oab/df detecta irregularidades na · tra a delegada marta varga e o policial josé augusto alves....

27
Revista da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal Ano 5 nº 08 Brasília, setembro de 2010 www.oabdf.org.br OAB/DF detecta irregularidades na investigação do assassinato do casal Villela 400 DIAS DE CONTURBADA INVESTIGAçãO

Upload: lekhuong

Post on 13-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

Revista da Ordem dos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal Ano 5 nº 08 Brasília, setembro de 2010

www.oabdf.org.br

OAB/DF detecta irregularidades na investigação do assassinato do casal Villela

400 DIAS De cOnturBADA

InVeStIgAçãO

Page 2: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

DESTAQUES

EXPEDIENTE

Revista da Ordemdos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal

SEPN, quadra 516Bloco B, lote 7 CEP 70770-525 Brasília - Distrito FederalTelefone: 61 3036-7000

EditorCamila Fernandes Maquina Public Relations

34

14

24

ReportagemCamila Fernandes Rosiene Assunção Maquina Public RelationsRedação da ASCOM / OAB/DF

RevisãoAdemir Araújo Filho / OAB/DF

Foto capaChico Ferreira

FotografiaChico FerreiraValter Zica / OAB/DF

Projeto Gráfico PHD Design Gráfico

DiagramaçãoMarcello Martins

Departamento comercialRosanna Tarsitano / Fator Mídia

Tiragem28 mil exemplares

ImpressãoÊxito - Gráfica e Fotolito

Supervisão de NúcleoPricila Caied / Maquina Public Relations

Jornalista ResponsávelExpedito FilhoMaquina Public Relations

Produzida pela Maquina Public Relations.

É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Conselho da OAB/DF.

CAPATortura e prisões sem mandado

estão entre as ilegalidades

cometidas na apuração do

assassinato do casal Villela

PROCESSO DIgITAlA virtualização dos processos promete

vantagens ao Poder Judiciário,

mas o período de transição tem

acarretado diversos problemas

SEgURANçA JURíDICAPara dar maior agilidade à

tramitação de processos, está

em fase de reforma o novo

Código de Processo Civil

Page 3: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

5

tra a delegada Marta Varga e o policial

José Augusto Alves.

Não há dúvidas de que a Polícia do Dis-

trito Federal é uma das mais bem prepa-

radas e mais bem pagas do país. Diante

dos fatos, porém, o objetivo da OAB é

dar respostas à população, aos familiares

e aos amigos das vítimas. É inadmissível

que, mais de um ano após o crime, o

caso não haja sido solucionado de forma

cabal e definitiva. A cada instante surge

um novo capítulo, banalizando um dos

mais repugnantes homicídios do DF, que

vitimou um dos mais respeitados advoga-

dos do Brasil.

A Ordem quer o epílogo, o conhecimen-

to real do desenrolar dos fatos e a pu-

nição dos culpados, tanto pelas mortes

quanto pelas supostas irregularidades

cometidas no inquérito, se comprovadas.

Exigimos uma conclusão dentro da lei e

da democracia em que vivemos. E uma

punição ainda mais exemplar para os

agentes públicos que tentaram fraudar

a lei ou que não adotaram os procedi-

mentos judiciais e administrativos a que

estavam obrigados por força do cargo

que ocupavam.

Por Francisco Caputo

POr umA InVeStIgAçãO DentrO DA leI

CARTA AO ADVOgADO

Diretoria da OAB/DF Triênio 2010/2012

Presidente: Francisco Queiroz Caputo NetoVice-Presidente: Emens Pereira de SouzaSecretário-Geral: Lincoln de OliveiraSecretário-Geral Adjunto: Luís Maximiliano Leal Telesca MotaDiretor Tesoureiro: Raul Freitas Pires de Saboia Conselheiros FederaisAntenor Pereira Madruga FilhoDaniela Rodrigues TeixeiraDélio Fortes Lins e SilvaMeire Lúcia G. Monteiro Mota CoelhoRodrigo Badaro Almeida de Castro

Conselheiros SeccionaisAdelvair Pêgo CordeiroAlessandro Luiz dos ReisAndré Puppin MacedoAndré Vidigal de OliveiraAntônio Alberto do Vale CerqueiraCharles Christian Alves BiccaClaudismar ZupiroliDélio Fortes Lins e Silva JuniorEduardo de Vilhena ToledoFabiano Jantalia BarbosaFrancisca Aires de Lima LeiteFrancisco Carlos CarobaFrederico Donati BarbosaGetulio Humberto Barbosa de SáGiselle Dorneles de Oliveira Torres AvelarGuilherme Farhat de São Paulo FerrazGustavo de Castro AfonsoGustavo Gaião Torreão BrazHaroldo TotiHenrique Celso Souza CarvalhoIan Rodrigues DiasIgor Carneiro de MatosIran AmaralIves Geraldo de SouzaJoão Candido da SilvaJosé Augusto Pinto da Cunha LyraJosé Cardoso Dutra JuniorJosé Carlos de MatosJose Vieira AlvesJosefina Serra dos SantosLisa Marini Ferreira dos SantosLucas Resende Rocha JuniorMabel Gonçalves de Souza ResendeMagda Ferreira de SouzaMarcelo Jaime FerreiraMarcos Evandro Cardoso SantiMarcus Jose da Cruz PalomoMaria Claudia Azevedo de AraújoMarília Aparecida R. dos Reis GalloMoacir Akira YamakawaPaulo Mauricio Braz SiqueiraPaulo Roberto de Castro

Radam Nakai NunesReginaldo Bacci AcunhaRenato Gustavo Alves CoelhoRodrigo Fernandes de Moraes FerreiraRodrigo Freitas Rodrigues AlvesRogerio Marinho Leite ChavesRommel Madeiro de Macedo CarneiroSandoval Curado JaimeSuzana Maria D. de Abranches C.FiodTarley Max da SilvaWendell do Carmo Sant’ana

Caixa de Assistência dos Advogados - DFPresidente: Everardo R. Gueiros FilhoVice-Presidente: Luciano A. PinheiroSecretário-Geral: Gutemberg Bezerra Pereira de OliveiraSecretária-Geral Adjunta: Geusa Santana da SilvaTesoureiro: Paulo Emilio Catta Preta de GodoyDiretores Suplentes: Conceição José Macedo e Antônio Marcos da Silva

Subseções da OAB/DF

» CeilândiaPresidente: Edmilson Francisco de MenezesVice-presidente: Gerson W. de Sousa MeloSecretário-Geral: Antonio Bezerra Neto Secretário-Geral Adjunto: Mauro Júnior Pires do NascimentoTesoureiro: Jurandir Soares de Carvalho Junior » GamaPresidente: Demas Correia SoaresVice-presidente: Almiro C. Farias JúniorSecretário-Geral: Leônidas José da SilvaSecretário-Geral Adjunto: Rute Raquel Vieira Braga da SilvaTesoureiro: Cristiane Aires do Rego » PlanaltinaPresidente: Marcelo Oliveira da Almeida Vice-presidente: Mário Cézar Gonçalves de LimaSecretário-Geral: Oneida Martins RodriguesSecretária-Geral Adjunta: Edjane Rafael de Almeida Tesoureiro: Carlos Silon Rodrigues Gebrim

» SamambaiaPresidente em exercício: José Antônio Gonçalves de CarvalhoSecretário-Geral: João Batista RibeiroSecretário-Geral Adjunto: Renato M. FrotaTesoureiro: Cleire Lucy Carvalho Alves » SobradinhoPresidente: Vicente de Paulo T. da Penha

Vice-presidente: Márcio de Souza OliveiraSecretário-Geral: Guilherme Jorge da SilvaSecretário-Geral Adjunto: Eurípedes Vieira Tesoureiro: Aline Guida de Souza

» Taguatinga Presidente: Maria Conceição FilhaVice-presidente: Rodrigo de Castro Gomes Secretário-Geral: Alan Lady de Oliviera CostaSecretário-Geral Adjunto: Andressa de Paiva PelissariTesoureiro: Antonio Geraldo Peixoto

Leopoldo César de Miranda Lima Filho1960-1961

Décio Meirelles de Miranda1961-1963

Esdras da Silva Gueiros1963-1965

Fernando Figueiredo de Abranches1965-1967

Francisco Ferreira de Castro1967-1969

Antônio Carlos Elizalde Osório1969-1971

Moacir Belchior1971-1972

Antônio Carlos Sigmaringa Seixas1973-1975

Hamilton de Araújo e Souza1975-1977

Assu Guimarães1977-1979

Maurício Corrêa1979-1987

Amauri Serralvo1987-1989

Francisco C. N. de Lacerda Neto1989-1991

Esdras Dantas de Souza1991-1995

Luiz Filipe Ribeiro Coelho1995-1997

J. J. Safe Carneiro1998-2003

Estefânia F. de Souza de Viveiros2004-2009

Membros vitalícios honorários - OAB/DF

O s advogados José Guilher-

me Villela e Maria Carva-

lho Villela, sua esposa, e a

doméstica da família, Francisca Nasci-

mento da Silva, foram assassinados a

facadas no dia 28 de agosto de 2009,

no apartamento do casal, na Asa Sul.

Mais de um ano depois, o caso conti-

nua sem solução, apesar de o inquérito

já ter sido concluído.

O problema que impede o desfecho está

na metodologia policial utilizada para

apurar o crime. Optou-se por um cami-

nho novelesco, eivado de esoterismo e

de irregularidades, em contraposição a

um robusto conjunto de indícios e provas

que permitem a punição dos culpados.

Na verdade, a apuração revelou uma

polícia sem rumo. Foram inúmeras as

distorções e as ilegalidades cometidas,

algumas beirando o inacreditável. Uma

vidente, por exemplo, transformou-se

na pessoa de confiança da delegada

para indicar os passos do inquérito. Se

não bastasse trilhar em direção ao des-

crédito e ao ridículo, a polícia buscou

ainda o caminho da ilegalidade: uma

prova ilícita foi plantada supostamente

para incriminar três suspeitos, um deles

com vestígios de tortura física.

As demonstrações de despreparo e des-

respeito não se esgotaram aí. A polícia

protagonizou o uso indevido de alge-

mas e a prisão sem autorização judicial.

Houve ainda busca e apreensão de docu-

mentos em escritório de advocacia sem

mandado judicial e sem a presença de

um representante da OAB.

O desenrolar dos fatos nos levou à inse-

gurança, e a Ordem dos Advogados do

Brasil, Seccional do Distrito Federal, con-

dena os desrespeitos praticados. Nossa

missão legal é defender a Constituição, a

ordem jurídica do estado democrático de

direito, os direitos humanos, a justiça so-

cial, e pugnar pela boa aplicação das leis

e pela rápida administração da Justiça.

Movida por esse espírito, por decisão de

seu Conselho, a OAB/DF buscou infor-

mações junto à Secretaria de Segurança

Pública do Distrito Federal e ao Ministério

Público do Distrito Federal e dos Territó-

rios. Prontamente, a Secretaria de Segu-

rança Pública nos informou que havia

sido aberto processo administrativo con-

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 4: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

6 7

Fernando FurlanConselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)

ENTREVISTA

POr um cOntrOle PrÉVIO DAS FuSÕeS De emPreSAS

Para Fernando Furlan,

conselheiro do CADE, o papel

dos advogados no direito

concorrencial é imprescindível

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Com que intuito foi criada a ouvi-

doria do CADE?

A intenção é estimular a participação

do cidadão na fiscalização das ativi-

dades do CADE e, assim, contribuir

com o planejamento dos serviços do

Conselho. Procurei contribuir com a

minha experiência de haver, na condi-

ção de chefe de gabinete do ministro,

criado a Ouvidoria do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comér-

cio Exterior (MDIC), que está funcio-

nando muito bem. O projeto é menos

ambicioso que o do MDIC, mas é a

primeira etapa de um processo. A ou-

vidoria receberá críticas, reclamações,

denúncias e sugestões sobre práticas

U m grande avanço seria a mudança do atual sistema de controle posterior de concentrações econômicas,

defendeu Fernando Furlan, um dos principais conselheiros do CADE, Conselho Administrativo de Defe-

sa Econômica, em entrevista à Voz do Advogado. Ele observou, contudo, que uma eventual mudança

para o controle prévio implicaria a unificação do CADE com a Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da

Justiça. Ainda durante a entrevista, Furlan ressaltou que o papel da OAB e dos advogados no direito concorren-

cial é fundamental. “A boa advocacia leva a boas decisões.”, disse. Ele também considerou importante a criação

de uma ouvidoria para fiscalizar as ações do próprio CADE. A seguir os principais trechos da entrevista:

inadequadas ou irregulares, erros,

omissões e abusos, além de elogios.

O setor também irá promover anual-

mente uma pesquisa de opinião, for-

necer subsídios para a elaboração do

Planejamento Estratégico do CADE,

instruir os usuários sobre a melhor

forma de encaminhar os pedidos e

acompanhar a tramitação, além de

manter o registro de todas as ocor-

rências, incidentes e soluções.

O que representa para a sociedade

ter um serviço como esse ofereci-

do pela ouvidoria?

Creio que seja uma forma de contribuir

com uma maior e mais direta partici-

pação dos cidadãos no planejamento

e na criação de políticas públicas e nas

atividades do Estado. É uma forma de

garantir a democracia direta.

Qual o balanço do tempo de atua-

ção que você tem junto ao CADE?

Fui procurador geral do CADE de

2001 a 2003, indicado pelo então

presidente Fernando Henrique Cardo-

so. Minha principal realização no car-

go, para a qual contei com o impres-

cindível apoio do então presidente do

Conselho, professor João Grandino

Rodas, foi a criação do setor de dívi-

da ativa. Ou seja, as multas até então

impostas pelo CADE sequer podiam

ser cobradas, administrativa ou judi-

cialmente, além da impossibilidade de

parcelá-las.

Como conselheiro, tive a oportunida-

de de contribuir relatando alguns dos

casos mais importantes nos últimos

anos. Creio que, especialmente com

as multas impostas nos casos Ambev/

Tô Contigo (programa de fidelidade

que exigia exclusividade dos bares e

restaurantes cuja multa alcançou o

valor de 352 milhões de reais) e no

caso do Cartel dos Gases (cartel re-

alizado pelas empresas do setor de

gases industriais e medicinais, cujas

multas aplicadas chegaram a 2,3 bi-

lhões de reais). Deixamos claro que a

lei é dura e deve ser cumprida, e que

o Brasil já está em um momento em

que a cultura e a legislação antitruste

estão definitivamente consolidadas.

Nesse sentido, qual o panorama

do abuso do poder econômico?

É natural que, no sistema capitalista,

as empresas busquem sempre oti-

mizar seus resultados. Mas a teoria

econômica contemporânea, ciente

das falhas de mercado, estabelece

a importância da supervisão estatal

desse mercado. As práticas empresa-

riais ilícitas, assim, ocorrem no Brasil

como no resto do mundo capitalista.

Acontece que hoje, passados 16 anos

da promulgação da Lei de Defesa da

Concorrência, não é mais possível

que um empresário minimamente ins-

truído possa desconhecer a legislação

antitruste e suas responsabilidades

como agente econômico.

Qual a sua visão sobre a premis-

sa comumente usada de que em

tempos de crise a análise dos

atos de concentração de mercado,

como fusões e aquisições, tem de

ser mais leve?

A premissa, por si só, é falsa. É claro que

as autoridades antitruste devem con-

siderar todos os aspectos envolvidos

num determinado caso que lhes é tra-

zido a análise, mas a crise em si, como

uma realidade de mercado temporária,

não pode mudar os parâmetros da

análise antitruste. Há uma “válvula de

escape” na teoria antitruste internacio-

nal que é a chamada “defesa da firma

falimentar”. Ela afirma que, ao analisa-

rem uma operação, as autoridades an-

titruste devem levar em consideração

a incapacidade de cumprir obrigações

financeiras no curto prazo. Em outras

palavras, é a incapacidade de recupe-

ração (lei de falência), a demonstração

de esforços de boa-fé frustrados de

vender ativos e mantê-los no mercado

relevante, significando menores riscos

à concorrência. Também se considera o

fato de que, na ausência da operação,

os ativos sairiam do mercado, o que

seria ainda pior para a concorrência.

Feitas essas ressalvas, a autoridade po-

derá concluir que é preferível aprovar

a operação a homologar o desapare-

cimento de um concorrente do merca-

do, e com isso a saída de seus ativos do

mercado de atuação da empresa. Em

suma, a “defesa da firma falimentar”

pode ser utilizada a qualquer momen-

to, não somente em épocas de crise.

O CADE ainda enfrenta muitas ba-

talhas acerca de suas competên-

cias, por exemplo, para análise de

fusões entre bancos e teles?

Defendo que o CADE e o Banco Cen-

tral compartilhem competências em

relação às operações de concentra-

ção e às condutas anticompetitivas

no Sistema Financeiro Nacional. Aliás,

isso vem sendo feito, haja vista re-

cente manifestação conjunta CADE/

BACEN à AGU, em que se propunha

a análise inicial do ato de concentra-

ção pelo BACEN, no caso de suspei-

ta de risco sistêmico na operação. Se

confirmada a suspeita, o CADE não

analisaria. Caso contrário, a análise

seria de responsabilidade do CADE.

Assim, competiria exclusivamente a

nós aplicar as sanções previstas na Lei

nº 8.884/94, em relação às infrações à

ordem econômica. Já com relação ao

setor de telecomunicações, a Anatel

e o CADE convivem bem. Há, porém,

reclamações por parte de empresas e

(Continua)

Furlan afirma que a criação da Comissão de Concorrência da OAB/DF demonstra importância da matéria para a sociedade e para a advocacia

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 5: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

8 9

advogados de que a Anatel demora-

ria demasiadamente na instrução e na

análise dos processos por lá.

Quais casos julgados pelo Conse-

lho, no período em que você com-

põe o quadro do CADE, que consi-

dera mais interessante, do ponto

de vista da defesa da concorrência?

O caso do cartel dos gases e do Pro-

grama Tô Contigo da Ambev, já ci-

tados, além do Itaú-Unibanco, dos

tacógrafos (Siemens/Seva), a repro-

vação da operação Owens Corning/

Saint Gobain, todos de minha relato-

ria. Os acordos celebrados pelo CADE

em casos de conduta também foram

muito importantes, como o TCC no

caso do suposto cartel dos compres-

sores (Whirpool/Brastemp) e os três

do suposto cartel internacional das

mangueiras marítimas.

Recentemente, o CADE condenou

grandes empresas de gases. As

multas somam R$ 2,3 bilhões, o

maior valor de uma condenação já

aplicada. Como fica a questão do

pagamento desses valores?

Se as empresas recorrerem à Justiça

contra a condenação, muito prova-

velmente deverão apresentar uma

carta de fiança bancária ao Juízo para

conseguirem suspender a decisão do

CADE. Isso significará um custo pró-

ximo a 2% do valor da multa ao ano

às empresas. Se optarem por pagar a

multa, poderão tê-la parcelada. Po-

derão ainda propor um acordo, pelo

qual poderão inclusive negociar o

valor, a forma de pagamento, dentre

outros aspectos.

É frequente vermos grandes fu-

sões acontecerem, o que represen-

ta concentração de mercado. Em

tese, concorrência menor implica

em piora de serviços e aumento de

preços. O que o CADE faz para de-

fender o consumidor nesses casos?

O CADE tem sido bastante rígido em

relação aos critérios para aprovação

dessas operações. O que temos feito

é condicionar a aprovação de opera-

ções que signifiquem altas concen-

trações de mercado à redução desses

conglomerados e, até mesmo, em

alguns casos, reprovar as operações.

Qual é o papel da OAB e dos advo-

gados na defesa da concorrência?

O papel da OAB e dos advogados é

imprescindível. A boa advocacia leva

a boas decisões. A OAB/SP, tem uma

excelente comissão de concorrên-

cia, muitas atividades, seminários,

workshops, contribuições etc. A OAB/

DF acaba de criar a sua Comissão de

Concorrência, o que demonstra a im-

portância da matéria.

O que é necessário para desbu-

rocratizar o Sistema Brasileiro de

Defesa da Concorrência?

Um grande avanço seria a mudança

do atual sistema de controle posterior

de concentrações econômicas para

o controle prévio. Isso aumentaria

muito a segurança jurídica e a previ-

sibilidade das empresas. Mas tal mu-

dança exige um aumento significativo

do número de servidores atuantes no

SBDC para a efetivação do novo siste-

ma, sob pena de “a emenda ficar pior

que o soneto”. Além das mudanças

previstas no projeto de lei, há muitas

propostas internas de desburocratiza-

ção para as quais creio não ter sido

dada a devida atenção e que, ainda

que com menor impacto, poderiam

contribuir muito com a constante ta-

refa de desburocratizar. Meu antigo

chefe, o ex-ministro do Desenvolvi-

mento, Indústria e Comércio Exterior,

Luiz Fernando Furlan, sempre dizia

que a burocracia é como unha, tem

que cortar todo dia.

Com a alteração da lei de defesa

da concorrência, que mudanças

pode haver no SBDC?

A mudança para o controle prévio de

concentrações, como dito acima; a

unificação do CADE e da SDE; a mo-

dificação dos critérios de notificação

obrigatória de operações; alterações

nas regras de mandato dos membros

do CADE e outras. Não sabemos se o

novo governo irá manter o interesse

na aprovação do PL. De qualquer for-

ma, creio que as principais mudanças

poderiam ser implementadas com pe-

quenas e cirúrgicas alterações legisla-

tivas e até mesmo regulamentares.

Como a aprovação da reforma do

CADE pode influir no trabalho do

Conselho?

A mudança do atual sistema de análise

das operações pós-realização para o

sistema prévio é quase uma unanimi-

dade. Contudo, é preciso que sejamos

prudentes, pois tal mudança exigirá

um radical aumento do número de

servidores do CADE para fazer frente

às novas exigências do sistema prévio

de análise das operações. O projeto de

lei prevê a criação de 100 novos cargos

para o Conselho. Contudo, não deixa

claro como e quando, o que demanda

a anuência do Ministério do Planeja-

mento, Orçamento e Gestão.

Quais os entraves para a aprovação

da reforma do CADE no Congresso?

Creio que o debate do projeto no

Congresso é não só natural, como ne-

cessário. Os parlamentares vão apro-

fundando o seu conhecimento e, con-

sequentemente, o nível de interação,

inclusive propondo emendas para o

seu aperfeiçoamento.

DeFeSA DA cOncOrrêncIA em DIScuSSãO

Encontro discutiu as principais propostas do projeto de lei sobre o tema, que está em fase de tramitação

A defesa da concorrência é premissa fundamental para um país capitalista

moderno. A Comissão de Defe-sa da Concorrência da OAB/DF promoveu a palestra O Futuro do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). Dividida em dois painéis, abordou inicial-mente a visão geral e as principais mudanças no sistema. Em segui-da, foram apresentadas críticas e sugestões ao atual texto do Proje-to de Lei nº 6/2009.

O tema foi debatido por gente que entende. Para discutir o assunto foram convidados o subprocura-dor geral da República, Antônio Augusto Brandão de Aras, o pre-sidente do Conselho Administrati-vo de Defesa Econômica (CADE), Arthur Badin, e os advogados Tú-lio Coelho, Maurílio Monteiro e Leonardo Silva. Coordenaram os painéis os advogados Alexandre Bastos e Luciano Souza.

Na abertura, o presidente da OAB/DF, Francisco Caputo, parabeni-zou a comissão pela organização do evento, pela pertinência do tema e pela dedicação à entidade.

Para Caputo, “o direito da con-corrência é um ramo novo, que experimenta uma evolução extra-ordinária; e, mais que isso, é um campo de trabalho muito vasto”.

Durante a palestra foram apre-sentadas as principais propostas do Projeto de Lei, como estru-tura, funcionamento do sistema e condutas anticompetitivas; assim como preocupações e su-gestões para o novo texto. “O projeto é bom, mas ainda exis-tem pendências. É do que a nos-sa comissão irá tratar”, ressal-tou Alexandre Bastos.

O subprocurador geral da Repú-blica, Antônio Augusto Brandão de Aras, falou sobre a burocra-cia do sistema. “Precisamos de uma nova lei, que possa fazer fluir com rapidez, eficiência e agilidade a apreciação prévia dos atos de concentração”. So-bre o custo Brasil, ele criticou a falta de transparência na propo-sição das leis e na condução das políticas econômicas.

De acordo com Arthur Badin, o Brasil não pode perder a opor-

tunidade de melhorar suas leis e o ambiente de negócios. “Exis-te a perspectiva de o projeto ser votado ainda neste ano, após as eleições. Confiamos que com os debates de hoje a OAB reforçará o coro das diversas entidades que cobram e esperam do Congresso Nacional a aprovação definitiva dessa lei”.

O debate atraiu profissionais de diversos setores, como o especia-lista em regulação de serviços pú-blicos de telecomunicações, Luís Cláudio Santoro. “Foi abordado um tema muito atual e com gran-de impacto sobre o meio econô-mico e o ambiente concorrencial. O evento foi extremamente perti-nente”, frisou.

Mais que um encontro, a discus-são acabou sendo uma oportuni-dade para que advogados e estu-dantes participem de forma mais ativa dos assuntos em tramitação no Congresso. “Este encontro re-presenta o reingresso da Ordem nos grandes temas nacionais em tramitação”, finalizou o presiden-te da Comissão de Ensino Jurídico da OAB, Fabiano Jantália.

Foto

s: E

ugên

io N

ovae

s

Page 6: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

10 11

PAlAVRA DE ORDEM

No exercício da profissão,

o advogado penhora seu

maior patrimônio: seu nome e

seu número de inscrição

cOmPrOmISSO DO ADVOgADOJ. J. Safe CarneiroAdvogado, ex-presidente da OAB/DF

Para Safe Carneiro, o advogado que promete exercer a profissão com dignidade e independência está comprometendo a sua vida e a preservação das instituições democráticas

Foto

: div

ulga

ção

Há, sem dúvida, substancial

diferença entre compro-

misso e juramento. Na in-

terpretação do sentido das palavras

no enfoque material, observa-se que

o compromisso é mais importante

do que o juramento. O juramento é

sempre proferido em um momento

de angústia, quando, desesperan-

çado, volta-se para Deus jurando

seguir os seus preceitos para obter

uma recompensa, um milagre, a sal-

vação eterna.

O compromisso é a manifestação in-

tensa da razoabilidade. É a certeza

do raciocínio dialético conceituado

por Hegel: “a certeza verdadeira da

razão.” Compromisso e razão intera-

gem formando o conceito incerto no

“PROMETO” e ausente no “JURO”.

O texto do artigo de comando da

Lei 8.906/94 foi assim redigido:

“Prometo exercer a advocacia com

dignidade e independência, obser-

var a ética, os deveres e prerrogati-

vas profissionais e defender a Cons-

tituição, a ordem jurídica do Estado

Democrático, os direito humanos, a

justiça social, a boa aplicação das

leis, a rápida administração da jus-

tiça e o aperfeiçoamento da cultura

e das instituições jurídicas.”

Quando promete realmente exer-

cer a profissão com dignidade e

independência, o advogado está

comprometendo a sua vida. Está

afirmando que não negligenciará

com a preservação das instituições

democráticas. Que não permitirá

que se afronte o Estado de Direito.

O advogado que, além disso, pro-

mete observar a ética, vai um pou-

co à frente da promessa, já que está

envolvendo sua própria dignidade.

É preciso manter e até intensificar

a luta pelo padrão ético na advoca-

cia, pois o advogado trabalha com

todos os valores. Muitos sem con-

teúdo material, mas que envolvem

a essência da vida, com seu sistema

de amarras na prática da cidadania.

Se o advogado vai além e se prostra

diante do compromisso de defen-

der os direitos humanos, a justiça

social, a boa aplicação das leis e a

ordem jurídica do Estado Democrá-

tico será, por certo, aquele repre-

sentante que cumpriu o compro-

misso e terá procuração dos céus

para o exercício profissional nesse

mundo de meu Deus.

Ao defender a manutenção do Es-

tado de Direito, o advogado cum-

pre o seu principal papel institu-

cional, preservando as garantias

legais do cidadão, das instituições,

os interesses coletivos da socieda-

de e, por conseguinte, assegurando

as condições para o pleno exercí-

cio profissional, que é pugnar pelo

cumprimento da Lei.

Ao se compromissar, o advogado

está penhorando seu maior patri-

mônio: seu nome e seu número de

inscrição, que devem ser preserva-

dos para que mereça a confiança

da sociedade e o respeito do julga-

dor. Compromisso de tal magnitude

exige, além do preparo intelectual,

a dedicação de um verdadeiro sa-

cerdócio. Exige atenção e respeito

ao relato do cliente, com avaliação

sincera do caso sem que se escon-

dam as possibilidades de sucesso e

de fracasso.

Exige, ainda, a defesa ardorosa e

corajosa do cliente com a convic-

ção de que não existe hierarquia

nem subordinação entre advoga-

dos, magistrados e membros do

Ministério Público, embora todos

devam se tratar com considera-

ção e respeito recíprocos. Exige,

por fim, a intransigente defesa

das prerrogativas, pois se engana

quem pensa que esta ação é mera-

mente corporativa ou que se trata

de direito subjetivo próprio.

As prerrogativas do advogado

transcendem a superficialidade de

uma leitura menos objetiva, já que

sua defesa está em perfeita simbio-

se com a defesa dos direitos indi-

viduais do cidadão. Para ser fiel a

esse compromisso, é preciso que

se creia na afirmação do eminente

ex-presidente da Seção de Goiás

da Ordem dos Advogados, Dr. Fe-

licíssimo Sena, na XVII Conferência

Nacional dos Advogados:

“É indispensável criar estratégias

de sobrevivência profissional em

que a carência de meios materiais

não justifique a quebra dos valores

da dignidade humana. Para isso,

é necessária capacitação efetiva e

permanente, é preciso também que

os quantitativos de advogados se-

jam compatíveis com a demanda do

mercado de trabalho e não apenas

com a conveniência dos mercanti-

listas da educação, que se alega

profissionalizante.”

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 7: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

12 13

RECéM ChEgADOS

QuAnDO O SOnhO VIrA reAlIDADe

A alegria estampada no rosto

de Verônica Gabriela Lopes

na manhã daquela sexta-

-feira, 17 de setembro, podia ser

percebida de longe. Em frente ao au-

ditório do edifício-sede, a jovem de

25 anos fazia pose, e a amiga Rafae-

la Cândido fotografava. Verônica fez

questão de ter vários registros do dia

em que o sonho de ser advogada se

tornou realidade. Ela é um dos 180

novos advogados aprovados no Exa-

me de Ordem. A certidão de inser-

ção na OAB/DF foi entregue em três

cerimônias, realizadas na sede.

Foi um ano inteiro de estudos, depois

da formatura na faculdade. Verônica

abriu mão de fins de semana e de vá-

rios outros momentos de lazer. Após

uma reprovação no primeiro Exame

de Ordem, na segunda tentativa o es-

forço foi compensado. “É difícil pas-

sar no Exame, mas ele é necessário.

A profissão exige muito de cada um,

e é preciso mais que um bacharel em

Direito. Hoje eu tenho certeza de que

estou preparada”.

Foto

: div

ulga

ção

Desde muito cedo, a advocacia se

tornou um sonho e um objetivo a ser

alcançado. O pai de Verônica, Edewyl-

ton Wagner Soares, é advogado.

Quando criança, ela se acostumou a

acompanhá-lo em despachos nos fó-

runs. Os divertidos passeios dividiam

lugar com as bonecas na preferên-

cia da garotinha. Ela foi crescendo e

dando mais sinais de que abraçaria a

profissão. Com os irmãos mais velhos,

Asclepius e Anayra, não foi diferente.

A admiração pela profissão do pai os

levou ao curso de Direito.

Prontos para a luta

As turmas de novos advogados re-

ceberam o certidão das mãos do

presidente Francisco Caputo, do se-

cretário-geral Lincoln de Oliveira, do

diretor tesoureiro Raul Saboia e dos

conselheiros Lisa Marini dos Santos

e Iran Amaral. Como paraninfos, fo-

ram convidados nomes de destaque

na advocacia, como a presidente da

Associação Nacional das Carreiras

da Advocacia Geral da União, Nicóla

Barbosa de Azevedo da Motta, e do

ex-conselheiro da OAB/DF, Dourimar

Nunes de Moura.

Os compromissos inerentes à profissão

foram assumidos por meio do jura-

mento diante dos amigos e familiares

que lotaram o auditório da sede. A pa-

raninfa da primeira turma, Nicóla Bar-

bosa, falou sobre os desafios que serão

enfrentados. “Vocês estão começando

na profissão numa época muito dife-

rente, em que a democracia já é um

direito. Mas isso não significa que não

haverá combates. A luta é diária. Nos-

sas armas são a lei, o conhecimento ju-

rídico e as prerrogativas da profissão”.

Depois das palavras dos componentes

da mesa, os novos advogados foram

chamados a receber o certificado. No

caso de Verônica, foi um pouco dife-

rente. Além do Presidente da OAB/DF

Francisco Caputo, ela recebeu o docu-

mento que a torna uma advogada das

mãos do pai. Um forte abraço selou a

alegria de ambos diante da mesa. Com

Prontos para enfrentar os desafios da

profissão, aprovados no Exame de

Ordem recebem o certificado

de inserção na advocacia

os olhos marejados, Edewylton disse

que “este é o ápice da carreira de um

advogado. Consegui não só ser um pro-

fissional realizado, mas também passei

para os meus filhos a importância desse

trabalho. Vou ver perpetuar neles a pro-

fissão que eu tanto amo”, completou.

No encerramento, o presidente Fran-

cisco Caputo lembrou o esforço para

passar no Exame da Ordem e declarou

que este é apenas um dos vários ide-

ais pelos quais os profissionais terão

de lutar. “A vitória não é só de vocês

[novos advogados], é também dos

pais e amigos, que abdicaram de vá-

rios momentos com pessoas queridas

em nome de um ideal. Agora, vocês

estão de fato preparados para come-

çar a batalha. É uma luta para fazer

valer os direitos da sociedade, pelas

prerrogativas, pela democracia. Vocês

são os protagonistas na luta em favor

do Direito”.

Verônica Gabriela dividiu com a família e amigos a alegria de receber a tão sonhada carteira da Ordem das mãos do presidente Francisco Caputo

A certIDãO Que VeIO PArA FIcAr

Ao ingressar na Ordem, os novos advogados e estagiários recebem um documento mais seguro e protegido contra fraudes. Desde janeiro de 2010, a carteira provisória da OAB foi substitu-ída pela Certidão de Inscrição. A troca se deu em cumprimento à Resolução 1/2009, do Conselho Federal da OAB.

A intenção da mudança é proporcionar mais se-gurança, já que a carteira antiga oferecia mais chances de falsificação. Com o novo documento não existe esse problema, pois ele possui três caracterís-ticas que atestam sua legitimidade: a assinatura do presidente Caputo com reconhecimento de firma, um selo de autenticidade e marca d’água.

De acordo com o presidente da Comissão de Seleção, Antônio Alberto do Vale Cerqueira, a OAB está se empenhando em tornar a Certidão conhecida em todo o sistema judiciário e nos órgãos em que operam membros do Direito, como cartórios e delegacias. “É importante que to-dos saibam que as antigas carteiras provisórias não são mais expedidas. Agora, a Certidão de Inscrição é o documento que comprova o ingresso dos advogados e estagiários na Ordem”, ressalta Cerqueira.

Foto

: Val

ter

Zica

Page 8: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

14 15

AS IrregulArIDADeS De mAIS De

Tortura e prisões sem mandado estão entre as

ilegalidades cometidas na apuração do

assassinato do casal Villela

N o dia 31 de agosto de 2009,

o Brasil recebeu a notícia da

morte do advogado José

Guilherme Villela (73), assassinado

junto com a esposa, Maria Carvalho

Mendes Villela (69), e a empregada,

Francisca Nascimento da Silva. Eles es-

tavam desaparecidos havia três dias. A

Polícia do Distrito Federal foi chama-

da à residência do casal por parentes

que estavam preocupados com a falta

de contato. Os corpos foram encon-

trados no apartamento da família, na

quadra 113 Sul. Eles foram mortos

com cerca de 70 facadas.

Inicialmente, a então delegada ti-

tular do 1º Departamento de Polí-

cia, Martha Vargas, afirmou que a

principal hipótese da morte dos três

seria latrocínio: roubo seguido de

morte. Nos dias seguintes ao crime,

foi realizada busca e apreensão de

documentos no escritório do casal,

a fim de procurar possíveis provas

para elucidar o delito.

Uma esotérica, a vidente Rosa Ma-

ria Jaques, em setembro de 2009,

levou os policiais a três suspeitos

que estariam com a chave do apar-

tamento dos Villela. No dia 3 de

novembro, a polícia encontrou o

objeto na casa de Alex Peterson So-

ares, Rami Jalau Kaloult e Cláudio

José de Azevedo Brandão. Eles fo-

ram presos preventivamente como

suspeitos do crime. No entanto, os

agentes descobriram que a chave

havia sido “plantada” na casa. Os

acusados foram soltos em seguida.

Em abril de 2010, a polícia admi-

tiu uma falha nas investigações, já

que a chave em posse da dupla era

a mesma já encontrada em uma

perícia no local do crime. Logo,

não poderia ter saído de lá com os

supostos assassinos, nem chegado

às suas mãos sem a conivência de

um policial. A delegada Martha

Vargas foi afastada do caso após

essa descoberta e substituída por

Watson Warmling.

Em 17 de agosto deste ano, a po-

lícia prendeu temporariamente

cinco suspeitos de atrapalhar as

investigações. Entre eles estava

Adriana Villela, filha do casal as-

sassinado. Também foram detidos

o agente de polícia José Augusto

Alves, auxiliar de Martha Vargas,

CAPA

De umA InVeStIgAçãO400 DIASprimeira delegada a investigar o

caso; a ex-empregada Guiomar

Barbosa da Cunha; a vidente Rosa

Maria Jaques; e o marido dela,

João de Oliveira.

A polícia trabalha agora com a hipó-

tese de que os suspeitos atuaram em

conjunto para atrapalhar as investiga-

ções, a mando de Adriana. Foi ofe-

recida denúncia contra Adriana e as

investigações procedem para apurar

o envolvimento dos demais suspeitos.

O relacionamento difícil dela com os

pais, o esforço em conseguir um álibi

para o dia do crime e as digitais no

apartamento a colocaram como, na

visão da polícia civil, principal suspeita

do assassinato.

A OAB entra no caso

A Ordem acompanha o caso desde

a morte do casal, pelo fato de as ví-

timas serem advogados inscritos na

Seccional DF. Em junho deste ano, o

advogado de Adriana Villela, Rodrigo

Otávio Barbosa de Alencastro, entre-

gou à OAB um Memorial, no qual os

filhos do casal Villela reclamavam de

falhas no trabalho de apuração do

crime. Eles pediam, ainda, a interven-

ção da Polícia Federal nas investiga-

ções – e da OAB – para seu regular

andamento.

Acionada, a OAB/DF identificou uma

série de irregularidades nas investi-

gações conduzidas pela Polícia Civil:

prisão sem mandado judicial de três

pessoas; ferimento por objeto con-

tundente em um dos presos, o que

pode indicar tortura policial; invasão

sem ordem judicial do escritório do

casal assassinado para busca e apre-

ensão de documentos; e uso de al-

gemas em Adriana Villela, o que iria

contra súmula vinculante do Supre-

mo Tribunal Federal.

A Ordem decidiu submeter a ques-

tão à deliberação do Conselho

Pleno. No dia 2 de setembro, uma

reunião com 42 conselheiros dis-

cutiu o caso. Na ocasião, foram

analisadas as denúncias de Cláu-

dio José de Azevedo Brandão e

Alex Peterson Soares, que teriam

sido torturados por agentes da 1ª

Delegacia de Polícia (Asa Sul) para

confessarem a participação no tri-

plo homicídio. Também entrou na

pauta o pedido de intervenção

feito pelo advogado de defesa de

CAPA

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: Div

ulga

ção

Page 9: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

16 17

Para Toledo, a mais grave irregularidade é a suposta tortura contra suspeitos. “Entre outro pontos, há que se apurar se fraudaram provas em desfavor de inocentes”

Adriana Villela, contido no Memo-

rial entregue à Ordem.

O conselheiro Eduardo Toledo, de-

signado pela OAB/DF juntamente

com Sérgio Moraes para acompa-

nhar o caso, disse que a mais grave

irregularidade é a suposta tortura

contra pelo menos um dos três sus-

peitos do crime. “Entre outros pon-

tos, há que se apurar se de fato po-

liciais e terceiros fraudaram provas

em desfavor de inocentes”, disse.

Toledo explicou que a Ordem é

parte legítima interessada em toda

investigação ou inquérito em que

conste advogado como vítima ou

autor, e que não é de interesse

da instituição inocentar ou culpar

ninguém. “A Ordem não pretende

patrocinar interesses de direito in-

dividual, mas tem o lícito e justo

interesse de acompanhar as inves-

tigações. Visamos fiscalizar a legali-

dade, a transparência e a agilidade,

para que os verdadeiros culpados

sejam submetidos a julgamento”.

Outra incoerência apontada pelo re-

lator é a sucessiva falta de mandados

durante as investigações. A primeira

diz respeito à prisão de Rami, Cláudio

e Alex, em 3 de novembro de 2009.

Também foi realizada busca e apre-

ensão de documentos no escritório

do casal Vilela sem mandado judicial.

É bom ressaltar que a Lei nº 8.906/94,

que regula as funções da Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB), exige,

em seu texto, a presença de um re-

presentante da OAB no processo de

busca e apreensão realizado em es-

critórios de advocacia. Na inspeção

feita no escritório do casal Villela, se-

gundo o relator Eduardo Toledo, este

dispositivo legal foi descumprido.

Após reunião de mais de cinco horas,

em que foram debatidas as incon-

gruências do caso, o Conselho Ple-

no da entidade decidiu não pedir

a intervenção da Polícia Federal.

Segundo Guerra, a hipótese de que a morte do casal poderia estar vinculada ao exercício da advocacia ainda não foi explorada o suficiente

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: Chi

co F

erre

ira

em documento encaminhado à OAB/DF, os advogados de Adriana Villela denunciam:

• A polícia, primeiro, teria eleito Adriana como suspeita do crime para, depois, procurar provas que corroborem essa tese;

• Investigadores da Coordenação de Investigações de Crimes Contra a Vida (Corvida) teriam submetido a filha dos Villela

a “tortura psicológica”;

• Os policiais baseariam as suspeitas contra Adriana em desentendimentos eventuais e isolados dela com a mãe;

• Adriana estaria no meio de uma acirrada disputa entre a Corvida e a 1ª Delegacia (Asa Sul);

• A cliente, mesmo tendo sempre se disposto a colaborar com os agentes policiais, estaria sendo alvo de vigilância,

quando “os verdadeiros criminosos” seguiriam à solta.

(Continua)

A OAB expediu três ofícios pedindo

providências a órgãos do DF com

poder de investigação: a Procura-

doria Geral de Justiça, a Secretaria

de Segurança Pública e a Diretoria-

-Geral da Polícia Civil. Foi solicitado

à Corregedoria da Polícia Civil e ao

Ministério Público do Distrito Fede-

ral e Territórios (MPDFT) que infor-

mem as providências tomadas, até

então, para investigar as supostas

irregularidades.

O papel do Instituto dos

Advogados

Como Guilherme Vilela foi membro-

-fundador do Instituto dos Advoga-

dos e era um profissional de grande

destaque no meio do Direito, após

sua morte o Instituto dos Advoga-

dos passou a acompanhar o caso.

De acordo com o presidente da en-

tidade, Luiz Antonio Guerra, outro

fator que motivou o acompanha-

mento foi a hipótese de que a morte

de Villela e da esposa poderia estar

Page 10: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

19

PArA entenDer O cASO:José Guilherme Villela Foi o advogado que defendeu Fernando Collor

de Mello durante o processo de impeachment

no Congresso. Antes, advogou para Juscelino

Kubitschek, o presidente do Senado José Sar-

ney, Paulo Maluf e Delfim Netto.

Maria Carvalho Villela Esposa do ex-ministro, também foi encontrada

morta a facadas. Ela administrava o escritório de ad-

vocacia da família, em Brasília.

Francisca N. da Silva Empregada da família, foi morta no apartamento junto com o casal.

Adriana Villela Uma das filhas das vítimas. É considerada pela polícia a principal suspeita

do homicídio, já que tinha uma relação turbulenta com os pais e teria

estado no apartamento no dia do crime. Também é suspeita de coordenar

uma iniciativa para atrapalhar as investigações.

Martha Vargas Foi a primeira delegada responsável pelo caso. Em abril de 2010, foi afas-

tada depois que a perícia constatou que uma prova havia sido “plantada”

para incriminar dois homens.

Rosa Maria Jaques A vidente foi à polícia entregar os homens incriminados pela prova falsa.

Também foi presa, acusada de atrapalhar as investigações.

João de Oliveira Marido da vidente, foi preso temporariamente.

José Augusto Alves Policial e ex-auxiliar de Martha Vargas. Foi preso, suspeito de atrapalhar as

investigações.

Guiomar B. da Cunha Ex-empregada das vítimas, também foi detida.

ministrada pelo advogado criminalista

David Batista Teles, instrutor de ora-

tória há vinte anos e atuante no Tri-

bunal do Júri. Na segunda parte das

oficinas, mais três opções de escolha:

Gerenciamento e administração de

escritórios, Ensino Jurídico e Exame de

Ordem e Ética e Prerrogativas. A pro-

gramação de atividades do dia termi-

nará com happy hour.

No último dia do evento, debate aberto

com os presidentes das Comissões de

Apoio ao Advogado Iniciante dos Esta-

dos de Goiás, Mato Grosso, Mato Gros-

so do Sul, Tocantins e Distrito Federal.

Para encerrar o encontro, um animado

almoço de confraternização.

eleS já eStãO nO centrO DO DeBAte

CARTA AO ADVOgADO

I dade não é problema para quem

abraçou o Direito. A diferença é

que agora os mais novos come-

çam a encontrar canais para expor suas

ideias. Pela primeira vez em Brasília, os

advogados jovens do Centro-Oeste vão

se reunir para debater assuntos de in-

teresse da classe, durante o I Encontro

de Regional dos Advogados Jovens. O

evento acontecerá entre os dias 21 e 23

de outubro. A iniciativa e a organização

são de responsabilidade da Comissão

do Advogado Iniciante da OAB/DF.

A programação conta com palestras e

oficinas sobre variados temas. Oportu-

nidades no mercado de trabalho para

o advogado em início de carreira, ora-

tória, gerenciamento e administração

de escritórios e Exame de Ordem são

alguns deles. Na noite de abertura, o

palestrante escolhido foi o presidente

da OAB/DF, Francisco Caputo. Em se-

guida, o presidente da Comissão de

Apoio ao Advogado Iniciante do Con-

selho Federal da OAB, Paulo Marcon-

des Brincas, fará sua apresentação.

O segundo dia do evento começa

com a mesa-redonda Oportunida-

des do jovem advogado no mercado

de trabalho. As discussões contarão

com a participação do presidente da

Comissão de Advocacia Pública da

OAB/DF, Rommel Macedo; do presi-

dente da Comissão de Assuntos Tri-

butários da OAB/DF, Paulo Mauricio

Siqueira; do membro da Comissão

de Apoio ao Advogado Iniciante da

OAB/DF, Marcelo Turbay; e do coor-

denador de Processo Penal da ESA/

DF, Ticiano Figueiredo.

Os participantes poderão escolher

duas entre as seis oficinas oferecidas:

Processo e peticionamento eletrônico,

Advocacia nos Tribunais Superiores,

além de técnicas de Oratória, que será

Foto

: div

ulga

ção

O I Encontro de Regional dos Advogados Jovens reunirá estudantes e profissionais em início de carreira

Foto

: div

ulga

ção

18

vinculada ao exercício da advoca-

cia. “Essa é uma das suspeitas que

a polícia deve ou deveria explorar.

É uma linha de investigação que

não foi esgotada e ainda não te-

mos nenhuma resposta concreta

sobre isso”.

Guerra explicou que a entidade não

se manifesta acerca das questões

processuais, como é o caso da OAB.

Mas o IADF repudia ações abusivas

cometidas no decorrer do processo.

“Os jornais de hoje [21 de setem-

bro] mostram novamente a senhora

Adriana algemada, o que é incom-

patível com o estado democrático de

direito. É vedado o uso de algemas,

salvo quando se verificar perigo ou

resistência do suspeito, o que não é

o caso”. Ele fez questão de esclarecer

que não existe a intenção de apon-

tar culpados, mas sim de exigir que

todas as linhas de investigação sejam

levantadas e que a lei seja cumprida

na elucidação do crime.

“entre OutrOS POntOS, há Que Se APurAr Se De FAtO

POlIcIAIS e terceIrOS FrAuDArAm PrOVAS

em DeSFAVOr De InOcenteS”.

afirma eduardo toledo, conselheiro da Ordem que acompanha as investigações

Page 11: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

21

Boa parte dos profissionais

liberais não conta com pla-

nos de previdência privada.

Dados da OABPrev apontam que

cerca de 85% dos advogados não

contribuem sequer com a previdên-

cia social. Com a intenção de cul-

tivar entre os profissionais da cate-

goria a cultura de planejar o futuro,

foi criado, em 2004, o Fundo de

Pensão Multipatrocinado da Ordem

dos Advogados do Brasil, Seccional

de Minas Gerais.

A previdência complementar é uma

opção para o advogado que preten-

de poupar enquanto está no pleno

exercício de suas atividades profis-

sionais. Quando atingir determina-

da idade, ele poderá retirar o valor

acumulado durante os anos ante-

riores. Por ser um plano de contri-

buição definida, é possível estipular

o valor que será pago mensalmente

e quanto o profissional quer ter no

final das contribuições.

O Diretor Presidente da OABPrev/

OAB PREV

PArA Quem SOnhA e PlAnejA O AmAnhã

Conheça o plano de previdência complementar

dos advogados, uma boa pedida

para quem deseja um futuro

tranquilo

MG, Roberto Dias Perecini, lembra

que quanto antes o beneficiário co-

meçar a contribuir, melhores serão

os benefícios. “O tempo favorece

quem investe neste tipo de plano.

Se deixar para fazer isso aos 40

anos, por exemplo, será necessário

um maior aporte de recursos quan-

do ele determinar que não pode

mais trabalhar”, explica. E não é

só o advogado que pode ser bene-

ficiado. É possível também fazer o

plano para dependentes.

A OABPrev oferece uma série de

vantagens em relação a outros

fundos existentes no mercado. As

taxas de administração, por exem-

plo, variam entre 0,5% e 1,5% ao

ano. Outro grande atrativo é que,

ao contrário de outros planos de

previdência complementar, não é

cobrada taxa de carregamento, uti-

lizada para compensar a instituição

financeira pelas despesas com cor-

retagem e venda do plano. No caso

do OABPrev não há necessidade de

recolhimento, pois a entidade não

possui fins lucrativos. Além disso, se

o advogado já possui um plano em

outro banco, pode solicitar a trans-

ferência dos recursos.

Profissionais de qualquer região do

país podem fazer o plano de previ-

dência complementar da OAB. Os

interessados devem ligar para a cen-

tral de atendimento, no número (31)

21256400.

www.esadf.oabdf.org.br

A Escola Superior de Advocacia agora faz parte do universo da Educação aDistância, oferecendo cursos de pós-graduação e aperfeiçoamento, alémdo Curso de Formação para o Exercício da Advocacia.

Cursos de Pós-Graduação- Direito Constitucional- Direito Administrativo- Direito Processual Civil- Direito Penal e Processual Penal- Direito Eleitoral- Direito Notorial e Registral

- Administração Legal, Gestão, Marketing eFinanças de Escritórios de Advocacia

- Advocacia nos Tribunais Superiores- Oratória- Peticionamento- Português Jurídico- Prerrogativas Legais do Advogado

Cursos de Aperfeiçoamento

Educação de excelência que vai aonde você estiver!

Foto

: div

ulga

ção

Foto

: div

ulga

ção

Page 12: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

22 23

AçÃO SOCIAl

APrenDenDO cOm A cIDADAnIA

Assistência jurídica gratuita:

oportunidade para quem não pode

pagar um advogado e experiência

profissional para quem oferece

os serviços

João Felipe Carvalho é estu-

dante do 10º semestre de Di-

reito. Aos 22 anos de idade,

exerce a pleno vapor, como estagi-

ário no Núcleo de Práticas Jurídicas

da Universidade Católica de Brasília

(UCB) em Samambaia, os conheci-

mentos adquiridos em sala de aula.

A experiência enriquecedora de

João Felipe, aluno UCB, poderá ser

vivenciada por outros estudantes

no Núcleo de Assistência Judiciária

de Taguatinga, inaugurado no dia

9 de setembro pela Fundação de

Assistência Judiciária (FAJ).

O centro, operado em parceria

com a UCB, irá atender cidadãos

que não têm condições de pagar

a advogados. As entidades assina-

ram um convênio que une a FAJ e

o Núcleo de Práticas Jurídicas da

Universidade para prestar assistên-

cia jurídica gratuita a pessoas com

renda familiar mensal de até dois

salários mínimos e meio.

No novo núcleo, alunos e profes-

sores dispõem de 20 terminais de

computadores novos e com softwa-

re oficial. A estrutura instalada em

130 metros quadrados conta com

recepção, sala de espera, banheiros

e duas salas para a prestação dos

serviços. Além do atendimento à

população carente, a FAJ vai ofere-

cer cursos de capacitação e qualifi-

cação para advogados voluntários,

coordenadores e estagiários. “Esta

é, de fato, a casa do advogado, a

casa da cidadania”, afirma a vice-

-presidente da FAJ, Lúcia Bessa.

Na inauguração, o diretor tesou-

reiro da OAB/DF, Raul Saboia, dis-

se em discurso que a Ordem está

doando uma parte da sua casa à

sociedade. Segundo ele, os estu-

dantes poderão desempenhar um

papel relevante para a comunidade

local. O presidente da FAJ, Paulo

Roberto de Castro, destacou a mis-

são e as realizações da Fundação.

“Vamos proporcionar um atendi-

mento comprometido com a quali-

dade e a eficiência. Contamos com

Faço atendimento ao público há

dois anos. Sem dúvida, o estágio

colabora muito para a minha for-

mação profissional.”

Entre suas experiências no núcleo,

o júri de um acusado de homicídio

foi o que mais marcou o jovem.

“Um inocente estava preso e nós,

com a assessoria dos advogados

que compõem o núcleo de práti-

ca, conseguimos absolvê-lo”, con-

ta. “Fizemos justiça a uma família

que não tinha condições de pagar

a um advogado. Esse sentimento

gratificante é o que nos dá força

a cada dia.”

A bagagem adquirida com o es-

tágio ajudou João Felipe a definir

a área em que pretende atuar. A

experiência com as comunidades

carentes fez surgir um grande in-

teresse pela área criminal. “Uma

das funções do estágio dentro da

formação acadêmica é dar suporte

para que o estudante possa definir

em qual área quer atuar”, avalia.

“Quando começamos a estagiar,

muitas possibilidades se abrem à

nossa frente. Esta é a hora de testar

o que gostamos de fazer.”

profissionais e universitários alta-

mente capacitados”, disse Castro.

Para o professor da UCB, José

Paulo de Castro, é um orgulho

ser parceiro da OAB e da FAJ, es-

pecialmente pela função social do

núcleo. “A Universidade se propõe

a atuar de forma solidária e efetiva.

Nós vamos dar voz e vez àqueles

que não as têm”, diz. “Mais do que

a justiça com a qual os advogados

estão acostumados a lidar, aqui

pensamos e praticamos a justiça

social. Vamos oferecer cidadania.”

Evolução acadêmica

Além de praticar os conhecimen-

tos adquiridos na escola, João Fe-

lipe Carvalho é vice-presidente do

Centro Acadêmico da Faculdade

de Direito da Católica. Para ele,

atuar como profissional é uma ex-

periência de valor inestimável. “É

uma evolução acadêmica e pessoal

muito grande. Uma oportunidade

de me inteirar da realidade, pois é

assim que será o nosso trabalho.

Só neSte AnO, A FAj reAlIzOu 2.113 AtenDImentOS, cOntABIlIzADOS AtÉ O mêS De AgOStO, em tODAS AS unIDADeS. SãO QuAtrO núcleOS De AtenDImentO nO DIStrItO FeDerAl:

• Sede da OAB/DF. Atuação em Direito Civil, Família e Previdenciário;

• TJDFT, Fórum Milton Sebastião Barbosa. Atuação em Direito

Penal, Execução Penal e Direito Civil;

• Subseção de Sobradinho. Atuação em Direito

Civil, Consumidor, Família e Direito Penal;

• Casa do Advogado, Taguatinga. Atuação em todas as

áreas do Direito, com exceção da área trabalhista.

O estágio trouxe ao estudante João Felipe crescimento profissional e pessoal. “A gente aprende praticando e ainda ajuda o próximo a exercer seus direitos”

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 13: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

24 25

Foto

: div

ulga

ção

PROCESSO ElETRôNICO

O PreçO DA mODernIDADe

A conversão dos processos para

o formato digital promete vantagens ao poder Judiciário.

Mas o período de transição também

tem acarretado problemas

Para dar mais agilidade à

tramitação de processos e

maior eficácia processual, há

pouco mais de três anos foi promul-

gada a lei que instituiu o processo

eletrônico nos tribunais de todo o

Brasil. Desde então, os 92 tribu-

nais brasileiros podem converter os

processos judiciais para o formato

eletrônico. A norma também deter-

mina que todas as práticas proces-

suais, em qualquer grau de jurisdi-

ção, podem ser feitas a distância.

As vantagens advindas do novo

processo ultrapassam a agilidade.

A modernização traz com ela eco-

nomia de papel e de espaço físico,

rápido acesso aos processos e a fa-

cilidade dos advogados fazerem pe-

tições sem precisar se deslocar até

o tribunal.

Mesmo com tantos benefícios, a

virtualização dos processos vem ge-

rando problemas no dia-a-dia dos

advogados. O presidente da Co-

missão de Prerrogativas, Sandoval

Curado Jaime, reconhece que são

muitos os ganhos. Porém, neste

momento de implantação, há tam-

bém desvantagens, que ferem as

prerrogativas dos profissionais do

Direito. Ele entende que a maior

delas é a obrigação de ter que fazer

uma certificação digital para poder

acessar os processos.

Alguns tribunais dão acesso somen-

te aos processos que são causas

do próprio advogado. Se alguém

quiser contratar os serviços de um

profissional, precisará consultar

o processo dele, a petição inicial,

até mesmo para saber quanto será

cobrado de honorários e, ainda, o

nível de dificuldade da causa. Sem

analisar ações de outros advoga-

dos, fica bem mais difícil trabalhar.

“Sou a favor da virtualização, só

não acho que deva haver obrigato-

riedade de o processo ser exclusiva-

mente digital para o advogado pos-

tulante. Posso ingressar com papel

e ser informatizado lá na Justiça”,

defende.

Cada tribunal trata a implantação

do sistema eletrônico de uma for-

ma, o que torna as críticas consis-

tentes. No juizado especial, por

exemplo, de posse da certificação

digital, pode-se acessar qualquer

processo. Na Justiça Federal, não.

Ali, a certificação é individual.

“Agora, já pensou se você advo-

ga em outros Estados? É preciso

fazer uma certificação individual

em cada um deles? Isso fere a lei

8906/94 do nosso estatuto. Desde

que o processo não seja sigiloso e

não corra em segreo de justiça, ele

tem acesso. O que não pode é tirar

o processo do cartório”, explicou.

Não é só na forma de implantação

que há problemas. Dados do Conse-

lho Nacional de Justiça (CNJ) apon-

tam que a virtualização dos proces-

sos ainda está longe da ideal. Entre

as metas definidas no 3º Encontro

Nacional do Judiciário, em feverei-

ro deste ano, está a de realizar por

meio eletrônico 90% das comuni-

cações oficiais entre os órgãos do

Poder Judiciário. Dos 86 milhões

de processos que tramitam no Bra-

sil, apenas quatro milhões estão no

formato digital. Este e outros qua-

dros foram analisados no seminário

“Advocacia e Processo Eletrônico”,

realizado pelo Conselho Federal da

OAB para debater e buscar soluções

para o exercício da advocacia diante

dos desafios do processo eletrônico

e da certificação digital.

O advogado Antônio Pimentel Neto,

conselheiro de Tocantins, partici-

pou do seminário e concorda com

Curado Jaime no que diz respeito

às diferenças entre os tribunais e

entre os Estados. Nos tribunais de

Tocantins, nos quais Pimentel atua,

somente o Tribunal de Justiça tra-

balha com processo eletrônico. Já

as diferenças de um Estado para

o outro são um problema ainda

O presidente da Comissão de Prerrogativas, Sandoval Curado, reconhece as vantagens da virtualização e lembra que todo processo de transição traz complicações

O presidente da Comissão Extraordinária de Processo Eletrônico, Roberto Mariano, acredita que a capacitação seja o ponto mais importante da virtualização

maior. “Quando foi feita a implan-

tação no STJ, tivemos que compare-

cer para fazer o primeiro cadastro.

Como venho sempre a Brasília, não

tive problemas. Mas poucos podem

se deslocar para efetuar um cadas-

tro. Enquanto não houver uniformi-

zação dos tribunais, fica difícil para

a gente se situar”.

A diretora do Foro da Justiça Fede-

ral no DF, 5ª Vara do TRF-1, Daniela

Maranhão, afirma que apesar das

dificuldades enfrentadas no início,

o processo eletrônico é o presente e

o futuro. Para acompanhar a elabo-

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 14: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

26

ração e a implantação do processo

eletrônico nos tribunais e garantir

que os direitos do advogado sejam

respeitados nesse processo, a OAB

está criando a Comissão Extraordi-

nária de Processo Eletrônico.

De acordo com o presidente da Co-

missão Extraordinária de Processo

Eletrônico, Roberto Mariano, para a

OAB, o êxito está diretamente ligado

à capacitação das partes envolvidas.

O advogado Délio lins e Silva teve uma ex-periência ruim com o processo eletrônico, quando foi ao Supremo tribunal Federal (StF) impetrar um habeas corpus na tentativa de ti-rar da prisão um réu que estava detido há 102 dias em unaí (mg). lá, porém, só são aceitos processos no formato eletrônico. no entanto, não é o que a constituição prevê. A lei é clara: se um cidadão que não é advogado quiser im-petrar um habeas corpus, ele pode fazer isso escrevendo até à mão.

no caso descrito, o réu não podia passar mais tempo preso por causa de impasse burocráti-co. Délio foi orientado por uma funcionária que recebe os processos no balcão a impetrar o habeas corpus como um cidadão comum, sem a inscrição na OAB. “eu me senti um crimino-so. Fui orientado a abrir mão do meu título de advogado para conseguir o que eu pretendia. como era a liberdade do réu que estava em jogo, tive que ceder, mesmo sabendo que não estava correto o procedimento”, conta.

ele abriu um processo na comissão de Prer-rogativas e denunciou o caso ao conselho Fed-eral da OAB, que apura o ocorrido. “O processo eletrônico é algo positivo para a sociedade. mas exigir que tudo seja feito exclusivamente por meio virtual fere as prerrogativas e os di-reitos humanos”, concluiu.

Para tanto, a Escola Superior de Advo-

cacia (ESA) oferece cursos exclusivos

sobre processo eletrônico e orienta-

ção constante aos profissionais sobre

o assunto.

A OAB, inclusive, já listou suas princi-

pais metas: a unificação do processo

eletrônico; trabalhar junto ao Judici-

ário para a garantia de acesso pleno

à Justiça; assinatura eletrônica dos

advogados e preparar os profissionais

para a transição dos processos para o

formato digital.

Curado Jaime acredita que é na-

tural encontrar problemas quando

um novo sistema começa a ser im-

plantado. “Apesar dos contratem-

pos, no futuro próximo isso vai ser

uma solução. É necessário ter calma

e agir com prudência, até que o sis-

tema atinja seus objetivos de uma

forma otimizada”, finaliza.

PARTICIPE DOANDO BRINQUEDOS (NOVOS OU USADOS), QUE SERÃO ENTREGUES A CRIANÇAS CARENTES NO NATAL DE 2010

Locais de arrecadação: salas de apoio aos advogados nos Tribunais, Subseções e sede da OAB/DF (saguão do térreo e Drive Thru da garagem).

De segunda a sexta-feira até o dia 26 de novembro de 2010.

I n f o r m a ç õ e s : 3 0 3 5 - 7 2 2 1 o u 3 0 3 5 - 7 2 4 3 - e v e n t o s @ o a b d f. c o m

Direito de brincarPRODUÇÃ

O

Page 15: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

28 29

SAIBA mAIS

Foram adquiridas 150 novas

máquinas e 87 já estão em

uso nos fóruns e salas do ad-

vogado das subseções. As de-

mais estão sendo instaladas na

sede.

Para Marques, a troca das máquinas e softwares representa trabalhar conforme a razão de existir da OAB, que é a legalidade, além de ser um ganho para todos

Imagine uma instituição voltada

para a defesa do estado democráti-

co de direito e, portanto, da Cons-

tituição. Em um segundo exercício de

imaginação, vislumbre a possibilidade

de a mesma entidade permitir que sua

rede de computadores seja conectada

a partir de softwares piratas, adqui-

ridos ilegalmente. E o pior: quando o

órgão é nada menos que a Ordem dos

Advogados do Brasil, consagrado na

Constituição como representante dos

advogados? A constatação foi feita

por uma auditoria em todo o parque

computacional da OAB/DF. Verificou-

-se que, na gestão anterior, a rede

funcionava com programas piratas, o

que caracterizava ilegalidade. Além da

pirataria, os computadores estavam

ultrapassados, um complicador a mais

para os usuários no desempenho de

suas funções.

O relatório da auditoria serviu de

base para o Plano Diretor de Infor-

mática (PDI), uma novidade que mo-

dificará totalmente a informática da

Ordem. Foram adquiridas 150 novas

REDES

OrDem BAne PIrAtArIA De SeuS cOmPutADOreS

De volta à legalidade, a

Ordem elimina softwares piratas que conectavam

máquinasultrapassadas

máquinas e 87 já estão em uso nos

fóruns e nas salas do advogado das

subseções. O passo atual é a subs-

tituição dos computadores da sede.

Contente com o trabalho realizado,

o coordenador de TI da OAB/DF, Ival-

do Marques, conta que, junto com

as novas máquinas, foi comprado o

sistema operacional que substituirá

os softwares piratas. “Isso significa

que pagamos menos pela licença e

teremos softwares dentro da lega-

lidade”, afirma. Para a edição de

texto, os usuários agora dispõem do

BrOffice, um software livre que tam-

bém é usado pelo Governo Federal.

Para Marques, a troca dos compu-

tadores é inadiável. “É um dever

da OAB estar dentro da legalidade,

em especial porque trabalhamos

segundo a nossa razão máxima”.

Pensando nisso, as ações de TI não

param por aí: os softwares livres se-

rão adaptados ao serviço de cada

área da OAB. “Assim como já temos

o BrOffice, outros softwares livres

serão usados de acordo com o tra-

balho em cada setor”, acrescenta.

A relação sociedade x pirataria x

crime organizado

O cerne da questão da pirataria é

que esse é um problema socialmente

aceito. Fazer uso de um sistema ope-

racional ilegal, ter um tênis ou roupa

falsificada para alguns não parece ser

nada grave diante de outros fatos co-

tidianos, como observa o presidente

do Conselho Nacional de Combate

à Pirataria do Ministério da Justiça,

Rafael Favetti. Além disso, a falsa im-

pressão de que a pirataria é um crime

menor revela, ainda, a ausência de

consciência de uma parte sociedade

em relação às ações desse ramo do

crime organizado.

”É evidente que a pirataria não tem

nada de romântico, como alguns en-

tendem. Há certa percepção de que

é algo inocente, sem maiores conse-

quências. Só que temos informações

de que a produção e a distribuição

na pirataria são extremamente liga-

das ao crime. E junto com essa prá-

tica estão outras duas questões ter-

ríveis e difíceis de se tratar: o tráfico

internacional de pessoas e o crime

organizado. Quem é a favor da pi-

rataria acaba por incentivar práticas

abomináveis como essas”.

Advogado e professor de Direito, Fa-

vetti concorda que atos como o da

OAB/DF, que substitui uma rede pi-

rata por outra absolutamente legal,

é um bom exemplo. Não apenas para

os advogados, mas para toda a so-

ciedade. Com a imensa capacidade

que há de se obter produtos gratuitos

dentro da legalidade, essa falsa sensa-

ção de liberdade que se tinha com o

software pirata, em virtude do preço,

já não é mais real. Um dos recursos

que podem ser utilizados no combate

a pirataria é o software livre. “Hoje,

no mundo do software livre, não há

mais razão para ficar na marginalida-

de, não estamos mais na mão de mo-

nopólios. Isso pode representar uma

liberdade dentro da legalidade, pois

até pouco tempo se repetia aquele

chavão: ‘o produto do software é caro

para se ter e manter, então vou para a

ilegalidade’, completa”.

Apesar de o quadro não ser muito

animador, Favetti está otimista. Nas

suas contas, a pirataria vem caindo

no Brasil. Hoje, segundo Favetti, o

índice de uso de softwares piratas

é de 56%. Se esse percentual caísse

para 50%, já seria suficiente para

gerar U$$ 2,9 bilhões para o setor

de softwares. Seriam mais 10 mil

empregos e algo em torno de U$$

390 milhões de dólares em arreca-

dação adicional de impostos. Para

que essa meta seja concretizada, só

no ano passado foram realizadas

mais de 600 operações em todo o

país contra a pirataria de software.

“Os números mostram que o país

está conseguindo fazer sua tarefa

de casa”, assegura.

Não é difícil encontrar quem

tenha em seu computador uma

licença pirata do sistema ope-

racional ou baixe programas e

jogos sem se preocupar com a

ilegalidade. Por que pagar por

algo, se pode ter por um valor

muito menor e com as mesmas

propriedades? Dados da Asso-

ciação Brasileira das Empresas

de Software (ABES) apontam

que mais da metade dos bra-

sileiros pensam dessa forma

e usam softwares piratas em

suas máquinas. Mas uma ins-

tituição como a OAB não pode

ser conivente com esse tipo de

prática.

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 16: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

30 31

TRIBUNAIS

DF tem cIncO DOS 18 ADVOgADOS Que cOncOrrem à VAgA nO Stj

Eles integram as listas sêxtuplas

para as vagas de ministro do Tribunal reservadas

ao Quinto Constitucional

da advocacia

São candidatos com perfis e

histórias diferentes, mas já

foram selecionados numa

primeira etapa. As listas sêxtuplas

com os nomes dos advogados que

concorrem à vaga para o Superior

Tribunal de Justiça (STJ) foram vota-

das pelo Conselho Federal da OAB

no dia 12 de setembro. Serão pre-

enchidas as vagas resultantes das

aposentadorias dos ministros An-

tonio de Pádua Ribeiro, Humberto

Gomes de Barros e Nilson Naves.

Os escolhidos pelo Distrito Federal

são Alde da Costa Santos Júnior, Es-

dras Dantas de Souza, Sebastião Al-

ves dos Reis Júnior, Antônio Carlos

Ferreira e Ricardo Villas Boas Cueva,

os dois últimos com inscrição tam-

bém em São Paulo. As três listas

serão submetidas ao Plenário do

STJ, que reduzirá cada uma a três

nomes e as enviará para a indicação

final do presidente da República.

O pernambucano Alde da Cos-

ta Santos Júnior graduou-se na

Universidade de Brasília (UnB) e

exerce a função de procurador do

Estado do Rio de Janeiro em Bra-

sília, desde 1995. “O sucesso que

tive como advogado despertou

em mim a vontade de contribuir

e servir nessa Corte, em que vi-

venciei bons e maus momentos,

críticas e elogios à prestação ju-

risdicional”, recorda.

Antônio Carlos Ferreira, paulista,

ex-diretor jurídico da Caixa Econô-

mica Federal, destaca os esforços

de todos os envolvidos no processo

de votação das listas. Defende que

os candidatos, conselheiras e con-

selheiros federais deram o melhor

de si visando ao fortalecimento

do Quinto Constitucional e de sua

efetiva contribuição para a presta-

ção jurisdicional.

Já o candidato Esdras Dantas de

Souza, natural de Caicó (RN), possui

31 anos de ofício, cinco dos quais,

de 1991 a 1995, como presidente

da OAB/DF.

Sebastião Alves dos Reis Júnior é

mineiro graduado pela UnB e acre-

dita que o Quinto leva aos tribunais

a vivência da advocacia, em espe-

cial pela proximidade com a parte.

Ex-conselheiro do Conselho de Ad-

ministrativo de Defesa Econômica

(CADE), Ricardo Villas Boas Cueva

afirma estar honrado por ter sido

escolhido por meio de um processo

democrático e transparente, pois a

OAB é entidade líder da sociedade

civil, sempre empenhada na reali-

zação dos objetivos definidos no

Estatuto da Advocacia

O presidente do STJ, ministro Ari

Pargendler, convocou para o dia

9 de novembro a sessão plená-

ria que votará a composição das

listas tríplices. Os indicados pelo

presidente da República passa-

rão por sabatina na Comissão de

Constituição, Justiça e Cidadania

do Senado Federal e pela apro-

vação do Plenário da Casa, para

virem a ser nomeados.

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 17: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

32

I ENCONTROREGIONAL DOS

ADVOGADOS JOVENS

21 de outubro de 2010

22 de outubro de 2010

NOITE DE ABERTURA18h: Cadastramento dos participantes19h: Palestra de abertura com o presidente da OAB/DF Francisco Caputo20h30: Palestra com o Dr. Paulo Marcondes Brincas Conselheiro Federal

MESA-REDONDA E OFICINAS9h: Mesa-redonda - Oportunidades no mercado de trabalho

14h: OFICINAS PARTE 1• Opção 1: Processo e peticionamento eletrônico• Opção 2: Advocacia nos Tribunais Superiores• Opção 3: Oratória

16h30: OFICINAS PARTE 2• Opção 4: Gerenciamento e administração de escritórios• Opção 5: Ensino Jurídico e Exame de Ordem• Opção 6: Ética e prerrogativas da advocacia

19h: Happy hour (valor não incluso na taxa de inscrição)

23 de outubro de 2010DEBATE E FESTA DE ENCERRAMENTO9h: Debate Aberto13h: Almoço de encerramento (o valor do ingresso está incluído na taxa de inscrição)

Local: OAB/DF - 516 Norte, bloco B, lote 7 - Asa NorteInformações: (61) 3035-7221 / (61) [email protected]

Ao fazer a inscrição, o participante deve escolher as opções de ofi cinas desejadas.

• Inscrições: (15 de setembro a 15 de outubro)• Presencial: Tesouraria da OAB/DF, edifício sede• Online: Ficha de inscrição disponível no site - link OAB Jovem• Valor: R$ 60,00 - Depósito OAB/DF: Banco do Brasil• Agência: 4200-5 - conta-corrente: 221052-5

(É necessário que o depositante preencha todo o código de identifi cação (campo 02) com o número do CPF) - Deverá enviar a fi cha de inscrição e o comprovante de depósito para o e-mail: [email protected]

w w w . o a b d f . o r g . b r

PRODUÇÃ

O

Realização: Patrocínio: Apoio:

C O M I S S Ã O DE APOIO AO ADVOGADO I N I C I A N T E

Page 18: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

34 35

CóDIgO CIVIl

em BuScA DA rAPIDez cOm SegurAnçA juríDIcA

OSenado Federal pretende

votar até o fim deste ano o

projeto que dispõe sobre a

reforma do Código de Processo Civil

(CPC), que data de 1973 e está de-

satualizado. A ideia é dar mais agili-

dade ao trabalho da Justiça, a partir

de medidas como a redução da pos-

sibilidade de recursos, muitas vezes

responsáveis pela morosidade do

Judiciário. Nos corredores do Sena-

do há uma comissão de juristas que

elaborou o novo Código. O debate é

intenso, a mobilização maior ainda, e

segue um roteiro dividido em etapas.

Na primeira delas, uma comissão de

12 juristas, presidida pelo ministro do

Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz

Fux, estabeleceu 80 diretrizes para a

reforma. O relator do projeto, Valter

Pereira, ficou encarregado de prepa-

rar o anteprojeto, que agora é sub-

metido a audiências públicas. Para

tanto, foram ouvidos representantes

da magistratura estadual e da fede-

ral, dos ministérios públicos federal,

estadual e militar, da Advocacia Geral

da União, da advocacia privada e da

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

As propostas em debate para a

reforma do Código de Processo

Civil estimulam a discussão na

comunidade jurídica

é a “coletivização” das demandas. A

ideia é que litígios idênticos passem a

tramitar em conjunto nas instâncias

inferiores. Uma das ações seria es-

colhida para ser analisada, enquanto

as restantes ficariam paradas. A deci-

são dada ao “processo piloto” servi-

ria para balizar o destino das demais

ações. O presidente da Comissão da

OAB/DF que analisa o novo CPC, Caio

Leonardo, ressalta que o debate está

apenas começando. “As discussões

serão aprofundadas”

Em nome da simplicidade e da justiça

Caio Leonardo, afirma que, de modo

geral, o projeto oferece não uma

ruptura com o Código vigente, mas

uma simplificação dos procedimen-

tos, a fim de oferecer maior rapidez.

Porém, é necessário ter em mente

que não se pode ferir o direito de

defesa. “Se você tiver um processo

muito rápido, ele pode se tornar

injusto. Por exemplo, se for ouvida

uma só das partes, a prova pode não

ser feita como deve, e o juiz vai se

basear em poucos elementos para

se decidir, em vez de se basear em

todos. O que defendemos é o ali-O presidente da Comissão da OAB/DF que analisa o novo CPC, Caio Leonardo, ressalta que o debate está apenas começando. “As discussões serão aprofundadas”

nhamento de todos os artigos a esse

objetivo, que é alcançar rapidez com

respeito ao direito de defesa. Alguns

artigos do novo código não estão

alinhados”, explicou.

Os pontos em aberto a que Leonardo

se refere dizem respeito a artigos que

retardam ou tornam o processo mais

complexo, em lugar de simplificá-lo;

dão demasiado poder ao juiz, na ten-

tativa de apressar a tomada de deci-

são final.

Um exemplo prático disso é a tenta-

tiva de aproximar o modelo brasileiro

ao do common law. Nesse sistema, o

direito é criado ou aperfeiçoado pelos

juízes. Uma decisão a ser tomada em

um processo depende das decisões

adotadas em casos anteriores e afeta

o direito a ser aplicado a casos futu-

ros. No common law, quando não

existe um precedente, os juízes têm

autoridade para criar o direito, esta-

belecendo um precedente. Para Leo-

nardo, essa aproximação é perigosa.

“Por um lado, a situação daria ao juiz

papel de legislador na construção do

conteúdo da lei, mediante a introdu-

ção de várias normas em branco. Do

outro lado, ao precedente, a força

aparente de lei, com concentração

desse poder “normativo” nos tribu-

nais superiores”, expõe.

Ainda segundo ele, o amadurecimen-

to do debate tem suscitado outras

divergências. “Interesses corporativos

já estão colidindo. A definição de ho-

norários advocatícios é um caso que

divide a classe dos advogados priva-

dos e os da União. Os profissionais

privados defendem a fixação objetiva

de percentual sobre o valor da causa,

enquanto os da União se opõem a

essa fixação em causas de valor ele-

vado, em especial aquelas em que a

União é parte. Nesse debate, surgem

agora procuradores de estados e mu-

nicípios que também querem honorá-

rios fixados objetivamente, e que eles

passem a ter direito a recebê-los”.

Além desses pontos, há outros ar-

tigos que foram mal recebidos pela

comunidade jurídica, principalmente

devido à adaptação equivocada que

receberam. Confira no quadro abaixo

os pontos do novo CPC que merecem

ser reconsiderados sob o ponto de

vista da OAB.

defensoria pública.

O CPC em vigor possibilita um grande

número de recursos, o que provoca a

lentidão dos processos e congestiona

tribunais. A reforma deve racionali-

zar a tramitação dos processos sem

comprometer o direito de defesa. Os

responsáveis pela nova proposta que-

rem que o prazo médio de tramita-

ção de uma ação fique em torno de

dois anos. Para viabilizar tal agilidade,

a comissão de juristas propõe algu-

mas medidas polêmicas. Uma delas

POntOS crítIcOS DA reFOrmA SOB A VISãO DA cOmISSãO:

•Mudançaempedidoecausadepediraqualquertempo(art.314)•Tuteladeurgênciadeofício(art.284)•Tuteladeemergênciasemrequisitodeverossimilhança(art.283)•Inversãodoônusdaprova(mesmoemsentença)(art.262)•AmicusCuriae(art.320)•Excepcionalidadedorecebimentodaapelaçãocomefeitosuspensivo(art.908)•Poderesexcessivosdojuizparagestãodoprocesso(arts.107,151)•Concepçãodoincidentededemandasrepetitivas(art.985)•Admissãodeprovailícita(art.257)•Extinçãodosembargosinfringentes•Indicaçãodetestemunhasnainicialounacontestação•Impossibilidadedesubstituirtestemunhas(art.430)•Igualdadedaspartesmitigadaemcasodehipossuficiênciatécnica(art.7)•Intervençãoemempresa(art.502)•Tutelairrecorrívelemagravo(art.933)•Provaemprestada(art.260)

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 19: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

36 37

Ditadura militar, 24 de outu-

bro de 1983. Era o fim de

uma tarde chuvosa quando

os funcionários da Ordem dos Ad-

vogados do Brasil foram surpreen-

didos pela invasão do prédio sede,

que já funcionava na 516 Norte. O

presidente João Figueiredo havia

determinado o estabelecimento de

medidas de emergência no Distri-

to Federal. O general Newton Cruz

ordenou a invasão da sede da Sec-

cional do DF e interditou o edifício.

“Todo mundo saiu correndo, foi

horrível. Todos estavam atordoados,

não sabíamos como iam ficar as coi-

sas, nem quanto tempo aquela situ-

ação ia durar”.

Quem conta é Ana Fátima de Paula,

51 anos, secretária da diretoria da

Ordem. Ela não gosta de lembrar,

mas esteve nesse e em muitos ou-

tros episódios da história da OAB/

DF. Ao longo de 31 anos de traba-

lho, viu entrar e sair muita gente

e colecionou um mosaico de lem-

branças que se confundem com sua

ElES FAZEM A OAB

hIStórIA DA OAB, trAjetórIA De AnA FátImA

Ao longo de 31 anos de trabalho, a vida de Ana Fátima

se entrelaça com a luta da Ordem

pelo estado democrático de

direito

própria biografia. São muitos mo-

mentos, mas nem todos de tensão.

Ana Fátima começou a trabalhar na

Ordem em 1979, por intermédio do

irmão, João Rocha, que também

compõe a lista dos funcionários

mais antigos na OAB. A sede ainda

funcionava no Tribunal de Justiça,

onde começou tirando xérox de

processos e documentos.

Na época em que a Ordem foi trans-

ferida para a 516 Norte, na via W3

não tinha quase nada construído.

“Isso tudo aqui era só mato”, aponta

ela em direção ao fim da via. Desde

então, muita coisa mudou, e Fátima

passou por vários setores: Protocolo,

Tesouraria, Arquivo, Tribunal de Ética.

Até no consultório dentário da OAB

em Taguatinga já trabalhou.

A longa trajetória faz com que boa

parte dos advogados que hoje são

ministros e já passaram pela OAB

saibam quem é Ana Fátima. A se-

cretária os conheceu na OAB, al-

guns em momentos difíceis, e ou-

tros em pleno processo de avanço

da democracia. “Humberto Gomes

de Barros, Dacio Vieira, Sepúlveda

Pertence. Trabalhei com todos eles

e com outras pessoas”, conta com

orgulho. Quando visitam a sede da

Ordem, alguns ministros se surpre-

endem em encontrá-la até hoje.

Caminhos entrelaçados

Sua vida na OAB não foi só de resis-

tência, suor e trabalho. Ali, Fátima

conheceu o homem da sua vida, se

apaixonou e casou. Hoje, eles tra-

balham no mesmo prédio, com dois

andares de diferença. Ela é casada

há 21 anos e tem dois filhos. Débo-

ra (19) estuda terapia ocupacional

na Universidade de Brasília, e Lucas

(15) é estudante do ensino médio.

Assim como o marido, Ana Fátima

é pastora evangélica, formada em

teologia.

A secretária nunca pensou em sair

Foto

s: C

hico

Fer

reira

da Ordem para trabalhar em outro

lugar. Aliás, mesmo aposentada

por direito, optou por continuar

na labuta. “Achei que não estava

preparada para parar agora. Eu

sou muito elétrica, trabalho aqui o

dia todo, cuido da família e ainda

sou voluntária. Acho que se eu pa-

rasse seria um baque muito gran-

de. Não me vejo quieta dentro

de casa. Além do mais, eu gosto

muito da Ordem, é uma vida que

tenho aqui dentro”. Ana Fátima mostra os registros históricos da OAB/DF. Ela recorda todos aqueles momentos que também fazem parte de sua vida

Foto

s: a

cerv

o pe

ssoa

l

Page 20: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

38 39

Às 5h30 da manhã, Cristiane

Romano acorda. Meia hora

depois, já está se aquecen-

do no Jardim Botânico, onde corre,

na companhia do marido, Guilher-

me, e do treinador Albenes Francisco

Souza. Depois do aquecimento, eles

seguem correndo pelas trilhas do par-

que. Em dia de treinamento, o per-

curso é de cerca de 10 km, percorrido

em menos de uma hora. Há ainda os

exercícios específicos -- de velocidade

e potência -- para melhorar o desem-

penho da atleta nas corridas oficiais.

Às 7h ela vai embora. Toma banho,

depois o café-da-manhã com a famí-

lia e vai deixar os filhos João (12) e

Mariana (9) na escola. Às 8h30 está

no trabalho, pronta para mais um dia

de despachos.

Aos 41 a anos, éc preciso ter fô-

lego para acompanhar a rotina de

treinos, trabalho e demais afazeres.

Quatro vezes por semana, ela re-

pete esse ritual com a disciplina de

uma atleta profissional. Cris, como

é chamada, começou a correr há

hOBBy lEgAl

DIScIPlInA, FôlegO e cABeçA

A advogada-atleta Cristiane Romano corre

contra o tempo para conciliar a vida agitada e o hobby pelo qual

se apaixonou

oito anos, por incentivo do marido,

e desde então coleciona provas e

medalhas de participação. Para ela,

o bem-estar é o principal prêmio

conquistado. “Ganhei saúde men-

tal e física, além de muita discipli-

na, que é indispensável a qualquer

corredor”.

Foto

: div

ulga

ção

A advogada Cristiane Romano tem um dia agitado e cheio de trabalho. Mas é nas horas vagas que ela mostra fôlego e ritmo de fazer inveja

Cristiane acorda às 5h30 para treinar no Jardim Botânico. A disciplina e o amor à corrida renderam a ela saúde, medalhas e um currículo cheio de vitórias

Aos fins de semana, o trio ganha a

companhia de colegas no Parque

da Cidade. Eles correm com o gru-

po Papa Léguas, sob o comando do

amigo, o economista Raul Velloso.

Segundo o técnico Albenes Francisco

Sousa, durante os oito anos de trei-

namento, viu muitas mudanças no

desempenho e no comportamento

da aluna. O treinamento com o gru-

po, segundo ele, foi fundamental

para parte das mudanças. “A Cris

era uma pessoa fechada. Hoje se tor-

nou mais comunicativa e falante, e

um dos motivos se deve ao fato de

participar do grupo de corridas. Além

disso, os trabalhos de repetição que

fazemos proporcionam não só mais

disciplina, mas também maior con-

centração e mais paciência”, contou.

Albenes observa não só os aspectos

técnicos da atleta. Não poupa elogios

a Cristiane pela garra que ela mostra

ao vencer os obstáculos cotidianos em

nome da corrida. O fato de a advoga-

da ter filhos e uma profissão que cobra

muito dela poderiam servir de impedi-

mento à prática do esporte, mas ela

nunca pensou em desistir. A disciplina

e o potencial são marcas dessa advo-

gada-corredora. “É preciso muita força

de vontade para correr dessa forma. Se

a Cris tivesse mais tempo para treinar,

teria condições para disputar provas

grandes”, elogiou o técnico, que já

disputou olimpíadas e treinou vários

atletas brasileiros de ponta.

Do sedentarismo ao pódio

Para começar a fazer uma atividade

física, Cris teve que vencer a pró-

pria resistência. Ela era uma pessoa

sedentária quando decidiu come-

çar a correr. O início não foi fácil.

“A primeira corrida da minha vida

foram os quatro quilômetros que

corri no Parque da Cidade. Lembro-

-me como se fosse hoje; parecia im-

possível. A partir daí acreditei que

podia correr alguma coisa”.

Hoje, essa distância é nada para ela.

Cristiane já disputou várias marato-

nas, inclusive internacionais. Nada

menos que a Maratona da Disney e

de Buenos Aires fazem parte do seu

currículo. Para comemorar um dos

aniversários em grande estilo, correu

a Maratona de Paris. Entre as provas

que disputou, ela garante que as cor-

ridas de revezamento são fundamen-

tais para o treinamento, pois exerci-

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 21: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

40 41

Data: 8, 15, 22, 29/10 e 5 de novembro

Horário: 19h30 às 22h30

Professora: Selma Leite do Nascimento

Saverbronn de Souza

Local: Sede OAB/DF, 516 Norte

Carga Horária: 15 horas aula

Data: 6 e 7 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Zélio Maia

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 6 horas aula

O MANDADO DE SEGURANÇAÀ LUZ DA LEI 12.016/09

Data: 7, 14, 21 e 28 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Ademar Vasconcelos

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 12 horas aula

QUESTÕES PRÁTICAS DOTRIBUNAL DO JÚRI - 2ª EDIÇÃO

Data: 13 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Gáudio de Paula

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 3 horas aula

DOCUMENTOS DIGITAIS

Data: 18, 20, 25 e 27 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professora: Alessandra De La Vega

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 12 horas aula

Data: 18, 19, 21 e 22 de outubro

Horário:19h30 às 22h30

Professores: Leonardo Barreto

Valdir Alexandre Pucci

Local: Sede OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 12 horas aula

O PAPEL POLÍTICO DO STF:UMA ABORDAGEM DA CIÊNCIA POLÍTICA

Data: 18, 19, 20, 21 e 22 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Mauro Souza

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 15 horas aula

ROTINAS TRABALHISTASMÓDULO I - TEORIA

Data: 19, 21, 26, 28/10, 4 e 9

de novembro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Asdrubal Júnior

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 18 horas aula

JORNALISMO JURÍDICO

Data: 19, 23, 26, 30/10, 9, 13, 16 e 20de novembroHorário: 19h30 às 22h30 - terças-feirase aos sábados, aula externaProfessor: Cristiano NunesLocal: Sede OAB/DF, 516 NorteCarga horária: 24 horas aula

OFICINA BÁSICA DE FOTOGRAFIA

Data: 26, 27 e 28 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professor: Marcelo Paiva

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 9 horas aula

PORTUGUÊS JURÍDICO

LEI 11.340/06 (LEI "MARIA DA PENHA"):ABORDAGENS DA PRÁTICA JUDICIÁRIA

À LUZ DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL

Data: 25, 26, 27 e 28 de outubro

Horário: 19h30 às 22h30

Professora: Erika Siqueira

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 12 horas aula

ADMINISTRAÇÃO LEGAL - MANUAL DEPROCEDIMENTOS PARA ESCRITÓRIOS

DE ADVOCACIA - 2ª EDIÇÃO

Informações: (61) 3035-7292 ou 3225-5724 – [email protected]ções: www.oabdf.org.br - Cursos e Eventos – ESA/DF

CURSOS DO MÊS DE OUTUBROCURSOS DO MÊS DE OUTUBROESTATUTO DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE - ECA

Data: 19, 21 e 28 de outubro

Horário: 9h às 12h

Professor: Gáudio de Paula

Local: OAB/DF, 516 Norte

Carga horária: 9 horas aula

PROCESSO ELETRÔNICO - 5ª EDIÇÃO

tam o senso de trabalho em equipe.

Na última prova de que participou,

a XIX Corrida do Advogado, ficou

em terceiro lugar em sua categoria

Os treinos para a Maratona de Paris

foram realizados durante o horário

de verão. Aliás, este é um grande

vilão, pela hora em que ela treina.

Apesar da disposição e da coragem

de Cris, treinar pelas trilhas na mais

completa escuridão é de melindrar

qualquer mortal. A advogada conta

que foi uma maratona difícil, pois o

tempo que tem para treinar é curto.

Mais uma vez, o treinador fala do

desempenho de Cristiane. “Eu tiro o

chapéu para ela, por ter conseguido

completar a prova. Ela correu 2 km

treinando apenas uma hora por dia.

Tem que ter treino, perna e cabeça”,

disse Albenes.

O segredo para se sair bem nas pro-

vas é uma combinação de alimenta-

ção balanceada, bom sono e bastante

treino. Faça chuva, faça sol, o clima

pode estar seco, frio, quente, a ordem

é treinar. Às vezes, porém, a persis-

tência deve dar lugar à humildade.

Naqueles dias em que está muito can-

sada, é preciso reconhecer a necessi-

dade de uma pausa no treinamento.

O problema é que nem sempre isso é

possível. Aí, a cabeça, ou seja, a ra-

cionalidade, entra na pista. “O corpo

precisa de descanso, mas a disciplina é

que vai determinar se você corre hoje,

ou não”, explicou a advogada.

Existem ainda aquelas ocasiões em que

se coloca de lado a vontade de correr

para superar os seus tempos e correr

simplesmente por prazer. E é justa-

mente esse gosto pela corrida que aju-

da Cris a aliviar o estresse do trabalho

e das demais atividades do dia-a-dia e

ainda ficar de bem com o corpo e com

a mente. Para ela, correr no Jardim Bo-

tânico, em contato com a natureza, é

um privilégio. “Este lugar é abençoa-

do. Agradeço todos os dias poder ver

o dia nascer aqui, poder estar em con-

tato com os bichos, respirar ar puro”.

Cristiane se despede correndo para dar

conta do dia que já começa com disci-

plina, fôlego e cabeça.

A atleta posa junto com o Grupo Papa Léguas. Nos fins de semana, os corredores se encontram no Parque da Cidade para treinar e celebrar a paixão pelo esporte

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 22: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

42 43

TED

ÉtIcA em FOcO

Foto

s: C

hico

Fer

reira

Notificações pelo Diário Oficial

Acolhendo a orientação do Conselho

Federal da OAB e seguindo a prática

adotada naquela instância, a Direto-

ria da Seccional do DF decidiu que

as futuras notificações em processos

disciplinares serão, em regra, realiza-

das mediante publicação na Impren-

sa Oficial.

Assim, a partir da publicação da nova

resolução, o Tribunal de Ética e Dis-

ciplina da OAB/DF passará a publicar

a maioria das notificações para a in-

tervenção das partes nos processos

disciplinares, inclusive nos processos

por não pagamento de anuidades e

até para comparecimento às sessões

de julgamento.

Serão excepcionadas apenas as noti-

ficações iniciais para dar conhecimen-

to ao representado da existência de

representação e para apresentação

de defesa prévia, as notificações pes-

soais determinadas pelos relatores no

curso do processo e as notificações

às partes que não sejam ou não es-

tejam representadas por advogado.

Mas não é só. A nova regulamentação

dispensará a publicação de pauta para

julgamento de embargos de declara-

ção, exceto quando houver pedido de

efeito modificativo.

A partir de agora, observe-se, as partes

ou advogados que atuam nos proces-

sos em tramitação perante o Tribunal

de Ética e Disciplina devem acompa-

nhar as publicações pela Imprensa Ofi-

cial, bem como as informações dispo-

nibilizadas no site da OAB/DF.

Esta medida era esperada e foi muito

bem recebida por todos os integran-

tes do TED, porque dará celeridade

à tramitação dos processos, asse-

gurando maior eficiência à ação do

Tribunal, contribuindo para alcançar

o principal objetivo desta gestão: as-

segurar celeridade à tramitação dos

processos para aliviar os ombros dos

advogados injustamente representa-

dos e aplicar as penalidades cabíveis

aos que se desviaram do seu Código

de Ética no exercício da advocacia.

Incidente eleitoral gera processo

disciplinar

O incidente envolvendo ex-candidato

a governador do DF e ministro do

Supremo Tribunal Federal gerou pro-

cesso disciplinar no Tribunal de Ética

da OAB/DF. Atendendo à provocação

do presidente do Conselho Federal

da OAB, Dr. Ophir Cavalcante Júnior,

o presidente da Seccional no DF, Dr.

Francisco Queiroz Caputo Neto, de-

terminou a imediata instauração do

processo ético-disciplinar cuja rela-

toria coube ao conselheiro Dr. Lucas

Resende Rocha Júnior.

Em seu ofício, o representante solici-

ta “a apuração de eventual conduta

incompatível com o exercício da ad-

vocacia por parte de profissionais que

estariam, em tese, envolvidos em ne-

gociação de contrato que objetivava

afastar o Exmo. Sr. Ministro Ayres Brit-

to, do Supremo Tribunal Federal, do jul-

gamento do ex-governador do Distrito

Federal, Joaquim Roriz”.

A pedido do representante, o processo

foi instaurado contra todos os advo-

gados citados na conversa gravada na

sala do ex-candidato e veiculada em

vídeo pelo YouTube.

Aos representados serão asseguradas

todas as garantias do contraditório,

da ampla defesa e do devido proces-

so legal, mas o procedimento visa dar

uma resposta rápida aos advogados

brasileiros e à sociedade em geral sobre

uma conduta em tese tida como antié-

tica, uma vez que tinha como objetivo

impedir a atuação de um membro da

mais alta Corte do país em processo de

repercussão nacional.

Inscrição suplementar: bastam cin-

co ações, novas ou antigas

Todo advogado que possui mais de

cinco ações, novas ou antigas, fora da

Seccional onde tem inscrição originária,

deve providenciar a inscrição suple-

mentar na OAB/DF.

Respondendo a consulta formulada

pelo Conselho Seccional da OAB/RS, o

Conselho Federal firmou o entendimen-

to de que a intervenção judicial para fins

de caracterização do exercício habitual

da advocacia - que demande inscrição

suplementar na forma do art. 10, § 2º,

do Estatuto da Advocacia e da OAB - é

aquela caracterizada pela simples exis-

tência de cinco ações, novas ou antigas.

Boas-vindas aos novos membros

do TED

O Conselho Seccional aprovou, na últi-

ma sessão, os nomes dos novos mem-

bros do Tribunal de Ética e Disciplina, os

conselheiros seccionais Eduardo Vilhena

de Toledo, Magda Ferreira de Souza e

Rodrigo Freitas Rodrigues Alves, bem

como os advogados Lucenir Rodrigues,

Maurício Maranhão de Oliveira, Osmar

Quirino da Silva, Sônia Medeiros Andra-

de Lóssio e Sônia Rodrigues Ramos. A

todos eles o TED acolhe com alegria e

esperança e deseja profícuo trabalho.

Convite II

O Tribunal de Ética continua necessi-

tando de voluntários para servir como

advogados instrutores e dativos. São

cerca de 5.000 processos que necessi-

tam de instrução e julgamento. Trata-se

de serviço relevante para a classe. Os

requisitos são: ter boa vontade, tempo

e não estar respondendo a processos

disciplinares. Os interessados devem

procurar a Secretaria do Tribunal no ho-

rário comercial ou enviar currículo pelos

endereços: [email protected]

e [email protected].

Infrações disciplinares

Tal como anunciado na edição anterior

da Voz do Advogado, a partir desta edi-

ção o Secretário-Geral do TED, Dr. Tarley

Max, comentará de forma concisa as in-

frações disciplinares previstas no art. 34

do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei

nº 8.906/94), com o objetivo de infor-

mar colegas e estagiários das condutas

vedadas no exercício da profissão.

“Exercício ilegal da profissão” (*)

O exercício ilegal da profissão está

previsto no inciso I, do art. 34: “Cons-

titui infraçãodisciplinar: I -exercera

profissão,quandoimpedidodefazê-

-lo,oufacilitar,porqualquermeio,o

seuexercícioaosnãoinscritos,proibi-

dosouimpedidos”.

Note-se que a primeira parte do inciso

trata do impedimento, que é a proibição

parcial do exercício da advocacia (art. 27

do EAOAB). Por ele, os advogados que

são servidores da administração direta,

indireta ou fundacional não podem

advogar contra a Fazenda Pública que

os remunere ou à qual seja vinculada

a entidade empregadora, excetuados

os docentes de cursos jurídicos (art.

30, I e parágrafo único, do EAOAB). Da

mesma forma, os advogados que são

membros do Poder Legislativo, em seus

diferentes níveis, não podem militar

contra ou a favor das pessoas jurídicas

de direito público, empresas públicas,

sociedades de economia mista, funda-

ções públicas, entidades paraestatais

ou empresas concessionárias ou per-

missionárias de serviço público (art. 30,

II, do EAOAB). O advogado que sofreu

suspensão disciplinar também fica im-

pedido de exercer a profissão em todo

o território nacional, durante o cumpri-

mento da pena (art. 37, § 1º c/c art. 42,

do EAOAB).

A segunda parte, por sua vez, se di-

rige aos advogados que facilitam o

exercício da advocacia a pessoas não

inscritas, proibidas ou impedidas, ou

ainda ao incompatibilizado (art. 27,

c/c arts. 28 e 29, do EAOAB). Obser-

ve que o exercício ilegal da profissão

pode se constituir em precedente

capaz de provocar a suscitação do

incidente de inidoneidade moral (art.

8º, § 3º, do EAOAB), que, declarada,

constituirá óbice a eventual pedido

de inscrição nos quadros da OAB.

Ademais, o exercício ilegal da profissão

é tipificado como contravenção penal

(art. 47, Decreto-Lei 3.688/41), e a

OAB tem a obrigação de comunicar o

fato às autoridades competentes (art.

71, do EAOAB). Por último, lembra-se

que esta infração é passível de censura

(art. 36, I, do EAOAB), ou, em caso de

reincidência, de suspensão de 30 dias

a 12 meses (art. 37, II, do EAOAB). Se

houver agravante, multa de uma a dez

anuidades (art. 39, do EAOAB).

(*) Tarley Max da Silva – Secretário-Ge-

ral do TED/OABDF

As futuras notificações

em processos disciplinares

serão, em regra, realizadas mediante

publicação na Imprensa Oficial

Page 23: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

44 45

SUBSEçõES

IncluSãO e InVeStImentO

CEILÂNDIA

No dia 24 de setembro, advogados da cidade se reuniram em jantar

de confraternização da Subseção. Cerca de 100 pessoas participaram

do evento, que contou com a presença do conselheiro Adelvair Pêgo

Cordeiro representando o presidente Francisco Caputo.

PLANALTINA

Durante o mês de setembro, a Subseção denunciou propagandas políti-

cas irregulares ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Houve ainda a reno-

vação do equipamento de informática da sede. Os advogados da região

têm elogiado as ações da Subseção e da Seccional. Está prevista uma

reunião com o Conselho de Saúde para reivindicar melhorias na área aos

órgãos competentes.

SAMAMBAIA

Consultores do plano OABPrev estiveram em Samambaia em setembro

para tirar as dúvidas dos advogados sobre o plano de previdência para a

categoria. As palestras do “Programa OAB vai à Escola” continuam. Neste

mesmo mês, os centros de ensino de Santa Maria, Riacho Fundo, Samam-

baia e Recanto das Emas receberam o programa.

GAMA

Direito do Trabalho, Direito da Criança e do Adolescente, Ética e Cida-

dania são alguns dos temas abordados em projeto desenvolvido pela

Subseção, com alunos dos ensinos médio e fundamental da região admi-

nistrativa. A iniciativa é realizada em parceria com a Associação Nacional

dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Direção Regional de

Ensino do Gama, SESI e SESC. O objetivo é transmitir noções básicas do

Direito aos estudantes. Para isso, membros das Comissões da OAB/DF

prestam monitoria aos professores das escolas públicas e privadas que

participam do programa. A ideia da Subseção é beneficiar cada vez mais

centros de ensino.

SOBRADINHO

A sala do advogado do Fórum de Sobradinho recebeu da OAB/DF, no mês

de setembro, computadores de última geração. O espaço também irá pas-

sar por reforma geral, em breve. A Subseção de Sobradinho, juntamente

com a OAB/DF, contratou mais um funcionário para melhor atendimento

ao público.

Acompanhe aqui o trabalho das

subseções da OAB em todo o DF

TAGUATINGA

Alunos, pais e professores de escolas públicas da cidade se reuniram com

membros da OAB de Taguatinga, para discutir o tema bullying. O encontro

faz parte de um projeto da Subseção que atende a solicitações de centros

de ensino na abordagem de assuntos relevantes para a comunidade. Além

disso, a Subseção participou da inauguração de dois cartórios eleitorais,

em Ceilândia e na Cidade Estrutural.

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Foto

: Val

ter

Zica

Foto

: OA

B/D

F -

Valte

r Zi

ca

Foto

: Cris

tiano

Nun

es

Page 24: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

46 47

SUBSEçõES - ENTREVISTA

gAmA mAIS PróxImO DA POPulAçãO

A subsecção local está

empenhada em oferecer melhores

serviços aos cidadãos

Foto

s: C

hico

Fer

reira

M uitos moradores de cidades próximas a Brasília acabam tendo que percorrer grandes distâncias à pro-

cura de serviços de qualidade, principalmente quando o assunto é o acesso ao Judiciário. É exatamente

o que o vice-presidente da subseção do Gama, Almiro Cardoso Júnior, quer evitar que aconteça. Boa

parte do trabalho na subseção consiste em levar para o Gama “tudo de bom que Brasília oferece aos cidadãos”.

De acordo com ele, no Gama não existe apego à hierarquia ou ao ego com relação aos cargos, mas sim o

ideal de oferecer bom atendimento ao cidadão. Na entrevista, Cardoso falou sobre o trabalho de levar

ao advogado e à comunidade serviços de qualidade, evitando que as pessoas tenham que sair da cidade

para encontrar bons profissionais e estrutura adequada. Ele fala ainda sobre os desafios da gestão e as

metas de crescimento.

Como você chegou à subseção do

Gama?

O Tribunal Regional do Trabalho

queria tirar a Vara do Trabalho do

Gama sob o argumento de que não

havia demanda suficiente. Isso iria

prejudicar os profissionais e os es-

tudantes que fazem estágio e têm

aqui a oportunidade de fazer tudo

perto de casa, além do trabalhador,

que teria que se deslocar com as tes-

temunhas. No caso da pessoa estar

desempregada, por exemplo, a reti-

rada dificultaria o acesso do traba-

lhador ao Judiciário. Por todos esses

motivos encabecei o movimento do

“Fico”. O presidente Caputo entrou

em contato comigo e também le-

vantou essa bandeira. Deu tão certo

que a Vara continua aqui.

Quais são os maiores problemas

que atingem a classe dos advo-

gados no Gama?

O primeiro deles é a falta de união,

e isso eu acredito que não seja um

problema só daqui. Temos que aju-

dar o jovem advogado a se inse-

rir no mercado de trabalho. Se há

profissionais de renome, os clientes

vão apenas para eles, o que acaba

restringindo as oportunidades aos

recém-formados. Abrir o mercado é

até mesmo uma garantia de perpe-

tuar a profissão, já que muitas pes-

soas fazem o curso de Direito só para

passar em concurso público, o que

é ruim para a categoria. Também é

de nosso interesse valorizar o pro-

fissional do Gama e mostrar para a

população que ele é tão competente

quanto os outros.

Você acha que existe esse pensa-

mento por parte dos moradores

do Gama, de acharem que os pro-

fissionais da cidade não são tão

bons quanto os de Brasília?

Existe. Da mesma forma, há pes-

soas que procuram advogados do

Gama porque acham que os do

Valparaíso ou do Novo Gama não

são competentes. Um dos nossos

objetivos é valorizar o profissional

da cidade. A Escola Superior de

Advocacia (ESA) tem nos ajudado

muito, trazendo para as subseções

cursos de reciclagem. Para que um

profissional transmita segurança

ao cliente, tem que estar atualiza-

do. Antigamente era complicado;

depois de um dia exaustivo de tra-

balho, atravessar o DF para fazer os

cursos na sede da OAB, localizada

a 45 quilômetros do Gama. A ini-

ciativa de descentralização é um fa-

tor extremamente importante para

promover a atualização e, conse-

quentemente, mostrar que aqui te-

mos advogados competentes.

A subseção tem ações voltadas

para o público carente?

Sim. No semestre passado oferece-

mos apoio à Ação Global. No mês de

novembro haverá uma ação seme-

lhante, no estádio do Gama: uma es-

pécie de “mini Ação Global jurídica”.

Isso vai ao encontro de outra preocu-

pação: aproximar a OAB da socieda-

de. Queremos mostrar os direitos do

cidadão por meio de ações que pro-

movam a instituição como um todo,

comprovando a importância do ad-

vogado para a sociedade.

Há projetos em andamento na

cidade?

Temos um projeto único no Distrito

Federal. É um programa nacional en-

cabeçado pela Associação Nacional

dos Magistrados do Trabalho (Ana-

matra), em Brasília representada pela

Amatra. Desenvolvemos ações volta-

das ao público jovem e adolescente

para promover o Direito do Trabalho.

A iniciativa é realizada em conjunto

com escolas de ensino fundamental

e médio, que oferecem aulas extra-

curriculares sobre o tema. O papel da

OAB no projeto, que já funciona em

vários Estados do Brasil, é tirar dúvidas

e preparar o professor para responder

às questões oriundas daquele mate-

rial. Mais uma vez, isso aproxima a

instituição da sociedade e promove a

cidadania de forma pró-ativa. É uma

maneira de formar cidadãos cons-

cientes sobre seus direitos e deveres.

Outro projeto, em fase de criação, é

um site para a comunicação entre os

advogados da subseção, com fóruns

de discussão, banco de currículos.

Em todos os temas, parece clara

a ideia de trazer melhorias para

que os moradores do Gama não

precisem sair daqui.

Sim, nosso esforço se concentra nis-

so. E se estamos conseguindo, aos

poucos, alcançar nossos objetivos, é

também por causa da atual gestão

da OAB/DF, que concede determi-

nada autonomia administrativa e fi-

nanceira às subseções. Ainda não é

o ideal, mas é um bom começo. Com

isso, podemos sonhar mais longe,

sem ficarmos presos à burocracia.

E os próximos desafios?

O maior deles é reconquistar nos-

sa identidade por meio da sede do

Gama, que perdemos na gestão pas-

sada. O espaço funciona como um

local onde os advogados podem se

reunir, além de criar identidade para

a instituição, aumentando a possibili-

dade de agregar e integrar os profis-

sionais. Outro desafio é criar uma sala

para o advogado na Vara do Trabalho.

As audiências ocorrem no primeiro

andar, e o profissional tem que orien-

tar o cliente em frente à padaria ou

no meio da rua. Não existe onde tirar

xérox ou ter acesso à internet. O pro-

blema é mais grave, principalmente,

para quem vem de fora do Gama.

Fazer do Gama uma cidade com toda a infraestrutura necessária para atender as necessidades dos moradores é dos grandes objetivos da subseção segundo Almiro

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 25: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

48 49

O direito à imagem O livro trata da distinção

entre o direito à imagem

e a própria imagem, “o

duplo conteúdo”, como

se refere o autor. Arnal-

do Siqueira de Lima con-

centrou seus estudos em

uma interpretação ade-

quada desse direito, ga-

rantido, entre poucos pa-

íses do mundo, no Brasil.

Com base em análise de literatura estrangeira, especialmente

da italiana e da espanhola, o livro é recomendável a estu-

dantes e operadores do Direito que queiram se aproximar de

tema atual, ainda pouco aprofundado nacionalmente.

corrupção: fonte de injustiça e impunidadeOsmar Alves de Melo apon-

ta as principais deficiências

do Poder Judiciário nacio-

nal, condenando os privilé-

gios desfrutados pela ma-

gistratura. A obra mostra

a necessidade de reformas

para corrigir distorções de uma Justiça, segundo o autor, mar-

cada pelo corporativismo e por preconceitos de classe. Apesar

de polêmico, o livro é embasado em centenas de fatos e atos

reais, rigorosamente documentados e divulgados pela mídia,

e amparado em quase uma década de pesquisas.

curso de Direito tributárioA obra busca auxiliar o

leitor na compreensão do

Direito Tributário, trazendo

as principais regras e nor-

mas, com a apresentação

de exemplos e de alguns

conceitos históricos. Uma

coletânea de diversas situa-

ções, que transmite ao lei-

tor os verdadeiros aspectos

práticos do sistema tributário brasileiro. Também são apre-

sentados detalhes curiosos sobre a legislação, o que torna o

aprendizado mais dinâmico e interessante, permitindo refle-

xão sobre problemas atuais e suas origens.

manual Prático em consultoria tributáriaA elaboração deste manual

surgiu da ideia de oferecer

uma fonte de pesquisa

segura e facilitadora aos

operadores do Direito Tri-

butário. Neste livro são

apresentadas Soluções de

Consulta da Receita Fede-

ral do Brasil (RFB), os des-

taques da jurisprudência da Câmara Superior de Recursos

Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do

Ministério da Fazenda (CARF) e dos Tribunais Superiores, em

matéria de Direito Tributário e de caráter definitivo.

ESTANTE JURíDICA

Livro: Curso de Direito Tributário

Autor: Anis Kfouri Jr

Páginas: 487

Editora: Saraiva

Preço: R$ 81

Livro: Manual Prático em Consultoria Tributária

Coordenador: Dalton Cesar Cordeiro de Miranda

Equipe de Pesquisa: Ana P. M. Costa, Carter G. Batista,

Wagner B. V. de Oliveira e Walmir de Góis N. Filho

Páginas: 433 Editora: Fórum Preço: R$ 99

Livro: Corrupção: fonte de injustiça e impunidade

Autor: Osmar Alves de Melo

Páginas: 352

Editora: LGE

Preço: R$ 45

Livro: O direito à imagem: proteção jurídica e limites de violação

Autor: Arnaldo Siqueira de Lima

Páginas: 121

Editora: Universa

Preço: R$ 25

DAtA VenIA

COlUNA DE NOTAS/REDAçÃO

meDIAçãO e ArBItrAgem

A OAB/DF e a Câmara Previdenciária de Mediação e Arbitragem promove-

ram, no dia 20 de setembro, o I Seminário de Mediação e Arbitragem, que

reuniu advogados, estudantes e especialistas. O convidado Hélder Riesler

de Oliveira, membro do Fórum Mundial de Mediação de Conflito, analisou

o Projeto de Lei nº 4827/98. Já Gabriela Asmar, da Comissão de Mediação

de Conflitos da OAB/RJ, discutiu os princípios norteadores, as característi-

cas e as vantagens da mediação, que identificam interesses comuns entre

as partes, construindo soluções em consenso. Na oportunidade, os pales-

trantes ressaltaram a importância da ética do advogado como defensor da

liberdade e da expressão.

nOVA leI DOS cOncurSOS

A pedido da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos

(Anpac), a OAB/DF colaborou com o projeto da nova Lei dos Concursos (PL

1.627/2010). O projeto foi enviado à Câmara pelo Governo do Distrito Fede-

ral (GDF), e está em tramitação desde o dia 18 de agosto. Uma equipe de-

signada pelo presidente Francisco Caputo construiu nova proposta, com base

no projeto de autoria do deputado Chico Leite, que em 2006 foi considerado

inconstitucional pela Justiça do DF, por vício de iniciativa. Se for aprovado, o

PL definirá regras específicas para os concursos públicos, como anulação de

questões que admitem mais de uma interpretação e as que contêm erro gra-

matical que prejudica o entendimento. A norma assegura ainda que, durante

o prazo estipulado pelo edital, o candidato terá direito ao conhecimento, ao

acesso e aos esclarecimentos sobre a correção das provas.

POSSe De DeFenSOreS PúBlIcOS

O presidente da OAB/DF, Francis-co Caputo, presidiu no dia 28 de setembro a solenidade de pos-se de 17 defensores públicos do DF. “Temos de nos esforçar para transformar a sociedade e torná--la mais justa, mais plural e menos preconceituosa. Contamos com o auxílio dos que honram os qua-dros dessa entidade”, frisou. Para o diretor geral da Defensoria Pú-blica do DF, Jairo de Almeida, mais do que um advogado, o defensor público é um cidadão que vivencia com a sociedade e procura contri-buir de forma efetiva para que a vida das pessoas seja um pouco melhor. Também participaram da mesa representantes da Defenso-ria Pública da União, Afonso Pra-do; do MPDFT, Dermeval Farias; e o presidente da Associação dos Defensores Públicos do DF (Adep), Hamilton Carvalho.

cOOPerAçãO cOm A ArgentInA

A OAB/DF recebeu proposta para a criação de um convênio de cooperação com o

Colegio Público de Abogados de la Capital Federal da República Argentina. A entida-

de, situada em Buenos Aires, representa a classe naquele país. O convite foi feito pelo

advogado Bernardo Pablo Sukiennik, membro das comissões de Relações Internacionais e

de Sociedade dos Advogados. O principal objetivo do convênio é a colaboração recíproca

com intercâmbio de informações e atividades. Inicialmente deve ser criada uma comissão de coordenação, a ser

integrada por um membro titular e um suplente de cada colégio. Para Caputo, conhecer a experiência de outros

países é importante para aperfeiçoar a atuação da Ordem e a prestação de novos serviços aos advogados.

Page 26: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

50 51

Por Vicente Coelho AraújoAssociado da área contenciosa de Pinheiro Neto Advogados

StF e Stj: A PArte PODe DeSIStIr De Seu recurSO?

ARTIgO

Muito se tem feito para tentar solucionar o problema do grande número de recursos

remetidos aos tribunais superiores. Partes e advogados são dos maiores interessados nessa solução.

Em dezembro de 2008, a Corte Espe-cial do STJ decidiu , por maioria de vo-tos, que o recorrente não tem direito a desistir de recurso que tenha sido selecionado pelo Tribunal para ser o paradigma na sistemática dos recursos repetitivos (Lei 11.672/2008).

O fundamento da decisão foi o da prevalência do interesse público em se pacificar uma controvérsia repetitiva, ainda que diante do interesse da parte em desistir de seu recurso. O recorren-te argumentava, legitimamente, que o recurso selecionado não era represen-tativo de todas as variáveis da tese em questão.

Mas poderia o STJ negar à parte um direito que lhe assiste por expressa previsão legal? Seria possível fazê-lo sem declaração de inconstitucionali-dade da lei processual?

Sob o envolvente argumento da me-lhora e da maior rapidez da prestação jurisdicional, o STJ, pragmaticamente, mitigou a garantia do devido proces-so legal – instituto de taxativo amparo constitucional. É que o CPC assegura à parte o direito de desistir de seu re-curso a qualquer tempo, na dicção do

O Código de Processo Civil

assegura que o recorrente poderá, a qualquer tempo,

sem a anuência do recorrido ou

dos litisconsortes, desistir do recurso

artigo 501: “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”.

Ao fundamentar sua decisão, o STJ poderia ter declarado inconstitucio-nal esse dispositivo legal, mas não o fez. Optou por atribuir ao Tribunal competência que a própria Consti-tuição parece não lhe outorgar.

O STF também já deparou com dis-cussões sobre a possibilidade de o recorrente desistir de um recurso escolhido pelo Tribunal para ser o paradigma a resolver uma tese que se espalhara em processos por todo o país.

No entanto, mesmo em se tratando de recurso em que haja reconhecida repercussão geral, o STF decidiu re-centemente que o interesse da parte, constitucionalmente assegurado, há de ser preservado.

Em decisão plenária na sessão de 29.9.2010, o STF reafirmou seu posi-cionamento contrário ao raciocínio do STJ, ao julgar o pedido de desistência apresentado pelo ex-governador Joa-quim Roriz em recurso extraordinário que tinha por objeto o registro de sua candidatura ao governo do Distrito Federal. Nesse famoso recurso extra-ordinário, discutiam-se a constitucio-nalidade e a aplicação, já nas eleições 2010, da Lei da Ficha Limpa.

Na semana anterior, milhares de apa-relhos de televisão certamente de-ram à TV Justiça um de seus maiores picos de audiência. Em todo o Brasil, o assunto era esse. Talvez não tenha havido julgamento do STF com maior repercussão social. Ao fim de duas sessões, suspense: empate em 5 votos a 5, relativamente à possibilidade de aplicação da Lei da Ficha Limpa nas Eleições 2010.

No dia seguinte, o recorrente apresen-tou pedido de desistência de seu re-curso extraordinário. E então? O STF decidiu, por 6 votos a 4, não ser pos-sível o exame de nenhuma das teses postas naquele recurso extraordinário, embora anteriormente haja sido reco-nhecida sua repercussão geral.

Outra conclusão parece não haver se-não a de que cabe ao advogado, com seu constituinte, definir quando desis-tir de seu recurso.

O STJ, na esteira de mais uma decisão do STF, precisa retomar esse debate. Precisa considerar a possibilidade de a parte desistir do recurso escolhido como paradigma na sistemática dos recursos repetitivos, tal qual o STF o faz em relação aos casos em que se re-conhece repercussão geral. Ou decla-rar a inconstitucionalidade do artigo 501 do CPC. Homologada a desistên-cia, outro recurso adequado à solução do tema haverá de ser escolhido. Isso, sim, é prestigiar o interesse público.

Foto

: Chi

co F

erre

ira

Page 27: OAB/DF detecta irregularidades na · tra a delegada Marta Varga e o policial José Augusto Alves. ... Rogerio Marinho Leite Chaves Rommel Madeiro de Macedo Carneiro Sandoval Curado

www.oabdf.org.br