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MITCHEL DRUZ HIERA O RITMO CLIMÁTICO NO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO E A PRODUÇÃO DE UVA: O ESTUDO DE CASO “MARIALVA-PR” Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leonor Marcon da Silveira Maringá 2011

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MITCHEL DRUZ HIERA

O RITMO CLIMÁTICO NO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO E A PRODUÇÃO DE UVA:

O ESTUDO DE CASO “MARIALVA-PR”

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leonor Marcon da Silveira

Maringá 2011

AGRADECIMENTOS

Alegro-me em externar meus sinceros agradecimentos a quantos comigo se fizeram

presentes e colaboraram ao longo do curso de Mestrado em Geografia e da

correspondente dissertação, de modo muito especial:

À Prof.ª Dr.ª Leonor Marcon da Silveira, pela competência, profissionalismo e braço

amigo na orientação de todas as etapas deste trabalho;

Ao Prof. Dr. Victor Assunção Borsato, por ter-me indicado, ainda na graduação, o

caminho para a pesquisa científica;

À minha família, pela confiança e motivação;

Aos colegas e professores da graduação, pela força e pela vibração em relação a

esta jornada;

Aos professores e colegas de curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de

nossas vidas;

Aos profissionais entrevistados, em especial à Silvia Capelari, engenheira agrônoma

responsável pela Emater de Marialva, pela concessão de informações valiosas para

a realização deste estudo;

Aos que, com seu estímulo, não permitiram que eu deixasse de finalizar este

trabalho.

Perder tempo em aprender

coisas que não interessam, priva-nos de

descobrir coisas interessantes.

Carlos Drummond de Andrade

HIERA, Mitchel Druz. O ritmo climático no Trópico de Capricórnio e a produção de uva: O estudo de caso “Marialva - PR”. 2011. 131f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

RESUMO

O presente estudo verifica se as condições climáticas da região de Marialva são favoráveis à boa produção de uva. Desde a década de 1960 o Município de Marialva, localizado em área de clima subtropical, tem sua economia baseada na viticultura, a cultura se adapta melhor ao clima temperado. Apesar, porém, de o município de Marialva estar inserido na zona subtropical, o clima da região é caracterizado como de transição entre o tropical e o subtropical, portando possui características dos dois climas. Para esta pesquisa foram utilizados os quatro principais elementos do clima que influenciam o desenvolvimento da videira: a temperatura, a precipitação, a umidade relativa do ar e a insolação. Como o clima da região de estudo favorece a realização de duas safras anuais, este trabalho contemplou essas duas safras. A primeira delas, realizada no segundo semestre do ano, foi subdividida em duas, conforme a época da poda realizada pelo produtor. Os resultados são demonstrados da seguinte forma: em primeiro lugar são apresentadas as necessidades hídricas, térmicas, de umidade e de insolação para cada uma das fases fenológicas da videira; em seguida, é demonstrado, através de uma série climatológica de 30 anos, como cada um dos elementos do clima estudados se comportou nos períodos das fases fenológicas da videira; e por último, após se eleger a safra 2008/2009 como de alta produtividade, foi realizada a análise dos elementos do clima em escala diária para os meses dessa safra, procurando-se compará-los com a produtividade obtida. Os dados climáticos foram obtidos na Estação Climatológica Principal de Maringá, associada ao Instituto Nacional de Meteorologia. A análise aponta como principais resultados que: a) o ritmo climático do segundo semestre do ano, quando é realizada a primeira safra anual, é mais favorável às exigências da videira, com temperaturas amenas no início do ciclo reprodutivo e pluviosidade elevada no final desse ciclo; e b) o ritmo climático do primeiro semestre do ano, quando é realizada a segunda safra anual, é desfavorável às exigências da videira, porém pode não comprometer a produtividade. Conclui-se que as condições climáticas do Norte do Paraná podem causar diminuição na produtividade, porém possibilitam o desenvolvimento de duas safras anuais, com colheitas em períodos em que há desabastecimento do produto no mercado.

Palavras-chave: Ritmo climático. Viticultura. Região Norte do Estado do Paraná.

HIERA, Mitchel Druz. The climatic rhythm in the Tropic of Capricorn and grape production: the case study “Marialva – PR”. 2011. 131p. Thesis (MA in Geography) – University of Maringá, Maringá.

ABSTRACT

This study verifies that the climatic conditions are favorable for Marialva good grape production. Since the 1960s, the City of Marialva, located in subtropical area, has its economy based on viticulture. This, in turn, is a culture that adapts best to the Temperate. Despite the geographical position of Marialva be inserted in the subtropical zone, the region's climate is characterized as a transition between the Tropical and Subtropical, bearing characteristic features of the two climates. For this research we used the four main elements of climate that influence the development of grapevine: temperature, precipitation, relative humidity and sunshine. As the climate of the study area favors the holding of two annual crops, this study included the two annual harvests, and the first annual harvest, held in the second half of the year was divided into two, according to the time of pruning performed by the producer. Results are shown as follows: first, the water requirements are presented, thermal, humidity and sunshine for each of the phenological stages of the vine, then, is demonstrated through a series of climatological 30 years, as each of the elements of the climate behaved in the periods studied the phenological stages of grapevine, and finally, after choosing the 2008/2009 season as high productivity, we performed the analysis of weather elements on a daily, for the months of season, trying to compare with the yield obtained. Climatic data were obtained from the climatological station of Maringa, associated with the National Institute of Meteorology. Points as main results: a) the pace of climate the second half, when it held its first annual harvest is more favorable to the exigencies of the vine, with lower temperatures at the beginning of the reproductive cycle and heavy rainfall at the end of this cycle, b) the pace of climate the first half, when it is held the second annual crop, is unfavorable to the requirements of the vine, but can not compromise productivity. Concluded that the climatic conditions of Northern Paraná may cause a fall in productivity, however, enables the development of two annual crops with crops in periods when there are shortages of the product on the market.

Keywords: Rhythm climate. Viticulture. Northern Region of Paraná.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estádios fenológicos da videira, de acordo com Eichhorn e Lorenz .......... 27

Figura 2: Localização do município de Marialva ....................................................... 41

Figura 3: Total de horas de insolação para o período vegetativo da safra normal para

o Município de Marialva – PR (junho a dezembro) ................................................... 52

Figura 4: Total de horas de insolação para o período vegetativo da safrinha, para o

município de Marialva – PR (janeiro a junho) (1995 e 1996 – ausência de dados) .. 53

Figura 5: Média de umidade relativa do ar para o período vegetativo da safra normal

da uva em Marialva – PR (junho a dezembro) ......................................................... 54

Figura 6: Média de umidade relativa do ar para o período vegetativo da safrinha da

uva em Marialva – PR (janeiro a junho) ................................................................... 54

Figura 7: Precipitação durante a fase fenológica da brotação até o início do

florescimento, poda precoce, para o município de Marialva – PR (15 de junho a 05

de julho) ................................................................................................................... 55

Figura 8: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da

maturação, poda precoce, para o município de Marialva – PR (06 de julho a 15 de

setembro) ................................................................................................................. 56

Figura 9: Precipitação durante a fase fenológica do início da maturação até a

colheita, poda precoce, para o município de Marialva – PR (16 de setembro a 20 de

outubro) ................................................................................................................... 57

Figura 10: Precipitação durante a fase fenológica da brotação ao início do

florescimento, poda normal, para o Município de Marialva – PR (15 de julho a 05 de

agosto) ..................................................................................................................... 58

Figura 11: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da

maturação, poda normal, para o município de Marialva – PR (06 de agosto a 15 de

outubro) ................................................................................................................... 58

Figura 12: Precipitação durante a fase fenológica início da maturação ao início da

colheita, poda normal, para o Município de Marialva – PR (16 de outubro a 20 de

novembro) ................................................................................................................ 59

Figura 13: Precipitação durante a fase fenológica da brotação ao início do

florescimento, safrinha, para o município de Marialva – PR (1º a 20 de janeiro) ...... 60

Figura 14: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da

maturação (safrinha) para o município de Marialva – PR (21 de janeiro a 05 de abril)

................................................................................................................................. 60

Figura 15: Precipitação durante a fase fenológica que vai do início da maturação ao

início da colheita (safrinha), para o município de Marialva – PR (06 de abril a 10 de

maio) ........................................................................................................................ 61

Figura 16: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação,

poda precoce, para o município de Marialva – PR (15 de Junho a 05 de Julho) ...... 62

Figura 17: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

florescimento, poda precoce, para o município de Marialva – PR (06 a 31 de julho) 63

Figura 18: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

desenvolvimento da baga, poda precoce, para o município de Marialva – PR (1º de

agosto a 15 de setembro) ........................................................................................ 63

Figura 19: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação,

poda precoce, para o município de Marialva – PR (16 de setembro a 20 de outubro)

................................................................................................................................. 64

Figura 20: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação,

poda normal, para o município de Marialva – PR (15 de julho a 05 de agosto) ........ 64

Figura 21: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

florescimento, poda normal, para o município de Marialva – PR (06 a 31 de agosto)

................................................................................................................................. 65

Figura 22: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

desenvolvimento da baga, poda normal, para o município de Marialva – PR (1º de

setembro a 15 de outubro) ....................................................................................... 65

Figura 23: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação,

poda normal, para o município de Marialva – PR (16 de outubro a 20 de novembro)

................................................................................................................................. 66

Figura 24: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação,

safrinha, para o Município de Marialva – PR (1º a 20 de janeiro) ............................. 66

Figura 25: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

florescimento, safrinha, para o Município de Marialva – PR (21 de janeiro a 15 de

fevereiro) .................................................................................................................. 67

Figura 26: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do

desenvolvimento da baga, safrinha, para o município de Marialva – PR (16 de

fevereiro a 05 de abril) ............................................................................................. 67

Figura 27: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação,

safrinha, para o município de Marialva – PR (06 de abril a 10 de maio) ................... 68

Figura 28: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – julho de 2008 .............................................. 74

Figura 29: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de julho de 2008 ...................................................................................................... 75

Figura 30: Atuação da mTa sobre a região de Marialva no dia 1º de julho de 2008 . 76

Figura 31: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de agosto de 2008 ................................................................................................... 77

Figura 32: Sistema frontal atuando sobre o Estado do Paraná no dia 08 de agosto de

2008 ......................................................................................................................... 78

Figura 33: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – agosto de 2008 .......................................... 79

Figura 34: Atuação dos diferentes sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR

- setembro de 2008 .................................................................................................. 81

Figura 35: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo

e os sistemas atmosféricos atuantes – setembro de 2008 ....................................... 82

Figura 36: Massa Polar Atlântica atuando sobre a região de Marialva no dia 07 de

setembro de 2008, 12:00 UTC ................................................................................. 83

Figura 37: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de outubro de 2008 .................................................................................................. 84

Figura 38: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo

e os sistemas atmosféricos atuantes – Outubro de 2008 ......................................... 85

Figura 39: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de novembro de 2008 .............................................................................................. 87

Figura 40: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo

e os sistemas atmosféricos atuantes – novembro de 2008 ...................................... 88

Figura 41: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de dezembro de 2008 .............................................................................................. 89

Figura 42: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – dezembro de 2008 ...................................... 90

Figura 43: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – janeiro de 2009 ........................................... 93

Figura 44: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de janeiro de 2009 ................................................................................................... 94

Figura 45: Sistema Frontal sobre o Estado do Paraná, no dia 19 de janeiro de 2009

................................................................................................................................. 95

Figura 46: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de fevereiro de 2009 ................................................................................................ 96

Figura 47: Variação diária dos elementos climáticos à superfície na área em estudo

e os sistemas atmosféricos atuantes – fevereiro de 2009 ........................................ 97

Figura 48: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área em estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – março de 2009 ............................................ 99

Figura 49: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de março de 2009 .................................................................................................. 100

Figura 50: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de abril de 2009 ..................................................................................................... 101

Figura 51: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área em estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – abril de 2009 ............................................. 102

Figura 52: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo

e os sistemas atmosféricos atuantes – maio de 2009 ............................................ 104

Figura 53: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de maio de 2009 .................................................................................................... 105

Figura 54: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês

de junho de 2009 ................................................................................................... 106

Figura 55: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área do estudo,

e os sistemas atmosféricos atuantes – junho de 2009 ........................................... 107

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Ciclo produtivo das variedades-copa de videira explorada comercialmente

no Estado do Paraná (safra normal) ........................................................................ 26

Tabela 2: Necessidade hídrica nas principais fases da videira ................................. 33

Tabela 3: Limites de temperatura do ar (°C) ótimos para as diferentes fases da

videira. ..................................................................................................................... 34

Tabela 4: Valores de temperatura-base (Tb) e graus-dia (GD) para a videira .......... 34

Tabela 5: Variáveis climáticas no período de desenvolvimento do míldio1 ............... 37

Tabela 6: Produção mundial de uva (em 1.000 toneladas), segundo FAO (2006).... 38

Tabela 7: Produção de uva no Brasil (em toneladas), segundo IBGE (2006) ........... 39

Tabela 8: Precipitação média para as fases fenológicas e por época de poda para a

região de Marialva – PR, entre os anos de 1980 e 2009 .......................................... 61

Tabela 9: Insolação - Valores padrões por safra e fase fenológica (em h) ............... 69

Tabela 10: Umidade – Valores padrões por safra e fase fenológica (em %) ............ 69

Tabela 11: Precipitação – Valores padrões por safra e fase fenológica (em mm) .... 70

Tabela 12: Temperatura – Valores padrões por safra e fase fenológica (em °C) ..... 70

Tabela 13: Área plantada, produção e produtividade de uva em Marialva, por

espécie – 2000 a 2009 ............................................................................................. 72

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPEF Associação Norte Paranaense de Estudo em Fruticultura

BA Bahia

CE Ceará

cFa Clima mesotérmico sempre úmido

CO2 Dióxido de carbono

CPTEC Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos

DERAL Departamento de Economia Rural

EMATER Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

ES Espírito Santo

FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

g Grama

GD Grau-dia

GO Goiás

h Hora

H2O Água

ha Hectare

hPa Hectopascal

IAPAR Instituto Agronômico do Paraná

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

kg Quilograma

km2 Quilometro quadrado

m2 Metro quadrado

m/s Metro por segundo

mEc Massa Equatorial Continental

MG Minas Gerais

mm Milímetros

mPa Massa Polar Atlântica

MS Mato Grosso do Sul

MT Mato Grosso

mTa Massa Tropical Atlântica

mTc Massa Tropical Continental

N Norte

NE Nordeste

O Oxigênio

OMM Organização Mundial de Meteorologia

PAR Radiação fotossinteticamente ativa

PB Paraíba

PE Pernambuco

PR Paraná

RN Rio Grande do Norte

RS Rio Grande do Sul

S Sul

SC Santa Catarina

SEAB Secretária de Agricultura e Abastecimento do Paraná

SF Sistema Frontal

SP São Paulo

t Tonelada

Tb Temperatura base

TO Tocantins

UEM Universidade Estadual de Maringá

USA Estados Unidos da América

UTC Tempo Universal Coordenado

W Oeste

ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 19

2.1 O CLIMA NA ZONA DE TRANSIÇÃO DO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO .......................... 21

2.2 A VIDEIRA......................................................................................................... 23

2.2.1 O ciclo de desenvolvimento da videira ..................................................... 25

2.2.2 Principais processos fisiológicos da videira .............................................. 26

2.2.3 Variedades de uva produzidas em Marialva ............................................. 28

2.3 A INFLUÊNCIA DO CLIMA NA VITICULTURA.............................................................. 30

2.3.1 Insolação.................................................................................................. 31

2.3.2 Umidade relativa do ar ............................................................................. 32

2.3.3 Precipitação ............................................................................................. 32

2.3.4 Temperatura ............................................................................................ 33

2.3.5 Granizo .................................................................................................... 35

2.3.6 Geada ...................................................................................................... 35

2.3.7 Vento ....................................................................................................... 36

2.3.8 O microclima do parreiral ......................................................................... 37

3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA VITICULTURA ................................................ 38

4 ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................. 41

5 METODOLOGIA ................................................................................................... 45

6 ANÁLISE ............................................................................................................... 51

6.1 ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA 1980-2009 ............................................................ 51

6.1.1 Insolação.................................................................................................. 51

6.1.2 Umidade relativa do ar ............................................................................. 53

6.1.3 Precipitação ............................................................................................. 55

6.1.4 Temperatura ............................................................................................ 62

6.1.5 Geada e ventos ........................................................................................ 68

6.2 DETERMINAÇÃO DOS PADRÕES ........................................................................... 69

6.3 PRODUÇÃO DE UVAS EM MARIALVA ..................................................................... 71

6.4 RITMO METEOROLÓGICO PARA O PERÍODO 2008-2009 ......................................... 72

6.4.1 Julho de 2008 .......................................................................................... 73

6.4.2 Agosto de 2008 ........................................................................................ 77

6.4.3 Setembro de 2008 .................................................................................... 80

6.4.4 Outubro de 2008 ...................................................................................... 83

6.4.5 Novembro de 2008 ................................................................................... 86

6.4.6 Dezembro de 2008 ................................................................................... 89

6.4.7 Janeiro de 2009 ....................................................................................... 92

6.4.8 Fevereiro de 2009 .................................................................................... 96

6.4.9 Março de 2009 ......................................................................................... 98

6.4.10 Abril de 2009 ........................................................................................ 101

6.4.11 Maio de 2009 ....................................................................................... 103

6.4.12 Junho de 2009 ..................................................................................... 106

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 110

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 112

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................. 118

APÊNDICES .......................................................................................................... 119

APÊNDICE A: INSOLAÇÃO NA REGIÃO DE MARIALVA 1980 A 1996 (EM HR) ............... 120

APÊNDICE B: INSOLAÇÃO NA REGIÃO DE MARIALVA, 1997 A 2009 (EM HR) .............. 121

APÊNDICE C: UMIDADE RELATIVA DO AR NA REGIÃO DE MARIALVA, 1980 A 1995 (EM

%) ....................................................................................................................... 122

APÊNDICE D: UMIDADE RELATIVA DO AR NA REGIÃO DE MARIALVA, 1996 A 2009 (EM

%) ....................................................................................................................... 123

APÊNDICE E: PRECIPITAÇÃO TOTAL NA REGIÃO DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O

PERÍODO DA PODA PRECOCE (EM MM) ..................................................................... 124

APÊNDICE F: PRECIPITAÇÃO TOTAL NA REGIÃO DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O

PERÍODO DA PODA NORMAL (EM MM) ....................................................................... 125

APÊNDICE G: PRECIPITAÇÃO TOTAL NA REGIÃO DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O

PERÍODO DA SAFRINHA (EM MM) .............................................................................. 126

APÊNDICE H: TEMPERATURA MÉDIA COMPENSADA, POR FASE FENOLÓGICA, NA REGIÃO

DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O PERÍODO DA PODA PRECOCE (EM °C) ................. 127

APÊNDICE I: TEMPERATURA MÉDIA COMPENSADA, POR FASE FENOLÓGICA, NA REGIÃO

DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O PERÍODO DA PODA NORMAL (EM °C) ................... 128

APÊNDICE J: TEMPERATURA MÉDIA COMPENSADA, POR FASE FENOLÓGICA, NA REGIÃO

DE MARIALVA, 1980 A 2009, PARA O PERÍODO DA SAFRINHA (EM °C) ......................... 129

ANEXO A - Portaria Nº 1.624/2009 ........................................................................ 130

17

1 INTRODUÇÃO

O município de Marialva está situado na Região Norte do Paraná, e como

todas as microrregiões norte-paranaenses, tem como a principal atividade

econômica as atividades agrícolas, as quais têm se diversificado e Marialva

atualmente se destaca, em nível nacional, na produção de uvas especiais. De acordo

com o último censo agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE (2007), a produção de uva no município, em 2006, foi de 40.100

toneladas, em uma área de 1.530 hectares, perfazendo uma média de 26.209

quilos por hectare.

Segundo a mesma publicação, a produção de uva no Norte do Paraná vem

se expandindo em diversos município, entretanto elegeu-se o município de Marialva

para estudo pelo fato de ele apresentar-se como o de maior destaque na região, no

cultivo da videira.

O desenvolvimento dessa planta está intimamente relacionado com o ritmo

climático, especialmente com a radiação solar, a temperatura, a umidade do ar, a

velocidade do vento e, sobretudo, com a precipitação pluvial. De acordo com Kishino

e Caramori (2007), tais elementos meteorológicos influenciam diretamente o

desenvolvimento da videira e a qualidade dos frutos gerados, tanto na aparência

como nos teores de sacarose.

Conforme a Classificação Climática de Köppen, o clima na região de

Marialva é o mesotérmico sempre úmido com verões quentes, representado pela

sigla Cfa. Nesse tipo de clima ocorrem precipitações em todos os meses do ano,

embora os maiores volumes de chuvas sejam registrados no verão.

Para Teixeira (2008), para o cultivo da uva preferem-se regiões onde não

ocorram precipitações durante todo o período vegetativo (relacionado à data de

colheita e ao período de maturação das uvas), e em caso de seca prolongada, o

déficit hídrico deve ser compensado com irrigação.

Conforme Silveira e Castro (2010),

a posição latitudinal e altimétrica do Norte do Paraná, associada às linhas dominantes do relevo do Continente Sul-americano, atribui-lhe caráter transicional entre os climas subtropical do Sul e o tropical do Centro-Oeste do país.

18

Ainda de acordo com as mesmas autoras, em decorrência da alternância dos

sistemas atmosféricos tropicais e extratropicais atuantes na região e das respostas

do ambiente geográfico local, verifica-se significativa variabilidade do tempo

atmosférico, em escalas tanto sazonal quanto mensal e diária.

Desse modo, o clima da área em estudo caracteriza-se como um tanto

adverso ao recomendado pelo autor para a produção de uva.

O presente estudo teve por objetivos identificar a influência do clima no

desenvolvimento da videira e na produtividade da uva, na latitude do Trópico de

Capricórnio; verificar se o ritmo climático da Região Norte do Paraná é adequado

à produção de uva de alta qualidade; e averiguar, por meio do rítmo climático, qual

o melhor período do ano para a melhor produtividade da uva.

A uva é uma planta que se adapta melhor ao clima temperado (de

temperaturas mais amenas), diferente do clima tropical da região de Marialva (de

temperaturas mais elevadas). É sabido que as condições climáticas interferem

diretamente na qualidade da uva, não somente nos teores de sacarose e ácidos

málicos, mas também no tocante ao surgimento de doenças.

Marialva é conhecida nacionalmente como a capital da uva fina e consta no

calendário da cidade a Festa da Uva Fina, sempre celebrada no final de janeiro,

período de encerramento da colheita de verão, que é o período sazonal mais

chuvoso no Norte do Paraná.

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O clima é um dos mais importantes atributos da natureza. Ele é responsável

pelo modelado do revelo da Terra e pela distribuição espacial das diversas

formações vegetais, e determinante na formação de territórios biogeográficos, ou

seja, é fundamental para o completo equilíbrio do sistema terrestre.

Os primórdios da Climatologia como ciência datam de aproximadamente 400

a.C. e muitos dos princípios climatológicos usados na atualidade surgiram a partir de

estudos de pensadores gregos dessa época, como Aristóteles e Anaxímenes, tendo-

se como o exemplo o citado por Mendonça e Dani-Oliveira (2007), da divisão do

planeta nas zonas tórrida, temperada e fria, que vem dessa época.

Foi a partir dos séculos XVIII e XIX que a Climatologia ganhou os ares de

ciência que nela reconhecemos hoje, tendo no tempo meteorológico o seu objeto de

estudo e sistematizando a sua metodologia.

Uma das mais clássicas definições de clima foi proposta por Max Sorre

(1951), que chama de clima a série de estados da atmosfera sobre um lugar, em

sua sucessão habitual.

Pédelaborde (1970) cita a definição de clima de Julius Hann, sendo o qual

clima é o conjunto dos fenômenos meteorológicos que caracteriza o estado médio

da atmosfera em um ponto da superfície terrestre.

Pédelaborde (1970) ainda aproveita para reproduzir o conceito de tempo de

Albert Baldt, o qual teoriza que tempo é o conjunto de valores que, em um momento

dado e em um lugar determinado, caracteriza o estado atmosférico.

A definição de clima de Julius Hann foi utilizada por William Köppen em sua

classificação climática, muito criticada por considerar e analisar separadamente as

médias dos elementos climáticos o que ficou conhecido nos meios acadêmicos

como Climatologia Separatista.

O estudo climatológico dinâmico, ou seja, aquele que estuda os elementos

do clima de forma inter-relacionada foi proposto por Max Sorre em 1957. Sua

definição admite que os estados atmosféricos variem com o tempo cronológico e -

talvez o mais importante - com certo ritmo.

20

O ritmo dessa sucessão depende, basicamente, da atuação dos fluxos

atmosféricos, os quais, por sua vez, são determinados por centros de pressão,

revelando assim a gênese dos fenômenos climáticos.

Para Monteiro (1971), clima é o ambiente atmosférico constituído pela série

de estados atmosféricos, na forma encadeada e sucessiva de tipos de tempo,

definição que leva em conta os fundamentos da climatologia dinâmica.

Ainda de acordo com Monteiro (1969), clima é a sequência que conduz ao

ritmo, e o ritmo é a essência da análise dinâmica.

Sobre a análise rítmica, Silveira (2003) salienta que

a aplicação do método sintético proposto por Pedelaborde (1959), o qual considera em bloco os estados atmosféricos e as massa de ar, privilegia as interações dos elementos do clima e das respostas do meio geográfico. Esse método, recomendado pela Climatologia Dinâmica, viabilizou-se através do paradigma da Análise Rítmica, criado e desenvolvido no Brasil por Monteiro (1964, 1969, 1971).

De acordo com a supracitada autora, Monteiro criou uma metodologia

pautada em regras simples e ao mesmo tempo precisas, a qual deu origem a uma

“escola de climatologia dinâmica brasileira” (ZAVATINNI, 2000).

Silveira (2003) reforça a importância da análise rítmica e de seu criador para

os estudos climatológicos brasileiros ao comentar:

Compatibilizando-se com a conotação dinâmica, implícita no conceito sorreano, o qual induz a noção de ritmo e duração, ambos fundamentais na estruturação dos estados atmosféricos e nas relações com o espaço geográfico, o paradigma da Análise Rítmica constitui-se no marco fundamental da Climatologia Geográfica no Brasil. Seu autor sempre se empenhou em situar os estudos do clima no contexto da Geografia, diferenciando-os da Meteorologia.

O clima e seu ritmo influem em todas às atividades humanas, desde a

agricultura até o planejamento urbano.

Sobre o papel do clima na agricultura, Sant‟Anna Neto (1998) afirma:

O clima assume importante papel na produção do espaço rural, pois somente a partir do conhecimento da dinâmica climática,

21

sua gênese e previsão, pode-se minimizar seus efeitos negativos às atividade humanas e direcionar este conhecimento no sentido de encontrar um equilíbrio, aproveitando a sua variabilidade temporal para o planejamento econômico.

Sobre as intempéries do tempo atmosférico, Monteiro (1971) afirma:

A ocorrência de um período de seca em um mês habitualmente chuvoso ou de geada inesperada em mês não muito frio poderão (sic) ter sérias implicações nas atividades agrícolas, ligadas a um calendário guiado pelo ritmo climático habitual.

Assim, para a agricultura, conhecer detalhadamente o ritmo do clima e de

seus elementos constitui uma importante etapa do processo produtivo de qualquer

cultura.

2.1 O CLIMA NA ZONA DE TRANSIÇÃO DO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

O município de Marialva está situado em uma zona de transição climática.

Uma zona de transição é o local onde dois climas de características diferentes se

encontram.

No caso do Sul do Brasil, cortado pelo Trópico de Capricórnio, ocorre o

encontro dos climas tropical e subtropical, o que lhe confere um caráter transicional

tanto no nível zonal quanto no nível regional, primeiro pelo fato de essa região ser

cortada pelo Trópico de Capricórnio e assim possuir terras nos trópicos e nos

subtrópicos, e segundo, por ser uma faixa de conflito entre os sistemas tropical e

extratropical e estarem seus mecanismos de circulação sob o controle da dinâmica

da frente polar.

Sobre o fator geográfico da Região Sul do Brasil e sua relação com o clima

assim se expressa Nimer (1979):

O trópico de Capricórnio passa sobre sua extremidade setentrional, enquanto os paralelos de 30 a 34° Sul tangenciam suas terras mais meridionais. Portanto, seu pequeno território (577.723 km2) está quase todo situado no interior da zona

22

temperada, sem se estender muito para o sul e nem se afastar muito da orla marítima, como sucede às Regiões Sudeste e Nordeste.

De acordo com Nunes, Vicente e Cândido (2009), devido à sua posição e ao

arranjo dos fatores geográficos, a região é envolvida pelas principais correntes de

circulação atmosférica da América do Sul, sendo uma faixa de conflito entre massas

de ar distintas, com participação de correntes tropicais marítimas de leste-nordeste,

correntes polares de sul e correntes do interior do continente de oeste-noroeste.

Para Ayoade (2010) o clima tropical domina uma faixa que se estende da

latitude 10° até a latitude 25° e caracteriza-se pela elevada quantidade de insolação

recebida, por altos volumes de precipitação pluvial, poucas precipitações de granizo,

ausência de estação fria e ausência de neve.

A precipitação nos trópicos é causada principalmente pela convecção, e

assim é mais localizada em sua distribuição espacial. Tormentas fortes estão

restritas às latitudes mais baixas da região tropical.

Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), o clima subtropical, ou

subtropical úmido, localiza-se na faixa entre as latitudes 25° e 35°. Essa

classificação climática é uma subdivisão do clima temperado.

Como características, o clima temperado recebe menor insolação que o

clima dos trópicos, porém as variações sazonais são mais acentuadas. No tocante à

precipitação, na região temperada dominam as precipitações ciclônicas, que se

distribuem mais, espacialmente falando-se. Na região temperada o tempo

atmosférico varia mais que nos trópicos.

Isso se deve ao fato de a área se encontrar sob a influência de massas de ar

de características contrastantes de temperatura e de umidade, situação que provoca

a formação de depressões frontais e seus anticiclones associados, os quais

dominam o tempo e o clima na região.

Como as zonas climáticas não se limitam por uma linha reta, a região da

zona de transição acaba por receber características de ambos os tipos climáticos.

Por isso a região apresenta grandes contrastes nos regimes de precipitação e

temperatura. Parte desse contraste se deve à situação geográfica da região, na

transposição entre os trópicos e as latitudes médias, e à acentuada declividade do

relevo, que também contribui para esse contraste.

23

Em toda a região do Sul do Brasil o regime de precipitação apresenta

transição bem clara: ao norte domina o típico regime de monção, com estação

chuvosa iniciando-se na primavera e terminando no início do outono. Mais no sul da

região é relativamente uniforme a distribuição das chuvas ao longo do ano, com

chuvas mais fortes no inverno, característica das médias latitudes (GRIMM, 2009).

Na região do Norte do Paraná o clima é controlado por massa de ar tropical

atlântica (mTa), tropical continental (mTc) e polar atlântica (mPa) (BORSATO, 2006).

A massa equatorial continental (mEc) também atua na formação desse tipo

climático, particularmente na caracterização da estação do verão, além de a área ser

palco constante da atuação de sistemas frontais ao longo de todo o ano

(MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007).

2.2 A VIDEIRA

A videira pertence à divisão Magnoliophyta (ou Angiospermae), classe

Magnoliopsida, subclasse Rosidae, ordem Rhamnales, família Vitaceae. São plantas

com raiz, caule, folhas, flores, frutos e sementes.

A família Vitaceae é subdividida em subfamílias, estando o gênero Vitis

colocado na subfamília Ampelidae. As espécies silvestres do gênero Vitis são

dioicas, ou seja, as plantas são unissexuais masculinas ou femininas. Já as

espécies, híbridos e cultivares encontrados sob cultivo apresentam flores

hermafroditas, O gênero Vitis tem dois subgêneros, Euvitis e Muscadinia, e os

subgêneros correspondem a seções de iguais nomes, estando as espécies

agrupadas de acordo com a sua morfologia externa e a sua origem geográfica

(MANICA & POMMER, 2006).

Os órgãos da videira são representados pela raiz e pela parte aérea, na qual

se distinguem o tronco ou cepa e os ramos, onde se desenvolvem as gemas, folhas,

gavinhas, flores, frutos e sementes.

Segundo Kishino (2007), a raiz tem como função fixar a planta ao solo,

absorver e conduzir a solução do solo à parte aérea e armazenar os

fotossintetizados elaborados pelas folhas. A maior parte das radicelas, responsáveis

pela absorção da solução do solo, encontra-se nas camadas mais superficiais do

24

solo. Em solo bem-aerado e profundo, com boa disponibilidade de nutrientes, as

raízes ramificam mais e alcançam profundidades maiores. Solos rasos, adensados e

encharcados limitam o desenvolvimento das raízes.

Kishino (2007) ainda afirma que o tronco é a estrutura da planta que

sustenta o ramo, a folha e o fruto. Ramo é a haste longa e flexível que sai do tronco

ou do braço. Braço ou cordão é o ramo de mais de dois anos. Tronco, ramo e braço

servem de conduto à solução do solo absorvida pela raiz e aos carboidratos

elaborados pelas folhas e funcionam também como depósitos desses

fotossintetizados.

As gemas são cobertas por escamas protetoras e se encontram nas axilas

das folhas, isto é, no vértice do ângulo formado pelo encontro do pecíolo da folha

com o ramo. Algumas gemas originam os ramos foliares e outras, os ramos frutíferos

(MANICA & POMMER, 2006).

A folha é responsável pela realização da fotossíntese, processo pelo qual a

planta, na presença de luz, produz carboidratos e oxigênio. A planta precisa desses

carboidratos para se desenvolver. A folha também é o órgão por onde a planta mais

transpira e respira. É dividida em pecíolo e limbo (ou lâmina) e possui cinco nervuras

principais. Na sua face inferior encontra-se maior número de estômatos que na face

superior. Segundo Marro (1989 apud KISHINO, 2007), em uma folha de videira

existem entre 200 e 300 estômatos por mm2. O estômato é um orifício por onde a

planta realiza as trocas gasosas com a atmosfera, podendo também servir de porta

de entrada para os fungos patogênicos, como o míldio (KISHINO, 2007).

A flor é o órgão reprodutor da planta e na videira aparece na forma de

inflorescência. A maioria das variedades-copa cultivadas, que possuem sementes,

tem flor hermafrodita. Mesmo em condições ideais de tempo, a abertura dos botões

florais no racimo pode prolongar-se por quatro a seis dias (MARRO, 1989 apud

KISHINO, 2007). A polinização geralmente é cruzada. Bagas com maior número de

sementes permitem melhor polinização e fecundação. Esses processos são

prejudicados se a floração coincidir com períodos muito chuvosos ou de

temperaturas abaixo de 10°C. Do óvulo fecundado origina-se a semente. Quando

não fecundada, a flor aborta ou produz baga sem semente. Após a frutificação, a

florescência recebe o nome de cacho (KISHINO, 2007).

O fruto da videira é uma baga e o conjunto de bagas forma o cacho. O cacho

está ligado ao ramo pelo pedúnculo. A ramificação do pedúnculo constitui o racimo

25

ou engaço, formado por um eixo principal e outros secundários. O cacho varia em

tamanho, forma e compacidade conforme a cultivar e o estado nutricional da planta.

A baga é constituída de pedicelo, epicarpo, polpa ou mesocarpo e semente. Tem a

casca revestida de pruína, uma cera natural que protege a baga contra a ação

nociva dos agentes externos. O fruto contém água, açúcares (principalmente

glicose, frutose e sacarose), ácidos orgânicos (tartárico, málico, ascórbico, cítrico e

fosfórico), compostos nitrogenados, antocianinas, tanino, pectinas, vitaminas, sais

minerais e substâncias aromáticas. À medida que o fruto amadurece aumentam os

teores de açúcar e diminuem os ácidos e o tanino. O equilíbrio entre os teores de

açúcares e os ácidos do suco dá à uva a sensação de paladar (KISHINO, 2007).

A colheita é realizada quando a uva atinge o brix de 14°, recomendado pela

Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo da Prefeitura de Marialva

(Anexo A). Brix é a estimativa do teor de sólidos solúveis presente no fruto. Os

sólidos solúveis presentes na polpa dos frutos incluem importantes compostos,

responsáveis pelo sabor e consequente aceitação por parte dos consumidores. Os

mais importantes são os açúcares e os ácidos orgânicos, que determinam os

sabores adocicados e azedos da uva.

2.2.1 O ciclo de desenvolvimento da videira

Nas regiões de clima temperado, como o Extremo Sul do Brasil, a videira

apresenta, anualmente, períodos alternados e bem-definidos de vegetação ativa e

de repouso vegetativo. Reynier (1989) aponta que nessas condições climáticas o

ciclo vegetativo se inicia com a brotação da gema e finda com a queda das folhas.

Repouso vegetativo ou dormência é o período em que a planta encontra-se

totalmente desfolhada, no outono-inverno.

Conforme Kishino e Marur (2007), o ciclo reprodutivo ocorre

simultaneamente e de forma interdependente com o ciclo vegetativo, iniciando-se

com a brotação e terminando com a completa maturação do fruto (tabela 1).

Nas regiões Sul e Sudoeste do Estado do Paraná, a viticultura praticada é a

tradicional, com a realização de apenas um ciclo anual, no qual a planta, após a

poda, inicia a brotação, floresce, frutifica, amadurece e entra novamente no repouso

26

vegetativo. Já nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Estado do Paraná, em

condições de clima tropical e subtropical, a videira vegeta durante o ano todo,

permitindo a obtenção de dois ciclos anuais.

Tabela 1: Ciclo produtivo das variedades-copa de videira explorada comercialmente

no Estado do Paraná (safra normal)

Cultivar Brotação-

floração (dias)

Floração-matura-

ção do fruto

(dias)

Ciclo produtivo

(dias)

Itália, Rubi e Benitaka1 30-40 85-95 115-135

Kioho1 30-35 75-85 105-115

Beni-fuji1 25-35 75-85 100-120

Niágara branca e

rosada1 25-35 70-80 95-115

Isabel2 - - 115-130

Vênus1 - - 90-110

1 No Norte, Noroeste e Oeste do Estado do Paraná 2 No Sul do Estado do Paraná Fonte: Programa Fruticultura/IAPAR (apud KISHINO & MARUR, 2007)

A duração do ciclo produtivo pode variar conforme a variedade-copa, o vigor

da planta, a produtividade e a temperatura do ar, entre outros fatores (KISHINO &

MARUR, 2007). Nas regiões mais quentes o ciclo produtivo é mais curto do que em

regiões mais frias, pois a planta cumpre mais rapidamente as suas exigências

térmicas.

2.2.2 Principais processos fisiológicos da videira

A fisiologia vegetal estuda os processos vitais que governam o crescimento

e o desenvolvimento de uma planta. Quando bem utilizados, esses conhecimentos

ajudam a aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do fruto, diminuir as

ocorrências de distúrbios fisiológicos e criar um ambiente menos favorável ao

surgimento de doenças.

27

Kishino e Marur (2007), entre outros processos fisiológicos importantes

envolvidos no crescimento e no desenvolvimento da videira, destacam:

- Absorção da solução do solo e o transporte de seiva bruta. Na planta, a

solução do solo absorvida pela raiz constitui a seiva bruta. A quantidade absorvida

pela planta depende das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, da

época do ano, do porta-enxerto utilizado e do estado de desenvolvimento da

variedade-copa. A água é indispensável para a turgescência celular e participa de

todos os processos fisiológicos da planta.

01 – Gemas dormentes 02 – Inchamento de gemas 03 – Algodão 05 – Ponta verde 07 – 1ª folha separada 09 – 2 ou 3 folhas separadas 12 – 5 ou 6 folhas separadas; inflorescência visível 15 – Alongamento da inflorescência; flores agrupadas 17 – Inflorescência desenvolvida; flores separadas 19 – Início do florescimento; primeiras flores abertas 21 – 25% de flores abertas 23 – 50% de flores abertas (pleno florescimento) 25 – 80% de flores abertas 27 – Frutificação (limpeza do cacho) 29 – Grãos tamanho “chumbinho” 31 – Grãos tamanho “ervilha” 33 – Início da compactação do cacho 35 – Início da maturação 38 – Maturação plena 41 – Maturação dos sarmentos 43 – Início da queda das folhas 47 – Final da queda das folhas

Figura 1: Estádios fenológicos da videira, de acordo com Eichhorn e Lorenz Fonte: Mazia (2000)

- Transpiração e fotossíntese: nos espaços intercelulares da folha a água

passa da fase líquida para a fase gasosa e depois escapa para o ar externo através

de poros chamados estômatos. Esse processo, ao qual se dá o nome de

transpiração, ocorre principalmente se existir diferença de pressão de vapor entre a

28

cavidade subestomática (onde o ar está saturado em água) e o ar da região próxima

à folha. A intensidade da transpiração é definida pela luz, pelo suprimento em água,

pela umidade do ar, pelo vento e pelo nível de potássio na planta. Esses fatores

influenciam a abertura ou o fechamento dos estômatos. Se nenhum desses fatores

estiver limitante, os estômatos permaneceram abertos durante o dia e fechados

durante a noite, permitindo assim a realização das trocas gasosas para a realização

da fotossíntese e para a transpiração. A fotossíntese consiste na absorção de gás

carbônico (CO2) e liberação de oxigênio (O). A elevada umidade do ar também

favorece que os estômatos permaneçam abertos. Uma videira vigorosa transpira

mais que outras menos vigorosas e pode criar, perto de suas folhas e de seus

racimos, um microclima favorável à infecção e ao desenvolvimento de doenças

criptogâmicas.

- Respiração: no processo fotossintético, partindo de componentes simples

como a água (H2O) e gás carbônico (CO2), a planta transforma a energia luminosa

em energia química, armazenada nas formas de carboidratos, lipídios e compostos

de outra natureza, que depois são oxidados a CO2 e H2O, com liberação de energia.

Esse processo é denominado respiração, e pode ter como substrato uma simples

molécula de glicose.

2.2.3 Variedades de uva produzidas em Marialva

A maioria dos viticultores do Estado do Paraná trabalha com a videira

enxertada. Uma videira enxertada é constituída da variedade-copa e do porta-

enxerto. A variedade-copa, cultivar-copa ou copa é a parte da planta que vegeta,

realiza fotossíntese, transpira, respira e produz frutos. O porta-enxerto ou cavalo é a

parte que dá suporte à copa e absorve a solução do solo através de suas raízes.

Nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná geralmente se enxerta a variedade-

copa sobre o porta-enxerto plantado no ano anterior, no local definitivo (KISHINO &

ROBERTO, 2007).

Em Marialva produzem-se uvas dos grupos Vitis Vinifera e Vitis Labrusca. O

grupo das uvas Vitis Vinifera compreende as uvas finas de mesa. Esse grupo é

conhecido pela grande exigência em tratos manuais para sua produção. Possui boa

29

resistência ao transporte e é produzida para ser vendida por sua beleza e seu sabor

apurado. As cultivares desse grupo produzidas em Marialva são a Itália, a Rubi, a

Benitaka e a Brasil. As maiores áreas de cultivo no município são da Rubi e

Benitaka.

A uva Itália é a espécie mais importante cultivada no Brasil (MANICA &

POMMER, 2006). É uma planta muito vigorosa e de ciclo longo. Sua produtividade

é, em média, de 40 toneladas por hectare em pomares bem-manejados e apresenta

uma pequena resistência a pragas e doenças. Quando colhidos no período seco, os

frutos apresentam-se mais doces e possuem uma “vida de prateleira” mais longa.

Seus cachos são grandes, cônicos e compactos, pesando de 0,5 kg a 2 kg.

A espécie Rubi é uma mutação da espécie Itália. Sua baga tem coloração

rosada. Em cachos muito grandes, as bagas do interior do cacho permanecem

esverdeadas. As características dessa espécie são semelhantes às da uva Itália.

Para se obterem frutos mais avermelhados, o ideal é que se produzam cachos mais

soltos, pesando entre 600 g e 800 g, o que limita a produção a 30 toneladas por

hectare (KISHINO & MARUR, 2007).

A Benitaka é uma nova mutação da cultivar Itália, diferindo da original e da

Rubi pelo intenso desenvolvimento da cor rosado-escura, mesmo em estágios ainda

imaturos (MANICA & POMMER, 2006). A espécie foi descoberta no município de

Floraí, Paraná, pelo produtor Sadao Takakura, em 1988. O nome foi formado pelo

termo japonês “Beni”, que significa vermelho, e “Taka”, sílabas iniciais de seu

sobrenome.

A espécie Brasil é uma mutação da Benitaka descoberta também no

Município de Floraí, Paraná, pelo viticultor Hideo Takakura, em 1990. Difere da

Benitaka pela cor roxo-escura e pela polpa de cor vermelha intensa. O nome foi

dado em homenagem ao país de origem. Seu cultivo é semelhante ao das espécies

Itália, Rubi e Benitaka.

De acordo com Mazia (2000), o grupo das Vitis labruscae - também

chamadas de uvas americanas ou uvas rústicas - tem pouca resistência ao

transporte e atende aos mercados mais próximos da região de produção. Em

Marialva, as principais espécies cultivadas desse grupo são a niágara-branca e

niágara-rosada. As uvas niágara, por suas características de aroma e sabor, têm

excelente aceitação por parte do consumidor brasileiro.

30

A niágara é uma videira de fácil cultivo. Possui duas subespécies, a Niágara-

branca e a niágara-rosada, sendo essa última uma mutação da primeira. Em

Marialva, a uva niágara é colhida entre dezembro e início de janeiro. Seus cachos

são compactos e de tamanho médio, pesando entre 150 e 200 g. Excesso de chuva

pode fazer as bagas racharem. Um pomar bem-manejado, com apenas uma colheita

anual, pode produzir 20 toneladas por hectare.

2.3 A INFLUÊNCIA DO CLIMA NA VITICULTURA

Conforme Kishino e Caramori (2007), a videira é uma planta que se adapta

às mais variadas condições climáticas. No Brasil, a viticultura é desenvolvida em

diversas regiões e condições climáticas, desde regiões de clima temperado, como o

Rio Grande do Sul, até regiões de clima semiárido, como o Nordeste Brasileiro. O

Estado do Paraná não possui um clima totalmente favorável à produção de uva.

Geadas tardias, excessos de chuvas e temperaturas elevadas podem prejudicar a

qualidade da produção.

De acordo com Manica e Pommer (2006), o clima do tipo Mediterrâneo, com

verões secos e invernos chuvosos, o qual ocorre entre os paralelos 30° e 39° N e

30° e 44° S, é o que apresenta as melhores condições para o desenvolvimento da

videira. Condições climáticas próximas ao ótimo são encontradas nos estados de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Chuvas em excesso no verão são

desfavoráveis ao cultivo da uva. Esse problema é contornado por meio de técnicas e

variedades diferentes do cultivo tradicional das regiões de clima Mediterrâneo.

No Rio Grande do Sul, o principal produtor de uvas do Brasil, o clima

temperado possibilita apenas uma safra anual, que é realizada no primeiro semestre

do ano, período em que no Norte do Paraná se realiza a safra secundária, chamada

de “safrinha”, por ter a produtividade muitas vezes menor do que a da safra principal,

realizada no segundo semestre.

Na região semiárida do Brasil a uva é cultivada no Vale do São Francisco,

onde as elevadas temperaturas da região, aliadas ao controle por irrigação, uma vez

que a região sofre déficit hídrico, possibilita a realização de 2,5 safras anuais. Em

um mesmo dia e em uma mesma propriedade é possível encontrar plantas sendo

31

podadas, plantas brotando, plantas em floração, algumas cujo amadurecimento já

começou e outras, já maduras, sendo colhidas; ou seja, o ciclo vegetativo é

totalmente controlado pelo homem (NUNES, 2008 apud PERGAMINELLIS NETA et

al., 2010).

Condições climáticas favoráveis à viticultura não dependem apenas do clima

regional. As escalas topoclimáticas e microclimáticas são elementos essenciais para

o bom desempenho da viticultura.

O topoclima está inserido dentro da escala de clima regional e é definido

pelo relevo. O microclima é a menor e a mais imprecisa unidade da escala climática.

Sua extensão pode ir de alguns centímetros a até algumas dezenas de metros

quadrados. Entre outros fatores que definem essa unidade climática podem-se citar

detalhes do uso e ocupação do solo, obstáculos à circulação do ar e movimentos

turbulentos do ar na superfície (circulação terciária) (MENDONÇA & DANNI-

OLIVEIRA, 2007).

Kishino e Caramori (2007) afirman que, na viticultura, o topoclima é

considerado o clima local. Pode variar conforme a localização do pomar (parte alta,

meia-encosta ou parte baixa do terreno), exposição da área do pomar (norte, sul,

leste ou oeste) e da disposição ou densidade do quebra-vento.

Ainda conforme Kishino e Caramori (2007), o microclima, na viticultura, é o

clima que se forma próximo ao tronco, ramo, folhas e cachos, o qual varia de acordo

com as condições climáticas, o sistema de sustentação da videira, o vigor da planta,

densidade do plantio, o estádio do ciclo vegetativo, a intensidade da transpiração, o

sistema de irrigação utilizado e outros fatores.

A seguir serão detalhados os elementos climáticos que mais influenciam o

desenvolvimento da videira.

2.3.1 Insolação

A videira é uma planta heliófila, isto é, uma planta que necessita de grande

exposição solar para se desenvolver. A falta de luz causa problemas durante a

floração e a maturação. Smart (1985) demonstrou que a radiação

fotossinteticamente ativa (PAR), na faixa de 400 a 700 nm, é fortemente absorvida, e

32

medições realizadas em folhas da espécie Shiraz mostrou que 9% da PAR são

transmitidos, 6% são refletidos e 85% são absorvidos.

Segundo Sentelhas (1998), para a coloração das bagas e o acúmulo de

açúcar é necessário que o total de horas de insolação durante o período vegetativo

situe-se entre 1.200 e 1.400 horas.

2.3.2 Umidade relativa do ar

Umidade relativa do ar é o termo usado para descrever a quantidade de

vapor d‟água contido na atmosfera (AYOADE, 2010).

Para a viticultura, a umidade relativa do ar ótima está entre 62% e 68%.

Umidade acima de 75% (associada a elevada temperatura) durante o período

vegetativo favorece a infecção por míldio, a podridão do fruto, mancha-da-folha e

ferrugem, por prolongar o período de molhamento foliar em que ocorre formação de

água livre sobre os tecidos das plantas (KISHINO & CARAMORI, 2007). Esse

período de molhamento pode ser diminuído ventilando-se bem o pomar e evitando-

se a sobreposição de folhas. Por outro lado, a pequena umidade do ar favorece a

proliferação de ácaros e oídio e a transpiração das plantas.

2.3.3 Precipitação

A videira é uma planta que se adapta bem a diversos regimes

pluviométricos, desde aqueles que não ultrapassam 200 mm anuais até aqueles de

mais de 1.000 mm anuais, variando somente a tecnologia de produção e os níveis

de produtividade (MANICA & POMMER, 2006).

A precipitação em forma de chuva aumenta a disponibilidade de água no

solo, mas também pode causar problemas como a erosão e a lixiviação de

nutrientes solúveis. Durante a floração as chuvas podem dificultar a liberação de

pólen, originando bagas com menor número de sementes. Durante a fase de

crescimento vegetativo, a chuva em excesso favorece o surgimento de doenças

33

fúngicas. Para a viticultura, interessa saber a quantidade de chuva e a sua

distribuição anual (KISHINO & CARAMORI, 2007).

No período fenológico entre a brotação e o início da floração, Manica e

Pommer (2006) afirmam que a videira possui uma necessidade hídrica de 94 mm; e

na fase fenológica de floração até a maturação, segundo os mesmos autores,a

videira possui uma necessidade hídrica de 290 mm, sendo de 25 mm da floração até

a fecundação, 135 mm da fecundação até o início do amadurecimento,e 130 mm do

início do amadurecimento até a maturação (tabela 2).

Tabela 2: Necessidade hídrica nas principais fases da videira

Fases da videira Necessidade hídrica (mm)

Brotação até o início da floração 94

Floração até fecundação 25

Fecundação até início do

amadurecimento

135

Início do amadurecimento até maturação 130

Total da brotação até a maturação 384

Fonte: Manica & Pommer (2006)

2.3.4 Temperatura

A temperatura do ar influencia todos os processos fisiológicos da videira.

Cada espécie tem seu limite ótimo de temperatura para expressar seu potencial

produtivo. Caso esta fique abaixo ou acima desse limite ótimo, a qualidade e a

produtividade do fruto serão comprometidas, mesmo que haja suprimentos

adequados de água e nutrientes (KISHINO & CARAMORI, 2007).

A temperatura atua de diversas formas na videira. Na dormência são

exigidas temperaturas inferiores a 20°C, e caso isso não ocorra, são observadas

anormalidades na evolução da cultura. Na brotação são necessárias temperaturas

entre 10°C e 13°C e nunca superiores a 18°C. Temperaturas elevadas durante o

ciclo vegetativo podem antecipar a maturação da uva e influir no aumento do teor de

34

açúcar. Na fase de desenvolvimento da baga a temperatura ideal é a de 22°C e na

fase de maturação, em torno de 27°C (MANICA & POMMER, 2006) (Tabela 3).

Tabela 3: Limites de temperatura do ar (°C) ótimos para as diferentes fases da

videira.

Fase fenológica Temperatura

-base inferior

Temperatura

ótima

Temperatura

-base

superior

Temperatura

letal

Brotação 8 10 a 13 18 -2,5

Desenvolvimento

vegetativo

10 15 a 25 39 -2,0

Florescimento 10 15 a 25 35 -1,0

Desenvolvimento da

baga

10 15 a 25 35 -0,5

Maturação 14 20 a 30 35 -0,5

Fonte: Manica & Pommer (2006)

A videira, assim como todo vegetal, necessita de uma quantidade constante

de energia para completar as diferentes fases de seu desenvolvimento. Essa

quantidade de energia é expressa em grau-dia (GD), que é a diferença acumulada

entre a temperatura média ambiente e a temperatura-base (valor abaixo do qual não

ocorre o desenvolvimento) (MANICA & POMMER, 2006).

A Tabela 4 mostra a temperatura-base e graus-dia para algumas espécies

de videira.

Tabela 4: Valores de temperatura-base (Tb) e graus-dia (GD) para a videira

Variedades Temperatura-base Tb (°C) Graus-dia GD

Niágara-rosada 10 1550

Itália 10 1990

Vitis vinifera 12 1350

Fonte: Manica & Pommer (2006)

35

2.3.5 Granizo

A precipitação de granizo é uma ocorrência meteorológica associada a fortes

instabilidades atmosféricas. Geralmente ocorre em escala local, por ser originária de

nuvens cumulus nimbus.

De acordo com Kishino e Caramori (2007), o granizo pode causar perda total

ou parcial da produção, depreciação comercial do fruto, desfolha e ferimentos no

tronco e nos ramos, dependendo de sua intensidade, duração, tamanho dos

granizos, velocidade do vento e estágio de desenvolvimento da videira. Uma videira

muito danificada pode não se recuperar mais.

A cobertura do pomar com tela é a maneira mais segura de evitar danos

causados pelo granizo. A tela ainda protege o parreiral de ventos fortes, chuvas

intensas e radiação solar excessiva.

2.3.6 Geada

Do ponto de vista agronômico, geada é qualquer queda de temperatura que

prejudique o desenvolvimento da planta. Pode ocorrer sem a presença de gelo sobre

a superfície exposta das plantas. A geada pode ser de vento frio (advecção) ou de

radiação. A geada de advecção ocorre quando uma massa de ar frio e seco invade

uma região, matando os tecidos das plantas por desidratação rápida, mesmo sem as

temperaturas atingirem o ponto de congelamento. A geada de radiação ocorre

normalmente em noites claras e sem ventos. Os solos e os tecidos vegetais esfriam

rapidamente com a perda do calor armazenado (KISHINO & CARAMORI, 2007).

Na videira, os danos causados pelas geadas dependem do estágio de

desenvolvimento e do estado nutricional da planta. Em sua fase de dormência a

geada não lhe causa prejuízo.

Para minimizar os danos causados pela geada de radiação nos brotos

podem-se tomar as seguintes precauções: implantar o pomar em uma região de

baixo risco de geadas; não plantar as videiras em áreas de baixadas; não alocar

quebra-ventos densos a jusante do pomar, para não acumular ar frio; adotar um

36

sistema de sustentação mais alto; cobrir o pomar com tela antigranizo; fazer a poda

quando o risco de geada for baixo; manter o solo limpo nos meses sujeitos a geada,

para favorecer a absorção e armazenamento de calor; fazer adubação equilibrada,

pois excesso de nitrogênio deixa a planta mais sensível à geada; aquecer o

ambiente com queima de carvão vegetal ou lenha; fazer irrigação por aspersão

(KISHINO & CARAMORI, 2007).

2.3.7 Vento

O vento é o resultado do deslocamento do ar de uma área de alta pressão

para uma de baixa pressão, movimento que é chamado de advecção. A velocidade

do vento será determinada pelo gradiente de pressão estabelecido entre essas duas

áreas. Assim, quanto maior for a gradiente, maior será a velocidade do vento

(MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007).

Segundo Kishino e Caramori (2007), o vento pode favorecer ou prejudicar o

desenvolvimento da videira, conforme sua velocidade, duração e frequência. No

estádio inicial, o vento frio, aliado a elevada umidade do ar, favorece a infecção dos

brotos e dos cachos por antracnose. Na primavera/verão, ventos fortes podem

derrubar os sistemas de sustentação da videira. O vento forte também aumenta a

transpiração, diminui a absorção de CO2 e causa danos mecânicos nos ramos,

folhas e frutos. Os ventos fracos são benéficos, por acelerarem o secamento da

folhagem e fazerem diminuir o período de molhamento foliar.

Para proteger o pomar de ventos fortes (rajadas) é adotado o sistema de

quebra-ventos vivos, uma barreira de plantas com a função de diminuir a velocidade

do vento. Para que os objetivos desejados sejam alcançados é necessário que se

escolha a espécie mais adequada e que sua disposição no terreno seja bem

planejada. Nas regiões Norte e Noroeste do Estado do Paraná, a grevílea (Grevillea

robusta) é a espécie mais difundida de quebra-vento (KISHINO & CARAMORI,

2007).

37

2.3.8 O microclima do parreiral

Dentro das escalas climáticas, o microclima é a menor e mais imprecisa

unidade (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007). Sua escala vertical varia de

alguns metros a 10 quilômetros. Entre os fatores que definem essa escala climática

estão o uso e a ocupação do solo e obstáculos à circulação do ar.

Os viticultores da região de Marialva, em virtude da possibilidade de chuva

de granizo, protegem seus parreirais com sombreadores, uma microtela ou plástico

colocado sobre os parreirais para servir de cobertura.

A incidência dos elementos climáticos sobre a videira com cobertura de tela

antigranizo e cobertura de plástico no município de Marialva foi estudada por Genta

(2009) para determinação da influência da cobertura plástica no controle da doença

fúngica míldio (Plasmopara viticola) em uva fina de mesa. Os resultados por ele

obtidos estão descritos na Tabela 5.

Tabela 5: Variáveis climáticas no período de desenvolvimento do míldio1

Descrição Unidade Sob tela

anti granizo Sob Plástico

Ambiente

Externo

Umidade relativa máxima2 % 95,28 90,99 89,28

Umidade relativa mínima2

% 61,24 46,15 46,54

Umidade relativa média2 % 82,78 72,58 71,82

Temperatura média2 °C 22,57 22,67 22,10

Temperatura máxima2 °C 29,29 29,97 28,42

Temperatura mínima2 °C 17,99 17,82 17,68

Velocidade do vento2 m/s 0,09 0,1º 0,49

Precipitação3 mm 445,55 0,00 401,14

Insolação2 h 8,84 9,78 Nd4

Fonte: Genta (2009) 1Período de desenvolvimento da doença: safra 2007-2 - 04/9/07 a 20/11/07; safra 2008-1 – 28/01/08 a 24/04/08; safra 2008-2 – 28/8/08 a 19/11/08; safra 2009-1 – 16/01/09 a 08/4/09; 2média diária; 3Acumulado no período; 4Não determinado

38

3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA VITICULTURA

A viticultura vem se mostrando uma crescente e importante atividade

econômica no mundo inteiro. A produção mundial de uva evoluiu de 42,98 milhões

de toneladas no início da década de 1960 para 66,50 milhões de toneladas em 1980

(KISHINO; GENTA & ROBERTO, 2007).

A Itália ainda se mantém líder na produção mundial de uva, porém com

quantidade produzida abaixo da quantidade que produzia mais de 20 anos atrás. O

Brasil começa a despontar no cenário mundial, aparecendo na 13ª colocação no ano

de 2005 (Tabela 6).

Os Estados Unidos, apesar de aparecerem em terceiro lugar no ranking de

produtores mundiais, são também o país que mais importa uva, tendo importado, no

ano de 2005, 471.253 toneladas do produto (MANICA & POMMER, 2006).

A partir do ano 2000 o Chile superou a Itália como maior país exportador de

uva do mundo. O Brasil não aparece no ranking da FAO nem como importador nem

como exportador.

Tabela 6: Produção mundial de uva (em 1.000 toneladas), segundo FAO (2006)

1985 1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Mundo 58.672 59.746 55.971 64.789 60.578 61.964 63.447 67.070 66.533 Itália 9.583 8.438 8.447 8.869 8.653 7.393 7.482 8.691 9.256 França 8.970 8.205 7.212 7.762 7.225 6.853 6.307 7.542 6.787 USA 5.095 5.135 5.372 6.973 5.959 6.657 6.026 5.653 6.414 Espanha 5.450 6.473 3.350 6.539 5.271 5.934 7.265 7.286 5.879 China 446 961 1.895 3.373 3.764 4.564 5.268 5.532 5.698 Turquia 3.300 3.500 3.550 3.600 3.250 3.500 3.600 3.500 3.650 Irã 1.511 1.423 1.845 2.505 2.516 2.704 2.800 2.800 2.800 Argentina 2.252 2.342 2.854 2.459 2.244 2.360 2.370 2.365 2.365 Chile 1.000 1.170 1.526 1.899 1.800 1.750 1.985 1.900 2.250 Austrália 889 824 768 1.311 1.546 1.753 1.496 2.014 1.834 África do Sul

1.148 1.317 1.362 1.476 1.323 1.521 1.663 1.682 1.700

Egito 395 584 739 1.075 1.078 1.073 1.196 1.275 1.300 Brasil 712 804 836 1.024 1.058 1.148 1.067 1.283 1.208 Grécia 1.680 1.122 1.128 1.251 1.287 1.100 1.150 1.200 1.200 Índia 275 408 700 1.130 1.060 1.210 1.150 1.200 1.200

Fonte: Manica & Pommer (2006)

39

No ranking de produção brasileira, o Estado do Rio Grande do Sul aparece

em primeiro lugar, com um total de 53,94% da produção nacional no ano de 2004. O

Estado do Paraná aparece em 4º lugar no mesmo ano (Tabela 7).

Tabela 7: Produção de uva no Brasil (em toneladas), segundo IBGE (2006)

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

Total Brasil

804.774 800.112 807.520 684.902 774.352 1.024.482 1.148.648 1.291.382

RS 538.705 505.462 479.034 333.638 348.368 532.553 570.181 696.599 SP 126.224 123.657 134.680 150.400 185.230 198.018 231.775 193.300 PE 14.483 18.510 30.821 47.817 49.973 86.078 99.978 152.059 PR 36.000 41.186 43.360 52.726 70.929 80.407 99.118 96.662 BA 14.308 45.648 56.328 64.675 70.031 68.292 83.333 85.910 SC 70.805 56.630 53.604 26.837 35.419 40.541 41.093 46.007 MG 3.183 7.707 8.782 4.939 10.585 12.549 16.184 13.068 MT - - - 80 846 2.662 1.855 2.386 CE 609 594 371 383 100 86 1.949 2.245 PB 210 360 160 1.650 2.250 2.250 1.280 1.440 MS 15 5 51 194 409 835 1.221 612 GO - - - 13 87 80 47 490 RN - - - - - - 394 205 ES 172 141 142 90 73 52 112 175 TO - - - - - 108 90

Fonte: Manica & Pommer (2006)

De acordo com Manica e Pommer (2006), os maiores importadores de uva

do Brasil foram a Holanda, o Reino Unido e os Estados Unidos, que importaram

62,2%, 19,38% e 10,58%, respectivamente, no ano de 2005. Os maiores

exportadores de uva para o Brasil são a Argentina e o Chile.

De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do

Paraná (SEAB), as uvas destinadas à mesa e à vinificação ocupam o 5º e o 6º lugar

em área cultivada entre as espécies frutíferas (KISHINO; GENTA & ROBERTO,

2007).

Conforme Kishino, Genta e Roberto (2007), um dos aspectos fundamentais

da produção de uva é a elevada utilização de mão de obra, empregando, em média,

quatro pessoas por hectare.

Os polos de produção de uva fina de mesa no Estado do Paraná são

Maringá, Cornélio Procópio e Londrina, sendo Marialva, Mandaguari, Uraí e Assaí os

principais municípios produtores. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE referentes ao ano de 2004 mostram que os dez maiores

municípios produtores de uva do Brasil respondem por 50,9% da produção

brasileira. Entre os municípios paranaenses Marialva alcançou a 10ª colocação, com

40

1.399 hectares, produção de 33.413 toneladas e rendimento médio de 23.983 kg/ha,

naquele ano. Essa produção representa 34,6% do total alcançado pelo Estado e de

2,6% do volume produzido no Brasil (IBGE, 2004 apud KISHINO; GENTA &

ROBERTO, 2007).

41

4 ÁREA DE ESTUDO

O município de Marialva está situado na Mesorregião Norte Central

Paranaense1, tendo sua sede localizada nas coordenadas geográficas 23°29‟06”S e

51º47‟31”W, e sua altitude é de 602 metros (figura 1). Sua área é de 475 km2 e a

estimativa de sua população para o ano de 2009 foi de 31.397 habitantes (IBGE,

2010).

Figura 2: Localização do município de Marialva Fonte: Mapa-base: Estado do Paraná (2007) Org. pelo autor

O município fez parte do processo de colonização do Norte do Estado do

Paraná promovido, a partir da década de 1930, pela então Companhia de Terras

Norte do Paraná, subsidiária da empresa inglesa Parana Plantation Co., de

propriedade do nobre inglês Simon Joseph Fraser, o Barão Lord Lovat. Mais tarde a

Companhia de Terras Norte do Paraná foi vendida e passou a se chamar

Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (WESTPHALEN, 1968).

A Parana Plantation já atuava no Brasil, no Estado de São Paulo, cultivando

algodão, na tentativa de substituir a produção da matéria-prima que era produzida

1 As mesorregiões geográficas são conjuntos de municípios contíguos, pertencentes à

mesma Unidade da Federação, e foram instituídas pela Resolução da Presidência do IBGE nº. 11, de 5 de junho de 1990, publicada no Boletim de Serviço da Instituição nº. 1.774, semanas 026 a 030, ano XXXVIII, de circulação interna (LIMA et al., 2002).

42

no Sudão, país que passava por uma intensa crise política, que não era muito

tranquilizadora para o Império Britânico. Com o fracasso nas tentativas do cultivo do

algodão na região de São Paulo, a empresa se decidiu por um negócio mais

lucrativo: a colonização (WESTPHALEN, 1968).

A região do Norte do Estado do Paraná possuía uma especial característica

para atrair os colonizadores, que era a fertilidade dos seus solos, a popular “terra

roxa”. A terra era assim chamada em virtude de sua tonalidade avermelhada, devida

aos altos teores de ferro resultantes da decomposição das rochas basálticas que

predominam na região. O termo “terra roxa” se originou na expressão terra rossa

(terra vermelha) usada pelos imigrantes italianos para se referirem ao solo com

aquelas características.

As terras do Norte do Estado foram vendidas principalmente para paulistas e

mineiros, que já produziam café em seus Estados e foram os responsáveis por

implantar os cafezais no Norte do Paraná.

Fazendo parte desse contexto, o município de Marialva também teve na

cafeicultura sua principal atividade econômica desde meados da década de 1950;

porém as intempéries climáticas, somadas a algumas medidas políticas, decretaram

o fim da supremacia cafeeira no Norte do Estado. As fortes geadas ocorridas nos

anos de 1953, 1955 e 1975, aliadas a programas de desenvolvimento demográfico

da região do Centro-Oeste Brasileiro, o programa de erradicação dos cafeeiros

promovido pelo Governo de 1962 a 1967, a implantação do Estatuto do Trabalhador

Rural e os intensos processos de mecanização das lavouras levaram os grandes

cafezais do Norte do Paraná a desaparecer.

Com o fim dos cafezais, Marialva encontrou na viticultura, para ali trazida

pelos imigrantes japoneses a partir dos anos de 1960, uma alternativa para o seu

setor agrícola. Segundo dados do IBGE (2010), no ano de 2008, 1.150 hectares do

município foram cultivados com uva, colhendo-se 42.808 toneladas do produto.

Marialva se destaca no cenário nacional pela produção da uva fina, tanto

que recebeu o título de “Capital da Uva Fina do Estado do Paraná”.

Geologicamente, o município está localizado na Bacia Sedimentar do

Paraná, Grupo São Bento, Formação Serra Geral. Essa região se caracteriza pela

presença da rocha basáltica oriunda dos intensos derrames de lavas vulcânicas na

idade jurássico-cretácica (MINEROPAR, 2001).

43

A decomposição desse basalto originou os férteis solos da região do Norte

do Paraná, de modo que, no município de Marialva, predominam o latossolo, o

nitossolo e o neossolo. Latossolo e nitossolo correspondem à antiga classificação

denominada “terra roxa”.

A fertilidade desses tipos de solo se deve à grande concentração de ferro

presente na rocha. O latossolo ocorre em relevo plano ou suavemente ondulado e

sua cor avermelhada é bastante homogênea em profundidade. O teor de argila é

quase o mesmo ao longo do perfil, o que pode ser estimado pela sensação no tato

da amostra molhada, ou seja, há semelhante pegajosidade da amostra de solo tanto

da camada superficial como da subsuperficial. Outro procedimento de campo refere-

se à estimativa do teor de óxido de ferro total com a utilização um ímã, no qual se

verifica a aderência de partículas de solo, inclusive na região central do ímã

(EMBRAPA, 1999).

Os nitossolos ou Terra Roxa Estruturada são solos minerais, não

hidromórficos, apresentando a cor vermelho-escuro tendendo a arroxeado. São

derivados do intemperismo de rochas básicas e ultrabásicas, ricas em minerais

ferromagnesianos. Na sua maioria são eutróficos, com ocorrência menos frequentes

de distróficos e, raramente, de álicos. Apresentam horizonte B textural, caracterizado

mais pela presença de estrutura em blocos e cerosidade do que por grandes

diferenças de textura entre os horizontes A e B. Sua textura varia de argilosa a muito

argilosa e eles são bastante porosos (normalmente a porosidade total é superior a

50%). Uma característica peculiar é que esses solos, como os latossolos roxos,

apresentam materiais que são atraídos pelo imã. Seus teores de ferro (Fe2O3) são

elevados (superiores a 15%). A fertilidade do solo e as condições climáticas

favoreceram a implantação da cafeicultura na região, que viria a se tornar a principal

atividade econômica (EMBRAPA, 1999).

O terceiro tipo de solo que ocorre no município são os neossolos litólicos.

São solos não hidromórficos rasos, constituídos pelo horizonte A em “rocha viva” ou

alterada. Ocorrem geralmente em relevo forte-ondulado e montanhoso e podem

originar-se dos mais variados materiais. Por isso suas características morfológicas,

físicas e químicas são bastante variadas. Podem ter textura média e argilosa, com

ou sem cascalhos, e por vezes são pedregosos e rochosos (EMBRAPA, 1999).

A fitografia de Marialva caracteriza-se por florestas do tipo estacional

semidecidual, também chamado de floresta tropical semicaducifólia. Esse tipo de

44

vegetação é condicionado por dupla estacionalidade climática: uma tropical, com

época de intensas chuvas de verão seguidas por estiagens acentuadas; e uma

subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio

de inverno, com temperaturas médias inferiores a 15°C.

Cumpre observar que a floresta original do município foi quase

completamente desmatada pelos colonizadores para a implantação da cafeicultura.

Hoje restam dela apenas pequenas porções relictuais.

Marialva está localizada em uma região de clima de transição, com

temperaturas amenas. Segundo a classificação climática de Köppen, o município

está sob o tipo climático Cfa, Clima Mesotérmico Sempre Úmido, com média do mês

mais quente superior a 22ºC e no mês mais frio inferior a 18ºC, sem estação seca

definida, verão quente e geadas menos frequentes.

O Norte do Paraná, onde Marialva está localizada, é ainda uma região de

transição climática entre o clima tropical e o subtropical, sendo difícil atribuir à região

uma característica climática definitiva.

O fato de suas temperaturas serem mais amenas contribuiu para que a uva,

uma planta originária da Europa, se adaptasse ao clima local, de características

mais quentes.

45

5 METODOLOGIA

Para levar a cabo esta pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica

acerca dos temas centrais Climatologia e Viticultura.

Para a Climatologia interessou a dinâmica do ritmo climático nos trópicos,

em especial na região paranaense próxima ao Trópico de Capricórnio. Essa região

já foi estudada e caracterizada por diversos pesquisadores da região.

Em relação à viticultura, procurou-se conhecer as características da planta,

sua fisiologia e fenologia, bem como as necessidades térmicas, hidrológicas e de

insolação nas suas diferentes fases fenológicas.

Entende-se por fisiologia os ciclos vegetativos, reprodutivos e de

desenvolvimento da videira. A fenologia é o estudo do ciclo vegetativo da planta.

A fenologia da videira se inicia com sua poda e termina com a queda das

folhas, quando a planta entra em estado de dormência ou repouso vegetativo.

O clima da região de Marialva favorece a vegetação da videira durante todo

o ano, possibilitando duas safras anuais, diferentemente do cultivo tradicional em

regiões de clima temperado, onde ocorre apenas uma safra anual.

A partir dos estudos de Roberto et al. (2005) sobre a fenologia e as

exigências térmicas da videira Cabernet Sauvignon, do grupo das videiras Vitis

vinifera, foram determinados, para a Região Noroeste do Estado do Paraná, os

seguintes períodos aproximados para a fenologia das demais uvas do grupo Vitis

vinifera produzidas em Marialva (uvas do grupo Itália):

Poda – gema algodão: treze dias;

Gema algodão – brotação: cinco dias;

Brotação – aparecimento da inflorescência: três dias;

Aparecimento da inflorescência – florescimento: vinte e dois dias;

Florescimento – início da maturação: cinquenta dias;

Início da maturação – colheita: trinta e três dias.

Como o ritmo climático da região favorece a realização de duas safras

anuais, no município de Marialva a primeira poda é realizada no início de janeiro.

Essa safra é chamada pelo produtores de “safrinha”. Para a segunda safra anual,

realizada no segundo semestre, alguns produtores iniciam a poda das videiras em

46

15 de junho (poda precoce), porém é mais comum a poda realizada a partir de 15 de

julho (poda normal).

Para atingir os objetivos propostos, as variações do tempo atmosférico foram

comparadas com as necessidades climáticas para casa fase fenológica da videira

em cada uma das safras, conforme a época da poda. O início de cada fase

fenológica, conforme a época da poda, está mostrado no quadro 1.

Quadro 1: Distribuição das fases fenológicas conforme a época da poda

Fase fenológica Poda

precoce Poda Normal Safrinha

Poda 15/06 15/07 01/01

Gema algodão 28/06 28/07 15/01

Brotação 03/07 02/08 20/01

Aparecimento da inflorescência 06/07 05/08 23/01

Florescimento 28/07 27/08 15/02

Início da maturação 17/09 15/10 05/04

Colheita 20/10 20/11 10/05

Org. por: Autor

Para se verificar a relação entre os elementos climáticos e as necessidades

da videira e em virtude de as podas não serem realizadas simultaneamente em todo

o município, foram estabelecidos, para esta pesquisa, os períodos de incidência de

cada elemento climático, da seguinte forma:

a) insolação para a safra normal: junho a dezembro;

b) insolação para a safrinha: janeiro a julho;

c) umidade relativa do ar para a safra normal: junho a dezembro

d) umidade relativa do ar para a safrinha: janeiro a junho;

e) precipitação para a poda precoce (15 de junho):

- da brotação ao início do florescimento: 15 de junho a 05 de julho;

- do florescimento ao início da maturação: 06 de julho a 15 de setembro;

- da maturação ao início da colheita: 16 de setembro a 20 de outubro;

f) precipitação para a poda normal (15 de julho):

- da brotação ao início do florescimento: 15 de julho a 05 de agosto;

- do florescimento ao início da maturação: 06 de agosto a 15 de outubro;

47

- da maturação ao início da colheita: 16 de outubro a 20 de novembro;

g) precipitação para a safrinha (1º de janeiro):

- da brotação ao início do florescimento: 1º a 20 de janeiro;

- do florescimento ao início da maturação: 21 de janeiro a 05 de abril;

- da maturação ao início da colheita: 06 de abril a 10 de maio;

h) temperatura para a poda precoce (15 de junho):

- brotação: 15 de junho a 05 de julho;

- florescimento: 06 de julho a 31 de julho;

- desenvolvimento da baga: 1º de agosto a 15 de setembro;

- maturação: 16 de setembro a 20 de outubro;

i) temperatura para a poda normal (15 de julho):

- brotação: 15 de julho a 05 de agosto;

- florescimento: 06 a 31 de agosto;

- desenvolvimento da baga: 1º de setembro a 15 de outubro;

- maturação: 16 de outubro a 20 de novembro;

j) temperatura para a safrinha (1º de janeiro):

- brotação: 1º a 20 de janeiro;

- florescimento: 21 de janeiro a 15 de fevereiro;

- desenvolvimento da baga: 16 de fevereiro a 05 de abril;

- maturação: 06 de abril a 10 de maio.

Para se averiguar se o clima da região de Marialva atende às exigências da

videira descritas na bibliografia específica, foram utilizados dados da Estação

Climatológica Principal de Maringá, distante cerca de 30 quilômetros de Marialva, os

quais abrangeram uma série histórica compreendida entre 1980 e 2009. A utilização

de tais dados deveu-se ao fato de o município objeto de estudo não possuir uma

estação climatológica oficial, tampouco dados confiáveis.

Os elementos climáticos utilizados foram aqueles que influenciam

diretamente o desenvolvimento da videira: insolação, precipitação, umidade relativa

do ar e temperatura.

Para obter os valores de cada elemento do clima para cada fase fenológica

da videira, de cada safra, procedeu-se aos cálculos estatísticos descritos a seguir,

utilizando-se equações recomendadas pela OMM (Organização Mundial de

Meteorologia), para cada um dos trinta anos da série histórica estudada.

48

Para se determinar o valor de uma variável X computa-se inicialmente o

valor Xi j, onde X equivale ao elemento climático que está sendo calculado,

correspondente a cada mês i e cada ano j pertencente ao período de interesse

(RAMOS, SANTOS & FORTES, 2009) - neste caso, o período de 1980 a 2009.

Para as variáveis associadas a valores acumulados no período de interesse,

como insolação e precipitação, calcula-se Xi j como o valor acumulado no mês i do

ano j, ou seja, a soma de todos os valores diários para aquele mês e aquele ano, o

que é representado pela seguinte equação:

Xi j = ∑k Xk i j

onde Xk i j é o valor observado da variável X no dia k do mês i do ano j.

Em se tratando de variáveis associadas a valores diários, como temperatura

e umidade relativa do ar, o valor Xi j é computado como:

Xi j = ∑k Xk i j / N

onde N é o número de dias no mês i do ano j.

Para as temperaturas, neste estudo foram utilizadas médias compensadas,

que são calculadas pela seguinte equação:

TMC,k i j = (Tmax, k i j + Tmin, k i j + T12, k i j + 2T24, k i j) / 5

onde TMC é temperatura média compensada, Tmax é a temperatura máxima, Tmin é a

temperatura mínima, T12 é a temperatura das 12 horas UTC2 e T24 é a temperatura

das 24 horas UTC.

Como as fases fenológicas da videira ocorrem independentemente dos

meses, a metodologia da OMM precisou ser adaptada para se adequar a esta

pesquisa.

2 UTC é o acrônimo em inglês para Tempo Universal Coordenado, o fuso horário de referência a

partir do qual se calculam todas as outras zonas horárias do planeta. É o sucessor do Tempo Médio de Greenwich, abreviado por GMT (RAMOS, SANTOS & FORTES, 2009).

49

Para se obter o total de horas de insolação para os dois ciclos vegetativos

utilizou-se a seguinte equação para cada um dos trinta anos estudados:

CV = ∑ Xi j

onde CV representa o ciclo vegetativo.

Para a umidade relativa do ar se aplicou a seguinte equação para cada uma

dos dois ciclos vegetativos de cada um dos trinta anos estudados:

CV = ∑ Xi j / N

Para a precipitação utilizou a seguinte equação para cada um das três fases

fenológicas de cada uma das três podas, para cada um dos trinta anos:

FF = ∑ Xf j

onde FF representa a fase fenológica e f representa o período da fase fenológica.

Para a temperatura média compensada, foi aplicada a seguinte fórmula:

TMC, FF = (TMC max, f j + TMC min, f j + TMC 12, f j + 2TMC 24, f j) / 5

Após o levantamento dos dados meteorológicos, foram elaborados gráficos

de colunas para cada fase fenológica ou ciclo vegetativo de cada uma das safras.

Às colunas dos gráficos foram adicionadas linhas de cores vermelhas para

representar a faixa considerada ótima para cada fase fenológica. Em alguns gráficos

de temperatura, uma linha em tom de vermelho mais claro foi adicionada para

representar o teto superior máximo.

Na sequência foi realizada a determinação dos valores padrões, isto é,

aquela faixa de valores que mais se repetem na série histórica estudada. Os valores

padrões foram comparados com as normais climatológicas para a Estação

Climatológica de Maringá e também com as necessidades meteorológicas de cada

fase da videira.

50

Em virtude de as fases fenológicas extrapolarem os limites dos meses (uma

fase dura 50 dias, outra 25 dias, por exemplo), não foi possível fazer uma

comparação precisa entre as normais climatológicas, os padrões e a fase fenológica.

Na sequência, após se eleger o ano de 2009 como amostra de uma safra

boa, foi realizada a análise rítmica para os meses do ciclo vegetativo da videira, a

saber, julho a novembro para a safra normal e janeiro a maio para a “safrinha”.

Para a elaboração na análise rítmica foi utilizada a metodologia proposta por

Monteiro em 1971, a qual se caracteriza pela análise diária e conjunta dos

elementos do clima e da dinâmica das massas de ar atuantes na região.

Para a análise das massas de ar atuantes foram utilizadas as Cartas

Sinóticas da Marinha do Brasil e imagens de satélites disponibilizadas pelo INPE

(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os dados dos elementos do clima foram

disponibilizados pela Estação Climatológica Principal de Maringá, sendo a pressão

atmosférica, a umidade relativa do ar e a direção dos ventos os valores observados

e registrados diariamente às 12 h UTC. Também foram observadas a precipitação

total diária e as temperaturas máximas e mínimas diárias.

Para os elementos do clima são utilizados os valores das 12:00 h UTC (9:00

h no horário de Brasília) para ficar em concordância com a análise das Cartas

Sinóticas da Marinha, as quais são fornecidas diariamente às 0:00 e 12:00 h UTC,

sendo que, conforme sugere Monteiro (1971), seja usada a Carta das 12:00 h.

Para a elaboração dos gráficos da Análise Rítmica foi utilizado o software

RitmoAnálise (BORSATO, 2006).

A análise rítmica é uma importante ferramenta para se demonstrar a

interação dos diversos elementos do clima na determinação do ritmo climático de

uma região.

51

6 ANÁLISE

Este capítulo refere-se à análise da variação diária dos elementos climáticos

à superfície, em Maringá – PR, associada à atuação dos sistemas atmosféricos,

durante os anos agrícolas de 1980 a 2009, concomitantemente à análise das tabelas

de produção e produtividade da uva no município de Marialva.

Para essa análise foram elaborados gráficos para cada fase fenológica da

videira, com base nos dados meteorológicos de superfície. Em seguida, eleita a

safra 2008/2009 como a de melhor produtividade no período, foram elaborados

gráficos em escala diária, com base nos dados meteorológicos de superfície e na

interpretação e análise das cartas sinóticas meteorológicas de superfície, também

diárias (12:00 h UTC).

Os referidos gráficos acompanham textos relativos à análise de cada uma

das fases fenológicas e de cada mês em escala diária da safra considerada de boa

produtividade.

6.1 ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA 1980-2009

6.1.1 Insolação

A figura 2 mostra o total de horas de insolação registrado na Estação

Climatológica Principal de Maringá para os meses do período vegetativo, que se

inicia com a brotação da gema e termina com a queda das folhas (REYNIER, 1989

apud KISHINO & MARUR, 2007), para a safra normal, a do segundo semestre do

ano, na qual a poda é realizada no mês de junho ou no mês de julho e que vai até a

queda das folhas, no mês de dezembro.

52

Figura 3: Total de horas de insolação para o período vegetativo da safra normal para o Município de Marialva – PR (junho a dezembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Nota-se na figura 2 que o total de horas de insolação atende à necessidade

da planta, situando-se entre 1200 e 1400 horas (SENTELHAS, 1998) e chegando

muitas vezes a ultrapassar o valor ideal.

A figura 3 mostra o total de horas de insolação para o segundo período

vegetativo, o da “safrinha”, que começa com a poda, realizada no mês de janeiro, e

termina com a queda das folhas, no mês de julho.

Assim como no período da safra normal, os totais de horas de insolação

registrados em Maringá satisfazem a necessidade da videira, ficando os valores

mais próximos da faixa considerada ideal (1200 a 1400 horas).

53

Figura 4: Total de horas de insolação para o período vegetativo da safrinha, para o município de Marialva – PR (janeiro a junho) (1995 e 1996 – ausência de dados) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

6.1.2 Umidade relativa do ar

No município de Marialva a umidade relativa do ar para o período da safra

normal (junho a dezembro) se encontra nos valores considerados ótimos para a

produção (figura 4), raramente ultrapassando o valor de 70%.

54

Figura 5: Média de umidade relativa do ar para o período vegetativo da safra normal da uva em Marialva – PR (junho a dezembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 6: Média de umidade relativa do ar para o período vegetativo da safrinha da uva em Marialva – PR (janeiro a junho) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

55

No gráfico representado pela figura 5 pode-se notar que a umidade relativa

do ar para o período compreendido entre janeiro e junho fica acima da faixa

considerada ótima para a videira, embora não ultrapasse a faixa de 75% a qual

Kishino e Caramori (2007) consideram essa condição como favorável ao surgimento

de doenças.

6.1.3 Precipitação

O gráfico apresentado na figura 6 mostra o volume de precipitação

acumulado durante a fase fenológica compreendida entre a brotação e o início do

florescimento da videira, para a poda realizada em 15 de junho.

Figura 7: Precipitação durante a fase fenológica da brotação até o início do florescimento, poda precoce, para o município de Marialva – PR (15 de junho a 05 de julho) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

56

Nota-se que raramente o total de pluviosidade acumulado para essa fase

fenológica fica próximo dos 94 mm considerados ótimo.

A figura 7 representa o gráfico da precipitação total acumulada para a fase

fenológica compreendida entre o florescimento e o início da maturação dos frutos,

também para poda realizada em 15 de junho.

Figura 8: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da maturação, poda precoce, para o município de Marialva – PR (06 de julho a 15 de setembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Para essa fase fenológica, a quantidade de chuva considerada ótima é de

150 mm, porém raramente o valor acumulado ficou próximo desse volume total.

O gráfico da figura 8 mostra o volume total de precipitação para a fase

fenológica do início da maturação ao início da colheita, ainda da poda realizada em

15 de junho.

57

Figura 9: Precipitação durante a fase fenológica do início da maturação até a colheita, poda precoce, para o município de Marialva – PR (16 de setembro a 20 de outubro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Para essa fase fenológica da videira, a quantidade de chuva considerada

ideal é de 130 mm.

Em comparação às duas fases fenológicas anteriores, esta fase mostra os

volumes totais de precipitação mais próximos da quantidade considerada ótima.

As figuras 9, 10 e 11 representam os gráficos de precipitação para as três

fases fenológicas da videira com a poda sendo realizada em 15 de julho.

A exemplo da poda precoce (15 de junho), na fase da brotação o volume

acumulado de precipitação também ficou aquém do volume total considerado ótimo,

e na fase do florescimento até o início da maturação o valor ficou além do

considerado ótimo.

58

Figura 10: Precipitação durante a fase fenológica da brotação ao início do florescimento, poda normal, para o Município de Marialva – PR (15 de julho a 05 de agosto) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 11: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da maturação, poda normal, para o município de Marialva – PR (06 de agosto a 15 de outubro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

59

Figura 12: Precipitação durante a fase fenológica início da maturação ao início da colheita, poda normal, para o Município de Marialva – PR (16 de outubro a 20 de novembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Na fase fenológica da maturação, a maior parte dos valores da série

histórica estudada ficou abaixo ou perto do valor considerado ideal.

A deficiência hídrica pode ser compensada através de sistemas de irrigação.

Os danos causados pelo excesso de chuvas podem ser minimizados com o uso de

coberturas plásticas e microtelas.

Os gráficos apresentados nas figuras 13, 14 e 15 representam o valor total

da precipitação acumulada para as fases fenológicas da videira para a poda

realizada no início de Janeiro.

As condições do clima tropical favorecem a realização de duas safras anuais

de uva. A segunda safra, que ocorre no primeiro semestre do ano, logo após a safra

normal, é chamada pelos produtores de “safrinha”, pelo fato de o volume de

produção ser muitas vezes menor do que o da safra normal.

Nessa safra, as duas primeiras fases fenológicas, a da brotação e a do início

da maturação, estão inseridas no verão, estação em que os volumes de chuva são

os maiores do ano. A esse fato se deve a representação gráfica que mostra valores

de pluviosidade muito acima dos volumes considerados ótimos (figuras 13 e 14).

60

Figura 13: Precipitação durante a fase fenológica da brotação ao início do florescimento, safrinha, para o município de Marialva – PR (1º a 20 de janeiro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 14: Precipitação durante a fase fenológica do florescimento ao início da maturação (safrinha) para o município de Marialva – PR (21 de janeiro a 05 de abril) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

61

Figura 15: Precipitação durante a fase fenológica que vai do início da maturação ao início da colheita (safrinha), para o município de Marialva – PR (06 de abril a 10 de maio) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Para o período fenológico total, da brotação até a maturação, no qual,

segundo Manica e Pommer (2006), a necessidade hídrica é de 384 mm, a média

histórica compreendida entre os anos de 1980 e 2009 é mostrada na tabela 8.

Tabela 8: Precipitação média para as fases fenológicas e por época de poda para a

região de Marialva – PR, entre os anos de 1980 e 2009

Da brotação à

floração (mm)

Da floração à

maturação (mm) Total (mm)

Poda precoce 100,9 358,2 459,1

Poda normal 82,6 454,2 536,8

Safrinha 286,1 436,1 722,3

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá - INMET/UEM (1980 a 2009)

O solo da região de Marialva é bastante argiloso e tem uma grande

capacidade de armazenamento e retenção de água. Por essa razão é possível que,

mesmo quando a precipitação ficou abaixo da necessidade da planta, a água

armazenada no solo tenha suprido as necessidades.

62

6.1.4 Temperatura

Os gráficos de temperatura apresentados a seguir compreendem a média

compensada para quatro diferentes fases fenológicas da videira (brotação,

florescimento, desenvolvimento da baga e maturação) para os períodos

correspondentes às três podas anuais: 15 de junho (poda precoce), 15 de julho

(poda normal) e 1º de janeiro (safrinha).

A brotação ocorre 18 dias após a poda; o florescimento se dá durante 25

dias após a brotação; o desenvolvimento da baga dura 50 dias; a maturação ocorre

por volta de 33 dias após as bagas estarem desenvolvidas.

Os períodos levados em consideração para essa fase da pesquisa estão

descritos no capítulo Metodologia.

Pelos gráficos pode-se notar que, na série histórica estudada, com exceção

da fase fenológica da brotação (figuras 16, 20 e 24), a temperatura da região de

Marialva ficou dentro da faixa considerada ótima para a viticultura.

Figura 16: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação, poda precoce, para o município de Marialva – PR (15 de Junho a 05 de Julho) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

63

Figura 17: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do florescimento, poda precoce, para o município de Marialva – PR (06 a 31 de julho) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 18: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do desenvolvimento da baga, poda precoce, para o município de Marialva – PR (1º de agosto a 15 de setembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

64

Figura 19: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação, poda precoce, para o município de Marialva – PR (16 de setembro a 20 de outubro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

Figura 20: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação, poda normal, para o município de Marialva – PR (15 de julho a 05 de agosto) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

65

Figura 21: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do florescimento, poda normal, para o município de Marialva – PR (06 a 31 de agosto) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 22: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do desenvolvimento da baga, poda normal, para o município de Marialva – PR (1º de setembro a 15 de outubro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

66

Figura 23: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação, poda normal, para o município de Marialva – PR (16 de outubro a 20 de novembro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 24: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da brotação, safrinha, para o Município de Marialva – PR (1º a 20 de janeiro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

67

Figura 25: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do florescimento, safrinha, para o Município de Marialva – PR (21 de janeiro a 15 de fevereiro) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

Figura 26: Temperatura média compensada durante a fase fenológica do desenvolvimento da baga, safrinha, para o município de Marialva – PR (16 de fevereiro a 05 de abril) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

68

Figura 27: Temperatura média compensada durante a fase fenológica da maturação, safrinha, para o município de Marialva – PR (06 de abril a 10 de maio) Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá – INMET/UEM (1980 a 2009)

A “safrinha” está inserida, na maior parte do tempo, no Verão, e, apesar de

as temperaturas serem mais elevadas, nota-se que ao longo dos anos a temperatura

oscilou dentro do intervalo considerado ótimo.

6.1.5 Geada e ventos

Segundo o IAPAR (2007), o município de Marialva está sujeito a ser atingido

por até duas geadas severas a cada 10 anos.

Quanto a dinâmica dos ventos, nesse município, em uma série climatológica

histórica compreendendo os anos de 1999 a 2009, a velocidade do vento à

superfície (1000 hPa) mostra-se a 0,9 m/s, com direção predominante de nordeste

(NE) (HIERA & SILVEIRA, 2010).

69

6.2 DETERMINAÇÃO DOS PADRÕES

Entende-se por padrões os valores que mais se repetem na série de dados.

As tabelas 9 a 12 mostram as faixas de valores que mais se repetiram para cada

elemento do clima estudado, em cada fase fenológica de cada safra, juntamente

com os valores das Normais Climatológicas para o Município de Maringá (quando

possível) e os valores considerados ótimos para a videira.

Tabela 9: Insolação - Valores padrões por safra e fase fenológica (em h)

Fase Fenológica Padrão

apresentado

Normal

Climatológica

Necessidade da

planta

Safra normal 1400 a 1600 1444 1200 a 1400

Safrinha 1400 a 1600 1430 1200 a 1400

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009); Ramos; Santos & Fortes (2009); Kishino & Marur (2007)

Para a Insolação, o valor padrão está em conformidade com as citas

normais climatológicas, porém, acima da necessidade da planta.

Tabela 10: Umidade – Valores padrões por safra e fase fenológica (em %)

Fase

Fenológica

Padrão

apresentado

Normal

Climatológica

Necessidade da

planta

Valor

prejudicial

Safra normal 60% a 70% 67% 62% a 68% 75%

Safrinha 70% a 75% 72% 62% a 68% 75%

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009); Ramos; Santos & Fortes (2009); Kishino & Caramori (2007)

A umidade apresentada na série histórica estudada está dentro dos

parâmetros das aludidas Normais Climatológicas e um pouco acima dos valores

considerados ótimos para a viticultura, mas não atinge a marca de 75%, considerada

prejudicial para a planta.

70

Tabela 11: Precipitação – Valores padrões por safra e fase fenológica (em mm)

Fase Fenológica Padrão

apresentado

Normal

Climatológica1

Necessidade da

planta

P1 – Jul 0 a 50 56,2 94

P1 – Ago/Set 0 a 1002 176,9 150

P1 – Out 100 a 2003 162,4 130

P2 – Ago 0 a 50 66,8 94

P2 – Set/Out 100 a 3004 272,5 150

P2 - Nov 50 a 1505 111,6 130

P3 – Fev 200 a 4006 159,5 94

P3 – Mar 150 a 2507 155,7 150

P3 - Abr 0 a 1008 132,8 130

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009); Ramos; Santos & Fortes (2009); Kishino & Caramori (2007) 1As Normais correspondem à somatória do mês ou meses completos; 21º de agosto a 20 de setembro; 321 de setembro a 20 de outubro; 41º de setembro a 20 de outubro; 521 de outubro a 20 de novembro; 621 de janeiro a 20 de fevereiro; 721 de fevereiro a 10 de abril; 811 de abril a 10 de aaio P1 – poda precoce; P2 – poda normal; P3 - safrinha

Com variações em algumas fases fenológicas, a precipitação se apresenta

com valores muito próximos às necessidades da videira. Excessos ou deficiência de

chuvas podem ser facilmente mitigados com cobertura das videiras ou irrigação.

Tabela 12: Temperatura – Valores padrões por safra e fase fenológica (em °C)

Fase Fenológica Padrão

apresentado

Normal

Climatológica1

Necessidade da

planta

P1 – Jul 15 a 202 18 15 a 25

P1 – Ago/Set 20 a 253 20 15 a 25

P1 – Out 20 a 254 22 20 a 30

P2 – Ago 20 a 255 20 15 a 25

P2 – Set/Out 20 a 256 21 15 a 25

P2 – Nov 20 a 257 24 20 a 30

P3 – Jan 20 a 258 25 15 a 25

P3 – Mar 20 a 259 24 15 a 25

P3 - Abr 20 a 2510 22 20 a 30

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009); Ramos; Santos & Fortes (2009); Kishino & Caramori (2007) 1As Normais correspondem à somatória do mês ou meses completos; 206 a 31 de julho; 31º de agosto a 20 de setembro; 21 de setembro a 25 de outubro; 506 a 31 de agosto; 61º de setembro a 20 de outubro; 721 de outubro a 25 de novembro; 81º a 20 de janeiro; 916 de fevereiro a 05 de Abril; 1006 de abril a 10 de maio P1 – poda precoce; P2 – poda normal; P3 - safrinha

71

Para a temperatura, tanto o padrão apresentado quanto as normais

climatológicas estão dentro dos parâmetros considerados ótimos para a viticultura.

Não foi possível mostrar na tabela 9 as Normais para a fase fenológica da brotação,

pois esta fase ocorre durante 30 dias, sendo os 15 últimos dias de um mês e os 15

primeiros do mês subsequente. A brotação é a única fase em que a temperatura fica

acima dos valores considerados ótimos.

6.3 PRODUÇÃO DE UVAS EM MARIALVA

A maior parte da uva produzida no Município de Marialva é a da variedade

Vitis vinifera, também chamada de uva de mesa ou uva fina; mas são também

produzidas uvas da espécie Vitis labrusca, também chamada de uva americana ou

uva rústica, destinada principalmente à produção de vinhos.

A tabela 13 mostra a produção de uva em Marialva nos anos de 2000 a

2009. A produção anual é a somatória da safra normal com a safrinha do ano

seguinte. Assim, por exemplo, os valores constantes da safra de 2008

correspondem ao total da safra normal de 2008 e da safrinha de 2009.

Nota-se que as maiores produtividades para a principal espécie cultivada, a

Vitis vinifera, ocorreram nos anos de 2008 e 2009, ficando acima das 30 t/ha

(toneladas por hectare). A menor produtividade para a mesma espécie ocorreu em

2000, com 17,3 t/ha.

Pode-se então considerar os anos de 2008 e 2009 como de safras boas, o

ano 2000 como de safra ruim e os demais anos da série apresentada, 2001 a 2007,

como de safras normais.

Para a análise do ritmo climático da região, mostrado a seguir, serão

utilizados os meses de julho de 2008 a junho de 2009, que correspondem à safra

2008, considerada de boa produtividade.

72

Tabela 13: Área plantada, produção e produtividade de uva em Marialva, por

espécie – 2000 a 2009

Ano Cultura Área (ha) Produção (t) Produtividade

(t/ha)

2000 Uva de mesa 1.400 24.200 17,3

2000 Uva vinífera 30 450 15

2001 Uva de mesa 1.450 41.450 28,6

2001 Uva vinífera 30 360 12

2002 Uva de mesa 1.450 34.800 24

2002 Uva vinífera 30 300 10

2003 Uva de mesa 1.350 36.400 27

2004 Uva de mesa 1.300 36.800 28,3

2005 Uva de mesa 1.380 32.430 23,5

2006 Uva de mesa 1.480 32.090 21,7

2006 Uva orgânica 1 10 10

2006 Uva vinífera 30 240 8

2007 Uva de mesa 1.423 41.970 29,5

2007 Uva vinífera 6 65 10,8

2008 Uva de mesa 1.427 50.196 35,2

2008 Uva vinífera 7 42 6

2009 Uva de mesa 1.395 44.990 32,3

2009 Uva vinífera 10 70 7

Fonte: SEAB (2010)

6.4 RITMO METEOROLÓGICO PARA O PERÍODO 2008-2009

Como já visto em capítulo anterior, o ciclo vegetativo da videira se inicia

antes da poda, portanto as condições climáticas desse período são importantes e

irão determinar a qualidade da produtividade.

Para fins estatísticos, a produção total do município se constitui da soma da

produção da safra normal (realizada no segundo semestre) da produção da

“safrinha” (realizada no primeiro semestre do ano seguinte).

73

De acordo com informações da Emater do município de Marialva, o total de

produção anual divulgado pelos órgãos oficiais (SEAB e DERAL) leva em

consideração a quantidade produzida entre nos meses de julho e julho do ano

seguinte.

As análises do ritmo meteorológico apresentadas a seguir (figuras 28, 33,

35, 38, 40, 42, 43, 47, 48, 51, 52 e 55) iniciam-se no mês de julho de 2008 e

terminam no mês de junho de 2009. A safra 2008/2009 foi a de maior produtividade

no período compreendido entre os anos de 2000 a 2009.

Cada uma das figuras das análises meteorológicas é acompanhada por

gráficos de setores que representam a porcentagem de tempo em que cada sistema

atmosférico atuou sobre a área de estudo.

As análises meteorológicas também são acompanhadas por um texto

descritivo e interpretativo, por imagens obtidas das Cartas Sinóticas da Marinha do

Brasil ou por imagens de satélites disponibilizadas pelo INPE/CPTEC, com o intuito

de ilustrar os eventos de maior importância ocorridos durante o mês analisado.

Os dados constantes nos gráficos das análises rítmicas são referentes ao

horário 12:00 UTC. Nos gráficos de temperaturas, a linha vermelha indica a

temperatura mais elevada do dia; a linha azul-escura representa a temperatura

média compensada; e a linha azul-clara representa a temperatura mínima do dia.

Os sistemas atmosféricos são os que atuavam sobre a região de Marialva de

acordo com as Cartas Sinóticas da Marinha do Brasil, emitidas às 12 horas UTC.

6.4.1 Julho de 2008

O mês de julho de 2008 esteve quase completamente sob o domínio dos

sistemas de alta pressão, representados pela Massa Polar Atlântica (mPa), que

atuou em 36% do período, e pela Massa Tropical Atlântica (mTa), que atuou em

37% do período (figuras 28 e 29).

A mPa é um sistema atmosférico anticiclônico que se forma na região da

Patagônia (Argentina) e é atraído ao Sul do Brasil pelas baixas pressões tropicais e

equatoriais (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007).

74

Região de Marialva - PR ( Julho / 2008 )

950

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Figura 28: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – julho de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. por: Autor

75

Figura 29: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de julho de 2008 Org. por: Autor

A mTa também é um sistema anticiclônico que se origina no centro de altas

pressões subtropicais do Atlântico (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007). Essa

massa de ar possui forte umidade, fornecida pela evaporação marítima; porém, em

virtude de sua constante subsidência superior e da consequente inversão de

temperatura, sua umidade é limitada à sua porção basal (NINER, 1979).

A Massa Polar Atlântica, por sua característica fria e de umidade do ar

reduzida, foi a responsável pelas quedas nas temperaturas registradas na região de

Marialva durante o mês de julho, com a mínima oscilando entre 12,9 °C no dia 1º e a

máxima em 30,2°C nos dias 28 e 29. A média compensada normal para o mês de

julho é de 18°C.

Temperaturas na faixa de 10 a 13°C são consideradas ótimas para a videira

durante a fase fenológica da brotação (MANICA & POMMER, 2006).

A mPa e a mTa atuaram entre os dias 1º e 18. Esses dois sistemas

anticiclonais geram grande estabilidade atmosférica e, como estiveram aliados a

uma reduzida umidade relativa do ar, não houve condições para precipitações na

região estudada. Nos dias 02, 03, 07 e 08, a Massa Tropical Continental (mTc),

sistema de baixa pressão, atuou sobre a região. Por ser um sistema de reduzida

umidade relativa, também não favoreceu a ocorrência de chuvas.

A Carta Sinótica do dia 1º de julho de 2008, às 12:00 UTC (figura 30), é a do

dia em que uma mTa atuou sobre a região de Marialva. Na mesma carta pode-se

constatar que o vórtice da mTa está sobre o Atlântico Sul, com um sistema frontal

(SF) no litoral do Estado do Paraná avançando em direção ao oceano. Ao sul, outra

mPa, com 1026 hPa (valor de pressão reduzido ao nível do mar) avançou em

76

direção à área de estudo e foi a responsável pelas temperaturas reduzidas

registradas no dia 1º.

A partir do dia 19, sistemas frontais avançaram até a região de Marialva,

porém a baixa umidade relativa do ar não foi suficiente para gerar chuvas. Nos dias

24 e 25 foram registradas chuvas na região, do tipo frontal. A quantidade registrada

foi inferior à esperada pelos produtores da região, apenas 7,9 mm, considerando-se

que o volume necessário para o pleno desenvolvimento da videira é de 94 mm na

fase da brotação (MANICA & POMMER, 2006).

O total de insolação durante o mês de julho de 2008 foi de 246 horas e 18

minutos, resultado da reduzida nebulosidade decorrente, mais uma vez, das

características de baixa umidade das principais massas de ar atuantes durante o

período.

Figura 30: Atuação da mTa sobre a região de Marialva no dia 1º de julho de 2008 Fonte: Marinha do Brasil (2008)

77

6.4.2 Agosto de 2008

Agosto é o mês mais seco do ano na região de Marialva, embora existam

anos em que o volume de chuva mantém o solo com umidade suficiente para

descaracterizá-lo como seco (BORSATO, 2006).

Em anos secos é comum não ocorrer precipitações no mês de agosto. Os

sistemas atmosféricos que prevalecem são os de alta pressão.

Durante o mês de agosto de 2008 a Massa Polar Atlântica (mPa) continuou

a impor suas características sobre a região de Marialva, tendo atuado em 55% do

período. Os sistemas frontais (SF) atuaram em 28% do período (figuras 31 e 33).

Figura 31: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de agosto de 2008 Org. por: Autor

Os sistemas frontais atuaram sobre a região de Marialva entre os dias 1º e

15. O primeiro deles atuou entre os dias 1º e 03 e provocou 47,9 mm de chuvas. Nos

dias 04 e 05 houve atuação de uma mPa. Um segundo sistema frontal chegou à

região de estudo no dia 06 e atuou juntamente com a Massa Tropical Continental

(mTc), provocando 12,4 mm de chuvas. No dia 07 uma mPa atuou em conjunto com

uma massa Equatorial Continental (mEc). Entre os dias 08 e 10, um terceiro sistema

frontal atuou sobre a região, gerando 66 mm de precipitação. No dia 11 a região de

Marialva estava na confluência da mPa com uma mTc, e no dia 12 houve atuação

apenas da mTc. Um quarto sistema frontal atuou sobre a região entre os dias 13 e

15, provocando 87,7 mm de precipitação.

78

Agosto é geralmente o mês mais seco do ano, mas em 2008 recebeu um

grande volume de chuva. A Estação Principal da UEM registrou 219,8 mm

(INMET/UEM, 2008), sendo a maior parte (201,1 mm) de chuvas frontais.

A figura 32 é a imagem de satélite no canal infravermelho do INPE/CPTEC,

do dia 08 de agosto, 12:00 h UTC (CPTEC/INPE, 2008). A imagem mostra o terceiro

sistema frontal sobre o Estado do Paraná. Nesse dia, devido à elevada umidade

atmosférica, o SF causou chuvas na região e na região de Marialva foram

registrados 46,3 mm. Esse foi o episódio de chuva mais intensa na região durante

esse mês, considerando-se a altura precipitada.

Figura 32: Sistema frontal atuando sobre o Estado do Paraná no dia 08 de agosto de 2008 Fonte: INPE/CPTEC (2008)

Entre os dias 16 e 20 a região de Marialva esteve sob atuação da Massa

Tropical Continental, um sistema de baixa pressão de característica quente e de

baixa umidade, que foi o responsável pela elevação das temperaturas, com a

máxima atingindo 31,9°C no dia 19.

79

Região de Marialva - PR ( Agosto / 2008 )

946

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Figura 33: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – agosto de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. por: Autor

80

Entre os dias 21 e 31, novas massas polares atlânticas avançaram,

dominando o tempo e impondo suas características: céu aberto com forte

resfriamento noturno.

Durante o mês de agosto ocorrem as fases fenológicas do florescimento e

do desenvolvimento da baga (dependendo da época da realização da poda). Para

essas duas fases, a temperatura ideal deve ficar entre 15 e 25°C, não podendo

ultrapassar 35°C. Na região de Marialva, nesse período, as temperaturas oscilaram

dentro da faixa considerada ideal, o que pode ter contribuído para a produtividade

recorde do Município.

A insolação total registrada no mês foi de 229 horas e 36 minutos, valor

inferior ao do mês anterior, em virtude do aumento da umidade relativa do ar e da

consequente nebulosidade sobre a região.

6.4.3 Setembro de 2008

O mês de setembro marca o fim do inverno no Hemisfério Austral. É um mês

cuja normal climatológica da temperatura média compensada é de 20,5°C, e da

precipitação acumulada, de 110,1 mm. A partir de setembro as chuvas na região de

Marialva começam a sofrer alterações em seu regime, com o desenvolvimento de

áreas de instabilidade associado ao aquecimento mais pronunciado, entre o Centro-

Oeste Brasileiro e o Paraguai.

No mês de setembro de 2008 a mPa foi o sistema que predominou nos tipos

de tempo (63% do período), com sistemas Frontais atuando em 18% do período e o

sistema de baixa pressão mTc, em 12% do período. A mTa atuou em 5% e a mEc

em 2% do período (figuras 34 e 35).

Três sistemas frontais atuaram ao longo do mês na região de Marialva em

setembro de 2008. O primeiro, que atuou entre os dias 04 e 07, não provocou

chuvas significativas, apenas 5 mm. A massa de ar frio associada a este sistema

frontal causou um forte resfriamento na região, sendo responsável pela mínima do

mês registrada no dia 07, de 5,7°C. O segundo sistema frontal do mês de setembro

de 2008 ocorreu entre os dias 12 e 13, provocando chuvas de 39,2 mm. A mPa que

avançou na retaguarda proporcionou uma ligeira queda na temperatura e

81

estabilidade atmosférica até o dia 19, quando o terceiro SF avançou pela região e foi

responsável pelos 28,6 mm de precipitação ocorridos nesses dois dias.

A intensa atuação da massa de ar frio e seco fez a precipitação do mês de

setembro diminuir na região de Marialva, em relação ao mês anterior, ficando em

78,8 mm de chuvas, 100% frontais. A maior pluviosidade registrada no mês ocorreu

no dia 13 de setembro: 39,2 mm.

O maior período sem chuva foi de 20 dias, no período entre 16 de agosto e

05 de setembro. Como o mês de agosto recebeu mais chuva do que a esperada

para o mês, as condições hídricas do solo foram favoráveis ao desenvolvimento dos

frutos.

Figura 34: Atuação dos diferentes sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR - setembro de 2008 Org. por: Autor

A Carta Sinótica do dia 07, às 12:00 h UTC (Figura 36), mostra uma mPa

que estava na retaguarda do sistema frontal que no dia 06 atuou sobre a região.

Nesse dia foi registrada a temperatura mínima do mês: 5,7°C. Por se tratar de um

episódio isolado, não houve prejuízos à produção de uva no município de Marialva.

Apesar da forte atuação do sistema de alta pressão, as temperaturas

mantiveram-se, durante a maior parte do período, dentro da faixa entre 15 e 30°C,

considerada ótima para a fase fenológica da maturação. A exceção ficou para os

dias 06 e 07, ocasião da atuação do primeiro sistema frontal e da mPa, que avançou

pelo interior do continente e causou forte onda de frio no Sul do Brasil.

82

Região de Marialva - PR ( Setembro / 2008 )

948

Pre

ssão (

hP

a)

950

952

954

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Figura 35: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo e os sistemas atmosféricos atuantes – setembro de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. por: Autor

83

Figura 36: Massa Polar Atlântica atuando sobre a região de Marialva no dia 07 de setembro de 2008, 12:00 UTC Fonte: Marinha do Brasil (2008)

Entre os dias 22 e 30 as massas polares voltaram a atuar sobre a região,

deixando a atmosfera estável e sem precipitações.

A insolação em setembro de 2008 foi de 246 horas e 18 minutos. Mais uma

vez a característica de reduzida umidade da mPa contribuiu para a baixa umidade

relativa do ar e, consequentemente, para a reduzida nebulosidade.

6.4.4 Outubro de 2008

O mês de outubro é o início da primavera no Hemisfério Sul. A climatologia

desse mês para a região de Marialva é de 22,3°C de temperatura média

compensada, 223 horas e 18 minutos de insolação, 65,5% de umidade relativa e

162,4 mm de precipitação em nove dias.

84

Durante o mês de outubro de 2008 os cinco sistemas atmosféricos que

atuam sobre a região de Marialva (mPa, mTa, mTc, mEc e SF) se manifestaram em

períodos próximos (23%, 13%, 18%, 24% e 22% respectivamente) (Figuras 37 e 38).

No que diz respeito às perturbações atmosféricas sobre a região de estudo,

cinco sistemas frontais atingiram a região de Marialva no mês de outubro de 2008.

Figura 37: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de outubro de 2008 Org. pelo autor

De acordo com o Boletim CLIMANÁLISE, (vol. 23, n. 10, 2008), o primeiro

sistema frontal originou-se de uma baixa pressão que se formou no Sudoeste do

Estado do Paraná, cujo centro atingiu 1007 hPa no dia 04. Esse sistema foi

reforçado pela atuação do jato subtropical, cuja magnitude atingiu 70 m/s sobre o

Rio Grande do Sul. Esse sistema frontal atuou sobre a região de Marialva entre os

dias 03 e 05 e provocou 18,5 mm de precipitação.

O anticiclone que atuou na retaguarda desse sistema frontal atingiu 1034

hPa e ocasionou queda acentuada de temperatura na região.

Entre os dias 14 e 16, o segundo sistema frontal atuou sobre a região de

estudo. Esse sistema se deslocou de forma lenta e causou apenas aumento de

nebulosidade na região.

Nos dias 23 e 24, um terceiro sistema frontal, também de baixa intensidade,

chegou à região, causando chuvas na altura de 5,5 mm.

O quarto sistema frontal atingiu a região de Marialva no dia 27, causando

precipitação de 10,8 mm.

85

Região de Marialva - PR ( Outubro / 2008 )

945

Pre

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hP

a)

948

951

954

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SF

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Figura 38: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo e os sistemas atmosféricos atuantes – Outubro de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. por: Autor

86

Por fim, o quinto Sistema Frontal se originou de um centro de baixa pressão

que se formou próximo ao litoral de Mar Del Plata, na Argentina, no dia 29, e atingiu

a região de Marialva nos dias 30 e 31, causando chuvas de 4,3 mm.

A precipitação no mês de outubro de 2008 foi de 112,4 mm, sendo 77 mm

de chuvas convectivas e 35,4 mm de chuvas frontais. A maior porcentagem da

chuva convectiva foi consequência de um único episódio de chuva intensa,

registrado no dia 02, de 62,9 mm.

A precipitação não muito elevada na fase da maturação favorece a

produtividade da uva, pois diminuem os riscos de doenças fúngicas, como o míldio3.

A temperatura média compensada para esse mês ficou em 23,8°C.

Temperaturas elevadas são essenciais para o processo de maturação da videira,

fase fenológica que ocorre nesse mês.

O total de insolação no mês foi de 191 horas e 54 minutos.

6.4.5 Novembro de 2008

Novembro é primavera no Hemisfério Austral. Em virtude disso, os

fotoperiodismos já são maiores, com maior aquecimento da atmosfera.

Em novembro os sistemas de baixa pressão aumentam o tempo de

participação na região de estudo. As Normais Climatológicas para esse mês, na

região de Marialva, são de 23,6°C de temperatura média compensada, 227 horas e

24 minutos de insolação, 65,1% de umidade relativa, 111,6 mm de precipitação

acumulada distribuídas em nove dias de chuvas.

Durante o mês de novembro de 2008 os sistemas de baixa pressão

dominaram os tipos de tempo na região de Marialva, com a mTc ampliando seu

tempo de participação, e de acordo com a análise das cartas sinóticas, a

participação foi de 32% do tempo cronológico. Apesar da predominância dos

sistemas de baixa pressão, a mPa ainda atuou em 29% do período (figuras 39 e 40).

3 O míldio, também chamado de mufa ou mofo, é a principal doença da videira no Brasil. Ele ataca

todas as partes da planta, mas os danos são maiores quanto ataca o cacho. O míldio se desenvolve em

umidades elevadas (95 a 100%) e com temperaturas entre 18°C e 22°C (TESSMANN, VIDA,

GENTA & KISHINO, 2007).

87

Quatro episódios de instabilidade atmosférica atuaram sobre a região de

Marialva no mês de novembro de 2008. O primeiro sistema frontal, originado em um

centro de baixa pressão que se formou próximo ao litoral do Estado de São Paulo

(CLIMANÁLISE, 2008), atuou sobre a região nos dias 02 e 03, causando, no dia 03,

o maior episódio de pluviosidade do mês, 83,9 mm.

Figura 39: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de novembro de 2008 Org. pelo autor

No dia 08 um segundo sistema frontal, com características subtropicais,

originário de outro centro de baixa pressão que se formou no Leste da Região Sul

(CLIMANÁLISE, 2008), deslocou-se para o oceano, não causando chuvas na região.

Entre os dias 12 e 13 formou-se um sistema de baixa pressão adjacente ao

litoral da Região Sul que deu origem a outra frente com características subtropicais,

a qual também se deslocou para o oceano (CLIMANÁLISE, 2008). Esse terceiro

sistema frontal atuou sobre a região de Marialva no dia 13, mas não causou

precipitações.

O único sistema frontal do mês de novembro que avançou pelo interior do

continente ingressou pelo litoral do Rio Grande do Sul no dia 15 e atuou sobre a

região de estudo nos dias 16 e 17, sem causar precipitação. Ao avançar para o

Estado de São Paulo, no dia 17, favoreceu a manutenção do episódio de ZCAS

(Zona de Convergência do Atlântico Sul) que atuava sobre o Sudeste do Brasil

(CLIMANÁLISE, 2008).

88

Região de Marialva - PR ( Novembro / 2008 )

944

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Figura 40: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo e os sistemas atmosféricos atuantes – novembro de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. pelo autor

89

A precipitação total no mês de novembro foi de 182,7 mm, sendo 98,8 mm

de chuvas convectivas e 83,9 mm de chuvas frontais, estas últimas ocorridas no dia

03.

Nesse mês ocorre o final da fase fenológica da maturação e início da

colheita, dependendo da época da poda realizada pelo viticultor.

O total de insolação foi de 248 horas, e deveu-se principalmente ao aumento

do fotoperíodo, uma vez que o Hemisfério Austral está próximo do período do verão.

A incidência de raios solares pode ter contribuído para o amadurecimento da uva,

influenciando os teores de açúcar e a coloração do fruto.

6.4.6 Dezembro de 2008

O dia 21 de dezembro marca o início do verão no Hemisfério Sul, o que

favorece a atuação dos sistemas ciclonais. Também a partir de dezembro, em

virtude da posição de nosso planeta em relação ao Sol, o fotoperíodo diário

aumenta.

As Normais Climatológicas para o mês de dezembro, para a região de

Marialva, compreendem 167 mm de precipitação com 12 dias de chuvas de mais de

1 mm, 85,5% de umidade relativa do ar, 216 horas e 48 minutos de insolação e 24°C

de temperatura média compensada.

Figura 41: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de dezembro de 2008 Org. por: Autor

90

Região de Marialva - PR ( Dezembro / 2008 )

942

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Figura 42: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – dezembro de 2008 Fonte: INMET/UEM (2008) Org. por: Autor

91

Em dezembro de 2008, na região de Marialva os sistemas de baixa pressão

atuaram em 65% do período, sendo 45% do tempo sob domínio da mTc e 20% sob

domínio da mEc. A mPa atuou em 24% do período, a mTa em 3% e os sistemas

frontais em 8% do período (figuras 41 e 42).

Quatro sistemas frontais atuaram na região de Marialva durante o mês de

dezembro de 2008. O primeiro deles, que atuou nos dias 1º e 02, apresentou

características subtropicais e originou-se de uma baixa pressão que se configurou

no Sul do Rio Grande do Sul (CLIMANÁLISE, 2008). Esse sistema não gerou

chuvas na região de Marialva.

No dia 10 o segundo sistema frontal atingiu a região de estudo,

permanecendo até o dia 11 e gerando 11,5 mm de precipitação, ocorrendo o maior

volume no dia 10 (11,1 mm).

Entre os dias 23 e 25, um terceiro sistema frontal atou sobre a região,

gerando, só no dia 25, chuvas de 27 mm. Esse sistema frontal, originado em um

centro de baixa pressão configurado no Leste do Rio Grande do Sul, após sua

passagem pela região de Marialva deslocou-se em direção ao Estado de São Paulo

e contribuiu para a formação de uma zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS)

(CLIMANÁLISE, 2008).

Finalmente, o quarto sistema frontal a atuar na região de estudo, ocorrido

durante os dias 29 e 30, não provocou chuvas nesse período.

Pelo fato de a massa quente e de baixa umidade (mTc) ter predominado

sobre a massa quente e úmida (mEc), o total de pluviosidade na região de Marialva

não ultrapassou 85,8 mm.

A posição geográfica da região, a intensa insolação - provocada pela baixa

umidade - e a atuação das massas de ar contribuíram para que a temperatura média

compensada nesse mês fosse de 25,5°C, valor acima da Normal Climatológica para

o mês (24°C).

A insolação total do mês foi de 283 horas e 24 minutos, a maior do ano de

2008. O maior fotoperíodo e a baixa nebulosidade contribuíram para esse valor.

No mês de dezembro a uva ainda está sendo colhida em Marialva, e as

videiras cuja colheita já se encerrou entram em estado de descanso vegetativo e se

preparam para a “safrinha”.

Durante todo o segundo semestre do ano de 2008 os elementos climáticos

oscilaram dentro dos parâmetros considerados ideais para cada uma das fases

92

fenológicas da videira e podem ter dado uma importante contribuição para a grande

produtividade alcançada na safra 2008/2009, que engloba a safra normal 2008 e a

safrinha 2009.

6.4.7 Janeiro de 2009

O mês de janeiro marca o início da safrinha, a segunda safra anual da uva.

Na “safrinha”, a poda das videiras é realizada em janeiro e a colheita em maio.

A fenologia da videira requer temperaturas amenas e baixa densidade

hídrica no início do ciclo reprodutivo e temperaturas mais elevadas e maior

pluviosidade no final desse ciclo.

Na região de Marialva o ritmo climático do primeiro semestre é contrário às

necessidades climatológicas da videira, pois as temperaturas e a pluviosidade são

mais intensas no primeiro trimestre, quando a videira está brotando e florescendo, e

mais amenas no segundo trimestre, quando a videira está em processo de

desenvolvimento e maturação.

No mês de janeiro, o primeiro mês de verão no Hemisfério Austral, a

climatologia para a região de Marialva consiste de temperatura média compensada

de 24,5°C, 213 horas e 54 minutos de insolação, umidade relativa do ar de 74,3% e

precipitação total acumulada de 227,2 mm em 14 dias de chuva (dias de

precipitação igual ou maior que 1 mm). Ainda de acordo com as Normais

Climatológicas, a precipitação e a temperatura são as maiores do ano no mês de

janeiro.

Durante o mês de janeiro de 2009 os sistemas atmosféricos predominantes

na região de Marialva foram a Massa Equatorial Continental, que atuou em 40% do

tempo, a mTc, com atuação em 15% do período, a mPa, que atuou em 19%, e os

sistemas frontais, que atuaram em 26% do tempo cronológico (figuras 43 e 44).

93

Região de Marialva - PR ( Janeiro / 2009 )

942

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Figura 43: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – janeiro de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

94

Figura 44: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de janeiro de 2009 Org. por: Autor

Em janeiro de 2009 a Massa Equatorial Continental atuou de maneira bem-

distribuída ao longo do mês, sendo interrompida pelo avanço de sistemas frontais

nos dias 03 e 04, 10 a 14, 19 a 21 e 29 e 30. Em sua retaguarda avançaram as

mPa‟s.

Em função da estação, as mPa‟s, depois de um ou, no máximo, três dias,

desviam-se para o interior do Oceano Atlântico, em alguns casos, apenas

bordejando a região de Marialva.

Durante a atuação dos sistemas de baixa pressão, principalmente da mTc,

foram registradas na região de Marialva as temperaturas mais elevadas do período,

ficando a média compensada em 24°C, valor muito acima da temperatura

considerada ótima para a fase fenológica da brotação (entre 10 e 13°C).

Cinco sistemas frontais atuaram sobre a região de Marialva no mês de

janeiro de 2009. O primeiro deles, no dia 1º, foi a continuação do sistema frontal que

avançou no final de dezembro de 2008.

O segundo sistema frontal atuou sobre a região de Marialva entre os dias 03

e 04, provocando 38,8 mm de precipitações, sendo o maior volume no dia 03 (34,4

mm). De acordo com o Boletim CLIMANÁLISE (vol. 24, n. 1º, 2009), esse sistema

frontal se originou em um centro de baixa pressão que se formou no Litoral do

Paraná, no dia 03.

Entre os dias 10 e 14, um terceiro sistema frontal atuou sobre a região em

estudo, provocando 50,3 mm de precipitação, sendo 43 mm apenas no dia 11.

95

O quarto sistema frontal a atuar na região ocorreu entre os dias 21 e 23, e

provocou o maior volume de chuvas do mês, 84,7 mm, dos quais, 70,1 mm

ocorreram no dia 19.

No dia 29, entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul houve a formação de um

ciclone extratropical, que se associou a áreas de instabilidade, provocando, na

região de Marialva, 19,2 mm de chuvas.

O volume total de pluviosidade no mês de janeiro de 2009 atingiu a altura de

264,7 mm, dos quais 206,5 mm foram de chuvas frontais e os restantes 58,2 mm

foram de chuvas convectivas.

Ao final do mês de janeiro tem início a fase fenológica compreendida entre a

brotação e o início do florescimento da “safrinha”, quando a videira apresenta

uma necessidade hídrica de 94 mm.

A figura 45 apresenta imagem de satélite do CPTEC/INPE, no canal

infravermelho, para o dia 19 de janeiro, onde é possível visualizar a nebulosidade do

sistema frontal, que causou a precipitação de 70,1 mm no dia 19, e também a

atuação da mEc sobre as regiões Norte e Central do país.

Figura 45: Sistema Frontal sobre o Estado do Paraná, no dia 19 de janeiro de 2009 Fonte: INPE/CPTEC (2009)

96

6.4.8 Fevereiro de 2009

O mês de fevereiro, no Norte do Estado do Paraná, ainda é caracterizado

por altos volumes de pluviosidade e temperatura.

As Normais Climatológicas para esse mês são de 24,5°C de temperatura

média compensada, 193 horas de insolação, 74,9% de umidade relativa do ar e

159,5 mm de precipitação, estes distribuídos em 12 dias.

A figura 46 mostra a participação dos sistemas atmosféricos que atuaram

durante o mês de fevereiro de 2009. Os sistemas de baixa pressão continuaram a

determinar os tipos de tempo na região de Marialva, com a mEc atuando em 48% do

período e a mTc em 16%. Os sistemas de alta pressão atuaram em 22% do período,

ficando a mPa em 14% e a mTa em 8%. Os sistemas frontais atuaram em 14% do

período.

Figura 46: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de fevereiro de 2009 Org. por: Autor

Quatro sistemas frontais atuaram na região em estudo durante o mês de

fevereiro de 2009 (Figura 47). O primeiro deles, entre os dias 04 e 05, só no dia 04

gerou 33,8 mm de precipitação.

O segundo episódio de instabilidade atmosférica atuou sobre a região de

Marialva nos dias 11 e 12, sendo responsável pelos 14,7 mm de chuvas registrados

nesses dias.

97

Região de Marialva - PR ( Fevereiro / 2009 )

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Figura 47: Variação diária dos elementos climáticos à superfície na área em estudo e os sistemas atmosféricos atuantes – fevereiro de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

98

Um terceiro sistema frontal esteve sobre a região no dia 17, sendo

responsável pelos 18 mm de chuvas que ocorreram nesse dia. Por fim, o quarto

sistema frontal bordejou o Norte do Estado do Paraná nos dias 23 e 24, provocando,

em Marialva, apenas 1 mm de precipitação.

Nesse mesmo mês o volume total de precipitação foi de 252,8 mm, sendo

185,3 mm de chuvas convectivas e apenas 67,5 mm de chuvas frontais. Em 2009, o

total de dias de pluviosidade superior a 1 mm foi de 12 dias.

Para a “safrinha”, a fase fenológica do florescimento e do início do

desenvolvimento das bagas se dá no mês de fevereiro. Tanto a temperatura quanto

a precipitação ficaram em valores muito superiores à necessidade da videira.

6.4.9 Março de 2009

Março marca o fim do verão no Hemisfério Sul. A partir desse mês o volume

de precipitação, a temperatura e a umidade relativa do ar começam a declinar e o

total de horas de insolação, em virtude da diminuição da umidade e da

nebulosidade, começa a aumentar.

As Normais Climatológicas para a região de Marialva apuraram, para o mês

de março, 71,4% de umidade relativa do ar, 155,7 mm de precipitação (em 10 dias

com altura igual ou superior a 1 mm), temperatura média compensada de 24°C e

226 horas e 18 minutos de insolação.

Em março de 2009, a atuação da mEc começou a diminuir na região de

Marialva (34% do período) e houve uma importante contribuição da mTc (32% do

período) na determinação do tempo meteorológico. Os sistemas de alta pressão,

representados pela mPa e pela mTa, atuaram em 10% e 8%, respectivamente. Os

sistemas frontais atuaram em 16% do tempo cronológico, como mostram as figuras

48 e 49.

99

Região de Marialva - PR ( Março / 2009 )

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Figura 48: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área em estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – março de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

100

Figura 49: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de março de 2009 Org. por: Autor

O mês de março iniciou com atuação da mTa. A partir do dia 03 a região de

Marialva foi invadida pela mTc. Com a queda na pressão, o primeiro dos cinco

sistemas frontais que atuaram na região durante o mês de março avançou, sem

causar chuvas.

Entre os dias 08 e 13, precipitações que somaram 51,7 mm foram

registradas sob a atuação de uma mEc e se intensificaram com o segundo sistema

frontal do mês, que avançou nesse período.

O terceiro sistema frontal do mês de março de 2009 atuou sobre a região de

Marialva no dia 13, gerando apenas 7,4 mm de chuvas. Nos dias 16 e 24, o quarto e

o quinto sistemas frontais bordejaram o Norte do Paraná, sem causar chuvas na

região. O total de precipitação do mês foi de 97,5 mm.

Em função da diminuição das chuvas e da nebulosidade, durante o mês de

março ocorreu um aumento no total de horas de insolação em relação aos dois

meses anteriores (240 horas e 48 minutos em março, 205 horas e 30 minutos em

fevereiro e 172 horas e 42 minutos em janeiro). Isso se deve ao fato de a reduzida

umidade relativa do ar contribuir para a pouca nebulosidade.

Em março, durante a “safrinha”, ocorre o desenvolvimento da baga da uva, e

nesse mês os elementos climáticos ficaram dentro ou muito perto dos patamares

exigidos pela videira.

101

6.4.10 Abril de 2009

Em abril é outono no Hemisfério Sul. A partir desse mês os sistemas de alta

pressão passam a atuar com maior intensidade sobre o Sul do Brasil e,

consequentemente, sobre Marialva.

As Normais Climatológicas de abril para os elementos do clima aqui

estudados, na região de Marialva consistem em temperatura média compensada de

22°C, 204 horas e 30 minutos de insolação, 71,3% de umidade relativa do ar e

precipitação à altura de 132,8 mm, com sete dias de chuvas acima de 1 mm.

Conforme mostra o gráfico da figura 50, durante o mês de abril a atuação

dos sistemas de baixa pressão diminuíram consideravelmente, dando lugar à

atuação da mPa, com 61% do tempo cronológico.

Figura 50: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de abril de 2009 Org. por: Autor

Apenas três sistemas frontais atuaram na região em estudo durante o mês

de abril de 2009 (Figura 51). O primeiro, nos dias 05 e 06, foi o único a provocar

chuvas na região, de 58,9 mm.

Os sistemas frontais que atuaram dos dias 14 e 20 não provocaram chuvas

na região de Marialva.

Os sistemas de alta pressão que avançaram na retaguarda dos sistemas

frontais provocaram uma onda de frio e grande estabilidade atmosférica na região.

102

Região de Marialva - PR ( Abril / 2009 )

948

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Figura 51: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área em estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – abril de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

103

Na última semana do mês de abril as temperaturas mínimas oscilaram entre

15 e 18ºC, e as máximas, entre 27 e 30°C. Na mesma semana, a umidade relativa

do ar declinou, terminando o mês abaixo de 60% (figura 51).

O total de horas de insolação aumentou em relação aos três meses

anteriores (289 horas e 48 minutos), tendo por motivo a pequena incidência de

nebulosidade causada pela diminuição da massa de umidade do ar.

Na “safrinha” a maturação da uva ocorre em abril. Nessa fase fenológica é

importante um período maior de insolação, para a coloração do fruto e acúmulo de

açúcares. A temperatura oscilou dentro da exigência térmica da videira. O volume de

precipitação não foi suficiente para atender às necessidades hídricas da planta, o

que pode ser resolvido com a utilização de um sistema de irrigação.

6.4.11 Maio de 2009

No mês de maio, ainda outono no Hemisfério Austral, os sistemas

anticiclonais continuam dominando os tipos de tempo no Norte do Estado do

Paraná.

As temperaturas, que entraram em declínio no mês de abril, continuam

caindo. As Normais Climatológicas para o mês de maio de 2009 incluem

temperatura média compensada de 19,5°C, 71,6% de umidade relativa do ar,

volume de precipitação total de 129,8 mm (em oito dias de chuvas com altura igual

ou superior a 1 mm) e 189 horas e 36 minutos de insolação. Apesar de a

nebulosidade continuar reduzida, o fotoperiodismo diminui consideravelmente a

partir do mês de maio, como resultado da inclinação da Terra em relação ao Sol, em

sua órbita.

Durante o mês de maio a Massa Polar Atlântica continuou sendo o sistema

atmosférico que mais atuou no período, com 36% de participação. A mTa, outro

sistema anticiclonal, atuou em 15% do período. A mTc e a mEc, sistemas ciclonais,

atuaram em 28% e 5% do tempo cronológico, respectivamente. Os sistemas frontais

atuaram em 18 do período, conforme mostram as figuras 52 e 53.

104

Região de Marialva - PR ( Maio / 2009 )

948

Pre

ssão (

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a

Figura 52: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área de estudo e os sistemas atmosféricos atuantes – maio de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

105

Figura 53: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de maio de 2009 Org. por: Autor

Cinco sistemas frontais atuaram sobre a região de Marialva no decorrer do

mês de maio de 2009, conforme mostra a figura 52.

O primeiro deles atuou no dia 04, provocando chuvas da ordem de 44,4 mm

nesse dia. Essa zona de instabilidade atmosférica se originou do aprofundamento de

um vórtice ciclônico na média e alta troposfera entre os dias 02 e 04 (CLIMANÀLISE,

2009).

O segundo sistema frontal, com atuação também de um dia sobre a área do

presente estudo, provocou chuvas de 6 mm no dia 14. Há registro de chuvas na

altura de 30,1 mm no dia 15, as quais podem ter ocorrido na noite do dia 14, sendo

também possível que no dia 15 o SF tenha atuado por algumas horas. A mPa que

atuou na retaguarda desse sistema frontal provocou declínio acentuado das

temperaturas na região de Marialva, registrando-se a mínima do mês, 7,5°C, no dia

16.

O terceiro sistema frontal, que no dia 19 atuou sobre a área em estudo, não

provocou chuvas na região.

Entre os dias 27 e 29, o quarto sistema frontal atuou sobre a região de

Marialva, provocando chuvas de 11,8 mm. Na sequência, no dia 30, o último

episódio de instabilidade atmosférica do mês atuou sobre a região, prolongando-se

até o dia 31, sem a ocorrência de precipitações.

Em virtude do início do inverno no Hemisfério Sul, o fotoperíodo diário

diminui. No mês de maio o total de insolação ficou em 207 horas e 54 minutos.

106

No mês de maio a “safrinha” se encontra no fim da maturação e a uva está

pronta para a colheita. Após a colheita a videira entra em repouso vegetativo,

voltando a ser podada em meados de junho, quando se inicia a segunda safra anual.

6.4.12 Junho de 2009

No mês de junho encerra-se o ciclo vegetativo da “safrinha” da viticultura e a

videira encontra-se novamente preparada para ser podada.

Junho marca o início do inverno no Hemisfério Sul e a climatologia torna-se

mais favorável à produção de uvas.

Na região Marialva a Normal Climatológica para a insolação no mês de

junho é de 188 horas e 36 minutos, para a umidade relativa do ar é de 73,5% e para

a precipitação é de 113,7 mm, distribuídos em sete dias.

Durante o mês de junho de 2009 a mPa atuou em 66% do período e os

sistemas de baixa pressão pouco influenciaram os tipos de tempo na região de

Marialva (Figuras 54 e 55).

Figura 54: Atuação dos sistemas atmosféricos na região de Marialva – PR, no mês de junho de 2009 Org. por: Autor

Cinco sistemas frontais atuaram sobre a região de Marialva no mês de junho

de 2009, totalizando 24% do tempo cronológico.

107

Região de Marialva - PR ( Junho / 2009 )

948

Pre

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Figura 55: Variação diária dos elementos climáticos à superfície, na área do estudo, e os sistemas atmosféricos atuantes – junho de 2009 Fonte: INMET/UEM (2009) Org. por: Autor

108

No dia 1º a frente fria que tinha avançado sobre a região ao final do mês

anterior provocou 2,7 mm de precipitação.

A mPa que atuou na retaguarda desse SF e avançou pelo interior do

continente causou um forte resfriamento na região de Marialva, registrando-se a

temperatura mínima de 3,7°C no dia 03. Nesse dia ocorreu uma geada branda,

decorrente da primeira onda de frio intenso a atingir a região.

O primeiro sistema frontal atingiu a Região Norte do Estado do Paraná no

dia 06. Esse SF se originou de uma baixa pressão que se formou sobre o Oceano

Atlântico no dia 05 e apenas bordejou a área deste estudo (CLIMANÀLISE, 2009),

sem causar chuvas.

Entre os dias 09 e 11, um segundo sistema frontal atuou sobre a região de

Marialva, provocando 46,4 mm de chuvas. Esse SF também se configurou a partir

de uma baixa pressão que se formou próximo ao Sul do Brasil no dia 09

(CLIMANÁLISE, 2009).

O terceiro sistema frontal atuou sobre a área em estudo no dia 16,

provocando chuvas de 18,1 mm.

Entre os dias 23 e 25 um quarto sistema frontal, proveniente da Argentina,

atuou sobre a região de Marialva, provocando chuva. A altura registrada foi de 20,6

mm. Esse SF foi reforçado pela intensa atividade do jato subtropical (CLIMANÁLISE,

2009).

Finalmente, no dia 30, um quinto sistema frontal dominou o tempo

meteorológico na área deste estudo, gerando chuvas de 14,3 mm. Esse SF formou-

se nos dias 29 e 30 em um centro de baixa pressão entre o Norte da Argentina, o

Sul da Bolívia e do Paraguai e o Uruguai. Este sistema também foi intensificado pelo

escoamento em médios e altos níveis (CLIMANÀLISE, 2009).

A precipitação total no mês de junho de 2009 foi de 111,5 mm, sendo

totalmente de chuvas frontais. O total de insolação ficou em 194 horas e 36 minutos,

resultado da ação da mPa, que impôs sobre a região de Marialva sua característica

de baixa umidade, diminuindo assim a nebulosidade.

De acordo com a ANPEF (2009), 50% das videiras de Marialva foram

podadas em junho, para a safra 2009/2010. Desse total, 80% tiveram a cultura

prejudicada pelas temperaturas reduzidas e foi preciso fazer a repoda.

Apesar de o primeiro semestre do ano apresentar valores dos elementos

climáticos adversos às necessidades da videira (temperatura e pluviosidade mais

109

elevada no início do período vegetativo e temperatura e pluviosidade mais reduzida

ao final do período vegetativo), em 2009 esses valores se mantiveram em

patamares aceitáveis para a produção de uva e podem ter contribuído para a safra

anual recorde no período compreendido entre 2000 e 2009.

O fato de o período da “safrinha” apresentar resultados climáticos inversos à

necessidade da videira (maiores temperaturas e pluviosidade no início do período

reprodutivo e menores no final) não significa que todo ano ocorra uma safra de

menor produtividade no primeiro semestre. De acordo com informações da Emater

do município, muitas vezes a “safrinha” supera a safra normal.

110

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da análise rítmica constatou-se que no segundo semestre do ano

de 2008 as condições climáticas da região de Marialva foram mais favoráveis à

produtividade da uva, pois os índices climáticos, apesar de se apresentarem acima

dos patamares exigidos pela videira, não prejudicaram a produção e a produtividade,

uma vez que o início do ciclo reprodutivo coincidiu com o final do inverno

(temperaturas amenas e pouca pluviosidade) e o final do ciclo produtivo ocorreu na

primavera, quando a temperatura mais elevada, a intensa insolação e pluviosidade

mediana contribuíram para o desenvolvimento da baga e maturação dos frutos.

Desse modo, pode-se afirmar que o ritmo climático da Região Norte do

Paraná oferece condições para a realização de duas safras anuais de uva: uma de

maior produtividade, durante o segundo semestre, e uma de menor produtividade -

denominada “safrinha” - no primeiro semestre do ano subsequente. Em comparação

com outras duas grandes regiões brasileiras produtoras de uvas, pode-se concluir

que o clima é um dos principais fatores condicionantes da produção e produtividade

da uva, tendo-se em vista que no Rio Grande do Sul, onde o clima é temperado, é

sabido que apenas uma safra anual é realizada, iniciando-se na primavera e

terminando com a colheita, realizada no outono do ano seguinte. Na região

semiárida do Nordeste Brasileiro, em virtude das elevadas temperaturas e de

sistemas de irrigação controlados, são realizadas três safras anuais, sendo duas

safras de boa produtividade e uma de baixa produtividade.

Conforme a literatura, o clima subtropical apresenta uma grande

variabilidade interanual e sazonal. Essas condições podem causar diminuição na

produtividade da uva, mas por outro lado, possibilitam o desenvolvimento de duas

safras anuais, com colheita em períodos em que há desabastecimento do produto

no mercado.

Como a área deste estudo encontra-se em uma zona de transição entre os

climas tropical e subtropical, verifica-se nela significativa variabilidade sazonal e

interanual. Desse modo, pode-se considerar viável o cultivo da uva na zona do

Trópico de Capricórnio. Mesmo ocorrendo temperaturas elevadas e chuvas acima

do recomendado durante a fase fenológica da brotação, a safra pode não ser

111

comprometida, a exemplo das condições verificadas em janeiro e fevereiro de 2009,

ano em que a safrinha registrou excelente nível de produtividade.

112

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119

APÊNDICES

120

APÊNDICE A: Insolação na região de Marialva 1980 a 1996 (em h)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1980 235,1 189,4 245,8 205 205 201,5 192,9 182,8 148,5 223,4 132,4 219,7

1981 206,3 181,2 248,4 226 258,7 183,4 259,4 194,8 203,3 176,8 220,6 186,7

1982 275 172,3 182,3 264,3 234,3 148,6 238,8 165,1 207,6 212,1 164,6 178,1

1983 207,6 165,6 209,9 161,4 152,7 107,8 174,2 231,7 110,9 190,9 242,7 212,5

1984 256,8 244,4 195,7 197,3 219,3 230,1 250,7 184,8 213 244,4 197,5 191,8

1985 297,5 174,8 197,2 201,9 244,6 230,7 248,7 227,7 207,1 244,5 266,6 279,6

1986 225,5 156,3 232 242,5 175,3 257,2 223,7 167,1 193,9 251 210,3 198,1

1987 210,4 180,1 261,3 212,1 160,6 210,9 239,4 210,7 150,4 191,4 252,6 243,7

1988 241,2 158,2 247,5 162 128,9 216,3 264,6 245,9 186,5 227,6 276 238,9

1989 141 179,7 242,5 228 249,5 204,3 230,1 223,4 204,4 279,1 255,5 207,1

1990 163,6 240 215,7 234,5 198,1 175,4 169,7 182,5 197,9 223,1 201,8 219,8

1991 242 255,1 182,3 221,4 230,5 177,8 248,7 206,9 176,9 188 251,3 201,4

1992 270,7 229,7 170,3 199,6 143,1 191,6 179,9 197,2 169 220,1 240,2 254

1993 208,3 159 215,5 243,8 213,2 170,4 167,7 206,4 136,9 216,5 269,5 234,6

1994 210,3 180,5 225,4 218,2 196,5 217,1 235,6 267,4 233,3 195,9 248 225,9

1995 Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd

1996 Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd Nd

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 1996)

121

APÊNDICE B: Insolação na região de Marialva, 1997 a 2009 (em h)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1997 88 183,7 241,3 238 167,6 144,6 246 221 172 188,6 153,7 217,9

1998 243,5 129,4 192,6 169,2 213,2 201,4 251 173,8 126 213,8 275,1 246,5

1999 192,1 202,9 241,2 241,3 229,2 162,7 215,4 254,2 231,8 245 247,7 238,1

2000 235,9 184,6 199,3 249,8 194,3 178,8 207,2 185,5 190,8 252,5 238,3 221,8

2001 224,1 165,5 227,9 228,2 194,8 191,7 230,2 243,6 220,5 250,3 197,2 221,8

2002 231,9 226,5 264,9 242,4 168 252,9 185,5 229,9 225,7 185,2 200,7 239,8

2003 174,1 188,6 245,6 225,1 255 242 231,6 258,4 225,2 237,5 251,8 224,4

2004 280,7 273,2 267,7 192,6 147 180,1 180,2 282,8 219,2 194,7 210,4 233,1

2005 140,1 259,5 261,4 218,6 242,4 204,1 239 248,5 162,2 156,9 244,1 234,6

2006 204,3 195,2 208,8 231,3 261,7 232,9 253,3 231,7 196,3 226,4 230,2 211

2007 160,1 203,6 240 230,6 233,8 252,7 203,1 243,5 241,2 206,8 229 225,4

2008 181,3 213,2 250 215,4 211 177,3 246,3 229,6 246,3 191,9 248 283,4

2009 172,7 205,5 240,8 289,8 207,9 194,6 144,3 226,1 172 231,8 209,1 187,8

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1997 a 2009)

122

APÊNDICE C: Umidade Relativa do Ar na região de Marialva, 1980 a 1995 (em %)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1980 73 76 69 71 69 64 69 69 68 63 66 73

1981 77 74 66 65 63 73 57 50 50 71 69 78

1982 69 74 73 62 63 79 69 68 59 70 78 77

1983 77 75 74 78 81 84 71 56 77 70 66 72

1984 70 69 72 73 71 64 58 64 57 56 69 74

1985 67 77 77 76 71 66 62 54 56 56 61 61

1986 75 83 76 73 82 71 72 73 70 67 67 81

1987 82 80 64 73 81 76 69 62 67 70 65 70

1988 71 77 67 76 84 74 61 46 51 59 54 63

1989 83 80 73 71 70 76 65 69 67 58 53 71

1990 81 63 71 73 73 77 78 68 66 68 69 67

1991 71 69 77 73 71 74 64 61 58 64 59 74

1992 62 71 79 76 83 75 77 69 74 70 66 65

1993 72 79 72 71 72 76 68 58 72 66 56 72

1994 74 79 72 71 72 71 62 49 50 63 63 68

1995 82 78 70 66 70 68 64 51 57 65 59 67

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 1995)

123

APÊNDICE D: Umidade Relativa do Ar na região de Marialva, 1996 a 2009 (em %)

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1996 79 79 77 70 72 74 62 52 64 70 67 78

1997 81 77 64 63 68 80 66 58 66 69 76 74

1998 71 81 77 78 76 70 64 73 76 71 61 69

1999 80 79 72 69 70 80 74 51 55 64 58 65

2000 72 78 76 62 68 69 64 66 70 58 70 71

2001 72 80 74 67 74 74 64 58 63 60 71 72

2002 75 71 66 60 77 67 71 59 60 64 72 72

2003 79 76 69 67 66 70 63 56 61 63 60 72

2004 71 69 66 76 83 77 75 54 52 69 69 70

2005 84 62 64 69 65 72 67 55 71 76 65 69

2006 72 80 75 72 66 64 60 54 65 69 66 75

2007 84 75 70 70 70 62 65 56 51 61 66 69

2008 77 77 70 74 70 76 59 63 59 68 66 61

2009 77 76 69 63 74 74 80 68 76 74 76 79

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1996 a 2009)

124

APÊNDICE E: Precipitação total na região de Marialva, 1980 a 2009, para o período

da poda precoce (em mm)

Ano Brotação Floração Maturação

1980 80,3 220,3 186,3

1981 54,7 16,2 237,9

1982 106,6 151,6 78,1

1983 114,5 199,4 262

1984 9,8 92,2 236

1985 36,3 56,8 48,9

1986 5,6 177 91

1987 105 113,8 156,3

1988 38,6 8,7 81,3

1989 37,4 388,3 69,5

1990 56,1 377,5 228,3

1991 101,5 57,1 140,8

1992 30,2 174,6 182,8

1993 33,9 148 205,6

1994 147,4 86,7 56,7

1995 60,3 84,7 398,9

1996 7,7 103,5 163,5

1997 82,8 81,8 148,8

1998 27,9 302,7 372,5

1999 114,5 93,4 81,1

2000 105,7 406,1 63,4

2001 86,9 186,2 137

2002 1,3 140,2 176,4

2003 0 189 69,9

2004 33,3 176,4 262

2005 43,4 189,2 221,8

2006 35,9 123,4 289,2

2007 0,3 241,9 113,8

2008 20,8 277,7 120,6

2009 80,9 323,5 341,8

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

125

APÊNDICE F: Precipitação total na região de Marialva, 1980 a 2009, para o período

da poda normal (em mm)

Ano Brotação Floração Maturação

1980 8,3 383,4 82

1981 0 189,6 240,5

1982 47,1 237,7 285,7

1983 5 415,6 230,2

1984 43,7 240,1 149,9

1985 0 64,5 86,4

1986 20,1 227,5 80,5

1987 18,8 132,1 356,3

1988 0 54 268,9

1989 95 362,3 92

1990 140,3 436,7 78,6

1991 10,2 172,8 142,6

1992 31,2 276,8 129

1993 38,4 284,7 153,5

1994 43,3 69,2 174,6

1995 21,3 260,1 238,7

1996 0,4 254 321,8

1997 33,4 157 304,6

1998 94,3 535 106,9

1999 0 91,7 109,4

2000 74,3 393,1 187,2

2001 34,6 246,3 141,3

2002 69,4 218,5 238,5

2003 0 221,4 140,4

2004 95 147,7 471,9

2005 44,1 340,7 211,9

2006 22,9 336,2 88,2

2007 227,9 125,8 196,7

2008 61,6 326,9 212,9

2009 89,6 365,3 306,9

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

126

APÊNDICE G: Precipitação total na região de Marialva, 1980 a 2009, para o período

da safrinha (em mm)

Ano Brotação Floração Maturação

1980 157,9 521,9 135,2

1981 133,3 282,9 226,2

1982 72,7 287,3 17,2

1983 188,7 494,1 168,8

1984 36,9 360,6 167

1985 82,8 607,1 175,6

1986 111,2 528,2 125

1987 66,6 389,6 143,7

1988 64,8 408 158,5

1989 204,5 436,2 99,4

1990 406,2 249,2 184

1991 62,5 433,8 160,2

1992 21,4 371,6 346,8

1993 139,5 404,7 133,5

1994 89,5 448 78,6

1995 274,8 442,5 86,7

1996 120,7 513 146,9

1997 153,8 689 38,7

1998 79,5 535,4 342,7

1999 158,6 285,1 232,6

2000 236,7 414,8 43,3

2001 171,1 394,5 74,6

2002 166,6 300,8 106,2

2003 138 576,4 113

2004 44,1 288,9 135,4

2005 213,1 228,3 58,9

2006 17,8 728,6 84,1

2007 215,7 419 68,5

2008 94 343,7 162,4

2009 245,2 369,8 114,6

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

127

APÊNDICE H: Temperatura média compensada, por fase fenológica, na região de

Marialva, 1980 a 2009, para o período da poda precoce (em °C)

Ano Brotação Florescimento Desenvolvimento

da Baga Maturação

1980 16,3 19,7 19,2 21,4

1981 16,3 15,6 21,1 21

1982 18,3 18,6 20,9 21,2

1983 18,1 19,1 18,4 21,7

1984 20 19,4 19,3 22,5

1985 19,6 16,6 21,3 23

1986 19 17,6 19,7 21,3

1987 15,7 20,6 19,3 21,7

1988 18,5 15,2 21,8 23,6

1989 16,8 16,7 18,6 21,2

1990 16 14,4 18,6 22,1

1991 17,6 18,3 21,2 22

1992 19,5 15,6 18,3 22,4

1993 18,7 16,1 20,0 22,1

1994 17,2 18,4 22,7 24,6

1995 18,9 19,8 22,9 20,9

1996 17,8 17,2 20,4 22,8

1997 18 19,7 21,4 22,7

1998 18,3 18,4 20,5 21,4

1999 17,7 19,3 21,7 22,3

2000 19,2 14,6 20,2 24,3

2001 15,7 18,8 21,7 22,3

2002 20,9 17,3 21,4 24,8

2003 20,1 19,9 18,7 23,4

2004 20,1 16,6 21,5 23,1

2005 20,1 16,8 20,5 22,4

2006 18,4 21 20,7 22,8

2007 20,4 17,1 22,7 23,8

2008 17,2 20,4 20,8 22,4

2009 17,5 17,6 20,7 22

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

128

APÊNDICE I: Temperatura média compensada, por fase fenológica, na região de

Marialva, 1980 a 2009, para o período da poda normal (em °C)

Ano Brotação Florescimento Desenvolvimento

da Baga Maturação

1980 19,4 20,1 19,6 23,6

1981 16,2 20,2 21,1 23,6

1982 18 20,7 21,2 23,8

1983 16,8 21,2 19,8 21,8

1984 18,4 18,3 21,5 24,7

1985 19 20,4 22,8 24,7

1986 19,1 18,9 21,1 23,8

1987 20 19 21,1 23,7

1988 16,4 22 23,4 23,2

1989 18,3 18,4 20,1 22,9

1990 14,5 18,7 20,7 25

1991 17,8 21,4 21,9 24,7

1992 15,3 18,6 20,6 23,6

1993 17,3 19,7 21,5 25

1994 19,8 23,9 23,9 24,2

1995 20 23,5 21,5 23,5

1996 18,1 21,5 21,4 23,7

1997 19,6 20,5 22,8 24,2

1998 18,8 20,7 21,1 23,6

1999 20,1 21 22,7 22,5

2000 14,5 20,5 22,6 24,3

2001 19,7 21,3 22,2 24,6

2002 18,4 22,9 23,1 23,8

2003 21,7 16,9 22,1 24

2004 16,9 20,3 23,4 23

2005 18,1 21,1 21 24

2006 20,5 21,3 21,6 24,6

2007 16,6 20,7 24,8 23,7

2008 20,1 21,4 21,3 24,3

2009 18 19,7 21,9 25,6

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

129

APÊNDICE J: Temperatura média compensada, por fase fenológica, na região de

Marialva, 1980 a 2009, para o período da safrinha (em °C)

Ano Brotação Florescimento Desenvolvimento

da Baga Maturação

1980 23,3 24,7 24,3 22

1981 24,4 25 24,4 21,7

1982 24,7 23,9 24 20,8

1983 24,5 24,9 23,8 22

1984 26,4 24,9 24,4 21,9

1985 24,4 25 23,9 21,4

1986 25,5 23,6 24,2 22,1

1987 25,2 23 24 22,1

1988 26,1 24,2 25 21,6

1989 23,2 23,6 24,1 21,7

1990 23 25,8 25,1 22,5

1991 25,7 23,6 23,9 21,6

1992 26 25,5 23,8 20,2

1993 25,4 23,9 23,7 22,8

1994 24 24,6 23,9 22,7

1995 24,3 24,3 24,1 21,2

1996 24,5 24,2 24,2 21,7

1997 24,3 24,3 23,8 23,2

1998 25,7 25,7 24,2 20,7

1999 23,7 25,5 25,3 21

2000 25,1 24,8 23,9 22,5

2001 25,3 25,2 24,9 23,2

2002 24,6 25 26,1 25,3

2003 25,7 24,3 25,1 21,1

2004 25 25,2 24,6 21,9

2005 24,8 24,2 26,3 23,2

2006 26,3 24,8 24,5 20,8

2007 24,4 25 25,4 22,8

2008 25 23,7 23,9 20,6

2009 23,9 24,8 25,4 22,7

Fonte: Estação Climatológica Principal de Maringá (1980 a 2009)

130

ANEXO A - Portaria Nº 1.624/2009

131