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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
O LETRAMENTO LITERÁRIO ATRAVÉS DO ESTUDO DA POESIA
Autora: Luciane Maria Nicolau Anghinoni1
Orientadora: Stela de Castro Bichuette2
RESUMO Considerando-se o letramento literário uma atividade expressiva para professores e alunos, este estudo tem como objetivo reformular, fortalecer e ampliar o estímulo à leitura no ensino básico, formando uma comunidade de leitores que saiba reconhecer seus membros no espaço e no tempo. Comunidade esta que, se constrói em sala de aula, mas que vai além da escola, fornecendo a cada aluno e ao conjunto deles, uma maneira própria de ver e viver no mundo. Este artigo apresenta metodologias para trabalhar com alunos do sexto ano do Ensino Fundamental, procurando esclarecer a concepção de leitura que fundamenta o caminho a ser seguido para o letramento literário na escola.
Palavras-chave: Leitura; Leitura Literária; Letramento Literário 1 INTRODUÇÃO
Sabemos que ler não significa apenas decifrar letras, o ato de ler é um
processo permanente, que leva a reflexão e a analise, mas que também requer
esforço.
Segundo Candido (1995), “a literatura corresponde a uma necessidade
universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, porque pelo
fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza”.
1Licenciada em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Palmas - Pr .
Pós Graduada em Educação especial (DM), Educação Inclusiva e Psicopedagogia. Professora de Língua Portuguesa para Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual Alto da Glória- Palmas Pr. 2Mestre e Doutora em Letras-Estudos Literários pela Universidade Estadual de Londrina. Pós
Doutoranda em História e Teoria Literária na Universidade de Campinas-SP- UNICAMP. Professora da Universidade Estadual do centro Oeste (Unicentro) Pr.
Para o autor, a leitura nos dá a oportunidade de nos libertarmos com
conhecimento. Relata ainda que, através da leitura, temos a oportunidade de nos
transportarmos para um mundo de sonhos, onde se vislumbra novos caminhos.
Para minimizar essa defasagem, desenvolvemos a nossa prática pedagógica
baseados no autor Rildo Cosson (2012), que em sua obra Letramento Literário:
Teoria e prática fala que o aluno não deve ler apenas para cumprir currículos, fazer
provas ou fichas, ele afirma que a leitura é construída a partir dos mecanismos que a
escola desenvolve para a proficiência da leitura literária.
O letramento literário pode ser definido, em linhas gerais, como um conjunto
de práticas e eventos sociais que envolvem a interação leitor e escritor, produzindo o
exercício socializado na escola por meio da leitura de textos literários, sejam estes
canônicos ou não. Assim a finalidade principal é a construção e reconstrução dos
significados em relação ao texto literário lido dentro ou fora da sala de aula. Nesse
sentido, o texto literário não deve ser observado simplesmente como uma estrutura
textual (aspecto simbólico), pois, sinaliza para a construção de novos caminhos
acerca da interpretação de mundo vivenciado por ambos, escritor e leitor,
protagonistas envolvidos no processo de aprendizagem. (COSSON, 2009).
A escola tem a função de mostrar ao aluno que a leitura pode ser uma fonte
inesgotável de lazer e novos conhecimentos, pode ser vista como emancipação.
Candido (1995, p. 240), afirma que
a literatura também é uma forma de reprodução da cultura e como tal, deve ser valorizada em todas as classes sociais, pois tem o poder de ampliar a visão que temos do mundo, ela é uma grande fonte de conhecimento e deveria ser o centro de interesse nas aulas de Língua Portuguesa para concretizar a sua finalidade principal que é que os alunos leiam e escrevam bem, além de despertar o gosto e interesse pela leitura.
Segundo o Autor, para formar leitores é indispensável à participação da
família desde os primeiros anos, mas a escola e a sociedade também participam
desta construção, todos precisam estar cientes da importância da leitura na
formação cultural do cidadão
Partindo dessa fala de Candido (1995), presume-se que escola assume a
responsabilidade de iniciar a criança no processo de alfabetização e de,
paulatinamente, aperfeiçoar sua leitura, de modo a garantir-lhe o domínio de uma
prática, cuja finalidade não se esgota em si mesma.
Por isso, Candido (1995) afirma ainda que, se o objetivo é integrar o aluno à
cultura, a escola precisaria se atualizar, abrindo-se às práticas culturais
contemporâneas que são muito mais dinâmicas e raramente incluem a leitura
literária.
Conforme as DCEs (2008, p. 57),
a literatura, como produção humana, está intrinsicamente ligada à vida social. O entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas, portanto não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros.
Justifica-se o presente estudo, porque acreditamos ser de grande valia na
transformação de leitores capazes de experienciar toda a força humanizadora da
literatura pois, não basta apenas ler, a leitura simples é apenas a forma mais
determinada de leitura, porque esconde sob aparência de simplicidade todas as
indicações contidas no ato de ler e de ser letrado. É justamente para ir além da
simples leitura que achamos o letramento literário de fundamental importância para o
processo educativo..
Pois, conforme nos relata Candido (1972), o segredo maior da literatura é
justamente o envolvimento único que ela nos proporciona em um mundo feito de
palavras. O conhecimento de como esse mundo é articulado, como ele age sobre
nós, não eliminará seu poder, antes o fortalecerá, porque estará apoiado no
conhecimento que nos ilumina e não na escuridão da ignorância.
Para o desenvolvimento do estudo, adotou-se como objetivo geral, reformular,
fortalecer e ampliar o estímulo a literatura no ensino básico, para além das práticas
usuais através dos conceitos advindos do letramento Literário proposto por Rildo
Cosson (2012).
E, como objetivos específicos, demonstrar possibilidades de se fazer do
letramento literário, uma atividade significativa para todos; construir o conceito de
poema e despertar para o fazer poético; familiarizar o aluno com a linguagem
poética, para que ele sinta prazer em ler, ouvir e criar poemas; levar o aluno a refletir
e entender que a leitura literária pode ser fonte de informação, de prazer e de
conhecimento; desenvolver a sensibilidade, a criatividade e o senso critico.
Fundamentados nessas questões, chegou-se a definição de que, a
aproximação entre a instituição e o gênero literário não é fortuita. Sintoma disso é
que os primeiros textos para as crianças são escritos por pedagogos e professoras,
com marcante intuito educativo.
Portanto, o problema da inserção da literatura no ensino, com base na análise
de textos literários ou de sua leitura crítica, pressupõe que seja especificada a
compreensão de aspectos que constituem os fundamentos dessa ação pragmática:
o primeiro diz respeito ao processo de leitura de texto literário e às suas condições
de existência e de legitimação; o segundo deles abrange a reflexão sobre a
influência da literatura sobre seus receptores; o terceiro prevê a remissão à
instrumentação teórica ou aos fundamentos que definem a compreensão da
natureza e da finalidade do texto literário, aqui expressos. O esclarecimento desses
aspectos, que se amalgamam ou se entrelaçam, contribui para elucidar a
metodologia aplicada à leitura, enquanto esta comprova que a transferência do
aparato teórico para a prática pedagógica não só é proveitosa, mas também
imprescindível, tendo em vista que, sem alguma forma de teoria, seja ela consciente
ou implícita, não é possível analisar um texto literário ou, até mesmo, apreciá-lo.
Literatura na escola ministra, portanto, boas lições ao professor, revitalizando
uma parceria centenária com propostas inovadoras, já testadas e aprovadas,
capazes de mostrar que o texto em sala de aula pode, sim, formar leitores, sem
deixar de preparar o estudante para a vida prática, e expressividade verbal e o
desenvolvimento de sua imaginação criadora.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA E A FORMAÇÃO DO HOMEM
Candido (1995) relata que o corpo linguagem, o corpo palavra, o corpo escrita
encontra na literatura seu mais perfeito exercício. A literatura não apenas tem a
palavra em sua constituição material, como também a escrita é seu veículo
predominante. A prática da literatura, seja pela leitura literária, seja pela escritura,
consiste exatamente em uma exploração das potencialidades da linguagem, da
palavra e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. Por essa
exploração, o dizer o mundo (re)construído pela força da palavra, que é a literatura,
revela-se como uma prática fundamental para a constituição de um sujeito da
escrita.
A literatura deve ser compreendida como um direito fundamental, assim como,
alimentação, moradia, emprego, etc. Candido (1995) nos mostra suas idéias
socialistas e nos faz acreditar nelas, visando a justiça social.
Candido (1995) faz referência às funções conferidas a literatura: função
psicológica e função formadora. Afirma que a psicologia está relacionada a
necessidade que o homem tem da ficção, da fantasia, independente da classe social
ou cultural. E a formadora, que se refere a leitura como caráter formativo, educativo,
tanto quanto a família e a escola. (DCEs, p. 57)
O autor acredita ser a literatura de fundamental importância na vida do
homem, considerando um direito básico de todo cidadão.
2.2 A LITERATURA, A FORMAÇÃO DO LEITOR E A ESCOLA
O uso da literatura como matéria educativa tem longa história, a qual
antecede a existência formal da escola. Regina Zilberman, em Sim, a literatura
educa (1990), lembra-nos, a esse respeito, que as tragédias gregas tinham o
princípio básico de educar moral e socialmente o povo. Daí a subvenção dos
dramaturgos pelo Estado e a importância do teatro entre os gregos. Do mesmo
modo, é bem conhecida a fórmula horaciana que reúne na literatura o útil e o
agradável.
Zilberman (1982) discorre que, “no Ensino Fundamental, a literatura tem um
sentido tão extenso que engloba qualquer texto escrito que apresente parentesco
com ficção ou poesia. O limite, na verdade, não é dado por esse parentesco, mas
sim pela temática e pela linguagem: ambas devem ser compatíveis com os
interesses da criança, do professor e da escola, preferencialmente na ordem
inversa. Além disso, esses textos precisam ser curtos, contemporâneos e
“divertidos”. Não é sem razão, portanto, que a crônica é um dos gêneros favoritos da
leitura escolar. Aliás, como se registra nos livros didáticos, os textos literários ou
considerados como tais estão cada vez mais restritos às atividades de leitura
extraclasse ou atividades especiais de leitura. Em seu lugar, entroniza-se a leiturade
jornais e outros registros escritos, sob o argumento de que o texto literário não seria
adequado como material de leitura ou modelo de escrita escolar, pois a literatura já
não serve como parâmetro nem para a língua padrão, nem para a formação do leitor,
conforme parecer de certos linguistas. No primeiro caso, a linguagem literária, por
ser irregular e criativa, não se prestaria ao ensino da Língua Portuguesa culta, posto
que esta requer um uso padronizado, tal como se pode encontrar nas páginas dos
jornais e das revistas científicas. No segundo, sob o apanágio do uso pragmático da
escrita e da busca de um usuário competente, afirma-se que apenas pelo contato
com um grande e diverso número de textos o aluno poderá desenvolver sua
capacidade de comunicação”.
2.2.1 A História do Gênero Literário Infantil
Zilberman (1985) salienta que, “a poesia infantil contemporânea tem como
temática o cotidiano infantil, assim como fez Meireles (1991), em “Roda de Rua”,
“Jogo de Bola” e “Tanta Tinta”, dentre outros, ou a adoção do anticonvencional, quer
da linguagem, quer do recorte da realidade, havendo uma fuga da representação
mimética do rea”l.
Conforme a autora, com a introdução do modelo burguês de família nuclear, a
infância passa a ser valorizada e a criança vista com um “bem precioso” que
necessita ser protegido das doenças, da mortalidade infantil e das mazelas sociais;
e separado do convívio comunitário, sobretudo da perversidade moral adulta.
Zilberman (2003, p. 15), discorre que
A nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas igualmente meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções. Literatura e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, são convocadas para cumprir essa missão.
A palavra de ordem, hoje, na formação infantil é a criatividade, faz-se urgente
que as novas gerações descubram uma literatura estimuladora ou criadora e através
dela alcancem a formação humanística.
Zilberman (1985, p. 26), relata que
O profissional da Língua Portuguesa deve considerar que o leitor infantil ainda desconhece o mundo e o está apreendendo por meio dos textos
literários, tem-se que é através da imagem e do som que o sujeito-leitor engendra a “re-presentação” do mundo sob as espécies de significados que o espírito de escola do objeto, ou seja, por meio da fantasia, da imaginação, da criatividade.
Portanto, é de suma importância que esses profissionais aproveitem o
conhecimento prévio desses leitores e o explore de forma que se aproxime de sua
realidade, agregando ai, a criatividade.
2.2.2 A Literatura na Escola
Na escola, alguns fatores são acrescidos à seleção da literatura. O primeiro
diz respeito aos ditames dos programas que determinam a seleção dos textos de
acordo com os fins educacionais, que podem ser tanto a simples fluência da leitura,
como acontece em geral nas séries iniciais, quanto a ratificação de determinados
valores, incluindo-se aqui, obviamente, a cultura nacional, já no ensino médio. O
segundo traz a questão da legibilidade dos textos, que, separando os leitores
segundo a faixa etária ou série escolar, determina um tipo diferente de linguagem
para os grupos formados com base na correlação das duas variáveis. O terceiro está
relacionado às condições oferecidas para a leitura literária na escola. Infelizmente,
na maioria das escolas brasileiras, a biblioteca, quando existe, é sinônimo de sala do
livro didático, não tem funcionários preparados para incentivar a leitura e apresenta
coleções tão reduzidas e antigas que um leitor desavisado poderia pensar que se
trata de obras raras. O cenário é o mesmo nas escolas públicas e privadas, com as
exceções de praxe que só justificam a regra. O quarto é decerto o mais
determinante dos fatores que aqui poderiam ser listados. Trata-se do cabedal de
leituras do professor. O professor é o intermediário entre o livro e aluno, seu leitor
final. Os livros que ele lê ou leu são os que terminam invariavelmente nas mãos dos
alunos. Isso explica, por exemplo, a permanência de certos livros no repertório
escolar por décadas.
Selecionado o livro, é preciso trabalhá-lo adequadamente em sala de aula. Já
sabemos que não basta mandar os alunos lerem, antes que passemos às atividades
que conduzem ao letramento literário na escola, entretanto, precisamos esclarecer
como se processa a leitura.
Segundo as DCEs (2008,p.59 )
o texto literário permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. No entanto, não está aberto a qualquer interpretação. O texto é carregado de pistas – estruturas de apelo, as quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente.
O texto literário exige mais raciocínio do leitor, pois epera-se que ele decifre
as várias interpretações que lhe são oferecidas, levando-o a ler e pensar que no que
se está lendo.
2.3 O TRABALHO DA LITERATURA ATRAVÉS DO LETRAMENTO LITERÁRIO
Em uma sociedade letrada como a nossa, as possibilidades de exercício do
corpo linguagem pelo uso das palavras são inumeráveis. Há, entretanto, uma que
ocupa lugar central. Trata-se da escrita. Praticamente todas as transações humanas
de nossa sociedade letrada passam de uma maneira ou de outra, pela escrita,
mesmo aquelas que aparentemente são orais ou imagéticas. É assim com o jornal
televisionado com o locutor que lê um texto escrito. É assim com práticas culturais
de origem oral como a literatura de cordel, cujos versos são registrados nos folhetos
para serem vendidos nas feiras. Também a tela do computador está repleta de
palavras e os videogames cheios de imagens não dispensam as instruções escritas.
Essa primazia da escrita se dá porque é por meio dela que armazenamos nossos saberes, organizamos nossa sociedade e nos libertamos dos limites impostos pelo /tempo e pelo espaço. A escrita é, assim, um dos mais poderosos instrumentos de libertação das limitações físicas do ser humano. Cosson (2012, p. 16).
Conforme o autor, isso ocorre porque a literatura é plena de saberes sobre o
homem e o mundo.
Rildo Cosson defende que o processo de letramento literário é diferente da leitura literária por fruição, na verdade, esta depende daquela. Para ele, a literatura deve ser ensinada na escola: “[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um
simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização.” (COSSON, 2009, p. 23)
Por fim, devemos compreender que o Letramento Literário é uma prática
social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se
a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares,
mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la
em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de
humanização.
2.4 RELATO DE IMPLEMENTAÇÃO
A implementação projeto de intervenção pedagógica realizou-se nos meses
de julho e agosto do ano de 2015, no Colégio Estadual Alto da Glória E. F. M., com
alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, em período contrario as aulas.
Dentro do Letramento Literário, que pode ser definido como pratica para ler a
literatura, foram trabalhadas as seguintes poesias: “Sonhos de menina”, “Sonho de
Olga” e “O sonho e a fronha”, todas da autora Cecília Meireles, que através da
singeleza e simplicidade de seus poemas, fala de sonhos, esperanças e ilusões que
nos acompanham pela vida toda.
Foi elaborada uma Unidade Didática que teve como objetivo reformular,
fortalecer e ampliar o estímulo a Literatura no ensino básico, para além das práticas
usuais, propondo, através da mesma, a construção de uma comunidade literária,
voltada mais especificamente, para o Letramento Literário, nas escolas.
Nesta unidade foram apresentas atividades sugeridas na obra “Literatura na
escola. Propostas para o ensino fundamental” dos autores: Juracy Assman Saraiva,
Ernani Mugge e colaboradores (2006).
Seguimos os passos da sequência básica de Cosson (2011) que nos é
apresentada em quatro etapas:
Iniciamos nosso trabalho com os alunos no dia 27/07/2015 com a motivação,
que é a preparação do aluno para que ele “entre” no texto. Geralmente essa etapa
se dá de forma lúdica, com temática relacionada ao texto literário que será lido e tem
o objetivo de incitar a leitura proposta. Para tal atividade, foi construído um cartaz
reproduzindo a imagem de uma menina dormindo. Todos ficaram curiosos com o
cartaz apresentado e foram tirando suas conclusões, houve muita especulação e a
participação nos debates sobre o tema “sonhos” foi unânime. Depois passamos as
atividades de produção dos sonhos, onde cada um representou seus sonhos através
de desenhos. Mais tarde, com esses desenhos foi construído o mural dos sonhos.
______________________________ Figura 1 - Banner Menina Dormindo, através do qual os alunos desenvolveram suas atividades
interpretativas.
A introdução, ou seja, a apresentação do autor e da obra.
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Figura 2 - Painel expositivo, com apresentações de atividades que serão desenvolvidas no decorrer do projeto.
A leitura, que deve ser acompanhada pelo professor para solucionar
dificuldades que surgirem com relação ao vocabulário e partes do texto, para que o
aluno não perca o interesse.
A interpretação, que para ele se dá em dois momentos: interior e exterior. O
momento interior compreende a decifração, encontro do leitor com a obra, sem
intermediações como filmes e resumo. O momento exterior é a construção do
sentido,quando o aluno percebe a diferença entre o letramento literário na escola e a
literatura feita de forma independente, o aluno percebe que compartilhando,
ampliam-se os sentidos construídos individualmente, ganham consciência de que
são membros de uma coletividade que fortalece e amplia os horizontes de leitura.
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Figura 3 - Interpretação interior, feita pelos alunos depois da leitura do poema.
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Figura 4 - Atividade de interpretação exterior, feita pelos alunos, depois da leitura do poema.
Fizemos a apresentação do livro “Ou isto ou aquilo” da autora Cecília Meireles,
o que despertou muito interesse e curiosidade tanto pela obra como pela autora, o
que contribuiu, em muito para o sucesso da pesquisa bibliográfica e produção dos
cartazes que os próprios alunos criaram sobre a vida de Cecília Meireles.
Nesta etapa, ainda utilizamos uma música do Mc Gui: “Sonhar”, que foi
relacionada aos sonhos de cada um.
O primeiro texto trabalhado foi “Sonhos da menina” que foi apresentado aos
alunos em forma de “banner”. A leitura foi realizada inicialmente pela professora, que
sanou algumas dúvidas que surgiram em relação ao vocabulário e posteriormente,
pelos alunos que fizeram a mesma leitura de diferentes formas para depois copiar e
ilustrar.
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Figura 5 - Banner – Sonhos de Menina- Alunos trabalhando a interpretação do Banner
Na sequência partimos para significação do poema, desenvolvendo as
atividades produzidas na Unidade Didática, as quais foram reproduzidas em folhas,
para posteriormente construir o Portfólio.
Como forma de avaliação deste primeiro poema, os alunos compuseram um
novo poema com palavras criadas a partir de um dos exercícios da Unidade
Didática.
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Figura 6 - Novo poema criado a partir do Poema “Sonhos de Menina
O segundo texto “Sonhos da Menina” foi apresentado da mesma maneira que
o primeiro, seguindo os passos de Cosson e as atividades da Unidade Didática,
tendo como forma de avaliação, a elaboração de um pequeno Texto, onde cada um
relatou seus sonhos, fazendo a devida ilustração.
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Figura 7 - Poema criado com base no Poema “Sonhos de Menina, onde os alunos puderam dar asas a sua imaginação, também através de ilustrações.
O terceiro poema a ser trabalhado foi o “Sonho e a Fronha”, que também
seguiu os mesmos passos das atividades anteriores, respeitando a sequência básica
de Cosson, priorizando a questão da criatividade e imaginação dos alunos, sendo
desenvolvido um novo poema, substituindo algumas palavras da Autora. Trabalhou-
se a parte de descrição e composição de novos textos.
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Figura 8 - Atividade avaliativa baseado no poema “O Sonho e a Fronha”.
Todos os alunos participaram com entusiasmo e a colaboração da escola foi
de extrema importância para o êxito do trabalho em questão.
Com a implementação do projeto conseguimos demonstrar possibilidades de
se fazer do letramento literário, uma atividade significativa para todos, levando o
aluno a refletir e entender que a leitura literária pode ser fonte de informação, de
prazer e de conhecimento. Foi perceptível no decorrer das aulas, após o termino da
aplicação do projeto, a melhora no desempenho dos alunos com relação à leitura e
compreensão de diferentes tipos de textos, bem como a participação nos debates e
outras atividades.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser leitor da literatura na escola é mais do que usufruir um livro de ficção ou
se deliciar com as palavras exatas da poesia. É também posicionar-se diante da
obra literária, identificando e questionando protocolos de leitura, afirmando ou
retificando valores culturais, elaborando e expandindo sentidos. Esse aprendizado
crítico de leitura literária, que não se faz sem o encontro pessoal com o texto
enquanto princípio de toda experiência estética, é o que denominamos de
letramento literário.
Todos os alunos participaram dos trabalhos desenvolvidos, com entusiasmo e a
escola, que muito colaborou, foi de extrema importância para o êxito das atividades
propostas.
Com a implementação da Unidade Didática, esperamos demonstrar
possibilidades de se fazer do letramento literário, uma atividade significativa para
todos, levando o aluno a refletir e entender que a leitura literária pode ser fonte de
informação, de prazer e de conhecimento.
É imprescindível que seja refeita a inserção da literatura aos nossos jovens,
de maneira que estes venham a sentir a importância da leitura de obras clássicas
relacionando-as com o mundo contemporâneo.
Este artigo científico apresentou metodologias para trabalhar com alunos do
sexto ano do Ensino Fundamental, procurando esclarecer a concepção de leitura
que fundamenta o caminho a ser seguido para o letramento literário na escola.
Sendo esta a principal finalidade desta produção didático– pedagógico, objetiva-se,
com tais ações, fazer com os alunos possam ver a literatura e a leitura, não como
algo obrigatório, mas como algo prazeroso e que pode trazer alternativas para
melhorar suas condições de vida, assim como de sua comunidade.
A prática do letramento literário precisa ser inventada e reinventada em cada
escola, em cada turma e em cada aula. Assim, o ensino de literatura passa a ser o
processo de formação de leitores capazes de se comunicar no tempo e no espaço,
com sua cultura, identificando, adaptando ou construindo um lugar para si mesmo.
Um leitor que se reconhece como membro ativo de uma comunidade de leitores.
5 REFERÊNCIAS
CANDIDO, Antonio. “O direito à literatura”. In: CANDIDO, A. Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. CANDIDO,Antonio.A Literatura e a Formação do Homem. São Paulo: Duas Cidades, 1972. COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2011. DCEs, Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Paraná 2008. MEIRELES, Cecilia. Ou Isto ou Aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. ZILBERMAN, Regina.A Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Global, 2003. ZILBERMAN, Regina. Da Literatura para a Vida. São Paulo: São Paulo: Àtica, 1999.