oportunidades e escolhas

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Page 1: Oportunidades e escolhas

OPORTUNIDADES E ESCOLHAS “Triste o país que não cuida de suas crianças.”

Gandhi

Frequentemente, nos questionamos se o Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser considerado uma REALIDADE em nosso país. E desse questionamento surgem várias reflexões, uma em especial: o que os profissionais que atuam junto às nossas crianças e jovens têm feito para tornar reais as propostas do ECA? Consideramos que, dentre os ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS PARA TRABALHAR COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES, além da disponibilidade, do comprometimento e da vontade, devem esta a EMPATIA (capacidade de colocar-se no lugar do outro) e a RECONCILIAÇÃO COM A PRÓPRIA INFÂNCIA E A JUVENTUDE ou seja, a RESILIÊNCIA, entendida como a capacidade de superação.

O ECA, que completará 22 anos no próximo mês de julho de 2012, consiste em uma lei alicerçada nos princípios da PROTEÇÃO INTEGRAL E PRIORIDADE ABSOLUTA e deve ser motivo de orgulho aos brasileiros, em face da perspectiva de universalização de direitos que propõe. Mas será que o ECA é uma realidade? Na obra “O DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”, o economista indiano e consultor da ONU Amarthya Sem, traz filosofia humanista adotada pela ONU que influenciou o ECA. Segundo o economista DESENVOLVIMENTO e DIREITOS HUMANOS estão relacionados ao princípio da LIBERDADE, no sentido de garantir que o indivíduo esteja LIVRE de necessidades, violências e discriminações e LIVRE para organizar-se e decidir. Na esfera do desenvolvimento humano, a LIBERDADE está expressa na ampliação das OPORTUNIDADES E OPÇÕES dadas ao indivíduo para que ele possa, de fato, DESENVOLVER SEUS POTENCIAIS. Toda pessoa nasce com um potencial e tem o direito de desenvolvê-lo. Mas, para isso, precisa de OPORTUNIDADES. O que será ao longo da vida depende das OPORTUNIDADES que tem e das ESCOLHAS que faz. Assim, além das oportunidades, precisa ser preparada para ESCOLHER (importância dos valores transmitidos pela família, pela escola, pela comunidade e pela sociedade em geral). O estudioso EMÍLIO GARCIA MENDES afirma que vivenciamos uma dupla crise, DE INTERPRETAÇÃO E DE IMPLEMENTAÇÃO DO ECA. A primeira, evidenciada por ideias cristalizadas no senso comum de que o ECA significa “porta aberta à impunidade” e “rompimento das relações de autoridade na família e na escola”. Mitos! Decorrentes possivelmente da má fé ou da ignorância. Os adolescentes desconhecem o ECA, ignoram, por exemplo, que a lei assegura-lhes o direito à convivência familiar e comunitária que lhes garanta o desenvolvimento saudável, livres de negligência ou violência. O que a proposta do ECA contempla é a UNIVERSALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, alcançando TODAS as CRIANÇAS e ADOLESCENTES (significa “querermos para os filhos dos outros o que queremos para os nossos”). Traduz-se numa perspectiva de justiça e solidariedade para que TODOS exercitem esses direitos e sejam considerados cidadãos. Quanto à CRISE DE IMPLEMENTAÇÃO, constatada, responde ao questionamento inicial: ECA – ficção ou realidade? Será que todas as crianças e adolescentes estão tendo seus direitos fundamentais assegurados? Qual a nossa parcela de responsabilidade nesse contexto?

Page 2: Oportunidades e escolhas

DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL E O PRINCÍPIO DAPRIORIDAE ABSOLUTA permitem compreender e abordar as questões relativas às crianças e adolescentes sob a ótica dos DIREITOS HUMANOS, concedendo-lhes a DIGNIDADE e o RESPEITO que merecem. Não se admite mais a utilização da expressão “MENOR”, impregnada de carga discriminatória, quando nos referimos a uma criança ou a um adolescente, que deixaram de ser considerados meros objetos de direito para, com o advento do ECA, tornarem-se a sujeito de direitos – PROTAGONISTAS DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA. Nesses 22 anos de caminhada, avançamos, mas precisamos perseverar e continuar o caminho. A nossa proposta é de MUDANÇA, de TRANSFORMAÇÃO interior e de utilização do POTENCIAL CRIATIVO, da SENSIBILIDADE e do AMOR, do CONHECIMENTO e do COMPROMETIMENTO para AGIRMOS na busca de uma sociedade que preserve os VALORES HUMANOS e a ÉTICA. Que não permita que o PRESENTE de nossas crianças e jovens continue sendo relegado para AMANHÃ. Que não permita que nossas crianças e adolescentes continuem sendo vítimas das mais variadas formas de violência e negligência, principalmente pela falta de políticas públicas de assistência e proteção, que garantam OPORTUNIDADES, mas que também preparem seus destinatários para exercer BOAS ESCOLHAS.

Somos culpados de muitos erros e muitas falhas, mas nosso pior crime é abandonar as crianças, desprezando a fonte da vida.

Muitas das coisas que precisamos podem esperar. A criança não pode. É exatamente agora que seus ossos estão se formando, seu

sangue é produzido, e seus sentidos estão se desenvolvendo. Para ela não podemos responder "Amanhã". Seu nome é "Hoje"

Gabriela Mistral

Que Deus nos ajude! FERNANDA BROLL CARVALHO