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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

CONSTRUINDO NOVO IMAGINÁRIO SOBRE A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA COM ALUNOS DO 6° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

ELIANE APARECIDA MARCELINO DO CARMO

CORBÉLIA

NOVEMBRO DE 2014

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Secretaria de Estado da Educação – SEED

Superintendência da Educação – SUED Diretoria de Políticas e Programas Educacionais - DPPE Ficha para Identificação Produção Didático-Pedagógica

Professor PDE 2014/2015

Título Construindo novo imaginário sobre a Cultura Afro-

brasileira e Africana com alunos do 6° ano do Ensino Fundamental.

Autor Eliane Aparecida Marcelino do Carmo Disciplina/Área História NRE Cascavel Escola de Implementação Escola Estadual de Campo São Francisco de Assis Município Corbélia - PR -Distrito de Nossa Senhora da Penha IES Unioeste - Marechal Cândido Rondon Professor orientador Claudia Cristina Hoffman Relação Interdisciplinar Geografia, Arte, Educação Física, Língua Portuguesa

e Ciências. Resumo O projeto tem como principal objetivo trabalhar

questões relacionadas à Cultura Afro-Brasileira e Africana com alunos do 6° ano do Ensino Fundamental. Percebe-se em sala de aula que muitos alunos possuem preconceitos e estereótipos relacionados à Cultura Africana, é necessário trabalhar no sentido de desconstruir estes estereótipos e construir um novo imaginário com os alunos. A lei 10.639/03 está dentro de um contexto de políticas afirmativas que trabalha no sentido de eliminar o preconceito e o racismo que ainda existe em nosso Brasil. Os alunos precisam aprender que o africano foi trazido à força e colocado em situação de escravidão, e que este africano resistiu de inúmeras formas, lutando contra a violência, construindo um legado cultural e social em nossas terras e que está presente em nosso cotidiano, como por exemplo: danças, linguagem, vestimentas, músicas, culinária e vários costumes. Muito desta história foi deixada de lado pela História Oficial do país, então, a implementação da Lei é muito importante para o conhecimento, reconhecimento e valorização da Cultura Africana. Também é interessante que exista o respeito à diversidade étnico-racial e cultural em nosso país, para que nossas escolas sejam espaços de harmonia, respeito e justiça.

Palavras-chave: Cultura, África, Brasil e Diversidade. Formato do Material Didático Caderno Pedagógico - Oficinas pedagógicas Público alvo: Alunos do 6° ano do Ensino Fundamental

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APRESENTAÇÃO

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou

sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao

coração humano do que o oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.

Nelson Mandela

A Educação das Relações étnico-raciais está sendo um grande desafio para a

educação e para a sociedade em geral, pois estamos em um momento crucial, que se faz

pertinente refletir sobre estas questões em um país multirracial que ainda carrega traços

de racismo e de invisibilidade da contribuição do povo negro para a nossa história.

A Lei 10.639/03 prevê a obrigatoriedade de estudo da História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana nos estabelecimentos de Ensino, e estabelece no calendário escolar

o dia 20 de novembro como o dia da Consciência Negra. A Lei Federal trouxe fortes

repercussões no campo educacional, principalmente na Formação Continuada dos

educadores. Esta medida reconhece que é necessário valorizar a cultura africana através

de reparação dos danos que há mais de cinco séculos vem atingindo o povo

afrodescendente.

Esta temática precisa ser abordada em sala de aula naturalmente como todos os

outros conteúdos de História, superando o Eurocentrismo, pois por muito tempo se

estudou apenas a História da Europa, o Continente Africano era considerado sem

história, se estudava a África como um país e, ao abordar a magnífica história do povo

egípcio, os alunos imaginavam que o Egito ficava na Europa. Ao trazer esta temática, a

Lei 10.639/03 vem renovar os currículos propondo um novo conhecimento científico

contrário à superioridade da cultura europeia.

Um currículo que desconsidera essa multiplicidade identitária, e que insiste em

uma identidade hegemônica, acaba se transformando em “um dos artefatos

educacionais dos mais iluministas, autoritários e excludentes” (MACEDO, 2008, p.

15). O Eurocentrismo ainda domina os currículos de nossas escolas, um currículo que

não realiza reflexões sobre questões raciais e que trata esse como folclore.

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A história do africano no Brasil não se resumiu apenas no processo de

escravidão, pois, em terras brasileiras, ele resistiu, ele lutou, ele usou de estratégias e

artimanhas para sobreviver. E assim, um legado histórico e cultural afro-brasileiro se

construiu no Brasil, na linguagem, música, dança, culinária, vestimentas e costumes do

cotidiano.

Infelizmente, por muito tempo a História da África ficou esquecida na nossa

História, também ficou esquecida a Resistência Negra e todas as contribuições culturais

do povo africano para a construção de nossa cultura e de nossa rica diversidade. Com

todas as outras Ações Afirmativas, a Lei 10.639/03 será essencial para a Educação das

Relações Étnico-Raciais no Brasil.

O desconhecimento da História e Cultura Africana culminou em um clima de

racismo, preconceitos, discriminações e muitos estereótipos. Nossa sociedade vem

demonstrando estas lamentáveis cenas todos os dias, agora com o destaque das redes

sociais, essa intolerância ganhou espaço e parece que as pessoas perderam o senso de

ética e respeito ao publicar opiniões racistas e intolerantes. Como afirma FERNANDES

(1972 p.161-162).

A simples negligência de problemas culturais, étnicos e raciais numa sociedade nacional tão heterogênea indica que o impulso para a preservação da desigualdade é mais poderoso que o impulso oposto, na direção da igualdade crescente. [...] nenhuma democracia será possível se tivermos uma linguagem “aberta” e um comportamento “fechado”.

A História da África é muito importante porque este Continente é considerado

o Berço da Humanidade, pois foi em terras africanas que foi encontrado o fóssil humano

mais antigo do Planeta. O Homo sapiens, espécie a qual fazemos parte surgiu na África,

há 100 mil anos e teria se espalhado pelos outros continentes, adaptando-se aos

diferentes ambientes e climas.

A História da África deve ser tratada de maneira positiva, não se podem

destacar somente as denúncias da miséria que atinge o continente. Essa história é tão

rica, podendo enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da

humanidade e destacar os vários líderes que lutaram em favor do povo negro, tanto na

África quanto no Brasil, como por exemplo: Rainha Nzinga, Nelson Mandela, Zumbi

dos Palmares, João Cândido e tantos outros.

Um grande equívoco que precisa ser esclarecido é o “Mito da Democracia

Racial”, este mito está arraigado na sociedade brasileira, onde predomina a ideia de que

não existe racismo no Brasil, que todas as etnias convivem em harmonia. Esta é uma

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grande farsa, pois os dados e as pesquisas comprovam que a situação atual do negro no

Brasil é permeada de discriminações e violência.

O “Mito da Democracia Racial” faz com que a luta dos negros seja

enfraquecida, que os casos de racismo sejam naturalizados e ainda mais grave, que os

negros desistam de lutar e de denunciar situações de discriminações. Como afirma

Gomes (2005, p.57)

Se seguirmos a lógica desse mito, ou seja, de que todas as raças e/ou etnias existentes no Brasil estão em pé de igualdade sócio racial e que tiveram as mesmas oportunidades desde o início da formação do Brasil, poderemos ser levados a pensar que as desiguais posições hierárquicas existentes entre elas devem-se a uma incapacidade inerente aos grupos raciais que estão em desvantagem, como os negros e os indígenas. (Gomes, 2005)

Um passo importante é reconhecer a existência do racismo no Brasil, também é

preciso entender que a questão racial não é assunto somente de negros, é uma questão a

ser pensada e refletida por todos, pensando na construção da reeducação das relações

entre descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos, de indígenas e de outros

povos.

As propostas de Ações Afirmativas no Brasil buscam ações em benefício de

grupos discriminados pela exclusão social e econômica. Com estas propostas se

pretende promover a representação de segmentos de pessoas em determinados empregos

ou escolas. (PASSOS, 2002).

Propor dinâmicas para a concretização da implementação da Lei 10.639/03 é

realizar a interdisciplinaridade e o diálogo, integrando saberes para romper os

estereótipos, é papel da escola estimular esse processo que culminará na formação de

valores, hábitos, comportamentos que respeitem as diferenças dos grupos e minorias.

WELK (1998, p. 40) diz “... que as diferenças culturais existentes na escola sejam

‘igualmente’ valorizadas, vivenciadas, questionadas, feitas e refeitas, num diálogo [...]

entre raças, classes, grupos;...”

O espaço escolar necessita estar aberto para refletir e colocar em prática esta

implementação, articulando estratégias para o fortalecimento do respeito à diversidade

acompanhada de toda a comunidade escolar.

Trabalhar estas questões em sala de aula contribuirá para a ampliação do

conhecimento da História e Cultura Africana, eliminando estereótipos relacionados ao

povo negro e desenvolvendo atitudes de valores à pluralidade. (ROCHA, 2006)

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MATERIAL DIDÁTICO

OFICINAS: As oficinas foram planejadas com base em leituras teóricas de

autores que fundamentam esta prática, a metodologia utilizada será com apoio principal

da autora Rosa Margarida de Carvalho Rocha, nos seguintes materiais: Almanaque

Pedagógico afro-brasileiro e História da África na Educação Básica: almanaque

pedagógico referenciais para uma proposta de trabalho.

As oficinas de 4 horas/aula cada serão divididas em 5 momentos: Momentos

estes que lembrem Valores Civilizatórios Africanos:

1-Sensibilização: Musicalidade.

2-Roda de conversa: Oralidade e Circularidade.

3- Conteúdo (textos, vídeos e slides): Memória.

4-Produção de atividade individual: Ludicidade (produção de um livro)

5-Produção de atividade em grupo: Comunitarismo (produção da exposição)

A produção didático pedagógica está dividida em 8 oficinas de 4 horas/aula,

totalizando 32 horas, em cada oficina será trabalhada uma temática relacionada ao

conteúdo:

1- Um novo olhar sobre a África. Nesta oficina será trabalhado um pouco da

História da África e sua importância para a humanidade, contemplando a história do

Egito Antigo.

2- África: Uma linda Geografia: Nesta oficina será estudada a geografia do

continente, conhecendo seus países, sua diversidade cultural, econômica, climática,

vegetação e fauna.

3- Pele e cabelo: Nesta oficina iremos para a Biologia que nos explica o

porquê das diferenças nos tipos de cabelo e pele, reconhecendo a diversidade.

4- Escravidão e resistência: Estudar o processo de escravidão no Brasil e

reconhecer a resistência em sua luta pela liberdade, identificando a importância de

Zumbi dos Palmares.

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5- Negritude em nós: Conheceremos as contribuições africanas que estão em

nosso cotidiano como: capoeira, feijoada, religiões e personalidades negras.

6- Africanidades em nós: Conheceremos a herança africana em nossa

linguagem, estudando provérbios e palavras de origem africana.

7- O Povo Brasileiro: Reconhecer nossa diversidade étnica, destacando suas

contribuições culturais e econômicas para o Brasil.

8-Racismo, mídia e educação: Analisar o racismo existente em nossa

sociedade, refletir o papel da Mídia na repercussão de preconceitos e pensar propostas

para eliminar.

Além das 8 oficinas, será realizado dois encontros com os alunos da turma,

pais, professores, direção, supervisão, funcionários e comunidade escolar. Estes dois

encontros serão divididos da seguinte maneira:

1- Um encontro de 4 horas para apresentar o Projeto para todos os

envolvidos, para que todos, principalmente os pais e os alunos

saibam e conheçam o Projeto, os objetivos e os encaminhamentos.

2- Este encontro também será de 4 horas, será realizado ao final das 8

oficinas, onde os alunos apresentarão suas produções realizadas

durante o Projeto, como: cartazes, máscaras, culinária, desenhos,

danças e teatro. Neste dia será o encerramento com uma deliciosa

feijoada.

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OFICINA 1: OFICINA 1: OFICINA 1: OFICINA 1: Um novo olhar sobre a ÁfricaUm novo olhar sobre a ÁfricaUm novo olhar sobre a ÁfricaUm novo olhar sobre a África

“A verdade, que se perdeu de manhã, volta para a casa à noite”.

Provérbio Africano

Estudos mostram que a África é o Berço da Humanidade, que nossos ancestrais

africanos vieram da chamada África Ocidental e Centro Ocidental, chamada também de

Atlântica. Nesta região habitava povos que dominavam a agricultura e o manuseio com

o ferro, também se destacaram por uma luta contra a natureza, pois o clima era

impiedoso.

Foram na África que surgiram os primeiros primatas bípedes, que andavam

sobre duas pernas, alguns desses primatas se extinguiram, mas outros sobreviveram e

passaram por mudanças evolutivas que deram origem a espécie humana: o Homo

sapiens.

Estas mudanças climáticas fizeram com que muitos povos fossem para outras

regiões do Planeta, como por exemplo, o Homo erectus, um grupo desta espécie teria

ido para a Europa e Oriente Médio, e também por questões climáticas, este grupo se

diferenciou dando origem a uma nova espécie: Homo Neanderthalensis. O Homo

Neandertal viviam na Europa e em parte do Oriente Médio, e o Homo Sapiens na

África, surgindo do isolamento do Homo erectus. (Revista Ciência Hoje das Crianças,

2006).

A desertificação do Saara e o desflorestamento faziam com que muitos povos

se estabelecem nas colinas, lugar onde poderiam se defender dos animais selvagens e

inimigos. No Mali, povos de diversas origens cultivavam milhete e arroz, produziam

uma arte muito rica que foi a produção de esculturas e máscaras coloridas. (DEL

PRIORE e VENÂNCIO, 2004).

Pela necessidade de defesa, surgiram muitas comunidades organizadas política

e socialmente, esses grupos se estendiam ou diminuíam, conforme a situação, que podia

ser: guerras, secas, aumento da população ou ameaças de feiticeiros. Dentro destas

adaptações ao ambiente, a cultura se diferenciava, dando origem a grupos étnicos.

De acordo com Del Priore e Venâncio (2004), nas zonas equatoriais, a

agricultura exigia mais esforço coletivo do que no restante da África Centro-Ocidental,

era preciso vinte homens para preparar um pedaço de terra.

O Continente Africano é marcado por uma história de invasões, guerras,

doenças e fome, mas aos poucos, o mundo está conhecendo e valorizando um outro lado

dessa história, marcada por desafios, por lutas por independência, por um povo

guerreiro.

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Objetivo: Reconhecer o Continente Africano como Berço da humanidade.

Problematizar os preconceitos e estereótipos relacionados ao Continente e explorar a

História do Egito Antigo.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos Metodológicos:

-Sensibilização: Iniciar a aula recebendo os alunos, com a sala já preparada,

onde estarão expostos vários mapas da África, mapas-múndi e imagens da África. Pedir

para os alunos que observem atentamente os mapas e as imagens. Enquanto acontece

essa observação deixar tocando uma música afro-brasileira.

-Roda de Conversa: Após, todos os alunos fazem um círculo no centro da sala

e sentam-se no chão. Iniciar a Roda de Conversa: deixar que os alunos falem das

impressões que tiveram ao observar os mapas, logo realizar alguns apontamentos e

questionamentos:

-O que mais lhe chamou a atenção nos mapas?

-Conseguiram visualizar nosso país? E os continentes?

-Conhecem o Continente Africano?

-O que sabem sobre a África? Vamos registrar nossas respostas: Registrar em

um cartaz as respostas dos alunos sobre o que eles sabem sobre o Continente Africano:

O que sabemos sobre o Continente Africano?

País ou Continente? Quando realizamos esta pergunta, muitos alunos

desconhecem o fato da África ser um Continente e ter, além das riquezas naturais, uma

rica história e cultura. Através das respostas dos alunos fazer uma explicação sobre os

preconceitos e estereótipos relacionados ao Continente Africano. Apresentar para os

alunos um vídeo sobre a História da África e o vídeo com o “Hino da África do Sul”,

para que os alunos observem a letra do hino e as imagens.

História da África: https://www.youtube.com/watch?v=FE8N72m2Od8

Hino da África do Sul: http://www.youtube.com/watch?v=5gL2MfEJZGs

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Atividade individual: Linha do TempoAtividade individual: Linha do TempoAtividade individual: Linha do TempoAtividade individual: Linha do Tempo

Após as explicações, entregar para os alunos fichas com acontecimentos da

História da África para a construção de uma Linha do Tempo.

1- Construa uma linha do tempo, posicionando as informações com os

períodos históricos adequados. Mãos à obra!

Achado paleontológico do mais remoto hominídeo, encontrado no Chade, África Central.

Surgimento da família humana: Homo sapiens neanderthalensis e sua saída da África para o Oriente Médio.

Surgimento da família moderna: Homo sapiens sapiens. Povoamento definitivo do planeta a partir da África.

Início das primeiras sociedades africanas em diferentes espaços.

Desenvolvimento e desaparecimento das primeiras potências africanas.

Penetração do Império Árabe no Continente Africano e tráfico de escravos pelo Deserto do Saara, pelo Oceano Índico e pelo Mar vermelho.

Exploração de riquezas da África pela Europa e o tráfico de escravos através do Oceano Atlântico.

Colonização do Continente Africano. A “Partilha da África”. Lutas de resistência contra a colonização. Aparecimento da Ideologia pan-africanista.

Lutas dos países africanos por suas independências. Conflitos internos depois das independências. Busca pelo fortalecimento e desenvolvimento humano e econômico

História da África

Marco Referencial Antigo

Marco Referencial Formador Marco Referencial Moderno

Antiguidade

Pré-

Histórica

Antiguidade

Remota I, II

e III

Antiguidade

Próxima

Antiguidade

Clássica

Antiguidade

Neoclássica

Período

Ressurgente

Período

Colonial

Período

Contemporâneo

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Atividade: O Egito AntigoAtividade: O Egito AntigoAtividade: O Egito AntigoAtividade: O Egito Antigo

Com o apoio do livro: “Antigo Egito” contar a História e algumas curiosidades

do Egito Antigo: Inundação do Rio Nilo, Pirâmides, Faraós, Mumificação e cotidiano

das crianças egípcias. Conversar com os alunos sobre várias curiosidades sobre o Egito

Antigo. Pedir que os alunos escolham um tema e produzam um desenho, para exposição

com o título: Curiosidades do Egito Antigo.

Atividade em grupo: Eu faço parte dessa HISTÓRIA!Atividade em grupo: Eu faço parte dessa HISTÓRIA!Atividade em grupo: Eu faço parte dessa HISTÓRIA!Atividade em grupo: Eu faço parte dessa HISTÓRIA!

Nesta atividade, a turma montará um mapa com os seus próprios nomes da

seguinte maneira: Todos receberão o nome em uma folha, com letras grandes, cada uma

pintará seu nome, após contará para a turma a história de seu nome, e depois colará seu

nome em um cartaz grande. Esta atividade tem o objetivo de valorizar a história de cada

aluno, reforçando a importância de que todos nós fazemos parte da História.

Eu faço parte dessa HEu faço parte dessa HEu faço parte dessa HEu faço parte dessa História!istória!istória!istória!

Eliane

Recursos utilizados: Multimídia, cartazes, mapas, vídeos e slides.

Material de pesquisa: Mapas, livros e internet.

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OFICINA 2: África: uma linda GeografiaOFICINA 2: África: uma linda GeografiaOFICINA 2: África: uma linda GeografiaOFICINA 2: África: uma linda Geografia

“O Brasil precisa redescobrir a África para se ver efetivamente como nação”.

Carlos Moore

O Continente Africano é o terceiro maior em extensão, e possui um número

grande de etnias diferentes, antes da chegada dos europeus, existiam duas mil

civilizações. Seu território é de 30 bilhões de km e sua população é de 1,2 bilhões de

habitantes e possui 54 países.

Múltiplas paisagens compõem o relevo africano, as principais são: planaltos,

planícies, montanhas, depressões. O Monte Kilimanjaro, localizado na Tanzânia, é a

maior altitude. Esse cenário também é composto por diversas vegetações: florestas,

savanas, estepes, deserto e mediterrâneo.

Os grandes rios africanos são: Níger, Nilo, Congo, Zambeze, esta bacia

hidrográfica é pouco navegável, mas, possuem um alto potencial hidroelétrico. O

continente também conta com a Região dos Grandes Lagos, os principais são: Vitória,

Albert, Niassa e o Chade. (ROCHA, 2009, p. 27)

Este continente apresenta um espaço rico em recursos naturais, apesar de

carregar a marca da pobreza, fome e doenças, a culpa disso, além do colonialismo, são

as diversas conjunturas em que se têm desenvolvido os países africanos.

A presença dos europeus em solo africano marcou a história e a geografia deste

continente, pois foram estabelecidas fronteiras sem respeitar as diferenças culturais e

religiosas dos povos, por isso a África enfrentou muitas guerras, como a de Angola e

Ruanda.

Foi por meio de negociações, violência, guerras civis ou por meio de eleições

que os países africanos conquistaram a emancipação política do colonialismo europeu.

Mas ainda são necessárias muitas lutas para se atingir a soberania e dignidade de forma

plena. Devido a colonização portuguesa, cinco países africanos tem como língua oficial

o Português, são: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e

Príncipe. (Revista Ciência Hoje das Crianças, 2006).

Estudar a Geografia do Continente Africano é “viajar” por uma grande

diversidade, como por exemplo: planaltos, savanas, montanhas, estepes, vulcões,

florestas, desertos, lagos e muito mais. Esta é a África, um lugar mágico, que precisa ser

conhecido para ser valorizado. Assim, percebe-se a grande riqueza natural e cultural do

Continente Africano, e foi deste rico continente que foram trazidos tantos africanos para

serem a primeira mão de obra trabalhadora do Brasil.

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Objetivo: Conhecer a Geografia do Continente Africano, explorando seus países, sua

diversidade cultural linguística, climática, vegetação e fauna.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos Metodológicos:

-Sensibilização: Preparar a sala com uma música africana e com a exposição

das bandeiras dos países africanos, mapas e com imagens do Continente. Deixar que os

alunos observem tudo com calma.

-Roda de conversa: Conversar com os alunos sobre as bandeiras.

Vocês já tinham visto alguma bandeira dessas?

Sabem o nome de algum país africano?

Pedir que cada aluno escolha uma das bandeiras. Logo após cada aluno olha no

verso da bandeira e diga o nome do país que escolheu e vá até o mapa do Continente

Africano e localize o país.

Hora da pesquisa: Cada aluno terá que realizar uma pesquisa sobre o país

escolhido, para apresentar no último dia do projeto. A pesquisa deverá atender os

seguintes itens:

- Nome oficial, localização geográfica, vegetação, clima, fauna, economia,

principais riquezas e principais desafios e avanços.

AtivAtivAtivAtividade Individual: Regiões Africanasidade Individual: Regiões Africanasidade Individual: Regiões Africanasidade Individual: Regiões Africanas

Exibição do vídeo: África-Geografia

http://www.youtube.com/watch?v=Kf5tjZmpnls

Com a ajuda de um Atlas, entregar a atividade para os alunos conhecerem as

regiões africanas. Pesquisar e escrever os nomes dos países que compõem cada uma das

regiões geográficas africanas.

África do NorteÁfrica do NorteÁfrica do NorteÁfrica do Norte

África OcidentalÁfrica OcidentalÁfrica OcidentalÁfrica Ocidental

África CentralÁfrica CentralÁfrica CentralÁfrica Central

África OrientalÁfrica OrientalÁfrica OrientalÁfrica Oriental

África AustralÁfrica AustralÁfrica AustralÁfrica Austral

África do Oceano ÍndicoÁfrica do Oceano ÍndicoÁfrica do Oceano ÍndicoÁfrica do Oceano Índico

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Atividade: O Continente e suas gentesAtividade: O Continente e suas gentesAtividade: O Continente e suas gentesAtividade: O Continente e suas gentes

Realizar a leitura e interpretação do texto:

O Continente e suas gentes

O Continente Africano, terceiro mais populoso do mundo, é habitado por uma variedade de povos de origens étnicas diferentes, com tradições, hábitos, valores e crenças, com particularidades culturais que os diferenciam uns dos outros.

Alguns desses povos expressam seu pertencimento étnico através de marcas específicas, como por exemplo, tatuagens, objetos, ou adornos que os identificam, diferenciando-os.

É muito difícil estabelecer o número exato de grupos étnicos desse continente. Alguns estudiosos costumam agrupá-los em grandes subdivisões (tronco ou ramo), como: os sudaneses, que ocupam a parte norte e ocidental da África, e os Bantos, que habitam toda a porção centro-sul do continente. Como exemplos de outros grupos, podemos citar os Tuareges, os Pigmeus e os Ova-kwankala (chamados pejorativamente de “bush-man” por historiadores racistas). Muitos brasileiros são descendentes diretos ou indiretos desses povos escravizados e trazidos para o Brasil.

Dois grandes grupos, Bantos e Sudaneses, deixaram marcas profundas de sua cultura na formação do povo brasileiro. (ROCHA, 2009, p.94)

Após a leitura e interpretação do texto entregar um mapa da África para os

alunos construir um mapa temático identificando a localização dos grupos étnicos,

conforme a legenda:

Berberes Tuareges

Pigmeus San

Khoi Hutu

Banto Tutsi

Banto: Ramo étnico que, juntamente com os Sudaneses, ocupa a África Subsaariana, especialmente a África Equatorial e a Austral. Berberes: Os berberes soa o povo autóctone do Norte da África, de Marrocos ao Egito. Khoi: Povos que vivem da caça, pesca e coleta. O grupo habita atualmente áreas do deserto de Kalaari e algumas regiões semi-áridas de Botswana e da Namíbia. Pigmeus: Povos de pequena estatura, os mais antigos ocupantes das regiões das florestas equatoriais. Habitam uma grande área que vai da República dos Camarões a Ruanda. Hutu: Grupo étnico que prevalece em Ruanda e Burundi. Tuareges: Povos criadores nômades, de religiões islâmica, presentes em áreas do Mali e do Níger. Podem também ser encontrados em pequeno número na Argélia, na Líbia e em Burkina Faso. San: Juntamente com a etnia Khoi, formam o ramo lingüístico chamado Khoisan. Ocupam as mesmas áreas do povo Khoi. Tutsi: Juntamente com os Hutus, ocupam as áreas da África Oriental correspondente a Ruanda e Burundi.

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Atividade em grupo: Mapa ÁfricaAtividade em grupo: Mapa ÁfricaAtividade em grupo: Mapa ÁfricaAtividade em grupo: Mapa África

Entregar para os alunos imagens do povo africano, eles escolhem uma imagem,

fazem a pintura e colam no mapa do Continente Africano, criando assim um lindo mapa

africano, destacando sua diversidade e suas belezas.

Depois destas duas oficinas sobre a África pedir que os alunos respondam à

pergunta: “O que aprendemos sobre a África?” Observar o que mudou em relação à

primeira oficina quando eles responderam “O que sabemos sobre o Continente

Africano”? Escrever as respostas no cartaz:

O que aprendemos sobre o Continente Africano?

Recursos utilizados: Vídeos, textos, Atlas e Mapas.

Material de Pesquisa: Livros, atlas e internet.

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““““OFICINA 3: Pele e cabelo!”OFICINA 3: Pele e cabelo!”OFICINA 3: Pele e cabelo!”OFICINA 3: Pele e cabelo!”

“A cor da pele, o tipo de cabelo ou o formato do nariz não definem o caráter nem a inteligência das pessoas.”

Maria Zilá Teixeira de Matos.

Um dos objetivos desta produção é realizar atividades em sala de aula que

ajudem os alunos a desmistificar os estereótipos relacionados à Cultura Africana, e

principalmente os preconceitos sobre a pele negra e cabelo crespo. Para isso é

necessário compreender que a cor da pele não define caráter nem inteligência,

entenderem que existem brancos e negros devido uma questão de sobrevivência e

adaptação ao ambiente.

Os recentes estudos comprovaram que não existem RAÇAS, existe apenas uma

raça, que é a raça humana, o que existe são diversas etnias. Estes estudos fizeram cair

por terra às várias teorias racistas que inferiorizavam os negros, usando desta

justificativa para praticar a escravidão. Ideologias racistas sempre estiveram presentes

na história, aqui no Brasil autores desenvolveram teses racistas que defendiam a

desigualdade e a superioridade branca.

Com o apoio da Biologia, é necessário conhecer questões que envolvem a

genética como, por exemplo, a melanina que é um pigmento presente nas células

melanóides, tendo como função deter as reações do sol para não causar queimaduras. As

pessoas brancas possuem pouca melanina. Isto prova que o racismo é uma construção

social, histórica e cultural, pois a Ciência vem derrubar estas teorias racistas.

As teorias racistas acabavam por naturalizar e conservar a superioridade,

atribuindo aos negros e brancos papéis e posições diferentes. Segundo Brito (2002, p.

59)

O racismo é a teoria que sustenta a superioridade de certas raças em relação a outras, preconizando ou não a segregação racial ou, até mesmo, a extinção de determinadas minorias. Este discurso legitimava a inferioridade de alguns povos que estariam mais próximos dos animais do que dos seres humanos, baseados em argumentos morais, religiosos e científicos.

Infelizmente, ainda no Brasil, a identidade negra é relacionada ao ruim, o

cabelo crespo é chamado de “bombril”, de “ruim”, de “rebeldes”, e a pele negra é

motivo para vários preconceitos, estereótipos, piadas e frases bastante racistas, mas a

Ciência mostra que as características físicas não podem ser usadas para hierarquizar os

grupos de pessoas, por isso o racismo é bastante incoerente.

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Objetivo: Entender as diferenças na cor da pele e no formato do cabelo com as

explicações científicas sobre as adaptações do ser humano aos diversos ambientes.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos metodológicos:

-Sensibilização: A sala estará preparada com várias imagens e fotos de

pessoas: negras, indígenas, loiras, ruivas, e também com bonecas brancas e negras.

Enquanto ouvem a música: “Olhos coloridos” de Sandra de Sá, os alunos observarão as

imagens e os objetos.

-Roda de conversa: Ao centro da sala, todos em círculo sentados no chão,

realizar uma conversa sobre as nossas diferenças, principalmente nossa pele e nosso

cabelo. Pedir que os alunos discutam e questionem sobre esta diversidade.

Atividades individuais: Sentindo na Pele! Texto 1:

“A cor da Pele” Muitas são as tonalidades de pele das pessoas. A cor da nossa pele é dada por uma substância

chamada melanina. A pele de quem possui mais melanina é escura e quem tem pele clara apresenta menos melanina.

Segundo os cientistas, a variação da tonalidade de pele e de outras características físicas ocorrem devido à necessidade de adaptação biológica do ser humano ao ambiente. As populações da região tropical têm a pele escura, isto é, possuem mais melanina, que as protege contra a radiação ultravioleta do sol. Nas regiões frias, onde há pouca radiação solar, a pele clara é mais adequada para melhor absorver a luz ultravioleta.

Por desconhecer estas verdades científicas, muita gente julga as pessoas pela cor de pele. As pesquisas científicas sérias comprovam que a cor de pele não tem qualquer relação coma inteligência, bondade, responsabilidade....Apesar disso, ainda existem muitas pessoas que se acham melhores do que as outras por conta da cor da pele que têm. Isso é uma das formas de racismo!

Oficialmente o Brasil tem uma das maiores populações negras do mundo, mas muitos negros brasileiros têm vergonha de assumir sua cor, por causa das dificuldades que passam em função do racismo existente no Brasil.

No passado, a cor de pele foi usada para justificar a escravidão e ainda existem grandes injustiças com base em ideias racistas. Racismo é crime. Está na Constituição Brasileira! (ROCHA, 2006, p.97)

Texto 2: A pele é a roupa de seu corpo

Como toda roupa, a pele não só protege o corpo, como também confere a ele estilo e beleza. A

embalagem perfeita da vida é também o espelho do que acontece dentro de você. Revela o estado de

saúde, a idade e, até mesmo, pelas marcas de expressão, o sofrimento psíquico que, eventualmente,

algumas pessoas tentam esconder. A pele veste você! Ela avisa quando está frio ou calor e se o mundo lá

fora traz prazer ou dor.

Das partes do corpo, a pele é a que mais tem a ver com a vaidade. É também a que revela, de

forma mais ostensiva, a ação devastadora do tempo. Na velhice, as fibras de colágeno da derme perdem a

elasticidade; é aí que nascem as rugas, as quais podem explicitar, ao mesmo tempo, a fragilidade e a

resistência da pele diante da passagem dos anos, porém a velhice não diminui a eficiência da pele como

armadura do corpo. Ela continua a cumprir sua missão tão bem quanto na juventude.

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Atividade texto 1:

1)Ordene as frases para que se forme um texto coerente: Quem? Faz o quê? Como/Por

quê? A 1 A cor da

pele 1 Tem muita 1 Que a

proteção contra

radiação ultravioleta

do sol. B 2 A pele clara 2 Possuem

mais melanina

2 De adaptação

biológica do ser humano ao ambiente.

C 3 A pele escura

3 É dada por uma

3 Melanina.

D 4 As populações da região tropical

4 Ocorre devido à

necessidade

4 Substância chamada melanina.

E 5 A variação

da tonalidade

de pele

5 Tem pouca 5 Melanina.

A= 1 + 3 + 4= A cor da pele é dada por uma substância chamada melanina.

B=__+__+__=________________________________________________.

C=__+__+__=________________________________________________.

D=__+__+__=________________________________________________.

E=__+__+__=________________________________________________.

2) Leia com atenção as frases. Coloque V nas verdadeiras e F nas falsas:

a) (____) Nas regiões frias, onde há pouca radiação solar, a pele clara é mais

adequada.

b) (____) As populações da região tropical têm peles mais claras.

c) (____) A melanina não protege a pele contra a radiação.

d) (____) As pessoas, muitas vezes, são racistas por ignorarem dados

científicos.

3) Atividade texto 2:

Leia o texto com atenção e retire duas frases interessantes. Copie-as abaixo e

escreva sua opinião sobre elas:

a) Primeira frase:

Comentário:

b) Segunda frase:

Comentário:

(ROCHA, 2006, páginas 97 a 99)

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3) Agora é com você! Pesquise e registre:

Lei contra o RacismoLei contra o RacismoLei contra o RacismoLei contra o Racismo

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Texto 3:

O cabelo “fala” por você

A natureza criou os fios da cabeça para ajudar você a sobreviver. Por isso, não são um simples enfeite. Todavia, as diversas culturas os transformaram em sinal de beleza e meio de expressão.

Quando o ser humano ainda vivia nas cavernas, os cabelos tinham uma função vital: proteger o cérebro do calor do sol. Nas regiões quentes e secas do planeta, eles tendiam a ser mais crespos e mais armados, formando uma cobertura protetora. Nas áreas frias e úmidas, os cabelos lisos ajudavam a escorrer a água das chuvas. O tipo do cabelo (crespo, liso ou ondulado) depende do formato do folículo onde nasce o cabelo.

Temos cerca de 100.000 fios que cobrem a cabeça e 5 milhões de pêlos espalhados pelo seu corpo. São uma herança de nossos antepassados, que precisavam deles para aquecer a pele e se protegerem da chuva. Os pêlos nascem como célula viva, mas quando chegam à flor da pele já estão mortos. Por isso, você não sente dor na hora de cortá-los.

A cor dos cabelos depende da quantidade de melanina produzida. Os cabelos pretos contém muita melanina e os louros, pouca. Os cabelos ruivos têm essa cor em conseqüência de um gene especial, responsável pela produção de um pigmento avermelhado.

A civilização, com seus chapéus e guarda-chuvas, aposentou as funções originais do cabelo, que viraram, então, símbolo de beleza, marca de identidade grupal e meio de expressão artística. Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode-se manifestar muita coisa, devido ao estilo do cabelo. O cabelo “fala” por você! (ROCHA, 2006, p. 100)

4) Diante das informações acima, responda às seguintes perguntas:

a) Quais as diversas funções dos pêlos?

b) Por que existem cabelos escuros, claros e ruivos?

5) Leia com atenção as frases e marque a alternativa correta:

a) A natureza criou os fios de cabelo para:

(__) proteger o cérebro. (__) enfeitar. (__) ajudar a sobreviver.

b) Os cabelos crespos:

(__) formam uma cobertura protetora. (__) nascem como células mortas. (__) tem mais

melanina.

c) Os cabelos claros:

(__) têm pouca melanina. (__) têm muita melanina. (__) protegem o cérebro.

(ROCHA, 2006, p. 100 e 101)

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Atividade em grupo: Debate

Dividir a turma em 4 grupos e entregar para cada grupo as seguintes

afirmações:

1111----“Por desconhecerem estas verdades científicas, muita gente julga as pessoas pela “Por desconhecerem estas verdades científicas, muita gente julga as pessoas pela “Por desconhecerem estas verdades científicas, muita gente julga as pessoas pela “Por desconhecerem estas verdades científicas, muita gente julga as pessoas pela

cor da pele”.cor da pele”.cor da pele”.cor da pele”.

2222---- “Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode“Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode“Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode“Do corte rente dos militares às trancinhas africanas, pode----se manifestar muita se manifestar muita se manifestar muita se manifestar muita

coisa, devido ao estilo do cabelo”.coisa, devido ao estilo do cabelo”.coisa, devido ao estilo do cabelo”.coisa, devido ao estilo do cabelo”.

3333---- “As várias caracte“As várias caracte“As várias caracte“As várias características externas do ser humano, como cor da pele, formato do rísticas externas do ser humano, como cor da pele, formato do rísticas externas do ser humano, como cor da pele, formato do rísticas externas do ser humano, como cor da pele, formato do

nariz, os pêlos, não passam de formas de se adaptar às condições ambientais”.nariz, os pêlos, não passam de formas de se adaptar às condições ambientais”.nariz, os pêlos, não passam de formas de se adaptar às condições ambientais”.nariz, os pêlos, não passam de formas de se adaptar às condições ambientais”.

4444---- “Oficialmente, o Brasil é o segundo país de maior população negra do mundo”.“Oficialmente, o Brasil é o segundo país de maior população negra do mundo”.“Oficialmente, o Brasil é o segundo país de maior população negra do mundo”.“Oficialmente, o Brasil é o segundo país de maior população negra do mundo”.

-Cada grupo discutirá entre si a afirmativa recebida. Um aluno deverá anotar as

conclusões do grupo. Um aluno apresentará para a turma as ideias do grupo. Logo após

o debate elaborar um texto sobre as conclusões apresentadas pelos grupos.

Atividade em grupo: Minha pele, Meu Cabelo!

Procurar em revistas imagens de pessoas diversas para montarmos um cartaz,

e com fotos dos próprios alunos, expondo o texto produzido com as ideias deles e com

as imagens de pessoas mostrando essa diversidade tão linda.

Recursos utilizados: Multimídia, vídeos, textos, cartazes, imagens.

Material de pesquisa: Livros, internet, jornais e revistas.

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Oficina 4: Escravidão e ResistênciaOficina 4: Escravidão e ResistênciaOficina 4: Escravidão e ResistênciaOficina 4: Escravidão e Resistência

“Para continuar resistindo, os africanos submetidos a cativeiro e seus descendentes tiveram que refazer tudo, refazer linguagens, refazer parentescos,

refazer religiões, refazer solidariedades, refazer cultura. Esta foi a verdadeira grande Refazenda”. Gilberto Gil

No Brasil Colonial existiu um sistema de produção escravista, o tráfego de

africanos durou mais de 300 anos, o Brasil foi o país que mais importou africanos,

sendo o último país a abolir a escravidão. Mas este sistema não foi marcado apenas pela

escravidão, também se destaca a luta dos africanos por liberdade na formação dos

quilombos, por exemplo.

Os quilombos também eram chamados de mocambos, a fuga foi uma das

estratégias de luta e resistência desde que os primeiros africanos chegaram ao Brasil. Os

quilombos recebiam, além dos africanos que fugiam da escravidão, muitos indígenas e

brancos que tivessem problemas com a justiça. (ALBUQUERQUE, 2006)

O quilombo mais famoso do Brasil foi o Quilombo de Palmares, que se

localizava onde atualmente é o Estado de Alagoas. Ele foi o maior e o mais duradouro

da história. Seu grande líder foi Zumbi dos Palmares que, por muitas vezes vencia as

batalhas contra os portugueses. Zumbi e todos os palmarinos utilizavam de estratégias

militares se posicionando em emboscadas, mas este quilombo foi destruído e Zumbi foi

morto e esquartejado no dia 20 de novembro de 1695, data que comemoramos o Dia da

Consciência Negra. (ALBUQUERQUE, 2006)

A escravidão foi marcada por esta resistência como uma maneira de manter sua

identidade e sobrevivência, além dos quilombos, utilizou de várias outras resistências,

como por exemplo, a submissão. Como afirma Miller (2006)

Isso equivale dizer que os africanos adultos que chegaram ao Brasil através das conexões escravizantes transatlânticas ficaram debilitados fisicamente, foram submetidos a brutais abusos físicos, mas possuíam um grau de preparação espiritual para contrapor às perdas de identidades sociais primárias (MILLER, 2006, p.30).

Atualmente o Brasil conta com a luta de Movimentos Negros que buscam por

políticas afirmativas como uma forma de reparação aos danos causados até hoje á

população negra devido ao nosso histórico de escravidão. São graves os altos índices de

violência à população negra no Brasil, isso precisa ser mudado. A luta também é por

igualdade de oportunidades e o fim do racismo.

As propostas de Ações Afirmativas no Brasil buscam ações em benefício de

grupos discriminados e vitimados pela exclusão social e econômica, ou seja, grupos que

refletem uma história de desigualdade social. (PASSOS, 2002)

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Objetivo: Conhecer o processo de Escravidão, destacando a luta pela liberdade, a

formação dos Quilombos e o papel do Herói Zumbi dos Palmares.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos metodológicos:

-Sensibilização: Iniciar a oficina recebendo os alunos com a sala preparada

(representando um quilombo) pedir que os alunos fiquem descalços enquanto ouvem a

música (poema musicado) “Navio Negreiro” na voz de Caetano Veloso.

-Roda de conversa: Reunir os alunos ao centro da sala e realizar uma conversa

sobre a palavra ESCRAVIDÃO, uma conversa para que os alunos falem e questionem

sobre este tema.

Assistir ao vídeo: Escravidão no Brasil - Negros

http://www.youtube.com/watch?v=QXiXFsPpf-o

Zumbi dos Palmares: Com a imagem de Zumbi, explicar sua importância no

processo de formação dos quilombos, a Resistência negra e o dia da Consciência Negra.

Explicar um pouco sobre o Quilombo de Guairá “Manoel Ciríaco dos Santos”, com o

apoio de imagens.

-Assistir ao Vídeo: Quilombo dos Palmares

http://www.youtube.com/watch?v=yeX-lBh33w8

Atividade individual: Texto 13 de Maio

Leitura e Interpretação de texto

“Era 13 de Maio. Ivan levantou-se, foi até ao tanque e fez a sua higiene matinal. A água fria já

não o incomodava tanto quanto há alguns anos, tempo em que estava na primeira série da escola e sua

mãe lhe acordava à força para fazer a mesma coisa que estava fazendo agora, com tanto prazer!

Nesse momento, ele já sabia a importância disso! Ele sentia que, com o passar do tempo,

podia ver tudo com mais clareza! Como diria sua mãe: “Está começando a virar gente!” Foi se

lembrando dessas coisas que ele começou a pensar que tudo na vida deveria ser assim: primeiro a gente

compreende a importância das coisas, depois a gente dá a elas o seu devido valor.

Ivan estava na 5° série. Sua primeira aula seria de História. Naquele dia, ele estava ansioso.

Era costume o professor falar sobre a data comemorativa do dia. E, aquele era o dia 13 de maio... Ivan,

um negrinho curioso e esperto, tinha ouvido falar que a história da Abolição da Escravatura não estava

bem contada. Ele queria mesmo conhecer a verdade!

Um amigo lhe havia dito que seus ancestrais negros é que fizeram o progresso do Brasil no

tempo da Colônia e que foram os primeiros trabalhadores explorados desta terra. Ele não sabia nada

disso! O amigo lhe falara de um tal de Zumbi, que foi um negro danado de forte e inteligente, que lutou

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muito contra a escravidão nas terras de Palmares. Ele nunca tinha ouvido falar! Ele estava se sentindo

passado para trás! Por que o seu amigo sabia de tudo aquilo e ele não? Mas, naquele dia, com certeza ele

ficaria sabendo de tudo!

O professor entrou na sala. Os olhos de Ivan tinham um brilho diferente, seu coração batia

acelerado; afinal, iria ser emocionante como filme de mocinho e bandido. Certamente, ele iria falar da

importância de Palmares, dos líderes negros que sobressaíram na luta pela liberdade dos escravos e da

bravura desse povo resistente ao massacre de sua cultura! Que orgulho sentiria de ser negro também!

E naquele momento, veio à sua cabeça o que ele havia descoberto pela manhã: só se dá valor a

alguma coisa quando se conhece a importância que ela tem... Uma esperança brotou no coração de

Ivan... Os apelidos...As gozações...O desrespeito... Quem sabe? Mas o professor entrou na sala e disse

apenas:

-Copiem nos cadernos:

Hoje é 13 de Maio. Salve a Princesa Isabel! Ela deu a liberdade aos escravos! E a história verdadeira? E a luta de seus ancestrais? E os líderes negros? E Palmares? O brilho

dos olhos de Ivan se apagou, mas a esperança de saber de sua história, não! Terminada a aula, ele foi

procurar o seu amigo do Projeto. (Rosa Margarida) (ROCHA, 2006, p. 113)

Leia o texto com atenção e após a discussão em grupo, responda:

1- Lendo o texto, você pode conhecer várias características de Ivan. Escreva o que você achou

desse personagem.

2- Leia o terceiro parágrafo e explique-o:

3- Em suas lembranças, naquela manhã, Ivan descobriu uma lição de vida. Por quê?

4-Segundo o texto, por que Ivan estava ansioso naquele dia?

5-Por que Ivan se sentiu passado para trás?

6- Ivan não conhecia bem a história e a contribuição do povo negro para o progresso do Brasil.

E você conhece? Pesquise, discuta com seus colegas e justifique as situações:

a) Os negros fizeram o progresso do Brasil, porque...

b) Zumbi é um líder brasileiro, porque...

c) Em sua opinião, por que aquele dia era tão importante para Ivan?

7- Você também acha que isso é importante? Justifique sua resposta.

8- [...] “Só se dá valor a alguma coisa quando se conhece a importância que ela tem...”

Comente o sentido dessa frase em relação à história do povo negro brasileiro:

9- Segundo o texto, as esperanças de Ivan foram concretizadas naquele dia? Por quê?

10- Agora é com você!

a) Você concorda com as frases que o professor escreveu no quadro? Justifique sua resposta.

b) Conhecer a história do povo negro do Brasil é importante para todos os brasileiros.

Converse com a professora, discuta com os colegas e registre sua opinião sobre a afirmativa acima.

(ROCHA, 2006, páginas 114 e 115)

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Atividade em grupo: Texto Maluco

Após as discussões sobre Resistência, dividir a turma em duas equipes,

distribuir pedaços do texto que deverá ser recomposto. Cada equipe deve montar o texto

corretamente, ordenando com lógica suas partes. Ganhará a equipe que conseguir

montar o texto primeiro e apresentar a sequência correta.

A cada dia 20 de Novembro, a população brasileira, em especial a comunidade negra, relembra o líder guerreiro Zumbi.

Ele foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.

Os quilombos brasileiros foram a principal forma de resistência organizada dos negros contra a escravidão.

Após a abolição da escravatura, o povo negro foi lançado à sua própria sorte.

Em uma situação de miséria absoluta, o povo negro começa a se organizar, por meio de várias

associações para combater o preconceito e a discriminação racial.

Fundaram clubes sociais, grupos de capoeira, grupos de cultura popular, grupos políticos, como a Frente

Negra Brasileira, grupos artísticos, como o Teatro Experimental do Negro, e jornais, como o Clarim da Alvorada e a Voz da Raça, para combater o preconceito e a discriminação racial.

A história da Resistência Negra não foi contada pela história oficial até 1978, quando o Movimento

Negro conseguiu transformar a morte de Zumbi em Dia Nacional da Consciência Negra.

A história dessa resistência continua a ser construída na atualidade.

Esse povo agora deseja que sejam implantadas políticas públicas de promoção da igualdade. Os negros brasileiros desejam, portanto, efetivar as possibilidades de conquistar seus direitos como cidadãos!

No texto apresentado, os alunos ficaram conhecendo sobre a história da

Resistência Negra brasileira. Eles irão preencher o quadro abaixo, completando o

esquema sobre essa história: A História da Resistência NegraA História da Resistência NegraA História da Resistência NegraA História da Resistência Negra

Como escravos Após a abolição Atualmente

(ROCHA, 2006, páginas 116 e 117)

Preparar e ensaiar um teatro com essa história: 13 de Maio

Recursos utilizados: Multimídia, vídeos e slides.

Material de pesquisa: Livros, internet.

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Oficina 5: Negritude em nós!Oficina 5: Negritude em nós!Oficina 5: Negritude em nós!Oficina 5: Negritude em nós!

“... e quem garante que a história é uma carroça abandonada numa beira de estrada ou numa estação inglória? A história é um carro alegre cheio de um

povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue!” Chio Buarque – Pablo Milanês

O Brasil é um país que possui uma rica diversidade cultural devido às

influências das Comunidades Indígenas, Africanas e Europeias. Mas, por muito tempo

não se reconhecia a influência da Cultura Africana em nossa sociedade. E também ainda

existem muitos preconceitos e estereótipos relacionados a ela, principalmente a

Religiões de Matriz Africana.

Para compreender a contribuição africana em nossa cultura, temos que buscar

analisar as seguintes dimensões: história, memória e cultura. A música é uma herança

muito forte que está presente em nosso país, onde por muito tempo, os negros se

destacavam com suas vozes e seus instrumentos, como afirma Napolitano (2002, p.43)

Esses escravos músicos eram altamente qualificados e suas atividades diárias se concentravam no aperfeiçoamento da sua técnica...Criou-se entre os negros e mestiços da corte e das principais vilas e cidades, escravos e libertos, uma tradição musical complexa e plural, que trazia elementos diversos.

O legado cultural da África é muito marcante em nossa sociedade,

influenciaram, além de nossa música, nossa culinária, nossas danças, nossa

religiosidade, nossa economia, nossas festas. Pelo país existem várias festas de origem

africana, como por exemplo: Folguedos, Afoxé, Bumba-meu-boi, Congadas e tantas

outras.

A Religiosidade Africana sincretizou com o Catolicismo, este sincretismo fez

com que vários Orixás representem Santos Católicos, como por exemplo: São

Jorge/Oxossi, Santo Antonio/Ogun, Santa Bárbara/Iansã. E algo importante é que os

alunos precisam aprender que MACUMBA é um instrumento musical, e que SARAVÁ

é uma saudação, que não são manifestações do mal.

A presença do negro na formação social do Brasil foi decisiva para termos uma

cultura e um patrimônio tão rico, pois os cultos realizados pelos africanos deram origem

a uma diversidade de manifestações. As religiões dos bantos e iorubas têm como base

seus ancestrais, suas famílias e suas linhagens. (PRANDI, 1996)

Uma das lutas dos Movimentos Sociais Negros é o desvelamento da verdadeira

história do povo negro, é tirar do anonimato fatos importantes e pessoas ilustres que se

destacaram na luta por liberdade. (ROCHA, 2006, p.33)

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Objetivo: Conhecer as contribuições africanas em nossa cultura, com destaque para a

Feijoada, Capoeira, Religiões de Matriz Africana e Personalidades Negras.

Tempo da aula: 4 horas/aula

Procedimentos Metodológicos:

-Sensibilização: Receber os alunos com música africana e a sala enfeitada com

objetos africanos, tecidos e imagens sobre Candomblé e Umbanda e de Personalidades

Negras como: Luiz Gama, Milton Santos, Dandara, Mário de Andrade, Cruz e Souza,

Mestre Pastinha, João Cândido. Deixar que eles observem toda a sala.

-Roda de Conversa: Conversar com os alunos sobre o que mais lhe chamou a

atenção na sala. Questionar se conhecem algo sobre Candomblé ou Umbanda. E as

Personalidades Negras? Já ouviram falar deles? Já “dançaram” capoeira?

Assistir ao vídeo: Influências da Cultura Africana no Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=2odST57MmH4

Feijoada: Entregar a receita de Feijoada para eles e contar a história do prato

típico brasileiro. Ouvir a música de Chico Buarque: “Feijoada Completa”, conversar

sobre a música e a receita, ensaiar uma dramatização com a música.

Feijoada Completa – Chico Buarque

Mulher, você vai gostar

To levando uns amigos para conversar

Eles vão com uma fome que nem me contem

Eles vão com uma sede de anteontem

Salta cerveja estupidamente gelada para um batalhão

E vamos botar água no feijão.

Mulher, não vá se afobar

Não tem que pôr a mesa e nem dar lugar

Ponha os pratos no chão e o chão ta posto

E prepare as lingüIças pro tira-gosto

Uca, açucar, combuca de gelo limão

E vamos botar água no feijão

Mulher você vai fritar

Um montão de torresmo pra acompanhar

Arroz branco, farofa e a malagueta

A laranja-bahia ou da seleta

Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão

E vamos botar água no feijão

Aliás, depois de salgar

Faça um bom refogado que é pra engrossar

Aproveite a gordura da frigideira

Pra melhor temperar a couve mineira

Diz que ta dura, pendura, a fatura no nosso irmão

E vamos botar agua no feijão

Link: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/feijoada-

completa.html#ixzz3K1tPgS7u

RECEITA DE FEIJOADA

•1 Kg de feijão preto

•100 g de carne seca

•70 g de orelha de porco

•70 g de rabo de porco

•70 g de pé de porco

•100 g de costelinha de porco

•50 g de lombo de porco

•100 g de paio

•150 g de lingüiça portuguesa

Tempero:•2 cebolas grandes picadinhas

•1 maço de cebolinha verde picadinha

•3 folhas de louro

•6 dentes de alho

•Pimenta do reino a gosto

•1 ou 2 laranjas

•Sal se precisar

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Capoeira: Mostrar o vídeo: “Especial Capoeira-Parte I”, para os alunos que mostra a

capoeira.

http://www.youtube.com/watch?v=Fj1CCOBwgb0

Conversar sobre o histórico da Capoeira, que por muitos anos no Brasil era

proibida, era considerado um crime. Após a conversa e a exibição do vídeo, pedir que

cada aluno escreva uma frase sobre a Capoeira, para montarmos um cartaz com imagens

e frases sobre esta herança africana.

PERSONALIDADES NEGRAS: Cada aluno sorteia o nome de uma

personalidade negra, e iremos ao Laboratório de Informática para realizar uma pesquisa

e montar um cartaz com a história da personalidade e a imagem.

As Personalidades serão:

-Abdias do Nascimento

-Aleijadinho

-Chica da Silva

-Dandara

-João Cândido

-Lélia Gonzáles

-Luiza Mahin

-Luiz Gama

-Mário de Andrade

- Mestre Pastinha

-Mestre Bimba

-Mestre Didi

-Professor Milton Santos

-Rainha Nzinga

-Zumbi dos Palmares

-Cruz e Souza

-André Rebouças

-Nelson Mandela

Religiosidade Africana: Com o apoio da foto, onde mostra a verdadeira MACUMBA,

conversar com os alunos sobre os preconceitos e estereótipos que ainda existem em

relação ao Candomblé e Umbanda. Entregar para cada dupla de alunos o nome de um

Orixá, e realizar uma pesquisa, montar um painel com todos os Orixás para exposição.

Assistir ao vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=bLodBzo8nXI

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Recursos utilizados: Vídeos, textos, mapas e internet.

Material de pesquisa: Livros e internet.

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Oficina 6: Africanidades em nós!Oficina 6: Africanidades em nós!Oficina 6: Africanidades em nós!Oficina 6: Africanidades em nós!

“Se você está construindo uma casa e um prego quebra, você deixa de construir ou você muda o prego?” Provérbio Africano

A Cultura Africana está presente em muitos aspectos de nossa sociedade, e na

nossa linguagem ela é bastante forte, falamos muitas palavras de origem africana e

muitos provérbios interessantes. A influência africana em nosso idioma é uma questão

que deve ser abordada com os alunos, é uma maneira rica de construir um conhecimento

e valorizar a herança africana em nossa sociedade.

A Língua Portuguesa que falamos no Brasil é representada pelas heranças

linguísticas indígenas, portuguesas, africanas e outras. Respeitar a diversidade cultural

brasileira é reconhecer as heranças linguísticas africanas, é valorizar a oralidade que é

uma característica essencial da cosmovisão africana que foi recriada em terras

brasileiras. (ROCHA, 2006)

A literatura pode ser uma excelente ferramenta para que os professores e os

alunos ampliem os conhecimentos sobre as tradições, valores e cosmovisões africanas e

afro-brasileiras, combatendo, assim, os preconceitos e discriminações referentes à

Cultura Africana.

Muitas palavras que falamos no nosso cotidiano é de origem africana como por

exemplo: batuque, bengala, canjica, careca, farofa, fofoca, fuxico, ginga, garoa,

mochila, pamonha, samba, sinuca, xixi, zangar, e muitas outras. Estudar as palavras e

seus significados é essencial, como diz as Diretrizes Curriculares de Salvador (SMEC,

2004):

Aprender uma língua não é somente aprender palavras, mas também os seus significados culturais e a forma como as pessoas do seu meio cultural entendem, interpretam e representam a realidade. A sociedade está cheia de falares africanizados. Hoje é consenso que a linguagem oral e escrita se completam.

Além das palavras existem os provérbios que podem ser usados para conhecer

a Cultura Africana, analisando e opinando sobre os provérbios. Os provérbios são frases

transmitidas de geração em geração, de caráter prático e popular, foram criados a partir

dos costumes e tradições de cada povo. (Novo Aurélio Século XXI: O Dicionário da

Língua Portuguesa - Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Nova Fronteira).

A contribuição dos afrodescendentes para nossa cultura foi essencial, apesar de

os negros terem sido obrigados a se acultuarem assim que chegavam ao Brasil. Muitos

dos valores perdidos estão sendo resgatados pelo Movimento negro e pela Lei

10.639/03.

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Objetivo: Identificar a herança africana no idioma português, nas palavras e nos

provérbios, conhecendo seus significados e sua importância para a Língua Portuguesa.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos metodológicos:

-Sensibilização: A sala estará preparada com palavras, provérbios e ditados de

origem africana, enquanto os alunos observam e façam a leitura, deixar tocar uma

música instrumental africana.

-Roda de conversa: Pedir se os alunos já conheciam as palavras que estão

expostas na sala, se sabem o significado das palavras e se já ouviram algum provérbio

ou ditado de origem africana.

Atividade Individual: Ler, analisar e conversar com os alunos sobre o quadro seguinte,

onde estarão expostas palavras de origem africana, conversar quais palavras eles

conhecem, se sabem o significado, quais são comuns em nosso dia a dia.

VATAPÁ FAROFA VATAPÁ FAROFA VATAPÁ FAROFA VATAPÁ FAROFA ABARIABARIABARIABARI ACARAJÉ CARURU ACARAJÉ CARURU ACARAJÉ CARURU ACARAJÉ CARURU ANGUANGUANGUANGU

MINGAMINGAMINGAMINGAU CANJICA U CANJICA U CANJICA U CANJICA TUTUTUTUTUTUTUTU FEIJOADA FEIJOADA FEIJOADA FEIJOADA MOCOTÓMOCOTÓMOCOTÓMOCOTÓ

BANGUELA BATUQUE BANGUELA BATUQUE BANGUELA BATUQUE BANGUELA BATUQUE BANZÉBANZÉBANZÉBANZÉ

CAÇULA COCHILO CAFUNÉCAÇULA COCHILO CAFUNÉCAÇULA COCHILO CAFUNÉCAÇULA COCHILO CAFUNÉ MACUMBA QUINDIMMACUMBA QUINDIMMACUMBA QUINDIMMACUMBA QUINDIM

SAMBA SAMBA SAMBA SAMBA IETÊ SUNGAIETÊ SUNGAIETÊ SUNGAIETÊ SUNGA NENÉM SINHÁ NENÉM SINHÁ NENÉM SINHÁ NENÉM SINHÁ PAPÁPAPÁPAPÁPAPÁ

MAÍNHA MAÍNHA MAÍNHA MAÍNHA MIMIMIMIMIMIMIMI PIPI PIPI PIPI PIPI BUMBUMBUMBUMBUMBUMBUMBUM

Assistir ao vídeo: Um sopro Africano em nosso idioma: https://www.youtube.com/watch?v=AFZL_szl9OE

-Atividade em grupo: Palavra+Significado+Figura:

Dividir a turma em três grupos, um grupo receberá as palavras de origem

africana, o outro grupo o significado destas palavras e o terceiro grupo a imagem

referente à palavra. Cada aluno lê sua palavra, um a um, quem estiver com o significado

e com a imagem dela deverá juntar-se a eles, formando trios: Palavra+

significado+imagem. Cada trio apresenta para a turma. Logo colaremos tudo em um

grande cartaz para a exposição.

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Exemplo:

FAROFA

Mistura de farinha com

gordura e, às vezes,

composta de outros

elementos.

FIGURA

-Atividade em grupo: Salada de Provérbios Africanos

Cada dupla receberá um provérbio africano (todo embaralhado), a dupla terá

que montar o provérbio. Após, irão ler e explicar o que entenderam para a turma.

Montar um cartaz. Cada dupla pesquisará um provérbio brasileiro que considerem ter o

mesmo sentido.

PROVÉRBIOS:

-“A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome”.

-“Um pouco de chuva a cada dia encherá os rios até

transbordarem”.

-“É a água calma e silenciosa que afoga um homem”.

-“Um camelo não zomba da corcunda de outro camelo”

-“Quando um rei tem conselheiros bons, seu reino é pacífico”.

-“O vento não quebra uma árvore que se dobra”.

-“A igualdade não é fácil, mas a superioridade é dolorosa”.

-“Não importa quanto longa seja à noite, o dia virá certamente”.

-“Água mansa não forma bons marinheiros”.

-“Quem faz perguntas não pode evitar as respostas”.

TAREFA: Trazer para a próxima oficina um retrato da família!

Recursos utilizados: Vídeos, textos, mapas, dicionário e internet.

Material de pesquisa: Livros e internet.

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Oficina 7: O Povo BrasileiroOficina 7: O Povo BrasileiroOficina 7: O Povo BrasileiroOficina 7: O Povo Brasileiro

“Vá em busca de seu povo. Ame-o. Aprenda com ele. Comece com aquilo que ele sabe. Construa sobre aquilo que ele tem”. Kwame N’Krumah

A diversidade do povo brasileiro é percebida nas cores de pele, cores de olhos,

formato do nariz, formato da boca e tantas características que fazem do povo brasileiro

um povo tão bonito.

Ao falar do povo brasileiro, não é falar somente do Índio, Negro e Branco, é

falar dos cruzamentos de Branco com Índio, que nasceu o mameluco, também chamado

de caboclo, é falar do cruzamento de Branco com Negro que nasceu o mulato e o

cruzamento do Negro com Índio que nasceu o cafuso ou curiboca. Essas denominações

são chamados atualmente de pardos. Essa é a linda diversidade do povo brasileiro.

(RAMOS, 2004)

Essa diversidade passou por muitos conflitos no passado, a Colonização

Portuguesa no Brasil gerou alguns conflitos em relação aos indígenas e africanos, e hoje

o racismo ainda é uma marca bastante triste em nossa sociedade, como diz Darcy

Ribeiro (1995, p.30)

No plano étnico-cultural, essa transfiguração se dá pela gestação de uma etnia nova, que foi unificando, na língua e nos costumes, os índios desengajados de seu viver gentílico, os negros trazidos de África, e os europeus aqui querenciados. Era o brasileiro que surgia, construído com os tijolos dessas matrizes à medida que elas iam sendo desfeitas.

Reconhecer a presença africana, seus hábitos e valores culturais na constituição

de nossos patrimônios é promover uma perspectiva apaziguadora e valorizar a

diversidade na formação do povo brasileiro.

A historiografia vai se aprofundar em analisar a construção dessa nova

identidade brasileira, como escreve Ribeiro (1995, p.132)

Quando é que, no Brasil, se pode falar de uma etnia nova, operativa? Quando é que surgem brasileiros, conscientes de si, senão orgulhosos de seu próprio ser, ao menos resignados com ele? Isso se dá quando milhões de pessoas passam a se ver não como oriundas dos índios de certa tribo, nem africanos tribais ou genéricos, porque daquilo haviam saído, e muito menos como portugueses metropolitanos ou crioulos, e a se sentir soltas e desafiadas a construir-se, a partir das rejeições que sofriam, com nova identidade étnico-nacional, e de brasileiros.

Este é o povo brasileiro, que carrega marcas genéticas de tantas etnias, que

carrega marcas históricas, culturais e sociais, somos uma colcha de retalhos, essa

diversidade deve ser discutida, refletida e celebrada.

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Objetivo: Reconhecer a diversidade do Povo Brasileiro, destacando suas contribuições

culturais e sociais para o Brasil.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos metodológicos:

-Sensibilização: Preparar a sala com todas as produções realizadas nas oficinas

interiores. Ao som da música “O Brasil é isso aí” de Arlindo Cruz.

-Roda de conversa: Conversar com os alunos sobre a diversidade étnica no

Brasil, falar sobre os indígenas, os africanos e as diversas etnias europeias que

migraram para o país.

Estudo do texto:

O Povo Brasileiro

Antes da chegada de Cabral, já existiam nesta terra aproximadamente seis milhões de habitantes, de diferentes povos indígenas. Cada povo tinha seus costumes, sua língua, suas crenças, seu modo de vida.

Os portugueses colonizadores tinham como objetivo explorar as riquezas do Brasil. Chegaram aqui, portanto, pensando em ganhar dinheiro e prestígio social. Com esse propósito, iniciaram, em 1502, a exploração do pau-brasil. Embora esta extração tivesse começado dois anos após o descobrimento, a fixação dos portugueses na Colônia só ocorreu, de fato, com o cultivo da cana-de-açúcar.

No século XVI, os negros africanos foram trazidos à força para trabalhar nas lavouras como escravos. Desembarcaram no Brasil negros de diferentes nações africanas. Traziam conhecimentos agrícolas de como trabalhar o bronze, o cobre, o ouro e a madeira. Havia também, entre eles, muitos tecelões, ferreiros e artesãos.

Financiados pelos governos provinciais e imperial, imigrantes de variadas nacionalidades aqui estiveram. Italianos, espanhóis, russos, ucranianos, turcos, sírios, japoneses e chineses vieram trabalhar no Brasil, fugindo das guerras ou para conseguir vida melhor do que na sua terra.

Formou-se, então, no Brasil, uma grande mistura racial. O Brasil se tornou um país mestiço. Mas existem pessoas que não aceitam isso. Se você é uma delas, basta investigar os seus antepassados: de onde você veio? E seu avô? E sua avó? E seus bisavós? Nas veias da maioria dos brasileiros corre sangue índio, negro e branco.

Muitas pessoas ainda acreditam que, no Brasil, as relações raciais são totalmente harmônicas, isto é, vivemos em uma verdadeira “democracia racial”. A história não é bem assim não! No início da colonização, a elite brasileira considerava índios e negros como seres inferiores, enaltecia apenas a sua própria cultura e desqualificava os valores culturais desses dois povos.

Houve, sim, miscigenação entre brancos, negros e índios, mas isto não impediu que se formasse, no Brasil, uma sociedade racista. Carregamos dentro de nós, a herança de todas as culturas e sabemos, hoje, pelas mais modernas experiências feitas no campo da biologia e da genética, que as várias características externas do ser humano como a cor da pele, o formato do nariz, os pelos são apenas adaptação do ser humano ao ambiente. A estrutura genética é idêntica nos vários grupos humanos. Fica a indignação: se, geneticamente, não há como definir raça, por que existir racismo, então?

Atividade sobre o texto:

1- Pela quantidade de elementos, quais os três povos que mais contribuíram

para a formação do povo brasileiro?

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2- Cada povo estava ou foi trazido para o Brasil com objetivos diferentes. Leia

novamente o texto e complete abaixo o objetivo de cada um.

a) Os portugueses colonizadores:

b) Os negros escravizados:

3- O texto enfatiza que o Brasil é um país multirracial. Você já pensou que as

famílias são o retrato do Brasil? Vamos montar uma Árvore Genealógica?

Atividade em grupo: Mapa do Brasil

Assistir ao vídeo: Formação Cultural do Povo Brasileiro

http://www.youtube.com/watch?v=gPeO165_g2Y

Após a apresentação do vídeo, refletir sobre a diversidade e a beleza do povo brasileiro,

logo realizaremos uma montagem de um mapa do Brasil, com colagens dos retratos das

famílias e imagens de recortes de revistas e jornais. Criar um mapa que mostre a

diversidade do povo brasileiro.

Recursos utilizados: Vídeos, textos, mapas e internet.

Material de pesquisa: Livros e internet.

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Oficina 8: Racismo, Mídia e EducaçãoOficina 8: Racismo, Mídia e EducaçãoOficina 8: Racismo, Mídia e EducaçãoOficina 8: Racismo, Mídia e Educação

“Eu tenho um sonho... que minhas quatro pequenas crianças viverão um dia numa nação onde elas não serão julgadas pela cor de sua pele, mas pelo tipo de

seu caráter”. Martin Luther King

A história do Brasil foi marcada pela escravidão africana e hoje é marcada pelo

racismo e preconceito à Cultura Negra e a Identidade Negra. Após a Abolição da

Escravatura, o africano é colocado à margem da nova sociedade que se constituía no

Brasil. E junto com essa nova sociedade surge o discurso da “Democracia Racial”, que

pregava a ideia de que todas as “raças” viviam em harmonia no Brasil, este mito ainda

dificulta a luta pelo fim do racismo e pela igualdade de oportunidades.

O cenário brasileiro seria perfeito para essa harmonia entre todas as etnias, mas

a realidade não é esta, como diz o filósofo Florestan Fernandes, o brasileiro tem

preconceito de ter preconceito, um cenário de silêncio, do racismo velado ainda impera

em nossa realidade.

O papel da mídia precisa ser analisado, os alunos têm acesso a vários meios de

comunicação e é necessário que ele aprenda a identificar os preconceitos e estereótipos

propagados pela mídia, analisar como o jornalismo apresenta as notícias relacionadas a

pessoas negras e como as novelas apresenta os atores negros e atrizes negras. Também

ter o cuidado com as redes sociais, pois muitas pessoas estão divulgando ideias

preconceituosas. A estudiosa Eliane Cavalleiro (2000, p. 12) analisa essa questão e diz:

O racismo prospera, também, por intermédio de sites da Internet que estimulam o ódio racial, promovendo contato com grupos racistas da Europa e dos EUA. Assim, ele adentra nossas residências e chega aos nossos filhos, com ou sem a nossa concordância ou permissão.

O racismo com os negros, que foi construído historicamente devido ao

tratamento aos africanos em nossa terra e a negação dada a esta cultura, faz com que

afrodescendentes continuem sendo a minoria nas universidades e em outros espaços

sociais e culturais. A Escola tem o dever de lutar pelo fim destes preconceitos, pois ela é

o reflexo da organização da sociedade e

[...] temos nela as possibilidades para a superação das formas mais variadas de preconceito e desigualdades, principalmente porque os sujeitos sociais que a constituem, através dos movimentos populares, vêm exigindo reparação da condição de excluídos do direito à escolarização de qualidade. Para muitos desses grupos a escola representa a única possibilidade de instrumentalização para a sobrevivência, na sociedade desigual que temos. (PASSOS, 2002 p.20)

Dentro e fora da escola uma nova história deve ser escrita, uma história que priorize

nossa diversidade cultural, uma história onde a educação tenha novos significados para

os negros, os brancos e os indígenas.

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Objetivo: Analisar o racismo em nossa sociedade, refletindo o papel da mídia e

destacando a importância da Educação para combater os preconceitos e estereótipos.

Tempo de aula: 4 horas/aula

Procedimentos metodológicos:

-Sensibilização: Ao som da música de Gabriel O Pensador: “Racismo é

burrice”, receber os alunos, na sala estará exposto o significado das palavras: Raça,

Racismo, Preconceito, Discriminação, Democracia, Miscigenação, Etnocentrismo,

Negritude, Resistência Negra e Ações Afirmativas.

-Roda de conversa: Conversar com os alunos sobre o Racismo, pedir se

alguém já passou por isso, ou se conhecem alguém que tenha passado por isso.

Assistir ao vídeo: “Onde você guarda seu racismo? Não guarde, jogue

fora!”:http://www.youtube.com/watch?v=EH7IZJlOlUA&list=PLIBfD9B6pWfW4IES

HI2uIQ9m2WAJNS6Cz

Agora os alunos terão que criar uma frase que seja contra o racismo,

preconceito e seja a favor do respeito, da justiça, do amor e paz! Em folhas coloridas

eles escreveram suas frases com o nome e iremos expor pela sala de aula.

Hora da pipoca e filme: Assistiremos ao filme: “Vista minha pele”. Este filme

é interessante para refletir sobre o papel de brancos e negros em nossa sociedade e

analisar como muitos preconceitos e estereótipos estão presentes em nosso cotidiano.

-Vista minha pele: http://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM

-Kirikuo e os animais selvagens:

https://www.youtube.com/watch?v=i08KdebE6bk –Sugestão.

Ensaio: Realizar com os alunos os últimos ensaios para a apresentação para os

pais e comunidade escolar: Ensaiar a dança sobre a Feijoada com a música de Chico

Buarque e o teatro 13 de Maio.

Exposição: Realizar os últimos ajustes com cartazes e material produzido pelos

alunos durante as oficinas que serão expostas no dia da apresentação.

Recursos utilizados: Vídeos, textos, cartazes, músicas, poemas e internet.

Material de pesquisa: Livros e internet.

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