operação zelotes: decisões e despachos da 10ª vara federal

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PODERJUDIOÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL toa VARA FEDERAL DECISÃO N° 110/2015 PROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400 CLASSE: 15202- MEDIDA CAUTELAR/BUSCA E APREENSÃO (...) considera-se que a MPV n. 512, de 2010, mnstitui mais um exemplo de como o instituto das medidas provisórias pode ser prejudicial às boas práticas republicanas. Sua edição se fez sem debates, audiências públicas, apresentação de contraditório, transparência quanto aos ol:jetivos e critérios de decisão, sugerindo falta de apego ao princípio da impessoalidade na a,PIicacão dos recursos ,públicos mediante a mncessão de ben~flcios e incentivos/iscais. (...) as primipais conclusões deste trabalho consistem na constatação de que faltou transparência ao processo de decisão da aplicação de vultosos recursos públims mediante renúncia fiscal (...). Assim, entendemos que a MPV 512/2010 merece discussão ampla no Congresso Nacional, a fim de que a entrega dos vultosos recursos de que trata sf!ja feita deforma mais transparente e em consonância com as reais necessidades do País. 1 Cuida-se de representação por prisões preventivas, conduções coercitivas e buscas e apreensões formulada por Delegado de Polícia Federal da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários da Coordenação-Geral de Polícia Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime organizado do Departamento de Polícia Federal (fls. 2-B/164). A representação é instruída com farta documentação (fls. 165/545). 't1 o desenvolvimento ro de Estudos da e Poücia Federal (fIs. CÉUA REGINAODYBERNARDES, Juíza Fe 1 MIRANDA, Ricardo Nunes de; SANTOS, Gáudio Borges dos. Polítim de i enf os fis.- regional. uma cótica à MP 512. Textos para discussão, n. 87, fev. 201 . B asília: Consultoria do Senado, 2011. p. 17-18. O texto instrui a representação o ele 520/521 dos autos). Argumenta, em síntese, que a investigação objetiva apurar a prática dos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa, organização criminosa e lavagem de dinheiro, ocorridos em negociações escusas realizadas em processos que tramitaram no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) promovidos por alguns Conselheiros e outros particulares. Especificamente neste procedimento, foi aprofundada a ação de "tráfico de influência e/ou corrupção nos bastidores

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DECISAO OPERAÇÃO ZELOTES

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Page 1: Operação Zelotes: decisões e despachos da 10ª Vara Federal

PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

toa VARA FEDERALDECISÃO N° 110/2015PROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400CLASSE: 15202 - MEDIDA CAUTELAR/BUSCA E APREENSÃO

(...) considera-se que a MPV n. 512, de 2010, mnstitui mais um exemplo decomo o instituto das medidas provisórias pode ser prejudicial àsboas práticas republicanas.

Sua edição se fez sem debates, audiências públicas, apresentação decontraditório, transparência quanto aos ol:jetivos e critérios de decisão, sugerindo faltade apego ao princípio da impessoalidade na a,PIicacão dos recursos ,públicosmediante a mncessão de ben~flcios e incentivos/iscais.

(...) as primipais conclusões deste trabalho consistem na constatação de quefaltou transparência ao processo de decisão da aplicação de vultosos recursospúblims mediante renúncia fiscal (...).

Assim, entendemos que a MPV 512/2010 merece discussão ampla noCongresso Nacional, a fim de que a entrega dos vultosos recursos de que trata sf!ja

feita deforma mais transparente e em consonância com as reais necessidadesdo País. 1

Cuida-se de representação por prisões preventivas, conduções

coercitivas e buscas e apreensões formulada por Delegado de Polícia Federal

da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários da Coordenação-Geral de

Polícia Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime

organizado do Departamento de Polícia Federal (fls. 2-B/164). A

representação é instruída com farta documentação (fls. 165/545).

't1 o desenvolvimentoro de Estudos da

e Poücia Federal (fIs.

CÉUA REGINAODYBERNARDES,Juíza Fe

1 MIRANDA, Ricardo Nunes de; SANTOS, Gáudio Borges dos. Polítim de i enf os fis.-regional. uma cótica à MP 512. Textos para discussão, n. 87, fev. 201 . B asília:Consultoria do Senado, 2011. p. 17-18. O texto instrui a representação o ele520/521 dos autos).

Argumenta, em síntese, que a investigação objetiva apurar a

prática dos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de

influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa, organização

criminosa e lavagem de dinheiro, ocorridos em negociações escusas realizadas

em processos que tramitaram no Conselho Administrativo de Recursos

Fiscais (CARF) promovidos por alguns Conselheiros e outros particulares.

Especificamente neste procedimento, foi aprofundada a ação de

"tráfico de influência e/ou corrupção nos bastidores

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

aprovação de legislação que trouxe benefícios fiscais para empresas do setor

automobilístico e de quebra ainda resultou em economia de bilhões de reais

para empresas que possuíam créditos tributários constituídos em discussão no

Conselho Administrativo de Recursos Fiscais" (fi. 7).

o Ministério Público Federal manifesta-se favoravelmente à

representação e adita o pedido para incluir mais um pedido de busca e

apreensão (fls. 572/3 e 702), fazendo-o com fundamento em robustos

relatórios (fls. 574/669 e 703/707).

As medidas requeridas pela Polícia Federal e pelo Ministério

Público Federal são as seguintes:

1) Prisão preventiva de:

1.1) ALEXANDRE PAES DOS SANTOS;

1.2) JOSÉ RICARDO DA SILVA;

1.3) EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;

1.4) MAURO MARCONDES MACHADO;

1.5) CRISTINA MAUTONI MARCONDES MACHADO;

1.6) HALYSSON CARVALHO SILVA;

2) Condução coercitiva de:

2.1) JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA;

2.2) INDIANARA DE CASTRO BISERRA;

2.3) RAIMUNDO NONATO LIMA DE OUVEIRAJUNIOR;

2.4) LTIRA BATTISTON SPÍNDOLA;

2.5) VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;

2.6) MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARI

2.7) PAULO ARANTES FERRAZ;

2.8) EDUARDO DE SOUZA RAMOS;

2.9) CARLOS ALBERTO DE OUVEI

,Ju' Federal Substituta da IO'Vara/DF, p. 2/31."

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

3) Busca e apreensão em residência~ e sedes de escritórios de advocacia

e empresas:

3.1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;

3.2) Residência de MAURO MARCONDES MAQ-lADO e CRISTINA

MAUfONI MARCONDES MAQ-lADO;

3.3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;

3.4) Residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA;

3.5) Residência de FRANQSCO MIRTO FLORÊNQO DA SILVA;

3.6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;

3.7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;

3.8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;

3.9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;

3.10)Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;

3.11)Escritório de Marcos Vilarinho e Sede da St. Martins's Negócios e

Participações Ltda.;

3.12) Sede da CVEM Consultoria;

3.13)Sede da Green CentU1)'Consultoria Empresarial e Participações;

3.14)Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda. e da CERFCO

Participações Ltda.;

3.15) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros

Ltda.; e

3.16)Sede da LFT Marketing Esportivo.

É o que basta a relatar.

Decido.

1) DAS PRISÕES PREVENTIVAS

Os pressupostos da prisão pre e

comissi deJicti, consubstanciado na rova

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

indício suficiente de autoria e o (1.2) periculum libertatis, requisito que

diz respeito a seus fundamentos (artigo 312 do CPP), quais sejam, garantia da

ordem pública; garantia da ordem econômica; conveniência da instrução

criminal; assegurar a aplicação da lei penal; ou o descumprimento de qualquer

das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.

As hipóteses de admissibilidade da prisão preventIva

dizem respeIto aos crimes relacionados no artigo 313 do CPP e são as

segumtes:

1) crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a

4 (quatro) anos;

2) condenação por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,

ressalvado o disposto no 64 I CP;

3) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,

adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a

execução das medidas protetivas de urgência;

4) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta

não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser

colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra

hipótese recomendar a manutenção da medida.

el a decretação daApós analisar os pedidos, reput

Por fim, a prisão preventiva somente pode ser decretada se

mexIStIrem no caso quaisquer excludentes de ilicitude e de c

(estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento aexercício regular de direito; justificantes da parte esp i e leis

especiais; inimputabilidade; obediência hierárquica; co

inexigibilidade de conduta diversa etc.).

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

prisão preventiva, pois a maioria dos cnmes imputados aos investigados

(tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e

extorsão) são crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade

máxima superior a 4 (quatro) anos.

Não vislumbro a existência de qualquer excludente de ilicitude

e de culpabilidade.

Por fim, considero que caminharam bem a Polícia Federal e o

Ministério Público Federal ao terem requerido a prisão preventiva

limitadamente aos principais envolvidos na atividade criminosa, em respeito à

presunção de não culpabilidade dos investigados. Em um contexto de

criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não

há, porém, como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a

justificar a prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo, de modo que,

para os principais envolvidos na atividade criminosa, não vislumbro medida

cautelar diversa capaz de substituir a prisão preventiva.

A seguir, serão analisados os pressupostos e os fundamentos

da prisão preventiva ora requerida.

1.1)Fumus comissi deJicti: prova da existência do enme e indício

suficiente de autoria

o esquema

verificou-se a potencial

administrativo fiscal n.

ARDES,fuíza Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 5/31

dos contribuintes em situações suspeitas que teriam

cnmmoso.

Segundo o Ministério Público

a análise do contribuinte MMC Automot es

interferência cnmmosa no

As investigações no âmbito da "operação Zelotes"

efeito pela Receita Federal do Brasil, Corregedoria do Ministé' da

Polícia Federal e Ministério Público Federal estão sendo r função

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO NO 55233-74.2015.4.01.3400

10120.016270/2008-95, em trâmite no Conselho Administrativo de Recursos

Fiscais do Ministério da Fazenda - CARF/1v1F, que resultou na exoneração de

crédito fiscal no valor de R$265.502.036,88 (...).

Todavia, além do procedimento no CARF, a análise da

situação da MMC permitiu identificar o potencial pagamento de propina pela

aquisição da Medida Provisória n. 471/09, posteriormente convertida na Lei

n. 12.218/10. A empresa CAOA Montadora de Veículos S.A também teria

participado da empreitada ilícita com aMMC."

Informam a Polícia Federal e o Ministério Público Federal,

ainda, que as investigações em curso alcançam, também, a negociação da

Medida Provisória n. 512/10, posteriormente convertida na Lei n. 12.407/11

(fls. 115 e seguintes), e, ainda, a Medida Provisória n. 627/13, convertida na

Lei n. 12.973/14 (fI. 550).

Os valores envolvidos nessas condutas cnrmnos as são

elevadíssimos. Não bastasse a exoneração de crédito tributário no valor

ao

, íza Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 6/31CÉUA REGINAOOY E

Ou seja, as investigações já r

R$265.502.036,88 (pAF n. 10120.016270/2008-95, CARF/1v1F) que a MMC

deixou de verter ao erário, está-se diante de indícios veementes de compra de

legislação, especificamente de prática criminosa que levou os envolvidos a

obterem "êxito na edição de mais uma medida provisória 'sob encomenda',

mas dessa vez não para obter algum tipo de incentivo benefício direto do

governo, mas com o sórdido objetivo específico de criar um fato

viria a fulminar de uma vez por todas as discussões dentro acerca

de créditos tributários constituídos em razão de cum centlvos

fiscais envolvendo empresas do setor automobilístico, saber

FORD, exonerando créditos tributários que (.. soma

montante maior que R$2.000.000.000,OO (dois b' ões d

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grau razoável de certeza, porquanto os pedidos se fundamentam em farta

documentação, que os investigados atuam de maneira concertada para o

cometimento dos crimes de que são acusados há vários anos, porquanto os

documentos apontam para condutas praticadas nos anos de 2009, 2010, 2013

e 2014 (fI. 558). Não é temerário afirmar que as condutas praticadas pelo

grupo continuam produzindo efeitos até hoje, porquanto há documentos nos

autos que demonstram que a última parcela do pagamento devido pela MMC

ao "consórcio SGR/Marcondes e Mautoni" deverá ocorrer em 10/12/15, no

valor de R$1.200.000,00 (fls. 651t Portanto, concluo, em cognição sumária,

que o grupo criminoso atua concertadamente para exonerar créditos

tributários e comprar legislação que beneficia grupos empresariais privados há

pelo menos 6 anos, o que permite dizer que se trata de pessoas para quem o

crime é meio de vida, sendo absolutamente imprescindível a decretação de sua

prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal trazem ao

conhecimento deste juízo ordens distintas de fatos criminosos que envolvem

pessoas diferentes, o que será objeto dos próximos tópicos.

1.1.1)Exoneração do crédito tributário discutido no PAF n.

10120.016270/2008-95 (CARF/MF), no mteresse da MMC

Automotores do Brasil Ltda.

e Investigação da Receitaenda cuja ementa é: "Caso

13. Leis 12.218/10 e 12.973/14.ação coordenada de agentes públicos

e substancioso relatório que consta dos

2 Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral e Pes .FederaV Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda/.tvfi .stério dMMC/CAOA Venda de Legislação. Medidas Provisórias 1/09 eEvidências de esquema de delituoso. Material probatório e revelae privados para alteração de normas de natureza tributá' ." Tratautos entre as fIs. 574 e 668.

CÉuAREG

Em um primeiro momento, as empresas Marcondes e

Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa e SGR

Consultoria Empresarial Ltda. iniciaram uma parceria cri .

a MMC Automotores do Brasil Ltda. do pagame

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

discutido no PAF n. 10120.016270/2008-95 (CARF/MF) no valor

R$265.502.036,88. As pessoas envolvidas nesse fato são os sócios na SGR

Consultoria Empresarial Ltda., ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ

RICARDO DA SILVA e EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, bem

como os sócios da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia

Corporativa Ltda., MAURO MARCONDES MAQ-IADO e CRISTINA

MAUTONI MARCONDES MAQ-IADO. Os documentos que comprovam

sua destacada participação são os constantes nos autos às fls. a seguir

indicadas:

- fls. 5/6: e-mails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA, MAURO

MARCONDES MAQ-IADO e PAULO ARANTES FERRAZ;

- fls. 25 e seguintes: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e FRANOSCO MIRTO

FLORÊNOO DA SILVA

Em que pese ALEXANDRE PAES DOS SANTOS ter

negado em depoimento ser sócio de JOSÉ RICARDO DA SILVA, os

documentos juntados aos autos demonstram de forma incontestável o

contrário, eis que documentos de autoria do próprio ALEXANDRE PAES

DOS SANTOS demonstram que as empresas de ambos funcionam na mesma

sede, têm o mesmo quadro de funcionários e procedem a divisão dos custos,

o que para a autoridade policial, acertadamente, evidencia o context ático de

uma sociedade (fls. 28 e 75/76). Os documentos 6 e 34 i~~lruem a

representação (fls. 197/233 e 374/376) demonstram que ALE i RE

PAES DOS SANTOS e JOSÉ RICARDO DA SILVA di~dem sI. ustos e os

I d,. d' /d~'ucros os negoclOs, a ponto e ate mesmo a co;pra e , eIras para o

escritório de ambos ser custeada igualmente pelos sócios.

Portanto, reputo suficienteme~ d onstrada prova da

CÉUA REGINAQDY BERN ES,

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materialidade e a presença de fortes indícios de autoria dos investigados

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA,

EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, MAURO MARCONDES

MACHADO e CRISTINA MAUTONI MARCONDES MACHADO.

1.1.2) Compra das Medidas Provisórias n. 471/10 (Lei n. 12.407/11),

512/10 (Lei n. 12.407/11) e 627/13 (Lei 12.973/14), no interesse da

MMC Automotores do Brasil Ltda. e da CAOA

Em 2009, as empresas Marcondes e Mautoni

Empreendimentos e Diplomacia Corporativa Ltda. e SGR Consultoria

Empresarial Ltda. foram contratadas pela MMC Automotores do Brasil

Ltda. e pela CAOA "para viabilizar a edição de medida provisória, a ser

convertida posteriormente em lei, prorrogando por cinco anos os benefícios

estabelecidos pela Lei n. 9.826/99. Em outras palavras, compra de legislação"

(fI. 552). Ainda segundo o MPF, a parceria criminosa se repetiu em relação à

edição de ao menos três Medidas Provisórias e suas respectivas conversões em

Lei: MP n. 471/10 (Lei n. 12.407/11), MP 512/10 (Lei n. 12.407/11) e MP

627/13 (Lei 12.973/14). As condutas criminosas teriam ocorrido, assim, tanto

no âmbito do Poder Executivo quanto no do Poder Legislativo, havendo

indicativos de que vários servidores públicos possam ter recebido vantagem

indevida para colaborar no processo de edição da Medida Provisória.

No âmbito do Poder Executivo, os autos demonstram que

LYTHA BATIlSTON SPÍNDOLA, Secretária Executiva da

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comérci

Ministério que assina a MP 471/09, recebeu ao me s

intermédio do escritório de advocacia Spíndola P

filho VLADMIR SPÍNDOLA SILVA A

proprietária da Green Century Consulto 'a

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

que recebeu R$ 60.000,00 da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e

Diplomacia Corporativa Ltda. em 2014, ano da Lei 12.973/14.

No Poder Legislativo, há documentos nos autos que

demonstram o apoio remunerado de FERNANDO CESAR DE MOREIRA

MESQUITA, na época dos fatos Diretor da Secretaria de O:>municaçãoSocial

do Senado. Os e-mails constantes no documento 25 (fls. 61 e 351)

demonstram que FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA era

remunerado pelo grupo criminoso liderado por ALEXANDRE PAES DOS

SANTOS. Mas os autos demonstram que a relação entre ambos vai muito

além: "por ocasião da execução do mandado de busca e apreensão na

residência de ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, foi encontrado Relatório

de Inteligência Policial, de maio de 2008, em que constam informações

obtidas a partir de monitoramento realizado na residência de FERNANDO

CESAR DE MOREIRA MESQUITA, onde se verificou que ele utilizada um

automóvel de propriedade de ALEXANDRE PAES DOS SANTOS" (fi. 565

e 598). O relatório que vem de ser referido se encontra na íntegra às fls.

541/545 (documento 66, que instrui a representação da autoridade policial) e

sua leitura é ainda mais estarrecedora quando se lê que, durante a vigilância na

residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA, este

recebeu a visita de Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia

Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial.

As pessoas envolvidas nesses fatos, como contratantes, são os

ex-diretores da MMC, PAULO ARANTES FERRAZ e

SOUZA RAMOS, assim como o presidente da CAOA,

DE OliVEIRA ANDRADE. Q)mo contratados

destacada participação, os sócios na SGR mpresarial Ltda.,

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, J S

EDUARDO GONÇALVES VALAD como os sócios da

aUA REGINAo Y E S,]uíza Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 10/31'"

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia (})rporativa Ltda.,

MAURO MARCONDES MAmADO e CRISTINA MAUTONI

MARCONDES MAmADO. Como "colaboradores" do grupo criminoso,

tem-se, aparentemente, a partIcIpação de LYTHA BAmSTON

SPÍNDOLA, VLADMIR SPÍNDOLA SILVA e FERNANDO CESAR DE

MOREIRA MESQUITA OS documentos que comprovam sua destacada

participação são os encontrados nas fls. dos autos a seguir indicadas:

- fls. 7/8: emails trocados entre ALEXANDRE PAES DOS SANTOS,

FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA e FRANOSCO

MIRTO FLORÊNOO DA SILVA);

- fls. 13, 15, 18 e 24: "Relatório SGR" encaminhado por email por

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, com veementes indícios de corrupção;

- fls. 25 e seguintes: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e FRANOSCO MIRTO

FLORÊNOO DA SILVA;

- fls. 31/34: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e EDUARDO GONÇALVES

VALADÃO; no documento indicado à fI. 34, observa-se que muito além de

mero convencimento retórico quanto a supostos aspectos técnicos das

propostas, era necessário muito dinheiro para pagar os "colaboradores".

- fI. 44: emails trocados entre os envolvidos demonstram que a MP, ainda

sem número, já circulava entre os lobistas, a demonstrar que receb

da versão final antes de sua publicação;

- fls. 36 e 44: apontam para documentos

relações pronúscuas por ao menos cinco anos e

MAmADO e CRISTINA MAUTONI

servidor da Presidência da República;

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

- fls. 15/20, 50, 122, 131: apontam para documentos indicadores de relações

promíscuas entre LYTHA BAITISTON SPÍNDOLA, VLADMIR

SPÍNDOLA SILVA, PAULO ARANTES FERRAZ, MAURO

MARCONDES MACHADO, CRISTINA MAUfONI MARCONDES

MACHADO e servidores da Presidência da República e do MDIC;

- fls. 61 e 66/67: apontam para documentos que estabelecem relações entre

MAURO MARCONDES MACHADO, ALEXANDRE PAES DOS

SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES

VALADÃO e FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA e

apontando para a corrupção de parlamentares que seriam "colaboradores" do

grupo;

- fls. 68/69: apontam para e-mails e regIstros de reuniões entre MAURO

MARCONDES MACHADO, ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ

RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES VALADÃO,

FRANOSCO MIRTO FLORÊNOO DA SILVA e FERNANDO CESAR

DE MOREIRA MESQUITA acerca de compra de legislação e quebra de

confiança por parte da CAOA, que se recusa a pagar sua parte do "contrato".

1.1.3) Extorsão contra a MMC Automotores do Brasil Ltda.

De acordo com o Ministério Público Federal (£1.555), "O

consórcio formado pela SGR e Marcondes e Mautoni tinha a expectativa de

receber, pela Lei n. 12.218/10, um total de trinta e dois milhões de reais, custo

a ser dividido de forma igual pela MMC e CAOA Cada empres

receberia metade e, como combinado, empregaria até 40°

propina. O resto (piso de 60%) seria a remuneração da

Mautoni pelos serviços."

Robusta prova

R$17.400.000,OOao "consórcio SGR/Marco autoni", mas a CAOA

CÉUAREGINA OOyBE ,Ju' Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 12/31

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPRcx:::ESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

não pagou sua parte, o que gerou tensão tal entre os envolvidos que acabou

culminando na prática do crime de extorsão por HALYSSON CARVALHO

SILVA contra a própria MMC (fls. 92/93 - email com a primeira ameaça).

As autoridades que conduzem a investigação trabalham com

duas hipóteses quanto à conduta de HALYSSON CARVALHO SILVA A

primeira, menos provável, é que HALYSSON CARVALHO SILVA falava

em nome de parlamentares que ainda não tinham recebido sua parte na

propina, o que reforçaria o crime de corrupção. A segunda hipótese, mais

provável em vista da farta prova documental acostada aos presentes autos,

indica que a SGR, por indicação de seu parceiro MARCOS AUGUSTO

HERNARES VILARINHO (a Marcos Vilarinho Advogados e a St. Martins's

Negócios e Participações Ltda. funcionam no mesmo endereço), contratou os

serviços de HALYSSON CARVALHO SILVA para extorquir a MMC

A extorsão foi praticada mediante o encaminhamento de um

email por HALYSSON CARVALHO SILVA a EDUARDO DE SOUZA

RAMOS, no qual exige US$ 1,5 milhão para não entregar um dossiê sobre o

caso para a imprensa ou para a oposição ao governo. O caminho desse email

foi percorrido pela autoridade policial e revelou que o destinatário tinha

registro na empresa CERFCO (situada no mesmo endereço da MMq e que o

remetente utilizou os dados de JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA,

INDIANARA DE CASTRO BISERRA e RAIMUNDO NONATO LIMA

DE OUVEIRAJUNIOR

A mensagem foi imediatamente encaminhada

MARCONDES MAQ-IADO e CRISTINA

MAQ-IADO, que aCIOnaram a empresa

Intermediação de Negócios Financeiros Ltda.

alvos indicados por seus clientes.

CÉUA REGINA QDY B

Page 14: Operação Zelotes: decisões e despachos da 10ª Vara Federal

PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

Portanto, as pessoas envolvidas na extorsão são: o ex-diretor

da MMC, EDUARDO DE SOUZA RAMOS, os sócios da SGR

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA e

EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, bem como os sócios da

Marcondes e Mautoni, MAURO MARCONDES MACHADO e

CRISTINA MAUfONI MARCONDES MACHADO, bem como aWagner

& Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros Ltda .. Atuaram,

ainda, o grupo residente no Piauí, HALYSSON CARVALHO SILVA, e, em

medida ainda desconhecida quanto às respectivas participações nos fatos

criminosos, JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA, INDIANARA DE

CASTRO BISERRA e RAIMUNDO NONATO LIMA DE OUVEIRA

JUNIOR Os documentos que comprovam sua destacada participação são

encontrados nos autos às fls. a seguir indicadas:

- fls. 92/93: email com a primeira ameaça;

- fls. 97/98 e 102 e seguintes: e-mails demonstrando as relações entre as

pessoas acima narradas;

tação das

crimes de

Presentes, portanto, os pressupostos

prisões preventivas requeridas: boa prova da mate

tráfico de influência, corrupção, associaçã%rgani a

CÉUA REGINA QDY BERNARDES, u'

- fI. 110: email com passagens aéreas compradas em nome de HALYSSON

CARVALHO SILVA, que viajou exatamente no período da extorsão;

indicação de telefonema de telefone fixo da SGR para HALYSSON

CARVALHO SILVA no período da extorsão;

- fI. 110/115: intensa troca de e-mails entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,

MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA

MARCONDES MACHADO, Wagner & Nakagawa

praticada por HALYSSON CARVALHO SILVA

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO NO 55233-74.2015.4.01.3400

de dinheiro, e de autoria em relação a AIEXANDRE PAES DOS

SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES

VALADÃO, MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA

MAUfONI MARCONDES MACHADO e HALYSSON CARVALHO

SILVA Resta analisar a presença dos fundamentos necessários à decretação

da medida cautelar.

1.2)Periculum Jibertatis: fundamentos (artigo 312 do CPP)

1.2.1) Ordem pública

O aprofundamento das investigações no âmbito da "operação

Zelotes", tem revelado um quadro, em cognição sumária, de tráfico de

influência, corrupção e lavagem de dinheiro sistêmicas. Em um contexto de

criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não

há como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a justificar a

prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo.

são

,.E , Juíza Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 15/31CÉUA REGINA OOY E

Além disso, os valores envolvidos

elevadíssimos, alcançando a cifra dos bilhões de re .

esses valores efetivamente foram desviados em

ora descritas e, por isso, deixaram de in e

A dimensão concreta dos fatos delitivos, e não a gravidade em

abstrato, também pode ser invocada como fundamento para a decretação da

prisão preventiva. Como bem asseverou o MPF (fI. 564), "não se trata de um

crime ordinário de corrupção. A elaboração de leis é pilar do regime

democrático. O Supremo Tribunal Federal, empregando argumentação nessa

linha, acaba de proibir o envolvimento de pessoas jurídicas no financiamento

de campanhas. Na hipótese concreta, há elementos apontando até para o

possível envolvimento de servidor da Presidência da República. Is falar

do Congresso Nacional."

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

conclusão inafastável é que a prática desses crimes causou impacto gigantesco

e intolerável na implementação de políticas públicas conducentes à

concretização de direitos fundamentais sociais tão prometidos pela

Omstituição da República de 1988 quanto sonegados na amarga realidade

social de exclusão e desigualdade que experimenta a maioria da população

brasileira.

Necessária, portanto, a prisão preventiva para proteção da

ordem pública, em vista da gravidade em concreto dos crimes em apuração e

da necessidade de prevenir a sua reiteração, já que o esquema criminoso

continua produzindo efeitos. (Dmo dito acima, há documentos nos autos que

demonstram que a última parcela do pagamento devido pela MMC ao

"consórcio SGR/Marcondes e Mautoni" deverá ocorrer em 1/12/15, no

valor de R$1.200.000,OO(ver item 1.1, acima). Portanto, concluo que o grupo

criminoso atua concertadamente para exonerar créditos tributários e comprar

legislação que beneficia grupos empresariais privados há pelo menos 6 anos, o

que permite dizer que se trata de pessoas para quem o crime é meio de vida,

sendo absolutamente imprescindível a decretação de sua prisão preventiva

para interromper o ciclo delitivo.

a prisão

, JuíZa Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 16/31! -CÉliA REGINA ODY BE

Quanto a ALEXANDRE PAE

preventiva se faz necessária tanto para garant" a or

Para garantia da ordem pública, portanto, DECRETO A

PRISÃO PREVENTIVA das seguintes pessoas, por fazerem da prática de

crimes seu meio de vida: ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ

RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES VALADÃO

MARCONDES MACHADO, CRISTINA MAUTONI

MACHADO.

1.2.2) Ordem pública e instrução criminal

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N' 55233-74.2015.4.01.3400

proteger a instrução criminal. Informa o MPF (fi. 565) que "durante a

execução de mandado de busca e apreensão em sua residência foi encontrado

Relatório de Inteligência Policial, produzido pela Diretoria de Inteligência

Policial do Departamento de Polícia Federal, que tinha como objetivo levantar

informações sobre Fernando Cesar de Moreira Mesquita (...). O relatório

identificou e citou nominalmente Alexandre Paes dos Santos como parceiro

de Fernando Cesar de Moreira Mesquita, pois o último estava usando seu

carro. O problema é que se trata de relatório sigiloso e, em situação normal,

jamais poderia estar na posse do próprio Alexandre Paes dos Santos."

Além disso, o Relatório .de Inteligência Policial apreendido (fls.

541/545, documento 66, que instrui a representação da autoridade policial)

informa que, durante a vigilância na residência de FERNANDO CESAR DE

MOREIRA MESQUITA, este recebeu a visita de Reinaldo de Almeida Cesar

Sobrinho, Delegado de Polícia Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência

Policial.

É necessário, portanto, esclarecer em que medida o

investigado ALEXANDRE PAES DOS SANTOS mantém relacionamentos

escusos dentro do próprio sistema de segurança pública, mas, enquanto isso, e

para salvaguardar a instrução criminal, é necessário afastá-lo de seu meio de

influência. Tem razão o MPF ao afirmar (fI. 565) que tal fato demonstra a

amplitude do elevado e comprovado poder de influência do investigado

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, que chega ao "ponto de obter

documento sigiloso na diretoria que tem como meta produzir informação

sensível dentro de um órgão como a Polícia Federal."

Tendo em vista seu comprovado raio

somente no "mundo da intermediação de interesses em

13) mas também no próprio sistema de segurança

CÉliA REGINA ODY BERN

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO NO 55233-74.2015.4.01.3400

com base em elementos concretos de convenCImento que, em liberdade,

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS atrapalhará a completa elucidação dos

fatos.

Portanto, especificamente em relação a ALEXANDRE PAES

DOS SANTOS, decreto sua prisão preventiva para garantir a ordem

pública e também para proteger a instrução criminal.

Por fim, a autoridade policial noticia que o investigado

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS tem imóvel e empresas no exterior e

que suas viagens para o exterior são frequentes, requerendo, por isso, a

decretação de sua prisão preventiva para resguardar a futura aplicação da lei

penal (fI. 139 e documentos 65 e 66). Entendo que esses elementos são

importantes, mas não suficientes para a decretação da prisão preventiva.

Reputo suficiente para garantir a aplicação da lei penal as seguintes

medidas cautelares: proibição de o investigado ALEXANDRE PAES DOS

SANTOS sair do território nacional sem prévia autorização judicial e

apreensão de seu passaporte, as quais decreto com fundamento nos artigos

319, IV c/c 320 do CPP.

1.2.3) Ordem pública e aplicação da lei penal

eu nome depois de

árias quebras de sigilo

MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO e j'

outro crime de extorsão envolvendo negociação de p r' eo

que está sendo apurado no âmbito das investigaç-

Além disso, a autoridade policial somente c

inúmeros procedimentos investigatórios in

CÉUA REGINA ODY B

Em relação a HALYSSON CARVALHO SILVA, também se

faz necessária a sua prisão preventiva para garantir a ordem pública, eis que

os autos noticiam que praticou extorsão não somente no caso ver: do nos

presentes autos, mas, ao que tudo indica, mantém u

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

telefônico e telemático, eis que HALYSSON CARVALHO SILVA usou

nomes de terceiros para praticar a extorsão como forma de preservar sua real

identidade, o que demonstra a necessidade da prisão preventiva para tutelar a

aplicação da lei penal.

Portanto, tendo em visa ser necessária para garantir a ordem

pública e tutelar a aplicação da lei penal, decreto a prisão preventiva de

HALYSSON CARVALHO SILVA

1.2.4) CONCLUSÃO

Em que pese as críticas de parcela importante da doutrina

nacional quanto à natureza ordinariamente não cautelar da prisão preventiva

para garantia da ordem pública, JOÃO MARcos Burn3 esclarece que, "aindaque passível de radicais críticas de cunho constitucional, é possível pensar em

prisão cautelar por garantia da ordem pública, desde que nos estritos

pressupostos e limites constitucionais e legais", a saber, os seguintes três

requisitos cumulativos:

1) A pena prevista para o cnme imputado, o que se liga com a ideia de

proporcionalidade, de modo que "não seria proporcional a prisão

provisória do imputado cuja pena prevista no respectivo crime não implica

privação de liberdade"; esse requisito está plenamente configurado no caso

dos autos, pois a maioria dos crimes imputados aos investigados (tráfico de

influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e extorsão) são

crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima enor a

4 (quatro) anos.

2) As circunstâncias e a forma demonstradas de

crime, que se ligam "ao fato de que o modo co

3 BUCH, João Marcos. O novo regime da prisão cautelar a partir ri 711: o paradigma constitucionalgarantis ta. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. p. 73.

CÉUA REGINA ODY Juíza Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 19/31

Page 20: Operação Zelotes: decisões e despachos da 10ª Vara Federal

BATTISTON

PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N' 55233-74.2015.4.01.3400

maior conotação aos fatos do que o crime em si"; no caso dos autos, a

conduta criminosa alcança as mais altas esferas de poder da República e

envolve, literalmente, bilhões de reais, o que evidencia a gravidade concreta

da conduta;

3) Uma relação temporal entre o conhecimento da autoria e do ato imputado

e o instante da determinação da prisão cautelar, a significar que "quanto

maior o tempo decorrido desde aquele marco tanto menor será a

necessidade de se efetuar a prisão provisória." A relação temporal apontada

pelo autor recomenda a decretação da prisão preventiva, eis que o

conhecimento da autoria e do ato criminoso imputado foi manifestada a

este juízo somente em 28/9/ 15, ou seja, há pouco mais de uma quinzena.

Por tudo isso, concluo serem suficientes e necessários os

fundamentos para decretar a prisão preventiva de ALEXANDRE PAES DOS

SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES

VALADÃO, MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA

MAUTONI MARCONDES MACHADO e HALYSSON CARVALHO

SILVA

2) DAS CONDUÇÕES COERCITIVAS

Q)mo medida invasiva de grau mínimo, entendem a Polícia

Federal e o MPF ser necessária a condução coercitiva dos investigados

envolvidos no crime de extorsão aOSÉ JESUS ALEXANDRE

INDIANARA DE CASTRO BISERRA, RAIMUNDO

DE OLIVEIRA JUNIOR, MARCOS AUGU

VILARINHO), alguns dos investigados por serem c

do "consórcio SGR/Marcondes e Mautoni"

Provisórias e posterior conversão em

SPÍNDOLA e VLADMIR SPÍNDOLA SILV

Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 20/31

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

das empresas MMC e CAGA nas negociações com o "consórcio

SGR/Marcondes e Mautoni" (PAULO ARANTES FERRAZ, EDUARDO

DE SOUZA RAMOS e CARLOS ALBERTO DE OliVEIRA

ANDRADE).

Concordo com o pedido formulado, porquanto há prova

documental robusta do envolvimento de cada uma dessas pessoas nos fatos

investigados, sendo desejável que "os episódios sejam esclarecidos sem a

contaminação do contato com outros investigados", respeitado, por óbvio o

fundamental direito constitucional de silêncio titularizado por todos os

investigados e acusados.

3) DAS BUSCAS E APREENSÕES

As medidas de busca e apreensão requeridas pela autoridade

policial são imprescindíveis para as investigações, porquanto sua realização é

indispensável para a instrução do inquérito policial e para o acervo probante,

inclusive para que se possam obter maiores informações sobre a estrutura e o

funcionamento do grupo criminoso, identificando-se outros integrantes.

Saliento que, no presente caso, há elementos suficientes para

se afastar a inviolabilidade dos escritórios de advocacia Spíndola Palmeira

Advogados e Marcos Vilarinho Advogados. Observe-se que, quanto aos

fatos criminosos em apuração, os próprios advogados são investigados pelo

cometimento de crimes, e não seus eventuais clientes.

Assim, no que se refere aos escritórios de advoc

Palmeira Advogados e Marcos Vilarinho Advogad s,

apreendidos os elementos relacionados aos supramenc.

vedada, contudo, a apreensão/ utilização dos docu

pertencentes a clientes dos advogados averig

com a presente investigação, bem como os

Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 21/31

Page 22: Operação Zelotes: decisões e despachos da 10ª Vara Federal

PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

que contenham infórmações sobre clientes/ fatos que não estejam envolvidos

ou ligados ao presente caso.

Outro alvo de busca e apreensão que merece maIores

considerações é a LFT Marketing Esportivo, objeto de aditamento

formulado pelo MPF (fls. 570/573, 702) com fundamento nos itens 158/169

do Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral de Pesquisa e

Investigação da Receita Federal! Corregedoria-Geral do Ministério da

Fazenda/Ministério da Fazenda (fI. 660t Explica o MPF que a l\1MC e a

CAOA pagaram à Marcondes e Mautoni, cada uma, cerca de

R$8.400.000,00 pela edição da Medida Provisória 627/13, convertida na Lei n.

12.973/14, valores esses declarados ao Fisco em 2014. Ocorre que, ao

verificar a movimentação financeira de saída em 2014, percebe-se que a

Marcondes e Mautoni repassou quase R$3 milhões a Mauro Marcondes (1°),

R$1 milhão a Cristina Mautoni (30), R$200 mil a SGR (4°) e, em 20 lugar, fica

a LFT Marketing Esportivo, que recebeu R$1.501.600,OO (fI.660).

Tem razão o MPF ao afIrmar ser "muito suspeito uma

empresa de marketing esportivo receba valor tão expressivo de uma empresa

especializada em manter contatos com a Administração Pública (Marcondes

e Mautoni)" (fI. 572), o que justifica a execução de busca e apreensão na sede

da empresa.

Quanto aos demais alvos, as condutas que lhes são imputadas

já se encontram descritas no item 1, acima desenvolvido.

Por todo o exposto, DEFIRO as

apreensão requeridas em relação aos seguintes alvos:

4 Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral d e nvestigação da ReceitaFederal/Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda/~Iinist' . da cuja ementa é: "CasoMMC/CAOA Venda de Legislação. Medidas Provisórias 471 e 627 . Leis 12.218/10 e 12.973/14.Evidências de esquema de delituoso. Material probatório que r -o coordenada de agentes públicose privados para alteração de normas de natureza tributária." stancioso relatório que consta dosautos entre as fls. 574 e 668.

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;

2) Residência de MAURO MARCONDES MAO-IADO e CRISTINA

MAUTONI MARCONDES MAO-IADO;

3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;

4) Residência de FERNANDOCESARDE MOREIRA MESQUITA;

5) Residência de FRANOSCO MIRTO FLORÊNOO DA SILVA;

6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;

7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;

8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;

9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;

10) Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;

11) Escritório de Marcos Vilarinho Advogados;

12) Sede da St. Martins's Negócios e Participações Ltda.;

13) Sede CVEM Consultoria;

14) Sede Green Century Consultoria Empresarial e Participações;

15) Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda.;

16) Sede da CERFCO Participações Ltda.;

17) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros

Ltda.; e

18) Sede da LFT Marketing Esportivo.

4) DO SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES

Em que pese caracterizar-se o inquérito policial como um

procedimento sigiloso, o princípio da publicidade dos atos pr lS vem

inscrito na Constituição da República (artigos 5°, XXXII

Convenção Americana de Direitos Humanos (art. o Decreto

678/92), na qual se lê que "o processo penal dev

for necessário para preservar os interesses d JUs '. Com efeito, a

publicidade dos atos processuais garante o iodos os cidadãos aos

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

atos praticados no curso do processo e "revela uma clara postura democrática

cujo objetivo precípuo é o de garantir a transparência da atividade

jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por

toda a comunidade. Traduz-se, portanto, numa exigência política de se afastar

a desconfiança da população na administração da ]ustiça."s

Apesar de a publicidade ser a regra no processo judicial, o

próprio ordenamento jurídico a excepciona em algumas situações, a exemplo

da defesa da intimidade, do interesse social no sigilo ou imprescindibilidade à

segurança da sociedade e do Estado. No caso dos presentes autos, o sigilo é

essencial à efetividade das investigações policiais e ministeriais.

Por isso, em atenção ao item 5 do pedido formulado pela

Polícia Federal (fI. 164), decreto o sigilo da presente decisão e mantenho o

sigilo sobre os presentes autos até seu integral cumprimento. O uso seletivo

dos elementos eventualmente descobertos é inadmissível e deve ser impedido

pelos agentes públicos que têm do dever de manter sigilo sobre o conteúdo

desta investigação. Ainda que concorde com a relevância do caso e reconheça

o interesse público envolvido, entendo que o momento não é adequado para

levantar o sigilo dos fatos, notadamente em face da informação contida nestes

autos no sentido de que o investigado Alexandre Paes dos Santos teve acesso

a relatórios da inteligência policial, o que denota notável infiltração no sistema

de segurança pública.

Federal Substituta da lOaVara/DF, p. 24/31CÉUA REGINA ODY BE

5 UMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penaL 3. ed. Salv

Tendo em vista essa informação, mantenho o

ora investigados e determino que TODOS os procedi

"operação Zelotes" tramitem nesta Vara Federal em re e es e lalíssimo de

sigilo, de modo que apenas e tão-somente o Dire

Federal com atribuição para esses feitos tenham a sso a

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

Entendo, ainda, que uma vez cumprida integralmente esta

decisão e realizadas as medidas ora deferidas, o sigilo não mais será necessário

para preservar as investigações objeto destes autos, razão pela qual defiro o

levantamento do sigilo a partir do momento em esta decisão for integralmente

cumprida. Penso que a natureza e magnitude dos crimes ora investigados,

bem como o interesse público e o direito fundamental processual à

publicidade dos atos processuais previsto no artigo 5°, inciso LX, da

Constituição da República de 1988 recomendam a publicidade sobre a

investigação objeto dos presentes autos. A publicidade sobre as atuais

investigações garantirá, aos investigados, a possibilidade de exercer em sua

plenitude seu direito fundamental à ampla defesa, e aos cidadãos, seu direito à

informação sobre o funcionamento da Administração Pública e à formação de

opinião quanto a esta decisão e, de um modo mais amplo, sobre a atuação do

sistema federal de justiça criminal.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, DEFIRO parcialmente os pedidos

formulados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e:

ES,JuÍZa Federal Substituta da lO"Vara/DF, p. 25/31'"

CÉUA REGINA QDY

1) DECRETO a prisão preventiva de (tabela 01, fI. 159):

1.1) ALEXANDRE PAES DOS SANTOS;

1.2) JOSÉ RICARDO DA SILVA;

1.3) EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;

1.4) MAURO MARCONDES MAQ-IADO;

1.5) CRISTINAMAUfONI MARCONDES

1.6) HALYSSON CARVALHO SILVA;

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2) AUTORIZO a condução coercitiva de (tabela 03, fls. 163):2.1) JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA;2.2) INDIANARA DE CASTRO BISERRA;2.3) RAIMUNDO NONATO LIMA DE OLIVEIRAJUNIOR;2.4) LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;2.5) VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;2.6) MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;2.7) PAULO ARANTES FERRAZ;2.8) EDUARDO DE SOUZA RAMOS;2.9) CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA ANDRADE;

3) AUTORIZO que se proceda a busca e apreensão nos seguinteslocais (tabela 02, fls. 160/161; fI. 573):3.1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;3.2) Residência de MAURO MARCONDES MACHADO e CRISTINA

MAUTONI MARCONDES MACHADO;3.3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;3.4) Residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA;3.5) Residência de FRANQSCO MIRTO FLORÊNQO DA SILVA;3.6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;3.7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;3.8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;3.9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;3.10)Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;3.11)Escritório de Marcos Vilarinho3.12)Sede da St. Martins's Negócios e Participações Ltda.;3.13)Sede da CVEM Consultoria;3.14) Sede da Green CentU1YConsultoria Empresarial e Participações;3.15)Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda.3.16)Sede da CERFCO Participações Ltda.;3.17) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Fina

Ltda.; e3.18) Sede da LFT Marketing Esportivo.

4) DECRETO em relação ao investigado ALEXANDR

SANTOS, as medidas cautelares consistentes em: (

do território nacional sem prévia autorização judiei

seu passaporte; nos termos dos artigos 319,

determino, ainda:

4.1) À autoridade policial que providen

CÉUA REGI:-<AOOY BERNARDES Ju'

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

investigado no programa de impedidos de se ausentar do País; e

4.2) À autoridade policial que providencie o recolhimento do

passaporte do investigado;

5) DETERMINO que seja consignado nos mandados de prisão que a

utilização de algemas fica autorizada na efetivação da prisão ou no

transporte dos presos caso as autoridades policiais imediatamente

responsáveis pelos atos específicos reputem imprescindível, devendo, em

qualquer caso, ser observado, pelas autoridades policiais, o inteiro teor

do enunciado n.o 11 da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal

Federal;

6) DETERMINO que seja consignado nos mandados de prisão que

o preso será informado de seus direitos de permanecer calado (direito de

silêncio, que abrange a proteção ao silêncio do imputado e a proteção

contra a sua autoincriminação) e de contar com a assistência de sua

família e de seu advogado/ defensor público, nos termos do inciso LXIII

do art. 50 da Constituição da República e, caso o autuado não informe o

nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública, nos

termos do ~4° do art. 289-A do ap; para conferir a máxima eficácia à

norma, DETERMINO, ainda, que, nos mandados de prisão, seja

transcrito, em extenso e relevo, o disposto no ~4o do art. 289- A do

ap;

CÉUA REGINA QDY BERN

D~TERMINO à autoridad~ policial que proceda, opo~a~ente, ao

regIstro do mandado de pnsão no banco de dado( ma.:'tmo pelo

Conselho Nacional de Justiça para essa finalidad~o tlnn~ do art.

289-AdoCPP; ~~

DETERMINO que se expeçam mand~d par mprimento da

ordem judicial de condução coercitiva s ~ as indicadas no item

7)

8)

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PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400

2, acima, identificadas na tabela 03 (fls. 163); esses mandados deverão ser

entregues às pessoas que serão conduzidas coercitivamente por ocasião

do cumprimento da ordem judicial de busca e apreensão ora deferida, no

endereço residencial, comercial ou profissional ou onde quer que a

pessoa seja encontrada para que seja imediatamente conduzida à

presença de uma autoridade policial para prestar declarações acerca dos

fatos investigados;

9) DETERMINO que, nos mandados para cumprimento da ordem

judicial de condução coercitiva, seja consignado o número deste feito,

a qualificação do investigado e o respectivo endereço extraído da

representação. Consigne-se no mandado que não deve ser utilizada

algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à

autoridade policial, devendo, em qualquer caso, ser observado, pelas

autoridades policiais, o inteiro teor do enunciado n. 11 da Súmula

Vinculante do Supremo Tribunal Federal;

10) DETERMINO que, nos mandados para cumprimento da ordem

judicial de condução coercitiva, seja consignado que a pessoa

conduzida será informada acerca de seu direito de permanecer calada

(direito de silêncio, que abrange a proteção ao silêncio do imputado e a

proteção contra a sua autoincriminação);

11) DETERMINO que se expeçam mandados para cum . ento da

ordem judicial de busca e apreensão ora deferida n s e

se encontram na tabela 02 (fls. 160/161), durante

buscar e apreender documentos, agendas, ano

pastas, telefones, smartphones, quaisquer

(HDs, HDs externos, Pen Drives etc.), co e quaIsquer outros

objetos que possam robustecer o co ário e que guardem

CÉliA REGINA0DY BE

Page 29: Operação Zelotes: decisões e despachos da 10ª Vara Federal

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correlação com os crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico

de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa,

organização criminosa, lavagem de dinheiro ou qualquer outro delito,

bem como joias, obras de arte, utensílios domésticos de grande valor,

veículos (automóveis, motocicletas, lanchas, aeronaves etc.), dinheiro em

espécie, cheques ou quaisquer bens e valores, e de modo geral tudo o

que possa ser produto de atividade criminosa ou venha a demonstrar a

materialidade do crime de lavagem de dinheiro;

12) DETERMINO que, nos mandados de busca e apreensão, conste

ordem expressa de arrombamento de portas e cofres na hipótese de

resistência ao seu cumprimento, bem como de busca pessoal nos

presentes, caso haja suspeita de que escondam elementos úteis à prova

dos fatos, bem como a ordem de que os executores da medida restritiva

não poderão se valer de qualquer expediente vexatório ou indiscreto,

caso venha a ser realizada alguma prisão em flagrante;

13) DETERMINO que, nos mandados de busca e apreensão, em razão

do sigilo das investigações, deverá constar também que a Polícia Federal

se absterá de informar aos familiares dos alvos qualquer dado sobre a

natureza, o objeto ou a finalidade das diligências, na medida do possível,

observando o previsto no art. 247 do ap;

aUA REGINAODY E

14) DETERMINO, quanto aos escritórios de advocacia, que os

mandados de busca e apreensão deverão ser específicos e

pormenorizados, vedada a utilização dos documentos, das / la , dos

objetos e de instrumentos de trabalho pertencente do

advogado averiguado que não estejam envolvidos os fat v tigados,

conforme ressalvado acima e previsto nos pa /graf o artigo 7°

da Lei nO 8.906/94;

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--I

PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400

15) DETERMINO, ainda, quanto aos escritórios de advocacia, com

vistas a assegurar o previsto no art. 7°, II, da Lei nO8.906/94, que a

própria autoridade policial notifique as seccionais da OAB, a fim de

facultar a seus representantes o acompanhamento das buscas requeridas;

16) DETERMINO que todos os mandados cuja expedição ora

determino sejam entregues em envelope lacrado e sigiloso, em

mãos, ao Delegado de Polícia Federal indicado pela Divisão de

Repressão a Crimes Fazendários da Coordenação-Geral de Polícia

Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime organizado

do Departamento de Polícia Federal, que deverá se identificar e assinar

recibo;

17) DETERMINO que a autoridade policial providencie vista dos autos ao

MPF (17.1) para que possa acompanhar as medidas ora deferidas e

também (17.2) para que informe o juízo acerca das providências tomadas

para esclarecer: (17.2.1) em que circunstâncias ocorreu a visita realizada

por Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia Federal

que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial, ao investigado

FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA; (17.2.2) o fato de

ter sido encontrado, na residência do investigado ALEXANDRE PAES

DOS SANTOS, Relatório de Inteligência Policial da Polícia Federal (fls.

541/545);

a sede

que todo o

ral pelo prazo

ederal, de modo

18) Para fins de cumpnmento dos mandados de busca

DETERMINO que o espelhamento de mídias sej

da Polícia Federal e, portanto, determino qu odo

apreendido seja removido para a sede da Políci eder

material original seja mantido na posse da

recomendado pela área técnico-científica

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que se o(s) investigado(s) achar(em) convemente, autonzo que

entregue(m) mídia para que a Polícia Federal realize o espelhamento na

mídia fornecida;

19) AUTORIZO a participação de servidores da Receita Federal do Brasil e

da Q)rregedoria do Ministério da Fazenda nas equipes de buscas e

apreensões;

20) DETERMINO o afastamento do sigilo fiscal, bancário e sobre o

fluxo de comunicações e de dados em sistemas de informática e

telemática de todo o material apreendido, de maneira que a Polícia

Federal possa examinar computadores e mídias, e, se for o caso, sujeitá-

los à perícia;

21) DEFIRO parcialmente o pedido formulado pela Polícia Federal (fI. 164)

e pelo Ministério Público Federal (fI. 572) para manter o sigilo dos fatos

ora investigados até o cumprimento integral desta decisão; após a

realização de todas as medidas ora determinadas, determino o

levantamento do sigilo para que a presente investigação passe a tramitar

em regime de publicidade.

stituta da 10aVara FederallDF

/

CÉUA REGINA ODY BERNARDES, Juíza Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 31/31