oportunidades e prÁticas de negÓcioeditora.globo.com/premios/2014/assets/servico/servico... ·...

13
OUTUBRO, 2014 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS 61 60 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS OUTUBRO, 2014 WWW. REVISTAPEGN. COM. BR TENDÊNCIAS ESPECIAL FOTOS: FULANO DE TAL/Editora Globo AS TECNOLOGIAS, ESTRATÉGIAS E FORMATOS DE GESTÃO QUE ESTÃO MUDANDO O JEITO DE FAZER NEGÓCIOS NO BRASIL E NO MUNDO Bruna Martins Fontes, Fabiana Pires e Thomaz Gomes TENDÊNCIAS PARA 2015 + 50 OPORTUNIDADES E PRÁTICAS DE NEGÓCIO MARKETING EM TEMPO REAL SOLUÇÕES URBANAS ECONOMIA DA REPUTAÇÃO CUSTOMIZAÇÃO RADICAL BIG DATA ONLINE = OFFLINE FELICIDADE NO TRABALHO ESCRITÓRIO FLEXÍVEL CONSUMO SEM CULPA TECNOLOGIA DE IMPACTO

Upload: lydung

Post on 21-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 6 1 6 0 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

TENDÊNCIASE S P E C I A L

FOTOS: FULANO DE TAL/Editora Globo

AS TECNOLOGIAS, ESTRATÉGIAS E FORMATOS DE GESTÃO QUE ESTÃO MUDANDO O JEITO DE FAZER NEGÓCIOSNO BRASIL E NO MUNDO

Bruna Martins Fontes, Fabiana Pires e Thomaz Gomes

TENDÊNCIAS PARA 2015

+ 50OPORTUNIDADESE PRÁTICAS DE NEGÓCIO

MARKETING EM TEMPO REAL

SOLUÇÕES URBANAS

ECONOMIA DA REPUTAÇÃO

CUSTOMIZAÇÃO RADICAL

BIG DATA

ONLINE = OFFLINE

FELICIDADE NO TRABALHO

ESCRITÓRIO FLEXÍVEL

CONSUMO SEM CULPA

TECNOLOGIA DE IMPACTO

Com as pessoas conectadas 24 horas por dia, ganha quem souber aproveitar um assunto em evidência para atrair novos consumidores. Um evento popular — pode ser desde uma competição esportiva até a chegada de uma frente fria — é a deixa para fazer propaganda de um lançamento, oferecer descontos ou postar uma mensagem que reforce a marca. “A publicidade imperativa não é mais tão eficiente. Para passar seu recado, é melhor se aproximar do que as pessoas já estão discutindo”, diz Vitor Elman, sócio da agência Cappuccino Digital.

O fechamento do Cine Belas Artes, em janeiro de 2011, causou comoção em São Paulo (SP). Localizado no bairro da Conso-lação, na zona central da capital paulista, o cinema de rua havia se consagrado como símbolo da resistência aos blockbusters exibidos nas salas de shopping. Enquanto seus fãs faziam abai-xo-assinados, o Belas Artes re-cebeu 800 rosas com mensagens de frequentadores. Por trás da homenagem estava a loja virtual Flores Online. “Tiramos a ideia do papel em uma semana. A ação só faria sentido enquanto as pessoas estivessem sensibiliza-das”, afirma Eduardo Casarini, 38 anos, CEO da empresa.

As rosas, que custaram R$ 3.500 à Flores Online, renderam, em uma semana, dezenas de men-ções na mídia, além de um aumen-to de 20% na base de fãs em redes sociais. O índice de conversão de vendas, porém, foi de apenas 15%. “O objetivo era ganhar visibilida-de e fortalecer a marca em um determinado nicho de consumi-dores. O sucesso de uma ação nem sempre está ligado ao fatu-ramento”, diz Casarini.

Motivada pelos bons resulta-dos, a empresa incorporou ferra-mentas de marketing em tempo real ao planejamento publicitário. Uma das ações foi construída com base no Dia Mundial sem Carro, celebrado em 22 de setembro. Nessa data, a varejista online faz entregas de bicicleta na capital paulista. Os ciclistas percorrem as ruas uniformizados com o logo da empresa, reforçando o posicio-namento sustentável da marca. “O retorno de construção de imagem é difícil de mensurar. O maior desafio é estabelecer um limite para investir em estratégias que não geram receita direta.”

MARKETING EM TEMPO REAL

1. AUDIÊNCIACULPA DO FELIPÃODurante a última Copa, a editora Lote42, de São Paulo (SP), anunciou que daria descontos de 10% nos livros a cada gol sofrido pelo Brasil. A estratégia deu certo até as semifinais, quando a seleção foi vazada sete vezes pela Alemanha. Com quase 2 milhões de visualizações no Facebook, o link de vendas derrubou o site da empresa. “As coisas saíram do controle e começamos a receber mensagens ofensivas”, diz o fundador, João Varella, 29 anos. Ele organizou uma força-tarefa para responder às críticas em tempo real, de forma honesta e bem-humorada. O posicionamento transparente trouxe 32 mil novos seguidores em três dias. “É verdade que tivemos prejuízo”, diz ele. “Mas quanto teríamos gastado para conquistar essa base de fãs?”

2. REPERCUSSÃOCARONA NA NEVASCANo início do ano passado, quando a previsão do tempo alertou para a chegada de uma nevasca na costa leste americana, a Starbucks decidiu entrar na conversa. Como as pessoas estavam falando sobre o fenômeno nas redes sociais, a empresa criou anúncios temáticos convidando o público a se esquentar, provando um novo café, oferecido com desconto. A publicidade foi exibida em forma de anúncios no Facebook e posts patrocinados no Twitter.

3. INTERAÇÃO COM ÁGUA NA BOCAO restaurante República da Saúde, de Goiânia (GO), usa o Facebook para fisgar o público na hora da fome. De manhã, a empresa posta fotos da fornada de pães. Mais tarde, é a vez de mostrar o prato do dia. “Adaptamos as publicações aos horários das refeições”, diz o fundador, Mateus Martins, 27 anos. “Vários clientes nos disseram que vieram depois de ver os posts.” A especialidade do restaurante, fundado em 2008, são os alimentos saudáveis. Por isso, alterna as fotos com dicas sobre saúde e boa forma.

4. ENGAJAMENTOPUBLICIDADE NO ESCUROA Nabisco adotou uma tática original para aproveitar um apagão de 34 minutos que aconteceu em fevereiro de 2013. Enquanto milhões de pessoas estavam assistindo ao Superbowl, a final nacional de futebol americano, a luz do estádio de repente caiu. Percebendo o burburinho gerado pelo incidente, a empresa publicou no Twitter uma simples imagem da bolacha Oreo, avisando que ela poderia ser degustada mesmo no escuro. O público gostou: a mensagem teve 15 mil retuítes e 20 mil curtidas no Facebook. Segundo a agência 360i, que cuida das mídias sociais da marca, o anúncio foi bem-sucedido porque a equipe agiu rápido para transferir a atenção das pessoas, da tevê para o celular ou o tablet.

EDUARDO CASARINI, 38 ANOS, CEO

FLORES ONLINEO que faz: e-commerce de flores e presentesFundação: 1998Sede: São Paulo (SP)Funcionários: 110Faturamento em 2013: R$ 30 milhões

5. CONSTRUÇÃO DE MARCA

FLORES NA HORA CERTA

TENDÊNCIAS

6 2 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

Encontrar respostas para as questões que afligem as metrópoles deve ser uma das prioridades dos empreendedores. Existem boas oportunidades para empresas que consigam ajudar o público a superar as dificuldades ligadas à mobilidade – seja trabalhando com novas modalidades de transporte, seja levando um produto ou serviço direto para a porta do consumidor.

A ideia para a criação da Le Box veio de um curso de MBA. “Um dia, meu marido, Carlos Eduardo, voltou da aula comentando algumas ideias de negócio desenvolvidas em classe”, diz a engenheira de alimentação Melissa Juliani Garcia, 36 anos. Ela logo se in-teressou por uma delas: entregar na casa do cliente um kit de ingredientes para preparar pratos gourmet. “Achei que seria ideal para aquela mãe que nunca consegue sair para jantar, ou então para quem adora uma refeição especial, mas não tem paciência para enfrentar o trânsito”, conta.

Melissa passou dois anos estudando o melhor modelo de negócio e testando receitas diferentes. Até que, no ano passado, fundou a Le Box. Para facili-tar a vida de quem gosta de cozinhar, a empresa entrega uma caixa com a receita e todos os ingredientes, na porção exata e já picados. As opções vão da entrada à sobremesa — há ainda um vinho para harmonizar, in-cluído no pacote. Para os mais pregui-çosos, existe a opção de encomendar pratos frescos embalados a vácuo, que ficam prontos em dez minutos.

Neste ano, foi criado um clube de assinaturas: os usuários cadastrados recebem, algumas vezes por mês, a refeição pronta ou a caixa com a recei-ta e os ingredientes. “Incluir os dois tipos de serviço no pacote é uma es-tratégia para fidelizar os clientes”, afirma Melissa. Outra fonte de receita da Le Box são as parcerias com marcas para distribuir amostras de produtos — como limpadores de fogão — entre sua base de clientes. Agora, a empresa quer expandir por meio de franquias. A expectativa é de um faturamento de R$ 1 milhão em 2014.

SOLUÇÕES URBANAS

8. SKATETRANSPORTE NA MOCHILAA startup baiana Movpak criou uma mochila diferente, integrada a um skate elétrico guiado por controle remoto, ideal para quem precisa percorrer pequenas distâncias. A bolsa tem um compartimento que guarda a prancha — e sobra espaço para levar livros e notebooks. O criador do projeto, Hugo Dourado, 40 anos, lançou, no mês passado, uma campanha no Kickstarter para começar a produzir o apetrecho. Até a conclusão desta edição, eles haviam conseguido arrecadar US$ 44 mil.

9. MOTOMENSAGEIRO PELO APLICATIVODepois da febre dos apps de táxi, agora já é possível chamar um motoboy pelo smartphone. O brasiliense Jhonata Emerick, 32 anos, criou em 2013 o aplicativo 99Motos, que localiza o profissional que está mais perto do usuário. O cliente não paga para usar o sistema, apenas combina o preço do serviço com o motoboy — 1.200 já se cadastraram na plataforma. Em agosto deste ano, o fundo de investimento incube comprou a 99Motos por R$ 3 milhões. A solução está disponível apenas para a Grande São Paulo.

6. BICICLETAESTACIONAMENTOS VERDESCada vez mais pessoas optam pelas bikes para driblar o trânsito. Mas muitos estabelecimentos ainda não dispõem de estrutura para receber ciclistas. Fundada em São Paulo (SP), em 2012, a Ciclomídia instala estacionamentos para bicicletas em restaurantes, lojas e shoppings . Outros serviços oferecidos são valet em eventos e instalação de canaletas para descer escadas. Entre seus clientes estão os bancos Itaú e Bradesco, e o hospital Albert Einstein.

7. CARRO MOTORISTAS NO VOLANTEEm 2012, Rafael Taube, 29 anos, criou um serviço de compartilhamento de veículos chamado Joycar. Com um cartão de acesso, o usuário destrava o carro, roda pelo tempo necessário e depois o devolve — a startap banca o combustível. O sistema foi testado e aprovado por cinco empresas de São Paulo (SP), que já substituíram parte de sua frota corporativa. No mês passado, Taube lançou a solução para o público, com uma oferta inicial de oito veículos.

10. DELIVERY

JANTAR GOURMET SEM SAIR DE CASA

MELISSA JULIANI GARCIA, 36 ANOS, FUNDADORA

LE BOXO que faz: delivery de kits com ingredientes para preparar pratos gourmet em casaFundação: 2013Sede: São Paulo (SP)Funcionários: 3Previsão de faturamento para 2014: R$ 1 milhão

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 6 5

E S P E C I A L

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

Dos 450 mil usuários que acessam o Reclame Aqui todos os dias, apenas 5% se queixam de algum serviço. Os outros 95% entram no site para conferir a avaliação das empresas. “O consumidor está cada vez mais preocupado com o histórico da companhia. Ele não quer comprar de alguém que seja malvisto”, diz Mauricio Vargas, presidente do Reclame Aqui. Zelar pela imagem da empresa em todas as plataformas é vital para a saúde do negócio. Saiba o que os empreendedores estão fazendo para usar a economia da reputação a seu favor.

O melhor momento para você conquistar o cliente é quando tu- do está dando errado. É o que diz o engenheiro Wilson Cimino, 29 anos, fundador da Tricae, um dos maiores e-commerces de artigos infantis do Brasil. Para o empre-endedor, a parte mais importante da experiência de compra aconte-ce depois que o negócio foi fecha-do. “Para que a empresa seja vito-riosa, não basta vender. Tem de fidelizar. E isso só acontece quando você consegue resolver um proble-ma do cliente de maneira simples e rápida”, afirma Cimino.

Para alcançar esse objetivo, é preciso contar com uma equipe de atendimento satisfeita. “Por isso, a Tricae investe até R$ 500 mil por mês em telemarketing”, diz. Os 120 funcionários do setor ficam em um escritório espaçoso em Jundiaí, no interior de São Paulo, e seus gesto-res são orientados a manter o am-biente de trabalho descontraído, sem a pressão habitual de um call center. Além disso, o sistema usado pelos atendentes passa por atuali-zações constantes. “Eles ficam o dia todo ouvindo os clientes. Com um equipamento eficiente e uma boa atmosfera de trabalho, sen-tem-se motivados a oferecer um serviço de qualidade.”

Para avaliar o desempenho do ti-me, Cimino usa dois indicadores: quantas vezes o consumidor precisa ligar para falar sobre um problema e quanto tempo duram as ligações. “O ideal é que seja necessária apenas uma chamada de cinco minutos”, afirma. A estratégia tem dado resul-tado: apenas 0,05% dos clientes da loja (um a cada 2 mil) já se queixaram ao Reclame Aqui. O desempenho rendeu à empresa o prêmio Excelên-cia em Qualidade Comércio Eletrô-nico B2X do E-bit, que mede a satis-fação dos internautas.

ECONOMIA DA REPUTAÇÃO

11. AVALIAÇÃOCONEXÕES SELECIONADASA opinião do cliente se tornou algo tão essencial para os negócios que passou a servir de base para novos modelos. O caso mais notório é o do Airbnb, plataforma que permite aos usuários alugar sua casa ou parte dela a estranhos. O maior trunfo do site é um sistema de avaliação que permite a hóspedes e anfitriões darem notas para itens como limpeza e organização. Exemplo mais recente da tendência é o aplicativo de caronas Lyft, que virou febre nos Estados Unidos no último ano. Quando o usuário faz um comentário negativo sobre um motorista, o software trata de criar conexões para novas caronas.

12. RECOMENDAÇÃOMEDALHA DE OURO Quando Marcelo Nikaido, 64 anos, fundou a loja de peças automotivas Ferkauto, em 1989, mal imaginava que a maior parte de suas vendas seria pela internet. Há oito anos, o Mercado Livre é responsável por 65% dos negócios da empresa — são 700 envios de mercadoria por dia para todo o Brasil. 99% dos compradores do site recomendam a empresa, o que garantiu a ela a medalha Platinum do Mercado Livre. “Pouca gente entende de carro. Então, antes de vender, queremos ter certeza de que o cliente entendeu muito bem o que está comprando”, diz Nikaido.

13. SOLUÇÕES RÁPIDASTELEFONIA SEM CRISEAo pesquisar as queixas do site Reclame Aqui, Daniel Hatkoff, de 31 anos, percebeu que as principais reclamações eram referentes à telefonia. “Decidi que esse seria o meu ramo de atuação”, diz o economista americano radicado no Brasil. Fundado em 2012 com ajuda do fundo Kaszek Ventures, o Clube Pitzi é um serviço de assinatura que garante o conserto de smartphones danificados em caso de quedas, problemas com água ou falhas internas. “Em sites de reclamação, as empresas demoram até três dias para atender. A nossa média para solucionar um problema é de uma hora”, diz Hatkoff.

14. RELAÇÕES PÚBLICASSOB OS HOLOFOTESNão é apenas na internet que se constrói a reputação da empresa. O consumidor se importa também com a mensagem que a marca passa por meio de sua política interna, ações na sociedade ou presença na mídia. Quem soube usar bem a tendência foi o presidente do Starbucks, Howard Schultz, em 2013. Ao declarar seu apoio ao casamento homossexual, apesar da oposição de alguns acionistas da empresa, ele reforçou a imagem de uma companhia que preza pela diversidade.

WILSON CIMINO, 29 ANOS, FUNDADOR

TRICAEO que faz: e-commerce de roupas infantojuvenisFundação: 2011Sede: Jundiaí (SP)Funcionários: 600Faturamento em 2013: R$ 70 milhões

15. ATENDIMENTO

FOCO NO PÓS-VENDA

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 6 7 6 6 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

16. E-COMMERCEPROVADOR VIRTUALO foco na individualidade do cliente é uma das premissas da Shop2gether, site que reúne grifes de vestuário e decoração fundada pelos paulistanos Eduardo Kyrillos, 40 anos, e Daniel Guimarães, 32. “Todo e-commerce precisa de padronização, mas o consumidor de alta moda não quer nada padrão. Por isso, desafiamos essa premissa”, diz Kyrillos. Ao se cadastrar no site, são solicitadas as medidas do usuário — a partir daí, consultoras de moda recomendam peças para seu tipo de corpo. Também é possível tirar dúvidas em um chat com um personal stylist. Os clientes aprovaram as novidades: o site faturou R$ 14 milhões em 2013.

17. DELIVERYCARDÁPIO COMPLETO Personalizar o serviço de entrega é a proposta da startup HelloFood, fundada em 2013. Quem coloca seu endereço no site fica sabendo quais são os restaurantes que entregam em sua casa. A partir daí, o consumidor estabelece os filtros da sua busca, dizendo que tipo de comida procura, se quer preços em conta ou prefere lugares com menor tempo de entrega. “Colocar vários filtros facilita a decisão do cliente. Assim, ele gasta menos tempo e tem uma experiência melhor”, afirma o fundador, Marcelo Ferreira, 28 anos. A empresa já recebeu mais de R$ 200 milhões em aportes.

18. ATENDIMENTOSOMMELIER NO CELULARQuando fundou o e-commerce de vinhos Sonoma, em 2011, o americano radicado no Brasil Alykhan Karin, 28 anos, sabia que lidaria com um público exigente. “No atendimento online, o consumidor costuma resolver sozinho suas dúvidas. Eu queria ajudá-lo mais”, diz Karin. A solução foi o Sonoma Concierge, lançado no final do ano passado: sommeliers contratados pela empresa dão dicas de harmonização, adega e degustação para o usuário, por celular, e-mail ou Skype. Dos 140 mil usuários cadastrados no Sonoma, mil já assinam o serviço.

19. VENDASCLIENTES SENSORIAISUma das estratégias para melhorar a conversão no ponto de venda é a divisão dos clientes por tipos sensoriais. Segundo Roberto Madruga, fundador da consultoria em vendas ConQuist, o funcionário da loja precisa observar atentamente o comportamento do comprador. “Se ele está mexendo em um produto, o tato deve ser seu principal sentido. Agora, se entrar na loja olhando para todos os lados, é porque já escolheu, só precisa tirar uma dúvida”, afirma o especialista. O segredo é só reagir depois de ver como o consumidor se comporta. “Esse tipo de sensibilidade é uma das características mais valiosas do vendedor”, diz.

“No futuro, teremos produtos únicos para consumidores únicos.” A frase, cunhada pelo consultor belga Peter Hinssen, que estuda o efeito da tecnologia no comportamento humano, resume uma das tendências mais fortes do varejo: a customização de produtos e serviços. Com o poder concedido pela tecnologia, o consumidor ganhou liberdade para escolher o que quer comprar, em qual plataforma e com qual frequência. Cabe ao empreendedor se adequar a essa realidade. “As lojas online e offline devem ficar cada vez mais customizadas, para atender diferentes nichos”, diz Mario Rodrigues, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas.

Durante 13 anos, as amigas Rosana Macedo, 50 anos, e Rita Mascarenhas, 48, trabalharam com atacado de bijuterias. As duas compravam pingentes e correntes de metal e, com a ajuda de uma equipe de 15 pessoas, montavam colares de todos os tamanhos, cores e tipos. Quando a concorrência dos produtos chineses ameaçou a sobrevivên-cia do negócio, elas decidiram

fechar a empresa antiga e migrar para o varejo, abrindo unidades em shopping centers do Rio. Mas viram-se com um problema nas mãos: a oferta de bijuterias nesse tipo de estabelecimento estava saturada. Foi então que Flavia Couto, 29 anos, filha de Rosana, teve uma ideia inovadora. “Quando elas vendiam para o atacado, os clientes pediam para mudar os produtos de acordo com o gosto e a linha das empresas. Por que não dar essa mesma opção para o consumidor final? Assim se-ríamos diferentes da concorrên-cia”, afirma Flavia, que se tornou sócia na nova fase. Com esse

propósito, fundaram a Fundição Filomena e abriram a primeira loja no Barra Shopping, em 2008. No novo formato, o cliente pode criar mais de 3.900 combinações de colares e pulseiras. “Na pri-meira semana, já tínhamos fila no caixa”, afirma Flavia. Hoje, a rede conta com 15 unidades no Rio de Janeiro. Com o tempo, o catálogo passou a incluir aces-sórios femininos, como cartei-ras e nécessaire. Mas as bijute-rias customizadas são o carro-chefe, representando 30% do faturamento, que foi de R$ 7 mi-lhões em 2013. “Nós triplicamos de tamanho, desde a época em que vendíamos para o atacado.”

CUSTOMIZAÇÃO RADICAL

FLAVIA COUTO, 29 ANOS , SÓCIA FUNDIÇÃO FILOMENAO que faz: rede de lojas de bijuteriaFundação: 2008Sede: Rio de Janeiro (RJ)Funcionários: 130Faturamento em 2013: R$ 7 milhões

20. PRODUTO

MULTIPLICAÇÃO DOS COLARES

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 6 9 6 8 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

FOTO: MARCELO CORREA/Editora Globo

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 7 1 7 0 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

Até 2017, o mercado global de Big Data deverá movimentar US$ 32,4 bilhões. O número é da consultoria americana IDC, que prevê um crescimento anual de 27% para o setor — índice seis vezes maior do que a média geral da indústria de tecnologia. Não faltam oportunidades para empreendedores capazes de converter grandes volumes de informação em soluções inovadoras para governos e corporações. Sistemas de análise preditiva e plataformas de cálculo de risco são serviços que interessam tanto para agricultores quanto para executivos do mercado financeiro.

À primeira vista, as estações meteorológicas da Olearys não pare-cem ter nenhuma relação com Big Data. Fabricadas a partir de uma base simples de metal, as máquinas se misturam facilmente às paisagens das lavouras de milho, soja e tomate onde estão instaladas. Mas, por trás do visual espartano, está uma pode-rosa plataforma de dados, capaz de antecipar a incidência de pragas e reduzir a aplicação de agrotóxicos em até 60%. “Oferecemos uma tec-nologia complexa dentro de um pa-cote simples. Isso é fundamental para conquistar clientes no meio

rural”, afirma Tiarê Balbi (à dir. na foto), 27 anos, que assumiu o coman-do da empresa familiar em 2009, ao lado do primo Vitor Balbi, 26.

Batizado de Hemisphere, o sistema coleta dados como nível de umidade do solo, temperatura do ar e volume de chuvas a cada 15 minutos. As in-formações são transmitidas por um celular e processadas em um software desenvolvido a partir de 60 mil linhas de códigos. Com base no cruzamen-to dos números, o programa antecipa a possibilidade de doenças como ferrugem e requeima e determina se é realmente necessário aplicar um

produto químico para proteger a plantação. Os agricultores devem acessar os resultados em tempo real, em um painel que pode ser visuali-zado em computadores ou smart- phones. “Produtores rurais costu-mam traçar estratégias a partir de métodos empíricos”, diz Balbi. “A ferramenta permite que eles se ba-seiem em dados concretos.” Atual-mente, existem 17 estações espalha-das por fazendas no Mato Grosso do Sul e no Triângulo Mineiro. Em 2012, na última vez em que divulgou nú-meros de vendas, a empresa havia faturado R$ 6 milhões.

BIG DATA

21. PUBLICIDADEAUDIÊNCIA SEGMENTADAA partir da varredura de 15 mil páginas na internet, a Tailtarget ajuda marcas como Fiat, Toyota e Sadia a conhecer melhor o seu público-alvo. Fundada por Paulo Planet, 32 anos, Cristiano Nóbrega, 40, e Fernando Babadopulos, 34, a startup paulistana criou um algoritmo que traduz históricos de navegação em perfis de consumo como “geeks” e “decisoras do lar”. As informações são cruzadas com indicadores externos, como temperatura e localização geográfica, permitindo a criação de ações específicas. “Conseguimos determinar qual é o melhor dia da semana para divulgar uma sandália ou uma bota, por exemplo. Com o serviço, é possível encontrar nichos de compradores em tempo real”, diz Planet.

22. SEGURANÇATECNOLOGIA CONTRA O CRIMENo final de agosto, a polícia de São Paulo começou a usar o Detecta, sistema que armazena informações de fontes como câmeras de segurança, leitores de placas e telefones de emergência. Desenvolvida em parceria com a Microsoft, a ferramenta é capaz de apresentar detalhes sobre crimes em andamento e gerar alarmes automáticos para as viaturas em campo. Na plataforma também é possível integrar os dados de ocorrências registradas na Polícia Militar, na Civil ou no Detran.

23. ENERGIAVENTO A FAVOR Com presença em oito estados americanos, a Xcel é uma distribuidora de energia eólica que usa ferramentas de análise preditiva para estudar padrões de ventos no sul dos Estados Unidos. Resultado de uma parceria com o centro nacional de pesquisa atmosférica do país, o sistema cruza indicadores atmosféricos gerais com dados captados pelos geradores da empresa. O programa reduziu em 40% a margem de erro das previsões tradicionais e gerou uma economia anual de US$ 22 milhões nos combustíveis que mantêm as estações funcionando.

24. FINANÇASANÁLISE EM TEMPO REALFundada em 1986 com o objetivo de fornecer estatísticas internas para corporações, a Stone Age começou a processar informações bem antes do Big Data virar tendência. Com faturamento de R$ 20 milhões no ano passado, a empresa carioca é especializada em tecnologias para a indústria financeira, como sistemas antifraude e análise de crédito em tempo real. Todas as soluções são baseadas na mesma plataforma. “O software pode ser calibrado de acordo com as necessidades de cada segmento”, afirma o sócio Rodrigo Cordeiro, 47 anos. “A integração com o banco de dados é feita pelo próprio cliente.”

VITOR, 26 ANOS, E TIARÊ BALBI, 27 ANOS, SÓCIOS

OLEARYSO que faz: análises climáticas para produtores rurais Fundação: 1994Sede: São José dos Campos (SP)Funcionários: 8Faturamento em 2013: não revelado

25. AGRONEGÓCIO

PREVISÕES PARA A LAVOURA

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 7 3 7 2 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

No início de janeiro, o Google comprou por US$ 3,2 bilhões os termostatos inteligentes da Nest, que se adaptam ao comportamento do usuário. Dois meses depois, o Facebook desembolsou US$ 2 bilhões para adquirir o Oculus Rift, dispositivo de realidade virtual para fãs de jogos eletrônicos. Por trás das transações bilionárias está o apetite de um mercado ávido por soluções que aproximem o mundo digital do cotidiano dos consumidores. Em um cenário marcado pela integração entre os universos online e offline, empreendedores que apostam em nichos como tecnologias vestíveis e realidade aumentada encontram um terreno fértil para lançar projetos de escala global.

Dos óculos do Google aos relógios inteligentes da Apple, empresas do mundo inteiro estão em busca de um produto que transforme as tecnolo-gias vestíveis em um produto de massa. É neste setor, disputado pal- mo a palmo por gigantes internacio-nais, que se encontra a Carenet, startup paulistana especializada em soluções de saúde e bem-estar. Fundada pelo suíço Immo Oliver, 45 anos, a empresa é a responsável pela criação do Klip, um pequeno dispositivo eletrônico que monitora atividades físicas em tempo real. Resultado de um investimento de R$ 1 milhão, o aparelho coleta dados como o número de passos caminha-dos e a movimentação durante o sono. O sistema é integrado a um aplicativo para smartphones, que traduz os números em indicadores sobre bem- estar e sugere ações para melhorar a qualidade de vida. “Os resultados são apresentados de forma intuitiva. A ideia é aproximar a tecnologia da rotina do usuário, de forma que ele não se lembre de que está usando o acessório”, afirma Oliver. O primeiro lote do Klip está à ven-da no site da Carenet: o preço do aparelho é R$ 199. “Cobrar mais do que isso poderia desestimular as pessoas a testar o gadget”, diz o empreendedor. “Queremos popula-rizar esse tipo de produto.” Caso o aparelho caia no gosto do público, o próximo passo é explorar oportuni-dades ligadas à análise de compor-tamento. Nos próximos dois anos, Oliver pretende fechar parcerias com academias, profissionais de fitness e órgãos públicos de saúde. “O custo para investir no segmento de vestíveis tornou-se acessível para a maioria das startups. A ino-vação está na maneira como os dados do consumidor são analisados.”

ONLINE = OFFLINE

26. REALIDADE AUMENTADAPUBLICIDADE EM MOVIMENTOCriado pela Digital Illusions, estúdio paulistano especializado em plataformas de realidade aumentada, o aplicativo Ar.On dá vida digital às imagens de livros e revistas. A solução é baseada em um algoritmo que reconhece fotografias e ilustrações, transformando-as em animações interativas nas telas de tablets e smartphones. Para ativar, basta apontar a câmera do aparelho para um objeto cadastrado no sistema. “Os brasileiros não estão habituados a essa tecnologia. Por isso, investimos em um formato simples”, diz o fundador, Rodrigo Rocha, 30 anos. Com projetos customizados para marcas como Honda e Christian Dior, a empresa deve faturar R$ 500 mil em 2014.

27. IMERSÃO DIGITALA VOLTA DOS MORTOS-VIVOSA realidade virtual, que andava esquecida depois de algumas tentativas fracassadas nos anos 1990, é a aposta da Survius, empresa de São Francisco que captou US$ 6,8 milhões no capital de risco internacional para desenvolver um visor 3D de jogos de ação. Dos títulos em fase experimental, o Zombies on the Holodec, game no qual o jogador atira em zumbis pelas ruas de Chicago, é um dos mais aguardados pelos americanos.

28. OBJETOS INTELIGENTESSE A MINHA CANECA FALASSEConectar qualquer tipo de objeto à internet se transformou no desafio de startups e corporações. Exemplo dessa tendência é a Vessyl, caneca inteligente que identifica o tipo de bebida e a quantidade de calorias consumida pelo usuário. Para criar o produto, com lançamento previsto para 2015, a empresa levantou US$ 3 milhões em fundos de venture capital americanos. Só em pré-vendas, a startup de São Francisco já faturou US$ 1 milhão.

29. CARTEIRA MÓVELTROCANDO DINHEIRO NA NUVEMO avanço do celular como mecanismo de pagamento é a aposta da PicPay. No início de 2013, a startup capixaba lançou um aplicativo que permite aos usuários pagar contas em lojas físicas apenas com seus smartphones. Integrado a bancos e operadoras de cartões, o sistema também possibilita a troca de créditos entre os usuários. O modelo de negócio é baseado na cobrança de taxas de 3,5% a 4,5% dos estabelecimentos cadastrados. “Queremos levar as transações digitais para o varejo tradicional. A ideia é que as pessoas enviem dinheiro com a mesma facilidade com que mandam mensagens pelo WhatsApp”, afirma o cofundador, Diogo Roberte, 33 anos.

IMMO OLIVER, 45 ANOS, FUNDADOR

CARENETO que faz: tecnologias de monitoramento de saúde e bem-estar Fundação: 2013Sede: São Paulo (SP)Funcionários: 10Previsão de faturamento para 2014: R$ 300 mil

30. VESTÍVEIS

BEM-ESTAR QUE CABE NO BOLSO

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

Ambiente leve, gestão horizontal, objetivos bem definidos: essas são algumas das características que transformaram as startups em verdadeiros ímãs de talentos. Para os representantes da geração Y, essas empresas nascentes representam a possibilidade de encontrar prazer e propósito naquilo que fazem. Para as gerações anteriores, significam uma alternativa à estagnação das grandes corporações. “Essas pessoas não querem um emprego para ganhar dinheiro. Elas precisam se identificar com a empresa em que trabalham”, diz a psicóloga Eline Kullock, presidente da consultoria em RH Grupo Foco. Nem que para isso precisem fundar suas próprias startups.

FELICIDADE NO TRABALHO 31. DESCONTRAÇÃO

EQUIPE BEM CUIDADAToda manhã, a sede da empresa de consultoria de e-commerce Chaordic, em Florianópolis (SC), é invadida pelo cheiro de pães quentinhos que vêm direto da padaria. Ao chegar, os funcionários trocam seus sapatos por pantufas e chinelos. Mais tarde, as copeiras farão bolos para o lanche dos 90 funcionários. Se for quinta-feira, as equipes poderão sair para tomar uma cerveja por conta da empresa. “Quem cuida bem do time não precisa se preocupar com retenção de talentos”, diz o fundador, João Bernartt, 34 anos. Foram esses atrativos que fizeram Thiago Machado, 36 anos, deixar o seu cargo de diretor de relacionamento com o cliente no Google para se juntar à Chaordic. “Venho trabalhar todos os dias feliz”, diz o ex-executivo.

33. IMPACTOEXPEDIENTE NA MADRUGADA Até dois anos atrás, o currículo de Carlos Eduardo Sanvido, 31 anos, continha apenas nomes de grandes empresas: Bradesco, Itaú, Citibank, Sulamérica. A possibilidade de trabalhar com objetivos claros foi o que o fez se candidatar a uma vaga em uma startup, a agência digital Ecommet. “Aqui, minhas decisões aparecem de um jeito muito mais rápido e impactante”, diz. Pesou também na decisão a escala de trabalho: Sanvido e toda a equipe de TI fazem seu próprio horário. “Eles podem trabalhar de madrugada, se quiserem”, diz Frederico Flores, 27 anos, fundador da Ecommet.

34. AUTONOMIACOMO ELIMINAR SEU CHEFENo início deste ano, a Zappos começou a implantar um regime de holocracia: trata-se de um sistema de gestão baseado na eliminação da hierarquia. A ideia é que não existam mais chefes na empresa — e que os 1.500 funcionários tomem decisões completamente autônomas. Os primeiros pilotos do novo modelo já estão rodando em áreas como o call center e departamentos de marketing. Não é a primeira vez que a varejista online americana surpreende: em 2011, o fundador, Tony Hsieh, investiu US$ 350 milhões do próprio bolso para construir um polo de inovação nos arredores da sede, em Las Vegas. Até hoje, o seu Downtown Project já criou 533 empregos.

32. SINTONIA A VAGA CERTA PARA CADA UM Ninguém melhor do que os próprios millenials para criar uma empresa com foco em felicidade no trabalho. Eduardo Migliano, 25 anos, Diego Ximenes, 24, e Bárbara Telles, 29, são os fundadores do 99Jobs, uma plataforma online que encontra os candidatos mais adequados para cada empresa. Fundada em 2013, a startup já tem 315 mil usuários e 1.500 companhias cadastradas, entre elas Google e Unilever. Para fazer o casamento entre profissional e contratante, eles elaboram uma avaliação das condições de trabalho em cada empresa. “Assim fica mais fácil achar pessoas que vão ser eficientes e felizes naquela vaga”, diz Migliano.

TENDÊNCIAS

7 4 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

Na área da beleza, encontrar bons profissionais não é tarefa fácil; mantê-los é mais difícil ainda. Para suprir essa falta, a rede carioca Walter’s Coiffeur decidiu criar sua própria escola, a Walter’s Academy, com um in-vestimento inicial de R$ 500 mil. Lá, aspirantes são treinados pela equipe do salão em dez modalida-des. Os dois alunos que mais se destacam tornam-se assistentes

em uma das 14 unidades da em-presa. “É a prova de fogo. Nesse momento, dá para ver como os profissionais tratam o cliente, se são proativos e se têm o perfil que procuramos”, diz Walter Cabral Junior, 34 anos, filho do fundador e atual CEO da empresa. Caso se saiam bem, os candidatos podem começar a atuar como cabeleirei-ros e entrar para o plano de car-reira da rede, que inclui aulas de inglês e cursos no exterior.

Foi o que aconteceu com Luiz Carlos Ferreira, 31 anos. “Entrei na academia aos 22 anos. Es tudei durante um ano e meio, até ser efetivado como auxiliar. No ano

seguinte, me tornei cabeleireiro”, diz. No início de 2015, Ferreira irá para Buenos Aires, fazer um curso na Escola Llogueras, uma das mais respeitadas do mundo. Até agora, 100 profissionais tiveram a mesma experiência que Ferreira. Para Cabral, a iniciativa traz duas vantagens: faz com que a equipe se sinta valorizada e garante que a empresa tenha um banco de ta-lentos à sua disposição. “Assim o meu atendimento nunca sofre. Caso alguém muito bom saia, te-nho outra pessoa para colocar no lugar”, afirma. “Além disso, ensi-no eles a fazer as coisas do meu jeito, desde o começo.”

WALTER CABRAL JUNIOR, 34 ANOS, CEO DA

WALTER’S COIFFEURO que faz: rede de salões de cabeleireiroFundação: 1964Sede: Rio de Janeiro (RJ)Funcionários: 430Faturamento em 2013: R$ 3 milhões

35. CRESCIMENTO

CARREIRA BEM APARADA

TENDÊNCIAS

7 6 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

FOTO: MARCELO CORREA/Editora Globo

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 7 9 7 8 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

Durante a conferência Growing Together, States and Enterprises, no Paraguai, no final de julho, o mexicano Carlos Slim — atualmente o homem mais rico do mundo, segundo a Forbes — sugeriu que as empresas adotassem uma jornada de três dias úteis. Em contrapartida, os funcionários trabalhariam de 10 a 11 horas e se aposentariam mais tarde, aos 75 anos. A sugestão do bilionário não deve virar realidade tão cedo. Mas sua proposta é prova de que os novos formatos de trabalho estão ganhando força no mundo dos negócios. Abaixo, alguns empreendedores que estão redefinindo velhos paradigmas do escritório.

ESCRITÓRIO FLEXÍVEL

37. SEDE ITINERANTEEMPREENDEDORES NA ESTRADAA proliferação de coworkings e cafés com wi-fi deu origem a uma nova geração de empreendedores nômades. A tendência é particularmente útil para negócios que não precisam manter equipes operacionais fixas. É o caso da Me Launch Pretty One Day, consultoria de Cingapura focada no desenvolvimento de projetos em mercados asiáticos. Fundada por Adrianna Tan, especialista em redes sociais e experiência do usuário, a empresa muda de endereço — e de funcionários — de acordo com o local onde o projeto será realizado.

38. COPWORKINGTRABALHO COLABORATIVONa Europa, o escritório colaborativo foi substituído pelo copworking, prática em que uma companhia destina um espaço para acomodar parceiros externos. Um estudo feito pela gigante de TI Orange Business Services mostrou que 74% das empresas europeias consideram esse tipo de colaboração obrigatório. Há ainda quem faça uma espécie de intercâmbio: é o caso da companhia francesa de transportes SNCF. Como realiza diversos trabalhos com a ajuda de outros negócios, fez questão de criar um ambiente que pode ser usado por seus parceiros corporativos.

36. TRABALHO REMOTOMESAS VAZIAS NA STARTUPTrabalhar em casa é prática comum entre negócios iniciantes. Mas a Simbiose, startup paulistana de análise de dados para publicidade, levou o conceito do home-office ao limite. Fundada em 2013, a empresa tem uma equipe de 14 pessoas — e nenhuma delas fica no escritório. Para manter os colaboradores em sintonia, são promovidos encontros presenciais ao final de cada mês. “É uma maneira eficiente de reduzir gastos operacionais e diminuir a rotatividade. Algumas pessoas mudaram de cidade e continuam no nosso time”, afirma o sócio-diretor Cristian Gallegos, 39 anos.

39. FÉRIAS SEM LIMITESLIBERDADE COM RESPONSABILIDADEQuem trabalha na Netflix, serviço americano de streaming de filmes e seriados, não precisa negociar a data de férias com o chefe do departamento. Também não é necessário pedir a autorização do RH ou agendar o período de descanso com 30 dias de antecedência. Para completar, não existe limite de tempo para ficar fora da empresa. Parece bom demais para ser verdade. E é: o sistema faz parte de um código de conduta que tem como objetivo estimular o senso de responsabilidade entre os funcionários.

40. REDUÇÃO DA JORNADA

DE SEGUNDA A QUINTA

AUBERT ISSACHAR, 35 ANOS, CFO

ITAROO que faz: e-commerce de pneus e autopeçasFundação: 2012Sede: São Paulo (SP)Funcionários: 40Previsão de faturamento para 2014: R$ 10 milhões

No escritório da Itaro, um e-commerce de pneus e autopeças, a semana de trabalho pode ter apenas quatro dias. No início de julho, a empresa adotou um sistema de horário flexível, segundo o qual os funcionários podem ficar um dia em casa para re-solver assuntos pessoais. A única exigência: per-manecer atento ao e-mail e ao celular. “As pessoas precisam de tempo livre para cuidar dos filhos ou esperar o técnico de televisão a cabo. Uma política de horários abertos faz com que elas se comprome-tam com suas metas e trabalhem de maneira mais produtiva”, diz o CFO Aubert Issachar, 35 anos.

O modelo, criado para coordenar equipes à distância — a Itaro tem laboratórios em Flori-anópolis e Fortaleza — também contempla expedi-

entes em home-offices e cafés. Segundo Issachar, a estratégia permite encontrar profissionais quali-ficados em qualquer região do país. “Em negócios com orçamentos enxutos, isso abre o leque de contratações”, afirma. Para acompanhar o desem-penho dos colaboradores, a startup usa softwares de gestão de projetos e promove reuniões de me-tas semanais, incluindo conferências via Skype. O número de horas trabalhadas é registrado em um sistema de ponto na nuvem.

Como os próprios sócios são adeptos do regime flexível, era de se esperar que a maioria dos fun-cionários adotasse horários alternativos. Mas a adaptação ao novo modelo tem sido lenta. Por isso, a cultura de expediente aberto é constantemente reforçada em comunicados internos. “Esse tipo de mudança não acontece do dia para a noite. Trata-se de um processo longo, que passa por aspectos cul-turais e psicológicos das equipes”, diz Issachar.

TENDÊNCIAS

OUTUBRO, 2014 pequenas empresas & grandes negócios 8 1 8 0 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

E S P E C I A L

Com o aumento da renda, o brasileiro passou a adquirir mais bens — mas nem sempre indiscriminadamente. Bem informados, os consumidores sabem que algumas empresas causam problemas sociais e ambientais. “Eles se veem divididos entre o prazer de comprar e o desejo de fazer o bem”, diz Luciana Stein, diretora da consultoria Trendwatching na América do Sul e na América Central. No mundo todo, o total de consumidores conscientes chega a 2,5 bilhões de pessoas, segundo estudo da BBMG, GlobeScan e SustainAbility. Para conquistá-las, é essencial repensar processos e mostrar como está colaborando para um mundo melhor.

No começo, era apenas um hobby. Como gostava de aroma-terapia, a paulistana Raquel da Cruz, 45 anos, criou uma linha de colônias para vender aos amigos. Quando percebeu que os produ-tos teriam boa aceitação, decidiu deixar o emprego e abrir a Feiti-ços Aromáticos.

Ao participar de feiras para promover seu produto, Raquel detectou uma forte demanda por cosméticos relaxantes, como óleos de massagem e espumas de banho. Para investir nesse nicho,

foi atrás de informações sobre a formulação. Logo descobriu que muitos desses itens conti-nham matérias-primas que, apesar de legalmente permiti-das, eram nocivas à saúde — caso dos parabenos, que podem causar alergias e interferir no funcionamento do sistema en-dócrino. Sua solução foi criar uma linha livre desses ingre-dientes, que abolisse também os corantes sintéticos. “Optei por não usar nenhum elemento que agredisse a pele ou causasse

alergia.” Os produtos relaxantes se tornaram o carro-chefe da empresa, que hoje também vende hidratantes e xampus. “Meu foco agora é na pesquisa de princípios ativos naturais, de origem vegetal ou mineral.”

Outra ação de impacto da Feitiços Aromáticos foi oferecer o primeiro emprego a jovens que vivem perto da fábrica, em Ita-quera, zona leste de São Paulo. “Nasci aqui e sei como é difícil ser contratado quando se mora na periferia. Com a minha em-

CONSUMO SEM CULPA

41. ALIMENTAÇÃOCHOCOLATE JUSTOA engenheira Gislaine Gallette, 44 anos, sempre gostou de testar diferentes texturas e recheios de produtos feitos com cacau. Em 2011, fundou a Gallette Chocolates, com a proposta de consumir a iguaria sem dor na consciência. Sua empresa só usa matéria-prima orgânica ou com selo de comércio justo, e as embalagens são feitas com material reciclado. “Gostaria de influenciar o mercado a adotar práticas melhores. Há fazendas de cacau que não pagam devidamente”, diz a empreendedora, que fatura R$ 45 mil por mês.

42. MERCADO DE LUXOMILIONÁRIOS ENGAJADOSPara algumas empresas, oferecer produtos com propósito social e ambiental é literalmente um luxo. Nos Estados Unidos, duas marcas têm se destacado nesse nicho. Uma é a Tesla, fabricante de carros elétricos (há modelos de sedãs e esportivos) que custam a partir de US$ 57 mil. Já a Liberty United vende bijuterias feitas de balas usadas em conflitos. Boa parte do lucro é doada a projetos sociais focados na erradicação de armas de fogo. Quem compra uma abotoadura de US$ 11 mil, por exemplo, ajuda a destruir 30 rifles na África.

43. CERTIFICAÇÃOIMPACTO POSITIVONeste mês, o Sistema B completa o primeiro ano de atuação no Brasil com 25 empresas aprovadas — o plano é aumentar esse número para 50 até dezembro. Desde 2009, o selo de certificação concedido a empresas que geram benefícios sociais e ambientais foi aplicado a 1.110 negócios em 35 países. “São companhias que não procuram lucro a qualquer custo, e sim ter um impacto positivo na comunidade. Elas atendem a um anseio das gerações mais novas, que buscam um propósito no trabalho”, afirma Julia Maggion, diretora executiva do Sistema B no Brasil.

44. MUNDO DIGITALCOMPUTADOR DE SUCATAA Recicladora Urbana, de Jacareí (SP), faz parcerias com ONGs e empresas para reciclar computadores e cedê-los em comodato a projetos sociais. O negócio, criado em 2013, processa de 30 a 40 toneladas de sucata digital por mês. “Agora quero capacitar os catadores, que desconhecem os riscos de contaminação por mercúrio, cromo e lítio ao destruir aparelhos eletrônicos”, diz Ronaldo Stabile, 58 anos, fundador da empresa, que faturou R$ 1,7 milhão em 2013.

45. COSMÉTICOS

POR UMA FÓRMULA SUSTENTÁVEL

presa, posso proporcionar essa oportunidade”, diz Raquel, que custeia cursos de aprimoramen-to e negociou com uma faculdade local um desconto para seus funcionários. A empresa adota ainda programas de redução do uso de água e de energia. Esse tipo de atitude, ao contrário do que muitos pensam, não aumen-ta o preço final dos produtos. “Gasto menos com processos e isso reduz o custo de produção. A economia de energia, por exem-plo, é da ordem de 30%.”

RAQUEL DA CRUZ, 45 ANOS, FUNDADORA

FEITIÇOS AROMÁTICOSO que faz: produtos de beleza e bem-estar sem ingredientes nocivos à saúdeFundação: 2002Sede: São Paulo (SP)Funcionários: 18Faturamento em 2013: R$ 3,2 milhões

FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo

TENDÊNCIAS

8 2 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

Os fundos especializados em negócios de impacto social pretendem investir US$ 127 milhões e dobrar o número de empresas em suas carteiras no país até o final de 2014, segundo a rede mundial Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs). “Empresas digitais nas áreas de educação e saúde estão em evidência”, diz Maure Pessanha, diretora executiva da Artemisia, que tem a maior aceleradora do setor no Brasil. O espaço está aberto a quem souber usar a tecnologia para oferecer soluções sociais em grande escala.“Há boas oportunidades para melhorar o desempenho dos serviços públicos e sua gestão pelos governos”, afirma Julia Dias, coordenadora do projeto Visão de Sucesso, da Endeavor.

TECNOLOGIA DE IMPACTO

49. EDUCAÇÃODESAFIOS NA SALA DE AULALevar a tecnologia para a escola não significa deixar os alunos grudados na tela do computador. A startup paulistana Kidu desenvolveu uma ferramenta digital que sugere desafios para a turma resolver em classe, estimulando a criatividade e a cooperação. Depois de terminar a tarefa, o grupo se conecta para registrar os resultados na plataforma, onde os professores podem acompanhar a evolução dos pupilos e compartilhar boas práticas. A solução, criada em 2013 por José Luiz Aliperti, 39 anos, é usada por 2 mil alunos de 15 escolas de São Paulo (SP). Em 2014, a empresa recebeu um aporte da Vox Labs, de valor não revelado.

47. BEM-ESTARCONSULTA NO CELULAROferecer serviços de saúde para quem não quer sair de casa é um dos desafios do universo digital. “As empresas estão investindo na ideia de que é possível controlar seu estado geral usando celular ou computador”, afirma Maure Pessanha, da Artemisia. Um exemplo dessa tendência é a Meplis, fundada no Rio de Janeiro por Oliver Sergeant, 33 anos, em 2012. Ele criou uma rede social na qual o usuário compartilha dados de saúde com médicos e organizações — dessa maneira, é possível monitorar problemas e tirar dúvidas. A solução deve ser disponibilizada ao público neste mês.

46. HABITAÇÃOREFORMA SEM SUSTOUma área ainda pouco explorada do empreendedorismo social é a da construção civil. “Vale investir na criação de soluções digitais que auxiliem quem vai construir ou reformar”, diz Julia Dias, coordenadora do projeto Visão de Sucesso, da Endeavor. Ela cita como exemplo o site ABCDObra, desenvolvido no ano passado pelo paulistano Marcelo Brigido, 47 anos. Voltada à população de baixa renda, a plataforma traz ferramentas para simular orçamentos, financiar a casa própria e encontrar os melhores fornecedores. O produto é o segundo do portfólio da KMA2, fundada por Brigido em 2007.

48. FINANÇASCRÉDITO CUSTOMIZADOInvestidores de impacto estão de olho em serviços financeiros para brasileiros de baixa renda. Uma das pioneiras na área é a startup Avante, de São Paulo. Em 2012, Bernardo Bonjean, 37 anos, criou um site para ajudar quem busca crédito para comprar carro, imóvel ou investir nos estudos. Depois de se conectar e fornecer seus dados, o interessado recebe sugestões de financiamento adequadas a seu perfil. Em dois anos, a empresa teve um faturamento de R$ 1 milhão e viabilizou 2 mil negócios, no valor de R$ 50 milhões. Neste ano, vai abrir a primeira loja física, na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.

E S P E C I A L

TENDÊNCIAS

8 4 pequenas empresas & grandes negócios OUTUBRO, 2014

www.revistapegn.com.br

Leonardo Carvalho até pensou em fazer medicina. Mas, como achava que não tinha o perfil, o empreendedor de 37 anos acabou se decidindo pela compu-tação. Em 2008, participou de um projeto para implantar redes in-tegradas na área de emergência de hospitais. Ao entrar em conta-to com o dia a dia de um pronto-socorro, viu que a maior dificul-dade era organizar a triagem para que os casos urgentes fos-sem atendidos primeiro. “Mais de 70% das pessoas têm proble-mas simples, que poderiam ser resolvidos por um médico em um posto de saúde próximo”, diz.

Em busca de uma solução, ele decidiu fundar a ToLife no ano seguinte. A partir de um investi-mento inicial de R$ 1,5 milhão, levantado entre amigos, desen-volveu um aparelho que faz uma classificação de risco, determi-nando a ordem de atendimento de acordo com a gravidade do caso. Depois de alguns testes, percebeu que a simples aquisição do dispositivo não melhorava a gestão dos hospitais. “Em 2011, passamos a oferecer um pacote completo, que inclui uma análise de dados para orientar gestores sobre os gargalos do pronto- socorro, a produtividade da equi-pe e as opções para melhorar o atendimento”, afirma Carvalho. Implantado em 5 mil unidades de saúde — 70% delas na rede pública —, o novo sistema im-pacta 4 milhões de pessoas por mês. “O mercado de tecnologia em saúde é enorme, mas o ciclo de venda para o setor público é bastante moroso”, diz o fundador da ToLife, que faturou R$ 10 mi-lhões no ano passado. Um recen-te aporte da Vox Capital, de valor não revelado, deve ajudar a em-presa a dobrar a receita neste ano.

50. SAÚDE

SEM FILAS NO HOSPITAL

LEONARDO CARVALHO, 37 ANOS, FUNDADOR

TOLIFEO que faz: gestão de classificação de risco de pacientes e análise da operação de unidades de saúdeFundação: 2009Sede: Belo Horizonte (MG)Funcionários: 48Faturamento em 2013: R$ 10 milhões

E S P E C I A L

FOTO: LEONARDO CARVALHO - AGENCIA NITRO/Editora Globo