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Despachos da Presidência

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Despachos da Presidência

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA

PETIÇÃO Nº 1.018 - PR (Registro nº 98.0074201-8)

563

Requerente: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná -DERlPR

Advogados: Samuel Machado de Miranda e outros

Requerida: Juíza-Relatora do Agravo de Instrumento nº 9804010582451, do TRF da 4ª Região

Interessados: Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado

do Paraná

DECISÃO

Ministérios Públicos Federal e Estadual ajuizaram, perante a Justiça Federal de Umuarama-PR, ação cautelar com pedido de liminar, objetivando a anulação de licenças de instalação de ponte sobre o rio Paraná a ligar Porto Camargo-PR a Cabureí-MS, bem como de instalação dos acessos e aterros,

ao argumento de que os atos em testilha padeceram do requisito da ampla publicidade, a par de serem omissos quanto à prestação de informações no curso do licenciamento ambiental. Investem, nessa extensão, contra o Ibama, que teria agido em desconformidade com a Resolução nº 237/97. Indeferida

a liminar e manejado agravo de instrumento (Agravo nº 058.245-1-PR), so­breveio a liminar perseguida. Contra essa medida, insurge-se o Departamen­to de Estradas de Rodagem (DER) do Estado do Paraná.

Alega, ao seu prol, que a decisão contra a qual investe causará graves e irreversíveis prejuízos ecológicos uma vez que, paralisadas as obras, já bastan­te adiantadas, e com a chegada das chuvas dos meses de janeiro, fevereiro e

março, ocasionando as cheias do rio Paraná, haverá o arrastamento de areia em direção ao canal, já pronto, o que levará ao depósito no lago do Jacaré, localizado no centro da ilha, isso sem considerar os vultosos prejuízos advindos da paralisação da obra, sujeita, e insiste, ao desperdício do que já implantado.

A decisão do eminente Juiz Federal, denegatória da liminar, a meu sen­tir, bem dilucida a questão, em juízo premonitório. É ler-se:

"Os autores alegam que as licenças de instalação concedidas são nulas, em razão de que não foi respeitado o procedimento esta­

belecido pela Resolução nº 237/97, do Conama, ficando caracteriza­

da a violação do princípio da publicidade dos atos administrativos.

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maío 1999.

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564 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Pelo que se depreende dos documentos juntados, realizado o

Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo relatório (ElA/Rima),

o lbama, atendendo requerimento do representante do Ministério

Público da comarca de Guaíra-PR, designou data para a realização

de audiências públicas.

Durante as mencionadas audiências, o representante do Mi­

nistério Público Estadual apresentou razões escritas questionando

o ElA/Rima; também foram feitos questionamentos por outras en­tidades.

Os documentos de fls. 65/72 demonstram que após a realiza­

ção das mencionadas audiências públicas, pelo órgão empreende­

dor foram prestados diversos esclarecimentos ao lbama, nos quais constam várias medidas que visam evitar ou mitigar eventuais da­

nos ao meio ambiente, tendo, inclusive, apresentado Plano de Con­

trole Ambiental.

Em princípio, na concessão do licenciamento, o lbama obe­

deceu ao procedimento prescrito pela resolução do Conselho Na­

cional do Meio Ambiente.

As referidas licenças de instalação contêm, dentre outras, as

seguintes especificações de validade:

- implantação definitiva do posto de polícia florestal próxi­

mo à obra, no prazo de 150 dias;

- construção de cerca de proteção (alambrado) em torno da

mata do Bugio, próximo à cabeceira da ponte, no município de

Vila Alta, conforme orientações técnicas aprovadas, no prazo de 30

dias;

- implantação de posto de alevinagem, que contribua para o

repovoamento do rio Paraná, no município de Vila Alta, conforme

orientações técnicas aprovadas no prazo de 150 dias; adoção de

medidas protetivas ao paredão das araras e seu entorno, com a re­

tirada das moradias existentes, indenização e relação dos morado­

res e isolamento da área através de cerca, conforme orientações

técnicas aprovadas, no prazo de 180 dias;

- implantação do centro de estudos, pesquisa e monitora­

mento ambiental, no município de lcaraíma, conforme projeto a

ser aprovado, no prazo de 150 dias;

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 565

- construção de torres de observação de incêndio no Parque

Nacional de Ilha Grande e seu entorno, no prazo de 90_ dias;

- recuperação ambiental de todas as áreas degradadas pelas

obras, até 90 dias após a conclusão das mesmas;

- recuperação ambiental de todas as áreas degradadas pelas

obras da ponte, para o que deverão ser apresentados projetos espe­

cíficos;

- confecção e colocação de placas sinalizadoras no Parque

Nacional de Ilha Grande, em todas as rodovias que lhe dão acesso;

- realização de campanhas de comunicação educativa, vi­

sando à divulgação do Parque Nacional de Ilha Grande e da APA

das ilhas e várzeas do rio Paraná e de conscientização ambiental, a serem desenvolvidas pelo Coripa, em conjunto com o lbama, com

recursos financeiros disponibilizados pelo DER para publicações;

- participação do DER, com recursos materiais humanos na

demarcação do Parque Nacional de Ilha Grande, em campo;

- aquisição de dois veículos utilitários rurais a serem doados ao lbama para uso na fiscalização do Parque Nacional de Ilha Gran­

de e em educação ambiental.

As aludidas licenças prescrevem ainda que deverão ser apre­

sentadas, detalhada mente, as medidas específicas acerca da insta­

lação e utilização de equipamentos que atendam à legislação, e quais

os que serão utilizados no monitoramento dos agentes fisicos, quí­

micos e bacteriológicos, bem como, que ao final das atividades

autorizadas, deverá ser apresentado um relatório circunstanciado

que contemple todas as atividades, conforme estabelece o projeto

executivo.

Os autores atacam as concessões das licenças; no entanto, não

se insurgem quanto às condições estabelecidas pelo lbama para a

realização da obra. Logo, em princípio, as medidas exigidas mos­

tram-se como suficientes para evitar ou mitigar possíveis danos ao

meio ambiente.

Por outro lado, os autores não indicam quais os eventuais

danos que podem resultar com a construção das pontes, limitan­

do-se a alegar vício de forma no procedimento de licenciamento.

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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566 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Diante de tais considerações, em um juízo de aparência, não vislumbro nulidade no ato de concessão das mencionadas licenças de instalação.

Quanto a eventual perigo de dano ao meio ambiente, tenho que a fiscalização pelos órgãos responsáveis, no tocante ao cumpri­mento das condições estabelecidas no ato de licenciamento, são suficientes para afastar sua ocorrência" (fls. 47/49).

Por outro lado, preocupa-me deveras a possibilidade de verdadeiro de­sastre ecológico, consoante estudos técnicos efetuados pelo DER, que assim se pronuncia:

"Durante os meses de janeiro, fevereiro e março têm ocorrido as cheias do rio Paraná. Assim foi em 1983, 1990, 1992 e por últi­mo em 1997. Nesta última, mesmo não sendo tão violenta quanto à de 1983, provocou a inundação total da ilha dos Bandeirantes bem como da margem mato-grossense .... o nível das águas sobe mais rapidamente no canal Oeste do Rio Paraná, tanto pela sua largura, bem inferior ao canal Leste, como pelo volume de água, bem superior, que os rios mato-grossenses deságuam no rio Para­ná, com relação aos rios paranaenses, a montante da obra. Conse­qüentemente, há um transbordamento das águas do canal Oeste sobre a ilha dos Bandeirantes, em direção ao canal Leste. Isto faz com que, tanto no início quanto no fim da cheia, haja uma corren­teza, de altura razoável (em 1997 foi de cerca de 1,50 metros), no sentido transversal da ilha, de oeste para leste. Essa corrente é pa­ralela ao aterro a ser construído, e se o mesmo não for devidamen­te protegido, todo o material depositado na cava, que constitui a sua base, será retirado pela força das águas, destruindo-o comple­tamente. Por esse motivo a construção das bolsacretos.

Caso haja uma paralisação, não teremos tempo hábil de pre­encher as cavas com areia nos segmentos ainda incompletos, bem como a bolsacreto não poderá ser construída, ficando o canal hoje já parcialmente preenchido com areia, completamente exposto. Desta forma, caso haja uma inundação, esta com toda certeza re­moverá a areia já depositada e mais, pela lógica tenderá a correr pelo canal, de vez que o mesmo já está pronto de margem a mar­gem da ilha. A escavação, que hoje obedece a um perfil de projeto, ficará toda prejudicada, e areia que porventura restar estará conta-

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 567

minada. Mais ainda: a lagoa do Jacaré, localizada no centro da ilha será assoreada, uma vez que sua profundidade é de mais de cinco metros. Como temos um canal já preenchido com areia desde a margem direita da ilha até a lagoa, e a correnteza será nesse senti­

do, toda a areia que estiver neste segmento será carreada e ficará depositada na lagoa, por ter essa uma profundidade maior. Conse­

qüentemente os danos ecológicos serão enormes. O restante da areia, entre a lagoa e a margem esquerda, será com toda certeza esparramado sobre a ilha pela força das águas. Com a retirada da areia, ficará o canal sendo um divisor da ilha, ligando os dois ca­

nais do rio Paraná: a ilha estará dividida em duas partes por um canal com 50 metros de largura no mínimo.

Cremos que os prejuízos causados por uma eventual paralisa­ção, do ponto de vista ecológico, serão grandes. Conforme cita­mos, com a abertura do canal no solo mole, há a possibilidade da ilha ser dividida em duas partes, um vez que as águas passarão a circular entre as duas margens da ilha.

Deve ser levado em conta o provável assoreamento da lagoa do Jacaré, local onde o aterro foi substituído por uma ponte com 130 metros exatamente para protegê-la, não interferindo com a

fauna que nela habita. Caso a areia seja conduzida para esse local,

com toda certeza a mesma ficará reduzida a no mínimo 3 metros

de lâmina d'água, mesma profundidade da cava já executada. Fica fácil analisar o impacto que isso causará na mesma. Para evitar esse

carreamento da areia para a lagoa, está projetado um dispositivo

em concreto armado, a ser construído nas cabeceiras das pontes,

chamado 'solo armado'.

Como estas estão em altura muito superior aos 8 metros dos aterros, estes evidentemente terão essas alturas junto às pontes.

Nestes locais - final da ponte sobre o canal Leste, na ilha dos

Bandeirantes; as duas cabeceiras das pontes sobre a lagoa do Jaca­

ré e sobre o canal Oeste e no início da ponte sobre o rio Amambaí­foram projetadas estruturas em concreto armado, cravadas 2 metros

na areia da fundação dos aterros, e subindo até o topo dos pilares,

para conter os aterros que nestes locais serão totalmente executa­

dos com areia dragada. Essas estruturas têm uma espessura de 15

centímetros em concreto armado, e são fixadas no corpo do aterro

por cintas metálicas. Além da contenção da areia propriamente

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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dita, não devemos nos esquecer de que o rio Paraná, na cheia, evi­

dentemente, terá seu nível bastante aumentado, e passará por esses

pontos, transformando-os em vertedouros. Caso não haja a prote­

ção, o aterro será totalmente destruído.

Aliado a isso, as medidas mitigadoras propostas pelo DER­

PR deverão ser executadas à medida que os serviços forem avan­

çando, ou seja, a construção de caixas de contenção só é possível

após os bueiros estarem prontos; o plantio de gramíneas e a execu­

ção de canaletas e descidas d'água após o término dos aterros; a

proteção da crista dos cortes com vegetação quando estes estive­

rem na altura definitiva.

Da mesma forma, a caixa de empréstimo CE-1, que após ex­ploração será transformada em um centro de alevinagem, necessita

ser escavada para ter a conformação estabelecida em projeto espe­

cífico. ° material proveniente desta escavação será conduzido para

o corpo do aterro.

Ressaltamos que os trabalhos vêm sendo desenvolvidos a rit­

mo acelerado, prevendo-se uma provável cheia no início do próxi­

mo ano. Nesta época (de meados de janeiro em diante) todo aterro

localizado dentro da ilha dos Bandeirantes, bem como na margem

mato-grossense, até o início da ponte sobre o rio Amambaí, deverá

estar pronto até a altura da bolsacreto, para que não seja destruído

pelas águas" (fls. 14/16).

Nesse contexto, por se me afigurarem presentes os pressupostos da Lei nº

8.437/92, defiro o pedido.

Intimem-se com urgência.

Brasília-DF, 26 de outubro de 1998.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 26.04.99.

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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Requerente:

Procurador:

Requerido:

Interessado:

Advogado:

DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA

PETIÇÃO Nº 1.053 - RJ (Registro nº 98.0099653-2)

União Federal

Amaury José de Aquino Carvalho

569

Juiz Federal Relator do Agravo de Instrumento nº 982487007, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região

Murilo Antônio de Freitas Coutinho

Murilo Antônio de Freitas Coutinho

DECISÃO

Em ação popular ajuizada por Murilo Antônio de Freitas Coutinho, ob­jetivando liminarmente a suspensão da eficácia do Decreto Legislativo ilº 7, de 1995, e, no mérito, a declaração de nulidade dos atos que determinarem

pagamento de vantagens pecuniárias superiores ao teto fixado constitucional­mente aos parlamentares e aos servidores do Legislativo Federal, foi deferida a medida liminar pelo MM. Juízo da Vigésima Oitava Vara Federal do Rio de

Janeiro e confirmada pelo egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

A causa petendi da ação tem como suporte fático a notícia veiculada

pela imprensa escrita (O Globo, de 23 de outubro de 1998), de que a Presi­

dência do Senado Federal e a da Câmara dos Deputados pagariam aos parla­mentares ajuda de custo por futura convocação extraordinária, atingindo o montante de R$ 56.000,00 (cinqüenta e seis mil reais) por parlamentar, razão

pela qual se requereu a concessão da liminar para suspender a eficácia do

Decreto Legislativo nº 7/95, de molde a resguardar o patrimônio público da

malsinada convocação.

Convém anotar, desde logo, que o fundamento jurídico do pleito (fls.

14/18) tem lastro na alegada violação do artigo 37, inciso XI, da Carta Políti­ca, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, promulgada

em 4 de julho do corrente ano, tendo em vista a expressa vedação imposta ao

pagamento de proventos de qualquer natureza a servidor público que ultra­

passem o subsídio pago a membro do Supremo Tribunal Federal.

A despeito de a ora requerente asseverar a competência desta Corte pelo

maltrato do Decreto Legislativo nº 7, de 1995, em verdade a peça exordial

exibe um contencioso nitidamente constitucional. De fato, o decreto legislativo

está no cerne da controvérsia, mas contestado em face do texto constitucio-

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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570 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

nal, conforme se colhe da r. decisão que se vê por cópia às fls. 21122, fundada exclusivamente no § 4º do art. 39 da CFI88 e na nova redação determinada pela Emenda Constitucional nº 19.

Nessa moldura, falece competência a esta Presidência para exame do mérito, a teor do art. 25 da Lei nº 8.038/90, ao tempo em que convoca a do eminente Ministro Presidente do excelso Pretório.

Tendo em vista a urgência e a alta relevância do tema (a envolver o funcionamento do Congresso Nacional em convocação extraordinária), de­termino a imediata remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal, inde­pendentemente de publicação.

Intimem-se.

Brasília-DF, 24 de dezembro de 1998.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

PETIÇÃO Nº 1.084 - AL (Registro nº 99.0026720-6)

Requerentes: Municípios de Arapiraca, Penedo, Pão de Açúcar, Maragogi e Quebrângulo

Advogado: José Ventura Filho

Requerido: Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas

Interessado: Município de Maceió

Advogados: Ivan Craveiro Barros e outros

DECISÃO

° município de Maceió ajuizou ação cautelar em face do Estado de Alagoas, sustentando haver sofrido graves prejuízos com as edições das Por­tarias n~ 395/97 e 372/98, baixadas pela Secretaria de Estado da Fazenda, as quais teriam reduzido os índices percentuais de participação do município na arrecadação do ICMS.

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 571

Denegada a liminar no 1 Q grau de jurisdição, agravou o autor, e o emi­

nente Desembargador Presidente, atuando durante as férias coletivas do Tri­

bunal de Alagoas, deferiu a liminar, autorizando o repasse anterior à Portaria n Q 372/98.

Diante disso, os ora requerentes ajuizaram o presente feito, postulando

a suspensão da eficácia daquela decisão ao fundamento de grave lesão das suas economias diante da redução que passaram a sofrer com o novo sistema de repartição de índices.

Impende registrar que a distribuição, entre os municípios, dos índices

percentuais para recebimento da cota incidente sobre a arrecadação de tribu­tos obedece a urna complicada engenharia político-econômica. Toda altera­ção produzida nesse sistema desagrada uns na mesma medida em que benefi­cia outros.

A experiência desta Presidência no trato com questões desse jaez tem

demonstrado a dificuldade de, no âmbito da sumario cognitio do pedido de suspensão da eficácia de decisão, intrometer-se no sistema de atribuição de

percentuais.

O que se verifica é que a intromissão, sem integral conhecimento dos detalhes e meandros da controvérsia, tem-se afigurado tumultuária. Vale di­zer, a atribuição unilateral de um índice percentual (para atender ao pedido do eventual requerente) provoca, necessariamente, a diminuição no percen­

tual de outro (ou vários outros), gerando um emaranhado jogo de perdas e ganhos que somente contribui para o descrédito da Justiça.

Ora, o presente feito não se presta ao exame da questão de fundo -

condictio sine qua non de eficaz atuação, na espécie. Assim sendo, a pru­

dência recomenda deixar que o tema mereça apreciação abrangente em seu leito natural: as instâncias ordinárias.

Posto isso, indefiro o pedido.

Intimem-se.

Brasília-DF, 16 de abril de 1999.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 29.04.99.

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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572 REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NQ 726 - PR (Registro n Q 99.0012474-0)

Requerente: Município de Curitiba

Advogados: Majoly Aline dos Anjos Hardy e outros

Requerido: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná

Impetrante: Jamil Adão Ferreira Maier

Advogado: Antônio de Souza Netto

DECISÃO

Vistos, etc.

Jamil Adão Ferreira Maier contribuiu por 24 (vinte e quatro) anos para a Previdência Social. Após ingressar no serviço público, Prefeitura Municipal de Curitiba, continuou a contribuição previdenciária até perfazer os trinta anos de serviço, momento em que requereu sua aposentadoria proporcional com proventos integrais.

O município de Curitiba indeferiu o pedido ao entendimento de que o servidor contribuiu por 24 anos para o INSS e, apenas por 6 anos, para a Previdência Municipal, razão pela qual, a teor da Lei Municipal n Q 6.823/86, impunha-se permanecer o servidor trabalhando pelo tempo mínimo de dez anos para fazer jus à aposentação.

Sentindo-se malferido pelo ato denegatório que reputou abusivo e ilegal ao exercício de seu direito, ingressou o servidor com ação mandamental, com pedido de liminar.

O MM. Juiz monocrático indeferiu a liminar. No mérito, deu por proce­dente o pedido, decisão esta mantida pelo órgão ad quem. Aviados recursos

especial e extraordinário, os juízos de admissibilidade lhes negaram segui­mento; interpostos, então, os competentes agravos, restantes pendentes de julgamento.

Baixando os autos à origem para cumprimento do acórdão, vem o muni­cípio de Curitiba a este Superior Tribunal, com fulcro no que dispõe a Lei n Q

8.038/90, requerer a suspensão de eficácia da execução.

Alude, para tanto, que, acaso a execução não seja suspensa, advirão para o município prejuízos em ordem a afetar-lhe a economia.

Aduz, ainda, ser necessária a compensação entre os regimes previden­ciários, dependentes de regulamentação por isso que impossível cumprir o

RSTJ, Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA 573

acórdão vergastado, tanto mais quando pende de recurso o agravo interposto para subida dos recursos extraordinários.

Refere, a seu prol, a Medida Provisória n Q 1. 798-1, de 11.02.99, na qual se retira do poder público sujeição à decisão judicial passível de recurso, em casos a envolverem servidor público.

A questão posta não se me afigura enquadrar-se na moldura legal. Real­mente, o preceito normativo (art. 25 da Lei n Q 8.038/90) confere ao Presiden­

te do Superior Tribunal de Justiça, em matéria de sua competência, vale di­zer, aquela cuja causa petendi não repousa em matéria constitucional, o

poder-dever de suspender decisão proferida, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Dis­trito Federal, dês que da decisão vergastada advenha potencialidade de gra­vame a um dos valores protegidos pela norma. No caso, não vejo como a

aposentação de um servidor venha a tocar a economia municipal, dada a sin­gularidade da pretensão. Por outro lado, é ver que a suspensão de segurança, medida drástica, porquanto confere a um juízo monocrático o poder de es­tancar a eficácia de decisão proferida por órgão colegiado, não pode ser avia­da como sucedâneo recursal, pena de estropiar-se toda a estrutura processual que prevê recursos próprios para correção de eventuais error in judicando. Em síntese, bastante à concessão da suspensão de segurança é que o fato

narrado se subsuma ao tipo normativo. Não restando, pois, demonstrado que a questão em testilha traga carga lesiva à economia municipal, afeiçoando-a à norma, o pedido se desmerece.

Posto isso, indefiro o pedido.

Intimem-se.

Brasília-DF, 8 de março de 1999.

Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.

Publicado no DJ de 11.03.99.

RST], Brasília, a. 11, (117): 561-573, maio 1999.

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