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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

O SEDENTARISMO E A OBESIDADE: UMA PROPOSTA DE DISCUSSÃO

PARA O ENTENDIMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS DO ESTILO DE VIDA

SEDENTÁRIO EM ALUNOS NA FASE ADOLESCENTE

Ataide Afonso1

Resumo: Este artigo tem por objetivo estabelecer as relações entre o sedentarismo e a

obesidade, de forma a entender as consequências do estilo de vida sedentário e as

interferências na saúde e bem-estar de alunos, na fase adolescente. A pesquisa foi

desenvolvida na disciplina de Educação Física, tendo como objetivo verificar o nível de

atividade e aptidão física de alunos do 8º ano do Colégio Estadual José Sarmento Filho E.F.N,

do município de Iretama-PR, com vistas a problematizar a relação entre a prática de atividade

física e a saúde. Sabe-se que o sedentarismo é um dos fatores de risco intimamente relacionados

ao aparecimento da obesidade, que leva a ocorrência de inúmeras doenças crônicas que irão

acometer a população adulta e que tem atingido, sobretudo, alunos no período da adolescência.

As doenças mais comuns estão entre o diabetes, a hipertensão, doenças cardiorrespiratórias e

outras que estão associadas, em parte, à obesidade. A isso ocorre fatores externos como a má

alimentação dos alunos na fase da adolescência, que muitas vezes não é adequada, tendo em

vista a falta de orientações na escola e na própria família. A isso se juntam as questões inerentes

à falta de hábito nas atividades físicas. Nesse contexto, é importante destacar que discutir as

consequências de uma alimentação inadequada e de uma vida estritamente sedentária ocasiona

diversos males à saúde dos adolescentes, sendo então necessária a realização de intervenções,

no sentido de orientá-los sobre essa questão.

Palavras-chave: sedentarismo, obesidade, adolescente, atividade física, alunos.

1 Professor PDE 2013-2015, SEED/PR. Docente na disciplina de Educação Física - Colégio Estadual José

Sarmento Filho - EFN, município de Iretama - NRE de Campo Mourão. E-mail:

[email protected]

1. Considerações Iniciais

O advento da tecnologia e o aumento do consumo de alimentos industrializados

têm trazido consequências drásticas para a vida dos adolescentes. Isso se deve ao fato de

que a má alimentação e o estilo de vida sedentário têm ocasionado doenças como

diabetes, hipertensão, doenças cardiorrespiratórias, dentre outras.

A isso se soma o fato de que os pais, a cada dia, mais atarefados em seus

trabalhos, ocupam um tempo escasso na orientação e acompanhamento de seus filhos.

Percebe-se que a cada dia, crianças estão cada vez mais presas em seus lares, ocupando-

se dos mais modernos vídeos games, celulares ou programas de TV, levando, por vezes,

uma vida estritamente sedentária. Não bastasse, o consumo exacerbado de lanches

rápidos, salgadinhos ricos em sódio, gorduras ou açúcares levam também a ocorrência

da obesidade.

De acordo com pesquisas realizadas por Medeiros (2011), a prática de

atividades físicas, brincadeira deixou de ser comum entre crianças, a comodidade e

sedentarismo, facilidades da nova sociedade geraram o mais novo mal do século, a

obesidade, vem crescendo cada dia mais entre adultos e principalmente crianças. Ainda

Lopes, Prado e Colombo (2010) caracterizam a obesidade como uma doença, a qual, em

sua complexidade social e psicológica, pode afetar várias idades e variados grupos

socioeconômicos.

O trabalho evidenciar-se-á pela pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico,

tendo em vista o teor investigativo na literatura sobre a temática. Também terá como

suporte a pesquisa de campo, a análise e tabulação de dados, bem como a intervenção

didática na implementação de atividades de orientação ao público-alvo.

O referencial teórico embasar-se-á em Barbosa (2004), Bouchard (2000),

Guedes & Guedes (1995), dentre outros.

Entende-se que a conscientização e o trabalho na prevenção de novos casos de

obesidade se faz necessário a partir do ambiente escolar, buscando meios para

prevenção de futuros problemas de saúde. É necessário rever não só os hábitos

alimentares dos alunos em seus lares, mas também dentro das escolas estaduais com

uma alimentação mais rica em saúde e pobre em gorduras, sais e açúcares.

Dessa forma, esta pesquisa se faz necessária, por buscar conscientizar

adolescentes em fase escolar, visando um conhecimento sobre a importância de uma

alimentação saudável e prática de atividades físicas constantes, como forma de cuidado

com a saúde e prevenção de possíveis doenças.

Acredita-se que o incentivo pela mudança parte na conscientização dentro do

ambiente escolar e se expande para a sociedade. Partindo do trabalho de todos

educadores, de forma interdisciplinar, será possível repassar aos alunos conhecimentos

sistematizados sobre a composição dos alimentos, os malefícios da má alimentação e

benefícios de uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, prática de exercícios físicos,

diferente da realidade de muitos alunos nos dias de hoje.

Dessa maneira, verificar quais são as práticas esportivas dentro e fora da escola e

entender os fatores que limitam essa prática no dia-a-dia dos alunos constitui-se como

um dos objetivos desse trabalho. Partindo destes princípios, buscou-se observar e

estimular os exercícios físicos, a prática esportiva e um melhor entendimento acerca de

uma alimentação saudável.

2. O Sedentarismo e a Obesidade na fase Adolescente: uma discussão atual

Atualmente, é constante o aumento de casos de obesidade entre adolescentes,

casos dos quais podem determinar variadas complicações relacionadas à saúde destes

entre a infância e no decorrer da idade adulta.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência de

casos de obesidade infantil tiveram um aumento de 10 a 40% em países europeus,

destacando que os casos de obesidade são mais recorrentes nos primeiros anos de vida

da criança entre 5 e 6 anos e em seguida na adolescência.

Pesquisas apontam que no Brasil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística), entre agosto de 2010 (dados da Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF 2008-09)), os indicativos sugerem que o peso do brasileiro vem

aumentando no decorrer dos últimos anos.

Mello & Luft & Meyer (2004) discutem alguns fatores determinantes à

ocorrência do crescente aumento de peso da população, destacando que “[...] na

infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está

relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de

entendimento da criança quanto aos danos da obesidade”. (MELLO & LUFT &

MEYER, 2004, p.173)

Em uma pesquisa realizada por Vivgitel (2014) relacionado ao excesso

de peso e obesidade, foi constatado que 52,5% da população possui excesso de peso.

Dados de 2006 informavam que o índice era de 43%. Já o índice de obesidade está em

17,9%.

Outro ponto relevante relacionado ao estudo do autor está ligado ao grau de

instrução, em que quanto menor a escolaridade do sujeito, maior o índice de obesidade.

Com relação aos indicadores de atividade física, foi registrado um aumento de 18%

entre 2009 e 2014, assim como apresentou uma queda do número de pessoas que

assistem TV, chegando a 19,3% entre os mesmos anos.

Pesquisa realizada pelo IBGE, relacionada a casos de obesidade constatam que a

cada dia são mais frequentes em crianças com idade a partir dos 5 anos, em todos os

grupos e regiões do país.

Segundo Steck (2013), a razão dos casos de obesidade é dada a dieta rica em

açúcares e gorduras, mas pobre em nutrientes, os quais são pouco ofertadas as crianças e

que deveriam fazer parte da rotina alimentar das mesmas. Outro ponto discutido por

Steck (2013) é relacionado à prática de atividades físicas, como o ato de brincar que

deixou de ser uma prática frequente no cotidiano de muitas crianças, substituindo o

movimento por atividades como ver TV, videogames, computadores, tabletes,

smartphones, além de substituírem as caminhadas pelo percurso mesmo que curto, feito

de carro.

Outro ponto que interfere diretamente no aumento da obesidade está ligado a

ansiedade e ao estresse, os quais na maior parte das vezes leva crianças a se

alimentarem em excesso. De acordo com Mello & Luft & Meyer (2004)

A obesidade está presente nas diferentes faixas econômicas no Brasil,

principalmente nas faixas de classe mais alta. A classe socioeconômica

influencia a obesidade por meio da educação, da renda e da ocupação,

resultando em padrões comportamentais específicos que afetam ingestão

calórica, gasto energético e taxa de metabolismo. (MELLO & LUFT &

MEYER, 2004, p.173-174)

Na medida em que os alimentos saudáveis em que estão inclusos peixes, carnes

magras, vegetais e frutas frescas não são de fácil acesso as classes mais carentes, Mello,

Luft e Meyer (2004) apontam que as condições mais restritas de alimentação têm

relação com casos de obesidade e a baixa classe econômica, o que é claramente

observado em países em desenvolvimento.

Pesquisas mostram que ao fazer comparação da prevalência entre a obesidade

seguindo a renda familiar de vários países entre as décadas 70 a 90. Segundo a autora,

foram realizados estudos no Brasil dividindo dois grupos, um em 1989 e outro em 1996,

os quais mais adiante foram analisados de forma crítica por Taddei (2002), onde

observou por durante sete anos as mudanças que ocorreram relacionadas a prevalência

da obesidade entre crianças de cinco anos de idade, onde notou-se um aumento da

prevalência em regiões menos desenvolvidas e redução nas regiões mais desenvolvidas,

este dado também pode ser contraposto a escolarização das mães, onde tanto o aumento

como as reduções ocorreram entre os filhos de mães com maior nível de escolaridade.

A definição de obesidade é dada por Hammer (1992) sem se prender a questões

cientificas e metodológicas, onde a figura do corpo é o principal elemento a ser

considerado, mas sim o ganho de peso na criança o qual ainda é acompanhado pelo

aumento da estrutura a aceleração da idade óssea e ainda complementa que:

No entanto, depois, o ganho de peso continua, e a estatura e a idade óssea se

mantêm constantes. A puberdade pode ocorrer mais cedo, o que acarreta

altura final diminuída, devido ao fechamento mais precoce das cartilagens de

crescimento. (MELLO, LUFT E MEYER, 2004, p. 175)

Sulzbach e Bosco (2012 apud Cuppari, 2009) ainda define obesidade também

como uma doença crônica não transmissível, a qual é caracterizada pelo acúmulo

excessivo de gordura corporal, dessa forma comprometendo a saúde do sujeito. Ainda,

complementa que esta doença está associada a outras complicações como dislipidemia,

diabete, hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda, todas conhecidas como fatores de risco

coronariano.

Existem variados métodos de diagnóstico os quais podem classificar o sujeito

como obeso ou com sobrepeso, os quais são verificando o Índice de Massa Corporal

(IMC), o qual é verificado por meio do seguinte cálculo: peso/altura2, além da medida

da dobra cutânea do tríceps (DCT) os quais de acordo com Mello, Luft e Meyer (2004)

[...]são bastante utilizados em estudos clínicos e epidemiológicos. [...] Outro

índice bastante útil é o índice de obesidade (IO), peso atual/peso no percentil

50/estatura atual/estatura no percentil 50 x 100), que nos indica quanto do

peso do paciente excede seu peso esperado, corrigido para a estatura”

(MELLO, LUFT E MEYER, 2004, p.175)

Ainda, segundo estudos realizados, pode-se considerar obesidade em casos onde

o Índice de Obesidade (IO) equivale de 120 a 130% e considerada moderada a partir dos

casos de 130 a 150%, passando a ser grave quando chega a 150%. O ponto negativo

deste método está em que ele é baseado em aumento de peso corpóreo padrão possa

representar também o aumento de gordura, dessa maneira não são todas as crianças que

possuem IO superior a 120% o que acaba as enquadrando como obesas, apesar de seus

pontos falhos ainda é útil no processo de avaliação e triagem de crianças obesas.

Percebe-se que o problema de sobrepeso e obesidade vem crescendo a cada dia

que passa e com isso se agravando, por conta de problemas relacionados a saúde. Nota-

se que é crescente os casos de obesidade infantil e adulta em nosso país, por essa razão

se faz necessário o trabalho desde as séries iniciais e que este seja continuo na vida da

criança/adolescente para criarem hábitos saudáveis desde cedo, além conscientizar a

família sobre a importância de uma alimentação balanceada, como forma de cuidar da

saúde e prevenir doenças futuras.

3. Obesidade e Atividade Física: Interferências do Cotidiano na Saúde e no Bem-

estar de Crianças e Adolescentes.

De acordo com pesquisas realizadas por Mello, Elza e Meyer (2004), é

considerado exercício a prática de atividade física planejada, estruturada e repetitiva,

ligada a aptidão física, que tem como característica a potência aeróbica, força e

flexibilidade. De acordo com os autores, crianças e adolescentes possuem uma certa

tendência de se tornarem obesos a partir do momento que se tornam sedentários.

Alves e Pereira (2012) afirmam que, por mais que as atividades físicas sejam de

forma espontânea e incentivadas no ambiente escolar nas aulas de Educação Física,

gincanas ainda não são suficientes. É necessário que a mesma seja espontânea, o que é

importante para a formação corporal e óssea, prevenindo, dessa maneira, a osteoporose

e obesidade no futuro.

Tavares e Gardenghi (2012) apontam que, a sociedade moderna, com o decorrer

dos anos, passou a ter hábitos mais sedentários voltados para televisão, vídeo game, que

contribuíram para a redução de gasto calórico diário. Por essa razão o autor coloca que,

além do gasto metabólico que ocorre no decorrer das atividades diárias, em repouso o

metabolismo pode influenciar na ocorrência de casos de obesidade.

Dessa forma, o aumento da frequência da prática de atividades físicas,

acompanhada da redução da ingestão alimentar, podem auxiliar na prevenção da

obesidade, pois assim, o individuo passa a escolher uma dieta com alimentos menos

calóricos e mais ricos em nutrientes benéficos para o organismo.

Mendonça e Anjos (2004) colocam que

[...] dois aspectos mais apresentados como relacionados a um quadro de

balanço energético positivo têm sido mudanças no consumo alimentar, com

aumento do fornecimento de energia pela dieta, e redução da atividade física,

configurando o que poderia ser chamado de estilo de vida ocidental

contemporâneo. (MENDONÇA; ANJOS, 2004, p. 648)

Diante desta afirmativa, pode-se notar o papel de influência dos hábitos

socioculturais, envolvendo os hábitos alimentares de muitas crianças e jovens que estão

nas escolas.

Os autores ainda salientam que:

Ao se focalizar a obesidade pelos aspectos vinculados a alterações na dieta,

cabe destacar que o aumento da ingestão energética pode ser decorrente tanto

da elevação quantitativa do consumo de alimentos como de mudanças na

dieta que se caracterizem pela ingestão de alimentos com maior densidade

energética, ou pela combinação dos dois. (MENDONÇA; ANJOS, 2004, p.

700)

Diante do exposto, pode-se entender que no decorrer do processo de

industrialização dos alimentos contribuiu com o aumento do valor energético ingerido

por grande parte da população. No entanto, com o advento da era tecnológica, aumento

da comodidade para refeições mais rápidas e a redução da frequência de atividades

físicas realizadas para queima de tal gasto não aumentou, contribuindo dessa forma para

o aumento de casos de obesidade entre crianças, jovens e adultos.

O sedentarismo é um dos fatores de risco intimamente relacionados ao

aparecimento da obesidade, que leva a ocorrência de inúmeras doenças crônicas não

transmissíveis que irá acometer a população adulta e que tem atingido, sobretudo,

alunos no período da adolescência. As doenças mais comuns são o diabetes, a

hipertensão, doenças cardiorrespiratórias e outras que estão associadas à obesidade.

Segundo Naragoto e Both (2012) diversos fatores estão associados a essa

prevalência. Dentre eles são citados: hábito alimentar com elevado aporte calórico e os

hábitos sedentários, tais como a ocupação do tempo livre com prática passiva de jogos

eletrônicos, muito comum entre os adolescentes. Enfatizam que nesse período de

desenvolvimento, em detrimento as atividades físicas e lúdicas que envolvam esportes e

esforços físicos mais intensos, intensificam a vida sedentária. Assim, especificam que

“[...] esses itens parecem ser o principal responsável pelo declínio na demanda

energética dos adolescentes” (Naragoto e Both ,2012, p.3).

Ainda conforme Lemos (2012):

[...] no que concerne a prevenção da obesidade infantil, o que deve ser

definido na estratégia é a efetivação de hábitos alimentares e de vida

saudáveis, de modo que a criança entenda a importância de uma

alimentação balanceada, dentro de horários estabelecidos, do

desenvolvimento de atividades físicas, do consumo de alimentos

saudáveis, pois só assim a prevenção da obesidade pode ser efetiva

(LEMOS, 2012, p.361)

Jacobson, Eisenstein e Coelho (1998) enfatizam que crescimento,

desenvolvimento e nutrição são aspectos essenciais e interdependentes no período da

adolescência. Segundo eles, o rastreamento e a avaliação das necessidades e principais

riscos nutricionais se constituem como uma importante ação de prevenção e intervenção

precoce junto a esse grupo, nem como a suas famílias. Os autores alertam ainda que:

A adolescência é um tempo de intenso e rápido crescimento e

desenvolvimento físico, psíquico e social, demandando um aumento das

necessidades nutricionais assim como a habilidade do indivíduo em satisfazer

estas necessidades. Os desequilíbrios no balanço entre o conteúdo alimentar e

o gasto de energia, durante esta fase, causam um impacto sobre a saúde dos

adolescentes e em consequência os principais problemas: a obesidade, a

anorexia nervosa, a bulimia, a aterosclerose, a hipertensão e o aumento de

recém-nascidos de baixo peso. Os hábitos alimentares e a rotina de

exercícios, adquiridos enquanto o adolescente alcança progressivamente sua

independência, podem potencializar ou prejudicar os estilos de vida

saudáveis para o resto da vida adulta. (JACOBSON & EISENSTEIN &

COELHO, 1998).

Percebe-se que a alimentação dos alunos na fase da adolescência e, sobretudo, a

do público-alvo em questão, muitas vezes não é adequada, tendo em vista a falta de

orientações na escola e na própria família. A isso se juntam as questões inerentes à falta

de hábito nas atividades físicas, ocorrendo aí o sedentarismo, pois se percebe que os

adolescentes preferem jogos e o acesso à internet em detrimento às práticas físicas e

hábitos saudáveis.

4. Obesidade e Hábitos Alimentares: Intervenção Pedagógica na Escola de

atuação.

Conhecer para intervir – esses foram os princípios norteadores da intervenção

pedagógica junto ao público-alvo da referida proposta. Dessa forma, as atividades se

concretizaram nas mais variadas formas: apresentação da proposta no ambiente escolar;

realização dos exames biométricos, avaliação da aptidão física dos alunos (público-

alvo) da proposta; atividades recreativas - parte prática utilizando a quadra de esportes

da escola; produção de material pedagógico orientando e conscientizando a clientela

escolar sobre sedentarismo, obesidade e os hábitos alimentares saudáveis,; palestra com

nutricionista orientando os alunos adolescentes e realização do "Dia D" na escola,

socializando os resultados e as atividades com os demais alunos da escola., por meio da

realização de atividades físicas diversificadas.

Entende-se que mais que falar sobre a questão da obesidade nas escolas, é

necessário a realização de um trabalho efetivo com todos (pais, alunos, funcionários,

comunidade) deixando clara a importância prática de exercícios físicos, aliada a uma

alimentação saudável.

A obesidade infantil de acordo com Oliveira e Fisberg (2003) já pode ser

caracterizada como uma epidemia, onde colocam que: “[...] a prevalência mundial da

obesidade infantil vem apresentando um rápido aumento nas últimas décadas, sendo

caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial” (OLIVEIRA; FISBERG, 2003

p. 107)

Para que acontecesse a implementação do projeto proposto do PDE na escola,

o cronograma para a efetivação dos trabalhos foi iniciado com a apresentação do projeto

a toda comunidade escolar, em seguida foi realizada a pesquisa de campo, a qual foi

fundamental para saber em que ponto deveria ser dado mais ênfase no trabalho, a qual

abordou pontos como sedentarismo, hábitos alimentares e Índice de Massa Corporal.

Como fundamento de toda prática de trabalho, foi feito o levantamento dos

conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática, tendo como base atividade

relacionadas ao tema proposto, para que, a partir daí, novas práticas e novas

experiências fossem abordadas.

Entende-se que existem vários fatores que influenciam diretamente no

processo de evolução dos casos de obesidade dentro e fora da escola, tais como os

fatores genéticos, fisiológicos e metabólicos que, segundo Oliveira e Fisberg (2003),

poderiam “[...]explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos parecem

estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares”. (p.

107).

Por essa razão, fez-se de suma importância o trabalho de conscientização

dentro do espaço escolar envolvendo esta temática, como forma de prevenção de futuros

casos, além da prevenção de doenças futuras.

Quanto a prática de atividades físicas no dia a dia, o levantamento feito no

decorrer da pesquisa, com alunos do 8º Ano, mostraram os índices em relação aos

hábitos alimentares, sedentarismo, IMC(índice de massa corporal) e o comportamento

em relação ao uso das tecnologias (TV e internet).

Estudos de Oliveira (2003), afirmam que a obesidade, muitas vezes, está ligada

a presença da TV, jogos de computador e vídeo game, assim como uma dieta pobre em

frutas e verduras em grande parte das famílias. Conforme pesquisa realizada com os de

um universo de 22 entrevistados, cerca de 50% dos alunos consomem frutas e verduras

mais de 3 vezes durante a semana, enquanto 32 % consome todos os dias e 9% dos

alunos 1 ou 2 vezes por semana:

Quadro 1: Análise gráfica – hábitos alimentares: frutas e verduras.

Fonte: Pesquisa com alunos do 8º Ano, período da Tarde – Colégio Estadual José Sarmento Filho _ EFN,

Município de Iretama-PR (2014).

Sichieri (2000) coloca que:

O estabelecimento de guias de alimentação e nutrição saudável tem por base

o reconhecimento de que um nível ótimo de saúde depende da nutrição. Com

o aumento da obesidade e das doenças associadas à obesidade, no Brasil, há

que se combinar orientações para a redução das deficiências nutricionais,

ainda presentes, com orientações visando a prevenção das doenças crônicas

não transmissíveis. (SICHIERI, 2000, p. 227)

É Possível perceber que os hábitos saudáveis sempre estão ligados a uma boa

saúde. Para garantir uma boa qualidade de vida, é aconselhável ter hábitos saudáveis,

como cuidar bem do corpo, ter uma alimentação equilibrada, dedicar um tempo para o

descanso e o lazer e outras atitudes que façam a pessoa sentir-se bem.

Há que se considerar que a atividade física estimula o cérebro e exercita

diariamente nosso corpo, deixando-o cada vez melhor e em forma. Ela também retarda

o envelhecimento e o risco de problemas de memória, atenção e concentração. De

acordo com Darido (2007):

No cérebro, a atividade física estimulada a liberação como a endorfina, que

melhora o funcionamento no sistema nervoso central, proporcionando

sensação de bem-estar, elevando a autoestima, reduzindo sintomas

depressivos e de ansiedade, além de melhorar o controle do apetite

(DARIDO, 2007, p. 295).

Com relação à prática de atividades físicas, grande parcela dos adolescentes

pouco praticam atividades físicas no decorrer da semana, conforme mostra o gráfico:

Quadro 2: Análise gráfica – prática de atividade física.

Fonte: Pesquisa com alunos do 8º Ano, período da Tarde – Colégio Estadual José Sarmento Filho _ EFN,

Município de Iretama-PR (2014)

Bouchard (2000), ressalta que “[...] o aumento na prevalência da obesidade

entre crianças, adolescentes e adultos, em muitos países e em todo o mundo, é

alarmente”. O autor ainda afirma que a prevenção deveria ser prioridade absoluta da

saúde pública, em que sejam inseridos estilos de vida mais saudáveis, válidos para todos

os grupos etários, desde crianças, adolescentes e idosos.

Ainda considera ser uma tarefa árdua, mas que precisa ser concretizado pela

sociedade. Para isso, Bouchard (2000) sugere que as comunidades, os governos, a mídia

e as grandes indústrias de alimentos trabalhem, em conjunto, para mudar o meio

ambiente e promover a conscientização para que não haja altos índices de aumento de

peso nas pessoas. Ao verificar o peso dos alunos, se teve o seguinte resultado:

Quadro 3: Análise gráfica – altura.

Fonte: Pesquisa com alunos do 8º Ano, período da Tarde – Colégio Estadual José Sarmento Filho _ EFN,

Município de Iretama-PR. (2014)

Barbosa (2004) destaca que a obesidade, talvez seja o maior problema que

estamos enfrentando atualmente no mundo. De acordo com a autora, é possível

considerar que, em partes, ela seja maior até que a desnutrição. Ela afirma que isso não

significa que as deficiências nutricionais tenham sido eliminadas. Pelo contrário, pode-

se considerar que a globalização, além de trazer muitos benefícios à população, trouxe

também, inúmeros malefícios.

Além das questões acima mencionadas, a autora também ressalta que “[...] os

fast-foods, comida barata, de pouca qualidade nutricional e repleta de gorduras, vem

seduzindo as crianças e adolescentes com apelos bem elaborados”. Barbosa também

analisa que muito tempo em frente á TV, a redução dos espaços de lazer, insegurança e

a facilidade em relação à automoção e outros motivos tiveram um papel importante na

mudança do estilo de vida das pessoas.

É importante mencionar que a vida sedentária, além do que é citado pela autora, no

tocante à alimentação e o tempo ocioso em frente à TV, convém destacar que muitos

adolescentes também dedicam boa parte de seu tempo conectados aos mais diversos tipos

de tecnologia, sobretudo o celular e o computador, o que impede a prática de exercícios

físicos, deixando o corpo em estado de “hibernação”.

Quadro 4: Análise gráfica – sedentarismo.

Fonte: Pesquisa com alunos do 8º Ano, período da Tarde – Colégio Estadual José Sarmento Filho _ EFN,

Município de Iretama-PR (2014).

O estilo de vida sedentário e a alimentação inadequada provocam nas pessoas

alguns distúrbios, como doenças coronárias, obesidade, diabetes mellitus, aumento do

colesterol, hipertensão arterial, infarto do miocárdio causando em muitas vezes a morte.

Praticar atividades físicas como correr, andar de bicicleta, jogar futebol, fazer ginástica,

são propostas válidas para fugir do sedentarismo, contribuindo assim para melhorar a

qualidade de vida das pessoas. Segundo Guedes e Guedes (1995):

A aptidão física relacionada á saúde abriga aqueles atributos biológicos que

oferecem alguma proteção ao aparecimento de distúrbios orgânicos

provocado pelo estilo de vida sedentário que se torna, portanto extremamente

sensível ao nível de pratica da atividade física. Alem disso, a aptidão física

relacionada ao desempenho atlético inclui aqueles atributos biológicos

necessários á pratica mais eficiente dos esportes (CORBINET, et al, 1987.

GUEDES & GUEDES, 1995 p. 16).

Para garantir uma boa qualidade de vida, é aconselhável ter hábitos saudáveis,

como cuidar bem do corpo, ter uma alimentação equilibrada, dedicar um tempo para o

descanso e o lazer e outras atitudes que façam a pessoa sentir-se bem. Há que se

considerar que a atividade física estimula o cérebro e exercita diariamente nosso corpo,

deixando-o cada vez melhor e em forma. Ela também retarda o envelhecimento e o risco

de problemas de memória, atenção e concentração.

5. Considerações Finais

Diante de todas as entrevistas realizadas e análise dos dados, pode-se notar que

existe uma grande variante ao que tange aos hábitos alimentares dos adolescentes;

envolvendo consumo de frutas e verduras em sua alimentação no decorrer da semana.

Outro ponto importante a ser destacado está relacionado à prática de atividades

físicas, as quais passam a ser cada dia menos comuns entre os adolescentes, devido a

vários fatores ligados a nova era digital e ao comodismo.

Constatou-se que vários são os obstáculos a serem ultrapassados em uma

sociedade onde tudo é muito rápido, e não se tem tempo para nada, inclusive a se

alimentar corretamente, muitas vezes.

Considerou-se de fundamental importância a participação dos alunos na

pesquisa, discussão dos temas, preparação e participação nas atividades propostas; pois

dessa forma foi possível estabelecer um conhecimento prévio, para a partir daí, pensar

em ações concretas de intervenção pedagógica.

Por ora, cabe pensar que, por se tratar de uma proposta que busca conscientizar

os alunos sobre a relação: alimentação saudável – obesidade - práticas de atividades

físicas, o trabalho de orientação não deve ter seu término a partir dessa proposta, mas

sim, faz-se necessário que haja a inserção da temática e da proposta de trabalho no

decorrer da vida acadêmica dos alunos.

Dessa forma, entende-se que é possível intervir nos hábitos dos adolescentes,

seja principalmente em relação aos costumes alimentares e posturas sedentárias. No

entanto, parte-se da necessidade de que este trabalho seja feito em conjunto: escola,

família e sociedade em geral; de forma a pensar na formação de uma postura social que

favoreça a aprendizagem e que aponte caminhos para a ação sobre o meio em que se

insere o aluno

REFERÊNCIAS

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de atividade física em um grupo de crianças. Perquirere. v. 9, p. 84-92, dez. 2012. In.:

< http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/57344/sobrepeso-obesidade-e-

importancia-da-pratica.pdf > Acesso 12 Jan. 2016.

BARBOSA, Vera Lúcia Perino. Prevenção da Obesidade na Infância e na

Adolescência: Exercício, Nutrição e Psicologia. Barueri, SP: Manole, 2004.

BRASIL. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas

não transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022. Brasilia, 2011a. Disponivel em:

<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1818>.

Acesso em: 11 Jan. 2016.

BOUCHARD, Claude. Atividade Física e Obesidade. Barueri-SP: Manole, 2000.

DARTAGNAN, Pinto Guedes; GUEDES, Joana Elisabete Ribeiro Pinto. Controle de

peso Corporal: Composição Corporal, Atividade Física e Nutrição – 2 ed. Rio de

Janeiro: Shape, 2003.

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