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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O ESTUDO DA GEOMETRIA ESPACIAL E RECURSOS PEDAGÓGICOS MANIPULÁVEIS: Uma Estratégia para Aguçar o

Interesse e a Criatividade do Aluno.

Sérgio Franco 1

Cesar Pereira 2

RESUMO: O presente artigo externa reflexões relacionadas sobre “O Estudo da Geometria Espacial e Recursos Pedagógicos Manipuláveis: Uma Estratégia para Aguçar o Interesse e a Criatividade do Aluno”, com esse propósito atribui à geometria o seu papel como parte essencial da Matemática. Sua importância é inquestionável, e os estudos feitos nesse artigo apontam soluções para os problemas que surgem com o processo de ensino aprendizagem da Geometria. Para isso, foi levado em consideração pesquisas de vários autores e também, relatos e trocas de experiências entre professores que participaram do GTR, os resultados obtidos na aplicação da “Unidade Didática” na escola e os relatos feitos pelos alunos que participaram da implementação. Dessa forma, o ensino da Geometria Espacial foi conduzido de maneira diferente e atrativo, assegurando ao educando um ensino eficaz, tendo como metodologia a confecção e manipulação de sólidos geométricos, proporcionando um ensino mais acessível e menos abstrato, com uma prática contextualizada e articulada com conceitos, leis e fórmulas. Palavras-chave: Geometria Espacial. Construção do conhecimento. Materiais manipuláveis.

1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve como objetivo o estudo da geometria como parte

essencial da Matemática no desvendamento de problemas encontrados no dia-a-dia

na sala de aula.

O itinerário destas reflexões ensejou um material didático que procurou

fornecer o aporte necessário ao tema escolhido para ser trabalhado, que ressalta “O

Estudo da Geometria Espacial e Recursos Pedagógicos Manipuláveis: Uma

Estratégia para Aguçar o Interesse e a Criatividade do Aluno”.

Assim, esse cenário foi alvo de inúmeras pesquisas que buscaram novas

metodologias para inovar o trabalho realizado em sala de aula e desenvolver uma

prática docente criativa e adequada às necessidades do Colégio Estadual São José

Ensino Médio. (BECKER, 2001).

Tendo em vista essas questões, pretendemos, neste artigo, discutir o

processo de implantação da Unidade Didática com os alunos do Ensino Médio do

Colégio Estadual São José, localizado no município de Tapira, NRE de Umuarama,

tendo como intuito ensinar a geometria espacial de forma dinâmica, diferente,

1 Professor PDE da rede Pública do Estado do Paraná. E-mail: [email protected] 2Mestre em Estatística – UEM. Professor orientador do PDE. E-mail: [email protected]

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atrativa e com a pretensão de assegurar ao educando um modelo educativo eficaz.

E dessa forma, fornecer elementos básicos para a construção das relações

geométricas que possam induzir o aluno a pensar criticamente e construir os

conhecimentos que necessita mediado por uma metodologia alternativa.

Para tanto, os conceitos e propriedades de Geometria Espacial foram

explorados através do uso de materiais manipuláveis, entre eles: os sólidos de

acrílico, material dourado, sólidos geométricos confeccionados pelos alunos e pelo

professor, embalagens de produtos, entre outros, fornecendo assim, condições para

se construir os conceitos básicos de Geometria Espacial.

Seguindo essa metodologia, o ensino da geometria na sala de aula tornou-se

mais acessível e menos abstrato, propiciado por uma prática de ensino

contextualizada e articulada com conceitos, leis e fórmulas que estão conectadas

com a realidade do aluno.

Propondo assim, um ensino modificado com inovações em diversos aspectos,

com alternativas que envolvam conhecimento e pesquisa. Buscando a qualidade da

educação, a conscientização dos profissionais, a necessidade de uma nova postura

e acreditando em uma escola que possa renovar e transformar o modelo de ensino.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Geometria

Estamos imersos num mundo de formas e, para onde quer que se direcione o

olhar, as ideias geométricas estão presentes no mundo, seja na arquitetura, nas

artes, na natureza ou em outras áreas do conhecimento.

Sabe-se que a Geometria, segundo Ferreira (1999, p. 983):

“É a ciência que investiga as formas e as dimensões dos seres matemáticos, ou ainda um ramo da matemática que estuda as formas, plana e espacial, com as suas propriedades, ou ainda, ramo da matemática que estuda a extensão e as propriedades das figuras (geometria Plana) e dos sólidos (geometria no espaço)”.

A palavra, etimologicamente falando, geometria (geo + metria) significa

“medição da terra”. A partir deste conceito, é fundamental reconhecer o que está

presente no mundo físico e visualizar aquilo que é apresentado tridimensionalmente,

para avançar na construção de conhecimentos dentro da geometria e no

entendimento dessas informações visuais.

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Imenes e Lellis (1996) enfatizam que desde o momento em que os seres

humanos começaram produzir Matemática, há milhares de anos, já havia uma

inquietação com as formas geométricas. E reforçam ainda, que “foi a Geometria que

orientou os povos antigos na divisão de terras de cultivo, na construção de vários

objetos e utensílios, nos desenhos que enfeitavam seus tecidos” (1996, p. 28).

De acordo com essa ótica, constata-se que foi a geometria que deu suporte

aos povos antigos na realização de muitas atividades vivenciadas no dia a dia. Com

um olhar mais atento frente a essa questão pode-se comprovar que o homem, ao

observar a natureza e diante da necessidade de fazer registros históricos, era

provocado a construir conhecimentos que explicassem a constituição das mais

variadas formas encontradas ao seu redor.

Dessa forma, fica evidente que os estudos relacionados à Geometria sempre

tiveram grande importância ao longo da história da humanidade, conforme relatam

Barros e Franco (2011, p. 11).

Pinturas antigas3 de cerca de 1200 anos a.C. encontradas em cavernas da

França já mostravam uma compreensão da forma através da descrição

bidimensional dos objetos no espaço, indicando a identificação do homem com o

registro de histórias, ocasiões vividas e talvez a contagem.

As Diretrizes Curriculares de Matemática da Educação Básica do Estado do

Paraná (PARANÁ, 2008, p. 38) também evidencia isso quando destaca que:

Há menções na história da Matemática de que os babilônios, por volta de 2000 a.C., acumulavam registros do que hoje podem ser classificados como álgebra elementar. Foram os primeiros registros da humanidade a respeito de ideias que se originaram das configurações físicas e geométricas, da comparação das formas, tamanhos e quantidades.

Atualmente, de um modo geral, o indivíduo na prática das suas atividades

diárias necessita ainda mais dos saberes geométricos para facilitar a construção de

ferramentas que potencializem o desempenho das mais variadas funções que

surgem no decorrer da sua vida.

As formas geométricas estão presentes no dia-a-dia de cada um, tanto nas

embalagens dos produtos, como na arquitetura das casas e edifícios, na planta de

terrenos, no artesanato e na tecelagem, nos campos de futebol e quadras de

esportes, nas coreografias das danças e até na grafia das letras. 3 Figuras encontradas nas cavernas da França, em formas geométricas.

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Isso comprova a relevância da construção desses conhecimentos

geométricos, que sem dúvida serão subsídios para o entendimento da Matemática e

também para sua aplicação em outras áreas do conhecimento.

Na visão de Lorenzato (1995), a geometria tem função essencial na formação

dos indivíduos, pois possibilita uma interpretação mais completa do mundo, uma

comunicação mais abrangente de ideias e uma visão mais equilibrada da

Matemática.

Por outro lado, a prática dos seus estudos desenvolve o raciocínio visual e

habilidades para resolver as diferentes situações da vida que necessitam de

conhecimentos geométricos.

Além disso, esses conhecimentos também podem ser utilizados como fator de

compreensão e resolução de questões de outras áreas de conhecimento humano,

conforme mencionado anteriormente.

Essas afirmações são exemplos claros, de como esses conhecimentos

podem fornecer subsídios indispensáveis para explicar a tão difundida visão do

progresso dentro do campo da Geometria. Para Pavanello (2004, p. 4) “a geometria

apresenta-se como um campo profícuo para o desenvolvimento da capacidade de

abstrair, generalizar, projetar, transcender o que é imediatamente sensível”.

Dessa forma, a geometria pode ser considerada uma importante ferramenta,

para a investigação e inter-relação do ser humano com o espaço em que vive, sendo

considerada como parte concreta da matemática e ligada com a realidade do

indivíduo em todos os momentos da sua existência.

O Ensino da Geometria

Sabe-se que o ensino da Geometria há muito tempo vem apresentando sérios

problemas quanto ao seu ensino, principalmente no que diz respeito à transmissão e

compreensão dos seus conceitos. Professores vivem em constantes batalhas

tentando descobrir mecanismos que invertam essa situação. Sabe-se, também, que,

no ensino da Geometria, uma das maneiras mais interessantes de se trabalhar é

fazendo demonstrações por meio de atividades alternativas, diversificando as aulas

e reforçando as práticas tradicionais que usam somente quadro, giz, livro didático e

exposição verbal do conteúdo.

Como o professor é um dos grandes responsáveis pela aprendizagem dos

alunos, evidencia-se então a necessidade de se desenvolver práticas pedagógicas,

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diversificadas, de forma a incentivar a curiosidade, o interesse pela experimentação

e a participação crítica do aluno, criando estratégias que o auxilie no trabalho frente

às dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos na sala de aula.

Para tanto, o ensino da Geometria foi conduzido de forma concreta, criando

mecanismos para minimizar as deficiências e dificuldades existentes no processo,

facilitando a compreensão e aplicação de seus conceitos.

O material concreto é um instrumento viável para mediar a articulação de

passagem dos objetos do mundo físico para o mundo das ideias, ou vice-versa, e,

ainda, para auxiliar os alunos a pensarem na maneira como eles interagem e

interpretam as diferentes situações geométricas e suas representações simbólicas

(CUNHA, 2009).

Por meio da utilização desses materiais e situações concretas, os estudantes

tiveram a possibilidade de ampliar e desenvolver novos conhecimentos.

E desse modo, esclareceram ideias abstratas, o que facilitou a comunicação e

o pensamento matemático, possibilitando sua inter-relação com situações do

cotidiano, de acordo com a realidade do meio onde estão inseridos.

Outra alternativa que teve sucesso na reversão de problemas foi a construção

do conhecimento de maneira lúdica, possibilitando o uso de metodologias que

promoveram o ensino por meio da interação com colegas e com o professor,

oferecendo condições para a apropriação dos conteúdos.

Assim, tiveram condições para testarem suas descobertas e elaborarem

conjecturas e possíveis demonstrações, que servirão de suporte para o

desenvolvimento prático das atividades diárias que surgirem dentro ou fora da sala

de aula, visto que o Ensino da Geometria nas salas de aula, conforme pesquisas,

vêm sendo realizado, em geral, de forma abstrata, utilizando-se uma prática de

ensino desarticulada e descontextualizada com conceitos, leis e fórmulas muito

abstratas e desconectadas da realidade do aluno.

Provavelmente, a principal dificuldade para se efetivar com sucesso o ensino

da Geometria é a falta de modelos tridimensionais adequados e variados o suficiente

para que os alunos possam manipular e, mais claramente, visualizar conceitos e

propriedades.

E ainda, visto que o ensino da Geometria em todas as séries é uma tarefa

que requer uma atenção especial, daí nasceu a idéia de fazer isso por meio do uso

de materiais manipuláveis.

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Com o propósito de enfocar a Matemática dos livros didáticos com um olhar

diferenciado, de modo que os estudantes possam compreendê-la, apropriando-se de

seu significado, é que os materiais manipuláveis foram utilizados enquanto

mediadores do processo de ensino aprendizagem. Lorenzato (2009, p.22) acredita

que “para se chegar ao abstrato, é preciso partir do concreto”.

As estratégias metodológicas fizeram com que o objeto de estudo tivesse

mais significado para os alunos, colaborando para criar em sala de aula um

ambiente onde o professor pudesse problematizar e estimular a investigação de

diferentes situações que envolviam os conhecimentos geométricos, considerando a

sua utilização nos diferentes contextos da vida.

Na visão de Fainguelernt (1995, p. 46):

“o ensino da Geometria não deve ser reduzido à mera aplicação de fórmulas e de resultados estabelecidos por alguns teoremas, sem a preocupação da descoberta de caminhos para sua demonstração, como também para dedução de suas fórmulas”.

Foi com esse olhar que esse trabalho veio propor a professores uma

metodologia diferenciada ao ensinarem o conteúdo de Geometria Sólida.

A preocupação com esse tema de estudo se deu, visto às dificuldades

apresentadas pelos alunos em entender seus conceitos, comprometendo seu

desempenho estudantil por não dominarem com segurança os conceitos

geométricos. Além disso, a natureza está repleta das mais variadas formas

geométricas, necessitando dos saberes geométricos para serem compreendidas.

Portanto, para compreender o mundo a nossa volta, precisamos conhecer os

conceitos e elementos que a Geometria nos oferece.

Lorenzato (1995) acredita que a geometria tem função essencial na formação

dos indivíduos, pois possibilita uma interpretação mais completa do mundo, uma

comunicação mais abrangente de ideias e uma visão mais equilibrada da

Matemática.

Por outro lado, a prática dos seus estudos desenvolve o raciocínio visual e

habilidades para resolver as diferentes situações da vida que necessitarem de

conhecimentos geométricos. Iezzi, Dolce e Machado (2005, p. 83) reforçam que:

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“no mundo de hoje as inúmeras obras de engenharia, arquitetura, artes plásticas, etc., mostram a imensa quantidade de forma que o homem desenvolveu, partindo do conhecimento geométrico”.

Para tentar superar os problemas que permeiam o ensino da geometria e

elaborar alternativas que busquem minimizar as dificuldades encontradas na

abordagem desse tema, as Diretrizes Curriculares de Matemática da Educação

Básica do Estado do Paraná asseguram ao professor diversas tendências que vêm

se destacando, como forma de proporcionar ao aluno uma aula mais motivadora e

interessante. Dentre elas, a Resolução de Problemas, que se destaca por se tratar

de uma metodologia em que o estudante tem oportunidade de aplicar

conhecimentos matemáticos adquiridos em novas situações, de modo a resolver a

questão proposta.

Segundo as Diretrizes, (PARANÁ, 2008, p. 63), “O professor deve fazer uso

de práticas metodológicas para a resolução de problemas, como exposição oral e

resolução de problemas. Isso torna as aulas mais dinâmicas e não restringe o

ensino de Matemática a modelos clássicos”.

As Diretrizes (PARANÁ, 2008, p. 63) enfatiza ainda que:

Cabe ao professor assegurar um espaço de discussão no qual os alunos pensem sobre os problemas que irão resolver, elaborem uma estratégia, apresentem suas hipóteses e façam o registro da solução encontrada ou de recursos que utilizaram para chegarem ao resultado. Isso favorece a formação do pensamento matemático, livre do apego às regras.

A resolução de problemas possibilitou a compreensão dos argumentos

matemáticos e ajudou a vê-los como um conhecimento passível de ser apreendido

pelos sujeitos do processo de ensino aprendizagem apresentando uma forma de

construção do conhecimento que desenvolve de maneira natural, facilitando o

entendimento e as relações com o cotidiano do aluno em situações reais.

Os conceitos e propriedades de Geometria Espacial foram explorados através

da Tendência Metodológica – Resolução de Problemas - buscando suporte nos

materiais manipuláveis.

A metodologia utilizada teve como objetivo proporcionar aos alunos um

ensino que permite relacionar os conhecimentos geométricos com objetos de seu

cotidiano através da observação, confecção e manipulação.

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Pretendendo ainda, criar um ambiente de discussões, em que o aluno pode

expor e discutir suas hipóteses, participando de forma ativa nas atividades

oferecidas no decorrer do trabalho, proporcionando-lhe oportunidades para que

consiga, através do uso de materiais concretos, testar suas hipóteses, apresentar

possíveis soluções e entender as abstrações geométricas.

Deste modo, se torna imprescindível repensar a prática docente e,

principalmente, os métodos de proposição das atividades e conteúdos aos

estudantes, buscando ampliar o leque de experiências destes na escola, priorizando

sempre o conteúdo de geometria e tratando-o com mais seriedade, visando não

deixá-lo no esquecimento.

É nesse sentido que se confirma a relevância de um projeto que abordou o

ensino da geometria por meio de materiais pedagógicos manipuláveis, possibilitando

aos alunos condições de desenvolver o conhecimento de maneira prazerosa por

meio de uma prática pedagógica diferenciada, o que não se verifica nos métodos de

ensino tradicionais.

Assim, o desenvolvimento desse projeto no qual foi trabalhado a geometria

espacial utilizando como ferramenta principal materiais didáticos manipuláveis, foi de

grande valia para o processo ensino aprendizagem, pois essa prática alicerçou e

forneceu suportes para o desenvolvimento da capacidade de observar, analisar,

interpretar, comprovar e fundamentar conclusões. Neste sentido, as dificuldades

apresentadas no que se referem à construção dos conceitos geométricos foram

solucionadas ao longo da implementação da “Unidade Didática”, melhorando a

qualidade do ensino.

Sólidos de Acrílico

São formas geométricas confeccionadas em acrílico, contendo os poliedros

convexos regulares, que permitem a visualização dos tipos e números de faces,

número de arestas, bem como o número de vértices, sólidos de revolução, prismas,

pirâmides, esfera. Possuem uma cavidade para a entrada de líquido que permite

estudar analisando a capacidade e volume. Proporciona uma visualização

tridimensional dos sólidos, tornando mais eficiente o processo de ensino-

aprendizagem no estudo da geometria espacial.

Os sólidos em acrílico também são ótimos para a dedução dos elementos

internos como alturas, diagonais, sólidos inscritos, além das comparações de

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volumes, por apresentarem aberturas que permitem o preenchimento com areia ou

líquidos. O uso desse material facilita a compreensão dos conceitos geométricos,

isso ocorre por meio de experimentos e demonstrações.

Figura: 01 Fonte: arquivo do autor

Embalagens

As embalagens são recursos criados pelo homem para transportar, conservar

e estocar alimentos, eram confeccionados em barro, madeira e tecido. Com o passar

dos tempos surgiram as embalagens coloridas, para aumentar o poder de atração

dos produtos. Para verificar os mais variados tipos de embalagens basta entrar em

um supermercado.

Atualmente, pesquisas e estudos na confecção4 de embalagens vêm sendo

feitas e já surgiram vários tipos. Hoje os produtos são armazenados em embalagens

para proteger, vender e atrair.

Para o ensino da Geometria Sólida pode-se utilizar embalagens, pois nelas é

possível encontrar vários sólidos geométricos representados, seja nos formatos ou

na capacidade que possui na embalagem do produto, sempre existem conceitos e

elementos geométricos presentes. Uma caixa de sabão em pó, uma embalagem de

4 Disponível em: Twede, Diana. - Materiais para embalagem: São Paulo: Editora Blucher 2009.

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leite, um bloco de cimento, algumas caixas de remédio, uma lata de óleo, são

exemplos de objetos com os quais lidamos no dia a dia, cuja forma se associa a um

sólido geométrico.

Usando embalagens, se pode trabalhar os conceitos de arestas, vértices,

áreas e volumes, relacionando os objetos que são visualizados no dia a dia com os

modelos teóricos da Geometria Espacial, tais como: prismas, pirâmides, cilindros e

assim por diante.

Figura: 02 Fonte: arquivo do autor

Material Dourado

O Material Dourado foi criado por Maria Montessori (1870-1952). Quando

encarregada da educação de crianças com deficiências, verificou que elas

aprendiam mais pela ação do que pelo pensamento, desenvolveu então um método

e material apropriado de ensino (PACHECO, 2002). Sua experiência foi muito bem-

sucedida e Montessori concluiu que método semelhante poderia ter êxito com

crianças normais.

O Material Dourado Montessori destina-se a atividades que auxiliam o ensino

e a aprendizagem do sistema de numeração decimal-posicional e dos métodos para

efetuar as operações fundamentais.

Com o Material Dourado as relações numéricas abstratas passam a ter uma

imagem concreta, facilitando a compreensão. Obtém-se, então, além da

compreensão das operações fundamentais, um notável desenvolvimento do

raciocínio e um aprendizado bem mais significativo.

O Material Dourado faz parte de um conjunto de materiais idealizados pela

médica e educadora italiana Maria Montessori.

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O nome Material Dourado era conhecido como Material das Contas

Douradas, como era conhecido, pois inicialmente a sua forma eram contas

douradas.

Hoje temos esse material nas escolas como auxílio também no ensino da

geometria. O uso desse material ajuda o aluno a adquirir conceitos básicos sobre

volume, área, e desenvolve o raciocínio espacial. Além disso, desperta o interesse

pela participação ativa dos estudantes na manipulação de objetos.

Figura: 03 Fonte: arquivo do autor

Sólidos geométricos artesanais

São ideias de figuras geométricas construídas normalmente em cartolina,

madeira, papel-cartão, EVA, canudos de refrigerante (esqueleto dos sólidos) ou

materiais transparentes. Esses materiais são importantes no ensino da Geometria

Sólida, pois o momento da construção dos poliedros é sempre muito rico pelas

explorações que podem ser realizadas em relação aos elementos básicos das

figuras construídas. Além disso, o diálogo entre alunos e professor pode auxiliar na

passagem das experiências concretas para o raciocínio matemático abstrato. A

confecção e utilização dessas figuras desenvolvem novas habilidades e ao mesmo

tempo, noções geométricas importantes.

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Figura: 04 Fonte: arquivo do autor

3 - IMPLEMENTAÇÃO

Este projeto foi desenvolvido com os alunos do Ensino Médio do Colégio

Estadual São José, do município de Tapira, estado do Paraná, teve o intuito de

ensinar a geometria espacial de forma dinâmica, diferente e atrativa com objetivo de

assegurar ao educando um ensino eficaz. Fornecer elementos básicos para a

construção das relações geométricas que possam induzir o aluno a pensar

criticamente e construir conhecimentos que necessita, mediado por um aprendizado

significativo, para que, dessa forma, possa alcançar os objetivos propostos neste

trabalho. Para tanto, os conceitos e propriedades de Geometria Espacial foram

explorados através do uso de materiais manipuláveis. Ainda foi criado na sala de

aula um ambiente de discussões, onde o aluno pode expor e discutir suas hipóteses,

participando de forma ativa nas atividades oferecidas no decorrer do trabalho,

proporcionando-lhe oportunidades para que conseguisse, através do uso de

materiais concretos, testar suas hipóteses e entender as abstrações geométricas.

4 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Este trabalho foi direcionado pela seguinte pergunta: “Como propor o ensino

da Geometria Espacial de maneira diferente e atrativa, de forma a assegurar ao

educando um ensino eficaz que forneça elementos básicos para a construção das

relações geométricas que possam induzi-lo a pensar criticamente e construir os

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conhecimentos que necessita?” Sendo necessário para isso o estudo reflexivo da

temática apresentada na implementação e no GTR.

As reflexões realizadas e os resultados obtidos reforçaram a importância

deste estudo, a qual sempre considerou significativa para o professor e o processo

ensino aprendizagem. É importante destacar que são muitos caminhos que podem

ser percorridos e estudados, buscando o sucesso profissional e do processo de

ensino aprendizagem.

Os participantes do GTR conheceram os temas pesquisados e através de

atividades virtuais fizeram análises dos textos, tendo a oportunidade de socializar as

ideias com os outros colegas, aprimorando o conhecimento do tema estudado,

contribuindo com depoimentos e experiências realizadas na escola de atuação.

Os participantes relataram dificuldades e angústias que foram compartilhadas,

várias experiências foram trocadas, a fim de construir propostas significativas e

viabilizar alternativas ao processo de ensino aprendizagem.

Educar é um processo gradativo que envolve o trabalho coletivo de todos os

segmentos da escola com novos métodos, ultrapassando as dificuldades do

caminho, com objetivo único de juntar forças em prol da educação.

É importante destacar que os resultados obtidos na realização do GTR, foram

muito significativos para todos os participantes. Ficou claro que no processo ensino

aprendizagem, não existe uma fórmula mágica para ensinar e aprender, que as

dificuldades são semelhantes, nos diversos estabelecimentos públicos de educação,

mas que é possível compartilhar os conhecimentos e administrá-los com os alunos.

Contudo, a ideia de compartilhar os conhecimentos foi muito significativa, e as

contribuições foram pertinentes. Pôde ser observado que, por meio dos relatos dos

professores que o ato de ensinar sempre requer persistência, não importa a quem,

como, e onde se está ensinando. Sempre temos que enfrentar desafios, seja por

dificuldades de aprendizagem ou por falta de subsídios. Isso sempre acontece

porque trabalhamos com seres humanos e esses necessitam de atendimento

individualizado. Cabe a nós professores buscar mecanismos e construir

conhecimentos para atender com eficiência aqueles que tanto necessitam de nós.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A matemática é tão ligada ao ser humano que não se pode imaginar o

indivíduo sem sua presença no dia-a-dia, qualquer um que seja, usa-a mesmo sem

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perceber, sem dar nome ao seu teor, sua importância não se nega. Nossos alunos

muitas vezes não conseguem identificar, como no caso da geometria, aspectos de

suma relevância em suas vidas.

O ensino da matemática hoje envolve procedimentos e ferramentas que em

muitos casos dificultam o entendimento do aluno. O uso do material manipulável no

estudo, além de tornar as aulas de matemática mais interessantes e agradáveis,

busca também a melhor compreensão do conteúdo por parte do aluno.

As atividades presentes nos livros didáticos não conseguem contemplar a

geometria nos aspectos manipuláveis, concretos, abstratos e intuitivos. Cabe a nós

professores, buscar recursos didáticos que contemplem tais aspectos. A

contextualização da geometria espacial é fundamental para a construção de

conceitos geométricos e a compreensão da aplicabilidade desta no cotidiano.

Quando utilizamos materiais manipuláveis o aluno é capaz de sentir, tocar,

manipular, movimentar, extrair, organizar e sintetizar seus atributos. Sendo assim

com a mediação do professor, que é imprescindível, e a manipulação dos objetos o

aluno será capaz de compreender conceitos e relacioná-los com o mundo em que

vive.

Notamos que cada vez mais devemos utilizar projetos que possam melhorar o

ensino da matemática, sendo a geometria uma das áreas mais fáceis de se

contextualizar, se deve iniciar a aprendizagem nos primeiros anos de ensino para

que o aluno adquira noções dos conceitos desde bem cedo.

O GTR oportunizou diálogos e reflexões. Foi sem dúvida, um trabalho muito

gratificante, houve aprendizagem, buscas e trocas de conhecimentos e ideias novas.

Permitiu-nos constatar que são muitos os desafios e limitações no trabalho dos

professores.

Pode-se, também, considerar que o Grupo de Estudos em Rede, não só

levantou as causas, mas encontrou possíveis alternativas para atrair os alunos como

verdadeiros sujeitos no processo de ensino aprendizagem, isso foi de suma

importância para o crescimento coletivo dos envolvidos e o bom desenvolvimento

dos trabalhos na sala de aula.

Neste sentido, o professor precisa refletir o processo de ação reflexão-ação, e

tomar consciência, de que não pode parar no tempo, que o conhecimento que

possui não deve ser descartado, mas sim associado ao novo, promover mudança

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quanto educador, que seu refletir sobre seu agir seja constante, podendo modificar

sua ação em prol de uma educação de qualidade.

Portanto, concluímos que não existe nada pronto ou acabado, tudo é uma

constante redescoberta, devemos dar continuidade ao que já existe com novas

estruturas de sustentação. Sendo assim, o estudo da temática apresentada visou

contribuir com os professores na melhoria e no sucesso do seu trabalho. Ficou clara

a necessidade de estudos complementares ao bom desenvolvimento do processo

ensino aprendizagem nas escolas públicas.

REFERÊNCIAS

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