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Competência Falante: questões pertinentes entre oralidade e escrita Oficina Instituto de Pesquisa Sedes Sapientiae IP-PUCSP Cátia Luciana Pereira José Everaldo Nogueira Maria Ignez Salgado de Melo Franco

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Competência Falante: questões pertinentes

entre oralidade e escrita

OficinaInstituto de Pesquisa Sedes Sapientiae IP-

PUCSP

Cátia Luciana PereiraJosé Everaldo Nogueira

Maria Ignez Salgado de Melo Franco

Programa da oficina1ª. Parte: questões introdutórias sobre a Oralidade: 8h30-9h202ª. Parte: aporte teórico sobre Oralidade e Escrita: 9h20-10h00

Café: 10h00-10h20

3ª. Parte: estudo da Oralidade na perspectiva da Educação Linguística: 10h20-10h40

4ª. Parte: Resposta a Pergunta de Prova: um gênero discursivo: 10h40-11h40

Encerramento: 11h40-12h00

mostrar, em breves contornos, a aquisição da modalidade oral, pela criança;

indicar competências e habilidades que favoreçam a interação social dos estudantes e sua educação linguística;

verificar o aporte teórico sobre as relações entre a oralidade e a escrita;

mostrar como a oralidade influi na comunicação escrita.

Objetivos

Competências e habilidades

Discutam em grupo:

a- Qual a diferença entre habilidade e competência de que os livros didáticos e o Enem tanto falam?

b- O que é uma pessoa ter competência falante?

Maria Ignez Salgado de Melo Franco

1ª. Parte - Questões introdutórias sobre a Oralidade

Fases da aquisição da linguagem oral:

- 3/4 meses- balbucio;- 6 meses- fase de consoantes e vogais;- 10/12 meses- fase da primeira palavra;- 12 meses - fase da holófrase;- 18/20 meses- crescimento vocabular;- 3 anos/3 anos e meio- grande evolução da oralidade- início de narração

Percurso histórico sobre a Oralidade

I - A Escola Básica não trabalha a oralidade porque: 1.1- a metodologia e os objetivos não estão claros e a

aula se torna ruidosa e "bagunçada" 1.2- a oralidade é confundida com: leitura/ leitura em

voz alta/ jogral, recitação de poesia.

II - A Escola Básica tenta trabalhar com a oralidade porque: 2.1. os livros didáticos já trazem alguma proposta sobre

trabalho com a oralidade e o professor tenta seguir o livro;

2.2. os PCNs propõem esse tipo de trabalho.

Ensino-aprendizagem da Oralidade

Competências e habilidades

Competências e habilidades COMPETÊNCIA

  uma soma de conhecimentos e de habilidades,

desempenho; uma competência para ser eficiente depende de

várias habilidades; uma habilidade mais geral, mais abrangente≠

HABILIDADE pré-requisito de uma competência habilidade mais específica, mais restrita. várias habilidades compõem uma competência.

Competências e habilidadesCOMPETÊNCIA COMUNICATIVA

  conhecimento de regras que presidem a formação de

sentenças; conhecimento dos recursos comunicativos e de normas sociais

que definem a adequação da fala; reconhecimento das normas sociais para o uso de diferentes

variedades da língua (Hymes).

HABILIDADES COMUNICATIVAS 

Ser usuário competente da língua, em diferentes momentos sociais, reconhecendo e utilizando adequadamente suas normas e as diferentes variedades da língua;

adquirir habilidades não especificamente linguísticas: comparação, analogia, informações culturais;

desenvolver o raciocínio e a capacidade de ensinar, de explicar algo aos outros.

 

Habilidades da Fala (Oralidade) contar fatos e histórias; dialogar, debater, respeitando o turno; tecer comentários; levantar /solucionar dúvidas; trocar ideias; expor temas oralmente; manifestar sentimentos, ideias e opiniões; dar informações, explicar, descrever, narrar ou argumentar; relacionar dados e fatos fazer/responder perguntas; resolver problemas que envolvem a verbalização, a

comparação e o confronto dos procedimentos empregados; fazer seminários, dramatizações; imitar sons da natureza...

 

Habilidades da Escuta (audição) 

escutar e entender o que foi dito: ordens, avisos, leitura, trabalhos, notícias, histórias, instruções, relatos, textos lidos pelo professor...;

escutar e entender o que está sendo dito: diálogos, debates;

reconhecer rimas, ritmo, diferentes textos; ouvir sons da natureza... 

2ª. Parte - Aporte teórico sobre Oralidade e Escrita

Cátia Luciana Pereira

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

Papos

Me disseram... Disseram-me. Hein? O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”. Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”? O quê? Digo-te que você... O “te” e o “você” não combinam. Lhe digo? Também não. O que você ia me dizer? Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz? Partir-te a cara. Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me. (...)

Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola.

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

1. Perspectiva das Dicotomias estritas___________________________________________________________fala versus escrita contextualizada descontextualizadadependente autônomaimplícita explícitaredundante condensadanão planejada planejadaimprecisa precisanão normatizada normatizadafragmentária completa___________________________________________________________

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

2. Perspectiva culturalista_______________________________________________________________cultura oral versus cultura letrada pensamento concreto pensamento abstratoraciocínio prático raciocínio lógicoatividade artesanal atividade tecnológicacultivo da tradição inovação constanteritualismo analiticidade_______________________________________________________________

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

Verbos

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

3. Perspectiva variacionista______________________________________________________fala e escrita apresentam língua padrão variedades não padrãolíngua culta língua coloquial norma padrão norma não padrão______________________________________________________

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

MurunduSempre que ouço no rádio esses boletins sobre o trânsito, sinto

um leve tremor nas pernas. Não é o jargão desolado da repórter que me enerva, quando tenta quebrar o clima protocolar da narrativa com gírias como “a Heitor Penteado vai embaçada nos dois sentidos” ou “a Juscelino Kubitschek rola sussa na região do Itaim”, mas a certeza de que numa dessas tardes perfumadas pelo monóxido de carbono ouvirei, enfim, o boletim derradeiro de nossa civilização: a notícia de que o trânsito parou de vez.

O repórter dirá que a Marginal “está zoada” até a Dutra, a Dutra “show de horror” até o Rio de Janeiro, de onde ninguém se move até a Bahia porque pela BR 101, “mó treta”, carro já não anda, e assim sucessivamente, passando (ou melhor, não passando) por Bogotá, Manágua, Cidade do México, Vermont, até chegar na ponta do Alaska, onde um daqueles enormes caminhões americanos, se for mais de um centímetro para trás, fará companhia às focas, no fundo do mar gelado.

(...)  Antônio Prata, Meio intelectual, meio de esquerda

Tendências dos estudos sobre Oralidade e Escrita

4. Perspectiva sociointeracionista______________________________________________________fala e escrita apresentam dialogicidadeusos estratégicosfunções interacionaisenvolvimentonegociação situacionalidadecoerênciadinamicidade______________________________________________________

Fala Escrita Oralidade LetramentoAlfabetização Escolarização

Esclarecimentos necessários

Práticas sociais

Usos da língua

Oralidade e Escrita: abordagem em dois eixos

Representação da oralidade e escrita pelo meio de produção e concepção discursiva

Oralidade e Escrita na sociedade

Conversação espontânea Artigo científico Notícia de TV Entrevista publicada na Veja

Representação do contínuo dos gêneros textuais na fala e na escrita

Reflexões e propostas nas próximas etapas da oficina.

Oralidade e escrita nos contextos de formação escolar formal

José Everaldo Nogueira

3ª. Parte - Estudos da Oralidade na perspectiva da Educação Linguística

Como em Educação não se separam as partes práticas das teóricas, será preciso considerar a noção de competência comunicativa em seu aspecto geral e em seus desdobramentos particulares.

Competência Comunicativa*

CompetênciaComunicativ

a

Falante

Leitora

Escritora

Ouvinte

Seus desdobramentos particulares

O objetivo da Educação Linguística

A Pedagogia do Oral◦ Suas funções◦ Seus objetivos

A noção de Oralidade

Resposta a perguntas de prova como gênero

Será preciso considerar:

O objetivo da Educação Linguística é formar o “poliglota na própria língua”, que deve ser a meta a ser atingida no processo de ensino e aprendizagem das aulas de Língua Portuguesa. Seu eixo articulador: a competência comunicativa

Educação Linguística*

Suas funções◦ Refletir sobre a língua oral e o seu ensino◦ Compreender que o oral é um meio de

aprendizagem da língua e de desenvolvimento cognitivo

◦ Saber distinguir o discurso oral formal e o discurso oral informal

◦ Saber adaptar o discurso às características do conteúdo e do referente

◦ Saber desenvolver as competências orais nos aprendentes

Pedagogia do Oral*

Seus objetivos◦ Desenvolver a expressão e a compreensão oral,

em diferentes variedades do Português, incluindo o Português padrão, com vistas ao domínio progressivo da expressão e da compreensão de gêneros orais formais e públicos, fundamentais para a vida em sociedade.

◦ Desenvolver, no falante, a análise e a reflexão sobre a comunicação, aprimorando sua metacognição em relação ao uso da oralidade.

Pedagogia do Oral*

Metacognição como capacidade de fazer referência articulada sobre o próprio conhecimento

Oralidade como um modo de ser dos textos, independentemente de serem orais ou escritos. Caracteriza-se basicamente pela interação face a face na qual se discorre sobre um tema em turnos sucessivos.

Metacognição e Oralidade

4ª. Parte - Resposta a Pergunta de Prova: um Gênero de Discurso

Função social◦ Demonstrar conhecimento necessário à

progressão nos estudos

Conteúdo temático◦ Versa sobre conteúdos (conceituais,

procedimentais e atitudinais), habilidades e competências colocadas sob avaliação

Resposta a pergunta de prova:um Gênero de Discurso

Estrutura composicional◦ Referência ao tópico avaliado e atendimento ao comando

dado (explicar, justificar...). Trata-se de um microtexto no qual se esperam coerência e adequação.

Estilo verbal◦ Formal culto, de acordo com a situação de interação:

requer clareza, adequação, correção, concisão e elegância

Produção◦ Estuda-se um ou mais tópicos sobre os quais, em situação

de avaliação, o aluno escreve para o professor.

Circulação◦ Em geral, restrita ao âmbito escolar ou em

espaços que têm ligação com a escola

Consumo◦ Um professor ou corretor analisa o texto da

resposta e verifica se ela revela condições de se prosseguirem os estudos (tanto para ensinar, quanto para aprender)

Provavelmente o gênero que os alunos mais produzem em sua vida escolar

Provavelmente o gênero que o professor mais lê na realização do seu ofício

Provavelmente um espaço que pode indicar excelentes itens necessários à aprendizagem, inclusive a Competência Falante.

Resposta a perguntas de prova: indicador de desenvolvimento da

competência falante

Serão exibidos cinco blocos de respostas a perguntas de prova

Os participantes deverão analisá-los, considerando as respostas a partir de sua própria experiência

Deverão identificar os problemas existentes nas respostas e registrá-los por escrito

Deverão socializar suas informações

Tomar parte na discussão de questões propostas acerca dos itens a se considerar no ensino da competência falante.

PPP: percurso da parte prática

Início da Parte Prática

Bloco 1

Bloco 1 Resposta 1

Bloco 1 Resposta 2

Bloco 1 Resposta 3

Bloco 2

Bloco 2 Resposta 1

Bloco 2 Resposta 2

Bloco 3

Bloco 3 Resposta1

Bloco 3 Resposta 2

Bloco 3 Resposta 3

Bloco 4

Bloco 4 Resposta 1

Bloco 4 Resposta 2

Bloco 4 Resposta 3

Bloco 5

Bloco 5 Pergunta 1

Bloco 5 Resposta 2

Bloco 5 Resposta 3

Momento para SocializaçãoImpressões sobre cada

bloco

Competência FalanteItens a se considerar

Problemas ligados à clareza e à correção:◦ Coesão referencial◦ Sequencial◦ Concordância◦ Conjugação verbal◦ Citação ao enunciado/excerto◦ Ortografia◦ Acentuação◦ Pontuação

Relativos ao Bloco 1

Problemas ligados à leitura deficiente de enunciado:

◦ Tempo◦ Imediatismo◦ Egocentrismo ◦ Falta de estratégias de leitura◦ Falta de estratégias de verificação◦ Falta de percepção das partes e do todo◦ Falta de distinção entre o essencial e o acessório

Relativos ao Bloco 2

Problemas ligados compreensão inadequada de conceitos:

◦ Incompreensão da importância de certas informações para a avaliação.

◦ Não percepção do que é conceitual, procedimental ou atitudinal: confunde a “dica” com a regra

◦ Pouca valorização da linguagem técnica de cada área.

◦ Desconhecimento das ações esperadas por certos comandos.

Relativos ao Bloco 3

Problemas ligados à oralidade com foco na (falta de) concisão:

◦ Falta de (mal aproveitamento do) tempo◦ Desconhecimento da estrutura de resposta◦ Desconhecimento da situação de interação◦ Desvalorização dos papéis sociais◦ Necessidade de colocação de si no discurso◦ Necessidade de colocação do outro no discurso◦ Supervalorização da leitura do avaliador

Relativos ao Bloco 4

Relativos ao Bloco 5 Problemas ligados ao registro de linguagem:

Desvalorização da formalidade na situação de interação

Minimização da relação de hierarquia Despreocupação com o registro de

linguagem Falta de deferência para com o interlocutor

Cada participante deve pensar uma possibilidade concreta de viabilizar propostas de ensino da Competência Falante. Sua ideia deve ser registrada e socializada oralmente com os demais.

Sugestões de viabilização

BibliografiaANTUNES, Irandé (2009). Língua, Texto e Ensino - outra escola possível. SP; Parábola editorial, (Coleção estratégias de Ensino) .AZEREDO, José Carlos de (2007). Ensino de Português - Fundamentos-percursos-objetos. RJ: Zahar.BRASIL (1996). Lei no. 9934/96. Lei de Diretrizes e bases da educação nacional. Brasília.BRASIL/CNE (1998-a). “Diretrizes curriculares nacionais: ensino médio.” In Brasil/SEMTEC, Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEMTEC, p 59-118.BRASILl/ CNE (1998-c). Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 3º e 4º ciclos: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEMTEC, CASTILHO, Ataliba T. de (2000). A Língua Falada no ensino de Português. SP: Contexto.

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