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Revista Ensaios & Diálogos – Nº7 – janeiro/dezembro de 2014 58
Onde está a credibilidade das agências de rating?
Gabriel Ribeiro1
Prof. Esp. Emerson do Carmo Martins Mina2
Resumo
As agências de rating entraram no foco das discussões após a Crise de 2008. Elas foram acusadas por serem uma das maiores responsáveis pela bancarrota financeira após muitos fundos de investimento que quebraram, devido à baixa qualidade e altos riscos oferecidos por seus ativos, terem sido avaliados por elas com as mais altas notas de confiança, o que levou milhares de investidores a uma armadilha financeira. Este projeto busca destrinchar, de forma sucinta, por meio da análise de Documentação Indireta, os mecanismos que fazem essas agências funcionarem, como elas nasceram, a maneira como trabalham e o envolvimento delas com os desastres financeiros que abalaram empresas e países. Os resultados desta pesquisa concluem que essas agências são muito importantes para deixarem de existir, mas que as décadas de liberdade e falta de regulamentação as tornaram poderosas demais e inconsequentes a ponto de ditarem altas quedas e não se responsabilizarem por isso. Palavras-chave: Agências de Rating – Classificação de Risco – Crise do subprime – Crédito – Crise Imobiliária 1 Introdução
As agências de rating são, hoje, um tipo de companhias mais influentes no mundo, tendo sobre si
a confiança de milhões de pessoas envolvidas direta e indiretamente com o mercado financeiro. Até por
isso, seu número é restrito a poucos concorrentes, pois a credibilidade leva anos para ser conquistada.
Baseadas nessa confiança, elas cresceram absurdamente e se tornaram indispensáveis para
auxiliar os investidores nas assimetrias de informações disponibilizadas por aqueles que vendem produtos
de investimentos, além de serem grandes auxiliadoras no controle de qualidade desses produtos
emitidos.
As três principais e mais antigas companhias de classificação de risco são a Standard & Poor’s, a
Moody’s e a Fitch. Sobre elas, está concentrado o maior número de ratings produzidos e, também, o
maior número de problemas já ocorridos.
Neste artigo, para esclarecer, da melhor forma possível, o que são essas empresas e qual o seu
papel nos problemas gerados pela crise financeira de 2008, que perduram até hoje, é preciso entrar,
ainda que de forma sucinta, nas engrenagens que movem essas gigantes e poderosas empresas.
Para melhor embasamento das conclusões aqui mostradas, discorreremos sobre o nascimento
dessas agências; a forma como trabalham; as causas de suas maiores críticas; e as soluções para os
inconvenientes causados por elas, formulando, assim, um pensamento crítico sobre o trabalho
desempenhado por essas empresas fundamentais, mas carentes de algum tipo de regulação.
2 História
Segundo Rudden (2005), a história das agências de classificação de riscos de crédito começou na
metade do século XIX, mais especificamente a partir de 1850, nos Estados Unidos.
1 Aluno do curso de Tecnologia em Gestão Financeira – Claretiano Faculdade – Rio Claro 2 Professor Claretiano Faculdade – Rio Claro
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Naquela época, o país estava em constante expansão com a conquista dos novos territórios
partindo do leste para o “oeste selvagem”. E, com essa expansão, as empresas também cresciam e
necessitavam escoar sua produção através de um transporte rápido e eficiente, no caso, os trens.
Sendo assim, inspirados no nascimento das ferrovias na Inglaterra, os EUA sofreram um boom
desse tipo de transporte a partir de 1850, com as empresas levando os trilhos até as regiões mais
longínquas, a oeste.
Entretanto, essas empresas, até então, dependiam, exclusivamente, do empréstimo dos bancos
ou de investidores, e isso se tornou um problema, pois os valores e os riscos tornaram-se altos demais.
Dessa forma, baseados no mercado de títulos de dívida soberana, ou, mesmo, de dívida corporativa de
empresas europeias – que já existiam há, pelo menos, três séculos –, os Estados Unidos criaram um
enorme mercado de títulos de dívidas para financiar a expansão ferroviária. Com o passar dos anos, e
após 1900, esse mercado de títulos ficou tão robusto que já ultrapassava os mercados nos quais havia se
inspirado.
Assim, uma gama diversa de investidores europeus começou a comprar esses títulos de dívidas
corporativas. Mas, como eles não conheciam muito bem as empresas nas quais investiam – lembrando
que, naquela época, as informações corriam muito mais lentas e o tempo de viagem entre os continentes
era muito maior −, começaram a exigir outros meios de obter informação, e não mais pelos meios
tradicionais – através de relações familiares, de negócios ou bancárias.
Os investidores desejavam uma análise “fria”, independente de interesses e que fosse realizada
por pessoas competentes e que pudessem oferecer informações seguras sobre essas empresas.
Dessa maneira, o editor do American Railroad Journal, Henry Varnum Poor, observando a
necessidade que ali se instalava, escreveu, em 1860, o primeiro livro denominado History of the
Railroads and Canals of the United States, no qual o autor tentou compilar, pela primeira vez, o máximo
de informações sobre as companhias ferroviárias americanas. A publicação fez tanto sucesso que Henry,
em 1868, após a Guerra Civil Americana, abriu, junto com seu filho Henry William Poor, a empresa H.V.
and H.W. Poor Co., na qual começaram a publicar, todos os anos, o Manual of the Railroads of the United
States, o sucessor do primeiro livro e que possuía informações atualizadas sobre as companhias
ferroviárias, com balanços e outras informações importantes. Esses livros tornaram-se a principal fonte
dos investidores por décadas, sendo os precursores das atuais avaliações de crédito (STANDARD &
POOR’S, 2013).
Então, em 1909, o analista financeiro John Moody levou a publicação de informações um pouco
mais longe e criou o primeiro rating de crédito, atribuindo letras de acordo com o nível de risco de um
título de dívida corporativa emitido pelas empresas ferroviárias. A empresa de Poor seguiu o exemplo em
1922 e, anos depois, em 1941, se uniu à Standard Statistics, uma empresa de consolidação e
classificação de risco de crédito, formando a Standard & Poor’s (BRAGA, 2008; MOODY’S, 2013).
Já em 1913, quem começa a publicar as informações financeiras é a Fitch Publishing Company,
que, em 1924, introduz a conhecida classificação de risco “AAA” a “D” (RUDDEN, 2005).
A partir de então, com a expansão das emissões de títulos de dívida locais e estaduais, de
prestadoras de serviços públicos e de indústrias, as três agências tornaram-se muito conhecidas,
principalmente por causa de sua confiabilidade, integridade e independência. E, com a crise financeira de
1929, a demanda por avaliações de crédito aumentou ainda mais, com os investidores preocupados com
as altas taxas de inadimplência das obrigações e do risco de crédito. No fim da década de 1920, a grande
maioria das emissões de títulos de dívida era classificada por alguma agência de rating (RUDDEN, 2005;
BRAGA, 2008).
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Mas foi em 1931 que essas companhias realmente se tornam oficiais, quando o Departamento do
Tesouro dos EUA instituiu os ratings de crédito como normas para alguns tipos de investimentos, de tal
forma que fundos de pensão, por exemplo, não poderiam investir em títulos abaixo de um risco mínimo
(BRAGA, 2008).
O próximo boom da indústria de classificação de risco é atribuído a uma nova recessão, dessa
vez, em 1970, quando a moratória no valor de US$ 82 milhões das notas promissórias da companhia
Penn Central Railroad ocorreu. Isso aumentou ainda mais a demanda e criou o modelo utilizado
atualmente, em que as agências cobram dos emissores dos títulos para avaliá-los.
Em 1972, ocorre, no Canadá, a primeira expansão das agências de classificação de risco fora do
terreno americano, com o nascimento da The Canadian Bond Rating Service e da Dominion Bond Rating
Service. Já em 1975, nasce a Mikuni & Co. no Japão, seguida por outras duas em 1979 e 1985. Na
Inglaterra, nasce a International Bank Credit Analysis em 1979, juntando-se à Fitch em 1997 e formando
a Fitch/IBCA (BRAGA, 2008).
Na década de 1980, a procura segue em expansão por causa do crescimento do mercado de
derivativos, com o surgimento de negociações secundárias dos títulos de dívida pública de países
lançados nos mercados internacionais e o crescimento do mercado de junk bonds – obrigações
especulativas que apresentam elevada probabilidade de incumprimento, apresentando, por isso, um
elevado risco (BRAGA,2008).
2 Metodologia de classificação das agências
O rating nada mais é do que uma opinião a respeito da capacidade que um devedor – seja este
uma empresa privada ou pública ou, mesmo, um país – tem para honrar com seus compromissos
financeiros, efetuando pagamentos e amortizações nas datas preestabelecidas. Sendo assim, torna-se
uma medida relativa de risco de crédito. De acordo com Sales (2006):
Rating não deve ser entendido como uma medida de volatilidade de preços ou medidas de valor relativo, e sim de risco relativo. Não é uma medida de potencial de valorização de ativos ou outros riscos relacionados a investimentos em renda fixa que não à perda esperada em função da inadimplência do emissor. Em outras palavras, utilizando-se a classificação de rating, torna-se possível determinar, através de fatores qualitativos e quantitativos, a previsibilidade e estabilidade da geração de caixa futura do emissor, bem como o nível de risco relativo associado ao não recebimento pontual.
De acordo com Hansen (2005), todas as agências são unânimes em alertar que os ratings não
são uma sugestão de investimento e que os problemas de default podem ocorrer com empresas com
qualquer classificação.
Ou seja, a lógica por trás da existência das agências de classificação de risco está no fato de que
elas resolvem o problema de assimetria de informações entre credores e devedores no que se refere à
credibilidade dos últimos, tendo em vista que tais informações colaboram com as tomadas de decisões de
todos os agentes do sistema financeiro ao permitir que todos tenham acesso à avaliação da saúde
financeira e dos riscos que o devedor oferece (BRAGA, 2008).
2.1 As agências
As agências de classificação de risco de crédito cresceram ao responder uma questão um tanto
complexa no mercado: como um emprestador avalia o crédito de um tomador de empréstimo e como
continua mantendo-se informado quanto a isso durante o período do contrato? Empresas especializadas
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nesse tipo de negócio, tais como bancos e seguradoras, poderiam, se quisessem, colher as informações
necessárias para si.
Porém, aplicadores “não especialistas” não possuem os meios para tal, e, até mesmo,
especialistas que se aventuram em novos investimentos têm dificuldades para driblar as assimetrias de
informação do mercado. Assim, aparecem as agências com o objetivo único de produzir informação de
qualidade sobre inúmeros tipos de investimentos e de divulgá-los para o público em geral (VELAZQUEZ,
2011).
Com dados de 2012, as três principais agências de rating (Standard & Poor’s, Moody’s Investor
Service e Fitch Ratings) dominam 95% do mercado mundial de classificação. Essas empresas são
privadas e processam avaliações de crédito de outras empresas e países a um custo acessível aos
agentes econômicos.
Elas, por meio de uma padronização de avaliação, permitem ao investidor realizar uma
comparação entre as diversas oportunidades de investimentos, facilitando a análise do aplicador quanto à
precificação dos ativos e estimativa de taxas de retornos.
A partir daí, conforme explica Braga (2008), o investidor estabelece o rendimento esperado dos
títulos em sua carteira de ativos de acordo com o prêmio de risco demandado que compense o
investimento mais arriscado. Assim, os emissores com menor risco de crédito (com melhor classificação)
pagam menor prêmio do que emissores com pior classificação. Dessa forma, o rating torna-se, sim, uma
ferramenta para estabelecimento de preços e remunerações, contradizendo a citação de Sales (2006)
que diz que o rating não deve ser entendido como uma medida de volatilidade de preços ou medidas de
valor relativo.
De acordo com Medina (2012), os ratings apresentam vantagens diferentes para o emissor,
investidor e para o mercado:
Para o emissor:
Menor prêmio pelo risco oferecido, ou seja, quanto menor o risco, menor o valor a pagar
para o investidor;
Acesso mais fácil a novos mercados (existe uma maior aceitação pelos investidores ao
verem um emissor classificado);
Maior liquidez de seus papéis e possível redução do custo de capital;
Maior facilidade de crédito;
Melhorias estratégicas e política de gestão (as entidades preocupam-se mais em dar bons
resultados).
Para o investidor:
Maior facilidade na comparação de notas, devido à padronização das escalas;
Informações mais simétricas e que podem ser comparadas entre empresas, setores e
países;
Aplicação mais racional dos recursos: risco real vs risco percebido;
Maior segurança para aplicar em outros setores e empresas menos conhecidos.
Para o mercado:
Maior transparência;
Maior confiabilidade;
Melhor certificação de qualidade;
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Progresso e internacionalização: CreditMetrics¹, opções de risco de crédito, valores
mobiliários condicionados por eventos de crédito (credit-linked notes²).
2.2 A metodologia
Para que se possa entender como as agências de classificação de risco de crédito dão as notas
aos emissores, é importante que se entenda como ocorre o processo de rating, que, além de ser
complicado e, muitas vezes, subjetivo, ainda possui particularidades nos métodos de cada agência.
Ou seja, as agências de rating possuem métodos diferenciados para julgar cada critério, e isso
dificulta, ainda mais, a comparação entre elas. Entretanto, de forma a encontrar um ponto de
convergência, aqui se faz uma comparação entre as três principais agências de classificação do mercado
– Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s.
Segundo Lanari & Júnios (2000), o Acordo de Basileia definiu que, para o processo de gestão do
risco de crédito tornar-se eficiente, deveria aderir vários critérios para possibilitar o maior conhecimento
possível sobre o tomador de crédito, mantendo-se o foco na capacidade de pagamento deste. Para isso, a
análise deve incluir, no mínimo, a documentação e análise dos seguintes fatores:
O propósito do crédito e a fonte de recursos para o seu pagamento;
A integridade e reputação do tomador do crédito;
O risco imediato do tomador do crédito e sua sensibilidade aos desenvolvimentos
mercadológicos e econômicos;
O histórico de pagamentos de créditos e sua capacidade imediata de pagamento,
baseadas em tendências financeiras históricas e projeções de fluxo de caixa;
Análise da capacidade de pagamento futura baseada em diversos cenários;
A capacidade legal do tomador assumir a dívida;
Para créditos comerciais, o expertise do tomador no mercado, o panorama do seu setor
de atuação e sua participação nesse setor;
As condições e prazos do crédito, incluindo compromissos firmados para limitar o risco
futuro do tomador;
Quando for o caso, a adequação e garantia de acesso a ativos colaterais³ ou garantias,
incluídos a partir da análise de vários cenários.
Dessa forma, de acordo com a LF Rating (2013) e com a Credit Rating Agency (2013), o processo
de classificação começa com o pedido formal da instituição emissora para ela mesma ou para uma
obrigação específica emitida por ela, que, logo após, é firmado com a assinatura do contrato para a
implementação do processo de classificação.
Após isso, o cliente recebe um formulário em que há questões e exigências de documentos
necessários para se obter o máximo de informações possível. Entre essas informações, constam o Plano
de Negócios; Planejamento Estratégico; Demonstrativos Financeiros Consolidados; Projeções e
Orçamentos; Planos de Investimentos; Posicionamento no Mercado; e Capacidade Financeira dos Sócios.
Todas essas informações são de cunho confidencial e de reponsabilidade da agência classificadora.
A partir daí, uma equipe de analistas é selecionada – um profissional principal e os demais de
suporte −, sendo que os analistas escolhidos devem possuir um grau de especialização no segmento de
atuação da contratante para que estes possam discutir, de forma mais aprofundada, sobre os riscos
inerentes (AUSTIN, 2013).
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Na próxima etapa do processo, a equipe analisa a documentação enviada e visita o local onde a
empresa está situada, visando o conhecimento da companhia e dos negócios por meio de reuniões com
os administradores de primeiro escalão. Tais reuniões se fazem importantes para a averiguação das
informações recebidas em detrimento dos documentos enviados pela emissora.
Após essa fase, os analistas elaboram um documento final, levando em conta diversas análises:
Análise Qualitativa: em que se estuda o sistema de gestão da emissora, os planos
financeiros e de desenvolvimento, junto com a análise SWOT;
Análise Quantitativa: os analistas estudam os coeficientes das contas, que determinam a
atividade financeira e sua situação, por meio de métodos convencionais (analisando
fatores internos e externos) e especiais para determinar a posição financeira e as
tendências do emissor;
Análise Jurídica: estuda-se toda a atividade econômica e financeira para verificar a
conformidade com a legislação do país receptor. Além disso, a análise inclui o estudo da
gestão, trabalho, relações de negócios e campos legais de cooperação entre a matriz e
suas filiais.
Finalizada essa etapa, ocorre o Comitê de Rating, em que o analista principal, junto com outros
responsáveis pela classificação – mas que não estão envolvidos com o processo, para que não haja
conflitos de interesse –, discutem todas as análises, dando notas para cada área de acordo com suas
próprias metodologias. Neste momento, vale frisar o que a LF Rating (2013) deixa claro:
[...] as várias notas e conceitos que são formados ao longo da análise serão a matéria-prima para a obtenção do rating final. Não há uma fórmula pré-determinada que transforme um em outro, ou seja, não há um programa computacional que consiga gerar um rating. Rating é uma opinião, formada por aspectos subjetivos e objetivos, que se juntam em proporções diferentes em cada caso analisado.
Neste momento, o relatório final é formado com a nota definitiva da companhia emissora e é
entregue em reunião com a administração, para que sejam esclarecidos todos os motivos daquela nota
em especial. Caso a emissora não concorde com o rating, deve enviar documentos relevantes para que
se possa fazer uma nova análise. A partir daí o mesmo processo ocorre, só que sem o direito da emissora
reclamar a nota obtida.
Ao final, a agência dá o direito da contratante divulgar ou não o rating recebido. Uma vez
autorizado, a classificadora disponibiliza a nota final em seu site e, simultaneamente, notifica a imprensa
especializada, permitindo a venda dos produtos somente após a divulgação oficial.
Todo o processo de rating dura em torno de 30 dias, variando conforme a agência e o caso
analisado. Além disso, a forma como todo o processo é feito também pode mudar de acordo com a
metodologia adotada pela classificadora.
Enfim, quando todo o processo termina, ocorre o acompanhamento por parte das agências por
um prazo determinado em contrato. Durante esse período, ocorrem reuniões periódicas para coleta de
dados e averiguação de quaisquer mudanças no cenário externo, como também da emissora, tendo esta,
se necessário, sua nota revisada tanto para baixo quanto para cima.
No quadro abaixo, há um exemplo de cronograma para avaliação de rating, neste caso, produzido
pela Austin Rating, lembrando-se que cada um tem suas próprias especificidades.
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Figura 1 – Cronograma de Elaboração de Rating (AUSTIN, 2013).
2.3 As classificações
As diferentes classificações de risco feitas pelas três maiores agências de rating dividem-se em
dois grupos principais: o primeiro grupo é formado por aqueles emissores que possuem o chamado grau
de investimento (ou investment grade) – emissores com baixo risco de crédito e menos chances de
moratória –, e o segundo grupo é formado por emissores que possuem notas em grau especulativo (ou
non investment grades) – emissores com maior risco de crédito. Nesses dois grupos, há procura por
investimentos, sendo que, em cada caso, o perfil dos investidores é diferente. No primeiro, a maior
procura provém dos grandes investidores institucionais, pois oferecem baixo risco de calote. Já o segundo
é procurado por fundos de hedge4, pois o risco oferecido traz maiores retornos (BITTENCOURT, 2008).
Além disso, os ratings são divididos em mais dois grupos: curto e longo prazos. Os de curto prazo
refletem a opinião das agências sobre o pagamento de um emissor no prazo de 12 meses, podendo esses
papéis serem commercial papers, depósitos bancários etc. Já os de longo prazo informam ao investidor a
capacidade de pagamento em um prazo de mais de 12 meses, como é o caso das emissões de
debêntures, internacionais e outras obrigações de renda fixa de longo prazo. As escalas de rating foram
criadas primeiro por John Moody, no início do século XX, porém, a escala de triplo ‘A’ somente foi inserida
em 1924, por John Knowles Fitch, e foi adotada, logo após, pela Standard & Poor’s devido à fácil
memorização.
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Dessa forma, as três maiores agências apresentam dois tipos de classificação que são correspondentes:
Figura 2 – Classificação das agências de risco (G1; FITCH; MOODY’S; S&P, 2013).
Especificando ainda mais as classificações, segue um quadro com as notas de longo prazo, sendo
que cada uma representa um risco:
Categoria Definição
AAA/Aaa O rating mais alto atribuído pelas agências. A capacidade do devedor para honrar seus compromissosfinanceiros relativos à obrigação é extremamente forte.
AA/Aa Uma obrigação avaliada com esta nota difere apenas l igeiramente das obrigações com o rating mais alto. Acapacidade do devedor para honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação é muito forte.
A/AEssa nota sugere um emissor mais suscetível aos efeitos adversos de mudanças nas circunstâncias e nascondições econômicas do que as obrigações nas categorias mais altas. No entanto, a capacidade do devedor parahonrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação ainda é forte.
BBB/BaaExibe parâmetros de proteção adequados, no entanto, condições econômicas adversas ou mudanças nascircuntâncias são mais prováveis de levar a um enfraquecimento na capacidade do devedor para honrar seuscompromissos, possuindo certas características de grau especulativo.
BB/Ba
Com um risco de crédito substancial, entretanto menos vulnerável ao não pagamento do que outras emissõesespeculativas. O emissor com essa nota possui grandes incertezas no momento ou exposição a condiçõesadversas de negócios, financeiras ou econômicas que poderiam levar o mesmo a uma capacidade inadequadapara honrar seus compromissos financeiros.
B/BNota considerada especulativa e há um direcionamento para um alto risco de crédito, em que condições adversasdo mercado prejudicariam a capacidade ou a disposição do devedor para pagar suas dívidas. Porém, o emissorainda possui capacidade para honrá-las.
CCC/CaaIndica um emissor altamente vulnerável ao não pagamento e dependente de condições favoráveis de negócios,financeiras e econômicas para honrar seus compromissos financeiros. No caso de condições adversas, o devedorprovavelmente não terá a capacidade para honrar seus compromissos financeiros.
CC/Ca Esse rating indica uma obrigação altamente especulativa muito próxima de default 5 , contudo, com algumapropensão de recuperação de capital e juros.
C/C
Obrigações altamente vulneráveis ao não pagamento, ou com pagamentos atrasados em conformidade com ostermos dos documentos ou obrigações de um emissor que é objeto de uma ação de falência ou ação similar e quenão entrou em default no pagamento. Entre outras, o rating 'C' pode ser atribuído a dívidas subordinadas, a açõespreferenciais ou a outras obrigações em que os pagamentos de caixa tenham sido suspensos de acordo com ostermos do instrumento ou quando as ações preferenciais são objeto de uma proposta de adiamento sob condições desfavoráveis (distressed exchange offer 6 ) ao investidor, em que algumas ou toda a emissão, ou é recomprada porum montante de caixa ou substituída por outros instrumentos tendo um valor inferior ao par.
D Uma obrigação aval iada como 'D' está em default no pagamento.
Ratings de Crédito de Emissão de Longo Prazo
Figura 3 – Classificação dos ratings (Standard & Poor’s, 2013; Moody’s, 2009).
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Como vimos, as agências de rating possuem notas diferentes para suas classificações, porém, os
graus das notas e risco são muito parecidos entre elas, o que facilita a comparação e ajuda o investidor a
analisar diferentes tipos de investimentos, mesmo que estes tenham sido avaliados por classificadoras
distintas.
No próximo tópico, será realizada uma análise sobre os principais acontecimentos que abalaram a
base de apoio das agências de classificação: sua reputação.
3 Onde está a credibilidade das agências de rating?
Como foi visto nos tópicos anteriores, as agências de classificação de risco possuem um papel
fundamental no mercado financeiro, auxiliando na redução de assimetrias de informações entre credores
e devedores. Porém, o histórico de constantes equívocos causados por elas – o que levou a incontáveis
perdas para os investidores –, além de suas insistentes omissões em todos os casos, coloca em “xeque”
o trabalho realizado por essas AR’s.
Um dos casos mais famosos, e que gerou muitas críticas, foi a da Enron, em 2001. Na época, a
empresa de energia era considerada a sétima maior empresa dos Estados Unidos, e suas ações bateram
o recorde naquele ano, sendo classificada com a maior nota pelas agências de risco. Entretanto, a
empresa possuía uma série de fraudes contábeis e uma dívida gigantesca. O maior problema foi que a
Standard & Poor’s e a Moody’s somente rebaixaram a nota da companhia na véspera de sua concordata.
Além desse caso, houve a crise do Sudeste Asiático em 1997, em que as AR’s foram pegas de
surpresa quando a crise estourou. Pouco antes da desvalorização do baht tailandês, que deu início ao
colapso, as agências tinham confirmado as classificações favoráveis que atribuíam às economias da
região, ignorando a deterioração de seus fundamentos macroeconômicos (FARHI & CINTRA, 2002).
Em solo nacional, o exemplo é o Banco Santos, o qual permanecia avaliado com nota “A” pela
Austin Rating até um dia após sua intervenção pelo Banco Central, quando, então, passou a ser cotado
em “CCC” (baixa solidez financeira).
Mas o maior caso de todos, que repercute até hoje e cujos efeitos ainda se sentem, é o da crise
do subprime, desencadeada em 2006. A seguir, uma análise mais completa do que realmente aconteceu
e o papel dessas classificadoras no episódio.
4 A crise do subprime De acordo com Velazquez (2011), após a queda das Torres Gêmeas, em 2001, os Estados Unidos
passaram por momentos nada agradáveis, com um clima absoluto de pessimismo. Contudo, para
incentivar o consumo e a produção, o Governo americano, naquela época, voltou a baixar os juros, que
já estavam em declínio desde os anos 80, além de promover medidas de estímulo. Tal ocorrência trouxe
ânimo ao mercado, e começou a haver um aumento de renda das famílias.
Sendo assim, em busca de melhores condições de vida, essas famílias americanas deram início a
um crescente empréstimo via hipotecas, mas, até então, os bancos somente permitiam o empréstimo
aos bons pagadores, os chamados títulos prime.
Entretanto, com a crescente procura e a constante queda dos juros, a qualidade média das
hipotecas também começou a cair, sendo, então, criadas as subprime, por meio das quais os bancos
permitiam que indivíduos com maior chance de calote pudessem contraí-las. Obviamente que, para valer
o risco, o retorno também deveria ser atraente. Dessa maneira, os juros altos eram uma marca
registrada desses títulos. As famílias americanas de baixa renda e com menos garantias eram orientadas
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a adquirir empréstimos mais onerosos com a oportunidade de poder financiar 100% do imóvel. Para que
elas fossem atraídas para essas dívidas, criou-se uma modalidade de hipoteca chamada de Adjustable
Rate Mortgages (ARMs), que, nos primeiros dois ou três anos, oferecia a possibilidade de taxas menores
para, só então, haver o ajuste. Com os preços dos imóveis subindo vertiginosamente – cerca de 15% ao
ano –, tornava-se uma proposta atraente.
A procura foi tamanha que o valor negociado via empréstimos quase dobrou de um ano para
outro. Em 2002, o valor alcançava a cifra de US$ 2.8 trilhões, mas, em 2003, ele já chegava aos US$ 4
trilhões.
Tal acontecimento se espalhou por todo os Estados Unidos e fez com que a qualidade dos
empréstimos caíssem ainda mais, agora, com a entrada de maus pagadores e de especuladores
interessados somente em comprar imóveis para, posteriormente, revendê-los com lucro, criando um ciclo
vicioso, promovido, até mesmo, pelo próprio Governo.
Mas esse mercado cresceu mesmo devido aos incentivos promovidos por todos os lados dessa
esfera. No lado dos tomadores de empréstimo, havia o conforto de poderem quitar suas hipotecas antes
mesmo do vencimento do prazo e sem qualquer tipo de multa, ou seja, os credores poderiam não
receber o fluxo contínuo de pagamentos que esperavam.
Pelo lado dos credores, estava a oportunidade de emprestarem a quem quisessem, sem o risco
de não receberem o pagamento. Isso se dá porque eles repassavam essas dívidas para outras
instituições, que as compravam. Após isso, essas empresas tinham duas escolhas: assumir essas
hipotecas e os juros provenientes delas ou agrupá-las em pacotes e direcioná-las a um processo de
securitização.
Dessa forma, como completa Velazquez (2011):
Como os preços dos imóveis estavam subindo constantemente, não havia medo de que o sistema falhasse. Assim, nem os intermediários financeiros nem os credores finais tinham incentivos para certificar-se da qualidade da hipoteca, nem os devedores eram muito pressionados a manterem seus pagamentos.
A esses pacotes deu-se o nome de MBS (mortgage-backed security), que eram formulados a
partir de hipotecas oriundas de diversos locais e com graus de risco diferentes, mitigando a probabilidade
de perdas devido à diversificação.
No esquema abaixo, pode ser observada, de maneira mais clara, a forma como essas MBSs
funcionam:
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Figura 4 – Anatomia da MBS (VELAZQUEZ, 2011; BUSINESS MONGOLIA, 2008).
O mercado de dívidas crescia tão rapidamente que outros produtos financeiros foram sendo
criados, entre eles, os CDOs (Collateralized Debt Obligations), que se tornaram alvo muito popular de
investimentos. Eles funcionavam, basicamente, como as MBSs, com a diferença principal que os CDOs
aceitavam diferentes origens de empréstimos, como cartão de crédito, de negócios, estudantis ou de
compra de carros, e não somente hipotecas. Tal complexidade trazia um risco inerente a esses ativos e
tornava o grau de risco difícil de ser mensurado.
Mas, de acordo com Velazquez (2011), a característica mais marcante desses CDOs era o seu tipo
de formulação. Eles foram criados com a assessoria das agências de Rating, que mostravam como era
possível montar esses ativos com o melhor grau de investimento possível. Uma vez que essas empresas
eram as responsáveis pela classificação desses “pacotes”, elas sabiam como orientar os emissores a
desenvolver ativos de baixo risco, mesmo que eles não fossem.
E o problema se originou nesse momento, pois as agências começaram a classificar, de forma
errônea, esses derivativos, muitas vezes levando em consideração o fato de serem assegurados por
ativos como CDSs (Credit Default Swap), que nada mais são do que um seguro contra calotes, obrigando
aquele que os vendia de ressarcir seu comprador caso houvesse um evento de crédito.
Além disso, esses derivativos, tanto os CDOs quanto os MBSs, não estavam diminuindo o risco,
somente segmentando-os em tranches. Além de que as classificadoras não estavam levando em conta
que muitas dívidas subprime estavam sendo colocadas junto a outras prime por causa da má avaliação
feita pelos bancos no escândalo que ficou conhecido como “robo-signing”, ou “assinaturas robô”, em que
funcionários dos bancos autorizavam hipotecas sem, ao menos, analisá-las.
Esses títulos podres estavam sendo produzidos em massa e colocados junto a outros de baixo
risco e recebendo, equivocadamente, notas de crédito altíssimas, chegando ao ponto de serem avaliados
com triplo A, a maior nota de rating e a permitida para que fundos de pensão pudessem, também, aderi-
los.
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A partir do momento que um dos devedores não conseguiu pagar sua hipoteca − devido à bolha
imobiliária que estourou com os preços estagnados e as famílias não conseguindo obter lucro com a
venda dos imóveis –, essa ocasião se transformou em um efeito dominó, prejudicando não somente os
maus pagadores, mas também os bons e, dessa forma, contaminando todos os títulos dentro dos
derivativos criados.
Nesse momento, começou a haver um estouro de pedidos de reembolso, com os títulos de
securitização sendo aplicados. Porém, até mesmo as seguradoras e os bancos, que também asseguravam
parte das perdas (para atrair mais investidores), estavam alavancados e não possuíam dinheiro para
cobrir os calotes, o que levou a um “quebra-quebra” generalizado, até o ápice, com a falência do banco
Lehman Brothers.
5 Conclusão
Como pôde ser observado, as agências de rating têm um papel fundamental no mercado
financeiro, auxiliando os investidores nas suas tomadas de decisões e assegurando a qualidade dos
produtos financeiros disponíveis no mercado de capitais.
Tal importância tem agregado um poder inigualável a essas classificadoras, pois a confiança
depositada nelas pelos investidores permite que, por meio de suas opiniões, derrubem ou levantem uma
empresa ou um país. Mesmo que elas aleguem que suas notas não têm esse objetivo, o que vemos na
prática é diferente da teoria.
Entretanto, a importância traz responsabilidade, e as constantes falhas que essas classificadoras
têm cometido têm induzido investidores do mundo inteiro ao erro, tornando-as grandes culpadas pelos
desastres financeiros de nossa história recente, sendo o maior desastre, que nos afeta até hoje, a crise
de 2007 e 2008.
Um dos maiores problemas a se atentar é o modo como essas agências são remuneradas.
Antigamente, elas produziam seus ratings por meio da demanda dos investidores que pagavam pelas
suas avaliações, mas, devido ao número de pedidos ter aumentado muito, essas empresas começaram a
inverter o processo e a cobrar dos emissores dos produtos financeiros. Isso causou, e causa, um
completo conflito de interesses, em que se supõe que quem pagar melhor terá as melhores
classificações, como exemplo, os próprios Estados Unidos.
De acordo com matéria publicada pela Veja (2011), ao rebaixar a nota americana de AAA para
AA+, a Standard & Poor’s deixou o Governo americano em “maus lençóis”. Acredita-se que ela tenha
feito isso como forma de impedir que fossem adotadas medidas mais severas e restritivas de regulação
de suas atividades.
O presidente Barack Obama tentou desacreditar a agência para evitar uma fuga de investidores
de seus títulos. Contudo, tal ato, se levado em frente, poderia desencadear uma retaliação em massa
com uma das outras duas principais agências, Fitch e Moody’s, também rebaixando a nota, o que forçaria
o Governo a pagar juros mais elevados e obrigaria muitos investidores, por força estatutária, a
abandonarem os títulos públicos americanos.
Nesse caso, as AR’s rebatem e dizem que a credibilidade é o seu carro-chefe e, de tal forma, trair
a confiança dos investidores as tornaria indesejadas.
Acredita-se que a melhor forma de solucionar esse problema seja através da lei americana Dodd-
Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção ao Consumidor, proposta pelo senador Chris Dodd e o
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deputado Barney Frank, em 2010. Nela, há uma parte dedicada somente para as agências de rating e
com três principais propostas:
Primeira, a finalização da liberdade de opinião, tornando as agências responsáveis pelas emissões
das notas e permitindo ser passíveis de punição caso ocorra erros.
Segunda, maior transparência na classificação de riscos, ou seja, deve haver um
acompanhamento mais aberto e detalhado da forma como elas trabalham.
Terceira, “desoficializá-las”, removendo-as dos estatutos legais e regulatórios. Vários
regulamentos, especialmente os que regem políticas de investimento de fundos, estabelecem restrições
de investimento a papéis que não tenham sido avaliados ou recebido avaliação aceitável. As referências
às agências de rating deverão ser removidas desses estatutos, redefinindo-se as exigências que nelas se
apoiavam.
Tais regulamentações, se não impedirem, com certeza diminuirão consideravelmente os
problemas referentes às classificadoras. Por enquanto, apesar do apoio do presidente Barack Obama, a
lei Dodd-Frank está sofrendo muita resistência para ser implantada, principalmente quando levamos em
conta a quantidade de companhias que terão seu poder mitigado por ela.
6 Notas 1. Metodologia de cálculo do risco de crédito de uma carteira desenvolvida pelo banco norte-americano JP
Morgan. O CreditMetrics busca estimar a distribuição das perdas de uma carteira, levando em conta não apenas a possibilidade de inadimplência, mas também a variação na qualidade do crédito (ADVFN, 2013).
2. Termo em inglês para definir um título mobiliário que permite ao emissor transferir para os investidores um risco de crédito específico. O pagamento de principal e juros desses títulos está vinculado à ocorrência de um determinado evento de crédito. CLN podem ser emitidos por instituições financeiras, empresas ou SPE. No caso de CLN emitidos por instituições financeiras ou empresas (compradores de proteção), os investidores (vendedores de proteção) correm o risco de crédito destas e do crédito específico que se busca transferir (UQBAR, 2013).
3. Ativo colateral pode ser entendido como aquele que uma empresa oferece à instituição financeira como garantia do pagamento de um crédito (LANARI; JÚNIOS, 2000).
4. Fundos de hedge podem ser definidos como fundos que adotam um número de estratégias que não podem ser adotadas por fundos tradicionais de investimento, mas isso não implica, necessariamente, se são mais ou menos arriscados. De fato, a variedade de estratégias que podem ser adotadas acaba dificultando a comparação, pois, dentro da própria categoria de hedge funds, não existe uma linha única de atuação.
5. Termo em inglês para definir inadimplência. 6. No caso, exchange offer pode ser entendido como oferta de troca, ou seja, é uma forma de oferta pública em
que valores mobiliários são oferecidos como contrapartida em vez de dinheiro. E distressed são todas as dívidas bancárias, os títulos e as obrigações emitidas por empresas e governos que já estão vencidos ou cuja capacidade de pagamento no vencimento é questionável.
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