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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES UNIT CURSO DE BIOMEDICINA BARBARA BARBOSA DE BARROS RAQUEL DE ANGELIS FERREIRA LEITE OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MINIMIZAR TRANSFUSÕES DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES TESTEMUNHAS DE JEOVÁ: Uma Revisão de Literatura MACEIÓ - AL 2016.1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES – UNIT

CURSO DE BIOMEDICINA

BARBARA BARBOSA DE BARROS

RAQUEL DE ANGELIS FERREIRA LEITE

OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MINIMIZAR TRANSFUSÕES

DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES TESTEMUNHAS DE

JEOVÁ: Uma Revisão de Literatura

MACEIÓ - AL

2016.1

2

BARBARA BARBOSA DE BARROS

RAQUEL DE ANGELIS FERREIRA LEITE

OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MINIMIZAR TRANSFUSÕES

DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES TESTEMUNHAS DE

JEOVÁ: Uma Revisão de Literatura

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na forma

artigo ao Centro Universitário Tiradentes – UNIT como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel no

curso de Biomedicina.

Orientador: Prof. MSc. Wbiratan de Lima Souza

Linha de Pesquisa: Hematologia

MACEIÓ - AL

2016.1

3

BARBARA BARBOSA DE BARROS

RAQUEL DE ANGELIS FERREIRA LEITE

OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MINIMIZAR TRANSFUSÕES

DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES TESTEMUNHAS DE

JEOVÁ: Uma Revisão de Literatura

Data de defesa: 17 de junho de 2016

Aprovado em: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

Prof. MSc. Wbiratan de Lima Souza

Orientador

Prof.ª Dra. Sabrina Gomes de Oliveira

Avaliadora

MSc. Diego de Siqueira Figueredo

Avaliador

MACEIÓ – AL

2016.1

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OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA MINIMIZAR TRANSFUSÕES

DE SANGUE ALOGÊNICO EM PACIENTES TESTEMUNHAS DE

JEOVÁ: Uma Revisão de Literatura

THERAPEUTIC OPTIONS TO MINIMIZE ALLOGENEIC BLOOD TRANSFUSIONS IN

PATIENTS JEHOVAH’S WITNESSES: A Literature Review

Bárbara Barbosa de Barros¹

Raquel de Angelis Ferreira Leite ¹

Wbiratan de Lima Souza ²

RESUMO

A transfusão sanguínea alogênica consiste na transferência de sangue de um doador para o

sistema circulatório de outra pessoa, definida como receptor. Embora existam métodos e/ou

exames que possam verificar o estado do doador, esses meios não conseguem detectar reais

ameaças quanto às patologias que se podem adquirir com a transfusão sanguínea. Este tema é

frequentemente abordado pela religião Testemunhas de Jeová, uma vez que a doutrina

seguida, baseada na bíblia, não aceita o método de transfusão de sangue como opção de

tratamento. Raramente os seguidores de tal religião realizam uma análise criteriosa,

principalmente no que se refere aos métodos alternativos adquiridos com os avanços

científicos e tecnológicos. Por sua singularidade e relevância, considerando-se não só o

número de ocorrências, mas também o fato de que a escolha de tratamento médico está

inserida no contexto mais amplo dos direitos fundamentais do ser humano. Este estudo tem

como objetivo discutir opções terapêuticas para minimizar transfusões de sangue alogênico

em pacientes Testemunhas de Jeová. Trata-se de uma revisão de literatura de caráter

exploratório. Dentre os tratamentos alternativos, destacam-se os expansores de volume do

plasma, o uso de agentes hemostáticos, aplicação dos fatores de crescimento hematopoiéticos

e a recuperação sanguínea intraoperatória. Portanto, quanto mais terapias alternativas forem

aplicadas, maior é a possibilidade de tratar um paciente sem a necessidade de transfusão. Os

benefícios não estão restritos à esfera econômica, mas também à incidência e a gravidade das

complicações, em particular, a mortalidade relacionada às transfusões alogênicas.

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DESCRITORES: Testemunhas de Jeová. Transfusão sanguínea. Hemoderivados. Cirurgia

cardíaca.

ABSTRACT

The allogenic blood transfusion is the transfer of blood from a donor into the circulatory

system of another person, defined as the receiver. Although there are methods and / or tests

that can check the donor state, these means can’t detect real threats as the diseases that may be

acquired by blood transfusion. The theme has been often covered by the doctrine of Jehovah's

Witnesses, but rarely as more careful analysis of the object. For its uniqueness and relevance,

considering not only the number of occurrences, but also the fact that the choice of treatment

is in the wider context of fundamental rights of the human being. The purpose of this article is

to discuss treatment options to minimize allogeneic blood transfusions and their adverse

effects in patients Jehovah's Witnesses. This is a literature review exploratory. Among

alternative treatments, it highlights the plasma volume expanders, the use of hemostatic

agents, delivery of growth factors hematopoietic and intraoperative blood recovery.

Therefore, the more therapies alternatives are applied, the greater possibility of treating a

patient without the need transfusion. The benefits aren’t restricted to the economic sphere, but

also the incidence and the severity of complications, in particular, mortality related to

allogeneic transfusions.

KEYWORDS: Jehovah's Witnesses. Blood transfusion. Blood products. Cardiac surgery.

1INTRODUÇÃO

Por definição, transfusão sanguínea consiste na transferência de sangue de um doador

para o sistema circulatório de outra pessoa, definida como receptor. Historicamente, tal

prática médica se justifica nos casos de pacientes que tenham sofrido maciça perda de sangue,

comum nos casos de traumatismo, intervenções cirúrgicas ou que sejam afetados por doenças

que necessitam de administração e reposição sanguínea (JUNQUEIRA et al.,2005).

Mesmo sob as melhores condições, a transfusão de sangue é associada com alguma

complicação hemolítica (incompatibilidade ABO ou Rh), febril, alérgica, contaminação

bacteriana, sobrecarga respiratória e transmissão de doenças. A frequência e a gravidade dos

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vários tipos de reações são difíceis de determinar com exatidão e, provavelmente, variam de

uma instituição de saúde para outra (SMELTZER et al., 2005).

Observa-se que, com o passar do tempo, a lista de complicações e doenças causadas

pela transfusão de sangue têm aumentado. Emerge dessa forma, uma reflexão cada vez mais

crescente quanto ao uso de métodos alternativos à essa prática que tenham uma eficácia

reconhecida cientificamente e que possam assegurar a saúde humana, evitando o máximo de

intercorrências clínicas e patológicas (SMELTZER et al., 2005).

De acordo com Carrazone et al. (2004) embora existam métodos e/ou exames que

possam verificar o estado do doador, esses meios não conseguem detectar reais ameaças

quanto às patologias que se podem adquirir com a transfusão sanguínea. Desta forma, a

transmissão de patógenos através da transfusão necessita, basicamente, que o doador tenha o

agente circulante em seu sangue. Assim, seria possível assumir uma correlação entre uma

transfusão sanguínea e a contaminação.

No caso da hemoterapia não desejada pelo paciente, os próprios riscos a ela

associados, bem como o contínuo desenvolvimento de substitutos eficazes do sangue, devem

levar-nos a reflexões mais profundas (LIGIERA, 2002).

O tema tem sido frequentemente abordado pela doutrina das Testemunhas de Jeová,

mas raramente como objeto de análise mais cuidadosa. Por sua singularidade e relevância,

considerando-se não só o crescente número de ocorrências, mas também o fato de que a

escolha de tratamento médico está inserida no contexto mais amplo dos direitos fundamentais

do ser humano, entendemos que o assunto merece um exame mais atento, sendo escolhido

como objeto de estudo no presente trabalho.

O profissional da saúde que tem conhecimento científico sobre os métodos

alternativos à transfusão é capaz de desenvolver suas práticas não baseada em conceitos

impermeáveis e inflexíveis, além de estar preparado para dar orientações ao paciente e aos

familiares, com responsabilidade e imparcialidade, respeitando, assim, as diferenças e o

desejo terapêutico do mesmo sempre que possível.

A identificação com a temática surgiu no decorrer dos estágios do curso de graduação,

onde evidenciaram-se conflitos entre a equipe interdisciplinar, sendo alguns considerados até

dilemas éticos em situações de urgência e emergência, pois envolviam conflitos científicos,

religiosos e legais, principalmente no que se concerne às transfusões sanguíneas em pacientes

da religião Testemunha de Jeová. Diante disso, houve o grande interesse na ampliação de

conhecimento na área, visando discutir as principais alternativas e possibilidades terapêuticas

usadas nessas situações e quando não usadas quais são as suas justificativas.

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Este estudo justifica-se pela escassez de produções e publicações científicas sobre este

tema e tem como relevância, principalmente, o contexto social de construir e divulgar

conhecimento sobre este assunto e conhecer os métodos alternativos à transfusão, que é um

direito inerente ao paciente e a sua família, bem como a sua escolha ou não.

Assim, objetivo deste artigo é discutir opções terapêuticas para minimizar transfusões

de sangue alogênico em pacientes Testemunhas de Jeová, através de uma revisão que visa

agrupar informações acerca da discussão do tema no Brasil, que possam ser úteis tanto aos

membros da comunidade médica, quanto religiosa. É neste contexto de inúmeras

possibilidades e divergentes modos de ver a transfusão sanguínea, seja sob a ótica médica,

ética ou religiosa que surge a questão norteadora deste estudo: Quais as opções terapêuticas

para minimizar transfusões de sangue alogênico em pacientes Testemunhas de Jeová?

2 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura sobre a abordagem do tema no

Brasil. Para este fim foi usada a pesquisa de caráter exploratório.

Para Moresi (2003), a revisão de literatura é uma das etapas fundamentais para o

estudo, pois fornece a fundamentação teórica sobre o tema e a construção do conceito que

dará suporte ao desenvolvimento da pesquisa. Somado a isso, o autor acrescenta que a revisão

de literatura é o resultado dos levantamentos e análises já publicados sobre o tema da

pesquisa, tendo como objetivo a contextualização teórica do trabalho dentro da área de estudo.

Last (2001) conceitua que a pesquisa exploratória é o estudo cujo objetivo principal é

explicar, ao invés de simplesmente descrever, uma situação a qual se isola os efeitos de

variáveis específicas e o entendimento dos mecanismos de ação.

Segundo Gil (2010), as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.

Completando o que afirma Gil tem-se Netto (2006, apud SOUZA 2008, p.13) ao afirmar que

a pesquisa exploratória “estabelece critérios, métodos e técnicas para elaboração de uma

pesquisa e visa oferecer informações sobre o objeto desta e orientar a formulação de

hipóteses”.

O levantamento bibliográfico foi desenvolvido a partir de materiais já analisados e

publicados por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de

websites, segundo modelo de Gil (2007).

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Para esta revisão foram utilizados como meios de consultas, artigos científicos da base

de dados virtuais: PubMed (Public Medline), MEDLINE (Sistema Online de Busca e Análise

de Literatura Médica), SciElo (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), via portal BVS (Biblioteca Virtual em

Saúde), bem como consultas complementares ao acervo da biblioteca central do Centro

Universitário Tiradentes (UNIT-AL) e biblioteca central da Universidade Federal de Alagoas

(UFAL).

Utilizaram-se como descritores os termos: ‘’Testemunhas de Jeová’’, ‘’transfusão

sanguínea’’, ‘’hemoderivados’’ e ‘’cirurgia cardíaca’’. O termo ‘’cirurgia cardíaca’’ fora

incluído na pesquisa, pois é uma palavra-chave altamente relevante para o assunto em

discussão. Os descritores foram cruzados da seguinte forma: ‘’Testemunhas de Jeová e

‘’transfusão sanguínea’’, ‘’hemoderivados’’ e ‘’testemunhas de Jeová’’ e ‘’transfusão

sanguínea’’ e ‘’cirurgia cardíaca’’. Ressaltamos o uso dos termos em inglês nas buscas

realizadas em plataformas de circulação internacional, como PUBMED.

No intuito de reunir todas as possíveis opções terapêuticas, com evidências de redução

do consumo de sangue alogênico, adotou-se como critério de inclusão artigos que tratam o

tema no Brasil, publicados entre 2000 e 2015, na qual estivessem presentes uma ou mais

alternativas às transfusões de sangue, excluindo-se artigos incompletos com títulos que não

estavam diretamente relacionados ao tema da pesquisa e/ou que não continham dados

relevantes relacionados ao objeto de estudo.

No LILACS, a busca resultou em 27 referências, sendo 10 artigos em espanhol e 1 na

língua inglesa, 1 artigo sem relevância para o estudo, 2 estudos de caso, 3 artigos que

contemplavam os aspectos éticos e legais na abordagem de pacientes Testemunhas de Jeová e

5 artigos com títulos que não estavam relacionados ao tema deste estudo.

No SciElo, a busca resultou em 2 referências, sendo os mesmos repetidos (estavam

indexados também no LILACS) e tratavam sobre estudos de caso.

No banco de dados MEDLINE, a busca resultou em 370 referências, sendo 367 em

línguas estrangeirassem publicações traduzidas.

No PubMed, todos os artigos encontrados estavam em língua inglesa sem publicações

traduzidas.

O resultado da busca pelos artigos está representado na tabela abaixo:

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Tabela 1: Seleção dos artigos para o estudo

BASE DE

DADOS

TOTAL DE

REFERÊNCIAS

ARTIGOS

EXCLUÍDOS

ARTIGOS

SELECIONADOS

LILACS 27 22 5

SCIELO 2 2 0

MEDLINE 370 367 3

PUBMED 33 33 0

TOTAL 432 424 8

A leitura exploratória verifica em que medida a obra consultada interessa à pesquisa.

Esta pode ser feita mediante leitura de resumo, folha de rosto, índice, bibliografia e notas de

rodapé GIL (2007). Na primeira fase, a busca pelos artigos se deu com a identificação do

tema a partir da leitura exploratória do título e resumo de cada artigo. Nesta fase, foram

excluídas 389 referências, porque não incluíam no título ou resumo as palavras que

contemplavam este estudo.

A leitura seletiva é de natureza crítica e determina, de fato, qual material interessa à

pesquisa. Para selecioná-lo, o autor deve ter em mente os objetivos (GIL, 2007). Para a leitura

seletiva foi necessária a leitura dos artigos na íntegra para relacioná-los com o objetivo da

pesquisa. A leitura seletiva não foi considerada definitiva, sendo complementada pela leitura

analítica. Nesta fase, foram excluídas 35 referências, porque mesmo atendendo aos critérios

da leitura exploratória, não atendiam ao objetivo do estudo, ou seja, não abordavam as opções

terapêuticas para minimizar transfusões de sangue alogênico e seus efeitos adversos em

pacientes Testemunhas de Jeová.

A análise dos dados foi contemplada pelas leituras exploratória, seletiva, analítica e

interpretativa propostas por GIL (2007). A leitura analítica é de natureza objetiva e analisa os

textos selecionados como definitivos com a finalidade de ordenar e sumariar as informações

contidas nas fontes (GIL, 2007).

Por fim, a leitura interpretativa do material selecionado buscou relacionar o conteúdo

dos textos analisados com a temática da pesquisa. Sendo assim, os artigos foram analisados,

contextualizados e os resultados foram elaborados baseando-se em títulos e subtítulos,

estabelecidos da seguinte forma: Historicidade das Testemunhas de Jeová; justificativa

religiosa para a abstenção de sangue; riscos e efeitos adversos inerentes à transfusão e,

finalmente, as opções terapêuticas às transfusões sanguíneas que poderão ser adotadas em

10

grandes cirurgias e perdas sanguíneas, que, no entendimento de muitos, seriam impossíveis de

realizá-las sem o uso do sangue.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 HISTORICIDADE DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Historicamente, na segunda metade do século XIX, Charles Taze Russell questionava

as doutrinas tão amplamente divulgadas nas religiões cristãs. Então, juntamente com alguns

companheiros, estudou profundamente a Bíblia. Como Russel se tornou gerente de uma

grande cadeia de lojas nos Estados Unidos da América (EUA), enriqueceu bem cedo. Vendeu

sua participação nos negócios para dedicar-se exclusivamente à obra mundial de pregação das

verdades que havia descoberto. A partir de julho de 1879, começou a editar uma revista que

mais tarde veio a se chamar “A Sentinela” (ATVBT- Testemunhas de Jeová – Quem são? Em

que creem? 2000).

Aqueles que também acreditavam nos ensinos publicados por Russell tornaram-se os

“Estudantes da Bíblia”, uma sociedade sem fins lucrativos, mantida por donativos voluntários.

Realizavam reuniões bíblicas regulares e batizavam novos estudantes, porém o fato mais

importante: aplicavam em suas vidas, na prática, o que aprendiam da Bíblia (ATVBT-

Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus, 1992).

Em 1908, adquiriram uma sede em Nova York, EUA, chamada “Betel” – que significa

“casa de Deus” – de onde imprimiam publicações bíblicas em vários idiomas e coordenavam

essa obra de pregação. À essa altura, os sermões de Russell já eram publicados em jornais de

vários países. Ele realizava longas viagens pela Europa, Ásia e África para alcançar o maior

número de pessoas possível (ATVBT- Testemunhas de Jeová – Proclamadores do Reino de

Deus, 1993).

Após a explosão da Segunda Guerra Mundial, mais de mil Testemunhas de Jeová

foram presas em campos de concentração. Elas eram torturadas porque não respondiam quem

eram os líderes da organização. A maioria era exilada e condenada a realizar trabalhos

forçados, mas o resultado da pregação dentro desses campos fez com que centenas de presos

aceitassem se tornar Testemunhas de Jeová (ATVBT - As Testemunhas de Jeová Resistem ao

Ataque Nazista, 1996).

11

Infelizmente, muitos exilados morreram devido a doenças, excesso de trabalho, fome

ou o frio extremo de -40ºC a -50ºC. Ainda sob essas condições desumanas, o número de

Testemunhas de Jeová só cresceu, já que muitos deportados passaram a acreditar na esperança

de um futuro melhor ensinada por elas. Algumas eram presas por distribuir, imprimir ou

apenas possuir publicações baseadas na Bíblia. Para fugir da perseguição, muitas chegaram a

morar em abrigos subterrâneos, e passavam vários dias sem ver o sol (ATVBT - As

Testemunhas de Jeová Resistem ao Ataque Nazista, 1997).

Apesar da redução nos campos de concentração, a perseguição às Testemunhas de

Jeová continuou. Fora dos campos, elas eram proibidas de ensinar sua fé a seus filhos. Muitos

deles foram arrancados de casa e levados a orfanatos, onde eram espancados sem compaixão.

Por fim, os campos foram desativados e a maioria das Testemunhas de Jeová foram

libertadas. Atualmente, existem mais de 7 milhões de Testemunhas de Jeová presentes em 236

países. No Brasil, no ano de 2010, relatou-se a presença de mais de 700 mil Testemunhas de

Jeová ativas (ATVBT - Anuário das Testemunhas de Jeová, 2012).

Anteriormente chamados “Estudantes da Bíblia”, as Testemunhas de Jeová adotaram o

atual nome em 1931, num congresso realizado em Columbus, Ohio, EUA, baseados num

trecho do livro de Isaías (43:10-12), que diz:

‘’Vós sois as minhas testemunhas”, é a pronunciação de Jeová, “sim, meu servo a

quem escolhi, para que saibais e tenhais fé em mim, e para que entendais que eu sou

o Mesmo. Antes de mim não foi formado nenhum Deus e depois de mim continuou

a não haver nenhum. Eu é que sou Jeová, e além de mim não há salvador. Eu mesmo

[o] comuniquei, e salvei, e fiz que fosse ouvido, quando entre vós não havia nenhum

[deus] estranho. Portanto, vós sois as minhas testemunhas”, é a pronunciação de

Jeová, “e eu sou Deus” (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).

A religião prima pela pregação do Evangelho. As Testemunhas de Jeová afirmam ser

de vital importância que suas crenças se baseiem na Bíblia. Por isso são conhecidas,

mundialmente, por estudá-la e levarem sua vida guiada por esta, aplicando, em qualquer

circunstância, todos os princípios e conselhos que nela encontram, pois creem que são os

melhores que existem (ATVBT - Conhecimento que Conduz à Vida Eterna, 1995).

Os adeptos das Testemunhas de Jeová não possuem vida ativa na política, não se

candidatam a cargos políticos e, tampouco, apoiam candidatos ou partidos. Não saúdam a

bandeira nem cantam o hino nacional, jamais participam de algum conflito armado, não

possuem armas, não servem ao exército e nunca participam de guerras, sejam civis ou

internacionais (ATVBT - Raciocínios à base das escrituras, 1985).

12

No que tange ao quesito vida, estes cristãos a prezam e respeitam profundamente. Esta

é uma das razões pelas quais evitam práticas e hábitos que prejudicam a saúde ou colocam a

vida em risco, como por exemplo: não fumam, não abusam do álcool, não usam drogas, não

praticam aborto, não levam vida sexualmente promíscua ou com diversos parceiros sexuais,

não praticam esportes radicais, não realizam curas pela fé. Procuram tratamento médico

sempre que necessitam, tendo como única restrição a utilização, em seu corpo, de sangue e de

seus derivados (ATVBT - Raciocínios à base das escrituras, 1985).

3.2 JUSTIFICATIVA RELIGIOSA PARA ABSTENÇÃO DE SANGUE

Os seguidores da religião Testemunhas de Jeová, diante, basicamente, da interpretação

que fazem das passagens bíblicas dos Livros de Gênesis, 9:3-5; Levítico, 17:10-11 e Atos

15:28-29, recusam-se a se submeter a tratamentos médicos ou cirúrgicos que incluam

transfusões de sangue (BÍBLIA SAGRADA - Tradução do Novo Mundo).

Tal postura decorre, sobretudo, pelas suas convicções religiosas baseadas numa ordem

bíblica dada por Deus concernente à abstenção do uso indevido do sangue. Sustentam, com

base bíblica, que esta ordem foi dada a toda a humanidade desde os primórdios do homem,

sendo confirmada, posteriormente em diversas ocasiões, tanto à nação de Israel como aos

cristãos nos dias dos apóstolos, descrita nos seguintes textos:

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. [...] somente a

carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer. E, além disso, exigirei de

volta vosso sangue das vossas almas” (Gênesis, 9:3-5. Tradução do Novo Mundo

das Escrituras Sagradas).

“Quanto a qualquer homem da casa de Israel ou algum residente forasteiro que

reside no vosso meio, que comer qualquer espécie de sangue, eu certamente porei

minha face contra a alma que comer o sangue, e deveras o deceparei dentre seu

povo. Pois a alma da carne está no sangue, e eu mesmo o pus para vós sobre o altar

para fazer expiação pelas vossas almas, porque é o sangue que faz expiação pela

alma’’ (Levítico, 17:10-11. Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).

“Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo

adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de persistirdes em abster-vos de

coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação’’

(Atos, 15:28-29. Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).

13

Sendo assim, por acatarem, sistematicamente, as orientações bíblicas, para as

Testemunhas de Jeová é inaceitável receber transfusões de sangue total ou de qualquer um de

seus componentes: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. Tampouco, é

permitida a autotransfusão pré-operatória – isto é, quando o sangue do próprio paciente é

coletado e armazenado antes da cirurgia para posterior reinfusão (ATVBT - Sangue – Por que

é tão valioso? 2006).

Por outro lado, o entendimento da religião não é inflexível no que diz respeito ao uso

de frações sanguíneas, como: albumina, fatores de coagulação, interferons e imunoglobulinas

(Quadro 1). Todas estas frações são encaradas como uma questão de consciência individual e

a religião deixa a cada membro o poder de decidir se aceita ou não o seu uso. Técnicas de

hemodiluição e recuperação sanguínea intraoperatória também são questões de decisão

pessoal, bem como a hemodiálise e o transplante de órgãos (A SENTINELA, 2000).

Essa postura das Testemunhas de Jeová desperta a atenção dos meios de

comunicação que, por ignorância ou má-fé, acabam dando uma conotação de que os adeptos

dessa religião são pessoas fanáticas e suicidas, entretanto, nada poderia ser mais equivocado,

pois elas buscam tratamentos médicos e opções terapêuticas seguras e aceitáveis sob o prisma

de suas convicções religiosas (LEIRIA, 2009).

Bastos (2000, p. 05) não só concorda, como opina que “esses fiéis prezam por

demais a vida. Tanto é que procuram preservá-la, dirigindo-se aos hospitais, sendo

devidamente examinado se diagnosticados por médicos, quando se encontram enfermos. A

única ressalva consiste em transfundir sangue, mas todos aceitam a grande maioria dos

tratamentos médicos existentes”.

A fim de garantir seu direito à recusa à transfusão de sangue, as Testemunhas de Jeová

possuem órgãos próprios para a defesa de seus direitos, denominadas Comissões de Ligação

Quadro 1: Posição atual da Organização acerca do uso de sangue

14

com Hospitais - COLIH. Essas comissões são compostas por profissionais experientes e

treinados, que atuam como ligação entre o médico e o paciente Testemunha de Jeová. Os seus

serviços são programados para resolver os problemas que surgem quando os médicos acham

necessário transfundir o paciente. Seus membros dão apoio à família e ao médico assistente

com a finalidade de localizar médicos e equipes médicas experientes em técnicas de

tratamento sem sangue (ATVBT - Cuidados com a família, 1995).

3.3 RISCOS E EFEITOS ADVERSOS INERENTES À TRANSFUSÃO

Muitas pessoas acreditam, equivocadamente, que a transfusão de sangue é o único

método eficaz de tratamento para reposição de plasma e componentes sanguíneos. Para

Marini (2005, p. 02), “tal visão é compreensível, pois na II Guerra Mundial tal prática se

popularizou e tornou-se até mesmo símbolo de nacionalismo e solidariedade. [...] governos

estimulavam as doações de sangue para serem transfundidas em seus soldados’’.

Em conceituado trabalho científico de Hébert et al. (1999), foi comprovado,

estatisticamente, a correlação direta entre as transfusões sanguíneas e a mortalidade de

pacientes graves internados em unidades de terapia intensiva em que a utilização de técnicas

simples e baratas, como a estratégia restritiva transfusional, é mais eficaz do que as

transfusões, que podem causar problemas cardíacos e disfunções em órgãos.

Segundo Ligiera (2002), as transfusões podem causar diversos efeitos colaterais, que

podem ser classificados em duas categorias: primeiro, as doenças infecciosas transmitidas

pelo sangue ou por hemoderivados; segundo, as chamadas reações transfusionais, que podem

ser de natureza imunológica, imediatas ou tardias, e não imunológicas, como reações febris ou

reações hemolíticas.

Alguns exemplos de doenças infecciosas, transmitidas por transfusões de sangue ou

hemoderivados, que podem ser muito graves ou até mesmo fatais, são: a AIDS (sigla, em

inglês, para “síndrome da imunodeficiência adquirida”, causada pelo vírus HIV), algumas

formas de hepatites virais, como as causadas pelos vírus B ou C, a tripanossomíase (doença de

Chagas), a malária, o citomegalovírus e as infecções produzidas pelos vírus Epstein-Barr,

HTLV-I e HTLV-II (sigla, em inglês, para “vírus da leucemia e linfoma de células T”) e por

outros protozoários e bactérias (LIGIERA, 2002, p. 166).

Acrescente-se à lista outros riscos e complicações relacionados com a terapêutica

transfusional, tais como, erros humanos operacionais (transfusão de tipagem errada do

15

sangue), a imunomodulação e a supressão do sistema imunológico do paciente, aumentando

as chances de contrair infecções pós-operatórias e de recidiva de tumores (LIGIERA, 2002,

pp.165-167).

Ferreira et al. (2007) afirmam que entre as reações transfusionais estão as hemolíticas

agudas, as anafiláticas, as febris não hemolíticas, as complicações pulmonares, o desequilíbrio

eletrolítico, sepse bacteriana, a hipotermia, a doença do enxerto versus hospedeiro, a

aloimunização, a sobrecarga de volume, a sobrecarga de ferro e a imunossupressão.

Mollison, Engelfriet e Contreras, na consagrada obra Blood Transfusion in Clinical

Medicine, declaram que “a maioria das mortes causadas por transfusão de sangue são devidas

à transmissão de vírus, bactérias ou protozoários”. E acrescentam: “Testes apropriados para

exames sistemáticos das unidades de sangue doado estão disponíveis para a maioria dos

agentes infecciosos capazes de causar significativa morbidade nos receptores; porém, a

maioria dos testes não detectam todos os doadores infectados” (MOLLISON et al., 1993).

Grande parte dos erros inclui a análise da responsabilidade do Estado pela fiscalização

dos bancos de sangue e falha humana ao manusear e colher sangue, que são procedimentos

rotineiros, onde anualmente ocorrem mortes devido às reações hemolíticas, em consequência

dos testes de compatibilidade, apesar de os diferentes tipos sanguíneos não serem mais uma

novidade, o que gera mais insegurança. Quanto a isso, Roger Y. Dodd, chefe do Laboratório

de Doenças Transmissíveis da Cruz Vermelha Americana, comenta: “Atualmente, o único

meio de assegurar a completa ausência de risco é evitar totalmente as transfusões” (DODD,

1990).

Infelizmente, a lista de tais doenças e reações transfusionais está aumentando. O que

dizer da TRALI (Insuficiência Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão) e sua mortalidade

preocupante, segundo Dr. Antônio Fabron Jr., da Faculdade de Medicina de Marília e do

Hemocentro:

A Insuficiência Pulmonar Aguda Associada à Transfusão é uma complicação clínica

grave relacionada à transfusão de componentes do sangue que contêm plasma. [...]

recentemente a TRALI foi considerada a principal causa de morte relacionada à

transfusão nos Estados Unidos. No último ano, nos EUA, foram 220 mortes

relacionadas à essa reação transfusional (HEMO EM REVISTA, 2007, p. 42-43).

O artigo cita que a TRALI, além de ser pouco diagnosticada, pode ser confundida com

outras situações de insuficiência respiratória aguda. Ainda não existe um teste conclusivo para

diagnosticar a TRALI e a mortalidade é estimada em até 10% dos casos, ou seja, um em cada

450 pacientes (HEMO EM REVISTA, 2007).

16

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), reconhecendo o risco

sanitário em torno das transfusões, editou a Resolução153/2004 que regulamenta os

procedimentos de hemoterapia no Brasil. Tal Resolução determina e especifica os critérios de

seleção dos candidatos à doação de sangue, proibindo expressamente de doar sangue por doze

meses, o paciente que recebeu transfusão de sangue, plasma, plaquetas ou hemoderivados

(BRASIL, 2004).

A RDC 34/2014 da ANVISA estabelece os requisitos de boas práticas a serem

cumpridas pelos serviços de hemoterapia que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo

produtivo do sangue e componentes e serviços de saúde que realizam procedimentos

transfusionais, a fim de que seja garantida a qualidade dos processos e produtos, redução dos

riscos sanitários e segurança transfusional. Esta Resolução preconiza que todo serviço de

hemoterapia que produza hemocomponentes deve realizar controle de qualidade sistemático

de todos os tipos de hemocomponentes produzidos em laboratório específico de controle de

qualidade (BRASIL, 2014).

Tais exigências mostram que realmente existem riscos intrínsecos na transfusão de

sangue, afirma a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SESAP/RN –

Secretaria Estadual de Saúde Pública).

Segundo Leiria (2009), os testes realizados pelos bancos de sangue não geram a

segurança necessária quanto à pureza desse material biológico. Tecendo considerações sobre

os altos custos envolvidos em tais testes, Roger Y. Dodd afirmou: “Simplesmente não

podemos continuar a adicionar teste após teste para cada agente infeccioso que poderia ser

disseminado” (DODD, 1990).

O Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, hematologista, disse que ‘’apesar de toda a evolução

tecnológica, diante dos conhecimentos atuais, as transfusões de sangue não são totalmente

seguras no que diz respeito à transmissão de moléstias infecciosas’’ (ROSENFELD, 1991).

Na literatura, já está fortemente estabelecida a relação entre transfusão de glóbulos

vermelhos e maiores complicações clínicas após cirurgia cardíaca, tais como infecções,

insuficiência renal, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral

(DORNELLES et al., 2011).

Na última década, vários estudos demonstraram redução da sobrevida após transfusão

de concentrados de hemácias, principalmente, com transfusões maciças (KARKOUTI et

al.,2006).

17

Conforme evidenciado em estudo recente, a transfusão de sangue alogênico é um

preditor independente de mortalidade precoce e tardia após cirurgia de revascularização

miocárdica (SANTOS et al., 2013).

Algumas pesquisas mostraram que pelo menos cerca de 5% do total de pessoas que

recebem transfusões de sangue nos EUA contraem hepatite (o que representa uma margem de

175 mil por ano), e que cerca de 4 mil morrem. Isso sem mencionar diversas outras doenças

que podem ser contraídas, pois apesar de testes sorológicos serem realizados antes das

transfusões, nem sempre os métodos utilizados detectam a doença em seu estágio inicial

(MARINI, 2005).

Dos mais simples aos mais complexos, não há tratamentos sem riscos e o uso do

sangue está incluído, pois a incerteza e os diferentes pontos de vista que saturam a prática

médica e os possíveis erros que o ser humano está fadado a cometer aplicam-se também à

prática transfusional. A transfusão de sangue é apenas um exemplo de “um procedimento que

goza de amplo uso apesar de seu caráter incerto e perigoso” (BRUMLEY, 1999).

3.4 OPÇÕES TERAPÊUTICAS ÀS TRANSFUSOES SANGUÍNEAS

Com a popularização dos riscos das transfusões de sangue, a disponibilidade de

tratamentos alternativos, a maior conscientização das equipes de saúde em países avançados e

a insistência de pacientes, sobretudo Testemunhas de Jeová, a receber tratamento isento de

sangue, fizeram nascer uma nova especialidade médica: a Medicina e Cirurgia sem Sangue,

internacionalmente conhecida pela sigla BMS (Bloodless Medicine and Surgery) (SARAIVA,

2005).

A Medicina Sem Sangue está baseada em quatro pilares: a minimização da perda de

sangue, a conservação de glóbulos vermelhos, a recuperação de sangue perdido e a

estimulação da produção de sangue.

A minimização da perda de sangue pode ser feita com o uso de instrumentos, tais

como o eletrocautério, que cauteriza ao mesmo tempo em que corta, evitando sangramentos

desnecessários. O coagulador por feixe de gás argônio é uma das melhores opções para a

rápida coagulação, bem como a cola de fibrina, que estimula a coagulação por contato. Além

disso, uma técnica tão simples quanto o posicionamento correto do paciente pode influir na

perda de sangue durante uma cirurgia. A pressão venosa local muda em relação à posição do

coração. Quanto mais inclinado estiver o paciente, o coração fica sujeito a menos pressão, e

assim bombeia menos sangue. Manter a normotermia, em especial nas cirurgias mais

18

demoradas, também é uma técnica simples e ao alcance de todos que podem diminuir

hemorragias (ALTERNATIVAS, 2004).

A hipotensão induzida, por sua vez, baixa a pressão arterial média

intraoperatoriamente. Em geral, usa-se um medicamento para diminuir a resistência vascular

sistêmica. Isso normalmente evita até 50% da perda sanguínea (ALTERNATIVAS, 2004).

A conservação de glóbulos vermelhos pode ser feita pela hemodiluição. Por meio

dessa técnica, o anestesiologista usa fluídos não-sanguíneos para diluir o sangue do paciente.

Quando a hemorragia ocorre, menos células sanguíneas são perdidas, em vista do seu estado

de diluição. A manutenção do volume é importante para o coração trabalhar eficazmente e

manter o transporte de oxigênio pelas células. A hemodiluição assegura que qualquer sangue

perdido durante a cirurgia tenha menos células sanguíneas por volume. Visto que o sangue

diluído é menos espesso, também reduz a carga no coração e permite o sangue fluir mais

facilmente pelos vasos capilares. Deste modo, a oxigenação dos tecidos é melhorada

(ALTERNATIVAS, 2004).

Quando a hemorragia mais significativa cessa, mesmo durante ou no fim da operação,

o suplemento de sangue total do paciente, retirado anteriormente, é devolvido a ele, ainda

fresco e contendo todas as suas plaquetas e todos os seus fatores de coagulação (CECYN;

BORDIN, 2003). Aplicado antes da cirurgia, em que se prevê que o paciente perderá sangue,

este método é amplamente difundido não apenas entre Testemunhas de Jeová

(ALTERNATIVAS, 2004).

Para recuperar o sangue perdido numa cirurgia, é possível recorrer à recuperação

sanguínea intraoperatória. Nesse procedimento, aspira-se o sangue extravasado, adiciona-se

um anticoagulante e então efetua-se a lavagem, a limpeza e o processamento dos eritrócitos.

Depois de filtrado, o sangue é reinfundido (ALTERNATIVAS, 2004). A recuperação

sanguínea intraoperatória é outra estratégia que tem sido cada vez mais utilizada pelos

médicos no Brasil, por meio de uma máquina normalmente chamada cell saver, que a cada dia

se encontra disponível em mais hospitais (LIGIERA, 2009).

Antes de realizar uma precoce transfusão, o médico prudente verifica se o paciente

perdeu volume sanguíneo. Primeiramente, tem-se que expandir o volume, e para essa

finalidade, a conduta mais recomendada atualmente é ministrar cristaloides – substâncias

isentas de sangue – ao paciente, ao passo que se tenta coibir o sangramento. Concentrados de

glóbulos vermelhos, antes muito utilizados em atendimentos emergenciais, não são

propriamente um expansor do volume circulatório. A propósito, explica Luiz Faggioni:

19

Trabalhos clínicos experimentais têm mostrado que perdas de até 75% de massa

eritrocitária [glóbulos vermelhos] podem ser toleradas, desde que seja mantida a

volemia. [...]

Sendo assim, a atenção inicial, em pacientes com hemorragias deve ser dada à

manutenção da volemia (reexpansão volumétrica) e, posteriormente deveremos nos

ater à capacidade de transporte de oxigênio.

Cristalóides, como solução de Ringer e salina 0,9%, têm a vantagem do menor

custo, facilidade de manuseio, a segurança, a facilidade de remoção no caso de

sobrecarga.

Há, atualmente, uma forte tendência para que a re-expansão inicial de pacientes em

choque hemorrágico seja feita com cristalóides devido às vantagens citadas

(FAGGIONI et al., 1999).

Portanto, a manutenção do volume do sangue circulando no corpo é tão importante

quanto evitar a perda de sangue total ou de glóbulos vermelhos. Para estimular a produção de

sangue, o tratamento mais comum é a aplicação de eritropoietina recombinante. A

eritropoietina é um hormônio formado nos rins que ajuda a medula óssea a produzir os

glóbulos vermelhos que irão transportar o oxigênio. A administração de eritropoietina

recombinante com ferro antes de uma cirurgia tem se demonstrado um eficaz meio de manter

os níveis de glóbulos vermelhos normalizados (ALTERNATIVAS, 2004).

Dentre os tratamentos alternativos, destacam-se as frações sanguíneas, que são

elementos extraídos do sangue por meio de um processo chamado fracionamento. O plasma,

por exemplo, um dos quatro componentes primários do sangue, pode ser dividido nas

seguintes substâncias: aproximadamente 91% de água, 7% de proteínas e 1,5% de outras

substâncias como nutrientes, hormônios, gases, vitaminas, produtos residuais e eletrólitos.

Ligiera (2009, p. 13) classifica algumas das frações de sangue comumente aceitas pelas

Testemunhas de Jeová:

Albumina: é uma proteína extraída do plasma. Certos tipos de albumina

também são encontrados em plantas, alimentos como leite e ovos, e no leite

materno. A albumina do sangue, às vezes, é usada em expansores de volume ou no

tratamento de choque e queimaduras graves. Esses expansores podem ter um teor de

albumina de até 25%. Pequenas quantidades de albumina são usadas em

medicamentos, incluídas algumas formulações de eritropoietina (EPO).

Imunoglobulinas: são frações de proteínas que podem ser usadas em

medicamentos para combater vírus e doenças como difteria, tétano, hepatite viral e

raiva. Elas também podem ser usadas para proteger um embrião de certas patologias

que ameacem sua vida e para neutralizar os efeitos do veneno de cobras e aranhas.

Fatores de coagulação: existem várias proteínas que ajudam na coagulação

do sangue para estancar hemorragias e algumas são administradas em pacientes que

sangram facilmente. Elas também são usadas em colantes médicos para fechar

ferimentos e impedir sangramentos após uma cirurgia. O crioprecipitado é uma

combinação de fatores de coagulação. Hoje em dia, alguns fatores de coagulação são

produzidos sem sangue.

Hemoglobina: proteína que transporta o oxigênio pelo corpo e gás carbônico

para os pulmões. Produtos ainda em desenvolvimento ou elaborados de

hemoglobina humana ou animal poderão ser usados no tratamento de pacientes com

anemia aguda ou grandes perdas de sangue.

20

Hemina: enzima inibidora derivada da hemoglobina usada no tratamento de

um grupo raro de doenças genéticas ligadas ao sangue (conhecidas como porfírias)

que afetam os sistemas digestivos, nervos e circulatório.

Interferons: são proteínas que combatem certas infecções virais e certos

tipos de câncer. A maioria dos interferons não é derivada de sangue. Alguns são

derivados de frações dos glóbulos brancos do sangue humano

Além das frações sanguíneas, são amplamente usados os fatores de crescimento

hematopoiético, tais como a eritropoietina humana recombinante (Rh-EPO), que reduz

bastante a necessidade de transfusão de pacientes submetidos à diálise crônica para diálise de

insuficiência renal e também tem sido utilizada com êxito em outros distúrbios, a fim de se

evitar transfusão de hemácias (LIGIERA, 2009).

O Professor Roland Hetzer, Chefe de Cirurgia Cardiotorácica e Vascular do Instituto

Alemão do Coração, em Berlim, atesta que “com o desenvolvimento de todas estas técnicas,

não há mais nada de especial em tratar Testemunhas de Jeová. Sabe-se que elas não querem

transfusão de sangue e tem-se a tecnologia para atender ao pedido delas” (ALTERNATIVAS,

2004).

O Professor Richard K. Spence, Diretor de Educação Cirúrgica de Birmingham,

Alabama, EUA, foi um dos pioneiros em estratégias alternativas à transfusão. Ele afirma que

as alternativas às transfusões aqui mencionadas “estão ao alcance de médicos e hospitais de

todo o mundo”. Elas “são procedimentos de boa qualidade, abalizados e seguros para os

pacientes”. Além disso, o que se aprendeu com as “Testemunhas de Jeová, nos estágios

iniciais da Medicina e Cirurgia sem Sangue, beneficiou os outros pacientes”

(ALTERNATIVAS, 2004).

A Doutora Linda Stehling, ex-professora de Anestesiologia e Pediatria da

Universidade do Estado de Nova York, EUA, conclui que as “estratégias alternativas são um

padrão que deveria estar à disposição de todos os pacientes”. O Doutor Petel Carmel, por sua

vez, diz que “atualmente, técnicas de tratamento sem sangue estão disponíveis para

praticamente todas as especialidades de medicina e cirurgia (ALTERNATIVAS, 2004).

Há um grave problema financeiro, porque só se descobre que o sangue é inapropriado

para a transfusão após os gastos com a coleta, exames e armazenamento, dentre outros. Em

países como os Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha, a França, a Suíça e outros, por

décadas têm-se utilizado, rotineiramente, diversas técnicas simples em substituição ao sangue,

e não apenas para casos de menor complexidade, mas também para procedimentos cirúrgicos

de maior complexidade, como cirurgia de coração aberto, transplante de medula óssea,

cirurgias ortopédicas, cerebrais, dentre outras, mesmo em casos de emergência.

21

Em todo o mundo, existem mais de cem mil médicos que utilizam técnicas alternativas

à transfusão sanguínea. As alternativas seriam mais interessantes do ponto de vista econômico

por dois motivos: primeiro, são mais baratas do que todo o processo de coleta, análise,

armazenamento e transfusão sanguínea; segundo, “os pacientes que não recebem transfusão

de sangue têm uma recuperação mais rápida que aqueles que recebem transfusão, o que

significa menos tempo de internação, menor custo para o estado e mais leitos nos hospitais”

(ALTERNATIVAS, 2004).

4 DISCUSSÃO

Neste estudo evidenciou-se que os adeptos a religião Testemunhas de Jeová amam a

vida e procuram preservá-la. Para isso, contam com todo um aparato de órgãos e

departamentos internos – Comissões de Ligação com Hospitais (COLIH) - para representá-

las perante os médicos, de modo que sua decisão em não receber sangue seja respeitada em

hospitais do mundo inteiro. Nesse ínterim, são pioneiras no desencadeamento da Medicina e

Cirurgia sem Sangue, contribuindo significativamente para o avanço e a disponibilidade de

métodos alternativos às transfusões no mundo inteiro, conforme descreve Saraiva (2005).

Diante disso, foi possível perceber que a transfusão sanguínea é um exemplo de

procedimento amplamente utilizado, apesar de seu caráter incerto e perigoso. Autores

renomados, como o hematologista Rosenfeld (1991), que defendem e supervalorizam as

transfusões sanguíneas como único recurso terapêutico, reconhecem que o sangue a ser

transfundido, raramente, será 100% seguro, pois os testes disponíveis não podem levar à

segurança absoluta da ausência de riscos para o paciente, pois, como é sabido na comunidade

científica, sempre haverá a possibilidade de existência da chamada ‘’janela imunológica’’,

que se caracteriza pela produção de testes com resultados falsos negativos.

A transfusão de sangue é na sua essência um transplante de células alogênicas que

consiste na infusão de grandes quantidades de antígenos estranhos na circulação do receptor,

resultando em múltiplas reações inflamatórias e imunológicas. Esta é uma das principais

explicações dos resultados adversos desta prática médica. Centros em todo mundo buscam

instituir protocolos para se racionar o uso do sangue e isso tornou-se um critério de qualidade

hospitalar perseguido pelas agências certificadoras de qualidade.

A prática transfusional não é o único meio de que se pode valer o médico para salvar a

vida do paciente. Com frequência, há a possibilidade de se empregar opções terapêuticas para

22

minimizar a perda de sangue, tais como: os expansores de volume do plasma, hemostasia

meticulosa, hemostasia farmacológica com ácido tranexâmico ou ácido épsilon-

aminocapróico, uso de agentes hemostáticos que aumentam a atividade dos fatores de

coagulação (desmopressina), fatores de crescimento hematopoiéticos e a recuperação

intraoperatória do sangue no campo cirúrgico, como menciona Ligiera (2009).

Todos esses procedimentos mencionados podem ser utilizados na mesa de cirurgia,

com planejamento e consentimento do paciente, porém as principais limitações para a não

utilização de algumas destas opções terapêuticas dizem respeito ao custo, a indisponibilidade

de determinada estratégia na Unidade de Saúde em que o paciente está sendo atendido e a

imperícia médica no aprendizado de técnicas cirúrgicas mais apuradas para evitar

sangramentos.

A máquina de recuperação sanguínea (cell saver), por exemplo, pode ser utilizada por

qualquer pessoa, independentemente de sua crença, porém como o Sistema Único de Saúde

(SUS) não cobre o gasto com o procedimento, o paciente que optar por essa forma, sendo ele

Testemunha de Jeová ou não, deverá custear o “kit de equipamento”, o equivalente a duas

bolsas de sangue, em torno de R$ 1.500,00, o que torna muitas vezes o procedimento inviável

pelo custo, aquisição do material e recurso qualificado.

Muitas vezes, ao propor um tratamento com o auxílio de sangue autólogo, o médico

não tem a intenção de prejudicar o paciente e sim o desejo genuíno de “salvar’’ a sua vida

mediante as técnicas tidas por eles como assertivas. Corroborando com tal atitude, o jurista

Celso Ribeiro Bastos (2000, p. 26) emite seu parecer ao dizer: ‘’O que se tem presenciado é

certa intransigência, inexperiência ou mesmo ignorância de alguns médicos que, por

desconhecerem tratamentos substitutos, insistem em aplicar um único método, que eles

dominam e, pois, utilizam de modo bastante cômodo. Agindo deste modo, o médico estará, na

verdade, a violar dispositivo de seu próprio Código de Ética Médica (Resolução do Conselho

Federal de Medicina n.1.246/88) que descreve: “o médico deve aprimorar continuamente seus

conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente” (art. 5º).

Quando se tem o propósito e o envolvimento multiprofissional para gerenciar e

conservar o sangue autólogo, tais métodos tornam-se mais seguros, simples e eficazes:

seguros, pois impedem o risco de contaminação de inúmeras doenças e infecções, bem como

de reações adversas do próprio corpo do paciente; simples, por não envolver todo um

esquema de coleta, análise, armazenamento e transfusão; e eficazes, porque a experiência

prova que pacientes que não recebem sangue alogênico têm uma recuperação mais rápida, o

23

que significa menos tempo de internação, menor custo para o estado e mais leitos nos

hospitais.

5 CONCLUSÃO

Evidenciou-se que, quanto mais terapias alternativas forem aplicadas, maior é a

possibilidade de tratar um paciente sem a necessidade de transfusão. Os benefícios não estão

restritos à esfera econômica, mas também à incidência e à gravidade das complicações, em

particular a mortalidade, relacionadas às transfusões sanguíneas.

Esta revisão da literatura reúne múltiplas opções terapêuticas para reduzir o número de

transfusões alogênicas, mas antes de implantar tais medidas é fundamental um desejo de

mudar o comportamento transfusional, principalmente em relação à tolerância à anemia.

Algumas medidas são simples e seguras e podem ser facilmente implementadas, outras

requerem um processo bem orquestrado.

Estas estratégias não são mutuamente exclusivas e a realidade de cada serviço pode

guiar quais ações são melhores e mais factíveis. Estimulamos este novo conceito na medicina

transfusional que, com o menor uso de sangue alogênico poderá resultar em redução na

morbimortalidade total dos pacientes, bem como amenizar a demanda nos bancos de sangue.

Um fator importante a ser considerado em relação à prática transfusional e não

transfusional é a avaliação do risco/benefício. Quando decisões médicas são tomadas por

equipes multidisciplinares há uma redução no potencial de causar dano pelo tratamento, quer

para determinados subgrupos de pacientes ou mesmo para a população em geral.

Vale ressaltar que, cabem aos médicos, enfermeiros e equipe multidisciplinar

atualizarem-se quanto aos tratamentos e opções terapêuticas existentes, realizados sem o uso

de sangue, e os que ainda se encontram em estudos. Dessa forma, a equipe estará atendendo a

todos os grupos de pessoas, respeitando aspectos religiosos, sociais e principalmente éticos,

dando ênfase ao direito do paciente em decidir o melhor tratamento que lhe for aceitável.

24

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em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151684842005000300004&lng

=pt& nrm=iso>. Acesso em: 21/03/2016.

SMELTZER, S. C.; BARE, B.G. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico –

Cirúrgico. Vol. 2, 10° edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2005.

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¹Discentes do curso de graduação em Bacharel em Biomedicina – UNIT (Campus Maceió).

²Docente do curso de graduação em Biomedicina e Enfermagem – UNIT (Campus Maceió -

AL), UFAL, UNCISAL. Especialista em Emergência Geral - UNCISAL (modalidade

residência), Esp. em Obstetrícia – FIP, Esp. Enfermagem do Trabalho – IBPEX/UNINTER,

Esp. Dermatologia – FIP, Esp. MBA Saúde Pública, Pós-Graduando Lato Sensu em Pediatria

e Neonatologia – FIP, Pós-Graduando Stricto Sensu em Enfermagem – MPEA/UFF

(NITERÓI-RJ).