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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O GÊNERO CONTO DE FADAS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RESGATE DO IMAGINÁRIO
YUZAWA, Rejane Lopes Bittencourt ¹
PAVLOSKI, Evanir ²
Resumo: Este artigo visa relatar o processo de Implementação do projeto “O gênero conto de fadas em aulas de língua inglesa no ensino fundamental: resgate do imaginário”, que foi desenvolvido em 2014, no 6º ano do Colégio Estadual João Paulo II localizado na cidade de Arapoti, Paraná, para atender as normas do PDE. A escolha desse tema foi motivada por observações feitas em aulas de Língua Inglesa neste Colégio. Para tal foram selecionados três contos: “Snow White and Seven Dwarfs, Beauty and the Beast and Puss in Boots”. O trabalho realizado permitiu que os alunos tivessem contato com as quatro habilidades: escutar, falar, ler e escrever, e por já conhecerem esses textos em língua Portuguesa ficou mais fácil e reconhecer sons, estruturas e ritmos diferente da Língua Inglesa. Palavras-chave: conto de fadas; motivação; aprendizagem.
¹ Professora PDE – [email protected] ² Professor Orientador – e-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O projeto “O gênero conto de fadas em aulas de língua inglesa no ensino
fundamental: resgate do imaginário”, teve como objetivos específicos expandir o
vocabulário sobre contos de fadas, motivar a imaginação e a criatividade através da
leitura desses textos, proporcionar aos alunos ouvir, em inglês, histórias que são
conhecidas em sua língua materna, socializar os conhecimentos adquiridos durante
o processo de ensino-aprendizagem e trabalhar a gramática inserida no texto de
forma contextualizada. Em resumo, o objetivo geral era o de desenvolver estratégias
de ensino por meio dos contos de fadas para estimular o interesse e o efetivo
aprendizado da língua inglesa dos alunos.
A ideia do projeto surgiu a partir da constatação de que os contos de fadas
tratam de sentimentos comuns a todos nós como ódio, inveja, ciúme, ambição,
rejeição e frustração, que podem ser compreendidos e vivenciados pela criança
através das emoções e da fantasia. Os contos de fadas constituem uma narrativa de
tom casual, as histórias são simples e fáceis de entender e, por isso mesmo,
envolventes. Somado a isto, são prazerosas, evocando emoções como medo,
fascínio, apreensão, alegria, dentre tantos outros sentimentos, uma vez que somos
convocados a compartilhar dos mesmos sentimentos dos personagens. Como
expõe Bettelheim (1980), os contos de fadas têm capacidade de falar
simultaneamente a todos os níveis da personalidade humana pelo uso de uma
linguagem muito simbólica sem recorrer tanto ao pensamento lógico; em outras
palavras, são narrativas que não envelhecem e renascem a cada nova versão
criada.
Na escola onde foi aplicado esse projeto, localizada no interior do Estado do
Paraná, o acesso a Língua Estrangeira é normalmente restrito à sala de aula. Nesse
sentido, o trabalho com os contos de fadas ajudou na aquisição e na construção de
conhecimentos em Língua Inglesa, pois muitas histórias infantis incluem repetição
de palavras ou frases-chave, além de já possuírem uma versão traduzida ao qual o
aluno pode recorrer mentalmente quando precisar. Por intermédio das histórias,
pode-se criar um contexto para assimilação de vocabulário, estruturas gramaticais
e/ou pronúncia.
Através do uso dos contos de fadas, os alunos tiveram contato com as quatro
habilidades: escutar, falar, ler e escrever, pois esse gênero engloba a percepção
auditiva e a produção verbal, a percepção visual (através de ilustrações, trechos de
filmes ou imaginativamente), a produção escrita (o texto escrito com diálogos ou
palavras cognatas) e a fala (com a leitura feita pelo professor, ouvindo CD ou
assistindo filmes).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Refletindo sobre o uso dos contos de fadas na educação
Nas aulas de Língua Inglesa na maioria das escolas da rede pública de
ensino, percebe-se alunos desmotivados em aprender o idioma devido ao método
utilizado por alguns professores que priorizam a gramática e a tradução de textos,
tornando as aulas cansativas e pouco atrativas. Os alunos não se sentem
motivados, pois é necessário que esse processo seja significativo na construção de
uma aprendizagem efetiva. Diante deste cenário, buscou-se com esse projeto,
novas alternativas para melhorar o ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa.
Para tanto, o fundamento teórico-metodológico apresentado nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica para a Língua estrangeira, neste caso o inglês,
apontam para o ensino através dos gêneros textuais como uma alternativa para
minimizar tais problemas.
As DCEs propõem:
que a aula de Língua Estrangeira Moderna constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social. (PARANÁ, 2008, p.53).
O incentivo ao hábito da leitura de contos de fadas em Língua Inglesa, com
materiais que propiciem uma ambientação e motivação com foco no
desenvolvimento da habilidade de listening (compreensão auditiva), poderá intervir
nas práticas pedagógicas do professor e tecer reflexões que poderão contribuir para
o ensino aprendizagem dessa língua através do resgate do imaginário.
Ao trabalhar com práticas diversificadas com o gênero textual conto de fadas,
criou-se um ambiente propício à liberação da imaginação e desenvolvimento da
criatividade do aluno.
De acordo com Bettelheim:
Aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de fadas transmitem importantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente e à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento. Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré-conscientes e inconscientes. A medida em que as estórias se desenrolam, dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las, que estão de acordo com as requisições do ego e do superego. (BETTELHEIM, 1980, P.14).
Em seu livro A Psicanálise dos Contos de Fadas, Bettelheim deixa claro o
poder que essa modalidade de leitura exerce na psique da criança, propiciando a
emergência de conteúdos inconscientes que muitas vezes não encontram espaço
por meio da linguagem.
Entretanto, precisamos saber como o conto interfere significativamente na
mente da criança e até do adolescente. Primeiramente, podemos analisar o início do
conto: “Era uma vez...” Essa expressão insere a criança num tempo indeterminado,
excluindo qualquer possibilidade daquela história ter realmente acontecido. Dessa
forma, a criança livra-se da dureza da realidade, permitindo então o espaço para a
imaginação. “Imaginando, ela pode brincar com temas próprios de sua realidade
psíquica, por vezes difícil, como o amor, a morte, o medo, a rivalidade fraterna, a
separação e o abandono”. (GUTFREIND, 2004, p. 25).
Nas palavras de Glória Radino :
Todo conto se inicia em um outro tempo e em um outro lugar, e a criança sabe disso. Ao iniciar um ‘era uma vez’, a criança sabe que partirá em uma viagem fantástica e que dela retornará com um ‘e viveram felizes para sempre’ (...). Esses rituais mostram que vamos tratar de fantasia, de uma Terra do Nunca. Quando nós, adultos, entramos em um cinema, ao se apagarem as luzes, não questionamos se o filme é real ou não. Embarcamos nessa viagem e identificamo-nos com os personagens, chorando e dando risadas. Quando as luzes se acendem, às vezes saímos um pouco tontos da sala de projeção, mas retornamos ao nosso mundo real.(RADINO, 2003,p.135).
No ensino de Língua inglesa, os contos de fadas podem ser muito eficazes,
pois possuem uma narrativa fácil no que se refere ao vocabulário e à temática, que
pode ser acompanhada pelos alunos, mesmo que estes não conheçam o
vocabulário presente na história.
Segundo Coelho “a literatura é uma linguagem específica que expressa
determinada experiência humana, sendo de grande valor na prática educativa, por
favorecer o contato com o ser humano em seu momento de imaginação”. (COELHO,
1987, p.117)
Os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental estão na fase das descobertas,
da mudança de escola e buscam ser livres nas escolhas de seus atos, e essa
escolha, seja ela certa ou errada, vai depender do nível de amadurecimento que
eles tiveram. O trabalho com os contos de fadas poderá ajudá-los nesse
crescimento.
Para Radino:
Os contos dão forma aos seus desejos e emprestam-se como um cenário de seus sonhos, aguçando sua imaginação e favorecendo seu processo de simbolização, tão necessários à sua inserção em um mundo civilizado e cultural. (RADINO, 2003, p.117).
Os contos também conseguem deixar fluir o imaginário e levam o aluno a ter
curiosidade, a qual no decorrer da história é respondida. É uma possibilidade de
descobrir o mundo imenso de conflitos e resoluções que todos vivem.
Fritzen afirma que:
Tomar a imaginação a sério na educação nos faz transcender a divisão entre o intelecto e emoção e perceber ambos juntos em todas as áreas do conhecimento e em todos os aspectos da educação. Nossa vida emocional está ligada à nossa imaginação, que está ligada ao nosso intelecto. O aprendizado imaginativo, portanto, inevitavelmente envolve as nossas emoções. A imaginação é importante para a educação porque nos força a reconhecer que formas de ensino e aprendizado que estão desconectadas com as nossas emoções são educacionalmente estéreis (FRITZEN, 2007, p.32).
De acordo com Bettelheim “enquanto diverte a criança, o conto de fadas,
esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade”
(BETTELHEIM,1992 p.20).
Por se tratar de uma narrativa e partindo sempre de um desafio a ser
enfrentado, os contos de fadas tornam-se textos acessíveis mesmo em Língua
Inglesa. O desenvolvimento das ações, no plano da fantasia, e com o aparecimento
de elementos mágicos para buscar soluções e restaurar a ordem no final da
narrativa são essenciais para o entendimento da história.
Conforme afirma Tatar:
Além disso, a verdadeira magia do conto de fadas reside em sua capacidade de extrair prazer da dor. Dando vida às figuras sombrias de nossa imaginação como bruxas, “lobos mal”, os contos de fadas podem fazer aflorar o medo, mas no fim sempre proporcionam o prazer de vê-lo vencido. (TATAR, 2004, P.10).
O aluno toma consciência que ele não pode viver definitivamente no mundo
da fantasia, sendo necessário assumir o real no momento certo. Um dos grandes
potenciais dos contos de fadas é a capacidade de refletir através de metáforas sobre
a estrutura familiar e sobre conflitos internos do ser humano.
É importante resgatar na escola os contos infantis, mesmo que os alunos já
estejam numa série mais avançada, pois segundo Abramovich “quando a criança
sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme
prazer em ouvi-las”. (ABRAMOVICH, 1997, p.23).
Vivemos na era tecnológica, onde as informações estão prontas e o acesso a
toda essa informação é fácil, porém precisamos usar essa inovação como aliada,
vinculando tecnologias e imaginário ao processo de ensino-aprendizagem. Cabe
também a nós professores oportunizar esse resgate, para que no futuro os alunos
não se tornem indivíduos sem criatividade e sem sensibilidade para compreender a
própria realidade onde estão inseridos.
Para reforçar o efeito destes contos na formação do indivíduo Bettelheim diz
que:
Cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interior, e dos passos necessários para evoluirmos da imaturidade para a maturidade. Para os que mergulham naquilo que os contos de fadas têm a comunicar, estes se tornam lagos profundo e calmo que, de início, parecem refletir nossa própria imagem. Mas logo descobrimos sob a superfície os turbilhões de nossa alma – sua profundidade e os meios de obtermos paz dentro de nós mesmos e em relação ao mundo, o que recompensa nossas lutas. (BETTELHEIM, 1980, p. 323).
O trabalho com contos de fadas possibilitou a reflexão sobre problemas que
todos nós enfrentamos, mas que com paciência e coragem aos poucos são
resolvidos. Quando conseguimos superar obstáculos nos tornamos mais fortes
diante da vida.
As personagens que aparecem nos contos classificadas como boas ou más,
belas ou feias, poderosas ou fracas facilitaram ao aluno a compreensão ou
problematização de certos modelos da conduta do ser humano no convívio social.
Segundo Nelly Novaes Coelho:
[...] por mais que os homens transformem o mundo em que vivem com sua inteligência e trabalho, sua natureza humana não muda. Nela se misturam as ‘paixões da alma’(amor, ódio, amizade, medo, vontade de poder, ideais, desejos, inveja, ciúmes, solidariedade, fraternidade, etc.), e as “necessidades básicas” do ser humano (ar para respirar, alimento para matar a fome e proteção para o corpo). Tanto as ‘paixões’ quanto as ‘necessidades básicas’, são a matéria-prima dos contos de fadas e de todos os livros que venceram o tempo e através de milênios ou séculos continuam a interessar os leitores e ouvintes. (COELHO, 2010, p.5)
Analisando a fala de Nelly Novaes Coelho pudemos perceber que os contos
de fadas trazem muitos benefícios para o ensino de LEM, pois representam uma
forma de nossos alunos contextualizarem situações e emoções internalizadas,
socializando as experiências com seus colegas. Por meio da leitura de determinados
contos de fadas, os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver uma variedade de
habilidades importantes, como a criatividade, a dedução e a assimilação de valores
considerados fundamentais pela sociedade (amor, honestidade, paciência,
disciplina, autoestima, entre outros).
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná:
no ensino de Língua Estrangeira, a língua, objeto de estudo dessa disciplina, contempla as relações com a cultura, o sujeito e a identidade. Desta maneira, torna-se fundamental que os professores compreendam o que se pretende com o ensino da Língua Estrangeira na Educação Básica, ou seja, ensinar e aprender línguas são também formas de ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos; é formar subjetividades; é permitir que se reconheçam no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do grau de proficiência atingido. (PARANÁ, 2008, p.55.)
O ensino de Língua Estrangeira pode ser acrescido de instrumentos
complementares como os contos de fadas, que favoreçam diferentes aspectos
envolvidos na aprendizagem como: a motivação, o fortalecimento da autoconfiança,
o desenvolvimento do prazer estético e a promoção de maior número de situações
comunicativas possíveis para que o aluno adquira o conhecimento de uma forma
agradável e natural, preparando-se para enfrentar situações existentes no mundo
que o cerca.
Assim sendo, o trabalho de intervenção realizado desenvolveu material
didático com atividades relacionadas aos contos de fadas que foi utilizado no sentido
de promover a aquisição de conteúdos linguísticos. O trabalho feito com os contos
tornou o aprendizado mais eficiente e divertido, porque possibilitou ao aluno ter
contato com uma forma viva do idioma. Através do estudo dos contos, os alunos
puderam praticar pronúncia, enriquecer o vocabulário, desenvolver a leitura e até
praticar a escrita.
3. MATERIAL DIDÁTICO
O projeto de intervenção foi desenvolvido no primeiro semestre de 2014,
numa turma de 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual João Paulo II em
Arapoti, Paraná. Durante a elaboração do projeto, buscou-se desenvolver atividades
práticas que pudessem promover a motivação dos alunos para o aprendizado da
Língua Inglesa (LI), visto que muitos estudantes não demonstram grande interesse
pelo estudo de estruturas escritas da LI. Assim sendo, procurou-se produzir um
material didático específico para o trabalho com contos de fadas que abordasse com
mais ênfase a habilidade de compreensão auditiva da língua inglesa e possibilitasse
a ampliação do conteúdo linguístico dos alunos.
Durante a elaboração da proposta, três contos em língua inglesa foram
selecionados: “Snow White and Seven Dwarfs”, “Beauty and the Beast” and “Puss in
Boots”. Esses contos de fadas possuem narrativas linguisticamente acessíveis, que
podem ser acompanhadas pelos alunos, mesmo que estes não conheçam o
vocabulário presente na história, aspecto que foi um dos motivos para a escolha dos
mesmos.
Segundo Coelho “a literatura é uma linguagem específica que expressa
determinada experiência humana, sendo de grande valor na prática educativa, por
favorecer o contato com o ser humano em seu momento de imaginação”. (COELHO,
1987, p.117)
Os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental estão na fase das descobertas,
da mudança de escola e da busca pela liberdade nas escolhas de seus atos. E tais
escolhas, certas ou erradas, vão depender do nível de amadurecimento que eles
alcançaram. O trabalho com os contos de fadas pode ajudar sensivelmente nesse
crescimento.
Para cada conto foram desenvolvidas atividades de grammar/vocabulary,
listening, reading e class discussion. Cada conto foi trabalhado seguindo uma
metodologia diferente para que várias estratégias de ação fossem testadas. Durante
as aulas de implementação deste projeto, os alunos executaram atividades que
exercitaram habilidades de compreensão e produção oral e escrita. Eles trabalharam
algumas vezes em grupos e outras individualmente em atividades variadas.
4. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
Antes de abordar os contos fiz uma apresentação do tema para os alunos
indagando se eles lembravam o que significa “Contos de Fadas”. Eles rapidamente
falaram que são textos que terminam com “felizes para sempre” e começam com
“era uma vez”. Perguntei quais contos eles lembravam e os alunos enumeraram
vários, inclusive o filme Shrek. Entretanto, o conto gato de botas não foi
mencionado. Em relação ao conto A Bela e Fera, uma aluna ficou muito eufórica e
contou resumidamente todo o enredo.
Ao projetar os slides com as expressões “Once upon a time” e “They lived
happily ever after” com a entonação necessária, rapidamente eles fizeram
associações com o correspondente em português. Foi apresentada uma breve
definição do que significa contos de fadas misturando palavras e imagens.
Entretanto, os alunos tiveram dificuldades na compreensão e a intervenção do
professor se fez necessária todo o tempo. Quando apresentei as características dos
contos participaram com muita vontade e aparentemente gostaram da expressão
“Once upon a time”, pois muitos alunos ficaram repetindo várias vezes. Levei alguns
livros do conto Gato de Botas em Língua Portuguesa para eles levarem para casa e
lerem, pois muitos não conheciam a história nem em português. Nesta turma em que
apliquei o projeto, a maioria dos alunos é de uma vila bem afastada da cidade e
percebe-se grande dificuldade com relação ao inglês, mas alguns se destacam e o
aspecto interessante e motivador foi que desde o começo pareceram bem
entusiasmados como o projeto.
Na sequência das atividades trabalhamos com a biografia dos irmãos Grimm
e, como forma de introduzir o conto “Branca de Neve”, eles montaram um pequeno
dominó com a sequência da narrativa em Inglês relacionando vocabulário e imagem.
Os alunos tiveram dificuldades na compreensão da gramática relacionada ao
presente simples de alguns verbos e aula foi bem cansativa, pois eles não tinham
nenhuma noção em relação a esse assunto. Depois que fizemos vários exercícios
relacionados ao conto “Snow White and Seven Dwarfs” e a parte gramatical
contextualizada nos pequenos trechos do conto, parece que ficou mais claro o
entendimento e houve mais rendimento. Depois de terminadas as atividades desse
conto, os alunos comentaram a moral da história ressaltando principalmente a
maldade da rainha.
Para introduzir o conto “Beauty and the Beast” passei o clip musical do filme e
os alunos rapidamente descobriram qual seria o próximo conto a ser estudado.
Fizemos os exercícios propostos na unidade e para finalizar assistimos um trecho do
filme “A Fera” e os alunos comentaram sobre a beleza exterior/interior e a arrogância
do personagem principal.
A cada atividade de audição dos contos percebia que os alunos tinham mais
concentração e entendimento e isso me animava. O último conto a ser trabalhado foi
“Puss in Boots” e também foi produtivo, visto que o processo da atividade de
listening sempre se dava da mesma maneira e os exercícios escritos eram variados
e com imagens para facilitar a compreensão. Como complemento às atividades,
assistimos a trechos do filme Shrek 2 e fizemos atividades de comparação entre as
personagens do filme e as dos contos estudados. Neste ponto, os alunos
participaram bastante da atividade e se mostraram animados diante do personagem
Shrek, que nos pareceu ser um personagem que agrada a todos.
O trabalho produzido pelas equipes foi socializado com todos e pude sentir
na expressão de cada um deles uma satisfação por ver o resultado do trabalho
sendo apreciado pelos colegas.
A avaliação do trabalho aconteceu durante todo o processo, pela participação
dos alunos nas atividades de listening e dos exercícios escritos, alguns desses
exercícios foram recolhidos pela professora. Ao final da implementação, foi realizada
uma avaliação geral do projeto através de um questionário que continha 07
perguntas, as quais propunham as seguintes questões: 1) importância de ouvir em
inglês, (2) se o projeto ajudou no vocabulário, (3) se gostaram dos contos escolhidos
(4) se gostaram das atividades propostas, (5) se aprenderam os verbos como foram
apresentados, (6) se gostaram de como foi encaminhado o projeto e (7) se
gostariam de trabalhar outros projetos como este. De acordo com as respostas dos
alunos, pode-se notar que a receptividade do projeto foi muito boa. Com este
questionário, pudemos observar que o índice de aprovação do projeto foi muito
grande, principalmente porque eles colocaram outros contos de fadas que gostariam
de ler e estudar em inglês.
5. GTR
Entre as atividades de responsabilidade do professor PDE estava a tutoria do
Grupo de Trabalho em Rede (GTR), no qual foi disponibilizado o projeto e a
sequência didática para a apreciação dos colegas da rede pública de ensino. Isso
ocorreu concomitantemente à implementação do projeto junto aos alunos. Ao todo,
treze professores se inscreveram no grupo, mas um deles não concluiu todas as
atividades propostas. O GTR foi um importante aliado nas discussões sobre o
projeto e o material didático utilizado. Durante a implementação, solicitamos aos
participantes que desenvolvessem determinadas atividades com seus alunos e
posteriormente relatassem os acertos e as dificuldades encontradas. Assim,
pudemos aperfeiçoar e adequar algumas atividades que melhoraram em muito a
qualidade do material didático utilizado.
Houve bastante interação e socialização entre as participantes do GTR e
todos foram unânimes em afirmar que a Produção Didática Pedagógica apresentada
está em consonância com a realidade de nossas escolas, como podemos verificar
na fala dos participantes abaixo:
“Certamente, o trabalho com o gênero textual conto de fadas trará para as
aulas de Língua Inglesa mais motivação, uma vez que levará o aluno resgatar, algo
que nossas crianças vêm perdendo que é o imaginário, a capacidade de sonhar com
um mundo melhor, com o bem vencendo o mau, com finais felizes, uma vez que, em
muitas situações vivenciadas, no interior de nossas escolas públicas, percebemos
crianças que parecem ter perdido a capacidade de sonhar, não acreditam que são
"seres humanos", que têm direitos a buscar e alcançar uma vida melhor. Muitas
vezes já não têm nenhuma autoestima. Vivem numa realidade tão dura, nunca
tiveram o prazer de ter alguém, em suas casas, para ler um conto de fada, ou ainda,
não lhes permitem ser crianças ou lhes respeitam o direito de brincar. Com isso,
muitos vivem a mercê de um mundo no qual os valores como respeito, amizade,
solidariedade, não existem. Onde o negativo parece ser mais valorizado, exaltado.
Assim, o conto de fada, se bem trabalho, com um ambiente apropriado, contribuirá
muito para o enriquecimento do processo de aprendizagem de Língua Inglesa.”
(ISANETE MARIA DE SOUZA Última edição: domingo, 23 março 2014, 21:07)
“O projeto em estudo deve ser utilizado nas aulas de Língua Inglesa não só
nos 6ºs anos, mas em várias séries, basta que mude a metodologia. Ele está
atendendo às expectativas de todos nós, uma vez que não temos tantos materiais
necessários para que se faça um trabalho diferenciado, que busque o incentivo da
leitura na disciplina de Língua Inglesa. Na minha avaliação, o público alvo, no caso
os alunos, terão facilidade de compreensão e aprendizagem através da aplicação
desse projeto. Ele incentiva e busca alternativas simples, mas de grandes resultados
em sala de aula. O professor mediador deve olhar com atenção as curiosidades dos
alunos e aplicar a melhor metodologia em cada sala de aula, pois há alunos
diferentes tanto na aprendizagem quanto nas dificuldades de entendimento. A
proposta interessante é aquela que trata da leitura em primeiro lugar. Isso cabe ao
professor buscar o significado global da leitura, levando seu aluno a procurar pistas
de aprendizagem. Nota-se que nos tempos atuais, os profissionais da educação
estão mais preocupados em fazer o diferente e o que realmente dê bons resultados.
E a Língua Inglesa vem conseguindo alcançar seus objetivos, de uma maneira
geral. Talvez, buscaria alguns filmes, produziria histórias em partes para o aluno
organizar ideias de sequência para serem traduzidas em inglês. O projeto em estudo
poderá ser trabalhado durante todo o ano letivo. Acredito no envolvimento dos
alunos, bem como a curiosidade e desenvolvimento da aprendizagem. Eles amam
histórias.” (LIGIA JANEGITZ SCHWERZ Última edição: sábado, 12 abril 2014,
20:46)
Foi muito bom socializar com os professores participantes do GTR os sucessos
e tropeços em relação à implementação da unidade didática na escola. Eles
repassaram muitas ideias e experiências bem sucedidas, além de propostas de
atividades diferenciadas relacionadas ao projeto. O prazo foi curto, mas a qualidade
do curso foi muito enriquecedora. Os professores que fizeram o GTR participaram
efetivamente trazendo várias sugestões que aperfeiçoaram a prática pedagógica.
É interessante notar que mesmo em cidades e escolas diferentes a realidade
em relação a Língua Inglesa é a mesma. Precisamos tentar fazer aulas
diferenciadas e que prendam um pouco mais a atenção de nossos alunos. Também
percebi que os professores de LEM estão cientes que a gramática precisa estar
contextualizada e há uma luta constante por parte dos professores de Língua
Inglesa para que o aprendizado realmente se efetive.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término da implementação do projeto O gênero conto de fadas em aulas
de língua inglesa no ensino fundamental: resgate do imaginário, pudemos avaliar
que os resultados foram bastante satisfatórios, uma vez que os alunos participaram
ativamente da maioria das atividades propostas. Percebemos uma melhora na
habilidade de leitura e escrita em língua inglesa, bem como uma ampliação do
vocabulário relacionado ao tema conto de fadas.
O tema “Contos de Fadas” trabalhado durante o processo de implementação
da unidade didática despertou um maior interesse por parte dos alunos, devido ao
conhecimento prévio que cada um já carrega sobre o assunto.
Constatou-se então, após a implementação da unidade didática que utilizou
de estratégias de listening, que os alunos obtiveram um bom resultado, pois
puderam verificar a pronúncia das palavras e também puderam perceber suas
respectivas ortografias no texto escrito. Nesta atividade, sempre percebemos que os
alunos não têm concentração para ouvirem as atividades propostas. Entretanto, foi
possível notar que se a atividade for considerada interessante para eles fica mais
fácil a manutenção da concentração. É claro, que alguns alunos tiveram um pouco
de dificuldade, mas isso não atrapalhou o andamento do trabalho, pois houve um
bom entendimento entre eles e o texto.
O foco deste projeto foi o listening e a compreensão dos textos escritos. No
entanto, também foram explorados alguns aspectos linguísticos, como forma para
ajudar na leitura e na compreensão. Observou-se então que os alunos têm muito
mais dificuldade com a estrutura da língua do que com a leitura e a compreensão.
Isso foi percebido durante as explicações sobre os verbos no presente simples.
Logo, foi constatado que eles conseguiram acompanhar os contos que
ouviram no CD , fazer as atividades de compreensão com facilidade, e no que se
referiu aos aspectos da língua, eles tiveram certa dificuldade nos exercícios.
As reflexões dentro e fora de sala de aula nos tornam cada vez mais capazes
de agir. As reflexões feitas em sala com os alunos sobre questões do âmbito moral,
comportamental e ético, proporcionadas pelos contos de fadas, foram um ponto forte
nas aulas.
Trabalhar com gêneros textuais, de forma correta, não usando o texto como
pretexto, mas sim partir do texto e então trabalhar os conteúdos e as
particularidades de cada texto, foi uma experiência gratificante. Podemos perceber
que os alunos desenvolvem senso crítico e passam a praticar os conhecimentos
adquiridos em sala e dentro da escola.
Conclui-se então que após este trabalho de implementação, centralizado no
objetivo de desenvolver habilidades básicas de listening, o alcance foi ainda maior,
aprimorando a capacidade de inferência dos alunos, proporcionando discussões e
reflexões sobre diferentes assuntos, o que tornou possível a aprendizagem de
conhecimentos variados, utilizando-se do gênero contos de fadas como ferramenta
para alcançar a finalidade principal que é a aprendizagem nas aulas de LEM.
Com a realização desse projeto também pudemos perceber que o professor
de LEM precisa fazer peripécias e ler com entonação, reler e explicar muitas vezes.
Precisa ter muita paciência e só duas aulas semanais não são suficientes, visto que
a hora que o assunto começa a ficar interessante a aula termina. E a cada semana é
um recomeço. O processo é lento, entretanto, com entusiasmo conseguimos pelo
menos fazer com que os alunos gostem de LI. Alguns alunos têm mais facilidades e
se interessam mais, outros têm dificuldades e devido a isso menos interesse em
aprender, mesmo com aulas diferenciadas. Mesmo assim podemos dizer que nosso
esforço vale a pena e não podemos desistir dessa árdua tarefa que é ministrar aulas
de LEM.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São Paulo:
Scipione, 1997.
BETTELHEIM, B. A Psicanálise Dos Contos De Fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7.ed. São Paulo: Moderna, 2000. COELHO, N. N. O conto de fadas O imaginário infantil e a educação. Criança: do Professor de Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação. v. 38, 2005. 14 COELHO, Nelly N. Panorama Histórico da Literatura Infanto/Juvenil. 4 ed. São Paulo: Ática, 1991.
FRANZ, Marie-Louise Von. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo:Paulus, 1990.
___________. A individuação nos contos de fadas. São Paulo:Paulus, 1984. FRITZEN, Celdon; CABRAL, Gladir da Silva. (orgs.) Infância: imaginação e educação em debate. (Coleção ágere) Campinas, SP: Editora Papirus, 2007, 144p.
KOLYA, Elisa de Cesare. O Conto de Fadas como estratégia para o ensino de Língua Inglesa para crianças de 5 a 7 anos. Centro de comunicação e Letras – universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna. Curitiba: SEED, 2008.
RADINO, Glória. Contos de fadas e realidade psíquica: a importância da fantasia no desenvolvimento. São Paulo: cada do psicólogo, 2003. TATAR, Maria. Contos de Fadas: edição comentada e ilustrada. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2004.