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Saúde e sobrevivência da criança 2018 ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO

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Saúde e sobrevivência da criança2018

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Saúde e sobrevivência da criança

Mensagens-chave> No OGE de 2018, a saúde tem um peso de 4,01%

comparado com 4,2% em 2018. Ao mesmo tempo, o nível de inflação registado nos últimos anos significa que o valor real atribuído à saúde é menos de metade do valor atribuído em 2014, apesar de a população ter aumentado em 3,4 milhões de pessoas no mesmo período. O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018-2022) prevê que, em 2019, a função da saúde deve receber 12,50% do OGE (sem inclusão da dívida pública). Mantendo o mesmo valor total do OGE e da dívida pública, isto traduzir se ia em, aproximadamente, 180 mil milhões de AOA adicionais para a saúde no próximo ano.

> Em 2018, foi permitida a contratação de 1700 novos quadros no sector da saúde. Considerando o rácio muito baixo entre utentes e profissionais de saúde, é indispensável assegurar recursos humanos qualificados e em número suficiente para cobrir o território.

> Também é necessário rever profundamente as condições de trabalho, nomeadamente ajustando os salários à elevada inflação que o país vive e dotando as unidades hospitalares com materiais de trabalho adequados de modo constante, regular e atempado.

ODS 3.1. Reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 000 nados-vivos.

ODS 3.2. Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos.

ODS 3.7. Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planeamento familiar.

ODS 3.8. Atingir a cobertura universal de saúde (…), o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais.

O artigo 77.º da CRA é dedicado à saúde e protecção social. De acordo com o mesmo:

1. O Estado promove e garante as medidas necessárias para assegurar a todos o direito à assistência médica e sanitária, bem como o direito à assistência na infância, na maternidade, na invalidez, na deficiência, na velhice e em qualquer situação de incapacidade para o trabalho, nos termos da lei.

2. Para garantir o direito à assistência médica e sanitária incumbe ao Estado: a) Desenvolver e assegurar a funcionalidade de um serviço de saúde em todo o território nacional; b) Regular a produção, distribuição, comércio e o uso dos produtos químicos, biológicos, farmacêuticos e outros meios de tratamento e diagnóstico; c) Incentivar o desenvolvimento do ensino médico-cirúrgico e da investigação médica e de saúde.

3. A iniciativa particular e cooperativa nos domínios da saúde, previdência e segurança social é fiscalizada pelo Estado e exerce-se nas condições previstas por lei.

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> Entre 2016 e 2017, o Programa de Gestão e Ampliação da Rede Sanitária diminuiu para metade. Novo corte de 21% neste programa foi introduzido pelo OGE em vigor. A rede de unidades sanitárias e o seu bom funcionamento depende da existência de infra-estruturas, equipamentos, profissionais e do fornecimento constante e regular de medicamentos. Tanto o bom funcionamento destas estruturas como a expansão da rede sanitária devem constituir uma prioridade absoluta. O Programa de Humanização Hospitalar do Ministério da Saúde viu a sua dotação orçamental triplicar, em 2018, para 195 milhões de kwanzas. Deve-se considerar a possibilidade de expandir significativamente este programa em 2019, melhorando as condições nas unidades hospitalares, tanto para os utentes como para o quadro profissional.

> No Programa de Vacinação, o orçamento foi reforçado em 16,96%, estando, em 2018, dotado com 3,6 mil milhões de kwanzas. É de referir que os custos associados à aquisição de vacinas foram estimados pelo UNICEF em cerca de 9,25 mil milhões de kwanzas em 2018.

É indispensável que as autoridades centralizem e fiscalizem a aquisição de medicamentos em segurança. Tal permitiria também a redução dos custos para compras em grandes quantidades. Finalmente, não basta apenas investir na compra de vacinas; há que garantir a logística da distribuição pelas unidades hospitalares, a cadeia de frio para o seu armazenamento e o acesso do utente às mesmas.

> Estima-se que 1 862 000 crianças em Angola sofrem de má nutrição crónica. É conhecido o facto de a má-nutrição contribuir entre 33% e 60% para a mortalidade infantil. Isto traduz-se numa estimativa, segundo a qual, entre 42 mil e 76 mil crianças perdem a vida antes dos 5 anos por falta de uma alimentação adequada. Contudo, o montante de 70 milhões de kwanzas atribuído ao Programa de Nutrição, em 2018, traduz-se em 90 kwanzas (0,36 USD)1 por cada criança com má-nutrição crónica.

O custo de prevenção da má-nutrição foi calculado em 12,50 USD por criança, incluindo a compra de suplementos nutricionais e mobilização comunitária. Já o custo para tratar uma criança com má-nutrição crónica varia entre 75 USD e 500 USD (18 750 AOA – 125 000 AOA) por criança, dependente do modelo a ser usado. É importante sublinhar que crianças malnutridas nos primeiros dois anos, mesmo que sobrevivam, podem sofrer atrasos irrecuperáveis no desenvolvimento cerebral e físico.

O governo necessita urgentemente de investir mais neste sector, quer ao nível do tratamento, quer ao nível da prevenção efectiva. Neste sentido, propõe-se que, em 2019, o montante atribuído ao Programa de Nutrição aumente, pelo menos, 30 vezes, passando para 2 mil milhões de kwanzas.

> Houve aumentos significativos para o Programa de Melhoria da Saúde Materno-Infantil (108%) e para o Programa de Melhoria da Qualidade dos Serviços de Saúde (228%). Apesar dos aumentos nas alocações ao sector como resultado dos debates parlamentares de 2018, o investimento no sector da saúde deverá ser reforçado significativamente para que se atinjam os resultados desejados, sobretudo ao nível da saúde materno-infantil, tal como está estabelecido pelos compromissos assumidos, nomeadamente no que diz respeito aos ODS e ao Plano de Desenvolvimento Nacional.

1 Câmbio de 250 AOA=1 USD.

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Saúde e sobrevivência da criança

Tendências gerais No OGE de 2018, a saúde tem um peso de 4,01%, o que corresponde a 103 569 179 188,00 AOA. Em 2017, a função da saúde representava 4,2% do total do OGE. Entre 2016 e 2017, a saúde viu o seu orçamento aumentar 2,6% em termos nominais. Este reforço, contudo, esteve muito longe de compensar o corte de 21% que esta função sofreu entre 2015 e 2016. Essa redução drástica foi motivada pela elevada taxa de inflação que, em Dezembro de 2016, ascendeu a 41,95%. Constata-se, assim, que o investimento neste sector tem sofrido uma desaceleração significativa nos últimos anos.

Quadro 1. Saúde em % do OGE

É, no entanto, de louvar o aumento relativo da dotação orçamental do sector como resultado dos debates parlamentares e do diálogo com a sociedade civil no início de 2018, o que resultou na atribuição de um montante adicional de 35 mil milhões de kwanzas ao sector da saúde quando comparado com a proposta original para 2018, e na abertura para a contratação de 1700 profissionais para o sector.

De qualquer modo, o país permanece longe das metas dos compromissos assumidos em Abuja, onde, em 2001, os países da União Africana se comprometeram em alocar pelo menos 15% do seu Orçamento Geral do Estado ao sector de saúde. Apesar de nem todos os países alcançarem essa meta, muitos superam os investimentos realizados em Angola. Por exemplo, a Namíbia atribuiu 11% do seu OGE de 2017 à saúde, o Maláui 9%, o Quénia 8%, o Zimbabué 7% e o Uganda quase 6%.

No novo PDN (2018-2022, quadro 18), Angola compromete-se a alcançar a meta de Abuja em 2022: 15% do OGE deverá ser dedicado à saúde em 2022.

Para que tal seja efectivamente possível, é indispensável aumentar anualmente o orçamento no sector tal como o quadro seguinte mostra:

2018 2019 2020 2021 2022

8,53%2 12,50% 12,50% 15% 15%

Isto significa que, em 2019, dever-se-á observar um acréscimo na função da saúde de 46,5%, com um aumento de 8,53% do OGE para 12,50% do OGE. Se o montante total do OGE e da dívida pública se mantiverem iguais, isto significaria um aumento de 180 mil milhões de kwanzas em 2019.

Para assegurar a realização destas atribuições nos próximos anos de um modo que seja capaz de assegurar a sustentabilidade do quadro macrofiscal sem aumentar a dívida pública, será indispensável aumentar a eficiência e estabelecer as prioridades adequadas das alocações dentro do sector da saúde.

Será importante monitorizar o progresso do investimento nesta área nos próximos anos, apoiando a alocação de valores adicionais aos sectores e programas de máxima prioridade em termos de saúde pública e cumprindo o primeiro pilar do próprio PDN: o desenvolvimento humano.

O gráfico seguinte dá conta dos montantes atribuídos à saúde e permite comparar os valores nominais e valores reais (a preços de 2014), considerando, ainda, o aumento populacional registado durante o mesmo período:

2 A prática do executivo tem sido a de calcular as atribuições ao sector social sem incluir as despesas da dívida pública no OGE. Este folheto utiliza uma metodologia que inclui o efeito da dívida pública no orçamento atribuído ao sector social. Assim sendo, a atribuição para o sector da saúde é 4,1% do total do OGE incluindo a despesa com a dívida pública. Por outro lado, para estimar os aumentos para o sector nos próximos 5 anos, usamos o quadro do PDN 2018-2022.

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Quadro 2. Alocação nominal e real na saúde e aumento populacional 2014-2018

Fonte: OGE Angola (MINFIN 2014-2018) e Projecção da População 2014-2050 (INE, 2016)

Apesar de a alocação nominal em 2018 de 388 milhões de kwanzas ser superior aos 316 milhões de 2014, quando ajustado à inflação, aos preços de 2014, a atribuição real, em 2018, é de apenas 147 milhões de kwanzas. Nesse sentido, apesar de a população ter crescido em 13% (o que corresponde a 3,4 milhões de pessoas), o aumento real na alocação ao sector da saúde baixou para metade no mesmo período.

O OGE de 2018 opta pela crescente intervenção de actores privados. Na verdade, um dos programas estratégicos descritos no Relatório de Fundamentação Orçamental é o Programa de Melhoria da Qualidade dos Serviços nos Domínios da Educação, Ensino Superior e Saúde. No cômputo global, este programa sugere uma opção pela privatização gradual dos sectores da educação e da saúde, nomeadamente ao advogar a reformulação do modelo de financiamento do Sistema Nacional de Saúde, integrando o seguro de saúde e planos de saúde corporativos, entre outras modalidades de financiamento.

Como mencionado no folheto anterior (Investimentos nas Crianças e Famílias na Proposta do OGE 2018. Aprendizagens de 2017 e recomendações para o debate público), esta opção suscita alguma preocupação. O usufruto do direito à saúde continua a ser bastante precário e os níveis de pobreza e privação de parte significativa da população, bem como a perda de poder de compra registada nos últimos anos, permitem aferir que a mesma poderá correr o risco de continuar à margem do direito à saúde.

aTribuições às subfunções da saúdeEm 2017, a maioria dos recursos alocados foram atribuídos às subfunções “serviços de saúde pública” e “serviços hospitalares gerais”. Este cenário mantém-se no OGE de 2018, onde os recursos da função se encontram distribuídos do seguinte modo:

Despesas por

subfunção

% do

sector

Mudança em 2017

Montante em

2018 (em milhões de AOA)

Total Serviços Hospitalares Gerais

31,76% +25,1% 123 382

Serviços de Centros Médicos e de Maternidade

12,25% -1% 47 604

Serviços de Saúde Pública 45,31% +38,3% 176 013

Serviços Hospitalares Especializados

9,52% -14,9% 36 986

Serviços de Saúde Ambulatórios

0,11% -5,4% 430

Produtos, Aparelhos e Equipamentos Médicos

1,03% -4,24% 3984

A organização do sistema de Saúde em Angola Em Angola, o Serviço Nacional de Saúde está estruturado em três níveis: o terciário, que inclui os hospitais centrais e especializados; o secundário, que inclui os hospitais provinciais gerais e monovalentes; e o primário, que inclui os postos de saúde, hospitais municipais, centros de enfermagem e consultórios médicos.

Segundo o Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário 2012-2025 (PNDS, 2014), Angola tem um total de 2356 unidades sanitárias. Na maior parte dos casos, são postos de saúde básicos e sem condições para fornecer um conjunto completo de serviços, ou não operacionais. De tal forma que há um grande défice em termos de infra-estruturas e serviços de saúde, quer nas zonas periurbanas quer nas zonas rurais.

O sistema de saúde tem três níveis territoriais: central, provincial e municipal. Ao nível central, o Ministério da Saúde (MINSA) é o principal responsável pela implementação das políticas e planos de saúde do Governo. Ao nível local, os governos provinciais, através da Direcção Provincial de Saúde, são os responsáveis pelos hospitais provinciais, controlando as despesas ligadas ao orçamento provincial. As Administrações Municipais têm assumido paulatinamente a responsabilidade sobre a rede de cuidados primários através das repartições municipais de saúde, encarregadas de gerir todas as actividades neste âmbito.

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Saúde e sobrevivência da criança

Em 2017, dada a elevada agregação dos classificadores orçamentais, tornava-se impossível identificar as percentagens que seriam dedicadas, por exemplo, às maternidades e a outros serviços indispensáveis para a sobrevivência e o desenvolvimento saudável das crianças. A classificação das despesas por função em 2018 representa, assim, um passo positivo, na medida em que estão discriminados diferentes tipos de serviço.

É, contudo, de salientar que o montante atribuído a serviços de centros médicos e de maternidade é de apenas 12,25%, ou seja, 47 604 milhões de kwanzas. A este propósito, convém focar a atenção em alguns dos dados apresentados pelo mais recente IIMS (2015-2016).

De acordo com esta fonte, por exemplo, quanto maior for a cobertura pré natal, maior é a probabilidade de os partos ocorrerem em unidades de saúde. Actualmente, a percentagem de partos ocorridos em unidades sanitárias nas áreas rurais é de apenas 17%, cerca de 4 vezes inferior à percentagem nas zonas urbanas.

Simultaneamente, verifica-se que os serviços de saúde ambulatórios recebem uma prioridade muito baixa – apenas 0,1% da despesa da saúde está destinada a esta subfunção depois de um corte de 5,4%, comparando com o ano passado. Tenha-se em mente que os serviços ambulatórios são fundamentais para se chegar às zonas mais distantes e às famílias menos favorecidas.

aTribuições a prograMas-chave da saúdeRecorde-se, ainda, que, em média, existe apenas um técnico de saúde (médico ou enfermeiro) para cada 1000 habitantes e que cerca de um terço (35%) das adolescentes já tiveram um ou mais filhos nascidos vivos ou estão grávidas3. E sublinhe-se que é em face deste cenário que o PDN 2018-2022 estabelece as seguintes metas:

Metas PDN 2018-2022

Descrição

1Até 2022, pelo menos 60% dos partos institucionais são assistidos por pessoal qualificado.

2Em 2022, 70% das Unidades Sanitárias oferecem pelo menos 3 métodos modernos de planeamento familiar.

3Até 2022, pelo menos 40% dos municípios dispõem de serviços de atenção integral ao adolescente.

Quadro 3. Despesas com programas relevantes de saúde infantil (em milhões)

3 INE, Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2015-2016.

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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO | 2018

É de saudar o facto, segundo o qual, entre 2017 e o OGE em vigor, vários programas-chave da saúde receberam um reforço orçamental. É o caso do Programa de Melhoria da Qualidade do Serviço de Saúde que aumentou cerca de 228,61% e do Programa de Melhoria da Saúde Materno-Infantil com 108,46%. Veja-se a tabela seguinte:

Programas-chave Montante atribuído pelo

OGE 2017 (mil milhões

de AOA)

Montante atribuído pelo

OGE 2018(mil milhões

de AOA)

Variação 2017-2018

Gestão e ampliação da rede sanitária 4,4 3,5 -21,68%

Combate às grandes endemias 20,7 38,2 84,54%

Melhoria da qualidade do serviço de saúde 6,9 22 228,61%

Cuidados primários e assistência hospitalar 8,5 9 6,06%

Sector farmacêutico e gestão de dispositivos médicos 8,9 7,6 -14,53%

Melhoria da saúde materno-infantil 3,5 7,3 108,46%

Aprovisionamento e logística de saúde 1,4 2 40,05%

Por outro lado, é igualmente de saudar o facto de este OGE avançar com uma distribuição de recursos mais descentralizada e não totalmente centrada no MINSA, tendo sido os montantes atribuídos a vários programas distribuídos pelas províncias. Essa potencial

descentralização de recursos poderá vir a responder aos desafios da municipalização da acção social, da descentralização e dos riscos de ocorrências locais de surtos epidémicos como cólera e malária.

Ainda assim, é muito importante reter as lições de experiências passadas. Por exemplo, em 2016, o montante atribuído à Direcção Nacional de Saúde Pública no Ministério da Saúde no OGE original4 foi de 3,4 mil milhões de kwanzas comparado com os 26 mil milhões que a Direcção solicitou. No entanto, somente 353 milhões terão sido efectivamente gastos. Esta enorme discrepância entre o projectado e o executado é explicada pela necessidade de utilizar fundos de 2016 para pagar dívidas de 2015. Tal colocou em risco vários programas essenciais, como foi o caso da nutrição e da vacinação, os quais serão abordados a seguir.

Entre 2016 e 2017, o Programa de Gestão e Ampliação da Rede Sanitária diminuiu para metade. Novo corte de 21% neste programa foi introduzido pelo OGE em vigor. Esta opção levantará dificuldades acrescidas no que diz respeito ao mapa sanitário do país, sobretudo quando se consideram os esforços em prol da municipalização dos serviços de saúde e quando se têm em mente as metas estabelecidas pelo novo PDN, atrás mencionadas. Estima-se que um quinto das unidades sanitárias existentes não estão a funcionar adequadamente e que mais de metade não tem energia.

O Programa de Combate às Grandes Endemias é o maior programa do sector, dotado com 38,2 mil milhões de kwanzas, dos quais apenas 12 mil milhões de kwanzas são atribuídos directamente ao MINSA, o que sugere uma distribuição de recursos mais descentralizada. Os montantes restantes foram distribuídos pelas províncias. Essa potencial descentralização de recursos poderá vir a responder aos desafios da municipalização da acção social, da descentralização e dos riscos de ocorrências locais de surtos epidémicos como a cólera, a malária e a febre-amarela. Nos últimos anos, o país foi assolado por estas epidemias, as quais afectam especialmente crianças com menos de 5 anos. Permanecendo significativamente vulnerável a surtos epidémicos, Angola necessita, por isso, de reforçar a vigilância epidemiológica e investir na prevenção. Todavia, estas necessidades só poderão vir a ter uma resposta se os fundos forem efectivamente transferidos e utilizados pelas unidades orçamentais responsáveis, no âmbito dos programas previstos.

4 O OGE de 2016 foi revisto durante o ano. Dessa revisão resultaram cortes adicionais de 11% no sector da saúde e cortes de 15% no Ministério da Saúde.

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Saúde e sobrevivência da criança

É de assinalar, ainda, que o elevado reforço do Programa de Combate às Grandes Endemias demostra uma tendência preocupante: a de focar a intervenção na resposta emergencial em vez de se investir de forma efectiva e sustentável na prevenção destas ocorrências.

O quadro 4 demostra a atribuição nominal e real do programa de 2014-2018, comparando-o com os investimentos no saneamento básico, no mesmo período. Angola conseguiu “poupar” 83%, ou 35 mil milhões de kwanzas, no saneamento básico. Mas, num período em que houve alguns dos maiores surtos relacionados com o mau saneamento, como a febre amarela, a cólera e a malária, acabou por atribuir mais do dobro ao Combate às Endemias. Hoje, o país atribui um montante quase igual ao atribuído ao saneamento básico em 2014 para responder a situações de emergência que poderiam ser prevenidas. Pretende-se reforçar a mensagem que o governo deve drasticamente aumentar os investimentos no saneamento básico em 2019.

Quadro 4. Atribuição real no OGE às grandes endemias comparado com o saneamento básico em kz

Fonte: OGE (MINF 2014-2018), Dados de Inflação e Preço ao Consumidor (BNA)

MaláriaO PDN 2018-2022 enfatiza, igualmente, a importância do que denomina “Programa de Combate às Grandes Endemias pela Abordagem das Determinantes de Saúde”, o qual pretende diminuir a taxa de mortalidade por malária para 10% até 2022 e alcançar uma taxa de sucesso de 85% no tratamento dos casos de tuberculose, entre outras metas. A este propósito, convém relembrar que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a malária, a diarreia e a pneumonia são as principais causas de morte de crianças até aos 5 anos. Em Angola, segundo o IIMS (2015 2016), a malária é um dos principais problemas de saúde pública e é causa de aborto, parto prematuro, baixo

peso à nascença e mortalidade materna e perinatal. O Centro de Processamento de Dados Epidemiológicos de Angola calculou que, em 2012, a malária terá sido responsável por 46% de todas as mortes. Em 2016, a taxa de incidência da malária foi de 156 casos em cada 1000 habitantes. Ainda assim, este programa tem um peso de 0,40% do OGE de 2018.

Deverá, por esta razão, ser ponderada a adequação do grau de investimento nesta questão tendo por referência algumas das metas do PDN 2018-2022, das quais se destacam as seguintes:

1. Até 2022, a taxa de mortalidade por malária desce para 10%.

2. Até 2022, pelo menos 60% dos agregados familiares terão recebido um mosquiteiro tratado com insecticida de longa duração.

O Programa de Melhoria da Saúde Materno-Infantil está longe de ter o orçamento do programa anterior. Contudo, comparando com 2017, conheceu um aumento exponencial de mais de 199%, o que é muito positivo. Positiva será também a coerência entre esta opção orçamental e o PDN 2018-2022. Este documento estabelece várias metas importantes a alcançar até 2022.

Por um lado, ambiciona reduzir a taxa de mortalidade materna de 239, registada em 2016, para 199 por cem mil nados vivos em 2022. Ainda assim, esta meta fica muito aquém dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, segundo os quais Angola deverá reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por cem mil nados vivos. O novo PDN ambiciona, igualmente, que, até 2022, pelo menos 75% mulheres grávidas realizem a quarta consulta pré natal e que pelo menos 60% das unidades sanitárias possam disponibilizar consultas de atenção integral à criança.

Estas metas são de extrema importância. O IIMS (2015-2016) calculou a taxa de mortalidade infantil em 44 mortes por mil nados vivos entre 2011 e 2015. Para o mesmo período, a taxa de mortalidade neonatal ascendeu a 24 mortes em cada 1000 nados vivos e a mortalidade pós neonatal a 20 mortes em cada 1000 nados vivos. Estes dados implicam que uma em cada 24 crianças tenha morrido antes de completar um ano de idade e que uma criança em 15 tenha falecido antes de completar os 5 anos. Será, também, relevante ter em mente que 35% de todas as mortes nos primeiros 5 anos ocorrem no primeiro mês de vida.

De qualquer modo, e apesar do reforço orçamental nestas áreas prioritárias, é de considerar o baixo peso destes programas em relação ao total do OGE de 2018. Assim, por exemplo, o Programa de Melhoria da Saúde

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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO | 2018

Materno-Infantil representa somente 0,08% do OGE e o Programa de Gestão e Ampliação da Rede Sanitária tem um peso de 0,04%.

Por este motivo e tendo em mente a taxa de crescimento populacional, considera-se que, para atingir as metas do PDN 2018-2022, o investimento directo nestes programas deveria ser reforçado muito significativamente.

nuTrição Outra área de preocupação em Angola é a má-nutrição, sendo esta considerada como causa directa ou indirecta em 33% a 60% dos casos de mortalidade infantil. Segundo os últimos dados publicados pelo IIMS (2015-2016), 38% das crianças com menos de 5 anos (1,86 milhão de crianças angolanas) sofrem de má-nutrição crónica e 68 por cada 1000 crianças nascidas morrem antes dos 5 anos. Na base destes dados, estima-se que morram, em cada ano, 42 mil a 76 mil crianças devido à má-nutrição.

Das crianças com menos de 5 anos, 65% sofre com algum grau de anemia. Estima-se igualmente que, em Angola, apenas 38% das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente.

Quadro 5. Percentagem de crianças que nasceram nos dois anos anteriores ao IIMS 2015-2016 – aleitamento

Quadro 6. Percentagem de mulheres na faixa dos 15-49 anos com um nado-vivo nos 5 anos anteriores ao inquérito, segundo o número de dias que tomaram comprimidos ou xarope de sulfato ferroso durante a gravidez da última criança – suplementação das grávidas

Fonte: INE, Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2015-2016

Como referido anteriormente, o Programa da Nutrição foi dos que mais sofreu com as consequências de se terem transferido muito menos fundos do que os solicitados e de os mesmos terem sido utilizados para pagar dívidas do ano anterior. Na realidade, em 2016, o MINSA solicitou 800 milhões de kwanzas para o programa da nutrição, tendo recebido somente 77 milhões de kwanzas. Destes 77 milhões de kwanzas, apenas 2 milhões foram alocados ao programa. Os restantes 97,5% dos fundos foram utilizados para pagar as dívidas referentes a 2015.

Na realidade, o OGE de 2018 atribuído ao MINSA contempla este pequeno programa como projecto de apoio ao desenvolvimento, estando o mesmo orçamentado em 70 757 054,00 AOA, o que representa apenas 0,08% do total das despesas dessa rubrica e um corte de quase 9% relativamente a 2017. Considerando que existem 1,86 milhões a sofrer de má-nutrição crónica, isto significa que se atribuiu apenas 38 kwanzas por criança malnutrida em 2018.

O custo do tratamento de crianças extremamente malnutridas passará também pelo financiamento de outras rubricas de saúde pública. No entanto, tendo em consideração que alguns estudos demostraram que o custo do tratamento de má-nutrição crónica varia entre 75 USD e 500 USD (18 750 AOA a 125 000 AOA)5, é obvio que o sector precisa de aumentar drasticamente os recursos para este programa.

Sabendo-se que a prevenção é melhor do que a cura, estima-se que com 12,50 USD por criança (5 USD para a compra de suplementos como vitamina A, sal ionizado, ferro e zinco, e 7,50 USD por criança para acções de

5 Citam-se aqui dois estudos: “Cost analysis of the treatment of severe acute malnutrition in West Africa”, Maternal and Child Nutrition, 2016. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27921381, e “Cost Efficiency Analysis, treating severe acute malnutrition”, International Rescue Committee, 2016, https://www.rescue.org/sites/default/files/document/959/nutritiondesignedbrieffinal.pdf

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Saúde e sobrevivência da criança

mobilização comunitária), se pode garantir a prevenção da má nutrição. Calcula-se também que o retorno deste investimento de 12,50 USD será entre 170 USD e 270 USD por criança, por ano, ajustado à deficiência6.

Das várias metas estabelecidas pelo PDN 2018-2022, são de salientar os objectivos de reduzir a taxa de má-nutrição de crianças até aos 5 anos para 9%, até 2022, e de assegurar que 80% das crianças com menos de seis meses tenham aleitamento materno exclusivo.

Considere-se, por fim, que a população com idades entre os 0 e os 4 anos deverá aumentar de 4,8 milhões, em 2018, para 5,3 milhões em 2022. A fraca dotação orçamental deste programa constitui motivo de preocupação, sobretudo quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 45% da mortalidade infantil está ligada à má-nutrição e quando se tem mente uma taxa de crescimento populacional de 3%.

vacinação No âmbito do Programa de Vacinação, é de referir que este teve o seu orçamento reforçado em 16,96%, estando, em 2018, dotado com 3 637 851 553 AOA. É de referir que os custos associados à aquisição de vacinas foram estimados em cerca de 7 biliões de kwanzas. Apesar disso, o programa está longe de conseguir responder à realidade patente nos dados oficiais mais recentes (IIMS 2015-2016), segundo os quais:

Vacinação infantil Angola Urbana Rural

% de crianças dos 12 aos 23 meses vacinadas contra as doenças infantis (BCG; poliomielite; sarampo)

30,6 39,8 16,6

% de crianças dos 12 aos 23 meses vacinadas contra a BCG 71,9 84,4 52,9

Também a este título, é importante salientar algumas das metas do PDN 2018-2022 de modo a reflectir sobre a adequação da progressão dos investimentos no que se refere à vacinação:

Metas PDN 2018-2022 Descrição

1 Até 2022, 95% das crianças estão vacinadas contra o sarampo.

2Até 2022, está garantida 90% de cobertura nacional de vacinação em crianças com menos de 1 ano, com a Penta-3.

3 Até 2022, eliminar o tétano neonatal.

Relativamente ao ano de 2016, encontra-se na área da vacinação o mesmo cenário já discutido sobre a nutrição. A tabela seguinte mostra as discrepâncias entre o valor solicitado, o valor atribuído, o valor executado e o peso da dívida do sector:

OGE 2016

Orçamento planificado da Direcção Nacional de

Saúde Pública, MINSA

Montante atribuído

– OGE 2016

Montante executado -

2016

Montante utilizado

para a dívida

Programa de Vacinação 6 026 929 531,95 1 045 820 640,00 28 514 512,00 1 017 306 128,00

O UNICEF estima que o Governo necessita de investir cerca de 37,4 milhões de dólares americanos – ou 7 mil milhões de kwanzas7 - em 2018, 40 milhões de dólares adicionais em 2019 e mais 50 milhões de dólares em 2020, apenas na compra de vacinas para chegar a uma cobertura de 75% na vacinação do papiloma do vírus humano (HPV) e na vacina contra a poliomielite (bOPV). No entanto, as necessidades orçamentais reais devem ser calculadas tendo em conta os custos associados à cadeia de frio, transporte, logística, campanhas de vacinação, etc. Por esta razão, os montantes necessários deverão ser significativamente superiores.

6 Banco Mundial, 2010. “Scaling up Nutrition: What will it Cost?” Horton et al. http://siteresources.worldbank.org/HEALTHNUTRITIONANDPOPULATION/Resources/Peer-Reviewed-Publications/ScalingUpNutrition.pdf. pág. 52. 7 Câmbio de 185 kwanzas por dólar

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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO | 2018

A compra de vacinas e medicamentos na sua generalidade pode ser realizada de modo mais eficiente, utilizando os canais de aquisição do UNICEF. Estes canais oferecem garantia de certificação de qualidade e não têm fins lucrativos. As poupanças nesta área podem ser usadas para investir na capacidade logística para a distribuição de vacinas e medicamentos, incluindo a cadeia de frio necessária para assegurar que os mesmos chegam em condições às unidades hospitalares e às crianças e cidadãos angolanos.

De qualquer modo, dada a experiência no campo da vacinação, dada a existência de estruturas municipais a este nível, considera-se que uma maior cobertura da vacinação, próxima dos objectivos delineados no novo PDN, será exequível. Contudo, tal estará condicionado pelo nível de investimento efectivamente direccionado para a vacinação e pela disponibilidade constante de insumos. Por outro lado, no campo da nutrição, a situação é mais grave, na medida em que não existe pessoal qualificado em número suficiente.

descenTralização da saúde e assiMeTrias geográficas Como referido, a municipalização dos serviços de saúde constitui uma das políticas mais relevantes nas estratégias de aproximação destes serviços à população. É também uma clara prioridade do PDN 2018-2022. No entanto, a este nível, o programa que mais directamente influi neste objectivo é o Programa de Revitalização dos Serviços Municipais de Saúde, o qual, estando classificado como despesa de funcionamento e de apoio ao desenvolvimento, conta apenas com 51 179 085,00 AOA.

A municipalização da saúde passará pelo Programa Integrado de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza. Apesar de o OGE permitir a identificação dos

montantes atribuídos por província neste programa, não existe nenhuma subclassificação que permita conhecer a percentagem que deverá ser dedicada ao sector da saúde. No processo de descentralização administrativa e financeira que Angola está a passar, deve-se clarificar o máximo possível junto das administrações municipais e dos cidadãos qual o montante que cada município tem disponível para a saúde e as competências que irá assumir neste sector.

O quadro 7, finalmente, permite analisar o montante atribuído por província na área da saúde em 2018. Numa situação ideal, o custo da saúde deverá ser similar para qualquer cidadão, independentemente do seu local de residência. Esta estratégia permitiria atribuir um orçamento provincial ou municipal para o sector em função da população.

Contudo, obviamente, as diferentes partes do território têm custos diferentes devido a razões de ordem diversa (históricas, infra-estruturas, factores demográficos e culturais, etc.). Mesmo considerando tal diversidade, é de estranhar que, em Luanda, se gaste 4373 kwanzas por pessoa, contra 20 017 kwanzas por pessoa no Bengo e 14 290 kwanzas em Cwanza-Sul. Recomenda-se, por isso, a padronização das normas de atribuição para que a despesa pública seja mais transparente e equitativa em termos geográficos.

Quadro 7: Valor orçamentado para água e saneamento por província e per capita em kz

CRÉDITOS Design: Julie Pudlowski Consulting • Fotografia: @UNICEF Angola - Pág. 1, 2007/Silva Pinto; Pág. 4, 2014/Silva Pinto; Pág. 6, 2015/Silva Pinto; Pág. 7, 2008/Silva Pinto; Pág. 9, 2015/Carvalho; Pág. 10, 2005/Silva Pinto; Pág. 13, 2014/Silva Pinto; Pág. 15, 2014/Silva Pinto.

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