 17,6%, região dorsal da coluna 23,5%, região lombar 17,7%).
Observou-se também resultados semelhantes na pesquisa de Freitas-Swerts
e Robazzi (2014) que demonstraram haver redução da dor na cervical (de 16,7%
para 0%) e na região torácica (de 26,7% para 3,3%) e lombar (de 33,3% para 10%),
além da perna direita e esquerda (de 10% para 0%), tornozelo direito (de 16,7%
para 6,7%) e pé direito (de 20% para 13,3%), sugerindo que a GL conseguiu reduzir
os sintomas de dores em alguns trabalhadores.
No estudo de Rycerz (2014), a pesquisa foi realizada com 65 funcionários de
uma empresa de chá e encontrou resultados semelhantes. O estudo teve a duração
de 3 meses e as sessões de ginástica laboral eram realizadas 3 vezes na semana
(segunda quarta e sexta). Ao final, foi observado que a GL foi eficaz na redução da
maioria das queixas de dores musculares localizadas dos indivíduos.
No estudo realizado por Martins e Alvarez (2015), observou-se que, dos
trabalhadores que relataram algum tipo de dor ou desconforto, 55% reduziram as
queixas após a intervenção de 4 semanas de GL realizada 3 vezes por semana.
Nessa mesma linha, Leal (2013), em estudo realizado com 50 indivíduos de uma
instituição de ensino superior em que foi implantado um trabalho de GL duas vezes
por semana com duração de 10 minutos durante um período de 17 meses, observou
que houve uma redução em 17,5% no número de queixas de dores, quando
comparado ao início do estudo.
12
Por sua vez, Back (2012) aplicou o programa de GL em uma distribuidora de
combustível, com 13 funcionários. Ao final do estudo, observou-se que houve uma
redução significativa em relação aos desconfortos osteomusculares entre os
participantes. A região do corpo onde houve a redução do desconforto foi mais
visível na região lombar, com uma diminuição de 2% nos desconfortos, seguido do
ombro direito e das pernas com 3% e por fim a região torácica, com 1%. Na mesma
direção Pedroso (2014) realizou uma pesquisa de caráter quantitativo, que
entrevistou 93 funcionários. Todos os indivíduos responderam que o programa de
GL traz inúmeros benefícios para a saúde, dentre eles, 15,13% alegaram redução
das algias.
Neto et al. (2016) realizaram um estudo com 106 funcionários, dos quais 36
queixaram-se de desconforto na coluna, 34 no pescoço e ombro, 23 nas pernas, 16
nos punhos e 14 nas mãos. Foram utilizados exercícios com duração de 10 a 15
minutos, duas vezes por semana, em dias alternados, dentro de um período de
cinco meses. Após o programa de intervenção 70% dos trabalhadores relataram que
houve melhora nas dores localizadas, 29% alegaram que não houve melhora e
1%não respondeu. Do mesmo modo, Silva et al. (2015) avaliou 30 funcionários,
divididos em dois grupos: Experimental (15) e Controle (15), com o grupo
experimental realizando 43 sessões, com duração de 15 minutos, 5 vezes por
semana. Após a aplicação da GL notou-se uma diminuição da dor de 63% nesse
grupo.
De fato, apesar da GL promover diversos benefícios à saúde do trabalhador,
alguns parecem não se adaptar com a atividade. Souza et al. (2015) demonstraram
que dos 30 funcionários de uma gráfica que participaram de um programa de GL,
alguns alegaram não haver necessidade de praticá-la, declarando não se sentirem
satisfeitos com a prática da GL. Como a empresa se localiza distante do centro da
cidade, isso pode ter influenciado a resposta, pois a maioria afirmou que vai
caminhando ou pedalando até o local de trabalho. Além disso, alguns estudos
mostram que a GL parece não ser capaz de atender todas as expectativas como
mostra o estudo de Yu et al. (2013), onde 918 trabalhadores participaram de
exercícios de intervenção. Após 1 ano de treinamento, observou-se uma redução
dos distúrbios músculos esqueléticos de 16,8% para 9,9% para as extremidades
inferiores e de 12,9 para 8,3% para pulso e dedos. No entanto, não houve redução
significativa na região cervical, ombro e cotovelo.
13
Os resultados apresentados mostram que a GL é eficiente na diminuição de
dores em diversas regiões do corpo, porém em alguns estudos não houve uma
redução significativa das dores em determinadas regiões, o que pode estar
relacionado com o tipo de exercício que é utilizado, o tempo de cada sessão, dentre
outros fatores.
Além de proporcionar diminuição de dores decorrentes do trabalho, a GL
também se mostra eficaz na diminuição do cansaço, como mostra o estudo de
Bezerra e Felix (2015) que aplicaram o programa de GL em 20 professores de uma
escola. Os professores participaram da ginástica três vezes por semana (segunda,
quarta e sexta), cada dia dividido em 3 momentos. No primeiro momento, antes de
iniciar o trabalho, foi utilizada a GL preparatória, com duração de 10 minutos. No
segundo momento, durante o horário de intervalo, foi aplicada a GL compensatória
(alongamento dos músculos mais trabalhados), com duração de 5 minutos e, após o
término das aulas, foi utilizada a GL de relaxamento (relaxar os músculos utilizados),
com a duração de 5 minutos. Ao final do estudo, os participantes relataram que
houve diminuição de 35% das dores ocupacionais e 60% na sensação de cansaço.
Na mesma direção, Resende et al. (2007) aplicaram a GL com 24
funcionários de teleatendimento, que foram divididos em dois grupos (manhã e
tarde). Os exercícios eram realizados 4 vezes na semana, com duração de 15
minutos, durante 4 meses, totalizando 68 sessões. Após a intervenção, 24% do
turno da manhã e 22% do turno da tarde alegaram diminuição do cansaço (fadiga),
17% dos funcionários da manhã e 22% da tarde, apresentaram diminuição das
dores no corpo e 24% do turno manhã e tarde responderam que diminuiu o estresse.
Gonsalves et al. (2016) em seu estudo de caso, foram utilizados funcionários de
uma prefeitura, que praticavam a GL 3 vezes por semana. Quando questionados
sobre tensão muscular e estresse, a maior parte apontou melhora nesse aspecto.
Durante a prática da GL acontece um momento de descontração e alívio do
estresse, o que leva o alívio das tensões musculares.
Martins et al. (2015) avaliaram 43 funcionários divididos em dois grupos: os
trabalhadores de armazenamento (G1) e os trabalhadores administrativos (G2).
Durante seis meses, os trabalhadores realizaram exercícios de 15 minutos, 3 vezes
na semana para o grupo G1 e duas vezes para o grupo G2. Os exercícios
consistiam em: Um aquecimento (3 minutos), exercícios de alongamento estático e
dinâmico (10 minutos) e relaxamento (2 minutos). Ao final do estudo observaram
14
diminuição de 73% das queixas de parestesias e dormência na parte superior do
corpo e 55% para o corpo total no grupo G1. Já no grupo G2, houve diminuição de
46% das queixas de parestesias e dormência na parte superior.
A GL é bastante eficaz na diminuição do estresse e do cansaço, esses
resultados podem estar associados com o alívio que o exercício pode trazer no
ambiente de trabalho promovendo uma maior descontração entre os colegas de
trabalho. Portanto, há uma coerência entre os estudos que a GL pode promover
diversos benefícios para a vida do trabalhador, dentre eles diminuição de dores,
desconfortos, estresse e sensação de cansaço.
4 CONCLUSÃO
As evidências científicas apresentadas nesse estudo apontaram efeitos
positivos em relação à prática da GL na diminuição dos DORT, contribuindo para a
redução das dores localizadas e níveis de estresse ou fadiga. Porém, não foram
encontrados estudos que mostrassem a eficiência em casos de LER, por não
apresentar evidências claras sobre essas patologias. Apesar de todos os benefícios
apresentados, alguns trabalhadores não se sentiram satisfeitos em realizar as
atividades, por achar desnecessário. Já outros estudos apresentam melhorias
apenas em algumas regiões do corpo, o que pode estar relacionado com o modo de
aplicação. Houve artigos que apesar de relatar diversos benefícios não
apresentaram informações suficientes como: amostra e tipo de ginástica, o que não
nos permite analisar mais profundamente esses estudos. Porém, de forma geral,
analisando os resultados obtidos, constatou-se que é importante que as empresas
implantem a GL em seus ambientes de trabalho, já que essa prática mostrou trazer
inúmeros benefícios aos trabalhadores.
REFERÊNCIAS
ANDERSEN, L.; ZEBIS, K. Process Evaluation of Workplace Interventions with Physical Exercise to Reduce Musculoskeletal Disorders. InternationalJournalOfRheumatology, v. 2014, p.1-11, 2014.
BACK, C. Os efeitos do programa de ginástica laboral para os funcionários do setor operacional da distribuidora de combustível bajuí no município de Ijuí-RS. 2012. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Educação Física, Departamento de Humanidades e Educação, Unijuí – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí-RS, 2012.
BEZERRA, G.; FÉLIX, K. Os benefícios da ginástica laboral para prevenção de dores osteomusculares em professores da escola Gesner Teixeira/Gama-DF. Revista de Saúde da Faciplac, Gama-DF, v. 2, n. 1, p.40-50, 2015.
CAÑETE, I. Desafio da empresa moderna: a ginástica laboral como um caminho. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2001.
CODO, W.; ALMEIDA, M. LER: diagnóstico, tratamento e prevenção; uma abordagem interdisciplinar. Petrópolis; Vozes, 1998.
CODO, W.; SAMPAIO, J. Sofrimento psíquico nas organizações:saúde mental e trabalho.RJ,Vozes, 1995.
COUTO, H.Stress e qualidade de vida dos executivos. Rio de Janeiro: Cop, 1987.
COUTO, H.; NICOLETTI, S.; LECH, O. Como gerenciar a questão das LER/DORT: lesões por esforços repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Belo Horizonte: Editora Ergo, 1998.
DUARTE, M. et al. O impacto de um programa de ginástica laboral mensurado através do questionário nórdico de sintomas. E-scientia: Editora UniBH, Belo
Horizonte, v. 10, n. 1, p.1-12, jul. 2017.
FREITAS-SWERTS, F.; ROBAZZI, M. Efeitos da ginástica laboral compensatórianaredução do estresse ocupacional e dor osteomuscular. Revista Latino-Americana De Enfermagem, 22(4): 629-36, 2014.
FORNASARI, C.et al. Postura viciosa. Revista Proteção, n.51, 2000.
GUERRA, M. Ginástica na empresa: corporate e fitness. Âmbito Medicina Desportiva, n.10, p. 19-22, 1995.
GONDIM, K. et al. AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DE GINÁSTICA LABORAL PELOS FUNCIONÁRIOS DE UM HOSPITAL PÚBLICO. Rev. Rene, Fortaleza, v. 10, n. 2, p.95-102, jun. 2009.
GONSALVES, J.; SILVA, L.; CAPARRÓ, R. Os benefícios da ginástica laboral para os colaboradores da prefeitura municipal de Três Lagoas-MS. Rev. Conexão Eletrônica, Três Lagoas, v. 13, n. 1, p.1-15, 2016.
HABIBI, E.; SOURY, S. The effect of three ergonomics interventions on body posture and musculoskeletal disorders among stuff of Isfahan Province Gas Company. Journal Of Education And Health Promotion. Isfahan, p. 1-7. ago.
2015.
KOLLING, A. Ginásticalaboralcompensatória. Revista Brasileira de Educação Física e Desporto,n.44, p.20-30, 1980.
LAUX, R. et al. Programa de Ginástica Laboral e a Redução de Atestados Médicos. Ciencia&Trabajo, v. 18, n. 56, p.130-133, ago. 2016.
LEAL, A. et al. O efeito da ginástica laboral nas doenças ocupacionais em funcionários de uma instituição de ensino superior. DisciplinarumScientia, Santa
Maria, v. 14, n. 2, p.227-232, fev. 2013.
MACIEL, H.; et al. Quem se beneficia dos programas de ginástica laboral? Cadernos de psicologia Social do Trabalho. Ceará, v.8, n.1, p.71-86. 2005.
MARTINS, B.; Alvarez, B. Os efeitos da ginástica laboral sobre o estilo de vida dos trabalhadores de uma empresa metalúrgica de Criciúma – SC. 2015. 21 f. TCC (Graduação) - Curso de Educação Física, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Criciúma, 2015.
MARTINS, C.Ginástica laboral no escritório. Jundiaí: Fontoura, 2001.
MARTINS, P.; ZICOLAU, E.; CURY-BOAVENTURA, M. Programa de ginástica laboral melhora a flexibilidade e força de preensão e reduz queixas osteomusculares em trabalhadores. Motriz: Revista de Educação Física, v. 21, n. 3, p.263-273, set.
2015.
MEDEIROS, M.; NOGUEIRA, M.; VILLAR, A. Benefícios da aplicação de um programa de ginástica laboral à saúde de trabalhadores. Revista Faculdade Montes Belos, São Luís deMontes Belos, v. 7, n. 1, p.1-15, 2014.
MENDES, R. Ginástica laboral: implantação e benefícios nas indústrias da cidadeindustrial de Curitiba. (Dissertação de Mestrado em Tecnologia) - Centro Federal de Educação Tecnológica, Curitiba, 2000.
MENDES, R. LEITE, N.Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas.Barueri, SP: Manole, 2004.
MEHRPARVAR, A. H. et al. Ergonomic intervention, workplace exercises and musculoskeletal complaints: a comparative study. Medical Journal Of The Islamic Republic Of Iran. Iran, p. 1-8. jul. 2014.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL & INSTITUTE OF MEDICINE. Musculoskeletal disorders and the workplace: low back and upper extremities: Panel on
musculoskeletal disorders and the workplace. Commission on behavioral and social sciences and education.Washington, DC: National Academy Press; 2001.
NETO, N.; et al. Análise da eficácia de um protocolo de ginástica laboral implantado em uma instituição de ensino superior no sul do Espírito Santo. 2013. 14 f. Curso de Fisioterapia, Instituto de Ensino Superior do Espírito
Santo-IESES, Cachoeiro do Itapemirim, 2016. OLIVEIRA, J. A importância da Ginástica Laboral na prevenção de doenças ocupacionais. Revista de Educação Física, Sorriso, v. 139, p.40-49, out. 2007.
OLIVEIRA, J. A prática da ginástica laboral.3ª ed.Rio de Janeiro:Sprint, 2006.
PEDROSO, B.; ALTEMAR, J. Impacto da ginástica laboral no bem-estar e no trabalho dos colaboradores da Unochapecó. Fisisenectus, Chapecó, v. 2, n. 2, p.3-8, dez. 2014.
PICOLI, E.; GUASTELLI C.Ginástica laboral para cirurgiões-dentistas.São Paulo:
Phorte, 2002.
PIMENTEL, G. A ginástica laboral e a recreação nas empresas como espaço de intervenção da educação física no mundo do trabalho. Corpociência, n.3, p.57-70, 1999.
POLITO, E.; BERGAMASCHI, E. Ginástica laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2002
QUILTER, D.The repetitive strain injury recovery book.Walker: New York, 1998.
RESENDE, M.; et al., T. Efeitos da ginástica laboral em funcionários de teleatendimento. Acta Fisiátrica. 2007; v. 14, n. 1, p.25-31.
RYCERZ, L. Os benefícios da ginástica laboral em funcionários de uma empresa fabricante de chá. 2014. 85 f. TCC (Graduação) - Curso de Educação
Física, Departamento de Humanidades e Educação, Unijuí – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Santa Rosa, 2014.
SAMPAIO, A.; OLIVEIRA, J. A ginástica laboral na promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida no trabalho. Revista de Educação Física, Marechal Cândido
Rondon, v. 7, n. 13, p.71-79, 2008.
SILVA, C.; et al. Efeitos da ginástica laboral na qualidade de vida de trabalhadores da cerâmica primos de Adelândia-GO. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), São Luís de Montes Belos, v. 8, n. 3, p. 125-179, 2015.
SOMMERICH, C.;JOINES, S. Review of the literature with respect to the work relatedness of musculoskeletal disorders of the neck and upper back.Request
by the U.S. Department of Labor's Occupational Safety and Health Administration in support of the development of the ergonomics work standard, 1999. SOUZA, A.; et al. Qualidade de vida no trabalho utilizando a Ginástica Laboral. Saúde em Foco, São Lourenço, v. 7, p.271-281, set. 2015. TREBIEN, G. Ginástica Laboral: Por que não deu certo em um setor de produção gráfica? 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia da
Produção, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Curitiba, 2003.
YU, W.; et al. Effectiveness of participatory training for prevention of musculoskeletal disorders: a randomized controlled trial. International Archives Of Occupational And Environmental Health, v. 86, n. 4, p.431-440, 29 abr. 2013.