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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

CADERNO PEDAGÓGICO:

ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS DE ENSINO PARA AS

NOVAS GERAÇÕES

PONTA GROSSA

2013

2

BIANI GLAI VENSKE ALVES

CADERNO PEDAGÓGICO

ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS DE ENSINO PARA

AS NOVAS GERAÇÕES

Produção Didático Pedagógica produzido como parte das atividades do Programa de Desenvolvimento da Educação – SEED-PR. Orientadora: Profª Dra. Silvana Maura Batista de Carvalho

PONTA GROSSA

2013

3

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TURMA PDE/2013

Título Formação de professores: a busca de alternativas

metodológicas de ensino para as novas gerações.

Autor Biani Glai Venske Alves

Disciplina/Área Pedagogia

Escola de

Implementação do

Projeto

Colégio Estadual Pe. Carlos Zelesny – Ensino Fundamental e Médio

Rua Michel Laidane, s/n. Bairro Sabará

Município da Escola Ponta Grossa

Núcleo Regional de

Educação

Ponta Grossa

Professor Orientador Prof.ª Dra. Silvana Maura Batista de Carvalho

Instituição de Ensino

Superior

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Relação

Interdisciplinar

Disciplinas das Ciências Humanas

Resumo A partir de reflexões sobre a sociedade contemporânea e os desafios educacionais atuais reconhece-se a necessidade de repensar a atuação do professor em relação às metodologias de ensino utilizadas em sala de aula, entre outros aspectos. Sendo assim, o presente caderno pedagógico tem por objetivo instrumentalizar os professores com novas possibilidades metodológicas, que atendam de maneira mais adequada essa nova geração de adolescentes que possui acesso irrestrito à internet e às mídias eletrônicas e está inserida numa sociedade imediatista, voltada ao consumo e ao individualismo. O trabalho teve início com a análise de questionários aplicados aos alunos dos primeiros anos do Ensino Médio de um colégio da rede pública estadual, na cidade de Ponta Grossa -PR, buscando repensar as metodologias a partir das indicações feitas pelos alunos. O objetivo desse questionário foi compreender

4

como o aluno aprende, suas preferências e interesses em relação às aulas, atividades escolares e tarefas. A partir dos dados levantados foram planejadas as unidades deste caderno pedagógico que propõe a realização de oficinas pedagógicas junto aos professores das disciplinas da área de Ciências Humanas da referida instituição escolar, por meio de estudo e debate, de uma unidade a ser desenvolvida interdisciplinarmente, utilizando-se de uma metodologia alternativa de ensino, respeitando e atendendo as particularidades de cada disciplina. Assim, se espera obter maior interesse dos alunos e, consequentemente, um trabalho mais eficaz em sala de aula, resultando em melhor qualidade no ensino e aprendizagem.

Palavras-chave Formação Docente - Público Escolar - Metodologia

de Ensino

Formato do Material

Didático

Caderno Pedagógico

Público Alvo Professores do Ensino Médio

5

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.....................................................................................pg 06 2. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS........................................................pg 08

3. 1º ENCONTRO 3.1 HIPERMODERNIDADE E EDUCAÇÃO – UMA ANÁLISE DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.............................................................................................pg 10 3.2 CULTURA E EDUCAÇÃO NUMA SOCIEDADE MIDIÁTICA – DESAFIOS EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS .............................................................pg 13 4. 2º ENCONTRO 4.1 O ADOLESCENTE E O COLÉGIO:CARACTERÍSTICAS E EXPECTATIVAS...................................................................................................pg 18 4.2 PLANEJAMENTO EM GRUPO DE UMA AULA UTILIZANDO UMA METODOLOGIA ALTERNATIVA.................................................................pg 28 5. 3º ENCONTRO 5.1 METODOLOGIA DE ENSINO – REVISITANDO CONCEITOS......................pg 31 5.2 ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS PARA UMA NOVA GERAÇÃO ..........pg 37 6. 4º ENCONTRO 6.1 DISCUSSÃO E ORGANIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO EM SALA DE AULA..pg 44 6.2 PLANEJAMENTO DE UMA UNIDADE UTILIZANDO METODOLOGIA INOVADORA.........................................................................................................pg 50 7. 5º ENCONTRO 7.1 AVALIAÇÃO PRELIMINAR – ANÁLISE DE RESULTADOS PARCIAIS ........pg 52 8. 6º ENCONTRO 8.1 AVALIAÇÃO FINAL.........................................................................................pg 53 9. REFERÊNCIAS..........................................................................................pg 55 10. ANEXO...................................................................................................... pg 58

LISTA DE GRÁFICOS

1. GRÁFICO 1 – INSTITUIÇÃO ESCOLAR..................................................pg 18 2. GRÁFICO 2 – AULAS...............................................................................pg 19 3. GRÁFICO 3 – PROFESSORES................................................................pg 20 4. GRÁFICO 4 – ALUNOS (visão sobre si mesmo) ...................................pg 21 5. GRÁFICO 5 – ALUNOS (visão sobre os colegas) .................................pg 22 6. GRÁFICO 6 – APRENDIZAGEM...............................................................pg 23 7. GRÁFICO 7 – TRABALHOS EM GRUPO.................................................pg 24

6

1. APRESENTAÇÃO

As principais características da sociedade atual remetem ao individualismo, ao

consumismo e há tendência a se render aos modismos, aliado ao imediatismo e a

superficialidade que perpassa as informações e atinge até mesmo as relações sociais.

Os adolescentes inseridos nessa realidade têm ainda à sua disposição o acesso

irrestrito à internet e as demais mídias eletrônicas. Mesmo assim, percebe-se que a

estrutura educacional ainda permanece atrelada aos ideais da modernidade e,

consequentemente, desconectada da realidade de seus educandos.

Considerando, portanto, a necessidade de atualização do sistema educacional

para atender às novas gerações em suas características propõe-se, entre outras

questões, repensar o trabalho do professor em sala de aula, particularmente em

relação às metodologias de ensino. Nesse sentido, produziu-se este caderno

pedagógico, como parte do projeto de intervenção pedagógica, desenvolvido no

Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado de Educação do

Paraná – (PDE- SEED/PR), com o objetivo de gerar uma reflexão sobre a escola na

sociedade contemporânea e instrumentalizar os professores com novas

possibilidades metodológicas mais eficazes às novas gerações.

O trabalho será desenvolvido por meio de oficinas pedagógicas realizadas junto

aos professores do Ensino Médio de um colégio da rede pública estadual de ensino,

na cidade de Ponta Grossa - PR, no início do ano letivo de 2014. Serão quatro oficinas

com quatro horas de duração cada uma, nas quais, inicialmente serão apresentados

os resultados da análise de uma sondagem prévia realizada com os alunos dos

primeiros anos do Ensino Médio, com objetivo de detectar características e

expectativas do público escolar.

Na sequência, serão feitos debates com os professores sobre temas

relacionados à sociedade e às metodologias alternativas de ensino que poderão ser

utilizadas em uma ação interdisciplinar conjunta, planejada a partir da realização das

oficinas. Cada uma dessas constitui-se uma unidade do presente caderno pedagógico

dividido nos seguintes subtemas: 1º Encontro: Hipermodernidade e educação – uma

análise da sociedade contemporânea; Cultura e educação numa sociedade midiática

– desafios educacionais contemporâneos; 2º Encontro: O adolescente e o colégio –

características e expectativas; Planejamento em grupo de uma aula utilizando uma

metodologia alternativa; 3º Encontro: Metodologia de Ensino – revisitando conceitos;

7

Alternativas metodológicas para uma nova geração; 4º Encontro: Discussão e

Organização da Intervenção em Sala de Aula; Planejamento de uma unidade

utilizando metodologia inovadora.

Além das 32 horas-preparo, haverá 32 horas para o desenvolvimento do

projeto, sendo 16 horas de preparação e planejamento, 12 horas para a execução do

trabalho em sala de aula com os alunos e, durante esse processo haverá mais um

encontro de duas horas para avaliação preliminar e, ao término do trabalho, um novo

encontro de duas horas para a avaliação final, no qual se discutirá os resultados da

intervenção.

8

2. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Este caderno pedagógico contém uma sequência de quatro encontros de

estudos, reflexões e planejamento de uma intervenção pedagógica interdisciplinar a

ser desenvolvida em sala de aula, com alunos do 1º ano do Ensino Médio e, mais dois

encontros de duas horas, destinados a avaliação das ações desenvolvidas.

No primeiro encontro prevê-se a discussão sobre questões comportamentais

da sociedade contemporânea, por meio de exposição oral, fundamentada em autores

contemporâneos e, com auxílio de projeção em power point. Além de apresentação

de um vídeo relacionado ao tema que deverá ser debatido em pequenos grupos, com

base em algumas questões norteadoras. Em seguida, as reflexões dos pequenos

grupos serão socializadas com o grande grupo, em sessão plenária.

Em momento posterior, haverá o direcionamento dos estudos para a questão

da educação na sociedade atual, partindo de uma introdução ao tema através de um

vídeo com questões sobre as mídias e educação. Após o vídeo, os professores farão

uma rápida discussão sobre o mesmo e, em seguida, farão a leitura de um texto, que

os embasará na síntese de suas reflexões, que se dará a partir da análise de uma

afirmação, distribuída entre pequenos grupos, sobre a utilização das mídias em sala

de aula. Essa afirmação, deverá ser debatida e, em seguida produzido um texto,

justificando o posicionamento do grupo em relação a concordância ou não com a

afirmação.

No segundo encontro haverá a apresentação da análise dos resultados da

pesquisa inicial feita por meio de um questionário aplicado aos alunos dos primeiros

anos do Ensino Médio. Serão apresentados, através da projeção de gráficos com as

respostas dos alunos, seguidos de debates sobre possibilidades metodológicas de

ensino mais adequadas à geração atual.

Nesse momento, os professores serão incentivados a sugerir ou

compartilhar experiências metodológicas que apresentaram bons resultados e, que

seriam viáveis de acordo com as características e expectativas dos alunos. Essas

sugestões serão registradas em cartaz que ficará afixado na sala dos professores. Na

sequência, serão distribuídos temas variados de aulas, e, os professores em grupo,

deverão organizar um plano de aula interdisciplinar utilizando metodologias

9

alternativas de ensino. O resultado da produção será compartilhada com os demais

participantes, através da apresentação oral ao grupo.

No terceiro encontro haverá aprofundamento do estudo sobre métodos e

técnicas de ensino. O debate se dará a partir da distribuição das palavras: técnica,

método, metodologia, processo, procedimento, estratégia, tática, recurso, instrumento

e atividade, para que os professores em duplas escrevam suas definições com base

em dicionários ou conceitos pessoais.

Esses conceitos serão socializados e discutidos, ressaltando-se as

possibilidades de utilização dos mesmos na melhoria da prática de ensino. Em

seguida, os professores realizarão, uma auto- avaliação sobre sua prática atual, que

espontaneamente poderão dividir com os colegas seus sucessos, fracassos e

expectativas em relação a atuação docente.

Ainda nesse encontro será, feita a exposição oral sobre alternativas

metodológicas, com auxílio de projeção em power point e, apresentação de trechos

selecionados de palestra em vídeo do professor José Carlos Libâneo. Finalizando

será distribuído um texto para leitura e, na sequência, cada grupo produzirá uma

síntese do estudo com base em uma das citações de autores apresentadas. Assim na

socialização, a síntese final abordará pontos diversos do texto.

O quarto encontro tratará, inicialmente sobre o tema da interdisciplinaridade

através da leitura comentada de artigo científico sobre o tema. Em seguida haverá o

debate sobre as dificuldades e possibilidades da mesma, através da produção de lista

de prós e contras que culminará em uma síntese escrita justificando a realização da

experiência interdisciplinar no colégio. A partir desse momento, coletivamente, se

decidirá a unidade a ser trabalhada interdisciplinarmente, e o período em que irão

ocorrer as ações.

Na sequência será então, realizado o planejamento dessas ações, definindo

objetivos, estratégias de ação, recursos necessários e instrumentos de avaliação. Em

anexo ao planejamento constará também, as datas da avaliação preliminar e final

dessa experiência.

No encontro de avaliação preliminar será discutido o andamento das ações,

seus sucessos, suas dificuldades e possíveis ou necessárias reconduções. Essas

discussões serão sistematizadas em forma de relatório escrito. Do mesmo modo, ao

término das ações, se produzirá, coletivamente um relatório avaliativo final.

10

3. 1º ENCONTRO 3.1 HIPERMODERNIDADE E EDUCAÇÃO – UMA ANÁLISE DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

3.1.1 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE HIPERMODERNA

A sociedade atual está em constante e rápida evolução. Valores e prioridades

mudam no ritmo da evolução tecnológica que, a todo tempo, inundam o mercado com

versões melhoradas de seus próprios produtos, induzindo, através das mídias, ao

consumo desenfreado. Nesse mundo, o descarte tornou-se uma necessidade e até

mesmo uma regra. Descartam-se aparelhos eletrônicos por outros melhores, roupas

e acessórios devido às novas tendências da moda, suprimem-se a vivência de

momentos em família, pelo trabalho, amigos ou, simplesmente para fazer aquilo que

mais agrada a cada um, individualmente.

Esta é outra característica destes tempos acelerados de consumo e,

consequente descarte, o império do individualismo. Vive-se buscando a felicidade, em

especial, aquela que traz prazer imediato. Num ritmo cada vez mais acelerado, não

se pode esperar grandes eventos como a formatura, o casamento, os filhos, a viagem,

a compra de bens perduráveis, a ascensão ou o sucesso na carreira profissional o

que, até a poucas décadas se propagava como conquista da felicidade.

Hoje, precisa de resultados imediatos, e se esses não vêm, descarta-se e

busca-se novos interesses. Sobre o que comenta Libâneo:

A padronização de hábitos de consumo e de gostos vai levando a uma vida moral também descartável. O individualismo e o egoísmo estão se acentuando. Valem mais os interesses pragmáticos e imediatos dos indivíduos do que os princípios, valores, atitudes voltados para a vida coletiva, para a solidariedade, para o respeito à vida [...]. (1998, p.16).

Assim, nesse mundo já caracterizado pelo crescente individualismo e egoísmo,

no qual a valorização do outro cede espaço aos interesses particulares e imediatos,

encontra-se, ainda, uma nova realidade, permeada pela mídia, em que a internet

ganha um destaque especial pela sua contribuição na formação desse novo

indivíduo que, em apenas um clique, pode navegar pelas mais diversas páginas e

diferentes assuntos, com total liberdade, escolhendo, sem os limites do espaço e do

tempo, como nas mídias tradicionais e, sem as amarras do compromisso com a

atividade.

11

Dessa forma, não se “perde tempo” com aquilo que não é “interessante”. Um

exemplo disso são as comunidades de afinidades ou grupos de interesses que “[...]

existem apenas pela escolha livre e subjetiva, reversível e emocional de indivíduos

descomprometidos, que entram e saem à vontade dessas plataformas digitais [...].”

(LIPOVETSKY; SERROY, 2011, p 79).

O descomprometimento, a efemeridade, o culto ao individualismo e ao

consumismo, entre outros, demonstram uma tendência desses novos tempos: o

pessimismo quanto ao futuro, a preocupação constante com o que está por vir. Essa

preocupação leva a aproveitar o agora, o “carpe diem”, acreditando que o amanhã

poderá não ser tão promissor, contrariando veementemente, a visão moderna que

trazia em si um grande otimismo quanto ao futuro.

Essa visão pessimista hoje é observada no descrédito de grande parte da

população quanto à capacidade das instituições responderem às novas demandas

sociais. A população está mais informada, mais realista e crítica, entretanto, também

está mais desestruturada, instável e superficial (LIPOVESTKY,2009). Esses novos

conceitos trazidos pela hipermodernidade e tão presentes na realidade cotidiana,

demandam de análise e reflexão.

Aceleração do tempo, consumo desenfreado, descarte, individualismo,

efemeridade, pessimismo, entre outros, marcam uma sociedade que, envolta pelas

mídias, pelo excesso de informação e de estímulos, pela exigência de ser sempre

mais e melhor em todos os aspectos da vida, encontra-se despreparada para assumir

criticamente o controle das próprias emoções, sucumbindo muitas vezes às doenças

psicossociais tão presentes na realidade atual.

Por isso, estudar a sociedade contemporânea se faz necessário para que,

compreendendo essa nova realidade, se possa buscar alternativas que permitam viver

uma vida mais rica, plena de significado e experiências, em especial, para as novas

gerações, que se encontram em processo de formação, nas instituições escolares, as

quais, em muito podem contribuir para o direcionamento dos adolescentes e jovens.

3.1.2 ATIVIDADES PROPOSTAS

3.1.2.1 Assistir o video:

12

GIANNINI, Evie de França. Tempo e aceleração social – 2012

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=yTARiMPJYrg

3.1.2.2 Debate:

Em grupos de 3 a 5 professores discutir o conteúdo apresentado no vídeo com base

nas seguintes questões:

O que é o tempo?

Como se dá a aceleração tecnológica?

É possível perceber a aceleração das mudanças sociais? Exemplifique

Como a aceleração do ritmo de vida afeta o meu cotidiano?

O conteúdo apresentado no vídeo corresponde ao nosso conhecimento de

mundo sobre ambientes de trabalho?

Em seguida, relatar os principais apontamentos para debate no grande grupo.

3.1.2.3 Sugestão de leitura:

LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004.

13

3.2 CULTURA E EDUCAÇÃO NUMA SOCIEDADE MIDIÁTICA – DESAFIOS

EDUCACIONAIS CONTEMPORÂNEOS

A expressão muito utilizada é a de que “o mundo mudou”, o que parece clichê,

pois a evolução é constante. Mas é o que se pensa, se reflete sobre a realidade,

especialmente sobre os últimos dez anos, a primeira década do século XXI. Esse

momento histórico traduz-se na ação cotidiana, quando já ao acordar, liga-se a TV no

noticiário ou o rádio, talvez se acessa a internet enquanto se faz o café.

Recebe-se informações sobre os conflitos em um país estrangeiro, a previsão

do tempo, decisões políticas polêmicas no país, os assassinatos e acidentes, os

protestos em algum lugar distante, a cotação do dólar, as alterações de preços na

cesta básica, o desenvolvimento das bolsas de valores pelo mundo, tudo isso

permeado pelo “hit” do momento. Alguma chamada leva ao Youtube, é mais um a

acessar um vídeo com milhares ou milhões de “views” nos últimos dias ou horas.

Ao mesmo tempo, faz-se uma postagem desejando um bom dia nas redes

sociais e “espia-se” um pouco do que os amigos, seguidores ou seguidos

compartilharam nas últimas horas. Lê-se um artigo sobre algum assunto de interesse,

enquanto propagandas bombardeiam em dezenas de pop ups, de irritantes a

sedutores. Se surgir algum questionamento, há o Google para resolver, se não souber

o caminho, o maps indica.

Durante o café pode-se visitar um museu na França, passeia-se pelos seus

corredores observando obras de arte. Pelo celular chega uma nova mensagem. Antes

de sair para trabalhar já se sabe também sobre um novo escândalo político, e qual

celebridade está passando as férias em algum paraíso tropical, entre as inúmeras

informações que bombardeiam a mente humana todos os dias, pelo mundo afora.

No ambiente escolar, também encontram-se os alunos animados digitando

mensagens em seus celulares. Vários deles exibem em suas vestimentas, por mais

que seja o uniforme escolar, acessórios da moda, maquiagens aprendidas em tutorias

na internet, o penteado do famoso jogador de futebol ou da celebridade internacional

do momento. Outros pequenos detalhes distinguem os alunos pelo seu gosto musical,

seus ídolos, a questão econômica não passa despercebida, assim como o desânimo

na hora de iniciar a aula.

Nesse momento os aparelhos devem ser desligados, os lugares devem ser

respeitados, o silêncio deve ser observado, abrem-se os livros, o professor se posta

14

à frente da turma e, parece que somente agora, é hora de aprender. Ou seja, jovens

que cresceram em plena Era Digital são obrigados a usar lápis e caderno, ouvir

durante horas professores falando de conteúdos científicos, os quais não conseguem

fazer ligação com o seu dia a dia, dar significado, compreender. Após horas de

explicações orais, cópias e exercícios, retornam para casa e com seus notebooks,

tablet’s e celulares retomam o “seu mundo”.

A escola parece não conseguir superar o modelo de criação. Essa organização

escolar nasceu com a modernidade e objetivo de preparar o jovem para um novo

mundo de “desenvolvimento e progresso”. Com o advento da Revolução Industrial

(1760) houve a necessidade de preparar trabalhadores para as fábricas, ao mesmo

tempo, era necessário uma instituição que contribuísse na disseminação do

conhecimento “verdadeiro”, do saber científico.

Na sociedade atual observa-se que a disseminação do conhecimento não é

mais exclusividade da escola, se faz, também na escola, mas se dá em outros

espaços sociais como - na família, na igreja, na associação de moradores, nos grupos

de amigos, na rua, através do rádio, da TV, dos jornais, das revistas, das

propagandas, campanhas educativas, e, principalmente, através da internet.

Isso ocorre porque, atualmente, não há mais a crença na infalibilidade da

ciência, que tem seus propósitos, muitas vezes, questionados, e, nem mesmo, na

visão redentora da educação, como preconizada pela modernidade como afirma Boff

que, hoje [...] aprender não pode se reduzir a uma apropriação dos saberes

acumulados da humanidade. Aprende-se não só com o cérebro e nem só na escola.

Aprende-se a vida inteira e por todas as formas de viver [...]. (IN:ASSMAN, 1998, p.11-

12).

Essa nova visão sobre a educação, que inclui análise de aspectos emocionais

e sociais da aprendizagem não condiz com a escola tradicional e sua organização, a

qual prevê que o estudante permaneça horas sentado ouvindo um professor, ou,

resolvendo exercícios, mecanicamente.

Na realidade atual, mais do que nunca, é preciso compreender o mundo que

se vive, entender o adolescente, suas necessidades e, principalmente, vislumbrar os

desafios da Educação, nessa sociedade e para esses adolescentes e jovens que

compõe o público escolar a ser atendido. Por isso, tornou-se fundamental repensar a

escola, sua organização, seus objetivos, vinculados às mudanças necessárias na

formação e prática docente.

15

A análise realizada, apresenta a crise da educação formal e da organização

escolar enquanto instituição da modernidade, portanto, desconectada da realidade

atual. Por outro lado, reconhece-se que essa instituição, continua sendo uma das

possibilidades de acesso à educação às novas gerações, mas para tanto, precisa

passar por mudanças, tornar-se crítica suficiente para contribuir com o futuro da

sociedade que se descortina.

Sociedade na qual a multiplicidade das fontes de informação têm criado na

população algumas características que precisam ser mais profundamente analisadas,

pois segundo Lipovetsky, nessa realidade,

Os espíritos em seu conjunto, com efeito, estão mais informados, porém mais desestruturados, mais adultos, porém mais instáveis, menos “ideologizados” porém mais tributários das modas, mais abertos porém mais influenciáveis, menos extremistas, porém mais dispersos, mais realistas, porém mais indistintos, mais críticos porém mais superficiais, mais céticos porém menos meditativos. A independência maior nas ideias vai de par com a frivolidade; a tolerância é acompanhada de mais indiferença e relaxamento na coisa pensante [...]. (2009, p. 19).

Essa vulnerabilidade apresentada pelo autor pode ser observada no

comportamento, em especial dos adolescentes, nas redes sociais. Postagens e

comentários no Facebook ilustram essa constatação. Escreve-se sobre política,

religião, problemas sociais, entre outros, retratando em grande parte, preconceito,

superficialidade e incoerências.

Compartilham-se palavras de ordem, autoajuda e textos depreciativos sobre o

outro como se fossem verdades. Essa situação é compreensível se pensarmos na

multiplicidade de informações que são despejadas diariamente sobre esses jovens.

Essas informações, acessadas diariamente, apresentam conceitos, crenças,

ideologias e diferentes formas de viver. Num mundo em que todos têm voz e podem

se expressar, é compreensível que aqueles menos esclarecidos sintam-se confusos.

A atenção, portanto, deve estar voltada, principalmente, na crítica às mídias de massa

e no seu poder de influenciar e convencer os mais desavisados.

Lembrando que os adolescentes mergulhados num mundo de incertezas,

característico da faixa etária, ainda estão cercados por milhares de estímulos através

das mídias, dos meios eletrônicos, da internet, chegam em uma escola que não

atende a seus interesses e necessidades. Muitas vezes, com um currículo

compartimentalizado, práticas tradicionais e metodologias ultrapassadas, além das

16

dificuldades impostas por um espaço e uma organização escolar ineficiente,

desestimulam professores e, desmotivam os alunos levando-os a desvalorizar a

educação.

Assim, num mundo cercados de imagens, sons, cores, informações,

comunicação e interatividade, na escola ainda espera-se do aluno submissão às

regras, não dando prioridade à criatividade, liberdade de pensamento e

desenvolvimento de habilidades que permitam ao aluno apropriar-se de novos

conceitos, obter novas experiências, descobrir novas formas de aprender, enfim, em

detrimento de estímulos que capacitem o aluno a construir seu próprio conhecimento.

3.2.1 ATIVIDADES PROPOSTAS

3.2.1.1 Assistir o vídeo:

TV UFMG. Mídia e educação: espaços de tensão.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HufidoVAyew

3.2.1.2 Ler o texto

ALMEIDA, Milton José. A educação visual na televisão vista como educação

cultural, política e estética, Campinas, SP, v.1, n.4, out. 2000. Disponível em:

http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/view/1858/1699.

3.2.1.3 Orientações

A escola na atualidade não está alheia às tecnologias e não ignora as mídias.

Ao contrário, percebe-se a crescente utilização de meios eletrônicos como aparelhos

de TV com entrada USB, notebooks, tablets, celulares, projetores, entre outros,

associados às mídias impressas tradicionais. No entanto, percebe-se que essas

mídias são utilizadas apenas do ponto de vista do consumo, ou seja, para reproduzir

vídeos, músicas, slides, imagens e conteúdos curriculares, apenas com um formato

mais moderno. Essa utilização, reproduz o que acontece nas residências, a utilização

das mídias, muitas vezes, de forma acrítica, apenas para entretenimento.

Com base no vídeo, na leitura do texto e diante dessa afirmação, em grupos de

3 a 5 professores, debater as dificuldades e possibilidades de produção de mídias em

sala de aula. Em seguida, escrever um pequeno texto com as conclusões do grupo.

17

3.2.1.4 Sugestão de leitura:

ALMEIDA, Milton José de. Imagens e sons: a nova cultura oral. São Paulo: Cortez,

1994.

18

4. 2º ENCONTRO 4.1 O ADOLESCENTE E O COLÉGIO - CARACTERÍSTICAS E EXPECTATIVAS

No mês de agosto de dois mil e treze, realizou-se com 62 alunos do primeiro

ano do ensino médio, de um colégio estadual da cidade de Ponta Grossa-PR, uma

pesquisa com a intenção de verificar a visão desses a respeito da escola, do ensino,

dos colegas e professores. Foram questionados também sobre sua aprendizagem,

hábitos e preferências em relação aos estudos, e, expectativas em relação à

educação.

A última questão era aberta, solicitando ao aluno que descrevesse, do seu

ponto de vista, a escola ideal (Cf. anexo 1). Foram realizados um total de sessenta e

dois questionários em duas turmas. Informados dos objetivos da pesquisa,

esclarecidas as dúvidas em relação ao preenchimento do questionário, permitiu-se

que o aluno tivesse a liberdade de identificar-se, ou não. A realização da pesquisa

durou em média cinquenta minutos. Os dados foram, então, tabulados, colocados em

gráficos e, a análise dos resultados apresentados, a seguir, de acordo com as

questões lançadas e as respostas dadas pelos alunos, com a finalidade de subsidiar

o planejamento da ação interdisciplinar dos professores participantes do projeto em

questão.

4.1.1 INSTITUIÇÃO ESCOLAR

0

10

20

30

40

50

60

Instituição Escolar:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

19

1. GRÁFICO I – INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Quanto à instituição escolar, das 62 respostas, observa-se que 52 alunos

concordaram plenamente com a afirmação “lugar de estudar o que é importante para

minha vida, para meus planos futuros”, do mesmo modo, sobressaíram-se respostas

como “espaço para aprender conhecimentos formais” e “possibilidade de ascensão

social”. Por outro lado, as afirmações que obtiveram maior discordância foram “local

de exibir minha figura (cabelo, maquiagem, roupa, moda, marcas)”, “local de zoação,

festa, contestação” e “lugar de socializar conhecimentos informais (novelas, notícias,

fofocas)”.

Observando o gráfico, entende-se que os alunos percebem a escola como um

espaço importante na sua preparação para o mundo do trabalho e na expectativa da

ascensão social. Demonstram crer, que a disciplina é um meio importante para atingir

esses objetivos e, valorizam também, a socialização e a segurança que encontram

nessa instituição.

4.1.2 AULAS

2. GRÁFICO 2 – AULAS

Através do gráfico observa-se a preferência dos alunos por “aulas em espaços

diferenciados (biblioteca, laboratório, pátio...)”, com um total de 56 concordâncias

plenas, das 62 possíveis. Destacam-se também, o interesse pela manutenção dos

0

10

20

30

40

50

60

Quanto às aulas:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

20

horários hoje praticados nas escolas e, a possibilidade do uso de aparelhos

eletrônicos em sala de aula, como notebook e celular. As discordâncias mais

evidentes estão relacionadas a possibilidade de aulas de uma mesma disciplina em

todo período, bem como, a contrariedade quanto a possibilidade de aulas em tempo

integral.

Portanto, analisando o gráfico, observa-se as características pessoais e

preferências de cada aluno, e as opiniões variadas sobre as afirmações apresentadas,

chegando muitas vezes a respostas totalmente opostas. Mas, também pode-se

concluir que, os alunos não demonstram desejo, ou não imaginam uma escola muito

diferente dos padrões atuais, apenas demonstram interesse no melhor

aproveitamento dos espaços da escola nas aulas normais, e, na possibilidade de ver

inserido o uso dos meios eletrônicos em na sala de aula.

4.1.3 PROFESSORES

3. GRÁFICO 3 – QUANTO AOS PROFESSORES

A pesquisa destaca que, para os alunos, o bom professor deve trazer material

diversificado, “conheça muito da sua disciplina”, “traga atividades diferentes”, entre

outros. Como ponto de discordância, apenas ressaltam a afirmação “mantenha a

mesma rotina”.

05

101520253035404550

Quanto aos professores:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

21

De posse dos dados informados no gráfico, pode-se notar ainda, a grande

responsabilidade que os alunos atribuem ao papel do professor, que é visto como um

detentor de conhecimentos que, além de dominar sua disciplina, deveria também

saber um pouco de tudo, estar atento às novidades tecnológicas para inseri-las na

sala de aula, ter bom humor e estar atento as necessidades dos alunos, não só no

aspecto pedagógico, mas também emocional.

4.1.4 ALUNOS

4.1.4.1 VISÃO SOBRE SI MESMO

4. GRÁFICO 4 - ALUNO – VISÃO SOBRE SI MESMO

No gráfico acima nota-se que as respostas diluem-se consideravelmente,

porém a grande maioria dos alunos rejeita plenamente a ideia de evitar amizades.

0

10

20

30

40

50

60

Relaciona-se bem comtodos os colegas

Relaciona-se apenas comalguns colegas da sala

Evita amizades

Quanto aos alunos. Em particular, você:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

22

4.1.4.2 ALUNOS: VISÃO SOBRE OS COLEGAS

5. GRÁFICO 5 – ALUNOS – VISÃO SOBRE OS COLEGAS

Como já verificado em análise anterior, as respostas diluem-se de acordo com

a visão particular de cada aluno, nesse caso sobre seus colegas. Percebe-se,

entretanto que, diferentemente da visão clara e objetiva que os alunos tem dos

professores, o mesmo não ocorre quando trata-se dos colegas. O alto número de

respostas “não concordo e nem discordo”, e, a distribuição de respostas entre todas

as alternativas apresentadas, comprovam a dificuldade do jovem em compreender o

outro e, de certo modo, a si mesmo. Os conceitos de violência, respeito e bom

relacionamento, variam de acordo com as afinidades particulares. Outro fato

observado, diz respeito a falta de compreensão sobre a questão da adesão aos

modismos, representada no alto índice de respostas não concordo, nem discordo, e,

na falta de visão crítica quanto a publicidade, elementos tão presentes nas atitudes e

comportamentos dos jovens. Esse fato leva a crer que a formação recebida pelos

alunos nas escolas atuais, está deficitária quando se trata de preparar os jovens para

uma participação consciente e crítica na sociedade.

0

5

10

15

20

25

30

35

Quanto aos alunos. Em geral, os colegas:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

23

4.1. 5 APRENDIZAGEM

6. GRÁFICO 6 - APRENDIZAGEM

Destaca-se nesse gráfico a importância atribuída pelo aluno, ao papel do

professor observada no item “explicação do professor”, assim como, as afirmações

“resolvendo, fazendo questões com ajuda”, “em aula”, “pesquisando em livros” e

“fazendo trabalhos em grupo”.

Partindo desses dados, percebe-se que os alunos sentem-se mais seguros

tendo a orientação do professor e o auxílio dos colegas, gostam portanto, de trabalhos

em grupo e creem aprender melhor em sala de aula. Outro fato marcante sobre as

atividades de pesquisa, é que elas ocorrem preferencialmente em livros, e não na

internet que recebeu um número menor de concordâncias, levando à hipótese de que

a internet ainda é vista por muitos alunos, apenas como entretenimento e não com

fins pedagógicos.

05

10152025303540

Quanto à aprendizagem, você aprende mais:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

24

4.1.6 TRABALHOS EM GRUPO

7. GRÁFICO 7 – TRABALHO EM GRUPO

Pode-se perceber que existe, em geral, uma grande aceitação do trabalho em

grupo. Esse tipo de atividade desempenhada coletivamente, diminui o stress da

responsabilidade total do aluno, além de proporcionar a possibilidade de realizar

tarefas mais condizentes com suas habilidades e, em ambiente mais descontraído,

por estar na companhia de seus colegas.

4.1.7 ESCOLA IDEAL

A última questão lançada aos alunos foi descritiva. Finalizando o questionário,

solicitou-se que descrevessem como seria a escola ideal sob o seu ponto de vista, e,

os aspectos mais destacados são apresentados a seguir.

Em relação à escola em si, a partir da experiência vivenciada na escola em que

frequentam muitos alunos que criticam o espaço físico e dão sugestões de melhorias.

Os estudantes demonstram desejar uma escola bonita e acolhedora, que ofereça

passeios e atividades diferenciadas, que permita o uso de aparelhos eletrônicos,

querem também um bom lanche, recreio com maior duração.

Os adolescentes e jovens pedem que os problemas dos alunos sejam

solucionados, em especial, os casos de alunos “bagunceiros” e desinteressados.

Enfim, querem uma escola mais tranquila. Ainda, pedem para que não faltem

0

5

10

15

20

25

30

35

Liderando ogrupo

Fazendoapenas uma

parte dotrabalho

Apenasdigitando,

escrevendo

Fazendoapresentações

Não precisome

responsabilizarsozinho

Encontrarcolegas em

outroshorários eespaços

Quanto aos trabalhos em grupo:

Concordo plenamente Concordo parcialmente Não concordo, nem discordo

Discordo parcialmente Discordo plenamente Abstenção

25

professores, que as turmas contem com menos alunos e, que não separem os amigos

de sala.

Apontam também, a questão da segurança, pedindo que haja mais segurança

na escola; que não haja preconceitos e, sim mais respeito entre todos, e que os

direitos sejam iguais para professores e alunos. Uma questão importante indicada

pelos alunos é o pedido de que a escola disponibilize mais livros na biblioteca escolar.

Em suma, indicam que deve haver uma melhor estrutura física, mais organização,

mais qualidade, menos regras e mais diálogo.

Em relação às aulas, os alunos têm expectativas quanto às práticas

diferenciadas, com a utilização de materiais diversificados e com maior

aproveitamento dos laboratórios (de Ciências e Informática). Pedem, que os

professores utilizem ainda mais, as dinâmicas de trabalhos em grupo. Muitos alunos

sugerem que as aulas sejam em espaços alternativos, como quadra, pátio,

laboratórios, biblioteca, que tenham saídas de campo, e, que se possa usar aparelhos

eletrônicos no interior da escola como celulares, tablet e notebook.

Na visão dos alunos, os professores devem ser amigos, sorridentes, calmos,

dedicados, humildes e tenham respeito com os alunos. Acham que os docentes

devem dialogar mais, saber ouvir o aluno e, ensinar até o aluno aprender, portanto,

docentes que busquem alternativas metodológicas para concretizar o processo de

ensino e aprendizagem. Para tanto, desejam professores comprometidos, que tenham

disposição, interesse e tragam materiais diferenciados para a sala de aula. Ainda,

sugerem que os professores também, usem uniforme escolar e não faltem às aulas.

Além dos professores, as críticas ainda, estendem-se aos colegas. Os

alunos esperam que haja mais respeito entre os colegas e com os professores. Que,

como alunos, sejam mais disciplinados, dedicados e prestem atenção nas aulas.

Muitos afirmam que se os alunos contribuíssem as aulas seriam melhores. Também

lembram que todos deveriam respeitar os horários, usar uniforme e evitar as faltas.

Embora alguns alunos solicitem que, na divisão das turmas não sejam

separados de seus amigos, outros sugerem a separação de alunos bagunceiros,

desinteressados e reprovados, para evitar problemas com aqueles que querem

aprender, embora não esclareçam se devem ou não permanecer na mesma sala.

Lembram ainda que, não deveria haver brigas ou bulliyng, mas sim, mais união entre

os alunos, interesse em aprender e que todos valorizassem os estudos.

26

4.1.8 CONSIDERAÇÕES

Analisando os resultados da pesquisa inicial, percebe-se que não há entre os

alunos uma rejeição pela escola, ao contrário, essa ainda é muito valorizada e

entendida como importante e necessária na concretização de seus planos futuros.

Mesmo, quando questionados sobre aulas, tempos e espaços, não se nota sugestões

para mudanças radicais na estrutura física e organizacional escolar, pois, para a

maioria dos alunos, a escola se tornaria melhor com professores mais dinâmicos e

atuantes, utilizando-se de metodologias e recursos diferenciados.

A ampliação de espaços utilizados com sala de aula, a exemplo, os

laboratórios, bibliotecas, pátios, quadras esportivas, entre outros, para os alunos já

representaria uma grande mudança. Da mesma forma sugerem a introdução e uso de

meios eletrônicos nas aulas, pois sabe-se que, a utilização desses meios como

ferramentas de aprendizagem, poderia levar o aluno a compreender e usar a internet,

não apenas como entretenimento, mas, principalmente como instrumento de

pesquisa, compartilhamento e divulgação de conhecimentos.

Outro ponto importante, revelado pelos alunos é o fato de que não demonstram

rejeitar autoridades escolares, pelo contrário, eles creem ser necessária para que haja

mais ordem e a escola possa cumprir sua função. Mas para isso, deixam claro que o

diálogo é fundamental, o que percebe-se nas afirmações relacionadas ao ser

respeitado, ouvido e compreendido em suas dificuldades.

Enfim, conclui-se, a partir da visão apresentada pelos alunos sobre a escola e

sua importância para a vida que, essa instituição é reconhecida como de importância,

que os alunos desejam uma educação de qualidade, uma escola mais dinâmica e

atual e, principalmente ressaltam a questão das relações interpessoais entre os

colegas e com os professores.

Assim, entre outros aspectos, os dados analisados apontam para a importância

do papel do professor e sua contribuição na formação das novas gerações, em sua

postura e atuação em sala de aula. É, portanto, necessário que os professores

estejam em constante processo de formação e, assim, possam estar preparados para

atender as demandas de seu público escolar.

Se faz necessário que o professor instrumentalize-se com metodologias

adequadas de acordo com as características, necessidades e expectativas dos seus

alunos, pesquise e produza materiais didáticos diferenciados, dedique-se ao estudo e

aprofunde seus conhecimentos a respeito da disciplina que leciona. Além disso, é

27

fundamental que o professor mantenha um relacionamento com seus alunos baseado

no diálogo, respeito e confiança, como comenta Assmann, ao tratar sobre educação

no século XXI, afirmando que:

O reencantamento da educação requer a união entre a sensibilidade social e a eficiência pedagógica. Portanto, o compromisso ético-político do/a educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração para um clima esperançador no próprio contexto escolar. (1998, p.34).

Sendo assim, em um mundo cada vez mais individualista, consumista, com os

relacionamentos cada vez mais descartáveis, excesso de informações e, consequente

desorientação, cabe a escola, e ao professor em particular, a responsabilidade de,

com competência técnica e humana, levar o educando a refletir criticamente sobre a

realidade que o cerca, compreender a si mesmo e, assim, encontrar seu lugar no

mundo. Isso ocorrerá se houver por parte do professor a atitude de confiança no aluno,

levando-o a acreditar mais em si mesmo e no futuro. Desse modo, a educação terá

sentido para o aluno, o professor terá seu papel reconhecido e, a escola cumprirá a

sua real função social.

4.1.9 ATIVIDADES PROPOSTAS

4.1.9.1 Produção de cartaz:

Coletivamente produzir um cartaz registrando sugestões e experiências

metodológicas que apresentaram bons resultados. O cartaz deverá ser afixado na sala

dos professores.

4.1.9.2 Sugestão de leitura:

ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação: rumo à sociedade aprendente. 2 ed.

Petrópolis: Vozes,1998.

28

4.2 PLANEJAMENTO EM GRUPO DE UMA AULA UTILIZANDO UMA METODOLOGIA ALTERNATIVA

4.2.1 Introdução

O planejamento é, em muitos casos, considerado uma atividade mecânica e

obrigatória. Produz-se no início do período escolar como cumprimento de normas

estabelecidas pelas escolas. Essa indisposição com o ato de planejar por parte dos

professores, reflete a falta de um estudo mais rigoroso sobre o tema e, da

compreensão da importância do mesmo na condução das ações pedagógicas.

Planejar, mais que uma obrigação, é momento privilegiado em que o professor

tem a possibilidade de refletir sobre seus objetivos, visualizar suas ações e antecipar

situações futuras, evitando improvisações que comprometem o andamento das aulas

e o alcance dos objetivos educacionais. Sobre isso, Fusari, referindo-se ao

planejamento, afirma que o mesmo

“[...] deve ser concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente, como um processo de reflexão. [...] Refletir é o ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado [...]. (1990, p. 45).

É portanto fundamental, que o professor, não apenas no início do período letivo,

mas também ao longo deste, reexamine e reflita sobre a própria ação docente,

repense os caminhos percorridos, analise os resultados de suas intervenções, e

assim, munido de uma postura mais crítica sobre sua prática, possa reconhecer a

importância do planejamento na efetivação de um ensino mais adequado aos anseios

da comunidade escolar.

Em se tratando da introdução e uso de metodologias alternativas de ensino, o

planejamento adquire importância redobrada, visto que, inovar exige uma análise

criteriosa de dificuldades e possibilidades. Conhecer o público escolar, suas

expectativas e necessidades, a estrutura e os recursos disponíveis para a efetivação

das ações, os objetivos que se quer alcançar e como alcança-los, além da definição

de critérios e instrumentos de avaliação, são pontos essenciais a serem analisados

na elaboração desse planejamento, que exigirá ainda um amplo aporte teórico que

subsidie as reflexões.

29

Esses pontos fundamentais podem ser analisados sem as amarras dos

formulários burocráticos, partindo de questões simples que podem ser traduzidas em

perguntas que estimulem o professor a refletir sobre para que ensinar, o que ensinar,

como ensinar, com que ensinar, etc. Essas questões podem levar o professor a buscar

um novo significado para os elementos básicos do planejamento.

Lembrando que, segundo Fusari,

O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano. (1990, p. 46)

Assim, entende-se que um bom planejamento demonstra a capacidade e

clareza do professor em relação aos conteúdos e objetivos educacionais, mas

somente no cotidiano é que o professor mostrará sua competência e reflexão através

de ações conscientes que poderão resultar na transformação da realidade.

Finalizando, é importante ressaltar, que a prática da reflexão através do

planejamento cotidiano das ações, pode levar a discussões mais amplas sobre os

avanços alcançados e as possibilidades que se apresentam na condução dos

caminhos da educação em seu objetivo de conquista da democratização da Escola

Pública. Assim, planejar não é apenas uma atividade burocrática, e sim, uma

possibilidade real de interferir nas reflexões, não apenas locais, mas também, na

discussão sobre os caminhos da educação brasileira.

4.2.2 ATIVIDADES PROPOSTAS:

4.2.2.1 Trabalho em grupo

Os professores deverão formar grupos com 5 componentes de disciplinas diferentes.

Em seguida, será distribuído temas variados de aulas (Fontes de energia; Meio

ambiente; Arte popular; Vitaminas; Ética; Trabalho; Geometria; Mídia; Produção de

texto; Metais; Capitalismo; Bulimia) entre os grupos. Os professores deverão, então,

organizar um plano de aula interdisciplinar, utilizando metodologias alternativas de

ensino, partindo das questões:

Para que ensinar e aprender?

O que ensinar e aprender?

30

Como e com o que ensinar e aprender?

Quando e onde ensinar e aprender?

Como e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?

Ao final da atividade, os grupos poderão utilizar materiais diversos para socializar seus

planos de aula.

4.2.1.2 Sugestão de Leitura

ASSIS, Renata Machado; BARROS, Marcos Oliveira; CARDOSO, Natália Santos.

Planejamento de ensino: algumas sistematizações. Revista Eletrônica de Educação

do Curso de Pedagogia do Campus Jataí da Universidade Federal de Goiás. V. 1, n.4,

jan/jul, 2008. Disponível em:

<http://www.revistas.ufg.br/index.php/ritref/article/viewFile/20404/13657>. Acesso:

05/12/2013.

31

5. 3º ENCONTRO

5.1 METODOLOGIA DE ENSINO – REVISITANDO CONCEITOS

5.1.1 INTRODUÇÃO

A sociedade midiática alterou a cultura e os hábitos de crianças, adolescentes

e adultos. O acesso à informação foi democratizado pelos meios de comunicação de

massa e, principalmente, pela internet, estando acessível a todos que o desejarem.

Por outro lado, o excesso de informação sem reflexão e crítica, acaba transformando

informação em puro entretenimento não contribuindo no processo de formação de um

cidadão mais consciente e crítico.

O mesmo ocorre dentro das escolas quando os professores na ânsia por tornar

suas aulas mais interessantes, acabam utilizando as novas tecnologias de informação

e comunicação, tão populares, especialmente entre os mais jovens, apenas para

reproduzir os mesmos conteúdos escolares. Assim, através de vídeos, músicas ou

mesmo utilizando recursos como projeção em power point em substituição ao quadro

de giz. Desse modo, a aula tradicional, expositiva, agora com uma roupagem mais

moderna, acaba frustrando a expectativa de professores e alunos sobre novos modos

de ensinar e, principalmente, a busca por uma nova forma de aprender.

Nessa perspectiva estão as metodologias de ensino e, em especial, a

atualização na atuação do professor. Pois, não é possível pensar em uma escola mais

atenta às necessidades da sociedade atual, sem repensar o papel do professor

enquanto profissional que reflete sobre a sua prática. Entendendo reflexão não

apenas como uma característica comum de todo ser humano, racional e consciente,

mas partindo para uma visão mais ampla de reflexividade, enquanto:

[...] reflexão dialética. Há uma realidade dada, independente da minha reflexão, mas que pode ser captada pela minha reflexão. Essa realidade ganha sentido com o agir humano. [...] A realidade, assim, é uma construção teórico-prática. Ainda na perspectiva dialética, a chamada teoria crítica acentua o caráter político da teoria em relação à prática, pois o conhecimento teórico tem a função de operar o desvendamento das condições que produzem a alienação, as injustiças, as relações de dominação. Mas esse conhecimento precisa ser crítico, implicando uma auto-reflexão sobre si próprio, seus compromissos e seus limites. [...]. (LIBÂNEO, 2002, p. 57)

32

Portanto, é imprescindível que o professor assuma uma atitude reflexiva ao

pensar sobre sua prática e principalmente, buscando compreender a realidade social,

política e cultural que o cerca, para um agir com vistas a mudar o contexto em que

está inserido. Ao profissional da educação cabe a compreensão de que toda ação é

política e, assim, a sua atuação docente consequentemente é compromisso na busca

pela emancipação social de seus educandos e de sua comunidade.

Por isso, professor reflexivo é aquele que assume uma postura diferente, que

exige refletir sobre a prática, que impõe uma mudança de atitude pessoal e

profissional, mudanças profundas que contribuam com sua percepção e apreensão

da realidade em que vive e o mova a, interferir na realidade educacional, ciente de

dificuldades e limitações, para criar novas possibilidades, buscando novas formas de

ensinar, visando um aprender efetivo, consciente de que tais mudanças podem

contribuir para a formação política e intelectual do aluno, enquanto cidadão social

como compreendido por Bittencourt (1998), em sua relação com conceitos de

igualdades, de justiça, de diferenças, de lutas e conquistas, de compromissos e de

rupturas. Dessa forma, poderá colaborar para a construção de uma sociedade melhor.

Nesse sentido, sabe-se que as mudanças ocorrem a partir das inúmeras

realidades educacionais locais e, que isso implica, além da atitude consciente por

parte do professor, também de planejamento. O professor ciente da realidade que o

cerca e das necessidades de seus educandos, deve buscar o conhecimento teórico

que o embase e auxilie a construir novas formas de ensinar, introduzindo

metodologias que estimulem o desenvolvimento do raciocínio lógico, a compreensão

crítica da realidade, levando o aluno a construir, através de novas experiências

educacionais o seu próprio conhecimento, estimulando-o a mudar seus hábitos e

preconceitos em relação aos estudos. Para isso, o professor deverá ser um mediador

que estimule, segundo Libâneo:

[...] o desenvolvimento das competências do pensar, em função do que coloca problemas, pergunta, dialoga, ouve os alunos, ensina-os a argumentar, abre espaço para expressarem seus pensamentos, sentimentos, desejos, de modo que tragam para a aula sua realidade vivida [...] (1998, p.29)

Refletir sobre as metodologias de ensino implica em revisitar alguns conceitos,

reconhecer o passado, suas experiências, erros e acertos, enganos e conquistas, sem

33

o qual pode tornar-se uma armadilha que poderá levar o professor a repetir velhos

erros em nome de uma inovação que não altere, ou pior, prejudique o

desenvolvimento de seus educandos.

Em primeiro lugar, há que se salientar o cuidado na utilização dos conceitos de

método e técnica para não associá-los ao tecnicismo que reinou no Brasil durante os

anos 70, quando a educação brasileira sofreu grande influência norte-americana e

buscou-se a excelência através de recursos técnicos em detrimento dos

conhecimentos pedagógicos. É importante salientar, que, como afirma Araújo:

[...] todo esse momento de supervalorização da técnica não é específico do campo educacional, mas é parte constitutiva do processo de modernização. O campo educacional apenas compartilhou os desdobramentos de uma visão tecnocrática que lançara suas garras nos mais variados setores da sociedade brasileira. [...]. (In: VEIGA, 1991, p. 16)

Ou seja, esse tecnicismo não se restringiu apenas a educação, mas apropriou-

se desse campo, como o fez também na política, na economia, entre outros, para

introduzir suas teorias. O tecnicismo pedagógico valeu-se, então, das técnicas para

atingir os objetivos educacionais a que se propunha, lembrando que esses objetivos

estavam estreitamente ligados aos interesses políticos e econômicos na organização

da sociedade ocidental. Por isso, o investimento na educação, que:

Durante os anos 70, o cenário pedagógico assistiu à hegemonia da expectativa de que os benefícios da tecnificação nesse campo seriam salutares ao processo de ensino aprendizagem. Os elementos constituintes do que se denomina por tecnicismo não se restringem a utilização mais ou menos maciça de recursos tecnológicos no ensino, mas a expectativa, a crença, a convicção, a esperança, a confiança de que o emprego de recursos técnicos[...] solucionariam ou teriam papel preponderante na solução das questões relacionadas ao ensino e à aprendizagem. [...]. (Ibid,, p. 15)

Essa visão redentora e supervalorizada das técnicas no campo educacional,

entretanto, passa a ser duramente criticada na década seguinte, quando da ascensão

das teorias críticas que apresentavam concepções de sociedade, homem, Estado,

educação, entre outras, incompatíveis com o tecnicismo pedagógico.

A dimensão política, também supervalorizada em momentos posteriores,

suplanta a dimensão técnica e expõe o que se acreditava ser uma posição alienante

de ensino, o que de fato ocorreu. Pois, no tecnicismo havia a crença na neutralidade

e objetividade das técnicas, e que as mesmas poderiam ser utilizadas em qualquer

34

local, momento e situação com a mesma eficiência. Tal visão, trouxe a

descentralização da relação pedagógica entre professor e aluno, distorcendo a função

mediadora que as técnicas deveriam exercer, por uma centralidade e protagonismo

das técnicas, no processo educativo.

No início da década de 1980, há avanço e receptividade de novo

posicionamento acadêmico, que passa a fazer o discurso da centralização do

conteúdo no processo educativo e, consequente subordinação da técnica aos

mesmos. Assim, de supervalorização, os métodos e técnicas passam à

desvalorização, e essa atitude também parcial e tendenciosa dos estudiosos da

educação vai avançar no debate e, somente:

Na segunda metade dos anos 80, depois da avalanche crítica, abandonamos a condição pendular, ora a sobrelevar a técnica, ora a desdenhá-la, para mirar o pêndulo em sua natureza constituinte, cuja preocupação central é responder sobre a significação e o lugar da técnica [...]. . (Ibid., p. 21).

Assim, refletindo sobre a ação docente, percebe-se que excessos foram

cometidos, tanto pela visão tecnicista, quanto na crítica ferrenha dos oposicionistas.

O que se espera é uma profunda reflexão sobre o lugar dos métodos e das técnicas

de ensino nos dias atuais. Sua importância é inquestionável, portanto, olhar a história

poderá colocar o professor em uma postura que o faça utilizar esses meios com

coerência e criticidade, alcançando desse modo, a compreensão de que o mais

importante não são as técnicas, os conteúdos, ou a política, e sim, o conjunto desses

e outros fatores que possibilitarão o alcance do principal objetivo educacional:

proporcionar ao educando uma real aprendizagem que capacite-o a compreender,

interferir e, assim modificar sua própria realidade.

5.1.2 MÉTODOS E TÉCNICAS

Pensar em método, geralmente, leva a associação com a definição mais

popular: “caminho para se chegar a um fim”, e, a técnica, como os meios utilizados

nesse caminho. Desse modo, compreende-se que só é possível alcançar um objetivo

se houver a correta escolha do método e das técnicas mais adequadas para chegar a

esse fim. Ou seja, antes da definição do método e das técnicas é necessário a clareza

dos objetivos, metas e, principalmente dos fins desejados.

35

Mas, quando pensa-se em fins da Educação, o horizonte se mostra nebuloso.

Nem sempre debater sobre educação leva a conclusões finais. Mesmo havendo

posicionamentos mais ou menos definidos por parte dos governos, nas escolas ainda

reina o individualismo e, consequentemente, cada gestor ou professor acaba

imprimindo em sua prática, suas convicções e entendimentos particulares sobre a

educação que se deseja.

As dificuldades nas relações interpessoais e do entendimento dos diferentes

papéis de cada profissional, impede, muitas vezes que se aprofunde o debate e se

construa um projeto político pedagógico (PPP) coerente com a realidade e, que deixe

claro os fins/objetivos propostos a serem atingidos pela coletividade da comunidade

educativa.

Se há dúvidas quanto aos fins, não se poderá definir os meios. E a utilização

de métodos e técnicas sem a devida clareza dos objetivos, podem levar o professor

ao engano, já criticado no passado, de utilização desses meios por eles mesmos,

esvaziados de conteúdos, debates, e, portanto, correndo o risco de reproduzir uma

ideologia que leve a alienação, como comenta Araujo:

[...] a racionalidade de tais meios está subordinada aos fins, sem dúvidas capazes de dar suporte aos meios, aos instrumentos, à atividade, às funções. A racionalidade de uma ação instrumental (prática) carrega consigo uma racionalidade teórica, onde se encontram os fins, os valores, as crenças que se pretendem atingir ou vivenciar. (Ibid: p. 23)

Cientes, portanto, de que toda ação humana se faz baseada em crenças,

vivências, valores, cabe ao professor iniciar esse processo reflexivo sobre suas ações,

buscando levar essa atitude reflexiva aos demais colegas, com objetivo de chegar ao

consenso e assim, poder construir, coletivamente, um projeto educativo claro nos

objetivos e fins a que se propõe realizar com segurança sua ação educativa.

5.1.3 ATIVIDADES PROPOSTAS

5.1.3.1 Pesquisa:

Pesquisar definições dos temos - técnica, método, metodologia, processo,

procedimento, estratégia, tática, recurso, instrumento e atividade.

36

5.1.3.2.Auto avaliação:

Elaborar uma auto avaliação sobre sua ação em sala de aula, partindo das seguintes

reflexões

O que eu penso sobre o ensino determina minha ação? Justifique.

O que eu acredito saber fazer sempre dá bons resultados? Justifique.

Quais técnicas eu utilizo mais frequentemente?

Qual técnica nova eu pretendo utilizar num futuro próximo?

O que eu não sei fazer enquanto professor e gostaria de aprender.

5.1.3.3 Sugestão de leitura

VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org). Técnicas de ensino: por que não? Campinas:

Papirus,1991.

37

5.2 Alternativas metodológicas para uma nova geração

Se o adolescente já possui naturalmente características próprias, apesar de ter

na cultura e nas condições sociais fatores que os diferenciam, que denotam crise,

devido a todas as transformações físicas, psicológicas e sociais pelos quais passam,

essa crise ganha maior proporção quando inserida nessa sociedade indistinta.

A crise específica da adolescência está relacionada ao natural crescimento, e

esse crescimento implica em desorganizações e consequentes reorganizações

físicas, hormonais, psíquicas e emocionais (GUIMARÃES et all, 2004). Essas

reorganizações estão relacionadas, por sua vez, a construção de sua própria

identidade e da consciência que tem de si mesmo e do mundo.

Some-se a essas desorganizações citadas, uma gama imensa de informações

de toda natureza e em infinita quantidade. Pois, através da internet o adolescente tem

o acesso ao mundo virtual que, no entanto, está se transformando, de forma cada vez

mais rápida, no seu mundo real. Os amigos estão nas redes sociais em qualquer lugar

do mundo. Através do skype o adolescente/jovem tem comunicação em tempo real

com qualquer pessoa no mundo. Portanto é uma ferramenta fantástica pelo seu rápido

e longo alcance. Mas não se pode ignorar que os benefícios e malefícios devem ser

analisados, pois sabe-se que dependendo dos objetivos de sua utilização, tem se

mostrado bastante perigosa na mão de adolescentes e crianças ingênuas que se

expõem a riscos devido a criminalidade que também está presente na rede.

Tem-se assim, um cenário perturbador. Adolescentes em crise, vivendo em um

mundo cheio de contradições, e, com acesso irrestrito a informações e ferramentas

de comunicação. Esse quadro, no entanto, pode ser revertido se essas ferramentas

eletrônicas forem utilizadas de forma adequada, através da ação de mediadores.

Entre esses, está o professor cuja ação educativa se utilize de metodologias

que estimulem o diálogo, o debate bem conduzido, permitindo o aprofundamento de

temas que fazem parte da vida do aluno, é possível conduzi-lo à desconstrução e

posterior reconstrução de conceitos que o ajudem a compreender melhor o mundo em

que vivem. Para isso é necessário fazer da tecnologia e das mídias um potente aliado

do professor.

Entende-se, portanto, que a tecnologia, as mídias, as redes sociais, e os meios

de comunicação em geral podem se tornar instrumentos benéficos na formação

38

pessoal, educacional e, assim, na construção social, se puderem estar lado a lado

com uma educação de qualidade.

Os diversos meios de comunicação podem contribuir para que a escola seja

uma instituição mais democrática, participativa e adequada ao público escolar atual,

como afirma Moran:

[...] uma escola que fale mais da vida, dos problemas que afligem os jovens. Tem que preparar para o futuro, estando sintonizada com o presente. É importante buscar nos meios de comunicação abordagens do quotidiano e incorporá-las criteriosamente nas aulas. [...] ( 2007, p. 01).

Nesse sentido deve haver avanço da escola, com a inserção e utilização de

todos os meios que se tem à disposição para tornar as aulas mais atraentes, com

métodos que privilegiem e observem essas características da sociedade e dos

adolescentes. A energia da instabilidade emocional, da criatividade, e da abertura ao

novo, não devem ser reprimidas, e, sim, direcionadas ao desenvolvimento de projetos

e pesquisas relacionadas com seus interesses e utilizando das ferramentas

eletrônicas com as quais possuem tanta familiaridade.

Produção de blogs, videologs, jornais e telejornais, apresentações em power

point, e desenvolvimento de grupos de discussões no Facebook podem ser algumas

das alternativas que podem, por exemplo, substituir as avaliações convencionais. A

criação de paródias, peças de teatro, construção de maquetes e ações de

protagonismo incentivado através do envolvimento do aluno em campanhas sociais,

possibilitam que o aluno envolva-se não apenas intelectualmente, mas também

emocionalmente no projeto em realização, tornando a aprendizagem mais

significativa. Sobre isso, Moreira, analisando a teoria de Novak afirma que:

[...] a aprendizagem significativa subjaz a construção do conhecimento

humano e o faz integrando positivamente pensamentos, sentimentos e ações,

conduzindo ao engrandecimento pessoal. (1997, p. 33)

Para que essa aprendizagem ocorra, entretanto, é necessário repensar, entre

outros aspectos o sistema educacional, o papel do professor e sua prática, pois, se a

referência anterior sobre os ideais da modernidade, que determinaram a organização

escolar continuam presentes na escola atual, consequentemente, estão presentes

39

ainda na formação e atuação docente. Dessa forma convivem inovações e tradições

na prática dos professores.

Diante desse contexto contraditório, é uma exigência que o professor assuma

o desafio de repensar e modificar sua prática, visto que, os tempos são outros, a

sociedade é outra, os jovens estão cada vez mais informados e não aceitam

imposições. Como afirma Magalhães, que na

[...]era da internet, o professor não é a única e nem a mais importante fonte do

conhecimento. O indivíduo é bombardeado de informações a todo momento e

através de diversas fontes. Cabe ao docente, mais do que transmitir o saber,

articular experiências em que o aluno reflita sobre suas relações com o mundo

e o conhecimento, assumindo o papel ativo no processo ensino-aprendizagem,

que, por sua vez, deverá abordar o indivíduo como um todo e não apenas como

um talento a ser desenvolvido. O desafio está portanto na incorporação de

novas tecnologias a novos processos de aprendizagem que oportunizem ao

discente atividades que exijam não apenas o seu investimento intelectual, mas

também emocional, sensitivo, intuitivo, estético, etc, tentando não

simplesmente desenvolver habilidades (Dewey/Anísio Teixeira), mas o

indivíduo em sua totalidade. [...]. (2001, p. 01).

O caminho a ser proposto para a prática de professores na atualidade, é ouvir

a sociedade, ouvir seu aluno, compreender suas necessidades, inseri-las no

planejamento curricular e, através do diálogo, buscar os caminhos de novas

metodologias que atendam aos interesses e necessidades dos jovens. O professor

tem como papel fundamental sistematizar e organizar as informações e

conhecimentos trazidos pelos estudantes, que chegam de forma difusa e desconexa

muitas vezes e, orientar as discussões de modo a dar sentido a essas informações,

construindo, conceitos e significados.

Em meio a uma sociedade tão rica em sua diversidade, mas imediatista,

individualista e consumista, se reconhece o papel da escola e do professor. Não cabe

mais ao professor a simples transmissão de conhecimentos, mas sim despertar no

estudante o pensamento crítico e a sensibilização sobre os desafios da construção de

uma sociedade mais justa e humana.

5.2.1 ATIVIDADES PROPOSTAS

40

5.2.1.1 Vídeo de apoio:

LIBÂNEO, José Carlos. Práticas de ensino em um contexto de mudanças. Palestra

proferida no SINPRO-SP. 10/06/2010

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=AcZEWkA8--E

5.2.1.2 Leitura do texto:

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/prof04.htm

5.2.1.3 Produção de síntese:

Em duplas, os professores receberão um trecho (citação) do texto analisado acima,

para produção coletiva de síntese final.

[...]o professor como transmissor de conhecimento desaparece para dar lugar

à figura do mediador. A negação da imagem do professor como mero

repassador de informações, já presente em Dewey, em Anísio Teixeira e em

Paulo Freire, é retomada no paradigma emergente, que parte do princípio de

que na era da internet, o professor não é a única e nem a mais importante fonte

do conhecimento.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

O desafio está portanto na incorporação de novas tecnologias a novos

processos de aprendizagem que oportunizem ao discente atividades que

exijam não apenas o seu investimento intelectual, mas também emocional,

sensitivo, intuitivo, estético, etc, tentando não simplesmente desenvolver

habilidades (Dewey/Anísio Teixeira), mas o indivíduo em sua totalidade.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

Essa nova prática exige ambientes que extrapolem o espaço da sala de aula,

ocupando de modo mais assíduo não apenas os laboratórios e os espaços

sociais da escola, como também os disponíveis na Comunidade, realizando

41

atividades colaborativas em que as experiências sejam vivenciadas

individualmente e em grupo, atividades que privilegiem a dinâmica de projetos,

que invistam o aluno de responsabilidades reais ante o seu aprendizado e o

mundo que o cerca, atividades que sejam avaliadas, mais do que por uma

avaliação de conteúdos, pela auto realização que elas proporcionem.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

A escola da era da globalização deverá corrigir essas distorções e formar

cidadãos que possam exercer, na sua Comunidade, uma presença

humanizadora, uma presença que implique não em competitividade, mas em

vivência coletiva, em crescimento com o outro.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

[...] é necessário repensar o uso de materiais didáticos que, embora agradáveis

e visualmente atrativos, podem estar apenas reforçando a escola tradicional,

alertando o docente para a necessidade de se escolher o material didático do

ponto de vista do seu efeito no aprendiz: evidentemente recursos que exijam

do aluno uma situação passiva, de "receptor", diante de um conteúdo a ser

apreendido não podem ser considerados desejáveis no contexto ensino-

aprendizagem que privilegie a construção do saber. Os professores devem

estar alertas em relação à utilização dos recursos de mídia e hipermídia nas

escolas, lembrando que o uso das tecnologias modernas de informática não

podem desencadear por si só uma nova postura diante do processo ensino-

aprendizagem. [...].

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

[...] urge que a escola promova o desenvolvimento das várias faculdades (e não

apenas a intelectual) do aluno, de modo que em sua ação futura, como

profissional, não veja o outro (o paciente, o cliente, o aluno, etc) como apenas

um "receptor" de um determinado conhecimento, mas como uma pessoa

42

completa, com necessidades, com problemas, etc. É preciso que o indivíduo

perceba o outro não como seu inimigo, como um competidor, mas sobretudo

como extensão de si mesmo [...] Quanto mais liberdade e direitos eu tiro do

outro mais limitados serão meus direitos e minha liberdade.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

[...]um projeto de Educação centrado no conhecimento, na criatividade e na

capacidade de reconstrução do saber, sem entretanto um projeto social que lhe

dê sentido, não fará mais do que manter o status quo, formando habilidades e

competências para a manutenção do projeto neo-liberal americano,

perpetuando a sua hegemonia sobre os países menos desenvolvidos. Dessa

forma, entendemos que, num país de terceiro mundo como o nosso, o novo

paradigma só terá sentido se compreendido como um projeto de resistência,

que preserve culturas e economias. Não estamos falando aqui em negação da

realidade capitalista, mas em afirmação da resistência no sentido de que é

necessário construir uma realidade interna que possibilite ao País dialogar,

econômica e culturalmente, com as nações desenvolvidas.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

[...] Enfrentar essa realidade no contexto escolar tem significado para alguns

uma luta hercúlea e infrutífera contra currículos, diretores, coordenadores,

colegas e, muitas vezes, os próprios alunos. Se essa é uma tarefa que está

longe de ser simples, por outro lado também não é impossível. É preciso

entretanto que ela seja planejada em termos de escola, numa discussão ampla

que envolva todos, do Diretor ao aluno.

MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da

globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

43

5.2.1.4 Sugestão de leitura:

GASPARIN, João Luiz. Da homogeneidade à diversidade: uma didática

alternativa para um novo processo histórico de educação. Revista HISTEDBR

On-line, Campinas, n.25, p. 192-199, mar. 2007. Disponível em:

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/25/art15_25.pdf

44

6. 4º ENCONTRO

6.1 DISCUSSÃO E ORGANIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO EM SALA DE AULA

6.1.1 PENSANDO EM INTERDISCIPLINARIDADE

Por décadas fala-se na necessidade da escola superar seu modelo de criação

visando oferecer uma educação mais coerente com as necessidades da sociedade

onde está inserida. Entretanto, desde a formação inicial nota-se que as mudanças são

lentas, permanecendo ainda na compartimentalização e especialização dos campos

de conhecimento e das disciplinas, dentro de um mesmo curso.

Oriundo dessa formação inicial, o professor da educação básica reproduz na

escola esse comportamento, pelo exemplo recebido na academia, mas também pela

insegurança em revelar suas fragilidades. Essa atitude, entretanto, acaba dificultando

qualquer aproximação e tentativa de reflexão sobre outras possibilidades de atuação,

como por exemplo, através de ações interdisciplinares como comenta Gusdorf, que

O que se designa por interdisciplinaridade é uma atitude epistemológica que ultrapassa os hábitos intelectuais estabelecidos ou mesmo os programas de ensino. Nossos contemporâneos estão sendo formados sob um regime de especialização, cada um em seu pequeno esconderijo, abrigado das interferências dos vizinhos, na segurança e no conforto das mesmas questões estéreis. Cada um por si e Deus por todos [...] (apud: FAZENDA, 2002, p. 20).

Superar esses hábitos intelectuais estabelecidos e o individualismo que os

acompanha, representa um desafio a ser enfrentado se o que se espera é um trabalho

conjunto e colaborativo entre os profissionais das diversas áreas e disciplinas dentro

da escola. Outro desafio está relacionado a compartimentalização dos currículos e

programas escolares e, especialmente, a superação da cultura de gestão das escolas

que priorizam atitudes disciplinares e de cumprimento à normas pré-estabelecidas.

Sabe-se que:

Pensar sob essa perspectiva implica, necessariamente, em práticas transgressoras, que se negam a trabalhar de forma positivista, cujas principais características estão voltadas à memorização, à repetição e à negativa de qualquer forma que incite à reflexão. Assumir uma postura favorável à educação para a compreensão exige do professor uma mudança de comportamento, na qual enxergue as possibilidades que o aluno possui de aprender, de compreender, de transformar, de agir sobre o seu presente. [...]. (MOREIRA JOSÉ, 2010, pg. 57)

45

Mudança de comportamento é requisito essencial para o professor que

pretende desenvolver ações interdisciplinares. Através do embasamento teórico e da

abertura a novas possibilidades metodológicas, é essencial que o professor que

pretende atuar de forma interdisciplinar, acredite nas potencialidades do aluno e na

capacidade que o mesmo tem de mudar a realidade que o cerca. Ser um professor

interdisciplinar implica em ser uma pessoa que, contrariando o pessimismo da

sociedade atual, deposita esperança em seu aluno, o apoia e, demonstra otimismo

em relação ao seu futuro.

Além disso, a formação dos professores também precisa ser repensada, tanto

o modelo de formação inicial, já referida anteriormente, como a formação continuada,

por meio de programas mais efetivos nos moldes do PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional) com carga horária ampla, atividades presenciais e em

ambiente virtual de aprendizagem, com orientação de profissionais com experiência

na pesquisa acadêmica, e com a exigência de produção original certamente

contribuem mais efetivamente na reflexão e consequente mudança de hábitos e

atitudes dos professores. Grupos de estudo vinculados à universidade, poderiam

também representar um salto de qualidade na formação continuada dos profissionais

da educação.

Mas, a crítica, apesar de salutar e necessária, também precisa vir

acompanhada de sugestões, e, especialmente ações. E são essas ações

interdisciplinares que precisam ser compartilhadas por professores e gestores visando

a melhoria da qualidade da Escola Pública. É importante frisar que não se trata de

crer na interdisciplinaridade como a solução de todos os problemas, mas, como

relatado por Fazenda (2002), “um ponto de vista que permitirá uma reflexão mais

aprofundada, crítica e salutar sobre o funcionamento do ensino”.

O profissional da educação precisa despertar, portanto, para uma reflexão,

através do diálogo, da compreensão de outros pontos de vista, da análise da realidade

que o cerca, e das ações, que poderia representar o início de mudanças significativas

no interior da escola. Como preconiza Fazenda sobre a interdisciplinaridade que pode

ser considerada “[...] como forma de compreender e modificar o mundo, pois sendo o

homem agente e paciente da realidade do mundo, torna-se necessário um

conhecimento efetivo dessa realidade em seus múltiplos aspectos [...] (2002, p. 32)”.

Sendo assim, entende-se que a interdisciplinaridade em si não representa um

possibilidade pedagógica “milagrosa”, mas uma possibilidade real de levar a escola a

46

refletir sobre o momento presente, repensar seus objetivos e seu papel social, e assim,

revendo suas práticas buscar situar-se novamente, como uma instituição privilegiada

de construção de conhecimentos e fundamental na condução das reflexões que

direcionem os rumos da sociedade.

6.1.2 O PROFESSOR INTERDISCIPLINAR

A interdisciplinaridade não começa por uma decisão pessoal ou por decreto

superior, mas por comportamentos e atitudes pessoais que compreendem a

necessidade de não limitar-se aos conteúdos e métodos pré-estabelecidos nos

currículos e, pelo desejo de ir além, desafiar-se e desafiar seu aluno buscando fazer

aflorar seu interesse e suas potencialidades.

O professor interdisciplinar é interessado e entusiasmado pelo que faz,

acredita na capacidade das pessoas alcançarem seu melhor e na possibilidade da

transformação pela ação. Ou seja, acredita em si, em seus colegas e nos resultados

que podem obter através do trabalho em conjunto. Com essa atitude, possivelmente,

conseguirá incentivar outros professores, mobilizando ações que poderão

desencadear projetos interdisciplinares na sua escola, como afirma Fazenda:

O projeto interdisciplinar surge, às vezes, de uma pessoa (a que já possui em si a atitude interdisciplinar) e espraia-se para as outras e o grupo. Geralmente deparamos com múltiplas barreiras – de ordem material, pessoal, institucional e gnosiológica – que, entretanto, podem ser transpostas pelo desejo de criar, de inovar, de ir além. [...]. (2002, p.18)

A interdisciplinaridade, portanto, não tem início através de uma decisão

pessoal ou institucional, mas por atitudes pessoais que podem incentivar os demais

colegas, levando-os a refletir sobre o assunto, dando início a uma fase de construção

de possíveis projetos que podem transformar-se em realidade. O desejo de fazer mais

e melhor, de criar condições e propostas diferenciadas para seu aluno aprender e,

provocar uma mudança nos relacionamentos, é meta a ser transposta através de

ações interdisciplinares.

É importante ressaltar que o caminho da interdisciplinaridade não é apenas de

entusiasmo e realizações, mas também de dificuldades que podem estar presentes

na gestão autoritária, na falta de estrutura, nos relacionamentos, ou mesmo em

47

limitações pessoais devido a insegurança. Entretanto, esses percalços podem e

devem ser contornados, pois:

O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa, é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir. A solidão dessa insegurança individual que vinca o pensar interdisciplinar pode transmutar-se na troca, no diálogo, no aceitar o pensamento do outro. Exige a passagem da subjetividade para a intersubjetividade. [...]. (FAZENDA, 2002, p.18)

Ser interdisciplinar requer, portanto, a capacidade vencer a própria insegurança

alicerçando-se na compreensão da capacidade de construção com o outro, de

compreender e aceitar o pensamento do outro, entendendo que as diferentes

disciplinas possuem suas verdades que precisam ser respeitadas. Essa compreensão

da verdade do outro representa um bom início para o diálogo que pode resultar na

construção de um trabalho conjunto.

A importância de pensar em novas metodologias de trabalho, justifica-se,

também, pela necessidade de fazer mudanças na educação brasileira. A crise do

ensino no Brasil não é mera especulação, mas uma realidade observada através das

diversas avaliações institucionais em âmbito federal e internacional, divulgados pela

mídia que, em sua análise, não destaca a parcela de responsabilidade dos governos

e da sociedade, remetendo todo o ônus dessa crise aos profissionais da educação,

que se veem desvalorizados e desacreditados.

Esse descrédito reflete na falta de interesse dos jovens pela carreira docente,

retratado na diminuição da concorrência dos vestibulares dos cursos de licenciaturas,

e na queda anual do número de formandos nessa área. Além disso, a ampla abertura

de vagas na educação à distância para formação inicial de docentes, já demonstra a

preocupação dos governos com a falta desses profissionais em um futuro próximo.

Portanto, com base nesse cenário atual, cabe aos professores iniciarem com

urgência, o debate sobre a educação como um todo, separada das amarras e

limitações disciplinares, repensar e replanejar suas ações criando projetos que

provoquem mudanças profundas na educação, partindo da realidade local e

possibilitando a transformação do meio onde atuam e da comunidade onde estão

inseridos. Nesse ponto, a interdisciplinaridade se mostra como uma alternativa

privilegiada para a reflexão, visto que:

48

O ensino interdisciplinar nasce da proposição de novos objetivos, de novos métodos, de uma nova pedagogia, cuja tônica primeira é a supressão do monólogo e a instauração de uma prática dialógica. Para tanto, faz-se necessária a eliminação das barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que pretendem desenvolvê-las. [...]. (Ibid., p. 33)

Sendo assim, cabe aos profissionais da educação, professores e gestores,

vencer o medo e os preconceitos, superar o individualismo, promover um diálogo

aberto e franco sobre os problemas comuns que interferem no exercício de sua

profissão, assim, iniciar um trabalho de reflexão e ação conjunta, visando rever e

repensar metas, objetivos, e propondo novas formas de trabalho, que promovam a

transformação nos relacionamentos e, em consequência nos resultados de suas

ações.

Valorizar e promover o diálogo entre as disciplinas em detrimento do

individualismo e do isolamento resultará no fortalecimento do profissional e, na

segurança de leva-lo a participar de propostas e projetos interdisciplinares que

possibilitarão a promoção das mudanças que a escola precisa. Desse modo,

profissionais fortalecidos, munidos de resultados e com apoio da comunidade,

poderão cobrar dos governos a gestão responsável que permitirá o real avanço na

educação brasileira em todos os níveis.

6.1.3 ATIVIDADES PROPOSTAS:

6.1.3.1 Relatos de experiência: leitura e debate

MACHADO, Vitor Barletta. O longo caminho da interdisciplinaridade. Revista

Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 7, no. 1, p. 416-432, mai. 2013.

Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br

http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/509/227.

Freitas Filho, João Rufino de. Et all. Relato de uma Experiência Pedagógica

Interdisciplinar: Experimentação Usando como Contexto o Rio Capibaribe. Química

Nova na Escola. Vol. 35, N° 1, fev.2013. Disponível em:

http://qnesc.sbq.org.br/online/prelo/RSA-50-11.pdf.

49

CARDOSO, Juliana da Silva; WALVY, Ophelio Walkyrio de Castro; GOLDBACH,

Tânia. Obstáculos encontrados por professores para o desenvolvimento de

trabalhos interdisciplinares em uma escola técnica da rede estadual de ensino

médio no município de São Gonçalo/RJ. Disponível em:

http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0604-1.pdf.

6.1.3.2 Produção de síntese:

Debate sobre as dificuldades e possibilidades na execução de uma experiência

interdisciplinar. Produzir uma lista de prós e contras, e, ao final uma síntese que

justifique a escolha pela realização da ação interdisciplinar no contexto do colégio.

6.1.3.3 Sugestão de vídeo

PICCOLO, Cláudio. Palestra ministrada no 12º Congresso de educação da LBV. Em

26/06/2013. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=51fw0GjlpUw Parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=q-0TnnvWNR8 Parte 2

6.1.3.4 Sugestão de leitura

MOREIRA JOSÉ, Mariana Aranha. Interdisciplinaridade e ensino: dialogando

sobre as questões da aprendizagem. Publicação Oficial do GEPI- Grupo de Estudos

e Pesquisa em Interdisciplinaridade – Educação/ Currículo – Linha de Pesquisa:

Interdisciplinaridade: PUC/SP. R. Interd., São Paulo, Volume 1, número 0, p.56-63.

Out, 2010. Disponível em: http://www.pucsp.br/gepi/downloads/revista_gepi_201011.pdf

50

6.2 PLANEJAMENTO DE UMA UNIDADE UTILIZANDO METODOLOGIA

INOVADORA

Ao planejar uma ação didática é necessário refletir sobre o tema a ser

trabalhado, os objetivos, conteúdo, estratégias de ação, recursos necessários e

instrumentos de avaliação. Essas etapas do planejamento respondem a questões

básicas sobre o ensino e podem ou não, estar padronizadas. Fusari, ao falar sobre a

formalização dos planos de ensino comenta que, a escola precisa superar a

padronização de formulários e que

[...] pode e deve encontrar outras formas de lidar com o planejamento de ensino e com seus desdobramentos em planos e projetos. É importante desencadear um processo de repensar todo o ensino, buscando um significado transformador para os elementos curriculares básicos [...] (1990, p. 46)

A escola precisa assim, repensar seu planejamento e promover reflexões sobre

a construção dos mesmos, superar a produção mecânica que muitas vezes limita-se

ao preenchimento de formulários pré-formatados, onde o professor em espaço

limitado e de forma sintética, deve apresentar suas propostas de trabalho anuais. O

planejamento dessa forma não facilita a reflexão e nem responde as questões

primordiais da educação como, o para que ensinar, o que ensinar, como, quando, e

com que ensinar, questões simples e ao mesmo tempo capazes de desencadear a

reflexão na busca de um significado mais profundo sobre a ação didática.

O professor não precisa, portanto, seguir modelos de planejamento, mas

distribuir os elementos básicos deste, de forma clara e objetiva. Além de dados de

identificação, é necessário que o tema esteja escrito de maneira sucinta, o objetivo

geral esclareça o resultado que se espera e, os específicos os passos observáveis

durante o processo. Importante ressaltar a utilização dos verbos na indicação das

habilidades que se propõe, e que estão distribuídos entre nível de conhecimento

(comparar, reconhecer, indicar, constatar, ...), nível de aplicação (calcular,

desempenhar, esboçar, operar, ...) e, nível de solução de problemas (decidir, julgar,

construir, criticar, ...).

Os conteúdos deverão estar organizados em tópicos que facilitem a

visualização da descrição de como serão desenvolvidos e, com que recursos. A

avaliação deverá deixar claro o propósito do professor (diagnóstico, somativa ou

formativa) e, deverá ser realizada com base nos objetivos estabelecidos. Por fim, uma

51

bibliografia científica e atualizada que transcenda os manuais didáticos, encerra a

construção do planejamento de ensino.

Ressalta-se que, um bom planejamento é aliado indispensável no

desenvolvimento das práticas pedagógicas, entretanto, a competência do professor é

que determina o êxito das ações.

Um profissional da Educação bem-preparado supera eventuais limites do seu plano de ensino. O inverso, porém, não ocorre: um bom plano não transforma, em si, a realidade da sala de aula, pois ele depende da competência-compromisso do docente. [...] (FUSARI,1990, p. 46)

Portanto, cabe ao professor buscar essa competência através do estudo, da

pesquisa e da reflexão sobre a sua ação. Importante frisar que essa reflexão deve ser

preferencialmente conjunta com seus pares. A escola não se faz com ações isoladas,

o conhecimento compartimentalizado não facilita a construção de significados,

portanto, é fundamental que haja entre os profissionais da educação um verdadeiro

diálogo, que gere compromisso e os levem assim, a construir coletivamente a escola

que atenda as expectativas e necessidades das novas gerações.

6.2.1 ATIVIDADES PROPOSTAS

6.2.1.1 Planejamento

Elaboração em conjunto, do planejamento de uma unidade a ser desenvolvida, em

ação interdisciplinar, em uma turma do 1º ano do Ensino Médio.

6.2.1.2 Sugestão de leitura

VERAS, Marcelo (org). Inovação e métodos de ensino para nativos digitais. São

Paulo: Atlas, 2011.

52

7. 5º ENCONTRO

7.1 AVALIAÇÃO PRELIMINAR - ANÁLISE DOS RESULTADOS PARCIAIS

Na educação sabe-se que avaliar é mais do que justificar ou atribuir notas e

conceitos, ela é parte integrante do processo de ensino e aprendizagem. Está

presente no início fazendo o diagnóstico da situação a ser vivenciada, está durante o

processo, realimentando, redefinindo ações, intermediando com objetivo de auxiliar

na tomada de decisões e nas reorientações necessárias, e, também está presente ao

final do processo quando se tem a visão geral do quanto se alcançou dos objetivos

previamente propostos.

Discutindo a avaliação, Both afirma, que “[...] ela visa redirecionar, realimentar,

bem conduzir, enriquecer e valorizar o papel do ensino em função da aprendizagem.”

(2011, p. 71). Portanto, é uma prática rigorosa de acompanhamento do

desenvolvimento dos processos, que permite identificar o nível de desempenho e

contribuir na efetivação de uma dada proposta.

Através da avaliação geram-se informações úteis que ajudam na superação

das dificuldades devido ao seu papel intermediador das decisões a serem tomadas.

Acompanhar, identificar, orientar e contribuir no cumprimento das propostas, são

objetivos a serem alcançados através de uma avaliação criteriosa realizada durante o

desenvolvimento das ações.

7.1.1 ATIVIDADE PROPOSTA

Discussão dos resultados parciais das ações interdisciplinares.

Produção de relatório descritivo dos encaminhamentos, relatando dificuldades e

avanços, e através da análise dos primeiros resultados, definir possíveis reconduções.

7.1.1 SUGESTÃO DE LEITURA

BOTH, Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem consentida. 3 ed. Curitiba:

Ibepex, 2011.

53

8. 6º ENCONTRO

8.1 AVALIAÇÃO FINAL

Ao finalizar um trabalho ou intervenção pedagógica faz-se necessário

reexaminar o caminho percorrido, rever os objetivos inicialmente propostos, buscando

identificar o alcance de seus resultados. Repensar ações futuras partindo da

experiência presente, construindo assim, um novo caminho de formação e reflexão

pedagógica.

Portanto, partindo dos objetivos propostos no início do trabalho, cabe aqui

primeiramente, refletir se as ações interdisciplinares desenvolvidas contribuíram com

o despertar do interesse do aluno em relação atividades escolares. Se houve, por

parte do aluno, melhor participação nas discussões dos conteúdos em sala de aula,

do mesmo modo, se ele demonstrou maior comprometimento com as tarefas

assumidas e se houve mais interesse e envolvimento na execução das atividades

propostas.

Em seguida, entende-se que é necessário avaliar também o desenvolvimento

das ações interdisciplinares, se elas contribuíram com o objetivo de levar o professor

a repensar seu trabalho em sala de aula, particularmente em relação às metodologias

de ensino, se gerou uma reflexão mais aprofundada sobre a escola na sociedade

contemporânea, e, principalmente se essas ações atingiram o objetivo de

instrumentalizar os professores com novas possibilidades metodológicas.

Partindo desses critérios se poderá visualizar os sucessos alcançados, as

dificuldades enfrentadas e as novas possibilidades surgidas, que se tornarão

referência no planejamento de ações futuras.

8.1.1 Atividade proposta:

Produzir relatório final escrito, partindo da socialização pessoal de todos os envolvidos

na ação interdisciplinar, utilizando os critérios anteriormente mencionados, partilhando

assim, suas impressões sobre a ação desenvolvida e a possibilidade da mesma ser

incorporada na sua atuação cotidiana.

54

8.1.2 Sugestão de leitura:

FORNER, Damir Salete Galeazzi; TREVISOL, Maria Teresa Ceron. Significados e

funções da avaliação da aprendizagem escolar. Roteiro, Joaçaba, v. 37, n. 2, p.

243-264, jul./dez. 2012. Disponível em: <

http://editora.unoesc.edu.br/index.php/roteiro/article/view/1851/pdf>. Acesso:

05/12/2013.

55

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58

ANEXO

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COLÉGIO ESTADUAL PADRE CARLOS ZELESNY

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Questionário exploratório - Alunos 1º ano do Ensino Médio

Data de realização:____/____/_______ Local_________________________

Caro Aluno

Sua participação na pesquisa sobre “FORMAÇÃO DE PROFESSORES: a

busca de alternativas metodológicas de ensino para as novas gerações” é

muito importante. Por isso solicito que responda as questões a seguir.

Grata

Profª Biani Glai Venske Alves

Atenção:

Responda o questionário a seguir preenchendo todas as lacunas ( ) colocando sua

opinião pessoal com números, de acordo com a descrição abaixo:

1- Concordo plenamente

2- Concordo parcialmente

3- Não concordo, nem discordo

4- Discordo parcialmente

5- Discordo plenamente

Quanto à instituição escolar

A escola para você é:

( ) Espaço para aprender conhecimentos formais

( ) Local para fazer novas amizades

( ) Obrigatória por você ser menor de idade

( ) Lugar de socializar conhecimentos informais (novela, notícias, fofocas...)

( ) Espaço de segurança. “Melhor que a rua ou a casa sem fazer nada”

( ) Possibilidade de ascensão social (status)

( ) Lugar de estudar o que é importante para minha vida, para meus planos futuros

( ) Local de zoação, festa, contestação

( ) Local de exibir minha figura( cabelo, maquiagem, roupa, moda, marcas)

( ) Possibilidade de comércio ( doces, catálogos, outros...)

( ) Jogar bola

( ) Entretenimento; diversão

Quanto às aulas:

60

Deveriam permanecer quanto a:

( ) horários (entrada, saída, turno)

( ) aulas sempre geminadas

( ) aulas sempre de 50 min (1 aula)

( ) aulas com menos de 50 min.

( ) aulas em todo período (manhã toda com apenas 1 disciplina)

( ) aulas sempre em sala

( ) aulas em espaços diferenciados (biblioteca, laboratório, pátio...)

( ) aulas em tempo integral – manhã e tarde

( ) aulas on-line ( à distância ) via internet

( ) tarefas diárias no caderno

( ) tarefas em meios eletrônicos (e-mail, discussões on-line, textos em redes

sociais ou blogs...)

( ) atividades diferenciadas nos fins de semana

( ) possibilidade de uso de telefone celular e notebook em sala de aula

Quanto aos professores:

Você gosta que o professor:

( ) Traga atividades diferentes. Você não sabe como será.

( ) Mantenha a mesma rotina. Você sabe como será.

( ) Converse, brinque, conte piadas

( ) Fale sobre experiências de vida, dê conselhos

( ) Atenha-se ao conteúdo da aula

( ) Conheça um pouco de tudo

( ) Conheça muito da disciplina que leciona

( ) Utilize o tempo de aula explicando conteúdo para toda a turma

( ) Utilize o tempo de aula tirando dúvidas individualmente ou em pequenos grupos

( ) Oriente atividades a serem desenvolvidas pelos alunos

( ) Traga material diversificado (mapas, imagens, cartazes, livros...)

( ) Apresente suas aulas com auxílio de meios eletrônicos

Quanto aos alunos:

Em particular, você:

( ) Relaciona-se bem com todos os colegas

( ) Relaciona-se apenas com alguns colegas da sala

( ) Evita amizades

Em geral, os colegas:

61

( ) Demonstram bom relacionamento e respeito com todos os colegas

( ) Demonstram bom relacionamento e respeito com os professores

( ) Praticam ou sofrem atitudes de bullying ou violência na escola

( ) Existem grupos distintos na sala ( tribos)

( ) A maioria dedica-se ao estudo

( ) A maioria não demonstra responsabilidade quanto aos estudos

( ) São adeptos dos diferentes modismos e apelos publicitários

( ) Valorizam e acreditam no estudo como meio de ascensão social

Quanto a aprendizagem:

Você aprende mais com:

( ) Explicação do professor

( ) Resolvendo, fazendo questões com ajuda

( ) Resolvendo, fazendo questões sozinho

( ) Assistindo filme sobre o tema de estudo

( ) Ouvindo música relacionada ao tema de estudo

( ) Lendo textos sobre o tema de estudo

( ) Em aula

( ) Em casa

( ) Pesquisando na internet

( ) Pesquisando em livros

( ) Ouvindo outro colega explicar

( ) Fazendo trabalhos em grupo

Quanto aos trabalhos em grupo:

( ) Liderando o grupo

( ) Fazendo apenas uma parte e não todo o trabalho

( ) Apenas digitando/escrevendo

( ) Fazendo apresentações

( ) Não preciso me responsabilizar sozinho

( ) Encontrar-se com colegas em outros horários e espaços

Descreva a escola ideal.

Em um pequeno texto descreva como seria para você a escola ideal, destacando os

alunos, os professores, as aulas, e sugestões que poderiam melhorar a escola.

___________________________________________________________________

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