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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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¹Professora da Rede Publica Estadual do Paraná, participante do PDE 2014, Graduada e Pós-Graduada em Letras – Inglês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas - PR ²Formada em Letras Inglês pela Universidades Federal Uberlândia, Mestra e Doutora em Letras/ Estudos Literários pela Universidade Estadual de Londrina, Pós doutoranda em Teoria e História da Literatura pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

O letramento literário através das poesias de Vinícius de Moraes

Eunice Aparecida de Souza Becker¹

Profª Drª. Stela de Castro Bichuette da Silva²

Resumo: O projeto de intervenção pedagógica tem como objetivo proporcionar aos alunos do

6º ano do ensino fundamental II, do Colégio Estadual Alto Recreio - Ensino Fundamental e Médio, o contato com o texto poético, estabelecendo através do Letramento Literário, proposto por de Rildo Cosson, um vínculo entre brincar e escrever, instigando o aluno a cultivar bons hábitos de leitura através das poesias de Vinícius de Moraes. Percebemos que a utilização da literatura infantil nos meios escolares tem acontecido de forma equivocada, pois ela não serve de pretexto para ensinar conteúdos didáticos, e sim representar a arte manifestando no aluno a capacidade de identificar-se com o mundo literário. A poesia deveria estar presente no dia a dia de todas as pessoas, pois essa linguagem torna-se cada vez mais necessária a vivência humana, sendo uma das mais representativas formas de arte. A aplicação da unidade didática foi um sucesso, a receptividade dos alunos foi ótima, pois todos se envolveram no projeto, e é perceptível que a Sequência Básica utilizada para a aplicação do projeto deu certo e o objetivo de despertar o gosto pela leitura foi alcançado.

Palavras – chave: Leitura. Letramento. Poesia. Função social. Literatura. Elementos textuais

Introdução

Percebemos que a utilização da literatura infantil nos meios escolares tem

acontecido de forma equivocada, pois ela serve de pretexto para ensinar conteúdos

didáticos, e não para representar a arte, manifestando no aluno a capacidade de

identificar-se com o mundo literário. No entanto, ressaltamos a importância de

trabalhar com a poesia em sala de aula, compreendendo todo seu significado,

envolvendo sentimento, emoção e lembrando que a poesia tem como função social,

o caráter humanizador, ético e estético.

A poesia deveria estar presente no dia a dia de todas as pessoas, pois essa

linguagem torna-se cada vez mais necessária a vivência humana, sendo uma das

mais representativas formas de arte. Este projeto de intervenção pedagógica tem

como objetivo instigar os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, alunos estes

que demonstram pouco apreço em relação à obra literária e principalmente à poesia,

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devido a vários fatores sociais, culturais e até mesmo de alfabetização, por isso a

necessidade de uma reconstrução do trabalho com a literatura que os conduzirá a

ler e encantar-se com a magia das poesias: “O peru”, “As borboletas” e “A foca” de

Vinícius de Moraes.

Baseando-se na teoria de Rildo Cosson no livro Letramento Literário Teoria e

Prática (2014) buscamos resgatar o trabalho com a poesia na sala de aula, com o

intuito de contribuir com o ensino da leitura literária na sala de aula. Reaproximar os

alunos do mundo fantástico que a leitura e em especial a leitura da poesia podem

proporcionar, permitir inúmeras maneiras de ver o mundo, fazendo com que o aluno

torne-se um cidadão autônomo, sem medo de ousar, construir, desconstruir e

reinventar palavras e significados fazendo uso de suas experiências culturais

cotidianas.

Tendo a literatura as funções de satisfazer a necessidade universal da

fantasia e contribuir para a formação da personalidade humana, chega-se ao ponto

que nos causa maior expectativa, teria a literatura a função de conhecimento do

mundo e do ser? Muitas correntes estéticas apontam que a literatura, é, sobretudo

uma forma de conhecimento, uma maneira de expressão e construção de sentidos e

significados autônomos. A literatura desempenha funções na vida da sociedade,

fazendo com que o leitor interaja com o seu universo, e com o universo expresso

pela própria obra literária, a qual lhe possibilita reconhecer-se diante deste universo

que engloba realidade, fantasia e imaginação.

A importância da Literatura

Antônio Candido (1972) em “A leitura e a formação do homem” informa que a

função humanizadora da literatura é a confirmação da humanidade do ser humano,

pois além de exprimir os sentimentos do homem, influencia de maneira significativa

na sua forma de ver o mundo. Esta função referencia-se sempre ao receptor, pois

elenca a função da literatura como um todo, relacionando-se tanto com a obra,

quanto com o autor e especialmente com o leitor.

De acordo com Candido (1972, p.82):

Os estudos modernos da literatura estão dedicados mais a estrutura do que a função: o enfoque estrutural é responsável pelo maior avanço que os

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estudos literários conheceram em nosso tempo. Mais vai ficando cada dia mais claro que uma visão íntegra da literatura chegará a conciliar num todo explicativo a noção de estrutura e a de função.

A literatura desperta interesse por elementos contextuais, pois a obra literária, ou

seja, o texto é produzido a partir do contexto onde vivemos. Estudos sobre a obra

literária citam dois momentos: o analítico onde o autor deixa de lado todas suas

particularidades concentrando-se somente na obra como objeto de conhecimento, o

outro é quando este se preocupa com o que a obra diz a respeito da experiência e

da vivência humana.

A literatura desempenha funções na vida da sociedade, fazendo com que o

leitor interaja com o seu universo, e com o universo expresso pela própria obra

literária, a qual lhe possibilita reconhecer-se diante deste universo que engloba

realidade, fantasia e imaginação.

Quando pensamos em literatura, devemos sempre considerar o universo

fabuloso, a fantasia, porém segundo Candido a literatura não pode jamais deixar de

vincular-se a realidade.

A fantasia quase nunca é pura. Ela se refere constantemente a alguma realidade: fenômeno natural, paisagem, sentimento, fato, desejo de explicação, costumes, problemas humanos etc. Eis por que surge a indagação sobre o vínculo entre fantasia e realidade, que pode servir de entrada para pensar na função da literatura. Cândido (1972, p.83).

Refletindo com as considerações de Candido, percebemos que a educação

pode e deve ser instrumento para convencer as pessoas de que o que é

indispensável para uma camada social, também, é para outra, todo cidadão tem o

mesmo direito ao acesso à cultura, incluindo-se a obra literária e cabe à escola

conscientizar o aluno para que este faça o melhor uso possível dessa oportunidade

para seu crescimento enquanto ser humano crítico, pensante, sonhador e atuante.

A função da literatura está na construção de objetos, forma de expressão de

sentidos, sentimentos, significados e conhecimento.

No entanto, não podemos deixar de elencar que de acordo com Candido

(1972) a literatura ainda apresenta duas outras funções: a função formadora, a qual

contribui com a formação da personalidade do próprio ser humano, apresentando

um aspecto mais formativo diferindo um pouco do caráter pedagógico, e a função

social, que faz uma ligação entre o leitor e o mundo no qual está inserido, fazendo

com que este se sinta parte deste mundo e sinta-se capaz de interagir com ele.

Segundo Candido (1972, p.82), é importante que que se veja “ a literatura como

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força humanizadora, não como um sistema de obras. Como algo que exprime o

homem e depois atua na própria formação do homem”. Sendo assim, a literatura

possui um papel considerável, tanto para a formação intelectual quanto para a

formação social do ser humano.

A LITERATURA, A FORMAÇÃO DO LEITOR E A ESCOLA

A História da Formação do Gênero Literário Infantil

A literatura infantil surgiu com as mudanças estruturais que ocorreram na

sociedade nos séculos XVII e XVIII, quando se instalou o modelo burguês da família

unicelular e se alia a escola com produções de textos dirigidos às crianças, estes

textos, deixavam claros os valores da burguesia como diz Regina Zilberman (1985,

p.35) em A Literatura na Escola: “os textos produzidos para crianças deixavam

transparecer valores do mundo burguês, exposto de maneira idealizada.” O que

comprometia o reconhecimento da obra literária como forma de expressão artística e

desgastava o gosto pela leitura.

No Brasil, a literatura apresentou quatro fases, segundo Saraiva (2006) na

primeira fase houve a tentativa de formação do público leitor infantil, com um projeto

baseado em valores patrióticos sendo incutidos nas crianças. A segunda fase foi

época de efervescência política, intelectual e artística, envolveu a burguesia, a

classe média e os operários, cada grupo lutava pelosos interesses de sua classe,

isso tudo refletiu na educação, que ficou debilitada, surgiu então, a Escola Nova, a

fim de atingir a escolarização em massa e a educação primária torna-se obrigatória.

Juracy Assman Saraiva em “Origem da Literatura Infantil” In Literatura e

alfabetização: do plano do choro ao plano da ação (2006, p.37) nos aponta que:

Propunha-se um ensino ao mesmo tempo intelectual, em que pela observação e pelo raciocínio, fosse possível o reconhecimento dos ideais e das conquistas da humanidade, e pragmático, que prepare o educando pelo desenvolvimento de trabalhos práticos e pela atuação em atividades desportivas.

A terceira fase é o período conhecido como a década da democracia, porém

um movimento cívico-militar institui-se no país e vários (AI) Atos Institucionais foram

impostos e a sociedade passou a conviver com a repressão e a censura aos meios

de comunicação. Permeando entre 1942 a 1961, observou-se a Reforma

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Capanema, quando foi aprovada a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional,

originando-se os primeiros movimentos na educação popular e a reforma da

Universidade de Brasília, com o intuito de colocar a população como parte ativa na

política do país, no entanto essa tentativa fracassou , desaparecendo diante das

perseguições e efeitos sofridos por professores e alunos provocados pelo golpe

militar de 64.

A quarta fase registrou a pior crise econômica de todos os tempos. A dívida

externa e a inflação atingiram altos índices e aumentou o desemprego. Com a

abertura democrática o povo reconquistou o direito de eleições diretas para

Presidente da República. Na década de 70 registrou-se um aumento de autores e

de títulos à disposição do público infantil, sendo que a narrativa e a poesia atingiram

superações significativamente positivas, relacionando-se aos caminhos seguidos

pelas mesmas e ao tratamento que ambas destinaram aos termos e a linguagem,

inovando o padrão culto e formal com a inserção da oralidade coloquial e a presença

de gírias, dialetos e regionalismos.

De uma forma especial, houve na poesia, a ruptura do tradicional, porém,

este se torna transmissor de normas de comportamento, explora a relação de

criança-natureza, focalizando as sensações e o mundo das cores. “Usou-se o texto

infantil como difusor de preceitos e de normas comportamentais, doutrinando-se as

crianças” ( SARAIVA, 2006, p.36).

Nascida em um período de alienação a literatura infantil segue um caminho

rumo à maturidade do gênero dentro das propostas estéticas feitas por Monteiro

Lobato em 1921. Finalmente recuperou-se o folclore oral: modinhas infantis,

canções de ninar e brincadeiras de roda.

As transformações pelas quais perpassaram a qualidade estética das

produções destinadas ao público infantil permitem ao professor a possibilidade de

apresentar o mundo mágico da literatura como suporte para as atividades de

alfabetização, a fim de propor ao aluno que ele se torne um leitor ativo, participativo

e capaz se sentir-se parte do mundo real e imaginário que o texto literário possibilita.

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A Literatura na Escola

A escola tem como um dos seus principais papeis a formação do leitor, porém

analisando a realidade em que se encontra a leitura literária percebe-se a ineficácia

da escola, pois se torna cada vez mais perceptível o desinteresse do aluno por esta

atividade, este desempenha apenas o papel de decodificador, e eventualmente

interpreta limitando-se a textos literários exigidos pela escola, com roteiros e

respostas dirigidas.

A leitura/literatura está relacionada com o sucesso e o insucesso do aluno,

pois esta tem a capacidade de promovê-lo enquanto indivíduo. A arte literária tem a

capacidade de situar-lhe diante de si, de seu mundo, e de seu contexto, pois lhe

possibilita a percepção de vários pontos de vista estimulando sua criatividade.

Porém a ruptura da valorização da literatura interfere de modo negativo na formação

do leitor. De acordo com Juracy Assman Saraiva e Ernani Mügge em “Por que e

como ler textos literários” In Literatura na Escola: propostas para o ensino

fundamental (2006, p.27):

O descompasso entre a o discurso e a prática pedagógica torna-se mais visível quando a seleção de obras, a metodologia aplicada à leitura e a finalidade atribuída à inserção da literatura nas atividades docentes são analisadas.

A leitura e a troca de experiências não fazem mais parte dos encontros de

famílias, substituído pelos programas de televisão e jogos eletrônicos, acaba

estimulando cada vez mais o individualismo e empobrecendo a capacidade de

diálogo e a convivência coletiva. Muitos fatores, incluindo a condição

socioeconômica, faz com que os alunos abandonem a escola antes mesmo de se

tornarem leitores efetivos, rendendo-se a uma prática discursiva contraditória, pois

perdem o acesso à riqueza cultural dos textos narrativos e poéticos deixando de

assimilar as bases do processo de letramento e de formular o sentido social da

leitura, deixando de entrar em contato com a função das modalidades literárias que

se instalam entre o sujeito e o outro, o sujeito e o mundo.

Compreende-se que a literatura é um sistema dinâmico no qual as obras

constroem relações que ampliam as formas discursivas e prevê a existência do

autor-leitor que consegue fazer ligações entre o texto e o discurso e a registra.

Portanto o texto faz um cruzamento de três elementos: o sujeito da escrita, o

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destinatário e os textos exteriores. O autor cria um universo que o leitor referencia

com seu conhecimento tendo assim o ato de produção do autor e a recepção do

leitor. Como dizem Saraiva (2006, p.36):

Ao instruir mental e imaginativamente o universo criado pelo autor, o leitor transpõe para o texto o sistema de referência que constituem a sua percepção de mundo e seu conhecimento da literatura. Por conseguinte, assim como o ato produtor que deu origem ao texto, o ato de recepção é um fenômeno comunicacional que integra três protagonistas: texto-leitor-mundo.

A leitura não é um ato sistemático que se inicia com a expressão linguística e

concepção estrutural para evidenciar elementos imaginários do leitor a fim de

possibilitar sua significação, sua compreensão depende da reação do leitor, quer ele

reconheça, ignore ou subverta os elementos da linguagem concebida no texto pelo

autor. O ato de ler garante a existência do texto e a recíproca transferência entre o

mundo do texto e do leitor. Segundo Saraiva (2006, p.29) “a literatura, assim como

as outras artes, dá forma concreta a sentimentos, dilemas, angústias e sonhos, por

meio de representações simbólicas criadas pela imaginação”.

A maioria dos professores de Língua Portuguesa, quando trabalham com o

texto literário, o fazem de maneira fragmentada sem obter sucesso algum.

Confirmamos com Regina Zilberman em A Literatura infantil na escola (1985, p.29)

que: “a metodologia impulsionada pela didática pode se converter num instrumento

imprescindível para que se alcance a principal meta relativa à presença da literatura

na escola, qual seja a uma inclinação doutrinária”.

A aprendizagem da literatura deve ser rica na pluralidade de gêneros e a

valorização da literatura enquanto prática pedagógica deve ocupar um lugar

privilegiado porque é através dela que se constrói uma efetiva competência

linguística atingindo assim a formação da linguagem. Para isso um longo percurso

tem sido percorrido, desde a conquista de textos escritos apropriadamente para

crianças, como a inserção da disciplina de Literatura Infantil em alguns cursos

universitários, porém isso ainda não está sendo suficiente, precisamos, enquanto

educadores refletirmos e buscarmos novos caminhos e metodologias a fim de

amenizar e por que não solucionar este grande problema pelo qual passa nossa

fantástica leitura literária.

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O TRABALHO DA LITERATURA ATRAVÉS DO LETRAMENTO

LITERÁRIA

A partir das leituras e investigações feitas com relação à leitura literária, é

visível que a leitura que vem sendo feita nas aulas de literatura não pode ser

considerada efetiva, por isso, instigou-se o estudo sobre o letramento literário, que

são mecanismos de interpretação muitas vezes não apreendidos na escola. A leitura

feita pelos nossos alunos é apenas uma decodificação de palavras e não há a

exploração de maneira adequada para que este letramento, ou seja, a

aprendizagem de literatura aconteça de fato. Quando o processo de interação com o

texto se efetiva, é que verdadeiramente pode-se falar em leitura literária. De acordo

com Rildo Cosson, em Letramento Literário: teoria e prática, (2014, p.29): “Aos

professores cabe criar as condições para que o encontro do aluno com a literatura

seja uma busca plena de sentido para o texto literário, para o próprio aluno e para a

sociedade em que todos estão inseridos”.

Quando o leitor tem acesso às obras atuais, seu interesse torna-se mais

prazeroso, no entanto, de acordo com o letramento literário deve-se trabalhar

sempre com o atual. A seleção de textos deve seguir alguns critérios, tais como: a

preservação do cânone, que é a herança cultural da comunidade em que está

inserido, e a diversidade na busca do conhecido e o desconhecido, a fim de tornar a

leitura literária uma atividade que proporcione prazer e conhecimento.

Para Cosson (2014, p.30):

Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não apenas porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja prazerosa, mas sim, sobretudo porque nos fornece como nenhum outro tipo de leitura faz os instrumentos necessários para conhecer e articular com proficiência o mundo feito linguagem.

Rildo Cosson nos afirma que existem três maneiras de compreender a leitura:

A primeira é a antecipação: o leitor explora o que será lido: elementos como a capa,

o título, o número de páginas, pois cada um lê o texto de uma maneira diferente; A

segunda é a decifração: quando começamos a leitura das letras e palavras, quanto

maior a familiaridade e o domínio, mais fácil será a decifração; A terceira é a

interpretação: quando o leitor processa o texto “interpretar é dialogar com o texto

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tendo como limite o contexto”, Cosson (2014, p. 41).Para que a aprendizagem da

literatura se efetive Cosson propõe para as aulas de literatura duas sequências: uma

básica e outra expandida.

A sequência básica do letramento literário na escola possui quatro passos:

motivação, introdução, leitura e interpretação. O primeiro passo é a motivação

quando os alunos são instigados pelo professor a ler determinada obra, o imaginário

é aguçado e eles sentem entusiasmo e curiosidade e a leitura torna-se uma

atividade de saber e prazer, a motivação prepara o aluno para entrar no texto.

O segundo passo é a introdução, que é a apresentação do autor e da obra, o

que não deve ser muito longa, apenas explorar informações básicas sobre o autor e

sobre o que o texto está associado, não pode ser feita uma síntese da obra, pois se

isso ocorrer será eliminado o prazer e a descoberta no ato de ler a obra.

O terceiro passo é a leitura, a qual deverá ser acompanhada pelo professor,

porque tem um objetivo a ser cumprido e um direcionamento, para que o aluno não

se perca e se sinta estimulado a continuar. Quando a leitura for muito extensa, esta

deve ser realizada em casa, e neste caso o professor deverá fazer intervalos para

uma conversa sobre a leitura de forma a socializar com os colegas apresentando os

resultados. Estes intervalos não podem exceder de três, ele funciona como

diagnóstico, para verificar se o aluno está entendendo o que está lendo e também

para que não aconteça o desestímulo ou abandono da leitura.

O quarto e último passo é a interpretação, é quando o aluno constrói o sentido

do texto, numa forma de diálogo entre autor, leitor e comunidade. Para o letramento

literário há dois momentos de interpretação: um interior e outro exterior. O momento

interior é o que acompanha a decifração, é o encontro do leitor com a obra. E o

momento externo é quando o leitor concretiza a construção de sentido da leitura e a

registra. Para realizar o registro da interpretação é importante que o aluno faça uma

reflexão sobre a obra lida, permitindo estabelecer um diálogo entre os leitores e

comunidade escolar, uma prática adotada para isso é a resenha, porém cabe ao

professor apresentar outras possiblidades de registros dependendo de cada turma.

Cosson nos apresenta também a sequência expandida do letramento literário,

a qual apresenta as quatro etapas da sequência básica, porém a última etapa: a

interpretação se divide em duas – a primeira interpretação e a segunda

interpretação, esta sequência tem uma interpretação mais aprofundada, e a mesma

é utilizada no letramento literário para o Ensino Médio, uma vez que a sequência

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básica é direcionada para o Ensino Fundamental II, como diz Cosson (2014 p.76 ),

“a sequência básica trazia algo novo ou algo que não se fazia muito presente em

suas aulas, isto é, a aprendizagem da literatura: porém, por outro lado, parecia faltar

a aprendizagem sobre a leitura.”

Em sua obra Cosson (2014) fala também sobre avaliação o que serve para

avaliar os alunos e também o professor e a escola, elencando também algumas

sugestões de atividades desenvolvidas dentro da sequência básica e expandida. No

ensino de língua materna a produção escrita não deve ser pretexto para correção da

norma culta, mas sim a interlocução de informações entre aluno e professor para a

verificação do uso da linguagem.

O letramento literário propõe que o professor use a literatura como uma

experiência e não um conteúdo a ser avaliado. O Letramento Literário é, portanto

uma proposta inovadora do ensino da leitura literária na escola básica, desenvolvido

para professores que querem torná-lo uma prática de ensino efetiva para si e para

seus alunos. Para Cosson (2009, p.15) é dever da literatura “tornar o mundo

compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores,

sabores e formas imensamente humanas”, garantindo seu espaço nas escolas.

Aplicação da Unidade Didática

O processo de letramento no ensino fundamental a partir do texto literário,

segundo Cosson, tem que ser pensado mediante propostas que apresentem

objetivos bem definidos, efetuadas numa sequência que envolve quatro etapas: a

motivação, a introdução, a leitura e a interpretação. Exploraremos esse modelo de

letramento utilizando as poesias: “O peru”, “As borboletas” e “A foca”, de Vinicius de

Moraes, de sua obra A arca de Noé.

Em relação à proposta de letramento pensada a partir da sequência básica,

vale lembrar que um bom desempenho de leitura literária na escola exige atividades

que provoquem a interação dos leitores com o texto. Para tanto, a leitura não pode

ser feita de qualquer jeito, como se a finalidade da leitura incidisse sobre ela mesma,

como adverte Cosson (2006), numa concepção em que basta ler os textos de

literatura para formar leitores nessa área. Na verdade, o letramento literário exige

planejamento e objetivos a atingir, a cada sequência de atividades.

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A leitura do texto literário pode ser motivada por alguma atividade que a

preceda, cujo objetivo é preparar o aluno para interagir com o texto. O elo entre a

atividade motivadora e o texto, objeto de leitura, pode ser a temática, o modo de

construção do texto ou outro aspecto. Nesse momento, é interessante recorrer a

outras linguagens. Para a realização da motivação, foi realizado declamação de

poesias ou versos, utilização de figuras de animais com a leitura de algumas poesias

da obra A arca de Noé, de Vinicius de Moraes. Com desenhos de animais impressos

cada aluno coloriu, recortou e colou no EVA, após amarrou um fio na parte superior

do desenho e foi fixado no forro da sala de aula formando um mobile. Alguns alunos

coloriram casais de animais e com a ajuda da professora confeccionaram e

montaram uma Arca com os desenhos dos casais de animais recortados.

(Figura 1 – Construção da Arca de Noé)

A próxima etapa diz respeito à apresentação, cujo objetivo é mencionar

alguns aspectos relacionados à vida e à obra do escritor. Em uma conversa breve

com os alunos faz-se a apresentação da obra: A arca de Noé que é uma coletânea

de poesias sobre animais das quais trabalharemos apenas com três poesias. Após

encaminhar os alunos ao laboratório de informática para pesquisa e cópia da

bibliografia de Vinícius de Moraes.

Na sequência a leitura da primeira poesia: O peru, será a apresentação da

mesma transcrita em cartaz, e a leitura acontecerá em duplas, só os meninos, só as

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meninas e individual, a seguir o professor convida os alunos para uma leitura

coletiva da poesia e faz algumas perguntas:

* Por que a poesia é uma brincadeira com palavras?

* Quem sabe dizer uma quadrinha em que se note a brincadeira coma as palavras?

O professor sugere que a turma faça a leitura da poesia em forma de

brincadeira, isto é, na forma de jogral. Para isso, o professor separa os alunos e os

enumera de um a oito; a seguir, assinala no cartaz em que a poesia está escrita a

distribuição das partes que caberá a cada aluno ou a cada grupo, tendo o cuidado

de dar a todos a oportunidade de participar.

(Figura 2 – Cartaz com a poesia: O Peru)

Após é realizado a interpretação do poema com atividades de completar

retângulos, colorir rimas, preencher lacunas com palavras com “ão”, colorir animal

que peru pensou ser no passeio, criar versos que rimem com inicio da estrofe

encontrar no caça palavras as palavras destacadas na estrofe do poema: O peru.

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(Figura 3 – Atividade de interpretação da poesia: O Peru)

O segundo poema: As borboletas é apresentado aos alunos transcrito em

cartaz, feita a leitura de diversas maneiras: em duplas, só os meninos, só as

meninas e individual, o professor convida os alunos para uma leitura coletiva e

segue com a interpretação realizando as atividade de: escrever no retângulo a

quatro cores das borboletas, colorir as palavras que rimam com a mesma cor,

desenhar e colorir as borboletas com as cores citadas no poema, marcar falso ou

verdadeiro nas frases relacionadas ao poema, completar a estrofe utilizando outras

cores para as borboletas e palavras que rimem com a cor citada,

(Figura 4 – Cartaz com a poesia: As Borboletas)

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Para a apresentação do terceiro poema o professor irá falar sobre a poesia

que será trabalhada nas próximas atividades, questionando para ver se sabem de

qual animal será tratado. Cita as seguintes pistas:

* São mamíferos e alimentam-se principalmente de peixes

* Costumam ficar em regiões de águas calmas, principalmente em locais com

rochedos e bancos de areias.

* Habitam regiões marinhas de águas frias: Antártida e Círculo Polar Ártico

* São excelentes nadadoras graças ao formato anatômico do corpo

* Vivem em grupos (colônias), não possuem orelhas.

* Com aproximadamente seis meses de vida o filhote já consegue nadar

sozinho

* Esta espécie animal corre risco de extinção por causa da caça

indiscriminada de filhotes. Os caçadores objetivam a pele do filhote que tem alto

valor, pois é usada na fabricação de bolsas, sapatos etc.

* O corpo é protegido por uma rica camada de gordura, que funciona como

um isolante térmico em regiões de baixa temperatura.

* Se comunicam entre si através da emissão de sons graves.

Assistir vídeo da musica “A Foca” duração: 3min16seg

https://www.youtube.com/watch?v=-YuYhuF7oUw

O poema: A foca é apresentado aos alunos transcrito em cartaz, feita a leitura

de diversas maneiras: em duplas, só os meninos, só as meninas e individual, o

professor convida os alunos para uma leitura coletiva e segue com a interpretação

realizando as atividades de: completar a poesia com as palavras do quadro,

confeccionar uma foca com papel dobradura, pintar o desenho correto para cada

informação da foca, marcar com (x) sim ou não de acordo com o poema: A foca,

decifrar a carta enigmática do poema: A foca, desembaralhar as letras para

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descobrir as palavras, encontrar no poema A foca a rima de cada estrofe.

(Figura 5 – Cartaz com a poesia: A Foca. Figura 6 – Confecção de dobraduras da foca)

Para a culminância da proposta de leitura, o professor pode desafiar os alunos a

criarem seu poema para isso:

* Organização da sala

Para a discussão sobre poesia, divida a turma em pequenos grupos, em duplas e,

às vezes, em trios. Em outros momentos, abra uma roda, para que todos participem.

* Ambiente favorável

Para criar um ambiente favorável ao estudo, leve para a classe imagens e a

biografia do poeta Vinicius de Moraes que serão lidos em sala de aula.

* Roda de conversa

Depois, abra uma roda de conversa e solicite que contem o que pensaram. Essa

conversa dará a você, professor, uma ideia do que seus alunos já sabem ou pensam

sobre poesia. Na roda de conversa, eles vão expor o conhecimento prévio que têm

do tema.

* Prepare-se para ler

Em seguida, diga aos alunos que você vai ler para eles três famosas poesias, de

Vinicius de Moraes. Não leia todos os poemas de uma vez. Dê uma atenção

especial a cada um. Estude previamente a leitura dos textos. Prepare-se para ler.

Leia os poemas para a classe com bastante expressividade.

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* Produção de texto - Por meio dos textos que os alunos irão produzir, solicitar que

escolham animais para produção dos poemas, você avaliará o que compreenderam

do que foi estudado e se os seus objetivos de aprendizagem foram atingidos. Ensine

que nenhum texto nasce pronto. Para ficar bom, é preciso escrevê-lo e reescrevê-lo

muitas vezes, como fazem os bons escritores.

Pedir à classe que cada um planeje o que vai escrever, faça rascunho, revise

e finalmente passe a limpo sua poesia.

Os alunos fizeram a ilustração de suas poesias, e confeccionamos um mural

para exposição no colégio.

(Figura 7 – Confecção do Mural com as poesias)

Considerações finais

O trabalho com a poesia em sala de aula precisa ser efetivado com atividades

de provocação ao leitor, respaldado no caráter artístico, lúdico e dialógico do texto

poético, em que os alunos possam sentir-se sujeitos na construção de sentidos para

o texto e para as suas vidas. Isso exige compromisso e planejamento do docente em

relação às atividades de leitura, à adoção de métodos de leitura, evitando a

improvisação e a transformação do poema em pretexto para o aprendizado da

gramática.

O Projeto de Intervenção Pedagógica e o Projeto de Intervenção Pedagógico

na Escola foram elaborados considerando a realidade escolar do Colégio Estadual

Alto Recreio, que atende alunos que não possuem o hábito de ler, este projeto tem

como objetivo incentivar a leitura. A turma alvo da implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica na Escola foi aplicado em duas turmas do 6º ano Ensino

Fundamental II. Foi utilizada como estratégia de ação a Teoria do Letramento

Literário de Rildo Cosson, utilizando a sequência básica, que consiste em:

→ Motivação: a aula terá início com uma conversa sobre poesias, questionando a

opinião dos alunos sobre poesias, verificando se conhecem ou sabem declamar

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alguma poesia ou versos; apresentação de gravuras; leitura de fábulas que

envolvam os animais que fazem parte das poesias, e músicas de Vinícius de

Moraes.

→ Apresentação: Falar brevemente sobre o poeta Vinícius de Moraes, apresentando

a obra livro A Arca de Noé que se trata de uma coletânea de poesias, das quais três

foram escolhidas para o referido trabalho: O peru, As borboletas e A foca.

→ Leitura: Fazer a leitura das poesias individualmente, respeitando os intervalos a

fim de avaliar a progressão e efetividade da leitura.

→ Interpretação: Pedir aos alunos que produzam poesias relacionadas à outros

animais que também entraram na Arca de Noé entre outras atividades que serão

desenvolvidas na unidade didática. Este Projeto de Intervenção Pedagógica na

A aplicação do projeto foi um sucesso, não encontrei obstáculos e a

receptividade dos alunos foi ótima, pois todos se envolveram no projeto, e é

perceptível que a Sequência Básica utilizada para a aplicação do projeto deu certo e

o objetivo de despertar o gosto pela leitura foi alcançado.

Referências CANDIDO, Antônio. O direito à literatura. In Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1988. CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In Ciência e Cultura. São Paulo: v 24, n 9, 1972. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2009. GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e Médio da Língua Portuguesa, 2008. MORAES, Vinícius. A Arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 SARAIVA, Juracy Assmann. Origem da literatura infantil. In Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre. Artmed, 2001. SARAIVA, Juracy Assmann; MÜGGE, Ernani. Por que e como ler textos literários. In Literatura na escola: propostas para o ensino fundamental. Porto Alegre. Artmed,2006 ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1985.

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ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.