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Objeto e objetivos Metodologia As religiões de descendência afro- brasileiras são, e geral, heterogêneas em suas formas de manifestações. Vários símbolos de culto e de expressão das sua religiosidade foram e são incorporados em sua estrutura ao longo do tempo. É o caso do uso ritual do álcool e tabaco em cerimônias e festas que ocorrem no Centro Religioso São Jorge Guerreiro, localizado no bairro, popularmente conhecido como Senzala, na cidade de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba. Assim, objetiva-se nesse trabalho, encontrar quais e como se dão as significações simbólicas de tais elementos dentro desse culto, principalmente por perceber como esses atributos psicoativos são tão presentes em suas reuniões e de estima dentro da estrutura de seus ritos , festas e demais manifestações. Religiosidade afro-brasileira, álcool e tabaco: um breve estudo das relações entre religião e psicoativos na cidade de Rio Tinto, Paraíba. Autor: Geraldo de França Alves Júnior Universidade Federal Da Paraíba – Campus IV/CCAE Orientação: Estevão Martins Palitot Resultados e conclusão O grupo estudado é formado por cerca de 40 pessoas, entre mulheres e homens, de faixas etárias variadas. Alguns participantes do Centro Religioso são de outras cidades, como da vizinha Mamanguape. Assim tendo como a principal referência a sacerdotisa Mãe Geralda. O uso ritualístico de psicoativos, ou seja, do cigarro e de álcool, se dão em momentos específicos do dia-a-dia do grupo, obedecendo a regras e momentos determinados. Essas substâncias são usadas por ambos os sexos, de acordo com a relação que os seus participantes possuem com o culto e com a cerimônia em que está sendo promovida. O que se observa é que há uma grande diferença entre o consumo “profano” e o religioso, dentro do centro. As pessoas que participam e que promovem ativamente das cerimônias são levadas a consumir essas substâncias por um sentido religioso e simbólico. Dessa forma, assim como outros artefatos que constituem na cerimônia, como os cânticos, as músicas e as vestimentas, o álcool e o tabaco, que são substancias consumidas habitualmente por grande parte de indivíduos, ganham um novo sentido. Concluímos até então que o simbolismo e o sentido integrador desses atributos psicoativos servem, diferentemente do uso cotidiano, como uma ferramenta da expressão das manifestações religiosas pesquisadas. O álcool e o tabaco ganham uma importante Referência bibliográfica BOURDIEU, Pierre. O poder simbolico. 16ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. CARNEIRO, Henrrique; VENANCIO, Renato (org). Álcool e drogas na história do brasil. Ed. PUC Minas, 2005. GOFFMAN, Eving. A representação do eu na vida cotidiana. 15ª Ed. Petrópolis: Vozes. 200 GEERTZ, Clifford James. A Interpretação da Cultura. In: Uma Descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editoriais, 1978, LABATE, Beatriz. et al. Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008. VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In. NUNES, Edson de oliveira. A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. Mapa de localização A aproximação com o tema nos faz recorrer aos seguintes expedientes metodológicos. Primeiramente, realizamos a revisão da literatura histórica e das ciência sociais sobre o uso do álcool e tabaco, especificamente em contextos rituais. Em seguida, iniciamos o estudo etnográfico do Centro Religioso São Jorge Guerreiro. A partir desses investimentos cogita-se a percepção dos usos de psicoativos como instrumentos simbólicos de integração (BOURDIEU, 2012) no contexto dos rituais do culto afro-brasileiro estudado. Isso implica na realização de trabalho de campo baseado na observação participante e na coleta de entrevistas (formais e informais) tendo como tempo e espaços privilegiados os cultos e festas realizados no Centro. O objetivo nesse caso é o processo de transformação do que é familiar no estranho e vice-versa (VELHO, 1978), ou seja, de submeter o uso de substâncias comuns em nossas sociedade ao método da descrição densa (GEERTZ, 1978).

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Objeto e objetivos

Metodologia

As religiões de descendência afro-brasileiras são, e geral, heterogêneas em suas formas de manifestações. Vários símbolos de culto e de expressão das sua religiosidade foram e são incorporados em sua estrutura ao longo do tempo. É o caso do uso ritual do álcool e tabaco em cerimônias e festas que ocorrem no Centro Religioso São Jorge Guerreiro, localizado no bairro, popularmente conhecido como Senzala, na cidade de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba. Assim, objetiva-se nesse trabalho, encontrar quais e como se dão as significações simbólicas de tais elementos dentro desse culto, principalmente por perceber como esses atributos psicoativos são tão presentes em suas reuniões e de estima dentro da estrutura de seus ritos , festas e demais manifestações.

Religiosidade afro-brasileira, álcool e tabaco: um breve estudo das relações entre religião e psicoativos na cidade de Rio Tinto, Paraíba.

Autor: Geraldo de França Alves JúniorUniversidade Federal Da Paraíba – Campus IV/CCAE

Orientação: Estevão Martins Palitot

 

Resultados e conclusãoO grupo estudado é formado por cerca de 40 pessoas, entre mulheres e homens, de faixas etárias variadas. Alguns participantes do Centro Religioso são de outras cidades, como da vizinha Mamanguape. Assim tendo como a principal referência a sacerdotisa Mãe Geralda. O uso ritualístico de psicoativos, ou seja, do cigarro e de álcool, se dão em momentos específicos do dia-a-dia do grupo, obedecendo a regras e momentos determinados. Essas substâncias são usadas por ambos os sexos, de acordo com a relação que os seus participantes possuem com o culto e com a cerimônia em que está sendo promovida. O que se observa é que há uma grande diferença entre o consumo “profano” e o religioso, dentro do centro. As pessoas que participam e que promovem ativamente das cerimônias são levadas a consumir essas substâncias por um sentido religioso e simbólico. Dessa forma, assim como outros artefatos que constituem na cerimônia, como os cânticos, as músicas e as vestimentas, o álcool e o tabaco, que são substancias consumidas habitualmente por grande parte de indivíduos, ganham um novo sentido. Concluímos até então que o simbolismo e o sentido integrador desses atributos psicoativos servem, diferentemente do uso cotidiano, como uma ferramenta da expressão das manifestações religiosas pesquisadas. O álcool e o tabaco ganham uma importante dimensão dentro da religião de base afro-brasileira estudada nesse trabalho. Entre seus participantes há uma latente preocupação de não “vulgarizar” esse uso. Assim também realizando uma intensa monitoria e rigor em relação ao uso e o de seus freqüentadores.

Referência bibliográfica  BOURDIEU, Pierre. O poder simbolico. 16ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.CARNEIRO, Henrrique; VENANCIO, Renato (org). Álcool e drogas na história do brasil. Ed. PUC Minas, 2005.GOFFMAN, Eving. A representação do eu na vida cotidiana. 15ª Ed. Petrópolis: Vozes. 200GEERTZ, Clifford James. A Interpretação da Cultura. In: Uma Descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editoriais, 1978,LABATE, Beatriz. et al. Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008.VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In. NUNES, Edson de oliveira. A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

Mapa de localização

A aproximação com o tema nos faz recorrer aos seguintes expedientes metodológicos. Primeiramente, realizamos a revisão da literatura histórica e das ciência sociais sobre o uso do álcool e tabaco, especificamente em contextos rituais. Em seguida, iniciamos o estudo etnográfico do Centro Religioso São Jorge Guerreiro. A partir desses investimentos cogita-se a percepção dos usos de psicoativos como instrumentos simbólicos de integração (BOURDIEU, 2012) no contexto dos rituais do culto afro-brasileiro estudado. Isso implica na realização de trabalho de campo baseado na observação participante e na coleta de entrevistas (formais e informais) tendo como tempo e espaços privilegiados os cultos e festas realizados no Centro. O objetivo nesse caso é o processo de transformação do que é familiar no estranho e vice-versa (VELHO, 1978), ou seja, de submeter o uso de substâncias comuns em nossas sociedade ao método da descrição densa (GEERTZ, 1978).