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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – BRASIL

PDE- PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

SILMARA TEREZINHA PEDROSO

COLÉGIO ESTADUAL IRÊNIO MOREIRA NASCIMENTO:

UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA HISTÓRICA.

Produção didática pedagógica de Intervenção a ser aplicado no Colégio Estadual Irênio Moreira Nascimento,

Município de Tibagi- PR como parte das atividades previstas no Plano Integrado de Formação Continuada- 2013, do

Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE

Orientador: Prof. Dr. Erivan

Cassiano Karvat

PONTA GROSSA – PR

2013

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IDENTIFICAÇÃO

Título: COLÉGIO ESTADUAL IRÊNIO MOREIRA NASCIMENTO: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA HISTÓRICA.

Autora SILMARA TEREZINHA PEDROSO

Escola de Implementação do projeto

COLÉGIO ESTADUAL IRÊNIO MOREIRA NASCIMENTO

Município da escola

TIBAGI – PARANÁ

Núcleo Regional de Educação

PONTA GROSSA

Professor Orientador

PROF. DR. ERIVAN CASSIANO KARVAT

Instituição de Ensino Superior

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Relação Interdisciplinar

LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo Esta unidade didática envolve os alunos

no levantamento e na análise de fontes históricas, com ênfase em depoimentos (entrevistas), para desenvolver uma pesquisa

histórica sobre o colégio onde estudam, focando desde a sua criação como Ginásio Estadual, em

1949 até a sua denominação de Colégio Estadual Irênio Moreira Nascimento, em 1980. Os procedimentos metodológicos serão os

seguintes: estudo dos conceitos de fontes históricas e de historia oral, pesquisa qualitativa

com a coleta e sistematização de dados encontrados em fontes orais, escritas ou visuais; análise e interpretação do conteúdo dos

documentos levantados e sínteses, através de narrativas históricas. Espera-se criar situações

de ensino- aprendizagem com significado para o estudante, favorecendo a transformação da escola em espaço de construção de

conhecimento, visando uma educação emancipatória.

Palavras- chave

“ENSINO; PESQUISA; HISTÓRIA.”

Formato do material didático

UNIDADE DIDÁTICA

Público objeto da

intervenção

Estudantes do 3º ano do Ensino

Médio.

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como finalidade cumprir um dos requisitos

necessários da formação continuada dos professores da Rede Pública

Estadual de Ensino do Paraná, através do programa PDE. Este material no

formato de “Unidade didática”, pretende contribuir com o trabalho de docentes

que atuam no ensino fundamental e médio na disciplina de História.

Durante muitos anos o ensino de História serviu apenas para legitimar

o passado e para desenvolver o espírito patriótico e nacionalista, valorizando

apenas as narrativas dos feitos heróicos dos grandes personagens da vida

pública. Nesse sentido a educação estava interessada apenas na reprodução

do conhecimento, onde caberia ao professor ensinar história como

conhecimento pronto e acabado sem possibilidade de outra interpretação que

não fosse aquela ali apresentada. Isto levou ao desinteresse dos estudantes

pela disciplina de História, pois cabia a eles apenas decorar nomes, datas e

biografias de “sujeitos importantes”, o que nada trazia de proveitoso para si ou

para as suas vidas.

Hoje, precisamos de um ensino que possibilite o entendimento de

como o processo histórico acontece, fazendo com que o estudante se entenda

como sujeito da história de seu tempo e passe a dar importância ao

conhecimento histórico produzido pela humanidade. Precisamos desenvolver

na escola uma educação que objetiva emancipar o indivíduo, considerando que

a aprendizagem perpassa não só pelo conhecimento do que já foi produzido,

mas pela necessidade de conhecer a realidade em que vive. Que o aluno se

entenda como sujeito capaz de participar da transformação necessária para um

mundo melhor para todos.

DEMO (2003) afirma que a característica emancipatória da educação

exige a pesquisa como seu método formativo, pois pesquisar e educar são

processos coincidentes. Ele diz que a educação pela pesquisa consagra o

questionamento reconstrutivo, possibilitando tanto a descoberta crítica, quanto

a capacidade de mudar, superando a posição de massa de manobra para uma

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de autonomia histórica. A pesquisa é importante para que o sujeito crítico e

criativo encontre no conhecimento a arma mais potente para, como cidadão,

estabelecer com competência, uma sociedade ética, mais equitativa e solidária.

Desde fins do século XX, a historiografia trouxe uma nova concepção,

segundo a qual o aluno e o professor devem pensar historicamente, cabendo

ao ensino de história intervir na formação da consciência histórica dos alunos,

ou seja, intervir na construção de uma literacia histórica. Segundo SCHMIDT e

CAINELLI (2009, p.66) “Um dos principais significados apontados para a

aprendizagem histórica é transformar informações em conhecimentos”.

Nos últimos anos, houve o levantamento e catalogação de fontes

primárias e secundárias sobre Instituições escolares da região dos Campos

Gerais do Paraná, com o objetivo de catalogar e digitalizar as fontes e

possibilitar a divulgação e o acesso através de consulta ao banco de dados e

pela internet. Este trabalho foi desenvolvido pela HISTEDBR, grupo de

trabalho que surgiu a partir da década de 1990, quando vários estados

brasileiros passaram a se interessar pelo projeto nacional denominado

“Levantamento e catalogação de fontes primárias e secundárias da educação

brasileira”, coordenado pelo professor Demerval Saviani, da Universidade

Estadual de Campinas. No Paraná, para a Universidade Estadual de Ponta

Grossa coube à região dos Campos Gerais, mais especificamente, as cidades

de Castro, Piraí do Sul, Palmeira e Ponta Grossa, sendo que como resultado

do primeiro trabalho, foi publicado o catálogo das fontes primárias e

secundárias da educação brasileira localizadas no estado do Paraná

(LUPORINI, 1997).

O Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no

Brasil” - HISTEDBR realizou a VI JORNADA DO HISTEDBR em 2005, na

Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, com o tema geral:

“Reconstrução Histórica das Instituições Escolares no Brasil”, com o objetivo de

criar um espaço acadêmico que possibilitasse apresentar e debater os

resultados das pesquisas em andamento ou concluídas, estimulando o

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intercâmbio entre os investigadores dos diversos Grupos de Trabalho da

História da Educação no país, vinculados, ou não, ao HISTEDBR.

Esta unidade didática não pretende criar historiadores, mas despertar o

interesse dos alunos pela disciplina de História, para que compreendam como

a história é escrita e como pode ter várias interpretações, de acordo com a

visão de quem está falando sobre determinado tema ou fato, visão esta que

depende do papel social que a pessoa ocupa na sociedade em que está

inserida. E, principalmente, percebam que a história é feita pelos sujeitos e

que cada um, como homem de seu tempo, participa e tem uma função social.

É possível valorizar a construção do conhecimento histórico com o

envolvimento dos alunos do 3º ano do Ensino Médio na pesquisa histórica

sobre o colégio. O levantamento e a análise de fontes históricas podem leva-

los ao conhecimento do contexto histórico e as circunstâncias da criação e da

instalação da escola, organização do espaço, dos recursos humanos, do

currículo, métodos e instrumentos de ensino, normas disciplinares, cursos

ofertados, enfim, tudo sobre o colégio, desde a sua criação como Ginásio

Estadual em 1949 até a sua denominação de Colégio Estadual Irênio Moreira

Nascimento, em 1980. Com o levantamento e análise de documentos, com

ênfase nos depoimentos (entrevistas) com profissionais e demais atores que

compuseram a instituição escolar, buscarem nas suas histórias de vida, definir

a função social da escola.

Os procedimentos metodológicos serão os seguintes: coleta e

sistematização de dados encontrados em fontes orais, escritas ou visuais;

análise e interpretação do conteúdo dos documentos levantados e sínteses,

através de narrativas históricas.

Com procedimentos próprios da pesquisa histórica, espera-se criar

situações de ensino- aprendizagem com significado para o estudante, para

favorecer a transformação da escola em espaço de construção de

conhecimento, visando uma educação emancipatória.

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Espera-se ainda, com esta intervenção, desenvolver no estudante

atitudes de pesquisador: recolha e sistematização de documentos escritos e

orais com a organização dos dados coletados para posterior interpretação e a

partir da análise desses documentos produzir o conhecimento histórico. Assim,

compreender-se-á como sujeito histórico, entendendo que as histórias

individuais são partes integrantes das histórias coletivas. Conhecerá as fontes

de pesquisa histórica: primárias e secundárias. Com a investigação do contexto

histórico em que foi criada a instituição escolar, atualmente, denominada

Colégio Estadual Irênio M. Nascimento poderá identificar a importância da

escola para a comunidade. Como parte deste trabalho de pesquisa inclui os

depoimentos ou entrevistas, o estudante poderá compreender como a memória

é importante na construção da identidade do sujeito histórico. Além de leva-lo a

refletir sobre si mesmo e suas ações, na sociedade em que vive.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS:

1 aula) ATIVIDADE 1- REFLEXÃO INTRODUTÓRIA

O poema de Bertold Brecht, - Perguntas de um trabalhador que lê-,

será apresentado aos alunos, para que o leiam e reflitam sobre as questões

propostas pelo autor. A seguir, devem responder a seguinte questão: De que

forma o poema pode contribuir para o ensino de história?

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis: Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo: Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio Tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida Os que se afogavam gritaram por seus escravos Na noite em que o mar a tragou? O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho? César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro? Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou? Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele? Cada página uma vitória. Quem cozinhava o banquete? A cada dez anos um grande Homem. Quem pagava a conta? Tantas histórias. Tantas questões.

BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. Foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do

século XX.

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As questões apontadas pelo autor levam à reflexão sobre o que consta

nos livros de história, sobre a história dos heróis? Quem esteve por detrás

deles? Havia soldados? Havia cozinheiros? Havia mulheres? Por que não

foram citados?

A perspectiva de um ensino da História que tenha como

referência novos olhares sobre o passado, bem como uma leitura

a contrapelo da História tem merecido atenção, inclusive de

poetas, como se observa nesse poema.

Schmidt e Cainelli (2009, p.59 e 60)

2 Aulas- ATIVIDADE 2 - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS

Inicialmente, alguns questionamentos sobre história serão

desenvolvidos com os estudantes para que estes respondam, em dupla, sobre

como o conhecimento histórico é produzido:

1. Qual o papel do ensino de História?

2. Para que serve a História?

3. O que são fatos históricos?

4. O que são fontes históricas?

5. O que é o recorte na História?

6. O que é ser sujeito da história?

7. O que é ser produto da História?

8. O que é tempo histórico?

9. O que significa pensar historicamente?

As nove questões acima serão distribuídas na turma sendo uma

questão para cada dupla. Estes deverão conversar entre si e anotar a resposta

que deverá ser socializada com os demais colegas da turma.

A professora deverá construir os conceitos com os alunos,

apresentando alguns autores:

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O papel do ensino de História, segundo Fonseca (2003, p.153):

O papel do ensino de história na construção da identidade defende que

o objetivo fundamental da história é situar o aluno no momento histórico em

que vive, pois situando-o historicamente, em sua formação intelectual e social,

desenvolverá nele o sentido de pertencer, compreendendo a sua condição de

agente histórico.

Para que serve a História, segundo Rüsen (2007, p.133):

“Permitir ao indivíduo a indagação sobre o passado de forma que a

resposta lhe faça algum sentido no presente e que de alguma maneira esse

sujeito encontre uma orientação histórica para a sua vida cotidiana.”

O que significa pensar historicamente, segundo Ruiz (2005, p.78):

Significa interpretar dados e informações de maneira a ter uma maior

compreensão da realidade que estiver sendo estudada, com argumentos que

permitam explicar a si próprios e aos outros de maneira convincente, a

apreensão e compreensão da situação histórica. Significa ter uma percepção o

mais abrangente possível da condição humana, nas mais diferentes culturas e

diante dos mais variados problemas.

Para PINSKI( 2005,p.28), na história é possível dar significado ao

ensino, quando o aluno percebe que ele é um sujeito da história e que dentro

das limitações que lhe são determinadas, possui a liberdade de optar, ou seja,

como sujeito de sua própria história pode escolher e, por consequência,

interferir na história do seu tempo (PINSKY, 2005, p.28).

Após as discussões sobre as questões acima, será dada atenção

especial para o conceito de fontes históricas, visto a grande importância delas

para os historiadores.

1 aula - ATIVIDADE 3 –Conceito de FONTES HISTÓRICAS

Segundo SAVIANI (2006, p.29):

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Todas as fontes históricas, por definição, são construídas, isto é, são

produções humanas. As fontes constituem o ponto de partida, a base, o ponto

de apoio da construção historiográfica que é a reconstrução, no plano do

conhecimento, do objeto histórico estudado. Elas, enquanto registros, enquanto

testemunhos dos atos históricos são fontes do nosso conhecimento histórico,

isto é, é delas que brota, é nelas que se apóia o conhecimento que produzimos

a respeito da história. O historiador ao formular o seu problema de pesquisa

delimitará elementos, a partir dos quais, serão buscadas as respostas às

questões levantadas, selecionando as fontes, de acordo com o recorte

estabelecido, para que o conhecimento seja produzido.

As fontes históricas podem ser:

Escritas – autobiografias, diários, biografias, crônicas, censos,

documentos jurídicos (constituições, leis, decretos), testamentos, discursos

escritos, cartas, livros de História, novelas, poemas, romances, lendas e mitos,

imprensa, estatísticas, mapas, gráficos etc.

Orais – entrevistas com pessoas, gravações, depoimentos, programas

de rádio, etc.

Audiovisuais– pinturas, caricaturas, fotografias, gravuras, filmes,

vídeos, programas de televisão, imagens, músicas, etc.

De cultura material – aquelas relacionadas a utensílios de uso diário,

roupas, ornamentos, armas, símbolos, instrumentos de trabalho, construções,

esculturas, moedas, nomes de lugar, moedas, etc.

As historiadoras Schmidt e Cainelli propõem que seja identificada a

origem do documento e, a distinção entre os documentos e as fontes literárias,

os textos oficiais ou documentos de outra natureza. E que, conforme a

natureza do documento, será obtido um tipo de informação e estabelecida uma

forma de usá-lo.” (SCHMIDT, CAINELLI, 2009, P.120)

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QUADRO 01

Categorias a que

pertencem os documentos

Exemplos de documento

Propostas de questões sobre o documento

Documentos oficiais

Leis, regulamentos e discursos, entre outros.

O documento é oriundo de qual órgão? Foi feito por quem? Assinado por

quem? Para quê? Diz respeito a que e a

quem?

Documentos que

procuram descrever a realidade

Textos de historiadores, fotos atuais, narrativas

orais e memórias, por exemplo.

Quais as intenções do

autor? Quais os prejulgamentos do autor? Quais

circunstâncias influenciaram o autor?

Documentos que exprimem opinião,

ideia e gosto, por exemplo

Textos de imprensa, caricaturas, gravuras e

propagandas, entre outros.

O que o autor propôs: contar um fato, defendê-

lo, convencer o leitor da veracidade do que

ocorreu, atacar o fato, explicar as causas e circunstâncias do fato?

Para isso, o que o autor faz?

Documentos religiosos

Bíblia, Corão, imagens, pinturas e lápides, por

exemplo.

A qual religião pertence? Quem é o autor? Quais as relações com o deus

evocado?

Documento que não exprime nada em particular, mas possui

algum significado

Paisagens e objetos, entre outros.

Qual a contribuição deste documento? Como podemos estudá-lo?

FONTE: SCHMIDT & CAINELLI (2009, p.120,121)

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2 aulas - ATIVIDADE 4 – ANÁLISE DE DOCUMENTOS:

Observando o quadro nº1 e seguindo os passos indicados no texto

abaixo, pelas autoras Cainelli e Schmidt (2004, p.108), analisar os documentos

históricos 1,2 3 e 4.

Inicialmente, é preciso identificar as palavras desconhecidas,

sublinhando-as ou escrevendo-as; identificar os nomes próprios; pesquisar o

significado das palavras consideradas importantes; identificar alusões a

acontecimentos ou personagens e resumir as ideias essenciais de cada frase

ou parágrafo. Feita a decomposição do texto e seus elementos, a segunda

etapa refere-se ao da análise do documento, utilizando as seguintes questões:

Quando o texto foi escrito? É contemporâneo do fato reportado? De qual

espaço fala o texto?

Quem é o autor? Seu testemunho é direto ou indireto? Qual a situação

de vida do autor? De quais personagens fala o autor? Qual a natureza do

texto?

O texto é destinado a qual público? Qual tipo de documento é?

Jurídico (lei, relatório, decreto ou constituição), literário (romance ou poema),

político discurso, memória, relato de viagem, entrevista) artigo de imprensa ou

anúncio publicitário: ou o texto é destinado a uso pessoal ou privado? Se for,

de qual tipo é (diário pessoal, carta, relatório secreto ou outro tipo de

documento)?

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DOCUMENTO 1

FONTE: Arquivo Escolar

FONTE:Arquivo escolar C.E.Irênio M. Nascimento

1. Quando o documento 1 foi escrito?

2. O documento é oriundo de qual órgão?

3. Qual a natureza do documento?

4. O documento é destinado a qual público?

5. Qual o assunto tratado nesse documento?

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DOCUMENTO 2

FONTE: Arquivo escolar C.E.Irênio M. Nascimento

1. Quando o documento 2 foi escrito?

2. De qual espaço fala o texto?

3. Qual a natureza do documento?

4. O documento é destinado a qual público?

5. Qual o assunto tratado nesse documento?

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DOCUMENTO 3

FONTE: Arquivo escolar C.E.Irênio M. Nascimento

1. Quando o documento 3 foi escrito?

2. De qual espaço fala o texto?

3. Qual a natureza do documento?

4. O documento é destinado a qual público?

5. Qual o assunto tratado nesse documento?

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DOCUMENTO 4

FONTE: Arquivo escolar C.E.Irênio M. Nascimento

1. Quando o documento 4 foi escrito?

2. De qual espaço fala o texto?

3. Qual a natureza do documento?

4. O documento é destinado a qual público?

5. Qual o assunto tratado nesse documento?

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1aula - ATIVIDADE 5 – Serão distribuídas algumas questões para o

aluno refletir e responder:

1. O que é escola para você?

2. Você saberia dizer por que as escolas existem?

3. O que você sabe sobre este colégio?

Em seguida será feito um círculo para discussão das respostas dadas

pelos estudantes e apresentado o conceito de escola segundo FONSECA

(2003, p.246).

Escola é concebida como instituição social que caracteriza as relações entre educação, sociedade e cidadania, sendo uma das principais agências responsáveis pela formação das novas gerações. Trata-se de uma organização, espaço produtor de uma cultura, com objetivos, funções e estrutura definidos. Realiza a mediação entre as demandas da sociedade, do mercado e as necessidades de autorrealização das pessoas. É parte integrante da sociedade, interage, participa, intervém, transforma-se junto com a sociedade e também colabora e participa das mudanças sociais.

Após a discussão sobre o significado de ESCOLA será apresentada a

proposta deste projeto de intervenção, que tem como tema a pesquisa histórica

da instituição escolar, Colégio Estadual Irênio Moreira Nascimento, com o

recorte temporal de 1949 a 1980.

Qual a diferença na denominação

escola e colégio?

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O trabalho de campo consistirá no levantamento, catalogação e

digitalização de fontes históricas (documentos oficiais do arquivo escolar,

imagens, jornais e memórias); na análise das fontes coletadas para a

reconstrução histórica da Instituição Escolar; enfatizando a importância da

conservação do acervo documental da escola. Pois, conforme FONSECA

(2003, p.243) “a escola é uma instituição social que concretiza as relações

entre educação, sociedade e cidadania, sendo uma das principais agencias

responsáveis pela formação das novas gerações”.

As fontes para a história das instituições escolares compreendem todos

os registros, dos mais variados tipos, que podemos encontrar e que, de algum

modo, possam nos apresentar indícios que nos permitam compreender a

história das instituições escolares, ou seja, documentos oficiais, textos atuais e

de época, mapas, fotografias e entrevistas com os sujeitos que tiveram algum

envolvimento com o objeto de estudo. Segundo Nosella (2009, p.62):

... é preciso ir a campo selecionar as fontes primárias e

secundárias, tais como: bibliografia pertinente, documentos do acervo

da própria escola,jornais da época,documentos da câmara municipal,

dos arquivos dos museus, e também de arquivos particulares,mapas,

plantas; legislação pertinente; produção de novas fontes como a

aplicação de entrevistas e questionários aos diferentes agentes da

escola e conhecedores da história local.

Para PINSKI (2005, p.33), o professor deve apresentar aos

estudantes, questões básicas sobre a análise das fontes de pesquisa, como

levar em consideração a origem do documento, qual a posição social de quem

o produziu, quais os interesses e quais as visões de mundo.

Segundo Schmidt e Cainelli ( 2009,p.56) é necessário problematizar o

conhecimento histórico, ou seja, construir um diálogo entre o presente e o

passado, e não reproduzir conhecimento neutros e acabados sobre fatos que

ocorreram em outras sociedades e outras épocas.

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Encontro 01 - ANÁLISE DOCUMENTAL- ARQUIVO ESCOLAR

Todos os alunos receberão um caderninho para funcionar como um

diário de bordo. Neste caderno serão anotados todos os passos dados a partir

do início dos trabalhos de coleta de dados em documentos escritos ou através

da história oral. Visita ao arquivo da escola para conhecimento da

documentação existente e disponível para análise.

As categorias de análise indicadas por Nosella (2009, p.65) são:

criação e implantação da escola; a evolução da escola (continuidades e

mudanças econômicas e demográficas, modificações na legislação); a vida na

escola (prédio e instalações, manifestações, eventos); trajetórias de ex-alunos.

Magalhães (1998) aponta algumas categorias de análise básicas da pesquisa

sobre as instituições educacionais (GATTI JR, P.80): Espaço- local, lugar,

edifício, topografia; Tempo- calendário, horário, agenda antropológica;

Currículo- matérias lecionadas, métodos; Modelo pedagógico; Professores;

Manuais escolares; Públicos- cultura, forma de estimulação e resistências;

Dimensões níveis de apropriação, transferências da cultura escolar,

escolarização, alfabetização, destinos de vida.

Encontro 02 – Seleção dos documentos para análise

Divisão dos grupos para a separação e análise da documentação

encontrada no arquivo da escola.

Digitalização da documentação selecionada para análise.

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Encontro 03 – CINE FÓRUM

Para problematizar o trabalho do historiador será desenvolvida a

dinâmica: Cine fórum.

Roteiro para assistir ao filme

1. IDENTIFICAÇÃO

Título: Narradores de Javé

Direção: Eliane Caffé

Brasil

Duração: 100 min., COR.

Ano: 2003

Disponível: site do diaadiaeducação.

Javé é uma localidade fictícia, no sertão nordestino, que está

prestes a ser inundada pela construção de uma hidrelétrica. Para

alterar a direção dos acontecimentos, seus poucos moradores

resolvem escrever a história da cidade, com o objetivo de transformá-

la em patrimônio histórico e preservá-la. Com a necessidade

premente de escrever um documento "científico", Biá vê a

possibilidade de se retratar diante da cidade e inicia suas entrevistas

com alguns moradores antigos, tentando reescrever a história de

Vale de Javé. No entanto, as histórias (são 5 versões diferentes)

sobre os personagens se contradizem, e o "escrevinhador" se vê

diante da difícil tarefa de reunir, a partir das versões escutadas, uma

única história, que tem a quase impossível tarefa de lhes salvar do

irremediável "progresso". Ao longo de todo o filme, a diretora aborda

a questão da fala e de uma disputa entre a história oficial e aqueles

excluídos dessa história, estabelecendo uma relação entre a

oralidade e a escrita.

2. QUESTÕES PARA O FÓRUM:

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a) O filme é baseado em uma história verdadeira ou em

obra literária? Pode ser considerado um documento histórico?

b) Você acha que a situação apresentada acontece na

realidade hoje?

c) No trecho onde Antonio Biá anota a história sobre o

herói Indalécio. Ao escrever o texto, o autor sugere ao narrador

algumas adaptações ao fato. Será que a escrita reflete a

oralidade em sua totalidade?

Fragmento relevante para identificar a distância entre a

oralidade e a escrita. O debate sobre essa cena pode colaborar

na compreensão de algumas características da história oral.

d) No trecho, o escrivão Biá revela aos moradores de

Javé a impossibilidade de transpor as narrativas contadas para o

texto escrito. Qual a dificuldade encontrada por Biá? Esse

fragmento permite ao professor despertar uma discussão sobre o

trabalho do historiador com fontes escritas e orais.

Encontro 04 - História Oral: considerações gerais

Este projeto prevê um conjunto de procedimentos para executar

entrevistas, com vistas ao uso dos depoimentos gravados e transcritos, com

autorização dos entrevistados, para o seu uso, arquivamento e posterior

publicação dos resultados, o que pelos elementos deve ser considerada como

história oral.

SCHMIDT e CAINELLI (2009, p.167), respaldadas em SITTON,

MEHAFFY, e DAVIS JR apontam a necessidade de o estudante conhecer o

significado da história oral para a história de sua gente:

A história oral são as memórias e recordações das pessoas vivas

sobre seu passado. Como tal, está submetida a todas as

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ambigüidades e debilidades da memória humana; não obstante,

nesse ponto, não é consideravelmente diferente da história como um

todo, a qual, com freqüência, é distorcida, subjetiva e vista pelo cristal

da experiência contemporânea. [...] A história oral escolar serve para

diminuir a brecha entre o acadêmico e a comunidade; traz a história

para casa, já que relaciona o mundo da sala de aula e o livro didático

com o mundo social direto e cotidiano da comunidade em que vive o

estudante [...] Os projetos de história oral escolar têm como resultado

algo de valor real para a família, a comunidade, a escola e o mundo

mais amplo dos historiadores acadêmicos.

O texto acima expõe de forma clara um dos objetivos principais deste

projeto, que é o de envolver a comunidade no resgate da memória, objetivando

a elaboração de sua história, que é de todos, ou seja, as pessoas que serão

entrevistadas tiveram, em algum momento, ligação com a instituição escolar e,

de alguma maneira, esta fez parte da vida dos tibagianos. Assim, tanto o

entrevistado quanto o aluno percebe a sua inserção na comunidade

entendendo a sua historicidade e a sua identidade.

Para MEIHY (1996, p.19): “os entrevistados são as pessoas ouvidas

em um projeto e devem ser reconhecidos como colaboradores”.

A presença do passado no presente imediato das pessoas é

a razão de ser da história oral. Nessa medida, a história oral não só

oferece uma mudança do conceito de história, mas mais do que isso,

garante sentido social à vida de depoentes e leitores, que passam a

entender a sequencia histórica e se sentir parte do contexto em que

vivem. (MEIHY, 1996, p.19).

Segundo NOSELLA (2009, p.65), antes de tomar os depoimentos

(entrevistas) com pessoas envolvidas com a instituição escolar pesquisada, o

pesquisador precisa elaborar roteiros bem estudados, com base nos objetivos

a que se propôs, para conseguir tirar conclusões interessantes e significativas.

As categorias de análise podem ser identificadas como tópicos no roteiro das

entrevistas: criação e implantação da escola; a evolução da escola

(continuidades e mudanças econômicas e demográficas, modificações na

legislação); a vida na escola (prédio e instalações, manifestações, eventos);

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trajetórias de ex-alunos. A trajetória pode ser estruturada em três momentos:

antes da escola, durante o período escolar e após a formatura. A partir desses

estudos é possível conhecer as necessidades que a sociedade tem de

determinados profissionais, pois as trajetórias individuais revelam a natureza

da escola e da sociedade em que estão inseridos.

Antes da entrevista é necessário dar ciência ao colaborador (à

pessoa entrevistada) de que terá seu depoimento gravado e - de início - esta

deverá assinar um documento chamado Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, porque estará fazendo parte do projeto de pesquisa.

Que após a transcrição da entrevista, o conteúdo será apresentado ao

colaborador para que este faça a análise e a aprovação por escrito. Caso este

censure trechos da entrevista, isso deverá ser respeitado. A autorização para a

utilização da entrevista será realizada através de outro documento chamado

Carta de Cessão de Direitos para Utilização de Depoimento Gravado.

A partir da pesquisa documental no arquivo escolar serão listados

entrevistados em potencial e fixadas algumas estratégias pelo coletivo

buscando depoimentos essenciais para o desenvolvimento do conhecimento

histórico sobre o Colégio Irênio Moreira Nascimento. Cada dupla deverá

escolher duas pessoas para entrevistar seguindo as regras da história oral,

sempre fazendo anotações no seu caderno intitulado “diário de bordo”.

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Diário

Este diário será utilizado no trabalho de pesquisa: “Colégio

Irênio Moreira Nascimento: uma experiência de pesquisa

histórica” . Aqui constará todo tipo de observações a respeito da

pesquisa de campo, desde as fontes documentais até a conclusão

da pesquisa com os entrevistados. Será descrito os motivos de

escolha do entrevistado, o primeiro contato, como decorreram as

entrevistas, as dificuldades, comentários, etc.

Inicialmente, os pesquisadores entrarão em contato com os

entrevistados escolhidos para obter um acordo em participar da pesquisa com

seu depoimento, sendo que, nesta ocasião, apresentarão a relevância do

depoimento do entrevistado para a pesquisa em questão. E ainda que, o

entrevistado terá o direito de não opinar sobre assunto que não queira, bem

como solicitar que parte do que disse não seja apresentado; que uma

entrevista de história oral não tenciona modificar ou criticar a sua forma de ver

o mundo, mas uma relação de respeito mútuo. Neste primeiro contato, pode

ser estabelecido um horário e local apropriados a ambas as partes, para o

primeiro encontro e execução da entrevista. Pode ser solicitado ao entrevistado

documentos pessoais, currículo, fotografias e outros registros do seu passado

que possam trazer alguma informação sobre o assunto pesquisado. É

importante conhecer a trajetória de vida do entrevistado, para compreender “de

onde ele fala” sobre o tema abordado.

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Encontro 05 – Saídas de campo para as entrevistas.

Será apresentada uma sugestão de roteiros para as entrevistas para

que a turma aprecie e dê as suas contribuições.

Sugestão para as entrevistas de ex-funcionário

1) Qual o seu nome completo?

2) Qual o seu endereço?

3) Qual a sua profissão?

4) Há quanto tempo mora em Tibagi?

5) Em que época trabalhou no Colégio Irênio Moreira

Nascimento?

6) Qual função desempenhou na escola?

7) Poderia descrever como era o prédio da escola no

seu tempo?

8) Como os alunos entravam na escola? O acesso e

permanência na escola eram garantidos para todos?

9) Havia algum exame de admissão?

10) Como era o uniforme?

11) Como eram os alunos?

12) E as disciplinas estudadas?

13) Há alguma história ocorrida no cotidiano escolar que

chamou a tua atenção?

14) Como o diretor da escola era escolhido?

Sugestão para as entrevistas de ex-aluno:

1) Qual o seu nome completo?

2) Qual o seu endereço?

3) Qual a sua profissão?

4) Há quanto tempo mora em Tibagi?

5) Em que época estudou no Colégio Irênio Moreira Nascimento?

6) Em qual curso matriculou-se nessa instituição escolar?

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7) Havia algum exame de admissão?

8) Como eram os colegas na escola?

9) Poderia descrever como era o prédio da escola no seu tempo?

10) Como era o uniforme?

11) Como eram os professores?

12) E as disciplinas estudadas?

13) Há alguma história ocorrida no cotidiano escolar que chamou a

tua atenção?

Encontro 06 - Sistematização dos dados coletados com apresentação

das narrativas históricas dos alunos pesquisadores.

Após a seleção das fontes históricas e da coleta de dados será

necessário sistematizar todos os documentos escritos e não escritos. Organizá-

los em ordem cronológica e por assuntos. A partir daí iniciar a análise e

interpretação dos conteúdos dos documentos, para compreender o sentido

social da escola.

Através de entrevistas, os estudantes poderão conseguir elementos

para a reflexão sobre o passado e presente do Colégio Estadual Irênio Moreira

Nascimento, com informações das pessoas que o frequentaram ou frequentam,

das práticas que nele se produziram e se produzem e também sobre as

relações que se estabeleceram e se estabelecem com a cidade e a sociedade

na qual está inserido, podendo possibilitar que a comunidade escolar se

perceba como agente histórico, o que implica diretamente na formação para a

cidadania.

Todas as considerações deverão ser sintetizadas através da narrativa

histórica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Janeiro:Editora Fundação GetúlioVargas,1989. ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática

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BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: Conteúdos e conceitos básicos. In: KARNAL, Leandro (Org.). História de sala de aula. 3ª

Ed. São Paulo: Contexto 2005. P.37 a p.48.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício do historiador.

Tradução André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. BUFFA, Ester. Práticas e fontes de pesquisa em História da educação.

IN: GATTI JR, Décio e INÁCIO FILHO, Geraldo (orgs). História da Educação em Perspectiva: ensino, pesquisa, produção e novas investigações.

Campinas, São Paulo; Autores associados; Uberlândia, MG: EDUFU, 2005. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6ª Ed.-Campinas, SP: autores

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História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas, SP: Papirus,

2003. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à

prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

GATTI JR, Décio; PESSANHA, Eurize Caldas. História da Educação,

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Perspectiva: ensino, pesquisa, produção e novas investigações.

Campinas, São Paulo; Autores associados; Uberlândia, MG: EDUFU, 2005.

LOMBARDI, José Claudinei. NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. Fontes, história e historiografia da educação. (orgs.). Campinas, São Paulo:

Autores associados: HISTEDBR; Curitiba, PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); Palmas, Pr: Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná(UNICS); Ponta Grossa, PR: Universidade Estadual de Ponta Grossa

( UEPG), 2004. – (Coleção Memória da Educação) MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia

Científica. 5ªed. São Paulo: Atlas, 2007.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. 5ª Ed. São

Paulo: Edições Loyola, 1996.

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NADAI, Elza. O ensino de história e a pedagogia do cidadão. IN: PINSKI, Jaime (Org.). O ensino de história. São Paulo: Contexto, 2009. P.27

a p.37

NOSELLA, Paolo. BUFFA, Ester. Instituições escolares: por que e

como pesquisar. Campinas, São Paulo: editora Alínea, 2009.

PETTA, Nicolina Luiza de. OJEDA, Eduardo Aparício Baez. DELFINI,

Luciano. História: Uma abordagem Integrada. 1ed. São Paulo: Moderna,

2005. (Ensino Médio - Volume único)

PINSKI, Jaime. PINSKI, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e conseqüente. In: KARNAL, Leandro (Org.) História na sala de aula. 3ª ed.

São Paulo: Contexto, 2005. p.17 a p.36

RÚDIO, Franz Victor. Introdução ao Projeto de pesquisa científica.

39ªed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

RÜSEN, Jörn. Razão Histórica. Teoria da História: Os fundamentos

da ciência histórica. Tradução de Estevão de Rezende Martins. Brasília: Ed.

UNB, 2001. SAVIANI, Demerval. Breves considerações sobre fontes para

história da educação. In: Revista HISTEDBR On- line, Campinas, n. especial,

p.28-35, ago. 2006.

SAVIANI, D. Breves considerações sobre fontes para a História da

Educação. In: LOMBARDI, J. C.; NASCIMENTO, M. I. M. (orgs.). Fontes, História e Historiografia da Educação. Campinas, SP: Autores Associados:

HISTEDBR; Curitiba, PR: PUCPR; Palmas, PR: UNICS; Ponta Grossa, PR:

UEPG, 2004. p. 3 – 12.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. As fontes históricas e o ensino de história. In:______.Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

p.111 a p.135.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. História oral e o

ensino da história. In:______. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.

p.161 a p. 170.

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ANEXOS

1- Carta de Cessão de Direitos para Utilização de Depoimento

Gravado.

CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL

Pelo presente documento, eu,( nome) ( nacionalidade)

(estado civil) (profissão) (CPF), (RG), emitida pelo _______,

domiciliado e residente na ( cidade), rua________, nº____,

complemento___, declaro ceder a Secretaria Estadual de

Educação do Paraná, sem quaisquer restrições quanto aos seus

efeitos patrimoniais e financeiros, a plena propriedade e os

direitos autorais do depoimento de caráter histórico e

documental que prestei aos alunos do Colégio estadual Irênio

Moreira Nascimento, na cidade de Tibagi, em ( data),num total

de horas gravadas, perante os pesquisadores ( nomes ) .

A SEED fica autorizada a utilizar, divulgar e publicar, para

fins culturais, o mencionado depoimento no todo ou em parte,

editado ou não, bem como permitir a terceiros o acesso ao

mesmo para fins idênticos, com a única ressalva de sua

integridade e indicação de fonte e autor.

Tibagi, ... de ... de 2014.

Nome e assinatura do depoente

FONTE: Adaptado de ALBERTI, Verena. (p.98-99, 1990)

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ANEXO 2 – Termo de Consentimento livre e esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ...(nome do entrevistado, nacionalidade, idade, estado civil, profissão,

endereço, RG), estou sendo convidado(a) a participar de um estudo denominado

“Colégio Irênio Moreira Nascimento: uma experiência de pesquisa histórica”

desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria

Estadual de Educação do Paraná.

A minha participação no referido estudo será como colaborador na entrevista sobre

a referida instituição escolar.

Recebi os esclarecimentos necessários sobre os possíveis desconfortos e riscos

decorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma pesquisa, e os resultados

positivos ou negativos somente serão obtidos após a sua realização.

Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou

qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será

mantido em sigilo.

Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou retirar

meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e de, por desejar

sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que venho

recebendo.

Os pesquisadores envolvidos com o referido projeto são os estudantes do 3ºano do

Ensino Médio do Colégio Estadual Irênio Moreira Nascimento, orientados pela

professora de Historia Silmara Terezinha Pedroso e com eles poderei manter

contato pelos telefones (42) 3275-1063 ou (42) 3275- 3125.

É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido o

livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e

suas conseqüências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da

minha participação.

Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e

compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre

consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum

valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

Tibagi, ... de ... de 2014.

Nome e assinatura do entrevistado

Nome(s) e assinatura(s) do(s) pesquisador(es) responsável(responsáveis)