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GUIA DE ESTUDOS

COE - CONSELHO EUROPEU

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Fundação Torino

CONSELHO EUROPEU

CRISE TRABALHISTA

Os desafios da flexibilização das

leis trabalhistas na União Europeia

Belo Horizonte

2018

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CONSELHO EUROPEU

CRISE TRABALHISTA

Os desafios da flexibilização das

leis trabalhistas na União Europeia

Diretores principais: João Marques e André Izaga

Diretores Assistentes: Laura Gomes, Maria Letícia Arantes

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Sumário

1. UNIÃO EUROPEIA ............................................................................................... 8

1.1. História da União Europeia ............................................................................ 8

1.2. Conselho Europeu........................................................................................ 10

1.3. Atual situação socioeconômica do bloco ...................................................... 10

2. DIREITO TRABALHISTA .................................................................................... 12

2.1. Contextualização .......................................................................................... 12

2.2. Conceito de Direito Trabalhista .................................................................... 13

2.3. História ......................................................................................................... 14

3. DIREITO PREVIDENCIÁRIO .............................................................................. 16

3.1. O que é? ...................................................................................................... 16

3.2. Direito previdenciário na Europa .................................................................. 16

4. FORMAS DE GOVERNO ................................................................................... 18

4.1. Estado Neoliberal ......................................................................................... 18

4.2. Estado de Bem-estar .................................................................................... 18

5. DOSSIÊS ............................................................................................................ 20

5.1. República Federal da Alemanha .................................................................. 20

5.2. Reino da Espanha ........................................................................................ 20

5.3. República Francesa ..................................................................................... 20

5.4. República Helênica ...................................................................................... 21

5.5. República Italiana ......................................................................................... 21

5.6. República da Áustria .................................................................................... 22

5.7. Reino da Bélgica .......................................................................................... 22

5.8. República da Bulgária .................................................................................. 22

5.9. República do Chipre ..................................................................................... 23

5.10. República da Croácia ................................................................................ 23

5.11. República da Hungria ............................................................................... 23

5.12. República da Irlanda ................................................................................. 24

5.13. República da Letônia ................................................................................ 24

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5.14. República da Lituânia ............................................................................... 24

5.15. República Tcheca ..................................................................................... 25

5.16. República da Estônia ................................................................................ 25

5.17. República da Finlândia.............................................................................. 25

5.18. Romênia .................................................................................................... 26

5.19. Reino da Suécia ........................................................................................ 26

5.20. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (observador) ................ 26

5.21. Grão-Ducado do Luxemburgo ................................................................... 27

5.22. República Eslovaca .................................................................................. 27

5.23. República de Malta ................................................................................... 28

5.24. Reino dos Países Baixos .......................................................................... 28

5.25. República da Eslovênia ............................................................................ 28

5.26. Reino da Dinamarca ................................................................................. 29

5.27. República Portuguesa ............................................................................... 29

5.28. Polônia ...................................................................................................... 29

6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 30

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APRESENTAÇÃO DA MESA

Caros delegados,

Sejam bem-vindos ao Conselho Europeu. É um enorme prazer receber cada um dos

senhores nesta edição da SNU.

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a todos que auxiliaram na organização deste

evento, em especial aos nossos professores que nos motivam e incentivam nosso

crescimento individual e acadêmico. Esperamos que, assim como nós, criadores

deste comitê, os senhores também usem esta experiência para descobrirem mais

sobre a política europeia e suas opiniões sobre o assunto .

A ideia para este comitê surgiu em meio à crise política que vivemos no Brasil hoje.

O povo está indignado com certas ações governamentais, como a Reforma

Trabalhista. Tópicos como este devem ser discutidos e expostos nas escolas.

Contudo, sendo este um debate ainda muito sensível, optamos por um ponto de

vista diferente. Acreditamos que é possível aprender com o outro e entender que

nosso país não vive uma situação exclusiva. Ver o que outras nações pensam e

como agem pode nos trazer claridade. Além disso, temos como objetivo

desmistificar a ideia de que o internacional é bom e o nacional ruim. Em um mundo

globalizado, como o nosso, os problemas são sempre de escala global, e viver nesta

ilusão de que o Brasil está cheio de problemas e o resto do mundo não é

completamente errôneo.

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Esperamos então que, durante a SNU, os senhores não só debatam, mas também

reflitam para que possamos ter, em um futuro próximo, um mundo mais justo.

Atenciosamente,

Mesa do Conselho Europeu

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1. UNIÃO EUROPEIA

1.1. História da União Europeia

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Europa passou por uma

profunda crise econômica. A Alemanha ficou completamente destruída e dividida; o

Reino Unido e a França, até então grandes potências, foram alvos de perdas

significativas. Foi nesse contexto que surgiu a figura do político luxemburguês

Robert Schuman que propôs, por meio da Declaração Schuman1 , de 1950, que as

extrações de carvão e aço da zona franco-alemã se concentracem em um único

administrador supranacional, evitando assim futuros conflitos.

Em 1951, foi firmado, então, por Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e

Países Baixos o Tratado de Paris2, que criava a Comunidade Europeia do Carvão

e do Aço (CECA). Este tratado favorecia o comércio, entre seus membros, de

matérias-primas indispensáveis para a siderurgia e, consequentemente, acelerava

o dinamismo econômico europeu.

No ano de 1957, por meio do Tratado de Roma 3 , foi criada a “Comunidade

Econômica Europeia” (CEE) que visava à cooperação em âmbito econômico,

social e político. Oito anos mais tarde, em 1965, foi firmado um outro tratado que

funde os poderes executivos das três comunidades europeias mediante a criação

1 Declaração Schuman. Disponível em: <https://europa.eu/european-union/about-eu/symbols/europe-

day/schuman-declaration_pt>

2 Tratado de Paris. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-

content/PT/TXT/?uri=CELEX:11951K/TXT>

3 Tratado de Roma. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-

content/PT/TXT/?uri=CELEX:11957E>

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da Comissão Europeia e do Conselho da União Europeia. (Tratado de Bruxelas,

1965)4.

Somente vinte e um anos depois, em 1986, é que foi firmado o Ato Único Europeu,

ratificado somente no ano seguinte. Este Tratado tinha como objetivo dinamizar a

construção europeia, consolidar o mercado interno e permitir a livre circulação de

bens e serviços. O Ato Único Europeu5 foi responsável, também, pela criação do

Conselho Europeu. Na sequência, em 1993, entra em vigor o Tratado de

Maastricht 6 , o qual previa uma nova estrutura institucional. Como resultado,

destacam-se importantes medidas, como a criação da cidadania europeia, que

permitia a livre circulação dos cidadãos entre os países da comunidade, e a

criação de uma moeda única, o Euro, que seria administrada pelo Banco Central

Europeu, com sede em Frankfurt.

O último Tratado de grande importância foi o de Lisboa7, firmado em 2007. Esse

Tratado visava reformar a estrutura que havia sido criada anteriormente pelos

Tratados de Roma e Maastricht. As principais reformas implementadas, então,

foram a redução do estancamento na tomada de decisões do Conselho da União

Europeia mediante o voto por maioria qualificada, um maior peso nas decisões

tomadas pelo Parlamento Europeu, a eliminação de instituições obsoletas, como os

três pilares da União Europeia, a criação da figura do Presidente do Conselho

4 Tratado de Bruxelas. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-

content/PT/ALL/?uri=CELEX:11965F/TXT>

5 Ato Único Europeu. Disponível em: <https://europa.eu/european-

union/sites/europaeu/files/docs/body/treaties_establishing_the_european_communities_single_europe

an_act_en.pdf>

6 Tratado de Maastricht. Disponível em: <https://europa.eu/european-

union/sites/europaeu/files/docs/body/treaty_on_european_union_en.pdf>

7 Tratado de Lisboa. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-

content/PT/TXT/?uri=OJ:C:2007:306:TOC>

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Europeu e a obrigatoriedade da Carta dos Direitos Fundamentais da União

Europeia, em todos os países membros.

1.2. Conselho Europeu

O Conselho Europeu, composto pelos Chefes de Estado ou de Governo de cada

país membro, é o mais alto órgão político dentro da União Europeia. Com sede em

Bruxelas, o Conselho Europeu tem como função fundamental definir a agenda

política da União Europeia. Todavia cabe à Instituição resolver discussões

pendentes em um nível mais abaixo e agir de certo modo como Chefe de Estado

da própria União Europeia; logo é considerado o representante do poder executivo

da União Europeia.

As reuniões do Conselho Europeu são compostas pelos representantes dos países

membros, pelo Presidente do Conselho e pelo Presidente da Comissão Europeia;

estes dois últimos têm a função de guiar as discussões, contudo não possuem

direito de voto. As decisões devem ser tomadas por consenso, exceto os casos

previstos nos tratados da UE, que podem ser decididos por maioria qualificada.

1.3. Atual situação socioeconômica do bloco

Com a agravante crise presente na Europa, muitos países têm adotado medidas

para tentar solucionar a grande onda de desempregados e impulsionar a economia.

Com isso governos como o da Espanha, França e Portugal se veem obrigados a

mudar suas leis trabalhistas para tentar se adequar à situação de crise, e a partir

disso se tornou necessário a flexibilização das leis trabalhistas.

As políticas de flexibilização, típica do neoliberalismo, consistem em uma redução

dos direitos dos trabalhadores. Estas políticas já são presentes em países como o

Reino Unido e os EUA onde ocorre a diminuição da intervenção do estado em

alguns setores, aceitação de algumas exigências de empresas para atrair capital

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estrangeiro, porém no restante da Europa, essa flexibilização se apresenta

principalmente com o impulsionamento da terceirização, aumento das jornadas de

trabalho e redução das horas extras.(SOARES, 2014).

Apesar de muitos países membros da UE terem consciência de que estas mudanças

geram insatisfação em grande parte da população, eles as realizam da mesma

forma, pois acreditam que não exista outra alternativa funcional para a melhorar a

situação do desemprego de maneira rápida e eficiente sem gerar grandes gastos.

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2. DIREITO TRABALHISTA

2.1. Contextualização

O conceito de trabalho passou por diversas modificações ao longo da história. No

mundo clássico, essa palavra, que deriva do latim tripalium e nomeava um

instrumento de tortura, possuía uma conotação negativa. O homem rico não deveria

trabalhar, deixando essa função para as classes mais baixas. Vê-se, portanto, um

rebaixamento da dignidade de quem trabalha. Contudo, com o crescimento do

comércio e o surgimento de uma classe burguesa, essa palavra começou a adquirir

um significado diferente. (RUTIGLIANO, 2011).

O sociólogo Max Weber explica, em seu livro “Ética protestante e o espírito do

capitalismo”, a relação entre o surgimento da religião protestante com o avanço do

capitalismo. Para ele a ideia no protestantismo de que a riqueza é manifestação da

graça divina fez com que as pessoas da época vissem o trabalho como uma forma

de aproximação da glória de Deus. Neste contexto, é possível enxergar uma

mudança clara na conotação de trabalho, o que antes era visto como indigno

adquire um caráter positivo devido às influências da religião.

Há de se ressaltar que o trabalho adquire um papel fundamental em todas as

sociedades modernas, tornando-se um fato social (conceito criado pelo sociólogo

Durkheim para evidenciar ações, práticas e instituições presentes em todas as

sociedades). O trabalho, um fator social, corrobora para a criação de uma coesão

social dentro de cada Estado. No livro “A divisão do trabalho social”, do mesmo

estudioso, é apresentado o conceito de que, em uma sociedade onde as funções

são divididas em diversas classes, a divisão do trabalho é algo coercitivo e

impossível de ser modificado. Ou seja, um indivíduo que nasce em uma classe

social que realiza trabalhos pesados não poderá exercer uma função intelectual,

porque, caso isso aconteça, causará um impacto negativo irreversível na ordem

social. Essa visão favorece a opressão entre as classes e se opõe por completo ao

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pensamento dialético de Karl Marx, filósofo e intelectual prussiano, que prevê

justamente a mobilidade entre as classes como solução.

Em 1848, iniciou-se a chamada primavera dos povos e foi nesse contexto que

movimentos operários ao redor da Europa começaram a ganhar força. Fortemente

impulsionados pelo “Manifesto Comunista”, de Karl Marx, pregavam a necessidade

do proletariado em romper com a divisão do trabalho vigente e iniciar um novo

período na história. Apesar dos esforços de diversos operários e intelectuais da

época, a tão desejada revolução não ocorreu, mas abriu espaço para que Marx

refletisse sobre a sociedade capitalista da época e suas consequências. O sociólogo

enxerga o trabalho como o principal bem que o homem pode oferecer, sendo a

base do preço de qualquer mercadoria. O fator produtivo é, então, o mais

importante. Contudo, essa ação tão importante é desvalorizada, uma vez que o

trabalhador não possui uma remuneração digna e não há, muitas vezes, direitos

básicos. Existe, então, um aproveitamento do proletariado por parte da classe

burguesa.

Os ideais marxistas, porém, são frequentemente questionados pelos movimentos

liberais ou neoliberais, que entendem que o trabalho é sim algo importante, mas o

detentor dos meios de produção deve obter um lucro maior, uma vez que é a sua

propriedade privada. Foi assim que surgiu a globalização: guiado pelo

neoliberalismo, o fenômeno vê os aspectos econômicos como fundamentais e

negligencia aspectos sociais e culturais. Neste contexto, práticas como a

deslocalização, ou seja, a transferência das fases produtivas para países com mão

de obra mais barata, aumentaram, piorando a condição vida de muitas pessoas ao

redor do globo.

2.2. Conceito de Direito Trabalhista

O direito trabalhista é a parte do direito que se ocupa das relações entre empregado

e empregador. Internacionalmente, essa área é representada pela OIT, que define

parâmetros básicos para tais vínculos ao redor do globo. Dentro da União Europeia,

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os países possuem autonomia para criar as próprias legislações no âmbito, contudo

o bloco pode definir algumas diretrizes a serem seguidas, além de condições

básicas para o trabalho.

O foco principal do ramo é garantir que tanto o empregado quanto o patrão tenham

seus direitos resguardados e cumpram seus deveres. É de se ressaltar que por mais

que existam legislações regulando o ambiente de trabalho e todos os que o

envolvem, o principal instrumento é o contrato de trabalho, onde constam os deveres

e direitos de cada uma das partes interessadas. De forma simplista, os contratos

podem se dividir em: indeterminados, isto é, aqueles que não possuem data pré-

estabelecida para rescisão, e determinados, aqueles que a possuem.(CAIRO JR,

José. Curso de Direito do Trabalho. 13a.ed. Juspodivm, 2014) Ambos os modelos

são considerados legítimos na Europa, portanto a definição de qual modelo será

usado varia de acordo com as preferências do empregador.

2.3. História

A luta pelos direitos trabalhistas iniciou durante a Segunda Revolução Industrial,

quando, com o aumento no uso de máquinas, foram revolucionadas as formas de

lavor antes vigentes. Nesse contexto de escassez de empregos, as condições

oferecidas aos operários se tornavam cada vez mais precárias e, como não

possuíam muitas opções, eles eram obrigados a aceitá-las por uma remuneração

extremamente baixa. Além disso, para contribuir com a renda familiar, diversas

mulheres e crianças começam a trabalhar por períodos extremamente longos nas

fábricas. É nesse cenário que nascem os primeiros sindicatos e movimentos

políticos e o socialismo ganha força.

O primeiro país europeu a aprovar uma legislação trabalhista foi o Reino Unido, em

1802, com a Peel’s Act, que tinha como objetivo regular o trabalho de menores e

proteger os trabalhadores em geral, limitando as horas de trabalho para 12 horas

diárias e exigindo uma forma de higienização dos ambientes laborais. O próximo

país a avançar foi a França com a proibição do uso de mão de obra infantil nas

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minas, em 1813, e a redução das horas de trabalho para menores de 16 anos, em

1839.(OLIVEIRA, 1994, p.71). Porém foi somente em 1848, durante a Primavera dos

Povos, que houve a criação do Ministério do Trabalho. No ano de 1891, a Igreja

Católica, por meio da encíclica Rerum Novarum, que falava da relação entre patrões

e empregados, ressaltou, num pronunciamento, a importância de se respeitar a

dignidade da classe subordinada, tanto física como espiritualmente. Além disso,

determinava que os operários respeitassem seus empregadores e que, de forma

alguma, usassem a violência como meio de reivindicar seus direitos.

Apesar de todos esses avanços, foi somente com o Tratado de Versalhes que a

comunidade internacional reconheceu, como um conjunto, a necessidade de se

resguardarem as atribuições dos operários, criando, então, a Organização

Internacional do Trabalho com o intuito de definir parâmetros internacionais.

A OIT conquistou diversos avanços, contudo em países menos desenvolvidos,

muitas vezes, não possuem sindicatos fortes e encontram dificuldade em avançar.

Nesse sentido, diversas multinacionais migram para esses países com o objetivo de

diminuir seus gastos de produção.

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3. DIREITO PREVIDENCIÁRIO

3.1. O que é?

O Direito Previdenciário zela pelas relações entre um país ou uma empresa e o

cidadão após sua aposentadoria, declaração de invalidez, necessidade de uma

assistência médica e/ou monetária. Esse sistema é dividido em público e privado.

No primeiro é o Governo que oferece uma assistência ao cidadão dentro de

determinadas normas previstas na legislação interna. Essa tipologia tem, no entanto,

sofrido cortes em diversos países que tentam diminuir os gastos públicos. Já o

sistema previdenciário privado conta com as mesmas características da previdência

social, porém em âmbito particular, seguindo normas determinadas pelas próprias

empresas que oferecem o serviço.

3.2. Direito previdenciário na Europa

Na Europa o direito previdenciário é esquematizado em duas partes, uma é o

Modelo Social Europeu e o outro é o Banco Mundial, que juntos representam um

conjunto de regras e ações formadores de maior ou menor solidariedade, como

explicado abaixo por Eliane Romeiro Costa:

“O denominado Modelo Social Europeu centra-se no direito à cobertura como

direito fundamental, na suficiência dos ingressos, na velhice assistida e protegida,

na dignidade existencial e na solidariedade, base para o desenvolvimento

socioeconômico.

O Modelo do Banco Mundial se baseia na sustentabilidade e viabilidade fiscal do

sistema previdencial, na poupança e no crescimento econômico. Concentra-se na

defesa da capitalização dos fundos individuais como mecanismos que assegurem

prestações congruentes com as contribuições anteriormente efetuadas. O Banco

aconselha os governos sobre a melhor forma de enfrentar os desafios do sistema

de previsão e as crises fiscais oriundas, inclusive, das questões demográficas, do

envelhecimento, adotando reformas estruturais rumo à privatização e à

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capitalização. Sugere, por conseguinte, regime de três pilares, o primeiro custeado

com impostos gerais que financiam um benefício básico, o segundo pilar,

obrigatório capitalizado (mutualismo fechado grupal) e, o terceiro, voluntário

subordinado à capitalização aberta e individual. Há uma variedade de desenhos

sob a denominação de pilares múltiplos. O segundo pilar pode ainda adotar contas

individuais e planos de contribuição definida (CD) ou de Prestação Definida (PD),

ser de base profissional ou por empresa.

O grau de intervenção do Estado no primeiro pilar e o nível de solidariedade do

sistema garantem a aproximação do Modelo do Banco Mundial (Países Baixos,

Reino Unido, países latinos – americanos reformados) ou seu distanciamento

(França).” (COSTA, Eliana Romeiro, Sistemas Previdenciários Estrangeiros:

Análise das reformas estruturais de previdência complementar).

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4. FORMAS DE GOVERNO

4.1. Estado Neoliberal

O Estado Neoliberal é uma adaptação do liberalismo clássico, de Adam Smith e

David Ricardo, aos dias de hoje. O movimento ganhou força com o aumento do

fenômeno da globalização que é favorecido por práticas neoliberais, como a

flexibilização dos direitos trabalhistas e a diminuição de barreiras tarifárias entre os

países. Nacionalmente, o neoliberalismo tem como sua principal agenda a

diminuição da ação estatal, criando um cenário no qual a economia se auto regula.

Essa menor intervenção do Estado ocorre, por exemplo, por meio da privatização

das estatais e corte nos gastos públicos, como a previdência social e assistência

médica pública. Somado a essas práticas, existe uma flexibilização da legislação

trabalhista, no intuito de atrair grandes empresas e aumentar a renda nacional.

Entretanto, uma grande parcela da população se sente prejudicada por essas

medidas, dando início assim a greves e manifestações contrárias às ações

governamentais.(CONSTANTINO, 2015)

4.2. Estado de Bem-estar

O Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social em português, nasceu no período

pós-guerra em que os Governos viram a necessidade de uma maior intervenção na

economia e o aumento da qualidade de vida de seus cidadãos. Portanto, algumas

das principais características dessa forma de governar é aumentar os gastos

públicos com educação, saúde e previdência social. Além disso, por prezar

exatamente pelo bem-estar social de seus cidadãos, esses Estados possuem uma

legislação trabalhista mais rígida que prevê maiores direitos aos trabalhadores.

Apesar de aumentar a qualidade de vida dos cidadãos, esse formato de Estado é

altamente criticado pelos elevados gastos públicos e por impedir um crescimento da

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economia, uma vez que alguns acreditam que uma legislação trabalhista menos

flexível e uma forte intervenção estatal afastem os investidores.

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5. DOSSIÊS

5.1. República Federal da Alemanha

A Alemanha, país que se localiza na Europa Central, é membro fundador da União

Europeia e possui a quarta maior economia do mundo, sendo o segundo maior

exportador e o segundo maior importador de mercadorias automobilísticas. O país,

que possui um dos melhores padrões de vida, desde o período da Revolução

Industrial, tem sido um grande inventor, produtor e inovador em uma economia

globalizada. A Alemanha é um grande expoente na integração da economia da

União Europeia e as grandes parcelas do seu PIB resultam de serviços, agricultura e

indústria. A nação, em 2003, implementou uma série de mudanças para segurar o

crescente índice de desemprego, como: redução do valor da aposentadoria, salário

mínimo e o aumento da idade da aposentadoria.(MAGALHÃES-REUTHER, 2015).

5.2. Reino da Espanha

O Reino da Espanha, monarquia localizada na Península Ibérica e membro da União

Europeia desde 1986, possui um dos maiores mercados imobiliários da Europa e

sofre com o desemprego desde a crise de 2008. Em 2015, o país se viu obrigado a

tomar uma série de medidas de flexibilização do direito trabalhista como a facilitação

de demissões. Medidas como essa acarretaram diversas greves, porém os

resultados têm sido significativos para a correção da taxa de desemprego.

(CARNEIRO, 2017)

5.3. República Francesa

A República Francesa, localizada na Europa Ocidental e membro fundador da

União Europeia, é um dos principais contribuintes para o orçamento do bloco. É de

extrema importância na economia francesa o setor financeiro, uma vez que o país

conta com a presença de grandes bancos europeus. Os problemas enfrentados pela

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nação francesa são semelhantes aos da Espanha, ambos enfrentam uma onda de

desemprego, e devido a isso medidas como a diminuição das jornadas de trabalho e

a diminuição da idade mínima para trabalhar foram implementadas, junto da

facilitação da demissão de funcionários. Todas essas medidas vêm sendo alvo de

muitas críticas e acabam gerando diversas greves, porém, mesmo com todas as

manifestações, o Estado se vê obrigado a tomar tais medidas. (TISSANDIER &

TURLAN, 2017)

5.4. República Helênica

A República Helênica, Grécia, localizada na Europa Meridional e membro da União

Europeia desde 1981, é um dos principais polos turísticos europeus. Nos últimos

anos, tem passado por uma forte crise econômica e sua enorme dívida para com a

UE fez com que o governo pedisse diversos empréstimos à própria UE e a diversos

fundos internacionais. Atualmente mostra uma possível recuperação, mas está ainda

longe de sanar suas dívidas imensas para com instituições como o Banco Europeu.

O país continua tentando ao máximo preservar o direito de seus trabalhadores,

como quando negou a solicitação do FMI de acabar com a negociação de salário,

porém ainda se vê obrigado a tomar medidas em áreas como a aposentadoria.

(GEORGIADOU, 2017)

5.5. República Italiana

A República Italiana, península localizada no Mar Mediterrâneo, com dois Estados

independentes dentro de seu território, a Cidade do Vaticano e a República de San

Marino, é membro fundador da União Europeia. Atualmente enfrenta, assim como

quase todos os outros países, graves problemas como o desemprego. Por isso, em

2015, o primeiro-ministro Matteo Renzi aprovou uma série de medidas, chamada

Jobs Act, que facilita a demissão de funcionários, a redução das jornadas de

trabalho e a indeterminação nos tempos dos contratos trabalhistas, acarretando

muita insatisfação em grande parte dos jovens. Apesar da ocorrência de algumas

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manifestações contra essas medidas, o primeiro-ministro ainda acredita que essas

sejam a melhor forma de solucionar o problema. (FAIOLI & SEDDA, 2017)

5.6. República da Áustria

Membro da União Europeia desde 1995, a República da Áustria, país localizado na

Europa Central, possui o 14° maior PIB per capita do mundo e, apesar de a indústria

ser um grande expoente de sua economia, o setor turístico é o mais importante. É a

nação com a segunda menor taxa de desemprego na Europa hoje em dia, graças a

um sistema implementado desde 2005, com o qual vem auxiliando os mais jovens a

encontrarem o mundo do trabalho mais cedo, ensinando-os a procurar um ofício, o

que justifica sua baixa taxa de desemprego. (KRENN, HERMANN, ADAM &

ALLINGER, 2017)

5.7. Reino da Bélgica

A Bélgica, país que se localiza na Europa Ocidental e membro fundador da União

Europeia, possui uma economia altamente globalizada e sua infraestrutura de

transportes integrada com os demais países da Europa. A economia,

majoritariamente de serviços, é dividida por regiões: a Flamenga tem uma economia

mais dinâmica, enquanto a Valônia é menos desenvolvida. A Bélgica, assim como o

restante dos países europeus, enfrenta dificuldades com o desemprego, e a saída

escolhida é a de flexibilizar as contratações. (OYCKE & VAN GYES, 2017)

5.8. República da Bulgária

A Bulgária, país dos Balcãs, limitado a norte pela Romênia, a leste pelo Mar Negro,

a sul pela Turquia e pela Grécia e a oeste pela Macedônia e pela Sérvia, é membro

da UE desde 2007. Tornou-se extremamente dependente da União Soviética

durante o período da Guerra Fria, mas suas relações se reduziram após o final do

conflito, o que levou a uma contração da economia. Desde 1990, o país enfrenta

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problemas com o desemprego, e muitos búlgaros, devido à falta de oportunidades

de emprego dentro do país, se veem obrigados a migrar ou a se adaptar, realizando

trabalhos informais, que hoje corresponde a uma parcela significativa da economia

da nação. (MARKOVA, 2017)

5.9. República do Chipre

O Chipre, ilha localizada no sudeste da Europa, no mar Mediterrâneo, próximo à

Síria e à Turquia, participa da União Europeia desde 2004 e tem como principal

atividade econômica o turismo. Considerada a nação com as leis trabalhistas mais

atípicas, atualmente vigoram contratos de curtos períodos de tempo, com muitos

ainda feitos oralmente, e os serviços geralmente são todos de meio período.

(KALOSINATOS, 2017)

5.10. República da Croácia

A Croácia, que faz fronteira ao norte com a Eslovênia e a Hungria, a nordeste com a

Sérvia, a leste com a Bósnia e Herzegovina e ao sul com Montenegro, país membro

da UE desde 2013, tem sua economia centrada em serviços e em indústria mais

direcionada ao setor químico. A economia pós-socialista da Croácia foi fortemente

prejudicada devido ao final da Guerra Fria. Assim como a Itália, o país assinou o

Labour Act em 2013, que flexibilizou as jornadas de trabalho, estabelecendo um

limite de 50 horas por semana e estipulando “folga” para os trabalhadores às sextas-

feiras. (BEJAKOVIC & KLEMENCIC, 2017)

5.11. República da Hungria

A República da Hungria, localizada no leste europeu, membro da União Europeia

desde 2004, possui como um de seus principais setores econômicos o de serviços

terceirizados. No país, grande parte da população não trabalha período integral,

chegando apenas a 15 horas semanais. Além disso, os contratos trabalhistas são

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todos em curto prazo, sendo que os de apenas 6 meses correspondem a mais de

40% do total na nação. (NEUMANN, 2010)

5.12. República da Irlanda

A República da Irlanda, ilha que faz fronteira a noroeste com a Irlanda do Norte e

pertence ao Reino Unido, é membro da União Europeia desde 1973. Possui como

um de seus principais setores a indústria e também são de grande importância para

a sua economia os serviços de transporte e alojamento. No país nenhuma grande

reforma foi feita, apenas a alteração das horas de trabalho, que agora são mais

curtas; em relação à flexibilização de contratação e demissão, não houve alteração.

(DOBBINS, 2010)

5.13. República da Letônia

A Letônia se encontra na Europa Setentrional e faz parte da União Europeia desde

2004. Exporta principalmente produtos primários e, assim como a Itália, também

aderiu ao Labor Act em 2013, regularizando as suas horas de trabalho e

estimulando trabalhos de meio período. Além disso, mantém estipulado um valor

mínimo a ser pago ao trabalhador e permite as negociações de salário. (KARNITE,

2017)

5.14. República da Lituânia

A Lituânia, localizada ao norte da Europa, na região Setentrional, e membro da

União Europeia desde 2004, tem a prestação de serviços e a produção de produtos

industriais como maiores contribuintes da renda nacional. O país desde 2007 vem

adotando políticas para flexibilizar as leis trabalhistas, na tentativa de combater o

desemprego. Foram feitas mudanças no tempo de trabalho, incentivos a pequenos

negócios e parcerias de empresas com o Estado, porém não vem aplicando o

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conceito de flexibilização segura, o que pode acarretar em sérios problemas futuros.

(BLAZIENE & ZABARAUSKAITE, 2017)

5.15. República Tcheca

A República Tcheca, país da Europa Central, limitado ao norte pela Polônia e pela

Alemanha; a leste pela Eslováquia; ao sul, pela Áustria; a oeste, pela Alemanha, é

membro da UE desde 2004. A economia tcheca é altamente desenvolvida,

majoritariamente devido às suas exportações para o resto da Europa. Assim como

outros países, também foi signatária do Labour Act e adotou algumas medidas para

a flexibilização da economia, como a facilitação nas contratações e alteração na

carga de trabalho. Ao mesmo tempo o país mantém uma política de negociação

entre empresas e sindicatos firme, o que é muito significativo para manter a

satisfação popular.(NOVAK, 2009)

5.16. República da Estônia

A Estônia, localizada na Europa Setentrional, membro da União Europeia desde

2004, tem sua economia baseada no setor agrícola e em alguns produtos

manufaturados. Fora isso o país tem investido em novas formas de emprego,

valorizando novas ideias e pesquisas. A grande maioria dos trabalhos é de meio

período e os contratos não são estipulados para durar longos anos. Mesmo assim a

insatisfação popular não é grande e cada vez mais a taxa de desemprego cai.

(NURMELA, 2010)

5.17. República da Finlândia

A República da Finlândia, localizada na Europa Setentrional, membro da União

Europeia desde 1995, é um dos maiores produtores e exportadores de produtos de

alta tecnologia. Apesar disso, o país ainda enfrenta uma alta taxa de desemprego.

Com o intuito de conciliar o trabalho e a convivência familiar, foram tomadas

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algumas medidas de flexibilização como: a maleabilidade das horas de trabalho,

inserção de trabalhos de meio período e realização de trabalhos em casa.

(PÄRNÄNEN, 2010)

5.18. Romênia

A Romênia, localizada no sudeste da Europa, é membro da União Europeia desde

2007. Possui uma das economias mais frágeis do bloco, por isso percebe-se a

necessidade da adoção de medidas eficazes para a resolver o problema. A

flexibilização das horas de trabalho, a negociação entre grupos de pessoas e

empresas e a diversificação dos tipos de contrato existentes são algumas propostas

de solução que visam ao crescimento econômico. (STOICIU, 2017)

5.19. Reino da Suécia

No Reino da Suécia, localizado na Europa Setentrional, o setor da engenharia é um

dos principais, sendo também de grande importância as indústrias de

telecomunicações, automobilística e farmacêutica. O país é uma das grandes

referências de flexibilização na Europa. Desde de 2015, as 8 horas diárias de

trabalho passaram a 6 horas, e cada vez mais a economia vem sendo impulsionada

com resultados positivos, como, por exemplo, a maior pontualidade dos empregados

e a melhora na saúde desses. Além disso a Suécia adotou outras medidas como a

relação de respeito mútuo entre chefes e empregados. (DANIELSSON &

GUSTAFSSON ,2017)

5.20. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (observador)

O Reino Unido, localizado no norte da Europa Setentrional e cercado pelo oceano

Atlântico, faz parte da União Europeia desde 1973. Exporta principalmente produtos

têxteis, tecnológicos e automobilísticos e, mesmo sendo ex-membro da EU, ainda

exerce alguma influência nas decisões da EU, por ter fortes relações com muitos

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países lá presentes. No país, desde 2013, muitas mudanças no setor trabalhista já

aconteceram, como a flexibilização das horas de trabalho e dos contratos. Há tanto

o trabalho de meio período como o de período integral, chegando até a existir o

polêmico regime de zero hora, em que o trabalhador não possui horário fixo de

trabalho e pode ser convocado a qualquer momento. Apesar de tudo isso, a nação

ainda detém de uma baixa taxa de desemprego. (EVANS & ADAM, 2017)

5.21. Grão-Ducado do Luxemburgo

O Grão-Ducado do Luxemburgo, pequeno Estado localizado na Europa Ocidental, é

membro fundador da União Europeia e possui economia voltada principalmente para

os setores bancário e de seguros. O país, como quase todas as nações europeias,

sofre com a questão do desemprego, daí a necessidade da implantação de medidas

que tentassem ao menos controlar a situação, como a redução dos tempos de

contrato de trabalho e a facilitação nas demissões e contratações de funcionários.

(KIROV, THOMAS & TURLAN, 2017)

5.22. República Eslovaca

A República Eslovaca, localizada na Europa Oriental e membro da União Europeia

desde 2004, possui uma economia ainda bastante frágil se comparada a de outros

países do bloco. É uma grande exportadora de mão de obra e porta de entrada para

imigrantes de diversos países do leste europeu que não são membros da UE. Em

relação ao trabalho, nenhuma grande mudança foi realizada, mas apenas algumas

pequenas na carga horária bem como uma facilitação na demissão de funcionários,

comparando-se ao que era antes do Labour Act. (CZIRIA, 2017)

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5.23. República de Malta

Malta, país localizado em um arquipélago do Mediterrâneo na Europa Meridional e

membro da União Europeia desde 2004, tem como principal fonte de renda a

manufatura eletrônica e têxtil. Possui uma das menores taxas de desemprego da

União Europeia junto com a Alemanha e também assinou Labour Act, porém,

diferente dos demais adeptos do tratado, o problemas que Malta encontrou foram as

negociações feitas com grupos de trabalhadores, que antes não existiam no país.

(GRECH, 2017)

5.24. Reino dos Países Baixos

O Reino dos Países Baixos, localizado na Europa Ocidental e membro fundador da

União Europeia, possui uma das economias mais fortes do Continente. Os principais

setores são os de transportes e pesca. Assinou o Labour Act assim como os outros

países da Europa, porém não necessita de grandes mudanças, pois a sua situação

atual é estável. Algumas alterações foram a flexibilização das jornadas de trabalho e

a diversificação dos contratos. (VAN HET KAAR, 2017)

5.25. República da Eslovênia

A República da Eslovênia, localizada na Europa Meridional, membro da UE desde

2004 e ex-membro da antiga Iugoslávia, possui uma economia relativamente frágil e,

dentro da UE, é um importante exportador de produtos secundários. Assinou o

Labour Act e desde então vem tentando suprimir o alto índice de desemprego. Para

isso já foram tomadas medidas como a flexibilização das jornadas de trabalho, com

estabelecimento de limites de horas máximas trabalhadas e uma facilitação nas

demissões e contratações. Porém, a nação eslovena ainda sofre de um alto índice

de desemprego que chega aos 10% da população. (MRCELA, 2017)

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5.26. Reino da Dinamarca

O Reino da Dinamarca, localizado na Europa Setentrional, é membro da União

Europeia desde 1973. Possui uma legislação trabalhista um tanto quanto flexível,

porém os direitos dos trabalhadores são garantidos pela força dos sindicatos, que

possuem grande influência no país. Além disso, a nação conta com uma taxa de

desemprego de cerca de 5%. (JØRGENSEN & BÜHRING, 2017)

5.27. República Portuguesa

A República Portuguesa, localizada na Península Ibérica, é membro da União

Europeia desde 1986. No ano de 2008, entrou para a sigla PIGS, que indica os

países mais afetados pela crise global. Apesar da forte crise, hoje é uma das nações

que mais crescem anualmente.

O governo português possui uma política assistencialista, que visa ao bem-estar

social de seus cidadãos, mas a forte legislação trabalhista aparenta repelir os

trabalhadores e não atraí-los. Estudos mostram que diversos portugueses optam por

procurar empregos em países com legislações mais flexíveis. Atualmente, a taxa de

desemprego no país é cerca de 9%. (PERISTA, LIMA & CARRILHO, 2017)

5.28. Polônia

A República da Polônia, localizada na Europa Oriental, é membro da União Europeia

desde 2004. Atualmente, atrai diversas multinacionais que desejam deslocar seu

processo produtivo para países com mão de obra mais barata, fenômeno

fundamental para o crescimento econômico do país, que visa à maior estabilidade

nessa área para poder adotar o euro como moeda. No entanto, isso também

demonstra que trabalhadores poloneses são menos tutelados pelo Estado se

comparado a outros países do bloco. (CZARZASTY & MROZOWICKI, 2017)

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