Revista da Ordem dos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal Ano 5 nº 08 Brasília, setembro de 2010
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OAB/DF detecta irregularidades na investigação do assassinato do casal Villela
400 DIAS De cOnturBADA
InVeStIgAçãO
DESTAQUES
EXPEDIENTE
Revista da Ordemdos Advogados do BrasilSeccional do Distrito Federal
SEPN, quadra 516Bloco B, lote 7 CEP 70770-525 Brasília - Distrito FederalTelefone: 61 3036-7000
EditorCamila Fernandes Maquina Public Relations
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ReportagemCamila Fernandes Rosiene Assunção Maquina Public RelationsRedação da ASCOM / OAB/DF
RevisãoAdemir Araújo Filho / OAB/DF
Foto capaChico Ferreira
FotografiaChico FerreiraValter Zica / OAB/DF
Projeto Gráfico PHD Design Gráfico
DiagramaçãoMarcello Martins
Departamento comercialRosanna Tarsitano / Fator Mídia
Tiragem28 mil exemplares
ImpressãoÊxito - Gráfica e Fotolito
Supervisão de NúcleoPricila Caied / Maquina Public Relations
Jornalista ResponsávelExpedito FilhoMaquina Public Relations
Produzida pela Maquina Public Relations.
É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Conselho da OAB/DF.
CAPATortura e prisões sem mandado
estão entre as ilegalidades
cometidas na apuração do
assassinato do casal Villela
PROCESSO DIgITAlA virtualização dos processos promete
vantagens ao Poder Judiciário,
mas o período de transição tem
acarretado diversos problemas
SEgURANçA JURíDICAPara dar maior agilidade à
tramitação de processos, está
em fase de reforma o novo
Código de Processo Civil
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tra a delegada Marta Varga e o policial
José Augusto Alves.
Não há dúvidas de que a Polícia do Dis-
trito Federal é uma das mais bem prepa-
radas e mais bem pagas do país. Diante
dos fatos, porém, o objetivo da OAB é
dar respostas à população, aos familiares
e aos amigos das vítimas. É inadmissível
que, mais de um ano após o crime, o
caso não haja sido solucionado de forma
cabal e definitiva. A cada instante surge
um novo capítulo, banalizando um dos
mais repugnantes homicídios do DF, que
vitimou um dos mais respeitados advoga-
dos do Brasil.
A Ordem quer o epílogo, o conhecimen-
to real do desenrolar dos fatos e a pu-
nição dos culpados, tanto pelas mortes
quanto pelas supostas irregularidades
cometidas no inquérito, se comprovadas.
Exigimos uma conclusão dentro da lei e
da democracia em que vivemos. E uma
punição ainda mais exemplar para os
agentes públicos que tentaram fraudar
a lei ou que não adotaram os procedi-
mentos judiciais e administrativos a que
estavam obrigados por força do cargo
que ocupavam.
Por Francisco Caputo
POr umA InVeStIgAçãO DentrO DA leI
CARTA AO ADVOgADO
Diretoria da OAB/DF Triênio 2010/2012
Presidente: Francisco Queiroz Caputo NetoVice-Presidente: Emens Pereira de SouzaSecretário-Geral: Lincoln de OliveiraSecretário-Geral Adjunto: Luís Maximiliano Leal Telesca MotaDiretor Tesoureiro: Raul Freitas Pires de Saboia Conselheiros FederaisAntenor Pereira Madruga FilhoDaniela Rodrigues TeixeiraDélio Fortes Lins e SilvaMeire Lúcia G. Monteiro Mota CoelhoRodrigo Badaro Almeida de Castro
Conselheiros SeccionaisAdelvair Pêgo CordeiroAlessandro Luiz dos ReisAndré Puppin MacedoAndré Vidigal de OliveiraAntônio Alberto do Vale CerqueiraCharles Christian Alves BiccaClaudismar ZupiroliDélio Fortes Lins e Silva JuniorEduardo de Vilhena ToledoFabiano Jantalia BarbosaFrancisca Aires de Lima LeiteFrancisco Carlos CarobaFrederico Donati BarbosaGetulio Humberto Barbosa de SáGiselle Dorneles de Oliveira Torres AvelarGuilherme Farhat de São Paulo FerrazGustavo de Castro AfonsoGustavo Gaião Torreão BrazHaroldo TotiHenrique Celso Souza CarvalhoIan Rodrigues DiasIgor Carneiro de MatosIran AmaralIves Geraldo de SouzaJoão Candido da SilvaJosé Augusto Pinto da Cunha LyraJosé Cardoso Dutra JuniorJosé Carlos de MatosJose Vieira AlvesJosefina Serra dos SantosLisa Marini Ferreira dos SantosLucas Resende Rocha JuniorMabel Gonçalves de Souza ResendeMagda Ferreira de SouzaMarcelo Jaime FerreiraMarcos Evandro Cardoso SantiMarcus Jose da Cruz PalomoMaria Claudia Azevedo de AraújoMarília Aparecida R. dos Reis GalloMoacir Akira YamakawaPaulo Mauricio Braz SiqueiraPaulo Roberto de Castro
Radam Nakai NunesReginaldo Bacci AcunhaRenato Gustavo Alves CoelhoRodrigo Fernandes de Moraes FerreiraRodrigo Freitas Rodrigues AlvesRogerio Marinho Leite ChavesRommel Madeiro de Macedo CarneiroSandoval Curado JaimeSuzana Maria D. de Abranches C.FiodTarley Max da SilvaWendell do Carmo Sant’ana
Caixa de Assistência dos Advogados - DFPresidente: Everardo R. Gueiros FilhoVice-Presidente: Luciano A. PinheiroSecretário-Geral: Gutemberg Bezerra Pereira de OliveiraSecretária-Geral Adjunta: Geusa Santana da SilvaTesoureiro: Paulo Emilio Catta Preta de GodoyDiretores Suplentes: Conceição José Macedo e Antônio Marcos da Silva
Subseções da OAB/DF
» CeilândiaPresidente: Edmilson Francisco de MenezesVice-presidente: Gerson W. de Sousa MeloSecretário-Geral: Antonio Bezerra Neto Secretário-Geral Adjunto: Mauro Júnior Pires do NascimentoTesoureiro: Jurandir Soares de Carvalho Junior » GamaPresidente: Demas Correia SoaresVice-presidente: Almiro C. Farias JúniorSecretário-Geral: Leônidas José da SilvaSecretário-Geral Adjunto: Rute Raquel Vieira Braga da SilvaTesoureiro: Cristiane Aires do Rego » PlanaltinaPresidente: Marcelo Oliveira da Almeida Vice-presidente: Mário Cézar Gonçalves de LimaSecretário-Geral: Oneida Martins RodriguesSecretária-Geral Adjunta: Edjane Rafael de Almeida Tesoureiro: Carlos Silon Rodrigues Gebrim
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Leopoldo César de Miranda Lima Filho1960-1961
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Antônio Carlos Elizalde Osório1969-1971
Moacir Belchior1971-1972
Antônio Carlos Sigmaringa Seixas1973-1975
Hamilton de Araújo e Souza1975-1977
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Maurício Corrêa1979-1987
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Francisco C. N. de Lacerda Neto1989-1991
Esdras Dantas de Souza1991-1995
Luiz Filipe Ribeiro Coelho1995-1997
J. J. Safe Carneiro1998-2003
Estefânia F. de Souza de Viveiros2004-2009
Membros vitalícios honorários - OAB/DF
O s advogados José Guilher-
me Villela e Maria Carva-
lho Villela, sua esposa, e a
doméstica da família, Francisca Nasci-
mento da Silva, foram assassinados a
facadas no dia 28 de agosto de 2009,
no apartamento do casal, na Asa Sul.
Mais de um ano depois, o caso conti-
nua sem solução, apesar de o inquérito
já ter sido concluído.
O problema que impede o desfecho está
na metodologia policial utilizada para
apurar o crime. Optou-se por um cami-
nho novelesco, eivado de esoterismo e
de irregularidades, em contraposição a
um robusto conjunto de indícios e provas
que permitem a punição dos culpados.
Na verdade, a apuração revelou uma
polícia sem rumo. Foram inúmeras as
distorções e as ilegalidades cometidas,
algumas beirando o inacreditável. Uma
vidente, por exemplo, transformou-se
na pessoa de confiança da delegada
para indicar os passos do inquérito. Se
não bastasse trilhar em direção ao des-
crédito e ao ridículo, a polícia buscou
ainda o caminho da ilegalidade: uma
prova ilícita foi plantada supostamente
para incriminar três suspeitos, um deles
com vestígios de tortura física.
As demonstrações de despreparo e des-
respeito não se esgotaram aí. A polícia
protagonizou o uso indevido de alge-
mas e a prisão sem autorização judicial.
Houve ainda busca e apreensão de docu-
mentos em escritório de advocacia sem
mandado judicial e sem a presença de
um representante da OAB.
O desenrolar dos fatos nos levou à inse-
gurança, e a Ordem dos Advogados do
Brasil, Seccional do Distrito Federal, con-
dena os desrespeitos praticados. Nossa
missão legal é defender a Constituição, a
ordem jurídica do estado democrático de
direito, os direitos humanos, a justiça so-
cial, e pugnar pela boa aplicação das leis
e pela rápida administração da Justiça.
Movida por esse espírito, por decisão de
seu Conselho, a OAB/DF buscou infor-
mações junto à Secretaria de Segurança
Pública do Distrito Federal e ao Ministério
Público do Distrito Federal e dos Territó-
rios. Prontamente, a Secretaria de Segu-
rança Pública nos informou que havia
sido aberto processo administrativo con-
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Fernando FurlanConselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
ENTREVISTA
POr um cOntrOle PrÉVIO DAS FuSÕeS De emPreSAS
Para Fernando Furlan,
conselheiro do CADE, o papel
dos advogados no direito
concorrencial é imprescindível
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: Chi
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ira
Com que intuito foi criada a ouvi-
doria do CADE?
A intenção é estimular a participação
do cidadão na fiscalização das ativi-
dades do CADE e, assim, contribuir
com o planejamento dos serviços do
Conselho. Procurei contribuir com a
minha experiência de haver, na condi-
ção de chefe de gabinete do ministro,
criado a Ouvidoria do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comér-
cio Exterior (MDIC), que está funcio-
nando muito bem. O projeto é menos
ambicioso que o do MDIC, mas é a
primeira etapa de um processo. A ou-
vidoria receberá críticas, reclamações,
denúncias e sugestões sobre práticas
U m grande avanço seria a mudança do atual sistema de controle posterior de concentrações econômicas,
defendeu Fernando Furlan, um dos principais conselheiros do CADE, Conselho Administrativo de Defe-
sa Econômica, em entrevista à Voz do Advogado. Ele observou, contudo, que uma eventual mudança
para o controle prévio implicaria a unificação do CADE com a Secretaria de Defesa Econômica do Ministério da
Justiça. Ainda durante a entrevista, Furlan ressaltou que o papel da OAB e dos advogados no direito concorren-
cial é fundamental. “A boa advocacia leva a boas decisões.”, disse. Ele também considerou importante a criação
de uma ouvidoria para fiscalizar as ações do próprio CADE. A seguir os principais trechos da entrevista:
inadequadas ou irregulares, erros,
omissões e abusos, além de elogios.
O setor também irá promover anual-
mente uma pesquisa de opinião, for-
necer subsídios para a elaboração do
Planejamento Estratégico do CADE,
instruir os usuários sobre a melhor
forma de encaminhar os pedidos e
acompanhar a tramitação, além de
manter o registro de todas as ocor-
rências, incidentes e soluções.
O que representa para a sociedade
ter um serviço como esse ofereci-
do pela ouvidoria?
Creio que seja uma forma de contribuir
com uma maior e mais direta partici-
pação dos cidadãos no planejamento
e na criação de políticas públicas e nas
atividades do Estado. É uma forma de
garantir a democracia direta.
Qual o balanço do tempo de atua-
ção que você tem junto ao CADE?
Fui procurador geral do CADE de
2001 a 2003, indicado pelo então
presidente Fernando Henrique Cardo-
so. Minha principal realização no car-
go, para a qual contei com o impres-
cindível apoio do então presidente do
Conselho, professor João Grandino
Rodas, foi a criação do setor de dívi-
da ativa. Ou seja, as multas até então
impostas pelo CADE sequer podiam
ser cobradas, administrativa ou judi-
cialmente, além da impossibilidade de
parcelá-las.
Como conselheiro, tive a oportunida-
de de contribuir relatando alguns dos
casos mais importantes nos últimos
anos. Creio que, especialmente com
as multas impostas nos casos Ambev/
Tô Contigo (programa de fidelidade
que exigia exclusividade dos bares e
restaurantes cuja multa alcançou o
valor de 352 milhões de reais) e no
caso do Cartel dos Gases (cartel re-
alizado pelas empresas do setor de
gases industriais e medicinais, cujas
multas aplicadas chegaram a 2,3 bi-
lhões de reais). Deixamos claro que a
lei é dura e deve ser cumprida, e que
o Brasil já está em um momento em
que a cultura e a legislação antitruste
estão definitivamente consolidadas.
Nesse sentido, qual o panorama
do abuso do poder econômico?
É natural que, no sistema capitalista,
as empresas busquem sempre oti-
mizar seus resultados. Mas a teoria
econômica contemporânea, ciente
das falhas de mercado, estabelece
a importância da supervisão estatal
desse mercado. As práticas empresa-
riais ilícitas, assim, ocorrem no Brasil
como no resto do mundo capitalista.
Acontece que hoje, passados 16 anos
da promulgação da Lei de Defesa da
Concorrência, não é mais possível
que um empresário minimamente ins-
truído possa desconhecer a legislação
antitruste e suas responsabilidades
como agente econômico.
Qual a sua visão sobre a premis-
sa comumente usada de que em
tempos de crise a análise dos
atos de concentração de mercado,
como fusões e aquisições, tem de
ser mais leve?
A premissa, por si só, é falsa. É claro que
as autoridades antitruste devem con-
siderar todos os aspectos envolvidos
num determinado caso que lhes é tra-
zido a análise, mas a crise em si, como
uma realidade de mercado temporária,
não pode mudar os parâmetros da
análise antitruste. Há uma “válvula de
escape” na teoria antitruste internacio-
nal que é a chamada “defesa da firma
falimentar”. Ela afirma que, ao analisa-
rem uma operação, as autoridades an-
titruste devem levar em consideração
a incapacidade de cumprir obrigações
financeiras no curto prazo. Em outras
palavras, é a incapacidade de recupe-
ração (lei de falência), a demonstração
de esforços de boa-fé frustrados de
vender ativos e mantê-los no mercado
relevante, significando menores riscos
à concorrência. Também se considera o
fato de que, na ausência da operação,
os ativos sairiam do mercado, o que
seria ainda pior para a concorrência.
Feitas essas ressalvas, a autoridade po-
derá concluir que é preferível aprovar
a operação a homologar o desapare-
cimento de um concorrente do merca-
do, e com isso a saída de seus ativos do
mercado de atuação da empresa. Em
suma, a “defesa da firma falimentar”
pode ser utilizada a qualquer momen-
to, não somente em épocas de crise.
O CADE ainda enfrenta muitas ba-
talhas acerca de suas competên-
cias, por exemplo, para análise de
fusões entre bancos e teles?
Defendo que o CADE e o Banco Cen-
tral compartilhem competências em
relação às operações de concentra-
ção e às condutas anticompetitivas
no Sistema Financeiro Nacional. Aliás,
isso vem sendo feito, haja vista re-
cente manifestação conjunta CADE/
BACEN à AGU, em que se propunha
a análise inicial do ato de concentra-
ção pelo BACEN, no caso de suspei-
ta de risco sistêmico na operação. Se
confirmada a suspeita, o CADE não
analisaria. Caso contrário, a análise
seria de responsabilidade do CADE.
Assim, competiria exclusivamente a
nós aplicar as sanções previstas na Lei
nº 8.884/94, em relação às infrações à
ordem econômica. Já com relação ao
setor de telecomunicações, a Anatel
e o CADE convivem bem. Há, porém,
reclamações por parte de empresas e
(Continua)
Furlan afirma que a criação da Comissão de Concorrência da OAB/DF demonstra importância da matéria para a sociedade e para a advocacia
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advogados de que a Anatel demora-
ria demasiadamente na instrução e na
análise dos processos por lá.
Quais casos julgados pelo Conse-
lho, no período em que você com-
põe o quadro do CADE, que consi-
dera mais interessante, do ponto
de vista da defesa da concorrência?
O caso do cartel dos gases e do Pro-
grama Tô Contigo da Ambev, já ci-
tados, além do Itaú-Unibanco, dos
tacógrafos (Siemens/Seva), a repro-
vação da operação Owens Corning/
Saint Gobain, todos de minha relato-
ria. Os acordos celebrados pelo CADE
em casos de conduta também foram
muito importantes, como o TCC no
caso do suposto cartel dos compres-
sores (Whirpool/Brastemp) e os três
do suposto cartel internacional das
mangueiras marítimas.
Recentemente, o CADE condenou
grandes empresas de gases. As
multas somam R$ 2,3 bilhões, o
maior valor de uma condenação já
aplicada. Como fica a questão do
pagamento desses valores?
Se as empresas recorrerem à Justiça
contra a condenação, muito prova-
velmente deverão apresentar uma
carta de fiança bancária ao Juízo para
conseguirem suspender a decisão do
CADE. Isso significará um custo pró-
ximo a 2% do valor da multa ao ano
às empresas. Se optarem por pagar a
multa, poderão tê-la parcelada. Po-
derão ainda propor um acordo, pelo
qual poderão inclusive negociar o
valor, a forma de pagamento, dentre
outros aspectos.
É frequente vermos grandes fu-
sões acontecerem, o que represen-
ta concentração de mercado. Em
tese, concorrência menor implica
em piora de serviços e aumento de
preços. O que o CADE faz para de-
fender o consumidor nesses casos?
O CADE tem sido bastante rígido em
relação aos critérios para aprovação
dessas operações. O que temos feito
é condicionar a aprovação de opera-
ções que signifiquem altas concen-
trações de mercado à redução desses
conglomerados e, até mesmo, em
alguns casos, reprovar as operações.
Qual é o papel da OAB e dos advo-
gados na defesa da concorrência?
O papel da OAB e dos advogados é
imprescindível. A boa advocacia leva
a boas decisões. A OAB/SP, tem uma
excelente comissão de concorrên-
cia, muitas atividades, seminários,
workshops, contribuições etc. A OAB/
DF acaba de criar a sua Comissão de
Concorrência, o que demonstra a im-
portância da matéria.
O que é necessário para desbu-
rocratizar o Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência?
Um grande avanço seria a mudança
do atual sistema de controle posterior
de concentrações econômicas para
o controle prévio. Isso aumentaria
muito a segurança jurídica e a previ-
sibilidade das empresas. Mas tal mu-
dança exige um aumento significativo
do número de servidores atuantes no
SBDC para a efetivação do novo siste-
ma, sob pena de “a emenda ficar pior
que o soneto”. Além das mudanças
previstas no projeto de lei, há muitas
propostas internas de desburocratiza-
ção para as quais creio não ter sido
dada a devida atenção e que, ainda
que com menor impacto, poderiam
contribuir muito com a constante ta-
refa de desburocratizar. Meu antigo
chefe, o ex-ministro do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior,
Luiz Fernando Furlan, sempre dizia
que a burocracia é como unha, tem
que cortar todo dia.
Com a alteração da lei de defesa
da concorrência, que mudanças
pode haver no SBDC?
A mudança para o controle prévio de
concentrações, como dito acima; a
unificação do CADE e da SDE; a mo-
dificação dos critérios de notificação
obrigatória de operações; alterações
nas regras de mandato dos membros
do CADE e outras. Não sabemos se o
novo governo irá manter o interesse
na aprovação do PL. De qualquer for-
ma, creio que as principais mudanças
poderiam ser implementadas com pe-
quenas e cirúrgicas alterações legisla-
tivas e até mesmo regulamentares.
Como a aprovação da reforma do
CADE pode influir no trabalho do
Conselho?
A mudança do atual sistema de análise
das operações pós-realização para o
sistema prévio é quase uma unanimi-
dade. Contudo, é preciso que sejamos
prudentes, pois tal mudança exigirá
um radical aumento do número de
servidores do CADE para fazer frente
às novas exigências do sistema prévio
de análise das operações. O projeto de
lei prevê a criação de 100 novos cargos
para o Conselho. Contudo, não deixa
claro como e quando, o que demanda
a anuência do Ministério do Planeja-
mento, Orçamento e Gestão.
Quais os entraves para a aprovação
da reforma do CADE no Congresso?
Creio que o debate do projeto no
Congresso é não só natural, como ne-
cessário. Os parlamentares vão apro-
fundando o seu conhecimento e, con-
sequentemente, o nível de interação,
inclusive propondo emendas para o
seu aperfeiçoamento.
DeFeSA DA cOncOrrêncIA em DIScuSSãO
Encontro discutiu as principais propostas do projeto de lei sobre o tema, que está em fase de tramitação
A defesa da concorrência é premissa fundamental para um país capitalista
moderno. A Comissão de Defe-sa da Concorrência da OAB/DF promoveu a palestra O Futuro do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). Dividida em dois painéis, abordou inicial-mente a visão geral e as principais mudanças no sistema. Em segui-da, foram apresentadas críticas e sugestões ao atual texto do Proje-to de Lei nº 6/2009.
O tema foi debatido por gente que entende. Para discutir o assunto foram convidados o subprocura-dor geral da República, Antônio Augusto Brandão de Aras, o pre-sidente do Conselho Administrati-vo de Defesa Econômica (CADE), Arthur Badin, e os advogados Tú-lio Coelho, Maurílio Monteiro e Leonardo Silva. Coordenaram os painéis os advogados Alexandre Bastos e Luciano Souza.
Na abertura, o presidente da OAB/DF, Francisco Caputo, parabeni-zou a comissão pela organização do evento, pela pertinência do tema e pela dedicação à entidade.
Para Caputo, “o direito da con-corrência é um ramo novo, que experimenta uma evolução extra-ordinária; e, mais que isso, é um campo de trabalho muito vasto”.
Durante a palestra foram apre-sentadas as principais propostas do Projeto de Lei, como estru-tura, funcionamento do sistema e condutas anticompetitivas; assim como preocupações e su-gestões para o novo texto. “O projeto é bom, mas ainda exis-tem pendências. É do que a nos-sa comissão irá tratar”, ressal-tou Alexandre Bastos.
O subprocurador geral da Repú-blica, Antônio Augusto Brandão de Aras, falou sobre a burocra-cia do sistema. “Precisamos de uma nova lei, que possa fazer fluir com rapidez, eficiência e agilidade a apreciação prévia dos atos de concentração”. So-bre o custo Brasil, ele criticou a falta de transparência na propo-sição das leis e na condução das políticas econômicas.
De acordo com Arthur Badin, o Brasil não pode perder a opor-
tunidade de melhorar suas leis e o ambiente de negócios. “Exis-te a perspectiva de o projeto ser votado ainda neste ano, após as eleições. Confiamos que com os debates de hoje a OAB reforçará o coro das diversas entidades que cobram e esperam do Congresso Nacional a aprovação definitiva dessa lei”.
O debate atraiu profissionais de diversos setores, como o especia-lista em regulação de serviços pú-blicos de telecomunicações, Luís Cláudio Santoro. “Foi abordado um tema muito atual e com gran-de impacto sobre o meio econô-mico e o ambiente concorrencial. O evento foi extremamente perti-nente”, frisou.
Mais que um encontro, a discus-são acabou sendo uma oportuni-dade para que advogados e estu-dantes participem de forma mais ativa dos assuntos em tramitação no Congresso. “Este encontro re-presenta o reingresso da Ordem nos grandes temas nacionais em tramitação”, finalizou o presiden-te da Comissão de Ensino Jurídico da OAB, Fabiano Jantália.
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PAlAVRA DE ORDEM
No exercício da profissão,
o advogado penhora seu
maior patrimônio: seu nome e
seu número de inscrição
cOmPrOmISSO DO ADVOgADOJ. J. Safe CarneiroAdvogado, ex-presidente da OAB/DF
Para Safe Carneiro, o advogado que promete exercer a profissão com dignidade e independência está comprometendo a sua vida e a preservação das instituições democráticas
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ulga
ção
Há, sem dúvida, substancial
diferença entre compro-
misso e juramento. Na in-
terpretação do sentido das palavras
no enfoque material, observa-se que
o compromisso é mais importante
do que o juramento. O juramento é
sempre proferido em um momento
de angústia, quando, desesperan-
çado, volta-se para Deus jurando
seguir os seus preceitos para obter
uma recompensa, um milagre, a sal-
vação eterna.
O compromisso é a manifestação in-
tensa da razoabilidade. É a certeza
do raciocínio dialético conceituado
por Hegel: “a certeza verdadeira da
razão.” Compromisso e razão intera-
gem formando o conceito incerto no
“PROMETO” e ausente no “JURO”.
O texto do artigo de comando da
Lei 8.906/94 foi assim redigido:
“Prometo exercer a advocacia com
dignidade e independência, obser-
var a ética, os deveres e prerrogati-
vas profissionais e defender a Cons-
tituição, a ordem jurídica do Estado
Democrático, os direito humanos, a
justiça social, a boa aplicação das
leis, a rápida administração da jus-
tiça e o aperfeiçoamento da cultura
e das instituições jurídicas.”
Quando promete realmente exer-
cer a profissão com dignidade e
independência, o advogado está
comprometendo a sua vida. Está
afirmando que não negligenciará
com a preservação das instituições
democráticas. Que não permitirá
que se afronte o Estado de Direito.
O advogado que, além disso, pro-
mete observar a ética, vai um pou-
co à frente da promessa, já que está
envolvendo sua própria dignidade.
É preciso manter e até intensificar
a luta pelo padrão ético na advoca-
cia, pois o advogado trabalha com
todos os valores. Muitos sem con-
teúdo material, mas que envolvem
a essência da vida, com seu sistema
de amarras na prática da cidadania.
Se o advogado vai além e se prostra
diante do compromisso de defen-
der os direitos humanos, a justiça
social, a boa aplicação das leis e a
ordem jurídica do Estado Democrá-
tico será, por certo, aquele repre-
sentante que cumpriu o compro-
misso e terá procuração dos céus
para o exercício profissional nesse
mundo de meu Deus.
Ao defender a manutenção do Es-
tado de Direito, o advogado cum-
pre o seu principal papel institu-
cional, preservando as garantias
legais do cidadão, das instituições,
os interesses coletivos da socieda-
de e, por conseguinte, assegurando
as condições para o pleno exercí-
cio profissional, que é pugnar pelo
cumprimento da Lei.
Ao se compromissar, o advogado
está penhorando seu maior patri-
mônio: seu nome e seu número de
inscrição, que devem ser preserva-
dos para que mereça a confiança
da sociedade e o respeito do julga-
dor. Compromisso de tal magnitude
exige, além do preparo intelectual,
a dedicação de um verdadeiro sa-
cerdócio. Exige atenção e respeito
ao relato do cliente, com avaliação
sincera do caso sem que se escon-
dam as possibilidades de sucesso e
de fracasso.
Exige, ainda, a defesa ardorosa e
corajosa do cliente com a convic-
ção de que não existe hierarquia
nem subordinação entre advoga-
dos, magistrados e membros do
Ministério Público, embora todos
devam se tratar com considera-
ção e respeito recíprocos. Exige,
por fim, a intransigente defesa
das prerrogativas, pois se engana
quem pensa que esta ação é mera-
mente corporativa ou que se trata
de direito subjetivo próprio.
As prerrogativas do advogado
transcendem a superficialidade de
uma leitura menos objetiva, já que
sua defesa está em perfeita simbio-
se com a defesa dos direitos indi-
viduais do cidadão. Para ser fiel a
esse compromisso, é preciso que
se creia na afirmação do eminente
ex-presidente da Seção de Goiás
da Ordem dos Advogados, Dr. Fe-
licíssimo Sena, na XVII Conferência
Nacional dos Advogados:
“É indispensável criar estratégias
de sobrevivência profissional em
que a carência de meios materiais
não justifique a quebra dos valores
da dignidade humana. Para isso,
é necessária capacitação efetiva e
permanente, é preciso também que
os quantitativos de advogados se-
jam compatíveis com a demanda do
mercado de trabalho e não apenas
com a conveniência dos mercanti-
listas da educação, que se alega
profissionalizante.”
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12 13
RECéM ChEgADOS
QuAnDO O SOnhO VIrA reAlIDADe
A alegria estampada no rosto
de Verônica Gabriela Lopes
na manhã daquela sexta-
-feira, 17 de setembro, podia ser
percebida de longe. Em frente ao au-
ditório do edifício-sede, a jovem de
25 anos fazia pose, e a amiga Rafae-
la Cândido fotografava. Verônica fez
questão de ter vários registros do dia
em que o sonho de ser advogada se
tornou realidade. Ela é um dos 180
novos advogados aprovados no Exa-
me de Ordem. A certidão de inser-
ção na OAB/DF foi entregue em três
cerimônias, realizadas na sede.
Foi um ano inteiro de estudos, depois
da formatura na faculdade. Verônica
abriu mão de fins de semana e de vá-
rios outros momentos de lazer. Após
uma reprovação no primeiro Exame
de Ordem, na segunda tentativa o es-
forço foi compensado. “É difícil pas-
sar no Exame, mas ele é necessário.
A profissão exige muito de cada um,
e é preciso mais que um bacharel em
Direito. Hoje eu tenho certeza de que
estou preparada”.
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Desde muito cedo, a advocacia se
tornou um sonho e um objetivo a ser
alcançado. O pai de Verônica, Edewyl-
ton Wagner Soares, é advogado.
Quando criança, ela se acostumou a
acompanhá-lo em despachos nos fó-
runs. Os divertidos passeios dividiam
lugar com as bonecas na preferên-
cia da garotinha. Ela foi crescendo e
dando mais sinais de que abraçaria a
profissão. Com os irmãos mais velhos,
Asclepius e Anayra, não foi diferente.
A admiração pela profissão do pai os
levou ao curso de Direito.
Prontos para a luta
As turmas de novos advogados re-
ceberam o certidão das mãos do
presidente Francisco Caputo, do se-
cretário-geral Lincoln de Oliveira, do
diretor tesoureiro Raul Saboia e dos
conselheiros Lisa Marini dos Santos
e Iran Amaral. Como paraninfos, fo-
ram convidados nomes de destaque
na advocacia, como a presidente da
Associação Nacional das Carreiras
da Advocacia Geral da União, Nicóla
Barbosa de Azevedo da Motta, e do
ex-conselheiro da OAB/DF, Dourimar
Nunes de Moura.
Os compromissos inerentes à profissão
foram assumidos por meio do jura-
mento diante dos amigos e familiares
que lotaram o auditório da sede. A pa-
raninfa da primeira turma, Nicóla Bar-
bosa, falou sobre os desafios que serão
enfrentados. “Vocês estão começando
na profissão numa época muito dife-
rente, em que a democracia já é um
direito. Mas isso não significa que não
haverá combates. A luta é diária. Nos-
sas armas são a lei, o conhecimento ju-
rídico e as prerrogativas da profissão”.
Depois das palavras dos componentes
da mesa, os novos advogados foram
chamados a receber o certificado. No
caso de Verônica, foi um pouco dife-
rente. Além do Presidente da OAB/DF
Francisco Caputo, ela recebeu o docu-
mento que a torna uma advogada das
mãos do pai. Um forte abraço selou a
alegria de ambos diante da mesa. Com
Prontos para enfrentar os desafios da
profissão, aprovados no Exame de
Ordem recebem o certificado
de inserção na advocacia
os olhos marejados, Edewylton disse
que “este é o ápice da carreira de um
advogado. Consegui não só ser um pro-
fissional realizado, mas também passei
para os meus filhos a importância desse
trabalho. Vou ver perpetuar neles a pro-
fissão que eu tanto amo”, completou.
No encerramento, o presidente Fran-
cisco Caputo lembrou o esforço para
passar no Exame da Ordem e declarou
que este é apenas um dos vários ide-
ais pelos quais os profissionais terão
de lutar. “A vitória não é só de vocês
[novos advogados], é também dos
pais e amigos, que abdicaram de vá-
rios momentos com pessoas queridas
em nome de um ideal. Agora, vocês
estão de fato preparados para come-
çar a batalha. É uma luta para fazer
valer os direitos da sociedade, pelas
prerrogativas, pela democracia. Vocês
são os protagonistas na luta em favor
do Direito”.
Verônica Gabriela dividiu com a família e amigos a alegria de receber a tão sonhada carteira da Ordem das mãos do presidente Francisco Caputo
A certIDãO Que VeIO PArA FIcAr
Ao ingressar na Ordem, os novos advogados e estagiários recebem um documento mais seguro e protegido contra fraudes. Desde janeiro de 2010, a carteira provisória da OAB foi substitu-ída pela Certidão de Inscrição. A troca se deu em cumprimento à Resolução 1/2009, do Conselho Federal da OAB.
A intenção da mudança é proporcionar mais se-gurança, já que a carteira antiga oferecia mais chances de falsificação. Com o novo documento não existe esse problema, pois ele possui três caracterís-ticas que atestam sua legitimidade: a assinatura do presidente Caputo com reconhecimento de firma, um selo de autenticidade e marca d’água.
De acordo com o presidente da Comissão de Seleção, Antônio Alberto do Vale Cerqueira, a OAB está se empenhando em tornar a Certidão conhecida em todo o sistema judiciário e nos órgãos em que operam membros do Direito, como cartórios e delegacias. “É importante que to-dos saibam que as antigas carteiras provisórias não são mais expedidas. Agora, a Certidão de Inscrição é o documento que comprova o ingresso dos advogados e estagiários na Ordem”, ressalta Cerqueira.
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14 15
AS IrregulArIDADeS De mAIS De
Tortura e prisões sem mandado estão entre as
ilegalidades cometidas na apuração do
assassinato do casal Villela
N o dia 31 de agosto de 2009,
o Brasil recebeu a notícia da
morte do advogado José
Guilherme Villela (73), assassinado
junto com a esposa, Maria Carvalho
Mendes Villela (69), e a empregada,
Francisca Nascimento da Silva. Eles es-
tavam desaparecidos havia três dias. A
Polícia do Distrito Federal foi chama-
da à residência do casal por parentes
que estavam preocupados com a falta
de contato. Os corpos foram encon-
trados no apartamento da família, na
quadra 113 Sul. Eles foram mortos
com cerca de 70 facadas.
Inicialmente, a então delegada ti-
tular do 1º Departamento de Polí-
cia, Martha Vargas, afirmou que a
principal hipótese da morte dos três
seria latrocínio: roubo seguido de
morte. Nos dias seguintes ao crime,
foi realizada busca e apreensão de
documentos no escritório do casal,
a fim de procurar possíveis provas
para elucidar o delito.
Uma esotérica, a vidente Rosa Ma-
ria Jaques, em setembro de 2009,
levou os policiais a três suspeitos
que estariam com a chave do apar-
tamento dos Villela. No dia 3 de
novembro, a polícia encontrou o
objeto na casa de Alex Peterson So-
ares, Rami Jalau Kaloult e Cláudio
José de Azevedo Brandão. Eles fo-
ram presos preventivamente como
suspeitos do crime. No entanto, os
agentes descobriram que a chave
havia sido “plantada” na casa. Os
acusados foram soltos em seguida.
Em abril de 2010, a polícia admi-
tiu uma falha nas investigações, já
que a chave em posse da dupla era
a mesma já encontrada em uma
perícia no local do crime. Logo,
não poderia ter saído de lá com os
supostos assassinos, nem chegado
às suas mãos sem a conivência de
um policial. A delegada Martha
Vargas foi afastada do caso após
essa descoberta e substituída por
Watson Warmling.
Em 17 de agosto deste ano, a po-
lícia prendeu temporariamente
cinco suspeitos de atrapalhar as
investigações. Entre eles estava
Adriana Villela, filha do casal as-
sassinado. Também foram detidos
o agente de polícia José Augusto
Alves, auxiliar de Martha Vargas,
CAPA
De umA InVeStIgAçãO400 DIASprimeira delegada a investigar o
caso; a ex-empregada Guiomar
Barbosa da Cunha; a vidente Rosa
Maria Jaques; e o marido dela,
João de Oliveira.
A polícia trabalha agora com a hipó-
tese de que os suspeitos atuaram em
conjunto para atrapalhar as investiga-
ções, a mando de Adriana. Foi ofe-
recida denúncia contra Adriana e as
investigações procedem para apurar
o envolvimento dos demais suspeitos.
O relacionamento difícil dela com os
pais, o esforço em conseguir um álibi
para o dia do crime e as digitais no
apartamento a colocaram como, na
visão da polícia civil, principal suspeita
do assassinato.
A OAB entra no caso
A Ordem acompanha o caso desde
a morte do casal, pelo fato de as ví-
timas serem advogados inscritos na
Seccional DF. Em junho deste ano, o
advogado de Adriana Villela, Rodrigo
Otávio Barbosa de Alencastro, entre-
gou à OAB um Memorial, no qual os
filhos do casal Villela reclamavam de
falhas no trabalho de apuração do
crime. Eles pediam, ainda, a interven-
ção da Polícia Federal nas investiga-
ções – e da OAB – para seu regular
andamento.
Acionada, a OAB/DF identificou uma
série de irregularidades nas investi-
gações conduzidas pela Polícia Civil:
prisão sem mandado judicial de três
pessoas; ferimento por objeto con-
tundente em um dos presos, o que
pode indicar tortura policial; invasão
sem ordem judicial do escritório do
casal assassinado para busca e apre-
ensão de documentos; e uso de al-
gemas em Adriana Villela, o que iria
contra súmula vinculante do Supre-
mo Tribunal Federal.
A Ordem decidiu submeter a ques-
tão à deliberação do Conselho
Pleno. No dia 2 de setembro, uma
reunião com 42 conselheiros dis-
cutiu o caso. Na ocasião, foram
analisadas as denúncias de Cláu-
dio José de Azevedo Brandão e
Alex Peterson Soares, que teriam
sido torturados por agentes da 1ª
Delegacia de Polícia (Asa Sul) para
confessarem a participação no tri-
plo homicídio. Também entrou na
pauta o pedido de intervenção
feito pelo advogado de defesa de
CAPA
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ira
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16 17
Para Toledo, a mais grave irregularidade é a suposta tortura contra suspeitos. “Entre outro pontos, há que se apurar se fraudaram provas em desfavor de inocentes”
Adriana Villela, contido no Memo-
rial entregue à Ordem.
O conselheiro Eduardo Toledo, de-
signado pela OAB/DF juntamente
com Sérgio Moraes para acompa-
nhar o caso, disse que a mais grave
irregularidade é a suposta tortura
contra pelo menos um dos três sus-
peitos do crime. “Entre outros pon-
tos, há que se apurar se de fato po-
liciais e terceiros fraudaram provas
em desfavor de inocentes”, disse.
Toledo explicou que a Ordem é
parte legítima interessada em toda
investigação ou inquérito em que
conste advogado como vítima ou
autor, e que não é de interesse
da instituição inocentar ou culpar
ninguém. “A Ordem não pretende
patrocinar interesses de direito in-
dividual, mas tem o lícito e justo
interesse de acompanhar as inves-
tigações. Visamos fiscalizar a legali-
dade, a transparência e a agilidade,
para que os verdadeiros culpados
sejam submetidos a julgamento”.
Outra incoerência apontada pelo re-
lator é a sucessiva falta de mandados
durante as investigações. A primeira
diz respeito à prisão de Rami, Cláudio
e Alex, em 3 de novembro de 2009.
Também foi realizada busca e apre-
ensão de documentos no escritório
do casal Vilela sem mandado judicial.
É bom ressaltar que a Lei nº 8.906/94,
que regula as funções da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), exige,
em seu texto, a presença de um re-
presentante da OAB no processo de
busca e apreensão realizado em es-
critórios de advocacia. Na inspeção
feita no escritório do casal Villela, se-
gundo o relator Eduardo Toledo, este
dispositivo legal foi descumprido.
Após reunião de mais de cinco horas,
em que foram debatidas as incon-
gruências do caso, o Conselho Ple-
no da entidade decidiu não pedir
a intervenção da Polícia Federal.
Segundo Guerra, a hipótese de que a morte do casal poderia estar vinculada ao exercício da advocacia ainda não foi explorada o suficiente
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em documento encaminhado à OAB/DF, os advogados de Adriana Villela denunciam:
• A polícia, primeiro, teria eleito Adriana como suspeita do crime para, depois, procurar provas que corroborem essa tese;
• Investigadores da Coordenação de Investigações de Crimes Contra a Vida (Corvida) teriam submetido a filha dos Villela
a “tortura psicológica”;
• Os policiais baseariam as suspeitas contra Adriana em desentendimentos eventuais e isolados dela com a mãe;
• Adriana estaria no meio de uma acirrada disputa entre a Corvida e a 1ª Delegacia (Asa Sul);
• A cliente, mesmo tendo sempre se disposto a colaborar com os agentes policiais, estaria sendo alvo de vigilância,
quando “os verdadeiros criminosos” seguiriam à solta.
(Continua)
A OAB expediu três ofícios pedindo
providências a órgãos do DF com
poder de investigação: a Procura-
doria Geral de Justiça, a Secretaria
de Segurança Pública e a Diretoria-
-Geral da Polícia Civil. Foi solicitado
à Corregedoria da Polícia Civil e ao
Ministério Público do Distrito Fede-
ral e Territórios (MPDFT) que infor-
mem as providências tomadas, até
então, para investigar as supostas
irregularidades.
O papel do Instituto dos
Advogados
Como Guilherme Vilela foi membro-
-fundador do Instituto dos Advoga-
dos e era um profissional de grande
destaque no meio do Direito, após
sua morte o Instituto dos Advoga-
dos passou a acompanhar o caso.
De acordo com o presidente da en-
tidade, Luiz Antonio Guerra, outro
fator que motivou o acompanha-
mento foi a hipótese de que a morte
de Villela e da esposa poderia estar
19
PArA entenDer O cASO:José Guilherme Villela Foi o advogado que defendeu Fernando Collor
de Mello durante o processo de impeachment
no Congresso. Antes, advogou para Juscelino
Kubitschek, o presidente do Senado José Sar-
ney, Paulo Maluf e Delfim Netto.
Maria Carvalho Villela Esposa do ex-ministro, também foi encontrada
morta a facadas. Ela administrava o escritório de ad-
vocacia da família, em Brasília.
Francisca N. da Silva Empregada da família, foi morta no apartamento junto com o casal.
Adriana Villela Uma das filhas das vítimas. É considerada pela polícia a principal suspeita
do homicídio, já que tinha uma relação turbulenta com os pais e teria
estado no apartamento no dia do crime. Também é suspeita de coordenar
uma iniciativa para atrapalhar as investigações.
Martha Vargas Foi a primeira delegada responsável pelo caso. Em abril de 2010, foi afas-
tada depois que a perícia constatou que uma prova havia sido “plantada”
para incriminar dois homens.
Rosa Maria Jaques A vidente foi à polícia entregar os homens incriminados pela prova falsa.
Também foi presa, acusada de atrapalhar as investigações.
João de Oliveira Marido da vidente, foi preso temporariamente.
José Augusto Alves Policial e ex-auxiliar de Martha Vargas. Foi preso, suspeito de atrapalhar as
investigações.
Guiomar B. da Cunha Ex-empregada das vítimas, também foi detida.
ministrada pelo advogado criminalista
David Batista Teles, instrutor de ora-
tória há vinte anos e atuante no Tri-
bunal do Júri. Na segunda parte das
oficinas, mais três opções de escolha:
Gerenciamento e administração de
escritórios, Ensino Jurídico e Exame de
Ordem e Ética e Prerrogativas. A pro-
gramação de atividades do dia termi-
nará com happy hour.
No último dia do evento, debate aberto
com os presidentes das Comissões de
Apoio ao Advogado Iniciante dos Esta-
dos de Goiás, Mato Grosso, Mato Gros-
so do Sul, Tocantins e Distrito Federal.
Para encerrar o encontro, um animado
almoço de confraternização.
eleS já eStãO nO centrO DO DeBAte
CARTA AO ADVOgADO
I dade não é problema para quem
abraçou o Direito. A diferença é
que agora os mais novos come-
çam a encontrar canais para expor suas
ideias. Pela primeira vez em Brasília, os
advogados jovens do Centro-Oeste vão
se reunir para debater assuntos de in-
teresse da classe, durante o I Encontro
de Regional dos Advogados Jovens. O
evento acontecerá entre os dias 21 e 23
de outubro. A iniciativa e a organização
são de responsabilidade da Comissão
do Advogado Iniciante da OAB/DF.
A programação conta com palestras e
oficinas sobre variados temas. Oportu-
nidades no mercado de trabalho para
o advogado em início de carreira, ora-
tória, gerenciamento e administração
de escritórios e Exame de Ordem são
alguns deles. Na noite de abertura, o
palestrante escolhido foi o presidente
da OAB/DF, Francisco Caputo. Em se-
guida, o presidente da Comissão de
Apoio ao Advogado Iniciante do Con-
selho Federal da OAB, Paulo Marcon-
des Brincas, fará sua apresentação.
O segundo dia do evento começa
com a mesa-redonda Oportunida-
des do jovem advogado no mercado
de trabalho. As discussões contarão
com a participação do presidente da
Comissão de Advocacia Pública da
OAB/DF, Rommel Macedo; do presi-
dente da Comissão de Assuntos Tri-
butários da OAB/DF, Paulo Mauricio
Siqueira; do membro da Comissão
de Apoio ao Advogado Iniciante da
OAB/DF, Marcelo Turbay; e do coor-
denador de Processo Penal da ESA/
DF, Ticiano Figueiredo.
Os participantes poderão escolher
duas entre as seis oficinas oferecidas:
Processo e peticionamento eletrônico,
Advocacia nos Tribunais Superiores,
além de técnicas de Oratória, que será
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O I Encontro de Regional dos Advogados Jovens reunirá estudantes e profissionais em início de carreira
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18
vinculada ao exercício da advoca-
cia. “Essa é uma das suspeitas que
a polícia deve ou deveria explorar.
É uma linha de investigação que
não foi esgotada e ainda não te-
mos nenhuma resposta concreta
sobre isso”.
Guerra explicou que a entidade não
se manifesta acerca das questões
processuais, como é o caso da OAB.
Mas o IADF repudia ações abusivas
cometidas no decorrer do processo.
“Os jornais de hoje [21 de setem-
bro] mostram novamente a senhora
Adriana algemada, o que é incom-
patível com o estado democrático de
direito. É vedado o uso de algemas,
salvo quando se verificar perigo ou
resistência do suspeito, o que não é
o caso”. Ele fez questão de esclarecer
que não existe a intenção de apon-
tar culpados, mas sim de exigir que
todas as linhas de investigação sejam
levantadas e que a lei seja cumprida
na elucidação do crime.
“entre OutrOS POntOS, há Que Se APurAr Se De FAtO
POlIcIAIS e terceIrOS FrAuDArAm PrOVAS
em DeSFAVOr De InOcenteS”.
afirma eduardo toledo, conselheiro da Ordem que acompanha as investigações
21
Boa parte dos profissionais
liberais não conta com pla-
nos de previdência privada.
Dados da OABPrev apontam que
cerca de 85% dos advogados não
contribuem sequer com a previdên-
cia social. Com a intenção de cul-
tivar entre os profissionais da cate-
goria a cultura de planejar o futuro,
foi criado, em 2004, o Fundo de
Pensão Multipatrocinado da Ordem
dos Advogados do Brasil, Seccional
de Minas Gerais.
A previdência complementar é uma
opção para o advogado que preten-
de poupar enquanto está no pleno
exercício de suas atividades profis-
sionais. Quando atingir determina-
da idade, ele poderá retirar o valor
acumulado durante os anos ante-
riores. Por ser um plano de contri-
buição definida, é possível estipular
o valor que será pago mensalmente
e quanto o profissional quer ter no
final das contribuições.
O Diretor Presidente da OABPrev/
OAB PREV
PArA Quem SOnhA e PlAnejA O AmAnhã
Conheça o plano de previdência complementar
dos advogados, uma boa pedida
para quem deseja um futuro
tranquilo
MG, Roberto Dias Perecini, lembra
que quanto antes o beneficiário co-
meçar a contribuir, melhores serão
os benefícios. “O tempo favorece
quem investe neste tipo de plano.
Se deixar para fazer isso aos 40
anos, por exemplo, será necessário
um maior aporte de recursos quan-
do ele determinar que não pode
mais trabalhar”, explica. E não é
só o advogado que pode ser bene-
ficiado. É possível também fazer o
plano para dependentes.
A OABPrev oferece uma série de
vantagens em relação a outros
fundos existentes no mercado. As
taxas de administração, por exem-
plo, variam entre 0,5% e 1,5% ao
ano. Outro grande atrativo é que,
ao contrário de outros planos de
previdência complementar, não é
cobrada taxa de carregamento, uti-
lizada para compensar a instituição
financeira pelas despesas com cor-
retagem e venda do plano. No caso
do OABPrev não há necessidade de
recolhimento, pois a entidade não
possui fins lucrativos. Além disso, se
o advogado já possui um plano em
outro banco, pode solicitar a trans-
ferência dos recursos.
Profissionais de qualquer região do
país podem fazer o plano de previ-
dência complementar da OAB. Os
interessados devem ligar para a cen-
tral de atendimento, no número (31)
21256400.
www.esadf.oabdf.org.br
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22 23
AçÃO SOCIAl
APrenDenDO cOm A cIDADAnIA
Assistência jurídica gratuita:
oportunidade para quem não pode
pagar um advogado e experiência
profissional para quem oferece
os serviços
João Felipe Carvalho é estu-
dante do 10º semestre de Di-
reito. Aos 22 anos de idade,
exerce a pleno vapor, como estagi-
ário no Núcleo de Práticas Jurídicas
da Universidade Católica de Brasília
(UCB) em Samambaia, os conheci-
mentos adquiridos em sala de aula.
A experiência enriquecedora de
João Felipe, aluno UCB, poderá ser
vivenciada por outros estudantes
no Núcleo de Assistência Judiciária
de Taguatinga, inaugurado no dia
9 de setembro pela Fundação de
Assistência Judiciária (FAJ).
O centro, operado em parceria
com a UCB, irá atender cidadãos
que não têm condições de pagar
a advogados. As entidades assina-
ram um convênio que une a FAJ e
o Núcleo de Práticas Jurídicas da
Universidade para prestar assistên-
cia jurídica gratuita a pessoas com
renda familiar mensal de até dois
salários mínimos e meio.
No novo núcleo, alunos e profes-
sores dispõem de 20 terminais de
computadores novos e com softwa-
re oficial. A estrutura instalada em
130 metros quadrados conta com
recepção, sala de espera, banheiros
e duas salas para a prestação dos
serviços. Além do atendimento à
população carente, a FAJ vai ofere-
cer cursos de capacitação e qualifi-
cação para advogados voluntários,
coordenadores e estagiários. “Esta
é, de fato, a casa do advogado, a
casa da cidadania”, afirma a vice-
-presidente da FAJ, Lúcia Bessa.
Na inauguração, o diretor tesou-
reiro da OAB/DF, Raul Saboia, dis-
se em discurso que a Ordem está
doando uma parte da sua casa à
sociedade. Segundo ele, os estu-
dantes poderão desempenhar um
papel relevante para a comunidade
local. O presidente da FAJ, Paulo
Roberto de Castro, destacou a mis-
são e as realizações da Fundação.
“Vamos proporcionar um atendi-
mento comprometido com a quali-
dade e a eficiência. Contamos com
Faço atendimento ao público há
dois anos. Sem dúvida, o estágio
colabora muito para a minha for-
mação profissional.”
Entre suas experiências no núcleo,
o júri de um acusado de homicídio
foi o que mais marcou o jovem.
“Um inocente estava preso e nós,
com a assessoria dos advogados
que compõem o núcleo de práti-
ca, conseguimos absolvê-lo”, con-
ta. “Fizemos justiça a uma família
que não tinha condições de pagar
a um advogado. Esse sentimento
gratificante é o que nos dá força
a cada dia.”
A bagagem adquirida com o es-
tágio ajudou João Felipe a definir
a área em que pretende atuar. A
experiência com as comunidades
carentes fez surgir um grande in-
teresse pela área criminal. “Uma
das funções do estágio dentro da
formação acadêmica é dar suporte
para que o estudante possa definir
em qual área quer atuar”, avalia.
“Quando começamos a estagiar,
muitas possibilidades se abrem à
nossa frente. Esta é a hora de testar
o que gostamos de fazer.”
profissionais e universitários alta-
mente capacitados”, disse Castro.
Para o professor da UCB, José
Paulo de Castro, é um orgulho
ser parceiro da OAB e da FAJ, es-
pecialmente pela função social do
núcleo. “A Universidade se propõe
a atuar de forma solidária e efetiva.
Nós vamos dar voz e vez àqueles
que não as têm”, diz. “Mais do que
a justiça com a qual os advogados
estão acostumados a lidar, aqui
pensamos e praticamos a justiça
social. Vamos oferecer cidadania.”
Evolução acadêmica
Além de praticar os conhecimen-
tos adquiridos na escola, João Fe-
lipe Carvalho é vice-presidente do
Centro Acadêmico da Faculdade
de Direito da Católica. Para ele,
atuar como profissional é uma ex-
periência de valor inestimável. “É
uma evolução acadêmica e pessoal
muito grande. Uma oportunidade
de me inteirar da realidade, pois é
assim que será o nosso trabalho.
Só neSte AnO, A FAj reAlIzOu 2.113 AtenDImentOS, cOntABIlIzADOS AtÉ O mêS De AgOStO, em tODAS AS unIDADeS. SãO QuAtrO núcleOS De AtenDImentO nO DIStrItO FeDerAl:
• Sede da OAB/DF. Atuação em Direito Civil, Família e Previdenciário;
• TJDFT, Fórum Milton Sebastião Barbosa. Atuação em Direito
Penal, Execução Penal e Direito Civil;
• Subseção de Sobradinho. Atuação em Direito
Civil, Consumidor, Família e Direito Penal;
• Casa do Advogado, Taguatinga. Atuação em todas as
áreas do Direito, com exceção da área trabalhista.
O estágio trouxe ao estudante João Felipe crescimento profissional e pessoal. “A gente aprende praticando e ainda ajuda o próximo a exercer seus direitos”
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ção
PROCESSO ElETRôNICO
O PreçO DA mODernIDADe
A conversão dos processos para
o formato digital promete vantagens ao poder Judiciário.
Mas o período de transição também
tem acarretado problemas
Para dar mais agilidade à
tramitação de processos e
maior eficácia processual, há
pouco mais de três anos foi promul-
gada a lei que instituiu o processo
eletrônico nos tribunais de todo o
Brasil. Desde então, os 92 tribu-
nais brasileiros podem converter os
processos judiciais para o formato
eletrônico. A norma também deter-
mina que todas as práticas proces-
suais, em qualquer grau de jurisdi-
ção, podem ser feitas a distância.
As vantagens advindas do novo
processo ultrapassam a agilidade.
A modernização traz com ela eco-
nomia de papel e de espaço físico,
rápido acesso aos processos e a fa-
cilidade dos advogados fazerem pe-
tições sem precisar se deslocar até
o tribunal.
Mesmo com tantos benefícios, a
virtualização dos processos vem ge-
rando problemas no dia-a-dia dos
advogados. O presidente da Co-
missão de Prerrogativas, Sandoval
Curado Jaime, reconhece que são
muitos os ganhos. Porém, neste
momento de implantação, há tam-
bém desvantagens, que ferem as
prerrogativas dos profissionais do
Direito. Ele entende que a maior
delas é a obrigação de ter que fazer
uma certificação digital para poder
acessar os processos.
Alguns tribunais dão acesso somen-
te aos processos que são causas
do próprio advogado. Se alguém
quiser contratar os serviços de um
profissional, precisará consultar
o processo dele, a petição inicial,
até mesmo para saber quanto será
cobrado de honorários e, ainda, o
nível de dificuldade da causa. Sem
analisar ações de outros advoga-
dos, fica bem mais difícil trabalhar.
“Sou a favor da virtualização, só
não acho que deva haver obrigato-
riedade de o processo ser exclusiva-
mente digital para o advogado pos-
tulante. Posso ingressar com papel
e ser informatizado lá na Justiça”,
defende.
Cada tribunal trata a implantação
do sistema eletrônico de uma for-
ma, o que torna as críticas consis-
tentes. No juizado especial, por
exemplo, de posse da certificação
digital, pode-se acessar qualquer
processo. Na Justiça Federal, não.
Ali, a certificação é individual.
“Agora, já pensou se você advo-
ga em outros Estados? É preciso
fazer uma certificação individual
em cada um deles? Isso fere a lei
8906/94 do nosso estatuto. Desde
que o processo não seja sigiloso e
não corra em segreo de justiça, ele
tem acesso. O que não pode é tirar
o processo do cartório”, explicou.
Não é só na forma de implantação
que há problemas. Dados do Conse-
lho Nacional de Justiça (CNJ) apon-
tam que a virtualização dos proces-
sos ainda está longe da ideal. Entre
as metas definidas no 3º Encontro
Nacional do Judiciário, em feverei-
ro deste ano, está a de realizar por
meio eletrônico 90% das comuni-
cações oficiais entre os órgãos do
Poder Judiciário. Dos 86 milhões
de processos que tramitam no Bra-
sil, apenas quatro milhões estão no
formato digital. Este e outros qua-
dros foram analisados no seminário
“Advocacia e Processo Eletrônico”,
realizado pelo Conselho Federal da
OAB para debater e buscar soluções
para o exercício da advocacia diante
dos desafios do processo eletrônico
e da certificação digital.
O advogado Antônio Pimentel Neto,
conselheiro de Tocantins, partici-
pou do seminário e concorda com
Curado Jaime no que diz respeito
às diferenças entre os tribunais e
entre os Estados. Nos tribunais de
Tocantins, nos quais Pimentel atua,
somente o Tribunal de Justiça tra-
balha com processo eletrônico. Já
as diferenças de um Estado para
o outro são um problema ainda
O presidente da Comissão de Prerrogativas, Sandoval Curado, reconhece as vantagens da virtualização e lembra que todo processo de transição traz complicações
O presidente da Comissão Extraordinária de Processo Eletrônico, Roberto Mariano, acredita que a capacitação seja o ponto mais importante da virtualização
maior. “Quando foi feita a implan-
tação no STJ, tivemos que compare-
cer para fazer o primeiro cadastro.
Como venho sempre a Brasília, não
tive problemas. Mas poucos podem
se deslocar para efetuar um cadas-
tro. Enquanto não houver uniformi-
zação dos tribunais, fica difícil para
a gente se situar”.
A diretora do Foro da Justiça Fede-
ral no DF, 5ª Vara do TRF-1, Daniela
Maranhão, afirma que apesar das
dificuldades enfrentadas no início,
o processo eletrônico é o presente e
o futuro. Para acompanhar a elabo-
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26
ração e a implantação do processo
eletrônico nos tribunais e garantir
que os direitos do advogado sejam
respeitados nesse processo, a OAB
está criando a Comissão Extraordi-
nária de Processo Eletrônico.
De acordo com o presidente da Co-
missão Extraordinária de Processo
Eletrônico, Roberto Mariano, para a
OAB, o êxito está diretamente ligado
à capacitação das partes envolvidas.
O advogado Délio lins e Silva teve uma ex-periência ruim com o processo eletrônico, quando foi ao Supremo tribunal Federal (StF) impetrar um habeas corpus na tentativa de ti-rar da prisão um réu que estava detido há 102 dias em unaí (mg). lá, porém, só são aceitos processos no formato eletrônico. no entanto, não é o que a constituição prevê. A lei é clara: se um cidadão que não é advogado quiser im-petrar um habeas corpus, ele pode fazer isso escrevendo até à mão.
no caso descrito, o réu não podia passar mais tempo preso por causa de impasse burocráti-co. Délio foi orientado por uma funcionária que recebe os processos no balcão a impetrar o habeas corpus como um cidadão comum, sem a inscrição na OAB. “eu me senti um crimino-so. Fui orientado a abrir mão do meu título de advogado para conseguir o que eu pretendia. como era a liberdade do réu que estava em jogo, tive que ceder, mesmo sabendo que não estava correto o procedimento”, conta.
ele abriu um processo na comissão de Prer-rogativas e denunciou o caso ao conselho Fed-eral da OAB, que apura o ocorrido. “O processo eletrônico é algo positivo para a sociedade. mas exigir que tudo seja feito exclusivamente por meio virtual fere as prerrogativas e os di-reitos humanos”, concluiu.
Para tanto, a Escola Superior de Advo-
cacia (ESA) oferece cursos exclusivos
sobre processo eletrônico e orienta-
ção constante aos profissionais sobre
o assunto.
A OAB, inclusive, já listou suas princi-
pais metas: a unificação do processo
eletrônico; trabalhar junto ao Judici-
ário para a garantia de acesso pleno
à Justiça; assinatura eletrônica dos
advogados e preparar os profissionais
para a transição dos processos para o
formato digital.
Curado Jaime acredita que é na-
tural encontrar problemas quando
um novo sistema começa a ser im-
plantado. “Apesar dos contratem-
pos, no futuro próximo isso vai ser
uma solução. É necessário ter calma
e agir com prudência, até que o sis-
tema atinja seus objetivos de uma
forma otimizada”, finaliza.
PARTICIPE DOANDO BRINQUEDOS (NOVOS OU USADOS), QUE SERÃO ENTREGUES A CRIANÇAS CARENTES NO NATAL DE 2010
Locais de arrecadação: salas de apoio aos advogados nos Tribunais, Subseções e sede da OAB/DF (saguão do térreo e Drive Thru da garagem).
De segunda a sexta-feira até o dia 26 de novembro de 2010.
I n f o r m a ç õ e s : 3 0 3 5 - 7 2 2 1 o u 3 0 3 5 - 7 2 4 3 - e v e n t o s @ o a b d f. c o m
Direito de brincarPRODUÇÃ
O
28 29
SAIBA mAIS
Foram adquiridas 150 novas
máquinas e 87 já estão em
uso nos fóruns e salas do ad-
vogado das subseções. As de-
mais estão sendo instaladas na
sede.
Para Marques, a troca das máquinas e softwares representa trabalhar conforme a razão de existir da OAB, que é a legalidade, além de ser um ganho para todos
Imagine uma instituição voltada
para a defesa do estado democráti-
co de direito e, portanto, da Cons-
tituição. Em um segundo exercício de
imaginação, vislumbre a possibilidade
de a mesma entidade permitir que sua
rede de computadores seja conectada
a partir de softwares piratas, adqui-
ridos ilegalmente. E o pior: quando o
órgão é nada menos que a Ordem dos
Advogados do Brasil, consagrado na
Constituição como representante dos
advogados? A constatação foi feita
por uma auditoria em todo o parque
computacional da OAB/DF. Verificou-
-se que, na gestão anterior, a rede
funcionava com programas piratas, o
que caracterizava ilegalidade. Além da
pirataria, os computadores estavam
ultrapassados, um complicador a mais
para os usuários no desempenho de
suas funções.
O relatório da auditoria serviu de
base para o Plano Diretor de Infor-
mática (PDI), uma novidade que mo-
dificará totalmente a informática da
Ordem. Foram adquiridas 150 novas
REDES
OrDem BAne PIrAtArIA De SeuS cOmPutADOreS
De volta à legalidade, a
Ordem elimina softwares piratas que conectavam
máquinasultrapassadas
máquinas e 87 já estão em uso nos
fóruns e nas salas do advogado das
subseções. O passo atual é a subs-
tituição dos computadores da sede.
Contente com o trabalho realizado,
o coordenador de TI da OAB/DF, Ival-
do Marques, conta que, junto com
as novas máquinas, foi comprado o
sistema operacional que substituirá
os softwares piratas. “Isso significa
que pagamos menos pela licença e
teremos softwares dentro da lega-
lidade”, afirma. Para a edição de
texto, os usuários agora dispõem do
BrOffice, um software livre que tam-
bém é usado pelo Governo Federal.
Para Marques, a troca dos compu-
tadores é inadiável. “É um dever
da OAB estar dentro da legalidade,
em especial porque trabalhamos
segundo a nossa razão máxima”.
Pensando nisso, as ações de TI não
param por aí: os softwares livres se-
rão adaptados ao serviço de cada
área da OAB. “Assim como já temos
o BrOffice, outros softwares livres
serão usados de acordo com o tra-
balho em cada setor”, acrescenta.
A relação sociedade x pirataria x
crime organizado
O cerne da questão da pirataria é
que esse é um problema socialmente
aceito. Fazer uso de um sistema ope-
racional ilegal, ter um tênis ou roupa
falsificada para alguns não parece ser
nada grave diante de outros fatos co-
tidianos, como observa o presidente
do Conselho Nacional de Combate
à Pirataria do Ministério da Justiça,
Rafael Favetti. Além disso, a falsa im-
pressão de que a pirataria é um crime
menor revela, ainda, a ausência de
consciência de uma parte sociedade
em relação às ações desse ramo do
crime organizado.
”É evidente que a pirataria não tem
nada de romântico, como alguns en-
tendem. Há certa percepção de que
é algo inocente, sem maiores conse-
quências. Só que temos informações
de que a produção e a distribuição
na pirataria são extremamente liga-
das ao crime. E junto com essa prá-
tica estão outras duas questões ter-
ríveis e difíceis de se tratar: o tráfico
internacional de pessoas e o crime
organizado. Quem é a favor da pi-
rataria acaba por incentivar práticas
abomináveis como essas”.
Advogado e professor de Direito, Fa-
vetti concorda que atos como o da
OAB/DF, que substitui uma rede pi-
rata por outra absolutamente legal,
é um bom exemplo. Não apenas para
os advogados, mas para toda a so-
ciedade. Com a imensa capacidade
que há de se obter produtos gratuitos
dentro da legalidade, essa falsa sensa-
ção de liberdade que se tinha com o
software pirata, em virtude do preço,
já não é mais real. Um dos recursos
que podem ser utilizados no combate
a pirataria é o software livre. “Hoje,
no mundo do software livre, não há
mais razão para ficar na marginalida-
de, não estamos mais na mão de mo-
nopólios. Isso pode representar uma
liberdade dentro da legalidade, pois
até pouco tempo se repetia aquele
chavão: ‘o produto do software é caro
para se ter e manter, então vou para a
ilegalidade’, completa”.
Apesar de o quadro não ser muito
animador, Favetti está otimista. Nas
suas contas, a pirataria vem caindo
no Brasil. Hoje, segundo Favetti, o
índice de uso de softwares piratas
é de 56%. Se esse percentual caísse
para 50%, já seria suficiente para
gerar U$$ 2,9 bilhões para o setor
de softwares. Seriam mais 10 mil
empregos e algo em torno de U$$
390 milhões de dólares em arreca-
dação adicional de impostos. Para
que essa meta seja concretizada, só
no ano passado foram realizadas
mais de 600 operações em todo o
país contra a pirataria de software.
“Os números mostram que o país
está conseguindo fazer sua tarefa
de casa”, assegura.
Não é difícil encontrar quem
tenha em seu computador uma
licença pirata do sistema ope-
racional ou baixe programas e
jogos sem se preocupar com a
ilegalidade. Por que pagar por
algo, se pode ter por um valor
muito menor e com as mesmas
propriedades? Dados da Asso-
ciação Brasileira das Empresas
de Software (ABES) apontam
que mais da metade dos bra-
sileiros pensam dessa forma
e usam softwares piratas em
suas máquinas. Mas uma ins-
tituição como a OAB não pode
ser conivente com esse tipo de
prática.
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TRIBUNAIS
DF tem cIncO DOS 18 ADVOgADOS Que cOncOrrem à VAgA nO Stj
Eles integram as listas sêxtuplas
para as vagas de ministro do Tribunal reservadas
ao Quinto Constitucional
da advocacia
São candidatos com perfis e
histórias diferentes, mas já
foram selecionados numa
primeira etapa. As listas sêxtuplas
com os nomes dos advogados que
concorrem à vaga para o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) foram vota-
das pelo Conselho Federal da OAB
no dia 12 de setembro. Serão pre-
enchidas as vagas resultantes das
aposentadorias dos ministros An-
tonio de Pádua Ribeiro, Humberto
Gomes de Barros e Nilson Naves.
Os escolhidos pelo Distrito Federal
são Alde da Costa Santos Júnior, Es-
dras Dantas de Souza, Sebastião Al-
ves dos Reis Júnior, Antônio Carlos
Ferreira e Ricardo Villas Boas Cueva,
os dois últimos com inscrição tam-
bém em São Paulo. As três listas
serão submetidas ao Plenário do
STJ, que reduzirá cada uma a três
nomes e as enviará para a indicação
final do presidente da República.
O pernambucano Alde da Cos-
ta Santos Júnior graduou-se na
Universidade de Brasília (UnB) e
exerce a função de procurador do
Estado do Rio de Janeiro em Bra-
sília, desde 1995. “O sucesso que
tive como advogado despertou
em mim a vontade de contribuir
e servir nessa Corte, em que vi-
venciei bons e maus momentos,
críticas e elogios à prestação ju-
risdicional”, recorda.
Antônio Carlos Ferreira, paulista,
ex-diretor jurídico da Caixa Econô-
mica Federal, destaca os esforços
de todos os envolvidos no processo
de votação das listas. Defende que
os candidatos, conselheiras e con-
selheiros federais deram o melhor
de si visando ao fortalecimento
do Quinto Constitucional e de sua
efetiva contribuição para a presta-
ção jurisdicional.
Já o candidato Esdras Dantas de
Souza, natural de Caicó (RN), possui
31 anos de ofício, cinco dos quais,
de 1991 a 1995, como presidente
da OAB/DF.
Sebastião Alves dos Reis Júnior é
mineiro graduado pela UnB e acre-
dita que o Quinto leva aos tribunais
a vivência da advocacia, em espe-
cial pela proximidade com a parte.
Ex-conselheiro do Conselho de Ad-
ministrativo de Defesa Econômica
(CADE), Ricardo Villas Boas Cueva
afirma estar honrado por ter sido
escolhido por meio de um processo
democrático e transparente, pois a
OAB é entidade líder da sociedade
civil, sempre empenhada na reali-
zação dos objetivos definidos no
Estatuto da Advocacia
O presidente do STJ, ministro Ari
Pargendler, convocou para o dia
9 de novembro a sessão plená-
ria que votará a composição das
listas tríplices. Os indicados pelo
presidente da República passa-
rão por sabatina na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania
do Senado Federal e pela apro-
vação do Plenário da Casa, para
virem a ser nomeados.
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32
I ENCONTROREGIONAL DOS
ADVOGADOS JOVENS
21 de outubro de 2010
22 de outubro de 2010
NOITE DE ABERTURA18h: Cadastramento dos participantes19h: Palestra de abertura com o presidente da OAB/DF Francisco Caputo20h30: Palestra com o Dr. Paulo Marcondes Brincas Conselheiro Federal
MESA-REDONDA E OFICINAS9h: Mesa-redonda - Oportunidades no mercado de trabalho
14h: OFICINAS PARTE 1• Opção 1: Processo e peticionamento eletrônico• Opção 2: Advocacia nos Tribunais Superiores• Opção 3: Oratória
16h30: OFICINAS PARTE 2• Opção 4: Gerenciamento e administração de escritórios• Opção 5: Ensino Jurídico e Exame de Ordem• Opção 6: Ética e prerrogativas da advocacia
19h: Happy hour (valor não incluso na taxa de inscrição)
23 de outubro de 2010DEBATE E FESTA DE ENCERRAMENTO9h: Debate Aberto13h: Almoço de encerramento (o valor do ingresso está incluído na taxa de inscrição)
Local: OAB/DF - 516 Norte, bloco B, lote 7 - Asa NorteInformações: (61) 3035-7221 / (61) [email protected]
Ao fazer a inscrição, o participante deve escolher as opções de ofi cinas desejadas.
• Inscrições: (15 de setembro a 15 de outubro)• Presencial: Tesouraria da OAB/DF, edifício sede• Online: Ficha de inscrição disponível no site - link OAB Jovem• Valor: R$ 60,00 - Depósito OAB/DF: Banco do Brasil• Agência: 4200-5 - conta-corrente: 221052-5
(É necessário que o depositante preencha todo o código de identifi cação (campo 02) com o número do CPF) - Deverá enviar a fi cha de inscrição e o comprovante de depósito para o e-mail: [email protected]
w w w . o a b d f . o r g . b r
PRODUÇÃ
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Realização: Patrocínio: Apoio:
C O M I S S Ã O DE APOIO AO ADVOGADO I N I C I A N T E
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CóDIgO CIVIl
em BuScA DA rAPIDez cOm SegurAnçA juríDIcA
OSenado Federal pretende
votar até o fim deste ano o
projeto que dispõe sobre a
reforma do Código de Processo Civil
(CPC), que data de 1973 e está de-
satualizado. A ideia é dar mais agili-
dade ao trabalho da Justiça, a partir
de medidas como a redução da pos-
sibilidade de recursos, muitas vezes
responsáveis pela morosidade do
Judiciário. Nos corredores do Sena-
do há uma comissão de juristas que
elaborou o novo Código. O debate é
intenso, a mobilização maior ainda, e
segue um roteiro dividido em etapas.
Na primeira delas, uma comissão de
12 juristas, presidida pelo ministro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz
Fux, estabeleceu 80 diretrizes para a
reforma. O relator do projeto, Valter
Pereira, ficou encarregado de prepa-
rar o anteprojeto, que agora é sub-
metido a audiências públicas. Para
tanto, foram ouvidos representantes
da magistratura estadual e da fede-
ral, dos ministérios públicos federal,
estadual e militar, da Advocacia Geral
da União, da advocacia privada e da
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As propostas em debate para a
reforma do Código de Processo
Civil estimulam a discussão na
comunidade jurídica
é a “coletivização” das demandas. A
ideia é que litígios idênticos passem a
tramitar em conjunto nas instâncias
inferiores. Uma das ações seria es-
colhida para ser analisada, enquanto
as restantes ficariam paradas. A deci-
são dada ao “processo piloto” servi-
ria para balizar o destino das demais
ações. O presidente da Comissão da
OAB/DF que analisa o novo CPC, Caio
Leonardo, ressalta que o debate está
apenas começando. “As discussões
serão aprofundadas”
Em nome da simplicidade e da justiça
Caio Leonardo, afirma que, de modo
geral, o projeto oferece não uma
ruptura com o Código vigente, mas
uma simplificação dos procedimen-
tos, a fim de oferecer maior rapidez.
Porém, é necessário ter em mente
que não se pode ferir o direito de
defesa. “Se você tiver um processo
muito rápido, ele pode se tornar
injusto. Por exemplo, se for ouvida
uma só das partes, a prova pode não
ser feita como deve, e o juiz vai se
basear em poucos elementos para
se decidir, em vez de se basear em
todos. O que defendemos é o ali-O presidente da Comissão da OAB/DF que analisa o novo CPC, Caio Leonardo, ressalta que o debate está apenas começando. “As discussões serão aprofundadas”
nhamento de todos os artigos a esse
objetivo, que é alcançar rapidez com
respeito ao direito de defesa. Alguns
artigos do novo código não estão
alinhados”, explicou.
Os pontos em aberto a que Leonardo
se refere dizem respeito a artigos que
retardam ou tornam o processo mais
complexo, em lugar de simplificá-lo;
dão demasiado poder ao juiz, na ten-
tativa de apressar a tomada de deci-
são final.
Um exemplo prático disso é a tenta-
tiva de aproximar o modelo brasileiro
ao do common law. Nesse sistema, o
direito é criado ou aperfeiçoado pelos
juízes. Uma decisão a ser tomada em
um processo depende das decisões
adotadas em casos anteriores e afeta
o direito a ser aplicado a casos futu-
ros. No common law, quando não
existe um precedente, os juízes têm
autoridade para criar o direito, esta-
belecendo um precedente. Para Leo-
nardo, essa aproximação é perigosa.
“Por um lado, a situação daria ao juiz
papel de legislador na construção do
conteúdo da lei, mediante a introdu-
ção de várias normas em branco. Do
outro lado, ao precedente, a força
aparente de lei, com concentração
desse poder “normativo” nos tribu-
nais superiores”, expõe.
Ainda segundo ele, o amadurecimen-
to do debate tem suscitado outras
divergências. “Interesses corporativos
já estão colidindo. A definição de ho-
norários advocatícios é um caso que
divide a classe dos advogados priva-
dos e os da União. Os profissionais
privados defendem a fixação objetiva
de percentual sobre o valor da causa,
enquanto os da União se opõem a
essa fixação em causas de valor ele-
vado, em especial aquelas em que a
União é parte. Nesse debate, surgem
agora procuradores de estados e mu-
nicípios que também querem honorá-
rios fixados objetivamente, e que eles
passem a ter direito a recebê-los”.
Além desses pontos, há outros ar-
tigos que foram mal recebidos pela
comunidade jurídica, principalmente
devido à adaptação equivocada que
receberam. Confira no quadro abaixo
os pontos do novo CPC que merecem
ser reconsiderados sob o ponto de
vista da OAB.
defensoria pública.
O CPC em vigor possibilita um grande
número de recursos, o que provoca a
lentidão dos processos e congestiona
tribunais. A reforma deve racionali-
zar a tramitação dos processos sem
comprometer o direito de defesa. Os
responsáveis pela nova proposta que-
rem que o prazo médio de tramita-
ção de uma ação fique em torno de
dois anos. Para viabilizar tal agilidade,
a comissão de juristas propõe algu-
mas medidas polêmicas. Uma delas
POntOS crítIcOS DA reFOrmA SOB A VISãO DA cOmISSãO:
•Mudançaempedidoecausadepediraqualquertempo(art.314)•Tuteladeurgênciadeofício(art.284)•Tuteladeemergênciasemrequisitodeverossimilhança(art.283)•Inversãodoônusdaprova(mesmoemsentença)(art.262)•AmicusCuriae(art.320)•Excepcionalidadedorecebimentodaapelaçãocomefeitosuspensivo(art.908)•Poderesexcessivosdojuizparagestãodoprocesso(arts.107,151)•Concepçãodoincidentededemandasrepetitivas(art.985)•Admissãodeprovailícita(art.257)•Extinçãodosembargosinfringentes•Indicaçãodetestemunhasnainicialounacontestação•Impossibilidadedesubstituirtestemunhas(art.430)•Igualdadedaspartesmitigadaemcasodehipossuficiênciatécnica(art.7)•Intervençãoemempresa(art.502)•Tutelairrecorrívelemagravo(art.933)•Provaemprestada(art.260)
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Ditadura militar, 24 de outu-
bro de 1983. Era o fim de
uma tarde chuvosa quando
os funcionários da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil foram surpreen-
didos pela invasão do prédio sede,
que já funcionava na 516 Norte. O
presidente João Figueiredo havia
determinado o estabelecimento de
medidas de emergência no Distri-
to Federal. O general Newton Cruz
ordenou a invasão da sede da Sec-
cional do DF e interditou o edifício.
“Todo mundo saiu correndo, foi
horrível. Todos estavam atordoados,
não sabíamos como iam ficar as coi-
sas, nem quanto tempo aquela situ-
ação ia durar”.
Quem conta é Ana Fátima de Paula,
51 anos, secretária da diretoria da
Ordem. Ela não gosta de lembrar,
mas esteve nesse e em muitos ou-
tros episódios da história da OAB/
DF. Ao longo de 31 anos de traba-
lho, viu entrar e sair muita gente
e colecionou um mosaico de lem-
branças que se confundem com sua
ElES FAZEM A OAB
hIStórIA DA OAB, trAjetórIA De AnA FátImA
Ao longo de 31 anos de trabalho, a vida de Ana Fátima
se entrelaça com a luta da Ordem
pelo estado democrático de
direito
própria biografia. São muitos mo-
mentos, mas nem todos de tensão.
Ana Fátima começou a trabalhar na
Ordem em 1979, por intermédio do
irmão, João Rocha, que também
compõe a lista dos funcionários
mais antigos na OAB. A sede ainda
funcionava no Tribunal de Justiça,
onde começou tirando xérox de
processos e documentos.
Na época em que a Ordem foi trans-
ferida para a 516 Norte, na via W3
não tinha quase nada construído.
“Isso tudo aqui era só mato”, aponta
ela em direção ao fim da via. Desde
então, muita coisa mudou, e Fátima
passou por vários setores: Protocolo,
Tesouraria, Arquivo, Tribunal de Ética.
Até no consultório dentário da OAB
em Taguatinga já trabalhou.
A longa trajetória faz com que boa
parte dos advogados que hoje são
ministros e já passaram pela OAB
saibam quem é Ana Fátima. A se-
cretária os conheceu na OAB, al-
guns em momentos difíceis, e ou-
tros em pleno processo de avanço
da democracia. “Humberto Gomes
de Barros, Dacio Vieira, Sepúlveda
Pertence. Trabalhei com todos eles
e com outras pessoas”, conta com
orgulho. Quando visitam a sede da
Ordem, alguns ministros se surpre-
endem em encontrá-la até hoje.
Caminhos entrelaçados
Sua vida na OAB não foi só de resis-
tência, suor e trabalho. Ali, Fátima
conheceu o homem da sua vida, se
apaixonou e casou. Hoje, eles tra-
balham no mesmo prédio, com dois
andares de diferença. Ela é casada
há 21 anos e tem dois filhos. Débo-
ra (19) estuda terapia ocupacional
na Universidade de Brasília, e Lucas
(15) é estudante do ensino médio.
Assim como o marido, Ana Fátima
é pastora evangélica, formada em
teologia.
A secretária nunca pensou em sair
Foto
s: C
hico
Fer
reira
da Ordem para trabalhar em outro
lugar. Aliás, mesmo aposentada
por direito, optou por continuar
na labuta. “Achei que não estava
preparada para parar agora. Eu
sou muito elétrica, trabalho aqui o
dia todo, cuido da família e ainda
sou voluntária. Acho que se eu pa-
rasse seria um baque muito gran-
de. Não me vejo quieta dentro
de casa. Além do mais, eu gosto
muito da Ordem, é uma vida que
tenho aqui dentro”. Ana Fátima mostra os registros históricos da OAB/DF. Ela recorda todos aqueles momentos que também fazem parte de sua vida
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cerv
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ssoa
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38 39
Às 5h30 da manhã, Cristiane
Romano acorda. Meia hora
depois, já está se aquecen-
do no Jardim Botânico, onde corre,
na companhia do marido, Guilher-
me, e do treinador Albenes Francisco
Souza. Depois do aquecimento, eles
seguem correndo pelas trilhas do par-
que. Em dia de treinamento, o per-
curso é de cerca de 10 km, percorrido
em menos de uma hora. Há ainda os
exercícios específicos -- de velocidade
e potência -- para melhorar o desem-
penho da atleta nas corridas oficiais.
Às 7h ela vai embora. Toma banho,
depois o café-da-manhã com a famí-
lia e vai deixar os filhos João (12) e
Mariana (9) na escola. Às 8h30 está
no trabalho, pronta para mais um dia
de despachos.
Aos 41 a anos, éc preciso ter fô-
lego para acompanhar a rotina de
treinos, trabalho e demais afazeres.
Quatro vezes por semana, ela re-
pete esse ritual com a disciplina de
uma atleta profissional. Cris, como
é chamada, começou a correr há
hOBBy lEgAl
DIScIPlInA, FôlegO e cABeçA
A advogada-atleta Cristiane Romano corre
contra o tempo para conciliar a vida agitada e o hobby pelo qual
se apaixonou
oito anos, por incentivo do marido,
e desde então coleciona provas e
medalhas de participação. Para ela,
o bem-estar é o principal prêmio
conquistado. “Ganhei saúde men-
tal e física, além de muita discipli-
na, que é indispensável a qualquer
corredor”.
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ção
A advogada Cristiane Romano tem um dia agitado e cheio de trabalho. Mas é nas horas vagas que ela mostra fôlego e ritmo de fazer inveja
Cristiane acorda às 5h30 para treinar no Jardim Botânico. A disciplina e o amor à corrida renderam a ela saúde, medalhas e um currículo cheio de vitórias
Aos fins de semana, o trio ganha a
companhia de colegas no Parque
da Cidade. Eles correm com o gru-
po Papa Léguas, sob o comando do
amigo, o economista Raul Velloso.
Segundo o técnico Albenes Francisco
Sousa, durante os oito anos de trei-
namento, viu muitas mudanças no
desempenho e no comportamento
da aluna. O treinamento com o gru-
po, segundo ele, foi fundamental
para parte das mudanças. “A Cris
era uma pessoa fechada. Hoje se tor-
nou mais comunicativa e falante, e
um dos motivos se deve ao fato de
participar do grupo de corridas. Além
disso, os trabalhos de repetição que
fazemos proporcionam não só mais
disciplina, mas também maior con-
centração e mais paciência”, contou.
Albenes observa não só os aspectos
técnicos da atleta. Não poupa elogios
a Cristiane pela garra que ela mostra
ao vencer os obstáculos cotidianos em
nome da corrida. O fato de a advoga-
da ter filhos e uma profissão que cobra
muito dela poderiam servir de impedi-
mento à prática do esporte, mas ela
nunca pensou em desistir. A disciplina
e o potencial são marcas dessa advo-
gada-corredora. “É preciso muita força
de vontade para correr dessa forma. Se
a Cris tivesse mais tempo para treinar,
teria condições para disputar provas
grandes”, elogiou o técnico, que já
disputou olimpíadas e treinou vários
atletas brasileiros de ponta.
Do sedentarismo ao pódio
Para começar a fazer uma atividade
física, Cris teve que vencer a pró-
pria resistência. Ela era uma pessoa
sedentária quando decidiu come-
çar a correr. O início não foi fácil.
“A primeira corrida da minha vida
foram os quatro quilômetros que
corri no Parque da Cidade. Lembro-
-me como se fosse hoje; parecia im-
possível. A partir daí acreditei que
podia correr alguma coisa”.
Hoje, essa distância é nada para ela.
Cristiane já disputou várias marato-
nas, inclusive internacionais. Nada
menos que a Maratona da Disney e
de Buenos Aires fazem parte do seu
currículo. Para comemorar um dos
aniversários em grande estilo, correu
a Maratona de Paris. Entre as provas
que disputou, ela garante que as cor-
ridas de revezamento são fundamen-
tais para o treinamento, pois exerci-
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40 41
Data: 8, 15, 22, 29/10 e 5 de novembro
Horário: 19h30 às 22h30
Professora: Selma Leite do Nascimento
Saverbronn de Souza
Local: Sede OAB/DF, 516 Norte
Carga Horária: 15 horas aula
Data: 6 e 7 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Zélio Maia
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 6 horas aula
O MANDADO DE SEGURANÇAÀ LUZ DA LEI 12.016/09
Data: 7, 14, 21 e 28 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Ademar Vasconcelos
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 12 horas aula
QUESTÕES PRÁTICAS DOTRIBUNAL DO JÚRI - 2ª EDIÇÃO
Data: 13 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Gáudio de Paula
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 3 horas aula
DOCUMENTOS DIGITAIS
Data: 18, 20, 25 e 27 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professora: Alessandra De La Vega
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 12 horas aula
Data: 18, 19, 21 e 22 de outubro
Horário:19h30 às 22h30
Professores: Leonardo Barreto
Valdir Alexandre Pucci
Local: Sede OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 12 horas aula
O PAPEL POLÍTICO DO STF:UMA ABORDAGEM DA CIÊNCIA POLÍTICA
Data: 18, 19, 20, 21 e 22 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Mauro Souza
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 15 horas aula
ROTINAS TRABALHISTASMÓDULO I - TEORIA
Data: 19, 21, 26, 28/10, 4 e 9
de novembro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Asdrubal Júnior
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 18 horas aula
JORNALISMO JURÍDICO
Data: 19, 23, 26, 30/10, 9, 13, 16 e 20de novembroHorário: 19h30 às 22h30 - terças-feirase aos sábados, aula externaProfessor: Cristiano NunesLocal: Sede OAB/DF, 516 NorteCarga horária: 24 horas aula
OFICINA BÁSICA DE FOTOGRAFIA
Data: 26, 27 e 28 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professor: Marcelo Paiva
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 9 horas aula
PORTUGUÊS JURÍDICO
LEI 11.340/06 (LEI "MARIA DA PENHA"):ABORDAGENS DA PRÁTICA JUDICIÁRIA
À LUZ DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL
Data: 25, 26, 27 e 28 de outubro
Horário: 19h30 às 22h30
Professora: Erika Siqueira
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 12 horas aula
ADMINISTRAÇÃO LEGAL - MANUAL DEPROCEDIMENTOS PARA ESCRITÓRIOS
DE ADVOCACIA - 2ª EDIÇÃO
Informações: (61) 3035-7292 ou 3225-5724 – [email protected]ções: www.oabdf.org.br - Cursos e Eventos – ESA/DF
CURSOS DO MÊS DE OUTUBROCURSOS DO MÊS DE OUTUBROESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE - ECA
Data: 19, 21 e 28 de outubro
Horário: 9h às 12h
Professor: Gáudio de Paula
Local: OAB/DF, 516 Norte
Carga horária: 9 horas aula
PROCESSO ELETRÔNICO - 5ª EDIÇÃO
tam o senso de trabalho em equipe.
Na última prova de que participou,
a XIX Corrida do Advogado, ficou
em terceiro lugar em sua categoria
Os treinos para a Maratona de Paris
foram realizados durante o horário
de verão. Aliás, este é um grande
vilão, pela hora em que ela treina.
Apesar da disposição e da coragem
de Cris, treinar pelas trilhas na mais
completa escuridão é de melindrar
qualquer mortal. A advogada conta
que foi uma maratona difícil, pois o
tempo que tem para treinar é curto.
Mais uma vez, o treinador fala do
desempenho de Cristiane. “Eu tiro o
chapéu para ela, por ter conseguido
completar a prova. Ela correu 2 km
treinando apenas uma hora por dia.
Tem que ter treino, perna e cabeça”,
disse Albenes.
O segredo para se sair bem nas pro-
vas é uma combinação de alimenta-
ção balanceada, bom sono e bastante
treino. Faça chuva, faça sol, o clima
pode estar seco, frio, quente, a ordem
é treinar. Às vezes, porém, a persis-
tência deve dar lugar à humildade.
Naqueles dias em que está muito can-
sada, é preciso reconhecer a necessi-
dade de uma pausa no treinamento.
O problema é que nem sempre isso é
possível. Aí, a cabeça, ou seja, a ra-
cionalidade, entra na pista. “O corpo
precisa de descanso, mas a disciplina é
que vai determinar se você corre hoje,
ou não”, explicou a advogada.
Existem ainda aquelas ocasiões em que
se coloca de lado a vontade de correr
para superar os seus tempos e correr
simplesmente por prazer. E é justa-
mente esse gosto pela corrida que aju-
da Cris a aliviar o estresse do trabalho
e das demais atividades do dia-a-dia e
ainda ficar de bem com o corpo e com
a mente. Para ela, correr no Jardim Bo-
tânico, em contato com a natureza, é
um privilégio. “Este lugar é abençoa-
do. Agradeço todos os dias poder ver
o dia nascer aqui, poder estar em con-
tato com os bichos, respirar ar puro”.
Cristiane se despede correndo para dar
conta do dia que já começa com disci-
plina, fôlego e cabeça.
A atleta posa junto com o Grupo Papa Léguas. Nos fins de semana, os corredores se encontram no Parque da Cidade para treinar e celebrar a paixão pelo esporte
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TED
ÉtIcA em FOcO
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Notificações pelo Diário Oficial
Acolhendo a orientação do Conselho
Federal da OAB e seguindo a prática
adotada naquela instância, a Direto-
ria da Seccional do DF decidiu que
as futuras notificações em processos
disciplinares serão, em regra, realiza-
das mediante publicação na Impren-
sa Oficial.
Assim, a partir da publicação da nova
resolução, o Tribunal de Ética e Dis-
ciplina da OAB/DF passará a publicar
a maioria das notificações para a in-
tervenção das partes nos processos
disciplinares, inclusive nos processos
por não pagamento de anuidades e
até para comparecimento às sessões
de julgamento.
Serão excepcionadas apenas as noti-
ficações iniciais para dar conhecimen-
to ao representado da existência de
representação e para apresentação
de defesa prévia, as notificações pes-
soais determinadas pelos relatores no
curso do processo e as notificações
às partes que não sejam ou não es-
tejam representadas por advogado.
Mas não é só. A nova regulamentação
dispensará a publicação de pauta para
julgamento de embargos de declara-
ção, exceto quando houver pedido de
efeito modificativo.
A partir de agora, observe-se, as partes
ou advogados que atuam nos proces-
sos em tramitação perante o Tribunal
de Ética e Disciplina devem acompa-
nhar as publicações pela Imprensa Ofi-
cial, bem como as informações dispo-
nibilizadas no site da OAB/DF.
Esta medida era esperada e foi muito
bem recebida por todos os integran-
tes do TED, porque dará celeridade
à tramitação dos processos, asse-
gurando maior eficiência à ação do
Tribunal, contribuindo para alcançar
o principal objetivo desta gestão: as-
segurar celeridade à tramitação dos
processos para aliviar os ombros dos
advogados injustamente representa-
dos e aplicar as penalidades cabíveis
aos que se desviaram do seu Código
de Ética no exercício da advocacia.
Incidente eleitoral gera processo
disciplinar
O incidente envolvendo ex-candidato
a governador do DF e ministro do
Supremo Tribunal Federal gerou pro-
cesso disciplinar no Tribunal de Ética
da OAB/DF. Atendendo à provocação
do presidente do Conselho Federal
da OAB, Dr. Ophir Cavalcante Júnior,
o presidente da Seccional no DF, Dr.
Francisco Queiroz Caputo Neto, de-
terminou a imediata instauração do
processo ético-disciplinar cuja rela-
toria coube ao conselheiro Dr. Lucas
Resende Rocha Júnior.
Em seu ofício, o representante solici-
ta “a apuração de eventual conduta
incompatível com o exercício da ad-
vocacia por parte de profissionais que
estariam, em tese, envolvidos em ne-
gociação de contrato que objetivava
afastar o Exmo. Sr. Ministro Ayres Brit-
to, do Supremo Tribunal Federal, do jul-
gamento do ex-governador do Distrito
Federal, Joaquim Roriz”.
A pedido do representante, o processo
foi instaurado contra todos os advo-
gados citados na conversa gravada na
sala do ex-candidato e veiculada em
vídeo pelo YouTube.
Aos representados serão asseguradas
todas as garantias do contraditório,
da ampla defesa e do devido proces-
so legal, mas o procedimento visa dar
uma resposta rápida aos advogados
brasileiros e à sociedade em geral sobre
uma conduta em tese tida como antié-
tica, uma vez que tinha como objetivo
impedir a atuação de um membro da
mais alta Corte do país em processo de
repercussão nacional.
Inscrição suplementar: bastam cin-
co ações, novas ou antigas
Todo advogado que possui mais de
cinco ações, novas ou antigas, fora da
Seccional onde tem inscrição originária,
deve providenciar a inscrição suple-
mentar na OAB/DF.
Respondendo a consulta formulada
pelo Conselho Seccional da OAB/RS, o
Conselho Federal firmou o entendimen-
to de que a intervenção judicial para fins
de caracterização do exercício habitual
da advocacia - que demande inscrição
suplementar na forma do art. 10, § 2º,
do Estatuto da Advocacia e da OAB - é
aquela caracterizada pela simples exis-
tência de cinco ações, novas ou antigas.
Boas-vindas aos novos membros
do TED
O Conselho Seccional aprovou, na últi-
ma sessão, os nomes dos novos mem-
bros do Tribunal de Ética e Disciplina, os
conselheiros seccionais Eduardo Vilhena
de Toledo, Magda Ferreira de Souza e
Rodrigo Freitas Rodrigues Alves, bem
como os advogados Lucenir Rodrigues,
Maurício Maranhão de Oliveira, Osmar
Quirino da Silva, Sônia Medeiros Andra-
de Lóssio e Sônia Rodrigues Ramos. A
todos eles o TED acolhe com alegria e
esperança e deseja profícuo trabalho.
Convite II
O Tribunal de Ética continua necessi-
tando de voluntários para servir como
advogados instrutores e dativos. São
cerca de 5.000 processos que necessi-
tam de instrução e julgamento. Trata-se
de serviço relevante para a classe. Os
requisitos são: ter boa vontade, tempo
e não estar respondendo a processos
disciplinares. Os interessados devem
procurar a Secretaria do Tribunal no ho-
rário comercial ou enviar currículo pelos
endereços: [email protected]
Infrações disciplinares
Tal como anunciado na edição anterior
da Voz do Advogado, a partir desta edi-
ção o Secretário-Geral do TED, Dr. Tarley
Max, comentará de forma concisa as in-
frações disciplinares previstas no art. 34
do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei
nº 8.906/94), com o objetivo de infor-
mar colegas e estagiários das condutas
vedadas no exercício da profissão.
“Exercício ilegal da profissão” (*)
O exercício ilegal da profissão está
previsto no inciso I, do art. 34: “Cons-
titui infraçãodisciplinar: I -exercera
profissão,quandoimpedidodefazê-
-lo,oufacilitar,porqualquermeio,o
seuexercícioaosnãoinscritos,proibi-
dosouimpedidos”.
Note-se que a primeira parte do inciso
trata do impedimento, que é a proibição
parcial do exercício da advocacia (art. 27
do EAOAB). Por ele, os advogados que
são servidores da administração direta,
indireta ou fundacional não podem
advogar contra a Fazenda Pública que
os remunere ou à qual seja vinculada
a entidade empregadora, excetuados
os docentes de cursos jurídicos (art.
30, I e parágrafo único, do EAOAB). Da
mesma forma, os advogados que são
membros do Poder Legislativo, em seus
diferentes níveis, não podem militar
contra ou a favor das pessoas jurídicas
de direito público, empresas públicas,
sociedades de economia mista, funda-
ções públicas, entidades paraestatais
ou empresas concessionárias ou per-
missionárias de serviço público (art. 30,
II, do EAOAB). O advogado que sofreu
suspensão disciplinar também fica im-
pedido de exercer a profissão em todo
o território nacional, durante o cumpri-
mento da pena (art. 37, § 1º c/c art. 42,
do EAOAB).
A segunda parte, por sua vez, se di-
rige aos advogados que facilitam o
exercício da advocacia a pessoas não
inscritas, proibidas ou impedidas, ou
ainda ao incompatibilizado (art. 27,
c/c arts. 28 e 29, do EAOAB). Obser-
ve que o exercício ilegal da profissão
pode se constituir em precedente
capaz de provocar a suscitação do
incidente de inidoneidade moral (art.
8º, § 3º, do EAOAB), que, declarada,
constituirá óbice a eventual pedido
de inscrição nos quadros da OAB.
Ademais, o exercício ilegal da profissão
é tipificado como contravenção penal
(art. 47, Decreto-Lei 3.688/41), e a
OAB tem a obrigação de comunicar o
fato às autoridades competentes (art.
71, do EAOAB). Por último, lembra-se
que esta infração é passível de censura
(art. 36, I, do EAOAB), ou, em caso de
reincidência, de suspensão de 30 dias
a 12 meses (art. 37, II, do EAOAB). Se
houver agravante, multa de uma a dez
anuidades (art. 39, do EAOAB).
(*) Tarley Max da Silva – Secretário-Ge-
ral do TED/OABDF
As futuras notificações
em processos disciplinares
serão, em regra, realizadas mediante
publicação na Imprensa Oficial
44 45
SUBSEçõES
IncluSãO e InVeStImentO
CEILÂNDIA
No dia 24 de setembro, advogados da cidade se reuniram em jantar
de confraternização da Subseção. Cerca de 100 pessoas participaram
do evento, que contou com a presença do conselheiro Adelvair Pêgo
Cordeiro representando o presidente Francisco Caputo.
PLANALTINA
Durante o mês de setembro, a Subseção denunciou propagandas políti-
cas irregulares ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Houve ainda a reno-
vação do equipamento de informática da sede. Os advogados da região
têm elogiado as ações da Subseção e da Seccional. Está prevista uma
reunião com o Conselho de Saúde para reivindicar melhorias na área aos
órgãos competentes.
SAMAMBAIA
Consultores do plano OABPrev estiveram em Samambaia em setembro
para tirar as dúvidas dos advogados sobre o plano de previdência para a
categoria. As palestras do “Programa OAB vai à Escola” continuam. Neste
mesmo mês, os centros de ensino de Santa Maria, Riacho Fundo, Samam-
baia e Recanto das Emas receberam o programa.
GAMA
Direito do Trabalho, Direito da Criança e do Adolescente, Ética e Cida-
dania são alguns dos temas abordados em projeto desenvolvido pela
Subseção, com alunos dos ensinos médio e fundamental da região admi-
nistrativa. A iniciativa é realizada em parceria com a Associação Nacional
dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Direção Regional de
Ensino do Gama, SESI e SESC. O objetivo é transmitir noções básicas do
Direito aos estudantes. Para isso, membros das Comissões da OAB/DF
prestam monitoria aos professores das escolas públicas e privadas que
participam do programa. A ideia da Subseção é beneficiar cada vez mais
centros de ensino.
SOBRADINHO
A sala do advogado do Fórum de Sobradinho recebeu da OAB/DF, no mês
de setembro, computadores de última geração. O espaço também irá pas-
sar por reforma geral, em breve. A Subseção de Sobradinho, juntamente
com a OAB/DF, contratou mais um funcionário para melhor atendimento
ao público.
Acompanhe aqui o trabalho das
subseções da OAB em todo o DF
TAGUATINGA
Alunos, pais e professores de escolas públicas da cidade se reuniram com
membros da OAB de Taguatinga, para discutir o tema bullying. O encontro
faz parte de um projeto da Subseção que atende a solicitações de centros
de ensino na abordagem de assuntos relevantes para a comunidade. Além
disso, a Subseção participou da inauguração de dois cartórios eleitorais,
em Ceilândia e na Cidade Estrutural.
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SUBSEçõES - ENTREVISTA
gAmA mAIS PróxImO DA POPulAçãO
A subsecção local está
empenhada em oferecer melhores
serviços aos cidadãos
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M uitos moradores de cidades próximas a Brasília acabam tendo que percorrer grandes distâncias à pro-
cura de serviços de qualidade, principalmente quando o assunto é o acesso ao Judiciário. É exatamente
o que o vice-presidente da subseção do Gama, Almiro Cardoso Júnior, quer evitar que aconteça. Boa
parte do trabalho na subseção consiste em levar para o Gama “tudo de bom que Brasília oferece aos cidadãos”.
De acordo com ele, no Gama não existe apego à hierarquia ou ao ego com relação aos cargos, mas sim o
ideal de oferecer bom atendimento ao cidadão. Na entrevista, Cardoso falou sobre o trabalho de levar
ao advogado e à comunidade serviços de qualidade, evitando que as pessoas tenham que sair da cidade
para encontrar bons profissionais e estrutura adequada. Ele fala ainda sobre os desafios da gestão e as
metas de crescimento.
Como você chegou à subseção do
Gama?
O Tribunal Regional do Trabalho
queria tirar a Vara do Trabalho do
Gama sob o argumento de que não
havia demanda suficiente. Isso iria
prejudicar os profissionais e os es-
tudantes que fazem estágio e têm
aqui a oportunidade de fazer tudo
perto de casa, além do trabalhador,
que teria que se deslocar com as tes-
temunhas. No caso da pessoa estar
desempregada, por exemplo, a reti-
rada dificultaria o acesso do traba-
lhador ao Judiciário. Por todos esses
motivos encabecei o movimento do
“Fico”. O presidente Caputo entrou
em contato comigo e também le-
vantou essa bandeira. Deu tão certo
que a Vara continua aqui.
Quais são os maiores problemas
que atingem a classe dos advo-
gados no Gama?
O primeiro deles é a falta de união,
e isso eu acredito que não seja um
problema só daqui. Temos que aju-
dar o jovem advogado a se inse-
rir no mercado de trabalho. Se há
profissionais de renome, os clientes
vão apenas para eles, o que acaba
restringindo as oportunidades aos
recém-formados. Abrir o mercado é
até mesmo uma garantia de perpe-
tuar a profissão, já que muitas pes-
soas fazem o curso de Direito só para
passar em concurso público, o que
é ruim para a categoria. Também é
de nosso interesse valorizar o pro-
fissional do Gama e mostrar para a
população que ele é tão competente
quanto os outros.
Você acha que existe esse pensa-
mento por parte dos moradores
do Gama, de acharem que os pro-
fissionais da cidade não são tão
bons quanto os de Brasília?
Existe. Da mesma forma, há pes-
soas que procuram advogados do
Gama porque acham que os do
Valparaíso ou do Novo Gama não
são competentes. Um dos nossos
objetivos é valorizar o profissional
da cidade. A Escola Superior de
Advocacia (ESA) tem nos ajudado
muito, trazendo para as subseções
cursos de reciclagem. Para que um
profissional transmita segurança
ao cliente, tem que estar atualiza-
do. Antigamente era complicado;
depois de um dia exaustivo de tra-
balho, atravessar o DF para fazer os
cursos na sede da OAB, localizada
a 45 quilômetros do Gama. A ini-
ciativa de descentralização é um fa-
tor extremamente importante para
promover a atualização e, conse-
quentemente, mostrar que aqui te-
mos advogados competentes.
A subseção tem ações voltadas
para o público carente?
Sim. No semestre passado oferece-
mos apoio à Ação Global. No mês de
novembro haverá uma ação seme-
lhante, no estádio do Gama: uma es-
pécie de “mini Ação Global jurídica”.
Isso vai ao encontro de outra preocu-
pação: aproximar a OAB da socieda-
de. Queremos mostrar os direitos do
cidadão por meio de ações que pro-
movam a instituição como um todo,
comprovando a importância do ad-
vogado para a sociedade.
Há projetos em andamento na
cidade?
Temos um projeto único no Distrito
Federal. É um programa nacional en-
cabeçado pela Associação Nacional
dos Magistrados do Trabalho (Ana-
matra), em Brasília representada pela
Amatra. Desenvolvemos ações volta-
das ao público jovem e adolescente
para promover o Direito do Trabalho.
A iniciativa é realizada em conjunto
com escolas de ensino fundamental
e médio, que oferecem aulas extra-
curriculares sobre o tema. O papel da
OAB no projeto, que já funciona em
vários Estados do Brasil, é tirar dúvidas
e preparar o professor para responder
às questões oriundas daquele mate-
rial. Mais uma vez, isso aproxima a
instituição da sociedade e promove a
cidadania de forma pró-ativa. É uma
maneira de formar cidadãos cons-
cientes sobre seus direitos e deveres.
Outro projeto, em fase de criação, é
um site para a comunicação entre os
advogados da subseção, com fóruns
de discussão, banco de currículos.
Em todos os temas, parece clara
a ideia de trazer melhorias para
que os moradores do Gama não
precisem sair daqui.
Sim, nosso esforço se concentra nis-
so. E se estamos conseguindo, aos
poucos, alcançar nossos objetivos, é
também por causa da atual gestão
da OAB/DF, que concede determi-
nada autonomia administrativa e fi-
nanceira às subseções. Ainda não é
o ideal, mas é um bom começo. Com
isso, podemos sonhar mais longe,
sem ficarmos presos à burocracia.
E os próximos desafios?
O maior deles é reconquistar nos-
sa identidade por meio da sede do
Gama, que perdemos na gestão pas-
sada. O espaço funciona como um
local onde os advogados podem se
reunir, além de criar identidade para
a instituição, aumentando a possibili-
dade de agregar e integrar os profis-
sionais. Outro desafio é criar uma sala
para o advogado na Vara do Trabalho.
As audiências ocorrem no primeiro
andar, e o profissional tem que orien-
tar o cliente em frente à padaria ou
no meio da rua. Não existe onde tirar
xérox ou ter acesso à internet. O pro-
blema é mais grave, principalmente,
para quem vem de fora do Gama.
Fazer do Gama uma cidade com toda a infraestrutura necessária para atender as necessidades dos moradores é dos grandes objetivos da subseção segundo Almiro
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O direito à imagem O livro trata da distinção
entre o direito à imagem
e a própria imagem, “o
duplo conteúdo”, como
se refere o autor. Arnal-
do Siqueira de Lima con-
centrou seus estudos em
uma interpretação ade-
quada desse direito, ga-
rantido, entre poucos pa-
íses do mundo, no Brasil.
Com base em análise de literatura estrangeira, especialmente
da italiana e da espanhola, o livro é recomendável a estu-
dantes e operadores do Direito que queiram se aproximar de
tema atual, ainda pouco aprofundado nacionalmente.
corrupção: fonte de injustiça e impunidadeOsmar Alves de Melo apon-
ta as principais deficiências
do Poder Judiciário nacio-
nal, condenando os privilé-
gios desfrutados pela ma-
gistratura. A obra mostra
a necessidade de reformas
para corrigir distorções de uma Justiça, segundo o autor, mar-
cada pelo corporativismo e por preconceitos de classe. Apesar
de polêmico, o livro é embasado em centenas de fatos e atos
reais, rigorosamente documentados e divulgados pela mídia,
e amparado em quase uma década de pesquisas.
curso de Direito tributárioA obra busca auxiliar o
leitor na compreensão do
Direito Tributário, trazendo
as principais regras e nor-
mas, com a apresentação
de exemplos e de alguns
conceitos históricos. Uma
coletânea de diversas situa-
ções, que transmite ao lei-
tor os verdadeiros aspectos
práticos do sistema tributário brasileiro. Também são apre-
sentados detalhes curiosos sobre a legislação, o que torna o
aprendizado mais dinâmico e interessante, permitindo refle-
xão sobre problemas atuais e suas origens.
manual Prático em consultoria tributáriaA elaboração deste manual
surgiu da ideia de oferecer
uma fonte de pesquisa
segura e facilitadora aos
operadores do Direito Tri-
butário. Neste livro são
apresentadas Soluções de
Consulta da Receita Fede-
ral do Brasil (RFB), os des-
taques da jurisprudência da Câmara Superior de Recursos
Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do
Ministério da Fazenda (CARF) e dos Tribunais Superiores, em
matéria de Direito Tributário e de caráter definitivo.
ESTANTE JURíDICA
Livro: Curso de Direito Tributário
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Páginas: 487
Editora: Saraiva
Preço: R$ 81
Livro: Manual Prático em Consultoria Tributária
Coordenador: Dalton Cesar Cordeiro de Miranda
Equipe de Pesquisa: Ana P. M. Costa, Carter G. Batista,
Wagner B. V. de Oliveira e Walmir de Góis N. Filho
Páginas: 433 Editora: Fórum Preço: R$ 99
Livro: Corrupção: fonte de injustiça e impunidade
Autor: Osmar Alves de Melo
Páginas: 352
Editora: LGE
Preço: R$ 45
Livro: O direito à imagem: proteção jurídica e limites de violação
Autor: Arnaldo Siqueira de Lima
Páginas: 121
Editora: Universa
Preço: R$ 25
DAtA VenIA
COlUNA DE NOTAS/REDAçÃO
meDIAçãO e ArBItrAgem
A OAB/DF e a Câmara Previdenciária de Mediação e Arbitragem promove-
ram, no dia 20 de setembro, o I Seminário de Mediação e Arbitragem, que
reuniu advogados, estudantes e especialistas. O convidado Hélder Riesler
de Oliveira, membro do Fórum Mundial de Mediação de Conflito, analisou
o Projeto de Lei nº 4827/98. Já Gabriela Asmar, da Comissão de Mediação
de Conflitos da OAB/RJ, discutiu os princípios norteadores, as característi-
cas e as vantagens da mediação, que identificam interesses comuns entre
as partes, construindo soluções em consenso. Na oportunidade, os pales-
trantes ressaltaram a importância da ética do advogado como defensor da
liberdade e da expressão.
nOVA leI DOS cOncurSOS
A pedido da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos
(Anpac), a OAB/DF colaborou com o projeto da nova Lei dos Concursos (PL
1.627/2010). O projeto foi enviado à Câmara pelo Governo do Distrito Fede-
ral (GDF), e está em tramitação desde o dia 18 de agosto. Uma equipe de-
signada pelo presidente Francisco Caputo construiu nova proposta, com base
no projeto de autoria do deputado Chico Leite, que em 2006 foi considerado
inconstitucional pela Justiça do DF, por vício de iniciativa. Se for aprovado, o
PL definirá regras específicas para os concursos públicos, como anulação de
questões que admitem mais de uma interpretação e as que contêm erro gra-
matical que prejudica o entendimento. A norma assegura ainda que, durante
o prazo estipulado pelo edital, o candidato terá direito ao conhecimento, ao
acesso e aos esclarecimentos sobre a correção das provas.
POSSe De DeFenSOreS PúBlIcOS
O presidente da OAB/DF, Francis-co Caputo, presidiu no dia 28 de setembro a solenidade de pos-se de 17 defensores públicos do DF. “Temos de nos esforçar para transformar a sociedade e torná--la mais justa, mais plural e menos preconceituosa. Contamos com o auxílio dos que honram os qua-dros dessa entidade”, frisou. Para o diretor geral da Defensoria Pú-blica do DF, Jairo de Almeida, mais do que um advogado, o defensor público é um cidadão que vivencia com a sociedade e procura contri-buir de forma efetiva para que a vida das pessoas seja um pouco melhor. Também participaram da mesa representantes da Defenso-ria Pública da União, Afonso Pra-do; do MPDFT, Dermeval Farias; e o presidente da Associação dos Defensores Públicos do DF (Adep), Hamilton Carvalho.
cOOPerAçãO cOm A ArgentInA
A OAB/DF recebeu proposta para a criação de um convênio de cooperação com o
Colegio Público de Abogados de la Capital Federal da República Argentina. A entida-
de, situada em Buenos Aires, representa a classe naquele país. O convite foi feito pelo
advogado Bernardo Pablo Sukiennik, membro das comissões de Relações Internacionais e
de Sociedade dos Advogados. O principal objetivo do convênio é a colaboração recíproca
com intercâmbio de informações e atividades. Inicialmente deve ser criada uma comissão de coordenação, a ser
integrada por um membro titular e um suplente de cada colégio. Para Caputo, conhecer a experiência de outros
países é importante para aperfeiçoar a atuação da Ordem e a prestação de novos serviços aos advogados.
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Por Vicente Coelho AraújoAssociado da área contenciosa de Pinheiro Neto Advogados
StF e Stj: A PArte PODe DeSIStIr De Seu recurSO?
ARTIgO
Muito se tem feito para tentar solucionar o problema do grande número de recursos
remetidos aos tribunais superiores. Partes e advogados são dos maiores interessados nessa solução.
Em dezembro de 2008, a Corte Espe-cial do STJ decidiu , por maioria de vo-tos, que o recorrente não tem direito a desistir de recurso que tenha sido selecionado pelo Tribunal para ser o paradigma na sistemática dos recursos repetitivos (Lei 11.672/2008).
O fundamento da decisão foi o da prevalência do interesse público em se pacificar uma controvérsia repetitiva, ainda que diante do interesse da parte em desistir de seu recurso. O recorren-te argumentava, legitimamente, que o recurso selecionado não era represen-tativo de todas as variáveis da tese em questão.
Mas poderia o STJ negar à parte um direito que lhe assiste por expressa previsão legal? Seria possível fazê-lo sem declaração de inconstitucionali-dade da lei processual?
Sob o envolvente argumento da me-lhora e da maior rapidez da prestação jurisdicional, o STJ, pragmaticamente, mitigou a garantia do devido proces-so legal – instituto de taxativo amparo constitucional. É que o CPC assegura à parte o direito de desistir de seu re-curso a qualquer tempo, na dicção do
O Código de Processo Civil
assegura que o recorrente poderá, a qualquer tempo,
sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso
artigo 501: “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”.
Ao fundamentar sua decisão, o STJ poderia ter declarado inconstitucio-nal esse dispositivo legal, mas não o fez. Optou por atribuir ao Tribunal competência que a própria Consti-tuição parece não lhe outorgar.
O STF também já deparou com dis-cussões sobre a possibilidade de o recorrente desistir de um recurso escolhido pelo Tribunal para ser o paradigma a resolver uma tese que se espalhara em processos por todo o país.
No entanto, mesmo em se tratando de recurso em que haja reconhecida repercussão geral, o STF decidiu re-centemente que o interesse da parte, constitucionalmente assegurado, há de ser preservado.
Em decisão plenária na sessão de 29.9.2010, o STF reafirmou seu posi-cionamento contrário ao raciocínio do STJ, ao julgar o pedido de desistência apresentado pelo ex-governador Joa-quim Roriz em recurso extraordinário que tinha por objeto o registro de sua candidatura ao governo do Distrito Federal. Nesse famoso recurso extra-ordinário, discutiam-se a constitucio-nalidade e a aplicação, já nas eleições 2010, da Lei da Ficha Limpa.
Na semana anterior, milhares de apa-relhos de televisão certamente de-ram à TV Justiça um de seus maiores picos de audiência. Em todo o Brasil, o assunto era esse. Talvez não tenha havido julgamento do STF com maior repercussão social. Ao fim de duas sessões, suspense: empate em 5 votos a 5, relativamente à possibilidade de aplicação da Lei da Ficha Limpa nas Eleições 2010.
No dia seguinte, o recorrente apresen-tou pedido de desistência de seu re-curso extraordinário. E então? O STF decidiu, por 6 votos a 4, não ser pos-sível o exame de nenhuma das teses postas naquele recurso extraordinário, embora anteriormente haja sido reco-nhecida sua repercussão geral.
Outra conclusão parece não haver se-não a de que cabe ao advogado, com seu constituinte, definir quando desis-tir de seu recurso.
O STJ, na esteira de mais uma decisão do STF, precisa retomar esse debate. Precisa considerar a possibilidade de a parte desistir do recurso escolhido como paradigma na sistemática dos recursos repetitivos, tal qual o STF o faz em relação aos casos em que se re-conhece repercussão geral. Ou decla-rar a inconstitucionalidade do artigo 501 do CPC. Homologada a desistên-cia, outro recurso adequado à solução do tema haverá de ser escolhido. Isso, sim, é prestigiar o interesse público.
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