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OGU - Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: 23480.008659/2016-20 Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Restrição de acesso: Sem restrição. Resumo: Objeto do recurso: Cidadão solicita que seja demonstrada via cálculos, teorias e gráficos resposta constante em gabarito de prova. Opinião Técnica: A informação foi manifestada como inexistente pela Universidade, que esclareceu ainda que na hipótese de questões objetivas, como as solicitadas, o espelho reverte-se no próprio gabarito publicado. A produção da análise solicitada pelo cidadão demandaria trabalhos adicionais para elaboração do equivalente a um parecer jurídico, hipótese afastada nos termos da LAI. Palavras chave: Documento inexistente – Trabalhos adicionais – Não conhecimento Órgão ou entidade recorrido (a): UFAL – Universidade Federal de Alagoas Recorrente: J.M.E.J. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO ATO DATA TEOR Pedido 20/05/2016 “venho aqui solicitar o espelho de resposta da prova do concurso para seleção de alunos para o mestrado em 2011; edital 07/2011. o espelho das respostas devem conter as justificativas: cálculos, teorias e gráficos que expliquem as respostas(ditas como corretas). Referentes as questões de número: 2,14,18 e 20. Devidamente assinadas pelos professores que fizeram parte da banca e seus respectivos nomes. Lembrando que a data do espelho de respostas deve ser de 2011 (ano da realização da prova)”. Resposta Inicial 01/07/2016 A Universidade informa em sua resposta que as questões solicitadas são todas objetivas e que suas respostas encontram-se no gabarito. Esclarece ademais que no gabarito não existem justificativas como as solicitadas: “cálculos, teorias e gráficos”. Os professores do Mestrado assumem coletivamente a elaboração e correção das provas, cabendo somente a eles a correção das questões e aferição de pesos, não sendo possível atribuir responsabilidade pessoal às questões elaboradas ou corrigidas. Recurso à Autoridade Superior 03/07/2016 “1) A solicitação do espelho de prova não foi realizada e direcionada para o coordenador do mestrado em economia aplicada, e sim, para a COPEVE/UFAL . Que deveria ter nos arquivos o espelho de prova contendo as respostas padrão de todas as questões, de todos os concursos que esta empresa realizou ou venha a realizar. 2) O espelho de prova são as respostas de todas as questões (teorias e cálculos) relativas ao tipo de questão elaborada. O que consta no anexo na página 07 é o gabarito do concurso e não o espelho de prova (tentativa de confundir ). Venho solicitar, novamente, o espelho de prova do edital 07/2011 a “COPEVE/UFAL” (e não ao coordenador do mestrado), lembrando

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Page 1: OGU - Ouvidoria-Geral da Uniãobuscaprecedentes.cgu.gov.br/busca/dados/Precedente/... · de concurso público (lei nº nº 8.429/1992 , artigo 11), encaminhando a denúncia para os

OGU - Ouvidoria-Geral da UniãoCoordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

PARECER

Referência: 23480.008659/2016-20

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

Restrição de acesso: Sem restrição.

Resumo: Objeto do recurso: Cidadão solicita que seja demonstrada via cálculos, teorias e gráficos resposta constante em gabarito de prova.

Opinião Técnica: A informação foi manifestada como inexistente pela Universidade, queesclareceu ainda que na hipótese de questões objetivas, como as solicitadas, o espelho reverte-se no próprio gabarito publicado. A produção da análise solicitada pelo cidadãodemandaria trabalhos adicionais para elaboração do equivalente a um parecer jurídico,hipótese afastada nos termos da LAI.

Palavras chave: Documento inexistente – Trabalhos adicionais – Não conhecimento

Órgão ou entidade recorrido (a):

UFAL – Universidade Federal de Alagoas

Recorrente: J.M.E.J.

Senhor Ouvidor-Geral da União,

1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº 12.527/2011,

conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

RELATÓRIOATO DATA TEOR

Pedido 20/05/2016

“venho aqui solicitar o espelho de resposta da prova do concursopara seleção de alunos para o mestrado em 2011; edital 07/2011.o espelho das respostas devem conter as justificativas: cálculos,teorias e gráficos que expliquem as respostas(ditas como corretas).Referentes as questões de número: 2,14,18 e 20.

Devidamente assinadas pelos professores que fizeram parte da bancae seus respectivos nomes. Lembrando que a data do espelho derespostas deve ser de 2011 (ano da realização da prova)”.

Resposta Inicial 01/07/2016

A Universidade informa em sua resposta que as questões solicitadassão todas objetivas e que suas respostas encontram-se no gabarito.Esclarece ademais que no gabarito não existem justificativas como assolicitadas: “cálculos, teorias e gráficos”. Os professores doMestrado assumem coletivamente a elaboração e correção dasprovas, cabendo somente a eles a correção das questões e aferiçãode pesos, não sendo possível atribuir responsabilidade pessoal àsquestões elaboradas ou corrigidas.

Recurso à AutoridadeSuperior

03/07/2016 “1) A solicitação do espelho de prova não foi realizada e direcionadapara o coordenador do mestrado em economia aplicada, e sim, paraa COPEVE/UFAL . Que deveria ter nos arquivos o espelho de provacontendo as respostas padrão de todas as questões, de todos osconcursos que esta empresa realizou ou venha a realizar.2) O espelho de prova são as respostas de todas as questões (teorias ecálculos) relativas ao tipo de questão elaborada. O que consta noanexo na página 07 é o gabarito do concurso e não o espelho deprova (tentativa de confundir ).Venho solicitar, novamente, o espelho de prova do edital 07/2011 a“COPEVE/UFAL” (e não ao coordenador do mestrado), lembrando

Page 2: OGU - Ouvidoria-Geral da Uniãobuscaprecedentes.cgu.gov.br/busca/dados/Precedente/... · de concurso público (lei nº nº 8.429/1992 , artigo 11), encaminhando a denúncia para os

que sonegação de documento se traduz em crime de improbidadeadministrativa. Caso não exista tal documento (espelho de prova)que seja redigido declaração explicando o porque da não existência,já que toda e qualquer tipo de prova deve conter a resposta padrãode cálculos, teoria e gráficos que justifique a assertiva estejacorreta (seja em concurso ou em provas na escola e na faculdade). Pelo que foi visto não sabem o que é espelho de prova, já que ocompara com o gabarito final.Obs.: Espelho de prova é uma coisa, gabarito é outra coisa, são duascoisas totalmente diferentes. Em nenhum momento solicitei ogabarito final do concurso (caso não saibam o que é espelho de provamelhor se informar).Já que o coordenador do mestrado se manifestou equivocadamentenesta questão, gostaria de solicitar que o mesmo apresente asrespostas, bem fundamentadas, com cálculos, teoria e gráfico parajustificar a assertiva do gabarito, junto com a apresentação da fonteem que as teorias foram retiradas”.

Resposta do Recurso àAutoridade Superior

- NÃO HÁ RESPOSTA REGISTRADA.

Recurso à AutoridadeMáxima

18/07/2016“Solicitei informação a COPEVE/UFAL e quem respondeu foi acoordenação do mestrado em economia aplica. O pedido foi feitopara a COPEVE/UFAL”.

Resposta do Recurso àAutoridade Máxima

- NÃO HÁ RESPOSTA REGISTRADA.

Recurso à CGU 29/07/2016 “Recuso provido por motivo de sonegação de documentação

O documento solicitado, espelho de prova, referente à seleção editalnº 07/2011 em que a COPEVE/UFAL alega que as questões denúmero: 2,14 e 18; onde apresentaram resposta não fundamentada, enem contendo a fonte das tais afirmativas."Análise do recurso da questão nº 18 Resultado: INDEFERIDONão há erros na questão e, portanto o gabarito deve ser mantido."Recaindo no crime de improbidade administrativa a sonegação dosdocumentos solicitados (lei nº 8.429/1992 , artigo 11).As questões em nenhum momento foram respondidas por motivo denão apresentar o mesmo resultado do gabarito final a presentado noano de 2012. A sonegação d espelho de prova (que não existe por nãoter sido apresentado a DPU-AL e MPF-AL em 2012), só ratifica queestas questões estão erradas, e os envolvidos não tem interesse emcomprovar que o gabarito final, que eles dizem que estão certos, pormotivo de não cair em contradição.Porém a negativa de prestar a informação, no âmbito geral, e a nãodisponibilização do espelho de prova e também das respostas dasquestões pelo coordenador do mestrado em economia aplicada éindicio claro que o gabarito final foi forjado para dizer que asquestões estão certas (o órgão que criou a o significado da respostada questão 2 não é comtemplado na assertiva dada como correta nogabarito final; os cálculos da questão 18 não condiz com o gabaritofinal dado como correto e a teoria exposta e explicada por gráficonão condiz com a assertiva dada como correta no gabarito final).Caso o espelho de prova existisse e o gabarito das questõesestivessem certos a COPEVE/UFAL teria apresentado ao MPF-AL e

OGU SAS, Quadra 01, Bloco A - Edifício Darcy RibeiroBrasília/DF - CEP 70070-905

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DPU-AL, coisa que não fez no ano de 2011. A corrupção é tão visívelque mesmo que tivesse dinheiro eu não iria conseguir ajuizar estacausa por meio de advogado particular (fato que lastima ainda maisa policia federal também sofrer este aliciamento e considerar que nãotem crime no concurso de seleção). Por isso, a CGU deve autuar a COPEVE/UFAL por frustrar licitudede concurso público (lei nº nº 8.429/1992 , artigo 11), encaminhandoa denúncia para os órgãos competentes. Pois também vou ter quelevar este documento ao juiz federal de plantão e ajuizarpessoalmente.

Ainda falam que o Brasil está mudando”.

É o relatório.

Análise

2. Observa-se o descumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012 uma vez que a Eletrobrás

omitiu-se de analisar e responder aos recursos que lhe seriam de responsabilidade.

3. No que tange os requisitos de admissibilidade, registre-se que o recurso foi apresentado a CGU de

forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e §1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011,

bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012,

nestes termos:

Lei nº 12.527/2011Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal,o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5(cinco) dias se:(...)§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral daUnião depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamentesuperior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.

Decreto nº 7.724/2012Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera areclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dezdias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá semanifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

4. Analisadas as informações disponíveis através do trâmite do processo administrativo em tela,

observa-se que o cidadão solicita o espelho de resposta da prova do concurso para seleção de

alunos para o mestrado em 2011 na Universidade recorrida. Questiona particularmente 4 questões,

cujas respostas são, conforme declarado pela Universidade, objetivas.

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5. Requer o solicitante que a Universidade demonstre via cálculo, teorias ou gráficos que as respostas

apresentadas no gabarito são as corretas. A Universidade declara que tal análise não existe e que

no caso de uma prova objetiva, o espelho é o próprio gabarito.

6. Dessa forma, ao demandar a Universidade que seja produzida análise que demonstre o resultado, o

pedido do cidadão converte-se na produção de um documento de análise, um parecer. Está

hipótese não encontra apoio na Lei de Acesso à Informação.

7. Em tese, o pedido demandaria estudo e análise para a produção do que seria equivalente a um

parecer jurídico, um documento inexistente, conforme já apresentado ao cidadão, que demandaria

“trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço

de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade”1.

8. O gabarito nasce com presunção de verdadeiro e correto, cabendo ao candidato demonstrar que a

resposta está errada em seu recurso. Nesse caso, divergências quanto a certames como o

apresentado, possuem sede de recurso estabelecida no próprio edital, não cabendo à Ouvidoria-

Geral da União manifestar-se sobre o dilema apresentado.

Conclusão

9. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, por tratar-se de informação

inexistente que demandaria trabalhos adicionais para ser produzida.

DANTON LOPESAnalista de Finanças e Controle

1 Decreto nº 7.724/2012, art. 13, III

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D E C I S Ã O

No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-

Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para

decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012,

no âmbito do pedido de informação nº 23480.008659/2016-20, direcionado à UFAL – Universidade

Federal de Alagoas.

GILBERTO WALLER JÚNIOROuvidor-Geral da União

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICAControladoria-Geral da União

Folha de Assinaturas

Referência: PROCESSO nº 23480.008659/2016-20

Documento: PARECER nº 2906 de 15/08/2016

Assunto: OGU/INSTRUÇÃO - Instrução de recursos 3ª instância - Lei de Acesso a Informações

Ouvidor

Assinado Digitalmente em 15/08/2016

GILBERTO WALLER JUNIOR

Signatário(s):

aprovo.

Relação de Despachos:

Assinado Digitalmente em 15/08/2016

Ouvidor

GILBERTO WALLER JUNIOR

Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste

documento é: 33c2124c_8d3c4f0cd99cd1c