os cemitérios públicos na cidade de joão pessoa - pbpaulorosa/tcc/monofranciscoassis.pdf ·...

53
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOGRAFIA Os Cemitérios públicos na cidade de João Pessoa - PB Francisco de Assis Costa de Albuquerque Orientadora: Prof. Esp. Maria Odete Teixeira do Nascimento Co-orientador Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa João Pessoa, PB Setembro/2008

Upload: trankhanh

Post on 14-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOGRAFIA

Os Cemitérios públicos na cidade de

João Pessoa - PB

Francisco de Assis Costa de Albuquerque

Orientadora: Prof. Esp. Maria Odete Teixeira do Nascimento

Co-orientador Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa

João Pessoa, PB

Setembro/2008

2

Francisco de Assis Costa de Albuquerque

Os Cemitérios públicos na cidade de

João Pessoa - PB

Monografia apresentada ao Curso de

Geografia da Universidade Federal da

Paraíba, como requisito para obtenção

do grau de bacharel em Geografia.

Orientadora: Prof. Esp. Maria Odete Teixeira do Nascimento

Co-orientador Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa

João Pessoa, PB

Setembro/2008

3

ALBUQUERQUE, Francisco de Assis C.

Os Cemitérios públicos na cidade de João Pessoa - PB UFPB, 2008.

Monografia (Graduação em Geografia) Centro de Ciências Exatas e da

Natureza. Departamento de Geociências. Universidade Federal da Paraíba.

João Pessoa – Campus I.

4

Francisco de Assis Costa de Albuquerque

Os Cemitérios públicos na cidade de

João Pessoa - PB

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Geografia, aprovada pela seguinte banca examinadora:

____________________________________________

Prof. Esp. Maria Odete Teixeira do Nascimento

UNAVIDA/UVA

Orientadora

____________________________________________

Prof. Paulo Roberto de Oliveira Rosa – Co - Orientador

UFPB

____________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Fernandes Alonso - UFPB

Examinador

_____________________________________________

Ms. Geóg.Maria José Vicente de Barros - COPAM

Examinadora

João Pessoa, _____/_____/_____

5

6

Agradecimentos

Primeiramente a Deus pela minha vida pela força e coragem de vencer os obstáculos,

sempre me abrindo portas para alcançar um futuro melhor, a ele toda gratidão por tudo que

tenho e sou.

Um agradecimento todo especial aos meus pais (in memorian), pelo imenso amor, pelo

carinho que nunca faltou, pela compreensão, pela confiança que sempre depositaram em

mim, uma dádiva de Deus eles em minha vida, de onde estiverem sabem o quanto sou grato

aos mesmos.

Ao Professor Paulo de Oliveira Rosa agradeço a dedicação, atenção e colaboração para

a pesquisa.

A Liese Carneiro pela colaboração, construção e formatação deste trabalho.

Ao Prof. Sergio Alonso e Geógrafa Maria Jose Vicente, por terem aceitado o convite para

participar da Banca Examinadora.

Obrigado à minha querida esposa, Monica de Fátima, pelo tempo de dedicação, dando

sua contribuição quando das visitas ao campo, pela colaboração no trabalho, pela gentileza de

estar sempre presente, sendo compreensiva e um presente de Deus.

Aos meus filhos Francisco de Assis Junior e Assis Walner, pela compreensão dos dias de

lazer que deixaram de lado, para me acompanhar nos trabalhos de campo desta pesquisa.

Ao Diretor da DICEM Sr. Jose Zênio Marques Neves, pelo excelente acolhimento na

prefeitura de João Pessoa (Sedurb), pelo apoio que o mesmo me deu nesta pesquisa, pela

quantidade de materiais e informações prestadas por ele.

Agradeço aos Professores do Departamento de Geociências da Universidade Federal da

Paraíba, pela dedicação ao transmitir seus conhecimentos, contribuindo assim para a

formação de profissionais.

A Elvira secretária da Coordenação do Curso de Geografia, pela atenção prestada nos

momentos do qual precisei de sua ajuda, e apoio para esta pesquisa.

Agradeço com todo carinho a minha corajosa turma, pelos momentos tristes e alegres,

principalmente nos inúmeros trabalhos de campo realizados, meus amigos: Deyna, Jorge

Dutra, Cláudio Rogério, Mauro, Allyson.

A minha Orientadora Maria Odete Teixeira do Nascimento, pelo apoio e toda ajuda

prestada para elaboração deste Trabalho.

7

Resumo

A urbanização crescente é uma realidade brasileira. Esse processo vem ocorrendo fazendo

com que cada vez mais a população de baixa renda não tenha acesso aos direitos e garantias

fundamentais para sua sobrevivência. Essa urbanização traz consigo problemas que tem

afetado a vida da população na cidade. Nesse sentido a pesquisa em desenvolvimento tem

como objetivo verificar as diferenças existentes entre os cemitérios públicos distribuídos na

cidade de João Pessoa. Para realizar o estudo se fez necessário uma pesquisa documental,

através de levantamento bibliográfico, visitas in loco, entrevistas e posteriormente, a aplicação

de questionários. Essa pesquisa é de grande importância, uma vez que trata de uma

problemática que vem afetando os médios e grandes centros urbanos, no tocante ao lugar de

onde sepultar os seus entes queridos, e que notadamente a sociedade pessoense vem

enfrentando, pois, os espaços nos cemitérios públicos da cidade vêm cada vez mais

diminuindo.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Cemitério Senhor da Boa Sentença 19

Figura 02 Túmulos – Cemitério Senhor da Boa Sentença 19

Figura 03 Túmulo do ex-governador Ruy Carneiro 19

Figura 04 Capela e Salas para velórios do Cemitério do Cristo. 21

Figura 05 Túmulos e Ossários do Cemitério do Cristo 21

Figura 06 Capela do cemitério Santa Catarina 22

Figura 07 Vistas dos túmulos e ossários do cemitério Santa Catarina 22

Figura 08 Ruas internas São Jose 23

Figura 09 Túmulos Verticais São Jose 23

Figura 10 Capela do Cemitério São Sebastião 24

Figura 11 Túmulos do Cemitério São Sebastião 24

Figura 12 Cemitério Nossa Senhora da Penha – Ossários 26

Figura 13 Localização dos cemitérios públicos da cidade de João Pessoa 27

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Localização e extensão dos cemitérios públicos e privados 12

Tabela 02 Cemitérios Privados 12

Tabela 03 Distribuição das covas perpétuas e rotativas nos cemitérios de João Pessoa 13

Tabela 04 Sepultamentos nos cemitérios públicos de João Pessoa no ano de 2007 14

Tabela 05 Preços de alguns serviços nos cemitérios públicos de João Pessoa 15

Tabela 06 Preços de serviços em funerárias em João Pessoa 15

9

SUMÁRIO

1 Introdução 1

2 Referencial Teórico Conceitual 2

2.1 Breve histórico 2

2.2 Os cemitérios no Brasil 4

2.3 Cemitérios: Fonte de contaminação 5

2.4 Dia de finados 6

2.5 Densidades, Intensidades e Distribuição 8

3 Procedimentos Metodológicos 10

4 Resultados e Discussão 11

4.1 João Pessoa – Caracterização fisiográfica 11

4.2 Caracterização dos cemitérios e os custos dos ritos funerários na cidade

de João Pessoa

12

4.3 Localização, Descrição e Distribuição espacial dos cemitérios públicos de

João Pessoa

18

4.3.1 – Cemitério Público Senhor da Boa Sentença 18

4.3.2 – Cemitério Público do Cristo 20

4.3.3 – Cemitério Público Santa Catarina 21

4.3.4 – Cemitério Público São José 22

4.3.5 – Cemitério Público São Sebastião 24

4.3.6 – Cemitério público Nossa Senhora da Penha 25

5 Considerações finais 28

6 Referências Bibliográficas 30

Apêndices 32

Anexo 38

1 Introdução

10

O processo de urbanização crescente é uma realidade nacional e a cidade de João

Pessoa não está fora desta realidade. Esse processo ocorreu de forma assustadora nas

últimas décadas, fazendo com que cada vez mais a população de baixa renda não tenha

acesso aos serviços públicos de qualidade e garantias fundamentais para sua

sobrevivência. As conseqüências do processo inadequado de crescimento são dos mais

variados possíveis seja nos grandes centros urbanos seja nos pequenos centros que vai

desde a falta de condições sanitárias mínimas em muitas áreas; a ausência de serviços

indispensáveis à vida das pessoas nas cidades até a falta de espaço nos cemitérios

públicos.

A urbanização no Brasil, nas últimas décadas, tem consolidado redes urbanas

que se manifestam não somente pelo aumento do número de regiões metropolitanas,

mas também pelas novas formas de espacialização do processo. Os cemitérios enquanto

a cidade dos mortos representa uma dessas formas de organização espacial,

assemelhando-se com a organização da cidade dos vivos, conforme COELHO apud

REZENDE (2000) que diz “Quem faz os cemitérios não são os mortos, mas os vivos”.

Tais processos, portanto, não podem ser entendidos desvinculados das dinâmicas

não apenas econômicas, mas também sócio-espaciais. Estas dinâmicas metropolitanas

estão diretamente relacionadas com a produção e reprodução do espaço urbano. O

cemitério é um espaço onde a hierarquia econômica e social é muito nítida no seu

interior, e na cidade de João Pessoa, verificou-se tal dinâmica a partir das edificações,

tanto no aspecto da quadra a sua localização, como na suntuosidade das sepulturas dos

cemitérios visitados.

O aumento populacional da cidade de João Pessoa entre 1970 e 2000 foi mais de

100% segundo dados do IBGE, conseqüentemente o padrão de crescimento da cidade

resultante do seu processo de urbanização se acelerou fortemente nessas últimas

décadas. Essa aglomeração da população tem provocado mudanças drásticas na cidade.

Dessa forma, diante de tais problemáticas surgiu então o interesse de verificar

os cemitérios públicos na cidade de João Pessoa.

11

2 Referencial Teórico Conceitual

Para compreender os aspectos que envolvem a problemática de onde sepultar os

mortos, na cidade de João Pessoa – PB no cenário urbano onde o aumento populacional

é cada vez mais crescente e intervém no espaço e no cotidiano dos citadinos pessoenses,

se fez necessário um estudo da interação existente entre o elemento humano e o espaço

produzido no interior dos cemitérios. Os temas relevantes para o embasamento sobre a

temática incluem um pouco de história, historiados cemitérios no Brasil, incluindo

também os cemitérios como fonte de contaminação, além de discorrer um pouco sobre a

legislação que rege esse tipo de atividade, e conceitos básicos sobre densidades e

intensidades e distribuição espacial. Esse arcabouço dará segurança na descrição

referente à atividade cemiterial.

2.1 Breve histórico

Visto que os cemitérios da cidade de João Pessoa constituem o objeto em

observação de nossa pesquisa, faz-se necessário entender o que é um cemitério.

Segundo CAMPOS, pg. 16, 2007, “a palavra cemitério, originária do grego,

koumeterian e do latim coemeterium, significa dormitório, lugar onde se dorme recinto

onde se enterram e guardam os mortos e tem como sinônimos as palavras necrópole,

carneiro, sepulcrário, campos-santos, cidade dos pés juntos e última morada.”

A relação do homem com a morte tem passado por grandes transformações ao

longo da história, revelando, assim, sua cultura através dos costumes e práticas

funerárias. Alguns pesquisadores acreditam que existam duas modalidades de morte, a

morte biológica e a cultural, como podemos encontrar em CAMPOS, 1988:

Morte natural e morte cultural consistem nas duas modalidades de comportamento social frente à finitude do homem. A primeira tem uma natureza imediata, pois se reduz ao reconhecimento de que o ser feneceu biologicamente. (...). A morte cultural é o movimento através do qual os sobreviventes confirmam socialmente a morte biológica, inauguram o status ontológico espiritual do morto, portanto, o que se considera morte aqui é a “consciência” que se tem dela. Ela representa um processo de hominização que supera a simples condição fisiológica da morte e a lança na esfera da cultura.

12

Fazendo um retrospecto no tempo tem-se registrado pelos estudiosos da temática

que os primeiros cristãos eram sepultados em catacumbas em galerias subterrâneas no

período em que eram perseguidos. Por outro lado o sepultamento em terra possuía um

significado importante, pois para os cristãos os cemitérios eram considerados lugares

santos.

Por esse motivo que ao longo da Idade Média passara a enterrar seus mortos não

mais em cemitérios abertos, mas, sim próximos as igrejas ou em seu interior, no entanto

nem todas as pessoas poderiam ter seus corpos depositados nesses lugares, que passou a

serem privilégios de alguns, principalmente aqueles que possuíam influência na

sociedade, e assim permaneciam entre os vivos no solo sagrado das igrejas. E cada vez

mais as igrejas foram cedendo espaço para essa prática.

Com o passar do tempo os espaços dentro das igrejas foram diminuindo. As

grandes epidemias que atingiu todo o território europeu como, por exemplo, a Peste

Negra no século XIV provocando a morte de milhares de pessoas em pouco tempo

(meses), deixando dessa forma os cemitérios abarrotados, o que forçou a construção dos

cemitérios fora das igrejas.

Mas foi a partir do século XVIII que se iniciou às grandes transformações

redefinindo os espaços para os cemitérios, devido à grande preocupação de alguns

médicos no que diz respeito à saúde do ser humano, devido aos problemas causados

pelos corpos que estavam em processo de decomposição, pois emanavam gases para a

atmosfera, pondo em risco a população do lugar constituindo um vetor transmissor de

doenças. Com isso, por medidas sanitárias, os sepultamentos passaram a ser realizados

em área aberta, nos chamados campos-santos. Coube então aos higienistas da época

difundir as noções de miasmas e fundamentarem essa nova maneira de pensar e agir.

O processo de urbanização cada vez mais crescente e acelerada associado ao

crescimento e desenvolvimento das cidades foram importantes razões para a criação dos

cemitérios coletivos a céu aberto, haja visto que o crescimento populacional

desenfreado não permitia mais o sepultamento em capelas e igrejas, que já não

comportavam o aumento da demanda.

13

2.2 Os cemitérios no Brasil

No Brasil, assim como na Europa, a prática de sepultar os seus mortos ocorria da

mesma forma, pois durante o período colonial não havia ainda cemitérios no Brasil. As

pessoas geralmente eram sepultadas sob o piso ou nas paredes das igrejas e dos

conventos, como descreve FREITAS, (2006):

É impossível falar da história dos cemitérios sem falar dos costumes fúnebres. No Brasil, desde a colônia, foi instituído o sepultamento eclesiástico, que se manteve em vigor até meados do século XIX. Era assim que a maioria da população era sepultada. Esse costume testemunhava aquela familiaridade entre vivos e mortos, aquele convívio próximo no espaço que durante muito tempo foi característico do modo como a morte e os mortos foram percebidos em muitas sociedades ocidentais. Eles permaneciam entre os vivos, no espaço sagrado da Igreja.

Esse hábito veio transferido pelos colonizadores principalmente os portugueses,

isso porque os cristãos católicos acreditavam que se não fossem enterrados dentro da

igreja, ou em suas imediações, não alcançariam a graça de Deus. E outro ponto

interessante é que a segregação no interior das igrejas era muito forte e nítida, de forma

que quem mais contribuísse com donativos para a igreja teria o direito de ser enterrado

mais próximo do altar-mor.

Em João Pessoa, por exemplo, temos a Igreja da Misericórdia, que possui restos

mortais em seu interior de pessoas da sociedade nobre e de religiosos, que por sinal

encontra-se em salas separadas que podem ser observadas diariamente pelas pessoas

que freqüentam o recinto.

Esse costume foi mudando a partir do momento em que as questões higienistas

que se espalharam pela Europa, chegaram ao Brasil em meados do século XIX. Na

cidade do Rio de Janeiro, em decorrência conseqüências da febre amarela, os cadáveres

foram sepultados fora das igrejas passando a ocupar os recém-criados cemitérios

públicos afastados da cidade. Com essa difusão das novas noções de higiene, passou a

ser comum evitar o contato dos vivos com os lugares ocupados pelos mortos por medo

de contaminação de doenças. Assim, aos poucos, o espaço dos mortos foi se

enquadrando às novas determinações sanitárias e sofrendo significativas mudanças.

Com isso, começaram a surgir leis que determinavam a criação de cemitérios

municipais, tendo o seu funcionamento apenas a partir de 1850. Essa legislação também

14

contemplava a existência de cemitérios particulares, pertencentes às irmandades. Em

virtude do predomínio do catolicismo no país e o fato da Igreja Católica ser a religião

oficial, os protestantes, estrangeiros e brasileiros de baixa renda, enfrentavam sérios

entraves ou empecilhos no diz respeito ao acesso a esse tipo de serviço, pois os mesmos

não tinham direito de sepultar os seus entes queridos nesses locais.

2.3 Cemitérios: Fonte de contaminação

Nos últimos anos, vem sendo verificado estudos que se preocupam com os

impactos causados pelos resíduos gerados pelos mortos. Buscam-se assim, parâmetros

no tocante à operação e a localização dos cemitérios, já que estes são fontes de

contaminação de mananciais hídricos e do solo. PACHECO (1986) apud MATOS

(2001) informou a “necessidade de implantação cuidadosa de cemitérios e fixação de

faixas de proteção sanitária como forma de garantir a preservação das águas

subterrâneas e o uso potável das mesmas”.

Os cemitérios comparam-se a um aterro sanitário para lixos domésticos, uma

vez que as matérias que ali estão sendo enterradas são orgânicas, carregadas de

bactérias, vírus de todas as espécies, contendo ainda, dependendo da causa morte,

materiais pesados advindos de próteses, materiais das urnas entre outros que contribuem

para essa ação poluidora.

Hoje uma das maiores preocupações dos ambientalistas está ligada ao

necrochorume - liquido que é liberado pelo corpo em decomposição, processo de leva

em média dois anos e meio. Este composto é eliminado durante o primeiro ano após o

sepultamento, e trata-se de um escoamento viscoso, com a coloração acinzentada.

Segundo CAMPOS (2007) um corpo em decomposição pode liberar cerca de 30 litros

de necrochorume composto basicamente de água, sais minerais e substâncias orgânicas

biodegradáveis, como a putrescina e cadaverina, que com a chuva pode atingir o

aqüífero freático contaminando toda a região abastecida por ele, como explicita

ROMANÓ, 2005:

A infiltração e percolação das águas pluviais através dos túmulos e solo provoca a migração de uma série de compostos químicos orgânicos e inorgânicos através da zona não saturada, podendo alguns destes compostos atingir a zona saturada e, portanto poluir o aqüífero

15

Além desses agravantes citados anteriormente como formas de contaminação,

existem também as conseqüências da ação micro-orgânica presentes no solo e subsolos

dos cemitérios que podem afetar a população que esteja em contato direto sem nenhuma

proteção e aqui se faz menção principalmente aos profissionais que executam atividades

como é o caso dos coveiros. Os mesmos estão expostos a contaminação de doenças

como é o caso da cólera, febre tifóide, hepatite, pneumonia, disenteria, doenças

respiratórias, paratifoíde, diarréia, doenças dermatológicas.

No que diz respeito aos cemitérios parques, por exemplo, o necrochorume não

entra em contato com o solo, pois é depositado em gavetas e depois se evapora os

parques não são diferentes dos cemitérios tradicionais, ou seja, também podem poluir os

lençóis freáticos, desde que estejam localizados em áreas vulneráveis a esse tipo de

atividade.

2.4 Dia de finados

O Dia de Finados é um dia em que a visitação aos cemitérios aumenta muito,

pois a nossa sociedade reserva um dia de devoção para aqueles que já não produzem e

nem consomem, nesse dia a população retoma um contato simbólico com seu ente

querido, seja fazendo orações ou com o acender de velas. Valem ressaltar que este dia

também se registra o encontro das famílias, principalmente parentes distantes que

aproveitam o dia de finados não só para visitar os mortos, mas para visitar parentes que

há muito tempo não se encontram.

Segundo Cascudo (1954), “não se caça nem se pesca no dia 2 de novembro,

dia dos Mortos”. As superstições existentes sobre o Dia de Finados no Brasil, é datado

desde o período de sua colonização deixados pelos Portugueses, superstições como por

exemplo que não se deve caçar e nem pescar nesta data, ao sair de um cemitério deve-se

bater os pés três vezes seguidas para não levar resíduos do mesmo e nenhuma alma lhe

acompanhar. As assombrações e cortejos fúnebres, visitas macabras de esqueletos e

caveiras pertencem a esse dia simbólico, tais superstições aparecem tanto nas cidades

litorâneas como nas interioranas. Existem ainda as crendices populares sobre a

decoração de túmulos e a visita aos cemitérios, e verifica-se que estas crendices ocorrem

com uma maior incidência nas cidades do interior.

16

A decoração dos túmulos e a visita aos cemitérios ambientam, no espírito

popular, crendices incontáveis. As sepulturas são cobertas de flores, com exibição de

castiçais de prata, velas acesas, limpeza dos túmulos e mausoléus, e no caso do setor da

população mais carente se faz à limpeza do mato, aguação da jardineira e a cova de

terra.

Foi constatado ainda que além do Dia de Finados outros dias do ano são

considerados de bastante movimentação nos cemitérios, como o Dia das Mães e Dia dos

Pais, tanto na movimentação de pessoas que vão rezar (orar), visitar, seus parentes ou

amigos, como também no setor do comércio ambulante (flores, arranjos, vasos, velas,

coroas, lanches, fósforos, sorvetes, etc.), há ainda nestas datas a limpeza interna e

externa realizada com mais zelo pela administração dos referidos Cemitérios.

No caso do cemitério Senhor da Boa Sentença dois túmulos são bem

visitados o do Padre Zé Coutinho, que dedicou a sua vida a ajudar os pobres é tanto que

se tem na cidade João Pessoa um hospital de mesmo nome para atender a população de

baixa renda, e surgiu com um serviço voluntário e sobrevive de doações, e o túmulo da

menina Maria de Lourdes, que até hoje se atribui alguns milagres para ela.

O que para alguns o Dia de Finados é sinônimo de religiosidade, para outros

como os ambulantes tem acima de tudo um significado de sobrevivência. De um lado a

manifestação da devoção, por outro o desejo do capitalismo que transforma a morte em

mercadoria, pois existe todo um comércio que envolve o cadáver, no momento do

sepultamento e pós-sepultamento, desde todo ritual da escolha da urna e o “enxoval”

necessário para o morto até as taxas que serão pagas no cemitério. Em seguida se tem a

conservação dos túmulos e covas sejam elas permanentes ou rotativas respectivamente.

Para as economias capitalistas o cadáver em si não representa mais nada,

pois ele não consome e não produz, está fora do ciclo de reprodução de capital,

entretanto gira em torno dele (o cadáver) em virtude de sua morte toda uma circulação

de capital, e valoração da propriedade privada no que diz respeito ao uso e ocupação do

espaço, a começar pela terra que tem um valor muito alto nos cemitérios.

O movimento nos cemitérios nos dias de maior visitação se inicia na

madrugada do dia que antecede a data escolhida, há toda uma montagem do espaço

comercial pelos ambulantes na parte externa, com barracas de lanche, venda de velas e

17

fósforos e adereços, barraca de flores e confecção de coroas. Além desses existem os

ambulantes volantes no interior do recinto vendendo os serviços como limpeza dos

túmulos e mausoléus, pintura das cruzes, entre outros.

Neste dias comemorativos as pessoas que trabalham no setor informal, na

conservação e limpeza dos túmulos, ganham sempre um dinheiro extra pois os serviços

possuem valores diferenciados, dependem da situação financeira do contratante – “Esse

é observado pelo túmulo, pois se for suntuoso aquela família é mais abastarda,” e do

tamanho do túmulo, tais valores variam entre o tamanho e o tipo do serviço a ser

realizado, como por exemplo, pintura de um túmulo vai de R$ 50,00 a R$ 400,00,

alguns chegam a informar que ganham cerca de R$ 400,00 a R$ 800,00 por mês. Eles

trabalham livres sem ter que bater cartão, sem fiscal, e sem ninguém pegando no pé,

mais no final eles tem que entregar o serviço realizado, e bem feito senão também não

recebe.

2.5 Densidades, Intensidades e Distribuição.

A paisagem urbana é composta de elementos que se articulam e se inter-

relacionam. Segundo CARLOS, 2001, “A paisagem urbana é a expressão da “ordem” e

do “caos”, manifestação formal do processo de produção do espaço urbano, colocando-

se no nível do aparente e imediato”. Estando nosso objeto de estudo no cenário urbano,

é necessário descrever a paisagem em que este está inserido.

DOLFUSS (1973) aponta o valor e a importância de realizar um estudo de

determinado lugar a partir da descrição da paisagem. No entanto não se pode lhe atribuir

qualquer valor se faz necessário observar as diferenças e singularidades estabelecendo

as relações existentes entre seus elementos. Para isso devem-se fazer uso de alguns

documentos como mapas, fotografias aéreas, software, imagens de satélite, porém

diante de todos os mais sofisticados recursos não se deve dispensar a visita in loco.

O autor (op. cit. p.95) enfoca ainda que o “conhecimento das densidades

constitui um elemento fundamental de referência”, ou seja, é necessário que se

conheçam as densidades e intensidades de um determinado fenômeno que intervém

sobre a paisagem fazendo as correlações e as inter-relações existentes, onde se procura

18

investigar a freqüência das densidades, localizando-as, e a partir daí pode-se então

estabelecer as modalidades de organização social e territorial de um determinado lugar.

Neste sentido é perceptível a organização tanto social quanto territorial da cidade

dos mortos em comparação com a cidade dos vivos. A forma de como essas duas

cidades está territorialmente estruturada são similares. E um ponto que chama bastante

atenção é a segregação no que diz respeito às edificações. No interior dos cemitérios da

cidade de João Pessoa essa segregação é muito nítida, as famílias com melhores

condições de vida possuem túmulos perpétuos e com edificações suntuosas os mais

pobres são sepultados em covas rotativas. O processo de urbanização cada vez mais

crescente e conseqüentemente o seu adensamento populacional tem sido motivo de

preocupação constante por parte dos gestores da cidade, pois a densidade populacional

dos cemitérios tem levado os gestores municipais a criar mecanismos variados na

tentativa de minimizar essa problemática.

Outro aspecto de fundamental importância é verificar a disposição dos

cemitérios no espaço urbano, a fim verificar como estes estão distribuídos no espaço,

posto que “o fim primordial da geografia é descrever e explicar a distribuição dos

fenômenos na superfície da Terra”. (HARVEY, 1983, p.132).

19

3 Procedimentos Metodológicos

O primeiro passo da pesquisa foi elaborar um levantamento bibliográfico no

tocante a temática escolhida para a realização da pesquisa.

Em seguida realizamos os trabalhos de campo, em que estes tiveram suas etapas

e objetivos definidos a priori em gabinete, que eram o de observar a e realizar registros

fotográficos mostrando os cemitérios, túmulos e suas edificações.

Para a aquisição de algumas informações foi realizado entrevistas junto aos

funcionários dos cemitérios, e com o Diretor da Divisão de Cemitérios- DICEM, Sr.

José Zênio.

Para localização e distribuição dos cemitérios no espaço urbano de João Pessoa

utilizamos imagens de satélites disponíveis no Google Earth.

Para uma entender a relação do aspecto cultural da morte e com a econômica,

realizamos uma pesquisa de preços de arranjos de flores, velas, fósforo, grinaldas, nas

datas de maiores visitação a cemitérios, como dias das mães e dias dos pais.

20

4 Resultados e Discussão

4.1 João Pessoa – Caracterização fisiográfica

O município de João Pessoa localiza-se na porção mais oriental da Paraíba,

estado da região nordeste brasileira, entre as coordenadas de 08°07= de latitude Sul e 34°

52= de longitude Oeste na mesorregião da zona da mata paraibana e na microrregião de

João Pessoa com uma área total de 210,45 km5 (0,3% da superfície do Estado). Com

uma população estimada de 576.496 Hab. Limita-se ao Norte com o município de

Cabedelo através do rio Jaguaribe; ao Sul com o município do Conde pelo rio

Gramame; a Leste com o Oceano Atlântico; e a Oeste com os municípios de Bayeux

pelo rio Sanhauá e Santa Rita pelos rios Mumbaba e Paraíba, respectivamente.

No que tange a caracterização física da cidade, podemos encontrar em

SOBREIRA (2006) a sua descrição:

Assim, tem-se uma mancha urbana (João Pessoa) que está assentada geormorfologicamente sobre os baixos Planaltos Costeiros, relevo esse suavemente ondulado e que conta com vales dos rios encravados nesse Planalto – áreas públicas de preservação permanente. A cidade encontra-se entre o nível mais baixo do rio Sanhauá que corresponde à zona estuarina e o mar, tendo como resultado um prolongamento de material sedimentar que acumulado formou a restinga de Cabedelo, e nessa restinga está assentada sobre ela a cidade que leva o mesmo nome, estando conurbada, pois as linhas demarcatórias entre um município e outro são contempladas por zonas de ajuntamento de residências, salvaguardando o acidente geográfico que é o baixo do rio Jaguaribe, rio urbano em fase de sufocamento pela presença da ocupação urbana

Ainda com relação à caracterização física da cidade, verificamos que a cidade

tem um clima quente e úmido, AS’ segundo a classificação climática de Koppen, com

temperatura média de 26°. A estação chuvosa coincide com o inverno, estado nos meses

de maio, junho e julho o trimestre com maior intensidade e densidade de chuvas.

21

4.2 Caracterização dos cemitérios e os custos dos ritos funerários na cidade de

João Pessoa

A administração dos cemitérios públicos da cidade de João Pessoa é feita pela

Divisão de Cemitérios – DICEM, que é uma unidade da Secretaria de Desenvolvimento

Urbano – SEDURB. A cidade conta atualmente com seis cemitérios públicos e dois

privados do tipo parque, como mostram as tabelas 1 e 2.

Cemitérios Localização Área (m²) Ano de Fundação

Senhor da Boa Sentença Varadouro 60.000 1930

Nossa Senhora da Penha Penha 1.332 1931

São Sebastião Valentina de Figueiredo 1.250 1951

Santa Catarina Bairro dos Estados 9.522 1959

São José Cruz das Armas 16.734 1952

Cristo Cristo Redentor 26.656 1970

Tabela 1: Localização e extensão dos cemitérios públicos e privados

Cemitérios-Parques Localização Área (ha) Ano de Fundação

Parque das Acácias Cj. José Américo de Almeida

25 2001

Jardim das Mangabeiras Mangabeira II 12 2006

Tabela 2: Cemitérios Privados

A organização espacial dos cemitérios é semelhante a um bairro, com quadras,

ruas e construções. Segundo (COELHO, 1991) apud (REZENDE, 2000):

“Quem faz os cemitérios não são os mortos, mas os vivos. E fazem-nos não apenas para os mortos, mas também (para não dizermos sobretudo) para os vivos. Por isso, a organização da ‘cidade dos mortos’ (com suas avenidas, os diferentes tipos de ‘habitações’ que contém, a forma de as embelezar, as suas relações de vizinhança, a hierarquização dos seus espaços) obedece a critérios semelhantes à ‘cidade dos vivos’. Assim, os cemitérios funcionam como espelhos das aldeias, vilas ou cidades que os produzem.”

De maneira geral 83% dos cemitérios de João Pessoa são mistos, ou seja,

22

cemitérios e necrópoles. No setor das necrópoles as edificações são do tipo mausoléu e

túmulos de jazigo familiar perpétuo que se refere à população de poder aquisitivo maior.

No setor dos cemitérios propriamente dito, as covas são de terra, e geralmente o

sepultamento neste setor é da população mais carente ou ainda daqueles que não

adquiriram o terreno próprio. Essa segregação é muito nítida no interior dos cemitérios e

necrópoles. Nos cemitérios parques que podem ser encontrados na cidade, como é o

caso dos cemitérios Parque das Acácias e Mangabeiras, maior parte dos sepultamentos

são de pessoas oriundas da classe média- alta visto o alto custo que é cobrado por cada

sepultamento.

Todos os cemitérios públicos de João Pessoa sofrem com a falta de espaço para

novos túmulos, sendo necessário adotar o sistema de covas rotativas, em que em alguns

cemitérios o número desse tipo de covas é bem maior que número de covas perpétuas,

como é o caso do cemitério do Cristo, como pode ser observado na tabela 3.

Cemitério Covas perpétuas Covas rotativas

Boa sentença 12.500 300

Cristo 1.691 2.400

Santa Catarina 1.349 890

São José 1.395 1.175

São Sebastião 206 70

Nossa senhora da penha 105 99

Total 17.246 4.934 Tabela 3: Distribuição das covas perpétuas e rotativas nos cemitérios de João Pessoa

Desde 2007 está sendo feito um recadastramento nos cemitérios para desocupar

as covas rotativas que já deveriam estar livres e os restos mortais colocados em

ossuários. Dado que este cadastramento não existia, era difícil para a SEDURB

controlar a demanda. Atualmente estão prontos os cadastramentos e a informatização

dos dados dos cemitérios do Cristo, São Sebastião e São José. Há previsão de conclusão

destes trabalhos no outros três cemitérios é de até o final de 2009.

A taxa de mortalidade da cidade de João Pessoa é de aproximadamente 1% ao

23

ano, e os cemitérios públicos de João Pessoa, possuem capacidade física de atender esta

demanda até 2020. Conforme informações adquiridas através do Secretário da

SEDURB, são realizadas em média anualmente em João Pessoa cerca de 3.000

sepultamentos, como podemos ver na tabela 4.

Meses/2007

Boa Sentença

Santa Catarina

Cristo Redentor

São José

São Sebastião

Nossa S. da Penha

Total Geral /Mês

JAN 71 50 53 81 04 03 262

FEV 75 44 45 58 02 05 229

MAR 71 43 61 72 03 07 257

ABR 58 38 60 61 04 05 226

MAI 57 48 62 72 02 06 244

JUN 77 44 69 75 01 03 269

JUL 65 39 61 68 Interditado 04 237

AGO 55 33 71 63 Interditado* 03 225

SET 70 47 75 75 03 03 273

OUT 73 52 69 64 03 01 262

NOV 66 42 68 79 02 02 259

DEZ 72 42 59 71 02 06 252

Total P/Unid Anual

810 522 753 839 26 45 2995

Tabela 4: sepultamentos nos cemitérios públicos de João Pessoa no ano de 2007.

Assim, podemos ver que o número de sepultamentos em cemitérios Públicos em

João Pessoa no ano de 2007 foi de 2995 sepultamentos, correspondendo a 0,44 do

índice populacional. Os meses de julho e agosto houve a interdição do cemitério São

Sebastião em virtude da grande volume de chuvas que ocorreu nesse período.

Com relação aos custos dos serviços funerários, existe uma tabela de preços

afixada pela própria SEDURB/DICEM, a qual podemos visualizá-la na tabela 5. Nesses

24

valores esta diferenciado o do cemitério Senhor da Boa Sentença, por ser o mais antigo

e tradicional cemitério da cidade e o mais procurado.

Serviços Cemitério Senhor da Boa Sentença

Demais Cemitérios

Públicos Separação covas rotativas 25,00 11,50

Separação em túmulos 37,00 18,50

Exumação em covas rotativas 25,00 11,50

Exumação em túmulos 37,00 18,50

Licença ossuário 50,00 25,00

Taxa de transferência de terreno 117,00 59,00

Terreno perpétuo 578,80 289,40

Velório (ocupação) 25,00 13,00

Entrada e saída de ossário 25,00 11,50

Transferência de ossário 50,00 25,00

Sepultura de anjo 13,00 6,00

Licença de construção de terreno 40,00 20,00

Licença de construção de mausoléu 50,00 30,00

Tabela 5: preços de alguns serviços nos cemitérios públicos de João Pessoa.

Também relacionado aos custos dos serviços funerários, podemos encontrar na

tabela 6 uma média de preços de diversos serviços a partir de uma pesquisa realizada

em 6 funerárias da cidade.

Descrição Preço R$ Formolizão de cadáver 150,00

Urna simples 450,00

Urna média 550,00

Urna de luxo A partir de 1.000,00

Urna infantil A partir de 60,00

Coroa de flores – pequenas 50,00

Coroa de flores-média 80,00

25

Coroa de flores grandes 120,00

Flores 80,00

Véu 15,00

Terço 5,00

Translado por km 2,00

Mortalha 80,00

Taxa de cemitério 11,50 Tabela 6: Preços de serviços em funerárias em João Pessoa

Outras informações relevantes se referem aos procedimentos funerários que

devem ser realizados logo após o falecimento.

O primeiro procedimento que deve ser tomado logo após o falecimento de um

indivíduo é a emissão de seu atestado de óbito, documento este que é expedido pelo

médico, atestando a causa da morte.

Se o falecimento ocorrer em hospital e se houver médicos acompanhando o caso,

o atestado de óbito será fornecido pelo próprio médico atendente.

Se a morte ocorrer em casa, (repentina), sem assistência médica, a família deverá

procurar o distrito policial mais próximo e solicitar a remoção do corpo para o SVO

(Serviço de Verificação de Óbitos), a quem caberá a declaração do atestado de óbito.

Se a morte for violenta, a família deverá solicitar junto ao SVO a remoção do

corpo para o Departamento de Medicina Legal – DML que emitirá a declaração de

óbito, após a autopsia do corpo.

Para obtenção da certidão de óbito, o funcionário da agência funerária

contratada, colherá os dados sobre o falecido, junto a pessoa contratante do funeral e

encaminhará esses dados ao Cartório de Registro Civil do distrito onde ocorreu a

morte, a certidão de óbito e entregue na hora, não é cobrado taxa nenhuma, e o

documento é gratuito, tendo a família do falecido um prazo de quinze dias para

providenciá-lo.

Após emitido o atestado de óbito e a Certidão de Óbito, é feito pelo funcionário

contratado da funerária os passos para o sepultamento, indo ao cemitério escolhido pela

família (contratante), e providenciar o sepultamento.

26

Em casos onde a família prefere fazer o translado do corpo para um cemitério

fora da cidade de origem do corpo, a funerária cobra o translado por Km, sendo

necessário providenciar a documento de liberação do corpo em qualquer delegacia da

cidade de onde o corpo está saindo. Este documento é preciso para apresentar junto ao

policiamento rodoviário estadual no caso da Paraíba se tem a MANZUÁ (Polícia

Militar).

27

4.3 Localização, Descrição e Distribuição espacial dos cemitérios públicos de João

Pessoa

4.3.1 – Cemitério Público Senhor da Boa Sentença

O cemitério Público Senhor da Boa Sentença, que até a década de 1930 era

administrado pela Santa Casa de Misericórdia, está localizado no bairro do Varadouro,

na Rua Sebastião de Oliveira Lima, s/n, em frente à Praça Dois de Novembro. É

atualmente o Cemitério mais antigo da cidade, sendo anteriormente o mais antigo o

cemitério da Igreja da Misericórdia, onde atualmente esta o banco Bradesco na Rua

Duque de Caxias.

O cemitério Senhor da Boa Sentença possui uma área de 60.000 m², com

aproximadamente 12.000 túmulos fixos e 5.000 ossários. Devido à grande demanda,

não ocorre mais a venda de túmulos perpetuo e sim de covas rotativas (2 anos),

existindo atualmente cerca de 300 covas rotativas disponíveis, e espaço ainda para 1.000

ossários. As taxas destes serviços são definidas pela DICEM.

O cemitério também conta com um anexo que foi construído visando solucionar

a sua Alta Densidade. Como a construção do anexo não supriu a demanda, posto que

encontramos uma média de 4 sepultamentos diários, há uma pretensão da Prefeitura

Municipal comprar o terreno pertencente à antiga fabrica Matarazzo para mais uma

ampliação do cemitério.

O administrador do cemitério é o Senhor Alberto Crisi, que esta na função a

cerca de três anos, conta com 15 funcionários. A vigilância do cemitério é precária,

ocorrendo assaltos em horário diurno, e furtos de peças de túmulos tanto no horário

diurno como no noturno.

O cemitério conta com uma boa infra-estrutura, dispondo de duas salas de

velórios, ruas de acesso aos túmulos são todas calçadas e arborizadas, e na rua principal

existe uma capela para atos ecumênicos. (Foto 1).

28

Figura 1: Cemitério Senhor da Boa Sentença Figura 2: Túmulos – Cemitério Senhor da Boa Sentença

Muitos túmulos constituem majestosos monumentos (Foto 2), alguns com cerca

de quatro metros de altura por quatro de largura. Sendo um dos cemitérios mais

tradicionais da cidade, podemos encontrar o túmulo de diversas personalidades

paraibanas, tais como Antonio Mariz, Tarcisio de M. Burity, Antenor Navarro, Ruy

Carneiro (Foto 3), e várias personalidades paraibanas. Os túmulos mais visitados são o

do Padre Zé e da menina Maria de Lourdes, ambos ditos como milagreiros.

Figura 3: Túmulo do ex-governador Ruy Carneiro

29

Um dos funcionários mais conhecido do cemitério pela comunidade que

freqüenta o local é o coveiro Batista que trabalha ali a mais de 30 anos. Batista conta

histórias engraçadas, “como a do rapaz que ao sepultar sua esposa, se jogou dentro da

cova pedindo para ser enterrado junto com ela”, saiu com os esforços do Sr. Batista e

dos familiares.

4.3.2 – Cemitério Público do Cristo

O cemitério do Cristo, localizado no bairro do Cristo Redentor, na rua dos

milagres s/n, fundado na década de 1970, é um dos mais novos cemitérios de João

Pessoa. Com uma área de 26.656m² o cemitério conta com uma capela e duas salas

pequenas para velórios (Foto 4). Os túmulos possuem dimensões de 2,20 cm de

comprimento por 0,80 cm de largura e 1,10 cm de profundidade.

Até a década de 1990 o cemitério atendia apenas aos bairros do Rangel e Cristo.

Atualmente, os cemitérios atende a vários bairros, sendo os de maiores procura para

sepultamentos: Rangel 40%, Cristo 30%, Geisel 8%, Jose Américo 6%, outros 16%.

Em setembro de 2007, a Prefeitura Municipal iniciou a construção de 560 novos

túmulos verticais e 468 novos ossários (Foto 5). Os túmulos foram construídos com

uma inclinação de 5º para que o necrochorume escoe para a parte traseira do túmulo que

é impermeabilizada com concreto, o que evita a contaminação do solo. Tais

procedimentos estão de acordo com que estabelece a Resolução 335 – CONAMA. (Ver

anexo 1). De acordo com o Diretor da DICEM, Sr. José Zênio, as casas mortuárias serão

informadas para reforçar com maior quantidade de tecidos no fundo dos caixões, para

ajudar na absorção desse líquido.

30

Figura 4: Capela e Salas para velórios do Cemitério do Cristo.

Figura 5: Túmulos e Ossários do Cemitério do Cristo

Devido ao fato de que os cemitérios públicos de João Pessoa estão quase

atingindo a sua capacidade máxima, o cemitério do Cristo, que tem uma média de 3

sepultamentos ao dia, não está mais vendendo túmulos permanentes.

Não foi observado separação de sepulturas ou monumentos por religião, em que

podemos destacar apenas o túmulo da loja Maçônica, localizado logo na entrada na rua

principal. A faixa etária dos sepultados é baixa, pois ocorre um alto índice de violência

no bairro devido às condições econômicas dos moradores, levando assim a existir uma

alta taxa de criminalidade entre os jovens.

O cemitério do Cristo conta apenas com vigilância diurna, o que favorece a

ocorrência de furtos de peças dos túmulos durante o período noturno.

4.3.3 – Cemitério Público Santa Catarina

O cemitério público Santa Catarina está localizado no Bairro dos Estados na Rua

Santa Catarina s/n, tendo sido construído em outubro de 1959. Com uma área de

aproximadamente 9.522m², o cemitério conta com 1.349 covas perpetuas e 1.175 covas

rotativas, com aproximadamente 600 ossuários. Também dispõe de ruas internas de

acesso com pavimentação e placas de localização, bem como uma capela na entrada

pela rua principal, uma área para administração, uma pequena área para velório. (Fotos

31

6 e 7) No que diz respeito à limpeza interna é feita diariamente, a parte de limpeza dos

túmulos é feita pelos familiares.

Figura 6: Capela do cemitério Santa Catarina. Figura 7: Vistas dos túmulos e ossários do cemitério Santa Catarina.

O cemitério de Santa Catariana, junto com os do Cristo e São Sebastião, são os

únicos cemitérios que estão com os registros de sepultamentos atualizados e

informatizados pela DICEM. Este trabalho começou a partir de fevereiro de 2006, pois

antes os dados eram arquivados manualmente, acarretando atraso e algumas

irregularidades como, por exemplo, covas rotativas sem identificação, como também

covas rotativas em que os familiares não retiraram os restos mortais de seus entes e não

colocando-os em ossuários, para deixar espaço para outro sepultamento, ato este que

agora está começando a ser corrigido pela DICEM. A maioria dos sepultamentos é dos

bairros dos Estados, dos Ipês, 13 de maio, Padre Zé, Torre.

4.3.4 – Cemitério Público São José

Localizado na Avenida Cruz das Armas s/n, no bairro de Cruz das Armas, o

cemitério público São José é um dos mais antigos da cidade, data de sua fundação

14/02/1950. Não foi verificado acúmulo ou vazamento de necrochorume, e não existe

capela como é comum na maioria dos cemitérios.

Possui quatro funcionários além do Administrador, Sr. Sérgio, dois funcionários

na área administrativa, e dois coveiros. Um dos coveiros é o Sr. Isidro, com mais de dez

anos na função, o mesmo relata fatos interessantes, como o de uma senhora que gostava

32

e criava muitos gatos e, ao morrer, sua sepultura ficou sendo visitado por alguns gatos

por alguns dias ele diz que eram os gatos que ela criava.

O cemitério São José compreende uma área de 16.734 m², não havendo túmulos

separados por religião. As ruas de acesso no seu interior são todas pavimentadas (foto

08) com iluminação satisfatória. Conta também com vigilância interna, o que não evita

a ocorrência de furtos de objetos e depredações dos túmulos.

Existem atualmente 1.395 covas perpétuas e 1.175 covas rotativas. No entanto,

como o cemitério está quase atingindo a sua capacidade máxima, existem apenas cinco

covas rotativas vagas, não ocorrendo mais a venda de túmulos perpétuos. Em agosto de

2002, foi construído um anexo para solucionar a problemática da falta de espaço ( foto

09). A procura pelo cemitério deve-se ao fato do alto índice de criminalidade e uso de

drogas do Bairro de Cruz de Armas, pois no levantamento feito pela DICEM a faixa

etária dos sepultados é de aproximadamente 30 anos.

Foto 08: Ruas internas São Jose Foto 09: Túmulos verticais

Em virtude desses fatos, o cemitério São José encontra-se em processo de

controle de covas rotativas serviço este que é realizado pela DICEM, pois muitas covas

já passaram dos dois anos como estabelece a legislação e muitos familiares não

autorizaram a retirada dos restos mortais para colocá-los em ossuários.

33

4.3.5 – Cemitério Público São Sebastião

Localizado no Conjunto Valentina Figueiredo, na Rua Domingos José da

Paixão, rua de acesso a praia do sol e a PB 008 que vai para a praia de Jacumã. O

cemitério São Sebastião foi construído em 1951, na Administração de Oswaldo Pessoa.

Na época o conjunto Valentina Figueiredo não existia oficialmente sendo apenas

formado por granjas e sítios. Com uma área de 1.250 m², possuindo uma pequena

Capela, e uma sala de velório ao seu lado. (Foto 10) Os túmulos em sua maioria são

simples, em que muitas vezes são apenas identificados com uma cruz (Foto11).

Figura 10 :Capela do cemitério São Sebastião Figura 11: Túmulos do Cemitério São Sebastião

Há poucos meses um novo recadastramento pela DICEM para a retirada dos que

restos mortais que já deveriam estar em ossários, deixando espaço para novos túmulos

provisórios.

Existem cerca de 210 túmulos perpétuos e 70 túmulos rotativos, contando com

poucos ossários. Há espaço nas laterais para construção de mais ossários, no entanto não

há previsão para tal construção, ainda que isto seja uma necessidade urgente, visto que o

São Sebastião esteja como os demais cemitérios públicos de João Pessoa, lotado.

A construção do cemitério foi feita sem um levantamento topográfico a priori, o

que propicia o alagamento nos períodos de fortes chuvas. Os moradores do conjunto

dizem popularmente que os mortos aí enterrados morrem duas vezes, a 11 quando vem a

34

falecer e é enterrado, a 21 afogados pelas inundações periódicas que ocorrem no

cemitério São Sebastião. Devido a essa problemática a DICEM tem planos para a

transferência deste cemitério para um local mais apropriado.

4.3.6 – Cemitério público Nossa Senhora da Penha

O cemitério Nossa Senhora da Penha está localizado no bairro da Penha, vizinho

a Igreja de mesmo nome, tendo mais de 100 anos de fundação, possui uma área de

1,332m². Recentemente houve a intenção da Igreja de retirar o atual cemitério para a

criação de uma praça, sendo vetado pelo prefeito da cidade de João Pessoa na época Sr.

Cícero Lucena. Devido a sua localização ser bem próximo a igreja e ter um espaço

físico pequeno o mesmo não possui capela no seu interior.

O cemitério da Penha possui dois funcionários um administrador o Sr. Josivaldo

que esta na função a cerca de 4 anos e um coveiro, Sr. Ozinaldo Simeão, conhecido

como Baixinho, atuando nesta função á 14 anos.

A entrada do cemitério é estreita e cercada por pequenas barracas e bares, logo

ao entrar é verificada a existência de um cruzeiro que foi construído pelo próprio

coveiro utilizando recursos próprios, ou seja, sem nenhuma ajuda financeira da

Prefeitura Municipal.

Cada túmulo perpétuo possui três gavetas, duas na parte inferior e uma na

superior. O referido cemitério possui hoje cerca de 200 ossários nas laterais, 105

túmulos fixos e 99 túmulos rotativos. A taxa cobrada para cada cova rotativa é de R$

11,50, e para ossários é de R$ 100,00. Como tem um espaço físico pequeno e já está

quase lotado, não á venda de túmulos perpétuos apenas de covas rotativas. O maior

número de sepultamentos vem de pessoas que residem no próprio bairro, Seixas,

Jacarapé e Mangabeira.

35

Figura 12: Cemitério Nossa Senhora da Penha – Ossários.

Um fato curioso é a visita do Sr. Severino Fidelis (86 anos) que visita o túmulo

de sua esposa todo fim de semana, rezando e limpando o túmulo, é o único túmulo que

possui 4 gavetas, todas feita pelo próprio visitante. O Senhor Fidelis é ex-combatente

ele anuncia que quando falecer quer que coloquem no seu caixão ao invés de flores,

coloquem os restos mortais de sua amada esposa.

36

Figura 13: Localização dos cemitérios públicos da cidade de João Pessoa. Fonte: Google Earth.

37

5 Considerações finais

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de verificar a distribuição e diferenças

existentes nos cemitérios púbicos da cidade de João Pessoa, (Santa Catarina, São Jose,

Boa Sentença, Cristo Redentor, Penha e São Sebastião). No entanto durante a pesquisa

se fez algumas observações no tocante aos serviços oferecidos a população nos

aspectos, segurança, administração, limpeza, aspectos dos túmulos, ossários, etc..

Foi verificado também que na administração atual da Sedurb, tendo como

Secretário o Sr. Ivan Buriti, e como Diretor da DICEM o Sr. José Zênio, ocorreu um

grande empenho dos mesmos em tentar melhorar a situação dos cemitérios de João

Pessoa, tendo, por exemplo, a informatização e atualização dos dados de todos os

cemitérios, com previsão de término em 2009, trabalho este que antes era todo realizado

manualmente e deficitário.

Um dos maiores problemas criticados pelas pessoas entrevistadas e que também

foi verificado in loco, são os furtos de peças dos túmulos, e reclamação de roubo a

pessoas que visitam os referidos lugares.

Mas o que mais ficou atenuante foi à falta de espaço para novos túmulos (covas

rotativas) e ossários, pois em entrevista feita com o Sr. Jose Zênio, o mesmo afirma que

a taxa de morte em João Pessoa fica em torno de 1% a.a, o mesmo informa que a

quantidade de covas rotativas existentes disponíveis nos seis cemitérios de João Pessoa

é de 4.934, sendo suficiente para a demanda até 2020, mas se a população da cidade está

em torno de 700.000 mil habitantes, esta quantidade de covas rotativas é praticamente

insuficiente para chegar ao ano citado. Observa-se que mesmo com a construção recente

de cerca de 720 túmulos verticais e 468 ossários verticais, distribuídos nos cemitérios do

Cristo e São José, ainda é insuficiente, visto que no próprio cemitério São José foi

criado um anexo no ano de 2002, e está totalmente lotado.

Dessa forma existe visivelmente a necessidade de construção de mais túmulos e

ossários verticais, e impreterivelmente a construção de mais um cemitério público em

João Pessoa, com um espaço físico mínimo igual ao do Cemitério do Cristo, para que a

38

cidade tenha um lapso temporal de pelo menos 30 a 35anos sem problemas para sepultar

os seus entes queridos.

Outro fator ainda que é relevante e se faz necessário se chamar a atenção diz

respeito a unificação entre o enxoval do pós morte, isto é, as funerárias de João Pessoa

praticamente unificam seus serviços e preços oferecidos a população, não ocorrendo

uma fiscalização de preços e sim um mercado tabelado, que deixa as pessoas

praticamente sem opção de pesquisa, observa-se que o custo é bastante oneroso

principalmente para a população de poder aquisitivo mínimo. Se é caro nascer, morrer

então é mais ainda.

39

6 Referências Bibliográficas

CAMPOS, Ana Paula Silva. Avaliação potencial de poluição dos solos em e nas

águas subterrâneas decorrentes da atividade cemiterial. Dissertação de Mestrado.

Faculdade de Saúde Pública – USP, São Paulo, 2007.

CAMPOS, Adalgisa Arantes. “Notas sobre os rituais de morte na sociedade escravista”. IN: Revista do Departamento de História da FAFICH/UFMG. VI (1988): 109-122. CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. 6 ed. Contexto. São Paulo, 2001.

DOLFUSS, Olivier. A análise Geográfica. Trad. Heloysa de Lima Dantas. DIFEL –

Coleção Saber Atual. São Paulo, 1973.

FREITAS, Eliane Tânia Martins de. Memória, ritos funerários e canonizações

populares em dois cemitérios no Rio Grande do Norte. Tese de Doutorado.

PPSA/UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.

FORGANES, Rosely. Os mortos que nunca descasam. in: Caminhos da Terra,: Azul,

Março de 1998, Ano 07 nº 3 Edição 71, p 66-71.

HARVEY, David. Teorías, leyes y modelos en geografía. Trad. Gloria Luna Rodrigo.

Alianza Editorial. Madrid, 1983.

MATOS, Bolivar Antunes. Avaliação da ocorrência e do transporte de

microrganismos no aqüífero freático do cemitério de Vila Nova Cachoeirinha,

município de São Paulo. Tese de Doutorado. Instituto de Geociências – Universidade

de São Paulo. São Paulo, 2001.

ROMANÓ, Elma Nery de Lima. Cemitérios: passivo ambiental medidas Preventivas

e mitigadoras. Disponível em:

PACHECO, Alberto. Os cemitérios e o ambiente. In:

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/ . 2006. Acessado em: 03/09/2008.

PREFEITURA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA. Secretaria de Desenvolvimento

Urbano, Sedurb, 2007.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2 Edição.

São Paulo: Hucitec, l997.

40

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 2 ed. São Paulo:

Cortez, 1996.

SOBREIRA, Liése Carneiro. Áreas Susceptíveis a inundações na cidade de João Pessoa. Monografia de Graduação. CCEN- UFPB, João Pessoa, 2006. Disponível em: http://geografiaaplicada.blogspot.com/2008_04_01_archive.html. Acessdo em: 05/09/2008.

VALLADARES, Clarival do Prado. Arte e Sociedade nos Cemitérios Brasileiros.

Brasilia: MEC-RJ, 1972

Sites Consultados:

http://www.joaopessoa.gov.br/geografia>

www.perfuradores.com

http://www.ibge.pb.gov.br/geografia>

http://www.sobrade.com.br/eventos/2005/visinrad/palestras/elma_romano_cemiterio.pd

f.

41

Apêndices

FORMULÁRIO I – ENTREVISTA COM AS PESSOAS QUE VISITAM OS

CEMITÉRIOS PÚBLICOS DE JOÃO PESSOA (DATA: 02/11/2007 –

11/05/2008 - 10/08/2008)

01) O Sr.(a) possui algum parente sepultado neste cemitério?

( ) sim ( ) não

02) Possui algum amigo (a) sepultado aqui?

( ) sim ( ) não

03) Visita constantemente este cemitério ou apenas em datas comemorativas?

( ) constantemente ( ) datas comemorativas?

04) Quais datas comemorativas você mais freqüenta?

( ) Dia dos Pais ( ) Dias das Mães ( ) Finados ( ) outras

05) O que acha da limpeza deste cemitério e dos outros cemitérios públicos de João

Pessoa?

( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( )

péssima

06) Qual sua religião?

( ) Católico ( ) Protestante ( ) Ateu ( ) outros

07) Já pensou em comprar um ossuário aqui ou em outro cemitério?

( ) sim ( ) não

08) Qual sua faixa de idade?

( ) 18 a 25 anos ( ) 25 a 45 anos ( ) 45 a 60 anos ( ) mais de 60

42

09) O que acha dos preços dos produtos cobrados pelos ambulantes no cemitério?

( ) bom ( ) caro ( ) regular ( ) ótimo

10) O que você acha da conservação feita nos cemitérios públicos de João Pessoa

(pintura, calçamento interno, podas e segurança)?

( ) bom ( ) ótima ( ) regular ( ) péssima

43

FORMULÁRIO II – ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DA SEDURB

(Realizado em 13/04/2007)

01) Quantos cemitérios públicos existem em João Pessoa?

02) Qual o maior e o menor?

03) Qual o mais novo e o mais antigo?

04) Há quanto tempo o Senhor esta como Secretário da Sedurb?

05) Qual a porcentagem de sepultamentos por ano em João Pessoa em relação ao

número de habitantes?

06) E qual o número de sepultamentos anual em João Pessoa?

07) Existe previsão da construção de novos cemitérios?

08) Os preços dos serviços cobrados nos cemitérios públicos de João Pessoa são

unificados?

09) Em caso negativo qual o motivo?

10) Os administradores dos cemitérios passam por esta função por um período

determinado?

11) Existe controle pela Sedurb nos preços cobrados pelos ambulantes que trabalham

em frente aos cemitérios?

12) Em qual cemitério o número de sepultamentos é maior?

13) E em qual deles o número de sepultamentos é menor?

14) Todos os cemitérios públicos de João Pessoa estão com seus dados cadastrais

informatizados?

15) O senhor acha o número de ossários vazios dão para atender a demanda até

quando?

44

16) E a quantidade de covas rotativas é suficiente para atender a demanda até quando?

17) O que se pode fazer para evitar furtos e roubos existentes dentro dos cemitérios?

45

FORMULÁRIO III – ENTREVISTA COM OS ADMINISTRADORES DOS

CEMITÉRIOS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA

01) Qual seu nome?

02) Há quanto tempo esta nesta função?

03) Gosta da função?

04) Quantos funcionários existem neste cemitério?

05) Em especial existem quantos coveiros trabalhando neste cemitério?

06) Quais os bairros com maior número de sepultamentos neste cemitério?

07) Quais os preços cobrados pelos serviços cemitériais?

08) Existe controle por parte da administração dos cemitérios ou da Sedurb, em

relação aos vendedores ambulantes que se instalam na localidade?

09) Como é realizada a limpeza interna e externa dos cemitérios da cidade?

10) Qual o número de sepultamentos realizados por mês neste cemitério?

11) Ocorre muitos furtos de objetos dentro do cemitério (argolas, cruzes, imagens

sacras etc..)?

46

12) A Sedurb satisfaz as necessidades administrativas solicitada por esta

administração a mesma?

13) Qual a data da construção deste cemitério?

14) Qual a sua área física ?

15) Quando é feita a pintura externa e interna do mesmo?

16) Qual a data da última reforma?

17) Há necessidade de outra reforma?

18) E de ampliação do mesmo?

19) Como é feita a vigilância aqui no cemitério?

20) A administração está com seus dados já informatizados?

47

Anexo

RESOLUÇÃO 335 – CONAMA

Dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das

atribuições que lhe são conferidas pela Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981,

regulamentada pelo Decreto n o 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o

disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria n o 499, de 18 de dezembro de

2002, e Considerando a necessidade de regulamentação dos aspectos essenciais

relativos ao processo de licenciamento ambiental de cemitérios;

Considerando o respeito às práticas e valores religiosos e culturais da população;

e

Considerando que as Resoluções CONAMA n os 001, de 23 de janeiro de 1986 e

237, de 19 de dezembro de 1997, indicam as atividades ou empreendimentos sujeitos ao

licenciamento ambiental e remetem ao órgão ambiental competente a incumbência de

definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento, observadas as especificidades, os

riscos ambientais e outras características da atividade ou empreendimento, visando a

obtenção de licença ambiental;

Considerando que o art. 12, da Resolução CONAMA n o 237, de 1997, permite a

criação de critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento

ambiental das atividades e empreendimentos similares, visando a melhoria contínua e o

aprimoramento da gestão ambiental, resolve:

Art. 1º Os cemitérios horizontais e os cemitérios verticais, doravante

denominados cemitérios, deverão ser submetidos ao processo de licenciamento

ambiental, nos termos desta Resolução, sem prejuízo de outras normas aplicáveis à

espécie.

Art. 2º Para efeito desta Resolução serão adotadas as seguintes definições:

I - cemitério: área destinada a sepultamentos;

a) cemitério horizontal: é aquele localizado em área descoberta compreendendo

os tradicionais e o do tipo parque ou jardim;

48

b) cemitério parque ou jardim: é aquele predominantemente recoberto por jardins,

isento de construções tumulares, e no qual as sepulturas são identificadas por uma

lápide, ao nível do chão, e de pequenas dimensões;

c) cemitério vertical: é um edifício de um ou mais pavimentos dotados de

compartimentos destinados a sepultamentos; e

d) cemitérios de animais: cemitérios destinados a sepultamentos de animais.

II - sepultar ou inumar: é o ato de colocar pessoa falecida, membros amputados e

restos mortais em local adequado;

III - sepultura: espaço unitário, destinado a sepultamentos;

IV - construção tumular: é uma construção erigida em uma sepultura, dotada ou

não de compartimentos para sepultamento, compreendendo-se:

a) jazigo: é o compartimento destinado a sepultamento contido;

b) carneiro ou gaveta: é a unidade de cada um dos compartimentos para

sepultamentos existentes em uma construção tumular; e

c) cripta: compartimento destinado a sepultamento no interior de edificações,

templos ou suas dependências.

V - lóculo: é o compartimento destinado a sepultamento contido no cemitério

vertical;

VI - produto da coliqüação: é o líquido biodegradável oriundo do processo de

decomposição dos corpos ou partes;

VII - exumar: retirar a pessoa falecida, partes ou restos mortais do local em que se

acha sepultado;

VIII - reinumar: reintroduzir a pessoa falecida ou seus restos mortais, após

exumação, na mesma sepultura ou em outra;

IX - urna, caixão, ataúde ou esquife: é a caixa com formato adequado para conter

pessoa falecida ou partes;

X - urna ossuária: é o recipiente de tamanho adequado para conter ossos ou partes

de corpos exumados;

XI - urna cinerária: é o recipiente destinado a cinzas de corpos cremados;

XII - ossuário ou ossário - é o local para acomodação de ossos, contidos ou não

49

em urna ossuária;

XIII - cinerário: é o local para acomodação de urnas cinerárias;

XIV - columbário: é o local para guardar urnas e cinzas funerárias, dispostos

horizontal e verticalmente, com acesso coberto ou não, adjacente ao fundo, com um

muro ou outro conjunto de jazigos;

XV - nicho: é o local para colocar urnas com cinzas funerárias ou ossos; e

XVI - translado: ato de remover pessoa falecida ou restos mortais de um lugar

para outro.

Art. 3º Na fase de Licença Prévia do licenciamento ambiental, deverão ser

apresentados, dentre outros, os seguintes documentos:

I caracterização da área na qual será implantado o empreendimento,

compreendendo:

a) localização tecnicamente identificada no município, com indicação de acessos,

sistema viário, ocupação e benfeitorias no seu entorno;

b) levantamento topográfico planialtimétrico e cadastral, compreendendo o

mapeamento de restrições contidas na legislação ambiental, incluindo o mapeamento e a

caracterização da cobertura vegetal;

c) estudo demonstrando o nível máximo do aqüífero freático (lençol freático), ao

final da estação de maior precipitação pluviométrica;

d) sondagem mecânica para caracterização do subsolo em número adequado à

área e características do terreno considerado; e

II - plano de implantação e operação do empreendimento.

§ 1º É proibida a instalação de cemitérios em Áreas de Preservação Permanente

ou em outras que exijam desmatamento de Mata Atlântica primaria ou secundária, em

estágio médio ou avançado de regeneração, em terrenos predominantemente cársticos,

que apresentam cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos, em áreas de manancial para

abastecimento humano, bem como naquelas que tenham seu uso restrito pela legislação

vigente, ressalvadas as exceções legais previstas.

§ 2º A critério do órgão ambiental competente, as fases de licença Prévia e de

Instalação poderão ser conjuntas.

50

§ 3º Excetuam-se do previsto no parágrafo anterior deste artigo, cemitérios

horizontais que:

I- ocupem área maior que cinqüenta hectares;

II- localizem-se em Áreas de Proteção Ambiental-APAs, na faixa de proteção de

Unidades de Conservação de Uso Integral, Reservas Particulares de Patrimônio Natural

e Monumento Natural;

III localizem-se em terrenos predominantemente cársticos, que apresentam

cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos; e

IV- localizem-se em áreas de manancial para abastecimento humano.

Art. 4º Na fase de Licença de Instalação do licenciamento ambiental, deverão ser

apresentados, entre outros, os seguintes documentos:

I - projeto do empreendimento que deverá conter plantas, memoriais e

documentos assinados por profissional habilitado; e

II - projeto executivo contemplando as medidas de mitigação e de controle

ambiental.

Art. 5º Deverão ser atendidas, entre outras, as seguintes exigências para os

cemitérios horizontais:

I - a área de fundo das sepulturas deve manter uma distância mínima de um metro

e meio do nível máximo do aqüífero freático;

II - nos terrenos onde a condição prevista no inciso anterior não puder ser

atendida, os sepultamentos devem ser feitos acima do nível natural do terreno;

III - adotar-se-ão técnicas e práticas que permitam a troca gasosa,

proporcionando, assim, as condições adequadas à decomposição dos corpos, exceto nos

casos específicos previstos na legislação;

IV - a área de sepultamento deverá manter um recuo mínimo de cinco metros em

relação ao perímetro do cemitério, recuo que deverá ser ampliado, caso necessário, em

função da caracterização hidrogeológica da área;

V - documento comprobatório de averbação da Reserva Legal, prevista em Lei;e

VI - estudos de fauna e flora para empreendimentos acima de cem hectares.

Art. 6 o Deverão ser atendidas as seguintes exigências para os cemitérios

51

verticais:

I - os lóculos devem ser constituídos de:

a) materiais que impeçam a passagem de gases para os locais de circulação dos

visitantes e trabalhadores;

b) acessórios ou características construtivas que impeçam o vazamento dos

líquidos oriundos da coliqüação;

c) dispositivo que permita a troca gasosa, em todos os lóculos, proporcionando as

condições adequadas para a decomposição dos corpos, exceto nos casos específicos

previstos na legislação; e

d) tratamento ambientalmente adequado para os eventuais efluentes gasosos.

Art. 7º Os columbários destinados ao sepultamento de corpos deverão atender ao

disposto nos arts. 4 o e 5 o , no que couber.

Art. 8º Os corpos sepultados poderão estar envoltos por mantas ou urnas

constituídas de materiais biodegradáveis, não sendo recomendado o emprego de

plásticos, tintas, vernizes, metais pesados ou qualquer material nocivo ao meio

ambiente.

Parágrafo único. Fica vedado o emprego de material impermeável que impeça a

troca gasosa do corpo sepultado com o meio que o envolve, exceto nos casos

específicos previstos na legislação.

Art. 9º Os resíduos sólidos, não humanos, resultantes da exumação dos corpos

deverão ter destinação ambiental e sanitariamente adequada.

Art. 10º. O procedimento desta Resolução poderá ser simplificado, a critério do

órgão ambiental competente, após aprovação dos respectivos Conselhos de Meio

Ambiente, se atendidas todas as condições abaixo:

I - cemitérios localizados em municípios com população inferior a trinta mil

habitantes;

II - cemitérios localizados em municípios isolados, não integrantes de área

conurbada ou região metropolitana; e

III - cemitérios com capacidade máxima de quinhentos jazigos.

Art. 11º Os cemitérios existentes e licenciados, em desacordo com as exigências

52

contidas nos arts. 4 o e 5 o , deverão, no prazo de cento e oitenta dias, contados a partir

da publicação desta Resolução, firmar com o órgão ambiental competente, termo de

compromisso para adequação do empreendimento.

Parágrafo único. O cemitério que, na data de publicação desta Resolução, estiver

operando sem a devida licença ambiental, deverá requerer a regularização de seu

empreendimento junto ao órgão ambiental competente, no prazo de cento e oitenta dias,

contados a partir da data de publicação desta Resolução.

Art.12º No caso de encerramento das atividades, o empreendedor deve,

previamente, requerer licença, juntando Plano de Encerramento da Atividade, nele

incluindo medidas de recuperação da área atingida e indenização de possíveis vítimas.

Parágrafo único. Em caso de desativação da atividade, a área deverá ser utilizada,

prioritariamente, para parque público ou para empreendimentos de utilidade pública ou

interesse social.

Art. 13º Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade

civil, pelo Ministério Público, ou por cinqüenta cidadãos, o órgão de meio ambiente

competente promoverá Reunião Técnica Informativa.

Parágrafo único. Na Reunião Técnica Informativa é obrigatório o

comparecimento do empreendedor, da equipe responsável pela elaboração do Relatório

Ambiental e de representantes do órgão ambiental competente.

Art. 14º O descumprimento das disposições desta Resolução, dos termos das

Licenças Ambientais e de eventual Termo de Ajustamento de Conduta, sujeitará o

infrator às penalidades previstas na Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em

outros dispositivos normativos pertinentes, sem prejuízo do dever de recuperar os danos

ambientais causados, na forma do art. 14, § 1 o , da Lei n o 6.938, de 31 de agosto de

1981.

Art. 15º Além das sanções penais e administrativas cabíveis, bem como da multa

diária e outras obrigações previstas no Termo de Ajustamento de Conduta e na

legislação vigente, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá

exigir a imediata reparação dos danos causados, bem como a mitigação dos riscos,

desocupação, isolamento e/ou recuperação da área do empreendimento.

Art. 16º Os subscritores de estudos, documentos, pareceres e avaliações técnicas

utilizados no procedimento de licenciamento e de celebração do Termo de Ajustamento

53

de Conduta são considerados peritos, para todos os fins legais.

Art. 17º As obrigações previstas nas licenças ambientais e no Termo de

Ajustamento de Conduta são consideradas de relevante interesse ambiental.

Art. 18º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

MARINA SILVA

Presidente do Conselho