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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Alimentos Bons para o Cérebro: sugestões de atividades para a

promoção da saúde de estudantes do ensino médio

Roberta da Silva Cassanho1 Dulce Dirclair Huf Bais2

Resumo – Este artigo da implementação de um projeto de intervenção pedagógica

sobre alimentos bons para o cérebro, entre alunos do ensino médio, em um colégio da rede estadual de ensino do Paraná. O objetivo geral do projeto de intervenção pedagógica consistiu em apontar encaminhamentos através da sugestão de atividades que pudessem auxiliar na otimização e sensibilização dos estudantes sobre a importância de se ter uma alimentação saudável, com ênfase para os alimentos bons para o cérebro. Os alunos foram convidados a analisar imagens de alimentos e emitir a opinião pessoal quanto aos alimentos serem saudáveis ou não. Posteriormente, a análise foi repetida, mediante o reconhecimento de nutrientes bons para o cérebro, seguida pelo preparo e degustação de alimentos saudáveis. Trabalhar o assunto em questão deve fazer parte dos conteúdos trabalhados na escola, sendo o local de produção do conhecimento, os sujeitos que participam desse processo devem não somente adquirir conteúdos e sim utilizá-los para tornar sua vida melhor também se tornando um agente de transformação social. Palavras-chave: Alimentação saudável; dieta; cérebro.

Introdução

O cérebro se constitui em órgão essencial para o processo cognitivo. Desse

modo, os estudantes dependem das condições funcionais do cérebro para o estudo

e a aprendizagem. Sabe-se que o papel da alimentação é fundamental na

preservação das funções cerebrais e que estas apresentam melhores condições de

funcionamento entre as pessoas que desenvolvem o cuidado na escolha dos

alimentos, visando alimentos saudáveis. Algumas vitaminas e minerais, quando

consumidos de maneira adequada e em quantidades suficientes, melhoram as

conexões entre as células cerebrais (neurônios), para que estas possam funcionar

adequadamente.

1 Especialista em Ciências Naturais. Licenciada em Biologia. Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, no ensino fundamental e médio, nas disciplinas de Ciências e Biologia. 2 Doutora em Educação. Professora adjunta do Departamento de Teoria e Prática de Ensino do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.

Na construção do conhecimento dos aprendizes, através dos conteúdos das

disciplinas, concorrem tanto os fatores ditos externos, como aqueles determinados

pelo regime sociopolítico, religião, família, trabalho, quanto as características sociais

e culturais do público escolar, além dos fatores específicos do sistema educacional

como os níveis de ensino, entre outros. Além desses fatores, estão os saberes

acadêmicos trazidos para os currículos escolares e neles tomando diferentes formas

e abordagens em função de suas permanências e transformações. (PARANÁ, 2008,

p. 19 e 20).

O projeto sobre alimentos bons para o cérebro veio demonstrar a

necessidade de se trabalhar tal assunto nas escolas. A implementação deste projeto

ocorreu no Colégio Estadual Hasdrubal Bellegard, tendo como participantes 35

alunos do 1º ano do ensino médio. Foi realizado um diagnóstico, através da

apresentação de imagens sobre alimentação saudável e ‘fast food’3. Após a análise

das imagens, os alunos relataram qual dos alimentos apresentados eles escolheriam

consumir no dia-a-dia de cada um. Cerca de 80% dos alunos afirmaram que

escolheriam o ‘fast food’, reconhecendo também que não se alimentavam

adequadamente devido a falta de tempo ou pela praticidade dos alimentos

industrializados já prontos ou pré-cozidos. Sabe-se que tal comportamento resulta

da forte influência das mídias e da vida moderna, induzindo pais, mães e familiares a

optarem pelo ‘fast food’ como alternativa à falta de tempo. Assim, esse hábito

adquirido é levado muitas vezes para toda a vida.

A escola é um espaço ideal para o desenvolvimento de ações voltadas à

promoção de bons hábitos de saúde, incluindo a alimentação saudável vinculada à

prática de atividade física. Assim, a inserção desses temas como componentes

transversais aos currículos do ensino infantil, fundamental e médio pode dar

sustentabilidade às iniciativas de educação em saúde (BRASIL, 2006).

Dietas inadequadas afetam diretamente a saúde de maneira geral e com o

cérebro não é diferente. O consumo de calorias vazias e ‘junk food’4 prejudica o

cérebro em todas as idades. A adolescência é o período em que o organismo está

3 Se traduzida, literalmente, do inglês para o português, significa: comida rápida. No uso convencional, a expressão está relacionada a alimentos preparados e servidos em curto intervalo de tempo, na maioria das vezes, na forma de sanduíches, pizzas ou frituras. 4 Se traduzida, literalmente, do inglês para o português, significa: comida lixo. Na sociedade atual, a expressão é usada para se referir a alimentos com alto teor calórico, sódico ou de aditivos alimentares.

em desenvolvimento e a saúde pode ser afetada devido à alimentação inadequada,

resultando em consequências ruins para toda a vida.

Diversas atividades foram realizadas com o intuito de sensibilizar os alunos

participantes do projeto sobre a importância de se ter uma alimentação saudável,

com ênfase para os alimentos bons para o cérebro, incluindo a leitura de textos com

variadas informações e atividades mobilizadoras e motivadoras para que a

assimilação alcançasse todos os alunos nas suas peculiaridades. Durante o projeto,

houve a participação ativa dos alunos em todas as atividades realizadas que, por

sua vez, foram planejadas e demonstraram ser estimulantes para que o

aproveitamento discente fosse total.

A mudança nos hábitos alimentares foi logo percebida, através de

comentários sobre sua vida em casa e também na hora do intervalo. Alunos que

antes se alimentavam de qualquer maneira passaram a refletir sobre os

conhecimentos adquiridos no projeto desenvolvido e assim fazerem melhores

escolhas dos alimentos.

Fundamentação Teórica

As políticas de saúde reconhecem o espaço escolar como local privilegiado

para práticas promotoras de saúde preventivas e de educação para a saúde. O

Programa Mais Educação, instituído pela Portaria Interministerial n. 17/2007

(BRASIL, 2007a) e regulamentado pelo Decreto n. 7.083/10 (BRASIL, 2010),

envolvendo os Ministérios da Educação, da Cultura, do Esporte e do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome, constitui uma “estratégia do governo

federal para a promoção da educação integral no Brasil contemporâneo, (...)

pressupõem uma relação da aprendizagem para a vida, uma aprendizagem

significativa e cidadã”, tendo a promoção da saúde como um dos seus

macrocampos (BRASIL, 2007b, p. 5).

Fazendo a interface com o sistema de saúde, o Programa Mais Educação,

associado ao Programa Saúde na Escola (PSE), torna a escola o ambiente propício

para educação em saúde, tendo a educação alimentar como fator de destaque. O

PSE, por sua vez, é um programa interministerial, estabelecido através do Decreto

n. 6.286/2007 (BRASIL, 2007c), envolvendo os Ministérios da Saúde e da Educação,

“com a finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede

pública de Educação Básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção

à saúde”. (BRASIL, 2009, p.12). Nos objetivos do PSE, a educação alimentar está

contemplada no objetivo que versa sobre a “comunicação entre escolas e unidades

de saúde, assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos

estudantes”, considerando que os hábitos alimentares correspondem diretamente ao

padrão de saúde da pessoa (BRASIL, 2009, p. 12-13).

O objetivo básico da educação alimentar na escola consiste em incorporar o

conhecimento sobre os alimentos nos conteúdos curriculares, de forma significativa,

contribuindo no desenvolvimento de escolhas de alimentos compatíveis com saúde.

Muitas vezes, isso pode significar alunos fazendo escolhas diferentes das escolhas

ou gostos de seus familiares e amigos.

Através do conhecimento associado à prática, é possível favorecer a

formação de bons hábitos alimentares, intervir e firmar um suporte social no

fornecimento dos alimentos, bem como, um fortalecimento das questões ambientais

vinculadas à qualidade dos alimentos disponíveis para o consumo diário, a fim de

que os alunos do presente assumam comportamentos saudáveis duradouros,

tornando-se adultos mais saudáveis.

Além do conhecimento, compreendido nas disciplinas de biologia e química,

sobre os alimentos e sua relação com a saúde das populações, a análise dos fatores

psicológicos e sociais determinantes dos hábitos, preferências e costumes

alimentares contribuem para o enriquecimento dos conteúdos a serem

desenvolvidos na educação alimentar. Cada agente da educação em saúde pode

ajudar no desenvolvimento de hábitos e de estilos de vida que favoreçam a

alimentação saudável através da compreensão progressiva dos efeitos da forma

como as pessoas comem, sobre sua saúde mental, atitudes, crenças e valores

(WEINSTEIN & ROSEN, 2003, p.67).

O principal desafio das intervenções visando a mudança e a incorporação de

hábitos alimentares saudáveis seria o de promover de forma competente, o acesso à

informação, incrementando o conhecimento para o autocuidado e, ainda, o contato e

a experimentação de alimentos que sejam de fácil acesso e preparo

simultaneamente, saudáveis e agradáveis aos sentidos, proporcionando prazer e

respeitando a cultura dos indivíduos e de seu grupo social (BRASIL, 2009, p.29).

Alimentação Saudável

A “alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que

tenham significado social e cultural. Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e

textura e todos esses componentes precisam ser considerados na abordagem

nutricional”. (BRASIL, 2008, p.15). A figura 1 retrata a amplitude da educação

alimentar, conforme pretendidos nos Programas Mais Educação e PSE.

FIGURA 1- AMPLITUDE DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR FONTE: http://cuidandodesi.files.wordpress.com/2011/01/mapa-conceitual-alimentac3a7c3a3o-natural1.png

A promoção da alimentação saudável exige conhecimento sobre os nutrientes

requeridos pelo corpo humano no desempenho das suas atividades voluntárias e

involuntárias, cuja energia provém dos alimentos ingeridos (WEINSTEIN & ROSEN,

2003, p. 69). É preciso considerar que,

os nutrientes são importantes; contudo, os alimentos não podem ser resumidos a veículos deles, pois agregam significações culturais, comportamentais e afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Portanto, o alimento como fonte de prazer e identidade cultural e familiar também é uma abordagem necessária para a promoção da saúde (BRASIL, 2008, p. 15).

Uma alimentação saudável pretende o fornecimento diário de todos os

nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. Assim, de acordo com

o Guia Alimentar da População Brasileira,

A alimentação saudável deve fornecer água, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os quais são insubstituíveis e indispensáveis ao bom funcionamento do organismo. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico ou grupo deles isoladamente, é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e consequente manutenção da saúde (BRASIL, 2008, p.23).

Didaticamente, os alimentos, de acordo com as funções dos seus nutrientes,

podem ser classificados em energéticos, construtores e reguladores. Os

carboidratos e os lipídios constituem os alimentos energéticos, as proteínas são os

alimentos construtores ou plásticos e as vitaminas e os sais minerais compõem o

grupo de alimentos reguladores. Ao mesmo tempo, é preciso considerar que

nenhum alimento é constituído isoladamente por um único nutriente. Desse modo,

mesmo os alimentos predominantemente proteicos, reconhecidos como alimentos

construtores ou plásticos, possuem valor energético, o mesmo acontecendo com

outros nutrientes.

Possibilidades concretas para as ações de educação alimentar e nutricional

no ambiente escolar precisam ser desenvolvidas, mediante ações integradas da

educação e da saúde. Tais possibilidades, entre outras, envolvem a integração de

conteúdos curriculares, o conhecimentos dos diferentes tipos de alimentos, o

reconhecimentos dos nutrientes alimentares e as suas funções, a realização de

oficinas culinárias em parceria com a comunidade escolar, a melhoria da qualidade

nutricional e sanitária das refeições e lanches ofertados na escola e a restrição da

venda e publicidade de alimentos ricos em açúcar, gorduras e sal nas cantinas

escolares (BRASIL, 2009, p.49-50).

Alimentos Bons para o Cérebro

Conforme escreve Lopes (2014), contrariando o que era afirmado até a última

década do Século XX, a comunidade científica descobriu que neurônios se

reproduzem ao longo da vida, originando novas células. Tal processo, “chamado de

neurogênese, pode ser estimulado através de alimentos, garantindo a atividade de

funções nobres, como a capacidade de memorizar e raciocinar”.

A partir de então, foram muitas as descobertas sobre nutrientes que

favorecem a neurogênese, tais como: o benefício da alimentação enriquecida com

colina, nutriente presente na gema de ovo; a glutamina contida na clara de ovo,

essencial para constituir o DNA, ou seja, o material genético de novas células na

massa cinzenta. Outra substância boa para a atividade cerebral é o ômega 3, ácido

graxo que favorece a neurogênese e protege os neurônios já existentes. Este

nutriente pode ser encontrado em peixes, como salmão, sardinha, atum.

É importante também equilibrar a dieta com proteínas, gordura e carboidrato,

uma vez que o cérebro gasta grande quantidade de glicose. Grãos integrais

representam uma boa fonte de energia que, por conter índice glicêmico baixo,

liberam o açúcar que possuem lentamente, proporcionando energia estável para o

cérebro por longo tempo. Frutas e vegetais amarelos também são indicados, pois

são fontes de betacaroteno, antioxidante eficaz contra o envelhecimento celular.

Outras fontes de antioxidantes são: frutas vermelhas e castanhas, como nozes,

amendoim, avelã. Além disso, as carnes, os grãos integrais, o leite e seus derivados

são fontes de vitamina do complexo B, que auxilia a regulação da transmissão entre

os neurônios.

O consumo equilibrado do chocolate também constitui hábito presente entre

aqueles que têm o cuidado de ingerir alimentos bons para o cérebro. Tal fato se

deve ao leite contido no chocolate, alimento rico em vitamina D, importante para a

memória, e os flavonoides do chocolate que aumentam o desempenho cerebral,

melhorando o humor e a atenção das pessoas.

Droge5 (2002, apud SAIG & SILVA, 2009), ao estudar o efeito dos radicais

livres no controle das funções celulares, destaca que o consumo de antioxidantes

como os flavonoides presentes em vários alimentos de origem vegetal, incluindo o

chá verde, diminui a incidência de doenças relacionadas ao estresse oxidativo

(desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes), tais como o aparecimento

de doenças e agravos não transmissíveis, relacionados a doenças cardiovasculares,

alterações neurodegenerativas, câncer, obesidade e suas comorbidades.

5 DROGE, W. Free radicals in the physiological control cell function. Physiological Reviews, [S.l.], v.

82, p. 47-95, 2002.

Metodologia

No desenvolvimento deste projeto de intervenção pedagógica, os alunos do

1° ano do ensino médio, de colégio da rede estadual de ensino, foram convidados a

participar do projeto que versava sobre os alimentos bons para cérebro,

relacionando-os com os hábitos alimentares pessoais e buscando a fundamentação

científica com base nos conteúdos da disciplina de biologia.

A primeira atividade realizada foi a análise de duas imagens: uma sobre

alimentação saudável e outra sobre ‘fast food’. Após a análise das mesmas, os

alunos responderam a perguntas como qual delas eles escolheriam como opção

alimentar no seu dia-a-dia. A maioria dos alunos afirmou que escolheria o ‘fast food’,

pela falta de tempo ou pela praticidade e rapidez.

A segunda atividade foi a leitura e a análise de dois textos que remetiam ao

tema do projeto. O texto 1 intitulado “os princípios da boa alimentação” e o texto 2

“alimentos bons para o cérebro” foram lidos em dupla de alunos para oportunizar a

compreensão, a análise e a criticidade às informações contidas nos textos. Esta

atividade trouxe resultados bastante positivos, no sentido de desenvolver a

capacidade da leitura, da interpretação de textos e da expressão de análise crítica

escrita e oral.

A terceira atividade, intitulada “aprendendo alimentação saudável através de

vídeos”, consistiu na projeção de vídeos selecionados previamente, com a finalidade

de reforçar parte do conteúdo já lido e discutido nas duplas de alunos. Os vídeos

versaram sobre o cérebro e o seu funcionamento e as influências de determinados

alimentos nas funções cerebrais. Após a projeção dos vídeos foi realizado um

debate sobre os conteúdos apresentados, resultando em diversas contribuições por

parte dos estudantes.

A quarta atividade foi a análise do documentário “Muito além do peso”,

através do qual os alunos listaram os fatores que levam à obesidade e o papel da

família nesse processo.

A quinta atividade consistiu em “moldando a neurotransmissão”, na qual

foram produzidas maquetes de neurônios e a respectiva neurotransmissão, após

pesquisa sobre o funcionamento do neurônio e mediadores químicos. Na sequência,

foi desenvolvida a pesquisa sobre como determinadas vitaminas e minerais podem

melhorar a neurotransmissão.

Na sexta atividade, intitulada “visualizando a neurotransmissão”, ocorreu a

exibição de um vídeo, sendo que cada aluno foi convidado a registrar na lousa um

tópico que achou interessante. Após o registro, as anotações dos alunos foram

transformadas em um único documento e enviadas por e mail para todos os

integrantes da classe para imprimirem o conteúdo e colarem no caderno. Ainda

nesta atividade, os alunos realizaram a análise do texto “Alimentação Cerebral”, na

qual fizeram uma listagem dos nutrientes essenciais para o bom funcionamento

cerebral e também um quadro comparativo no qual cada aluno registrou quais

nutrientes já consomem e quais deveriam ser inclusos na sua dieta.

A atividade 7 envolveu a análise das tabelas de informação nutricional,

trazidas pelos alunos, referentes a produtos industrializados normalmente por eles

consumidos. Na atividade, os alunos foram orientados a classificar, em ordem

decrescente, os alimentos mais saudáveis para os menos saudáveis, de acordo com

os valores descritos nas tabelas.

A atividade 8, intitulada “pesquisando sobre a influência dos alimentos no

aprendizado”, foi desenvolvida através da leitura de dois textos complementares,

versando sobre como a alimentação correta ajuda a preservar a memória e o

aprendizado e sobre nutrição e cérebro. A leitura foi realizada em grupos de três

alunos que, posteriormente, discorreram e relataram o conteúdo aprendido sobre a

influência de determinados elementos contidos nos alimentos e o aprendizado. Os

resultados foram ótimos e os trios trouxeram diversas informações para o

enriquecimento intelectual da classe, com imagens e textos de qualidade.

Na atividade 9, foi realizada uma pesquisa sobre os efeitos benéficos do

chocolate, elencando temas como: os efeitos benéficos do chocolate para o cérebro,

o segredo do consumo moderado do chocolate, cuidados e restrições alimentares no

consumo do chocolate e a quantidade diária recomendada. Houve intenso interesse

no tema, visto que o conteúdo dos cartazes foi de elevada qualidade educacional,

bem como as imagens selecionadas para a confecção destes.

Na atividade 10, foi utilizado o site www.laifi.com.br, um recurso tecnológico

que proporciona a conexão digital mesmo à distância. Os alunos realizaram um

cadastro a convite do professor e assim trouxeram colaborações no tema “alimentos

bons para o cérebro”, através dos conhecimentos adquiridos no projeto, por meio de

imagens e textos sobre os benefícios de certos alimentos ao cérebro. Foi observada

intensa participação e interesse, confirmando que a tecnologia sempre funciona

como motivação na realização de uma atividade.

Na atividade 11, foi realizada uma degustação de alimentos bons para o

cérebro, preparados pelos alunos. Cada dupla de alunos foi orientada a preparar

uma receita cujos ingredientes contivessem nutrientes bons para o cérebro.

Antecedendo a degustação, as duplas trouxeram a receita preparada e o respectivo

cartaz, contendo a receita escrita e a justificativa sobre os benefícios da receita para

o cérebro. Cada dupla entregou um panfleto por eles elaborado, destacando os

ingredientes como vitaminas e minerais que fazem bem ao cérebro.

Durante a degustação, houve a mediação de diálogos, nos quais os alunos

foram incentivados a expressar comentários sobre os conhecimentos adquiridos

sobre os alimentos bons para o cérebro, a avaliação crítica sobre os hábitos

alimentares saudáveis e mudanças resultantes da implementação do projeto na

forma de pensar sobre como a alimentação interfere na saúde de cada um.

Mediante isso, foi evidenciado que a alimentação, mais do que uma necessidade,

constitui um dos caminhos para uma vida saudável e, incluindo o bom

funcionamento cerebral, para a qualidade de vida.

Considerações Finais

Na conclusão do projeto, mudanças de atitudes nos hábitos alimentares dos

alunos foram manifestadas, através da percepção na atitude dos alunos na hora do

intervalo e também em comentários observados em classe.

No início do projeto, o diagnóstico dos hábitos alimentares dos alunos foi

essencial, constituindo o ponto de partida para a introdução de um assunto que,

mais que uma necessidade de vida, representa um fator primordial na saúde de

cada ser humano.

Ao final do projeto, os itens da atividade diagnóstica foram repetidos e os

resultados foram positivos. A maioria dos alunos passou a adotar uma alimentação

mais saudável. As atividades realizadas proporcionaram momentos em que aos

alunos se mostraram motivados e ativos e mais, transformaram-se em agentes de

transformação, passaram a opinar ativamente sobre a alimentação de suas famílias,

orientando-as sobre a importância de rever hábitos alimentares inadequados.

Neste projeto de intervenção pedagógica, ficou evidenciado que, quando o

objetivo é buscar saúde, é essencial aliar conhecimentos científicos e mudanças de

atitude, a fim de que os benefícios venham e auxiliem o organismo a funcionar

adequadamente.

REFERÊNCIAS

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