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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - ESCOLA DE ARQUITETURA Departamento de Analise Critica e Historica da Arquietura e do Urbanismo
O Registro Cultural como Instrumento de Preservação
Pesquisa FUNARBE / FUNDEP
DEZEMBRO / 2000
SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
5. RELATORIOS PARCIAIS
5.1. Atividades desenvolvidas em Setembro / 00
5.2. Atividades desenvolvidas em Outubro / 00
5.2. Atividades desenvolvidas em Novembro / 00
5.4. Atividades desenvolvidas em Dezembro / 00:
6. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
6.1. Visão ampla do Patrimônio
6.2. Cartas Patrimoniais
6.3. Casos Similares
7. PROPOSTA DE REGULAMENTAÇÃO
8. BIBLIOGRAFIA
ANEXO 1 – REGISTRO CULTURAL DO SALÃO DO ENCONTRO
1. APRESENTAÇÃO
Este documento constitui o relatorio final do projeto “O registro cultural
como instrumento de preservação”, projeto integrado de pesquisa,
coordenado pelo Professor Doutor Leonardo Barci Castriota, do
Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e do Urbanismo
da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais.
2. JUSTIFICATIVA
Originalmente "herança do pai" no direito romano antigo, entendia-se como
patrimônio de um particular, o complexo de bens que tinham algum valor econômico, que
podiam ser objeto de apropriação privada. (Assim, negativamente, definiam-se como
coisas extra-patrimonium aquelas que, sagradas ou pertencentes ao Estado, não se prestavam
a esse tipo de relação: o ar, a água, os estádios, os teatros, as praças, as vias públicas).i Com
o tempo, porém, o uso desse termo sofre uma ampliação e um deslocamento, integrando
ele hoje uma série de expressões como "patrimônio arquitetônico", "patrimônio
histórico e artístico", "patrimônio cultural", e mesmo "patrimônio natural", que abrange
uma gama de fenômenos muito mais ampla que a inicial.
Essa ampliação estende-se também às próprias expressões específicas que
apontamos: idéias como as de "patrimônio cultural" e "patrimônio arquitetônico" tendem a
se tornar muito mais abrangentes que de início, o que, por não se tratar de mera expansão
quantitativa, coloca-nos frente a uma série de questões totalmente novas. Assim, no que
se refere ao patrimônio arquitetônico, vemos uma verdadeira "explosão" do conceito,
que passa de uma formulação restrita e delimitada, para uma concepção contemporânea
tão ampla, que tende a abranger a gestão do espaço como um todo. De fato, inicialmente,
concebia-se o patrimônio arquitetônico como uma espécie de "coleção de objetos",
identificados e catalogados por peritos, como representantes significativos da arquitetura
do passado e, como tal, dignos de preservação, passando os critérios adotados aqui
normalmente pelo caráter de excepcionalidade da edificação, à qual se atribuía valor
histórico e/ou estético. (Pertencer ao patrimônio tinha ao lado de um significado cultural,
um significado jurídico: preservar se identificava, quase que automaticamente, com
"tombar"). No entanto, tal concepção, muito presa ainda à idéia tradicional de
monumento único, vai sendo ampliada: tanto o conceito de arquitetura, quanto o próprio
campo de estilos e espécies de edifícios considerados dignos de preservação expandem-se
paulatinamente. Assim, ao longo do século XX, vão penetrando no campo do patrimônio
conjuntos arquitetônicos inteiros, a arquitetura rural, a arquitetura vernacular, bem como
passam a se considerar também etapas anteriormente desprezadas (o ecletismo, o Art
Nouveau), e mesmo a produção contemporânea. Aqui, aos critérios estilísticos e históricos
vão se juntando outros, como a preocupação com o entorno, a ambiência e o
significado.ii
Também a noção de "patrimônio cultural" vai sofrer uma ampliação,
principalmente graças ao contributo decisivo da Antropologia, que, com sua perspectiva
relativizadora, nele integra os aportes de grupos e segmentos sociais que se encontravam
à margem da história e da cultura dominante. Nesse processo, a noção de cultura deixa de
se relacionar exclusivamente à chamada cultura erudita, passando a englobar também as
manifestações populares e a moderna cultura de massa. Ao mesmo tempo, passa-se a
considerar com atenção os elementos materiais, técnicos, da cultura, rejeitando-se aquela
contraposição idealista, longamente cultivada, entre Zivilisation e Kultur.iii Ao lado dos bens
móveis e imóveis, e daqueles de criação individual, componentes do acervo artístico,
consideram-se também agora como parte do patrimônio cultural de um povo, como nos
mostram, por exemplo, os escritos de Mário de Andrade e Aloísio Magalhães, uma outra
espécie de bens, os utensílios, procedentes sobretudo do "fazer popular", "inseridos na
dinâmica viva do cotidiano”.iv Além disso, superando a visão reificada da cultura como um
“conjunto de coisas”, tende-se cada vez mais a trabalha-lha como um processo,
focalizando-se a questão - imaterial - da formação do significado.v
Aqui é importante perceber que não se trata simplesmente de uma mudança
quantitativa: a expansão do conceito faz com que se modifique o seu próprio caráter, o
que, por sua vez, faz com que também a postura em relação ao que se entende por
patrimônio deva sofrer alterações. Trata-se, de fato, como podermos perceber, de campos
com amplitudes e articulações bastante diferentes, que solicitam respostas distintas. Assim,
num primeiro momento, que corresponde a uma visão mais restrita do patrimônio, lidava-
se com um campo estreito e, ainda que pudessem aparecer divergências quanto aos
critérios, essencialmente delimitável: afinal, tratava-se de identificar um elenco limitado de
excepcionalidades. Aqui não parecia haver dúvida também quanto ao papel - decisivo - que
cabia aos peritos: além da incumbência da própria delimitação do campo, esses tratariam
de fiscalizar, restaurar e conservar os bens identificados. Quando, porém, estende-se de
maneira tão significativa o campo de abrangência do chamado patrimônio, as coisas
mudam de figura: não é mais possível exercer esse tipo de "controle esclarecido" sobre tão
imenso domínio. Assim, instrumentos como o tombamento, que se mostraram
importantes (decisivos mesmo, em alguns casos), num primeiro momento, passam agora
a expor, de uma maneira cruel, suas limitações, e têm, a nosso ver, que ser revistos, à luz
de novos condicionantes e critérios.vi Coloca-se no horizonte claramente um novo e
grande desafio: forjar-se mecanismos que reflitam a concepção ampliada e processual do
patrimônio cultural.
Neste sentido, parece-nos muito promissor investigar detidamente o alcance e a
abrangência do “registro cultural”, instrumento de preservação previsto na Constituição
Federal e do Estado de Minas Gerais, além de num sem número de legislações municipais.
No entanto, apesar de sua existência legal, dentro do marco constitucional geral, tal
instrumento nunca foi regulamentado nem foi objeto de pesquisa mais aprofundada.
3. OBJETIVOS
Objetivo geral:
Investigar o alcance e a abrangência do instrumento de preservação “registro cultural”,
previsto na Constituição Federal e do Estado de Minas Gerais, além de num sem
número de legislações municipais.
Objetivos específicos:
Realizar uma pesquisa teórico-bibliográfico sobre o instrumento, sua concepção e o uso
que dele tem sido feito;
Propor metodologias de registro cultural, a serem utilizadas em situações variadas;
Propor modelos de regulamentação do instrumento;
Realizar com projeto-piloto o “registro cultural” das referências significativas em
regiões previamente escolhidas do Município de Betim.
4. METODOLOGIA
Considerando a amplitude do patrimônio cultural, é muito importante, antes
de mais nada, que se façam alguns recortes setoriais para que se possam pensar estratégias
específicas para cada uma de suas regiões. É fundamental tratar de forma diferenciada os
diversos suportes da memória: não podemos querer aplicar, por exemplo, à cidade os
mesmos critérios de preservação que se aplicariam a um quadro ou a um documento.
Neste sentido, analisemos rapidamente a posição específica da cidade, avaliando, a partir
da ampliação do conceito do patrimônio, a questão de sua preservação.
Se podemos classificar a cidade como um "artefato" humano, como um bem
tangível imóvel, é importante percebermos, no entanto, que se trata de um artefato sui
generis, de origem coletiva e em processo de constante transformação, que se dá por
substituição de camadas. Se, como diz Carlos Nelson, as cidades são constituídas por um
processo contínuo de "agregação de trabalho humano a um suporte natural", é importante
que percebamos que elas vivem se refazendo e se transformando.vii Por outro lado, se
esse processo de transformação acompanha a história das cidades, com cada geração
intervindo sucessivamente no tecido preexistente que recebe como herança, com a vitória
do capitalismo, e principalmente com o seu desenvolvimento mais recente, passa a
predominar na ocupação urbana quase que unicamente o valor econômico-especulativo,
em detrimento de todos os outros valores humanos, simbólicos, políticos, etc. A terra
passa a ser vista agora como mais um bem especulativo, o que provoca resultados
desastrosos em termos de qualidade de vida das cidades.
No que se refere à preservação do meio ambiente urbano, temos, então, um
duplo condicionamento: por um lado, sendo este um organismo vivo, não há que se
impedir o processo de renovação, intrínseco a ela, e que acompanha o próprio
desenvolvimento da vida humana. Por outro lado, no entanto, cabe à sociedade e
governo orientar essa renovação e transformação, para que a paisagem urbana evolua de
maneira equilibrada, e para que não predominem apenas os interesses econômicos
imediatos de um determinado segmento. Não se trata, portanto, de congelar a vida, ou de
transformar as cidades em museus, mas em pensar na preservação e melhoria de sua
qualidade de vida, o que abrange tanto as áreas consideradas "históricas" quanto aquelas
mais novas. É nesse sentido que nos parece fundamental o conceito contemporâneo de
"patrimônio ambiental urbano", matriz a partir da qual podemos pensar a preservação do
patrimônio, sem cair nas limitações da visão tradicional. Pensar na cidade como um
"patrimônio ambiental" é pensar, antes de mais nada, no sentido histórico e cultural que
tem a paisagem urbana em seu conjunto, valorizando o processo vital que informa a cidade
e não apenas monumentos "excepcionais" isolados.
Assim, não há, de fato, que se pensar apenas na edificação, no monumento
isolado, testemunho de um momento singular do passado, mas é preciso, antes de mais
nada, perceber as relações que os bens naturais e culturais apresentam entre si, e como o
meio ambiente urbano é fruto dessas relações. Aqui a ênfase muda: não interessa
mais, pura e simplesmente, o valor arquitetônico, histórico ou estético de uma dada
edificação ou conjunto, mas em pensar como os "artefatos", os objetos se relacionam na
cidade para permitir um bom desempenho do gregarismo próprio ao ambiente urbano.
Em outras palavras: é importante perceber como eles se articulam em termos de
qualidade ambiental. Preservar o patrimônio ambiental urbano é, como se pode perceber,
muito mais que simplesmente tombar determinadas edificações ou conjuntos: é antes,
preservar o equilíbrio da paisagem, pensando sempre como inter-relacionados a infra-
estrutura, o lote, edificação, a linguagem urbana, os usos, o perfil histórico e a própria
paisagem natural. Não se trata mais, portanto, de uma simples questão estética ou artística
controversa, mas antes da qualidade de vida e das possibilidades de desenvolvimento do
homem. Com isso, desloca-se o eixo da discussão, recolocando-se a questão do
patrimônio frente a balizamentos capazes de enquadrá-la em sua extensão
contemporânea. (Mais uma vez, frisamos, como hoje fica clara a fraqueza dos critérios na
seleção do que, tradicionalmente, considera-se "significativo": a leitura histórico-estética
sempre será intencional, e marcada por visões particulares de época, classe, etc. Assim, é
muito comum lamentar-se tempos depois a demolição de edificações ou conjuntos
considerados "não significativos”.
Neste sentido, vai ser a partir da matriz conceitual do “patrimônio ambiental
urbano” que se desenvolve o presente trabalho, o que, do ponto de vista metodológico,
traz-nos as seguintes conseqüências:
9. Priorização do contexto urbanístico, percebendo-se a cidade como um organismo vivo e
complexo, onde os bens naturais e culturais se relacionam entre si.
10. Adoção de um procedimento unitário, não tratando desigualmente as chamadas áreas
históricas e os outros espaços que compõem a cidade. Assim, é importante registrar-se
as referências culturais tanto dos espaços moldados pela história, a serem protegidos, e
os espaços novos ou os espaços recuperáveis, a serem ainda estruturados.
11. Integração absoluta entre a política específica de preservação do meio-ambiente urbano
e a política urbana de um modo geral.
12.Análise dos mecanismos criadores de significado: é vital perceber, acima de tudo, como
os moradores e usuários utilizam e valorizam os espaços que constituem o seu dia-a-
dia.viii
Metodologicamente, a pesquisa se articulará nas seguintes etapas:
1. Pesquisa bibliográfica
Serão levantados livros e periódicos sobre o tema estudado. Será dada especial ênfase às
publicações dos órgãos de patrimônio brasileiro, bem como àquelas que se refiram a outras
experiências semelhantes no Brasil e no mundo. Procurar-se-á localizar também
experiências similares de regulamentação deste tipo de instrumento.
2. Pesquisa documental
Serão levantados na Prefeitura Municipal de Betim os trabalhos que já tenham sido
elaborados no sentido de sistematizar o conhecimento sobre o acervo cultural do
município.
3. Banco de dados
Será criado um banco de dados que possibilite a sistematização do material a ser recolhido,
bem como o seu fácil acesso pela população.
4. Pesquisa de campo
Como um projeto-piloto, será realizado o “registro cultural” das referências significativas
em regiões previamente escolhidas do Município de Betim.
5. Ensaios críticos
Será produzido um ensaio crítico sobre o tema, analisando tanto os levantamentos
realizados quanto propondo sistemáticas de regulamentação do referido instrumento.
5. RELATORIOS PARCIAIS
5.1. Atividades desenvolvidas em Setembro / 00: 1. Pesquisa bibliográfica
Foram levantados livros e periódicos sobre o tema estudado, dando-se especial ênfase
às publicações dos órgãos de patrimônio brasileiro, bem como àquelas que se refiriam a
outras experiências semelhantes no Brasil e no mundo.
Foram localizadas também experiências similares de regulamentação deste tipo de
instrumento, tanto junto à UNESCO, quanto na América Latina (Argentina).
2. Proposta de regulamentação do instrumento
Foi apresentado à FUNARBE um primeiro modelo de regulamentação do instrumento
para o Município de Betim.
Realizaram-se reuniões para se avaliar o modelo internamente à FUNARBE
3. Pesquisa documental
Foram levantados, de maneira preliminar, junto à Prefeitura Municipal de Betim os
trabalhos já elaborados no sentido de sistematizar o conhecimento sobre o acervo
cultural do município.
4. Pesquisa de campo
Após reuniões com a FUNARBE e o Conselho do Patrimônio do Município, optou-se
por se eleger como projeto-piloto o registro da experiência do Salão do Encontro.
Belo Horizonte, 30 de setembro de 2000.
Professor Leonardo Castriota
EA / Coordenador
5.2. Atividades desenvolvidas em Outubro / 00: 1. Pesquisa bibliográfica
Foi complementada a pesquisa bibliográfica, com a checagem da Cartas Internacionais
de Patrimônio (IPHAN / UNESCO)
Foi realizada uma pesquisa no acervo central do IPHAN / Rio de Janeiro, onde se
investigaram as diferentes forma usadas para registro cultural.
2. Proposta de regulamentação do instrumento
Foi realizada reunião com a Assessoria Jurídica da FUNARBE para análise do modelo
proposto
Foi apresentado à FUNARBE o modelo final de regulamentação do instrumento para
o Município de Betim.
3. Pesquisa documental
Foi finalizada a pesquisa documental, junto à Prefeitura Municipal de Betim, com a
identificação dos trabalhos e fontes de referência sobre o acervo cultural do município.
4. Pesquisa de campo
Foram realizadas duas visitas ao Salão do Encontro, para identificação preliminar do
acervo cultural a ser registrado.
Foram realizadas reuniões com a equipe do Salão do Encontro, para explicação do
projeto e detalhamento metodológico.
Foi organizado um roteiro prévio para a realização do Registro Cultural.
Belo Horizonte, 30 de outubro de 2000.
Professor Leonardo Castriota
EA / Coordenador
5.3. Atividades desenvolvidas em Novembro / 00:
1. Proposta de regulamentação do instrumento
O modelo final de regulamentação do instrumento do registro cultural para o
Município de Betim foi apresentado ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural
do Município, que o aprovou.
2. Pesquisa de campo
Detalhou-se o roteiro para a realização do Registro Cultural do Salão do Encontro,
com a determinação dos bens culturais a serem registrados.
Levantou-se uma pesquisa de fontes nos arquivos do Salão do Encontro.
Realizou-se o registro iconográfico de todos esses bens.
3. Banco de dados
Foi criado um banco de dados, composto de fichas diversas, que possibilita a
sistematização do material a recolhido, bem como o seu fácil acesso pela população.
Iniciou-se a aplicação dessas fichas nos diversos tipos de bens culturais existentes no
âmbito do Salão do Encontro.
4. Ensaios críticos
Iniciou-se a produção de um ensaio crítico sobre o tema, analisando tanto os
levantamentos realizados quanto propondo sistemáticas de regulamentação do referido
instrumento.
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2000.
Professor Leonardo Castriota
EA / Coordenador
5.4. Atividades desenvolvidas em Dezembro / 00:
1. Pesquisa de campo
Foram realizadas entrevistas com funcionários, alunos e usuários do Salão do
Encontro.
Realizou-se uma pesquisa historica sobre o Salão do Encontro.
Realizou-se o registro cultural de todos os tipos de bens culturais lá existentes.
2. Banco de dados
Finalizou-se a aplicação das fichas de Registro Cultural criadas, nos diversos tipos de
bens culturais existentes no âmbito do Salão do Encontro.
Essas fichas foram divididas por categoria e organizadas num banco de dados,
recolhido no Relatório Final
3. Ensaios críticos
Foi produzido Relatório Final detalhado sobre a pesquisa, compreendendo as seguintes
fases:
a) Introdução
b) Considerações metodológicas: a ampliação do conceito de patrimônio
c) Experiências similares no Brasil e no mundo
d) Proposta de regulamentação
e) Banco de dados: fichas propostas
f) Estudo de caso: o Salão do Encontro
Belo Horizonte, 22 de dezembro de 2000.
Professor Leonardo Castriota
EA / Coordenador
6. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS 6.1. Visão ampla do Patrimônio
“... existe vasta gama de bens – procedentes sobretudo do fazer popular – que, por estarem inseridos na dinâmica
viva do cotidiano, não são considerados como bens culturais nem utilizados na formulação de políticas econômica e tecnológica. No entanto, é a partir deles que se afere o
potencial, reconhece a vocação e se descobrem os valores mais autênticos de uma nacionalidade”.
Aloísio Magalhães
O marco do início das políticas culturais e de proteção ao patrimônio acontece no Brasil
em 1936, quando Mário de Andrade foi solicitado para preparar o projeto de criação de
uma instituição nacional de proteção ao patrimônio cultural brasileiro que um ano depois,
logo após o golpe de Estado, seria criado através de decreto presidencial, com a
denominação de Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Da sua criação até 1969, a instituição é dirigida por Rodrigo Melo Franco de Andrade, e em
1979 começa então o terceiro período daquela instituição, quando Aloísio Magalhães
assume a direção e dá início a uma nova política para o patrimônio cultural brasileiro.
O “patrimônio histórico e artístico” de Rodrigo Andrade é substituído pela noção de “bens
culturais”, existentes na vida cotidiana da população. Aloísio Magalhães assinala a
importância do contato com a população, sendo assim possível perceber a diversidade
cultural da sociedade brasileira.
Tem também como propósito a identificação e preservação do caráter nacional brasileiro
de forma que o processo de desenvolvimento econômico e tecnológico possa acontecer
sem que isto represente uma perda da autonomia cultural. No processo de
desenvolvimento da nação brasileira nos aspectos econômico e tecnológico é necessário a
preservação dos “bens culturais”, pois estes desempenham o papel de “identidade cultural”
e o “caráter autêntico” do povo.
Para Magalhães a heterogeneidade cultural é um importante fator, pois este é que torna o
Brasil singular em relação as outras nações. Ele entende que o Brasil não conclui o
processo de formação cultural, sendo esta a razão de sua instabilidade.
É ampliado a noção de “patrimônio cultural”, de forma que não ficasse restrito à categoria
arte e arquitetura colonial. Estes devem merecer tanta atenção quanto qualquer outro bem
cultural, mas não privilegiados diante de uma política nacional.
São valorizados diversas formas de cultural popular no âmbito da arte e da arquitetura,
diferentes tipos de artesanato, festas populares, culturas étnicas, esportes entre outros.
Magalhães tem uma visão antropológica do Brasil, este um país pluralista, que tem sua
cultura representada na sociedade por diversos grupos.
6.2. Cartas Patrimoniais
Também vários documentos internacionais, conhecidos como “Cartas Patrimoniais,
discutem a importância de se realizar esse tipo de registro que ora propomos:
a. Declaração do México – Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais.
México, 1985.
É notório as transformações que o mundo tem sofrido nos últimos tempos, e
concomitantemente a ampliação de conceitos como a educação e cultura, aspectos
essenciais para o verdadeiro desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. É a cultura que
dá ao homem a capacidade de refletir sobre si mesmo e através dela o homem ao se
expressar, toma consciência de si mesmo e põe em questão as suas próprias realizações.
Cada cultura representa um conjunto de valores únicos, valores estes que são responsáveis
pela identidade cultural local.
A identidade cultural dinamiza as possibilidades de realização da espécie humana ao
mobilizar cada povo e grupos a nutrir-se de seu passado e a colher as contribuições
externas, continuando o processo de sua própria criação.
O patrimônio cultural tem sido freqüentemente danificado ou destruído pelos processos
desordenados de industrialização e desenvolvimento tecnológico global, tornando-se a
preservação do patrimônio cultural necessária para a afirmação da identidade cultural de
um povo.
O ideal é que o processo de desenvolvimento ocorra de forma equilibrada e com interação
aos fatores culturais, cabendo à política cultural apontar as estratégias, levando sempre em
conta as dimensões histórica, social e cultural de cada localidade.
Cabe também às políticas culturais o papel de proteger, estimular e enriquecer a identidade
e o patrimônio cultural de cada povo e principalmente o estabelecimento do respeito,
independente de posição social, educação, idade, cor, raça ou sexo.
A educação é o meio para transmitir os valores culturais tanto locais (em várias escalas)
como universais, devendo procurar a assimilação dos conhecimentos científicos sem
detrimento da história local e que contém o fundamental; os valores dos povos.
b. Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular adotada
pela Conferência Geral na 25ª Reunião ocorrida em Paris, 1989.
6.3. Casos Similares
A UNESCO tem desenvolvido vários programas que visam a preservação do patrimônio
cultural em seu sentido amplo. Foram levantadas algumas experiências similares:
a. Programas de criatividade popular destinados aos jovens que vivem em um
meio desfavorecido:
A UNESCO desejosa em aprofundar a relação dos jovens com o seu meio e com seu
patrimônio, lançou um projeto interdisciplinar de iniciação e criação artística e literária,
destinada aos jovens de 09 a 18 anos, vindos de um meio sócio-econômico desfavorecido.
É neste contexto, que se organizaram programas de formação em diferentes disciplinas
artísticas e literárias em torno de temas relativos ao descobrimento do patrimônio e das
tradições.
As cidades que estão passando por esta nova experiência são: Paris, Cidade do México,
Bombain, Cidade do Cabo e Los Angeles.
Os jovens que participam deste projeto estão descobrindo sua cidade e suas articulações
urbanas, sua história, seu passado, o patrimônio cultural e artístico. Estão tomando
consciência do seu lugar no mundo, na sua cidade e no seu bairro e onde estão também
aprendendo técnicas de trabalho artesanais, não mais praticadas, visto que a máquina e
tecnologia fizeram com que quase desaparecessem.
O interesse deste projeto fundamenta-se em despertar a consciência artística e patrimonial
dos jovens.
A filosofia do projeto:
A experiência tem mostrado que o conceito de patrimônio abrange tanto os monumentos
como o entorno físico e simbólico das pessoas, da família, de seus antepassados, do bairro
onde se vive, dos lugares em que desenvolveram alguma relação afetiva. Por outro lado
tem-se que despertar a consciência do jovens pela importância do patrimônio e seu meio de
vida, desenvolver a capacidade de refletir sobre si mesmos, suas famílias e sobre o outro. O
reconhecimento da existência de outros indivíduos, que compartilham o mesmo meio de
vida, se revela ao jovem através de uma vida, através de uma reflexão sobre a história e
sobre o passado que o patrimônio cultural e artístico simbolizam. Esta reflexão permite-
lhes entender melhor os valores democráticos promovidos em nossa sociedade.
A riqueza do conceito de patrimônio permite contemplar uma multiplicidade de enfoques e
que por sua vez seduzem os jovens. Assim sendo a noção de patrimônio pode se tornar ao
olhos deles legível, durante o tempo que se desenvolve a criatividade artística e os faz
tomar consciência da importância para a vida cotidiana das comunidades, valores tão
essenciais como tolerância, convivência e entendimento.
Diversidade criativa
A noção de criatividade, não pode ser restringida ao campo das artes. Deve aplicar-se a
todo tipo de alternativa e busca de soluções aos problemas humanos. Ao mesmo tempo, as
artes constituem-se na expressão mais facilmente reconhecível de “criatividade”. No
mundo de hoje, onde a cultura foi convertida em um produto comercial, apesar disto não é
difícil reconhecer sua verdadeira criatividade.
É necessário antes de qualquer atitude, ampliar o conceito de cultura, artes e patrimônio.
Em outras palavras deverá que se fazer uma revolução nesta noção estática de cultura,
inalterável e em choque com uma dinâmica tão diversificada da sociedade.
As políticas culturais não podem permanecer dentro de limites estreitos. O primeiro passo
portanto é a ampliação deste marco, através da promoção do desenvolvimento cultural. As
políticas culturais deveriam incluir objetivos operativos tais como:
- desenvolvimento humano: acesso e participação plena e ativa dos processos
culturais, cidadania;
- pluralismo: um maior reconhecimento da diversidade cultural, direito cultural,
igualdade, e luta contra a exclusão;
- criatividade na vida cotidiana: inovação e resolução dos problemas através de
educação artística e especializada;
- criar alianças financeiras: entre vários segmentos de nossa sociedade.
b. Preservação e revitalização do patrimônio “não-material”
Foi criado uma distinção a nível internacional e outorgada pela UNESCO, para
recompensar os exemplos notáveis de espaços culturais (definidos como um lugar em que
se concentram atividades culturais, populares e tradicionais), ou de formas de expressões
populares e tradicionais que incluem: línguas, literatura oral, música, dança, prática de
artesanato, arquitetura e outras artes, assim como formas tradicionais de comunicação e
informação.
O projeto consiste em apontar e alertar aos governos, as ONGs e comunidades locais a
empreender ações de identificação, preservação e valorização de seu patrimônio oral e
intangível. Através do projeto deverá acontecer a fomentação de contribuições financeiras
por indivíduos, grupos, instituições para a gestão de preservação deste patrimônio.
c. Espaços culturais
A UNESCO se propõe ainda, ao proclamar obras do patrimônio oral e intangível, a
distinção entre espaços culturais e formas de expressão cultural tradicional e popular.
Deverá ser estabelecido a diferença entre espaço cultural e um sítio. Um sítio, do ponto de
visto do patrimônio cultural é um lugar em que se encontram testemunhos materiais
criados pelo homem (monumentos ou ruínas). Espaço cultural é um conceito
antropológico que se refere a um lugar ou a um conjunto de lugares onde se produzem de
maneira regular a manifestação de uma expressão cultural, tradicional e popular. A
expressão cultural pode ser independente de um espaço sem perder seu valor. Assim,
tradicionalmente, o exercício da arte poderá ocorrer em um lugar bem determinado de
maneira permanente e/ou periódica. Nesse caso então teremos um espaço cultural. Tantos
os espaços culturais como as expressões culturais constituem-se em obras mestras do
patrimônio oral e intangível.
d. O desafio da preservação
Os métodos de conservação aplicáveis ao patrimônio físico não são aplicáveis ao
patrimônio intangível. O sistema de proteção e conservação preconizada pela Convenção do
patrimônio mundial não é aplicável ao patrimônio intangível. O que se pode fazer para a
preservação destas formas particulares do patrimônio cultural é registrar seu aspecto atual
através das formas sonora, escrita ou iconográfica; e fomentar sua sobrevivência através de
sua transmissão para gerações futuras.
e. Preservação do saber-fazer em Portugal
A Associação Cultural Recreativa e Musical de Aboim da Nóbrega (situada ao norte de
Portugal) tem desenvolvido desde 1986 um trabalho de registro, reprodução e divulgação
dos Lenços de Namorados, atividade social e cultural que nasceu nesta cidade.
A tradição dos Lenços de namorados é significativa também em localidades como Viana do
Castelo, Vila Verde, Telões e Guimarães, apresentando todavia características de bordado
diferentes.
A história que motivou o surgimento desta tradição diz que era costume ensinar às moças
“mal entradas na adolescência”, a arte de bordar, começando assim a preparar o enxoval. O
lenço era bordado então, nos momentos livres, pela então jovem apaixonada que ia
transpondo para o lenço todos os seus sentimentos. A moça usava-o e mais tarde oferecia-
o ao rapaz que amava, sendo que ele passaria a usá-lo ao pescoço ou no bolso do casaco.
O reconhecimento das técnicas destes bordados, que vão passando de mães para filhas,
como características de uma atividade cultural típica da região norte de Portugal, motivou a
Associação Cultural de Aboim da Nóbrega a editar o primeiro volume de 18 lenços,
contendo a fotografia e descrição das características de cada peça.
6. PROPOSTA DE REGULAMENTAÇÃO Considerando-se o material levantado, a legislação federal, estadual e local em vigor e a
política implementada pela FUNARBE, foi preparado um modelo de regulamentação do
instrumento para o Município de Betim, que foi discutido internamente na FUNARBE e
junto ao Conselho do Patrimônio:
MINUTA - VERSÃO 01
DECRETO Nº XX, DE 1999
Institui o Registro de Bens Culturais, que constituem patrimônio cultural de Betim
O PREFEITO MUNICIPAL no uso da atribuição que lhe confere o artigo xxxxxx
da Lei Orgânica do Município. Considerando a necessidade de promover e proteger os bens culturais de
natureza material e imaterial, que constituem patrimônio cultural de Betim,
segundo o disposto em sua Lei Orgânica, art. zzzzzz,
Decreta
Art. 1º - Fica instituído o registro de bens culturais do Município de Betim,
que constituem patrimônio cultural do município.
§1º - Esses registros se farão nos seguintes livros:
I. Livro de Registro das Referências Naturais, Paisagísticas, Urbanísticas,
Arquitetônicas e da Cultura Material, onde serão registrados as referências naturais e paisagísticas, os conjuntos urbanos, edificações
isoladas ou em conjunto, monumentos e demais objetos.
II. Livro de Registro das Práticas Comunitárias, Esportivas e Culturais,
onde serão registrados os espaços e as práticas comunitárias, esportivas e culturais coletivas que neles se reproduzem.
III. Livro de Registro dos Saberes, onde serão registrados saberes e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
IV. Livro de Registro das Festas, onde serão registradas festas, celebrações
e folguedos que marcam espiritualmente a vivência do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e da vida cotidiana.
V. Livro de Registro das Linguagens, onde serão registradas as linguagens musicais, iconográficas e cenográficas .
§2º - O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim poderá também determinar sejam esses registros efetuados em livros específicos, destinados a
determinados bens culturais de natureza imaterial.
Art. 3º - As propostas para registro, acompanhadas de sua documentação
técnica serão dirigidas ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim.
Art 4º - É parte legítma para provocar a instauração do processo de registro :
I - O Prefeito Municipal
II - O Presidente da FUNARBE.
III - Qualquer dos membros do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural
de Betim.
IV - Entidades culturais da sociedade civil
V – Os vereadores da Câmara Municipal de Betim.
VI - Qualquer cidadão
Art 5º - Recebida a proposta, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural
de Betim a remeterá à Fundação Artístico-Cultural de Betim (FUNARBE), que abrirá o competente processo e coordenará a instrução do pedido.
§1º - A instrução do pedido constará de descrição pormenorizada do bem a ser registrado, acompanhado da documentação correspondente e deverá
mencionar todos os elementos que lhe sejam culturalmente relevantes.
§2º - A instrução do pedido, segundo determinação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim, poderá ser feita por outra entidade, pública
ou privada, relacionada à matéria.
§3º - O registro terá sempre, como referência, a relevância do bem para a
memória e a identidade das comunidades culturais, em caráter municipal ou local, e sua continuidade histórica.
§4º - O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim poderá dispensar a instrução do pedido em casos de ameaça eminente ou quando a
documentação técnica apresentada for por ele considerada suficiente.
Art. 6º - Ultimada a instrução do pedido, a Fundação Artístico-Cultural de Betim (FUNARBE) - quando for o caso - emitirá pronunciamento acerca da
proposta de registro e o enviará ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim, para deliberação.
§ Único - Esse pronunciamento será publicado no Diário Oficial, indicando o prazo de até 30 (trinta) dias, contados da data da publicação, para eventuais
impugnações a serem apresentadas ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim.
Art. 7º - O processo de registro, já instruído com as eventuais impugnações
apresentadas, será distribuído pelo Presidente do Conselho Deliberativo do
Patrimônio Cultural de Betim a um de seus membros, que deverá pronunciar-
se no prazo de 60 dias, a contar de distribuição.
Art. 8º - A decisão do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim, favorável ao registro, será comunicada ao Presidente da Fundação Artístico-
Cultural de Betim (FUNARBE), cabendo a este providenciar:
I - Remessa para registro, no volume correspondente.
II - Publicação do registro na Imprensa Oficial, declarando o bem registrado como Patrimônio Cultural do Município de Betim.
III – A disponibilização ampla de informações sobre o bem através do Banco de
Dados do Museu da Cidade.
Art. 9º - O bem registrado deverá merecer dos órgãos governamentais:
I - Documentação a mais ampla possível por todos os meios técnicos
admitidos, cabendo à Fundação Artístico-Cultural de Betim (FUNARBE), através do Museu da Cidade, manter Banco de Dados, de amplo acesso
público, com o material produzido na instrução do processo.
II - Prioridade para apoio a seu desenvolvimento e a sua preservação.
III - Ampla divulgação e promoção.
Art. 10 - O registro referente a "conhecimento tradicional" ou qualquer outro bem que possa merecer proteção do Instituto Nacional da Propriedade
Industrial será tratado, pela Fundação Artístico-Cultural de Betim (FUNARBE) segundo seu grau de especificidade. Assim:
I - Quando bem estiver circunscrito a uma determinada comunidade cultural, não reproduzido em nenhum outro contexto, deverá a Fundação Artístico-
Cultural de Betim (FUNARBE) providenciar seu registro no INPI, em nome
dessa coletividade.
II - Quando o bem estiver disseminado, deverá a Fundação Artístico-Cultural
de Betim (FUNARBE) providenciar o registro do INPI em seu próprio nome, para garantir que continue sendo, para todo o sempre, do domínio público.
Art. 11 - O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim fará a reavaliação dos bens culturais, no máximo a cada 05 anos, para verificação de
sua continuidade histórica, necessária para a revalidação de título de "Patrimônio Cultural do Município de Betim".
§ Único - Quando já não possa ser constatada essa continuidade histórica
será mantido apenas o registro, como referência cultural de seu tempo, adverbando-se à margem do registro as alterações sofridas.
Art. 12 - O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim regulamentará, no prazo de 90 dias, os procedimentos correspondentes a esse
registro, inclusive atribuindo prazo para cumprimento de atos administrativos e definindo sistema pelo qual possam ser esses atos administrativos
examinados por instâncias superiores às que os pratiquem.
Art. 13 - O Poder Público Municipal publicará o Guia das Referências
Culturais do Municipío há cada dois anos, garantindo ao mesmo a mais ampla difusão e divulgação.
Art.14 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação , revogando-se as disposição em contrário.
Lessandro Lessa Rodrigues
Presidente da FUNARBE
Jésus Lima
Prefeito Municipal
8. BIBLIOGRAFIA BÁSICA INICIAL
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo:
Brasiliense, 1986.
BOSI, Alfredo. "Cultura como tradição". In: FUNARTE, Tradição e Contradição na Cultura
Brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar / FUNARTE, 1987.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de Velhos. EDUSP: São Paulo, 1987.
CARTA DE OURO PRETO. Ouro Preto, 1992 (mimeografado).
CASTRIOTA, Leonardo Barci (org.). Arquitetura da Modernidade. Belo Horizonte: Editora
da UFMG, 1998.
CASTRIOTA, Leonardo Barci. "O Inventário do Patrimônio Urbano e Cultural de Belo
Horizonte - uma experiência metodológica" V. Seminário História da Cidade e do Urbanismo.
Anais. Campinas: FAU-PUC, 1998.
CASTRO, Sônia Rabello de. O Estado na preservação de bens culturais: o tombamento. Rio de
Janeiro: Renovar, 1991.
CHAUÍ, Marilena. "Política Cultural, Cultura Política e Patrimônio Histórico". In: O Direito
à Memória. Patrimônio Histórico e Cidadania/DPH. São Paulo, DPH, 1992.
CRETELLA JR, J.. Direito Romano Moderno. Rio de Janeiro: Forense, 1971.
FINLEY, M. I. Studies in Roman Property. Cambridge University Press, 1976.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Editorial Universitária de Buenos Aires: Buenos
Aires, 1970.
MAGALHÃES, Aloísio. “Bens Culturais: instrumento para um desenvolvimento
harmonioso”. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 20 / 1984.
MARCUSE, Herbert. Cultura e Sociedade. Volume I. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,
1997.
MÜLLER, Michael. Architektur und Avantgarde. Frankfurt am Main: Athenäum, 1987.
PENNA, Alícia Duarte. O Espaço Infiel. Quando o giro da economia capitalista impõe-se à
cidade. Belo Horizonte: Instituto de Geociências / UFMG, 1997. (dissertação de
mestrado)
PIRES, Maria Coeli Simões. Da proteção ao patrimônio cultural: o tombamento como principal
instituto. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.
PORTOGHESI, Paolo. Depois da Arquitetura Moderna. Martins Fontes: São Paulo, 1982.
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade; tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
SANTOS, Carlos Nelson F. dos. "Preservar não é tombar, renovar não é por tudo abaixo".
Revista Projeto, São Paulo, n. 86, Abril, 1986.
SANTOS, Milton. Metrópole Corporativa Fragmentada: O Caso de São Paulo. São Pualo: Nobel,
1990.
SEGRE, Roberto. "Havana: O resgate social da memória". In: O Direito à Memória.
Patrimônio Histórico e Cidadania. São Paulo: DPH, 1992.
O Salão do Encontro
O artesanato é uma atividade cultural que se difundiu mais recentemente, no município de
Betim, como uma questão importante para a sobrevivência de um grande número de
pessoas das camadas de baixa renda.
Na década de 70, surgiu impulsionando a indústria de móveis rústicos. Foi criado por Frei
Estanislau e Noemi Gontijo, em 1971, o Salão do Encontro, como obra de assistência
social no Bairro Santa Lúcia. O projeto contava com oficinas de tecelagem, carpintaria e
cerâmica, propiciando à formação de uma mão-de-obra alternativa e possibilitando o
surgimento de uma indústria artesanal e diversificada.
Hoje o Serviço Assistencial Salão do Encontro (SASFRA) desenvolve atividades
educacionais e relações comunitárias, fortalecendo a cidadania e desenvolvimento social.
Creche, escola formal, formação profissional, alimentação, apoio comunitário, atendimento
odontológico e outras ações que fazem do Salão do Encontro um referência local. A
manutenção deste projeto ocorre com a produção e comercialização da produção efetuada
por artesãos e instrutores, bem como a contribuição financeira por parte de várias
entidades.
“Atua no resgate e na preservação das tradições culturais, do folclore e da memória do nosso povo”.
“... modelo de atendimento cujo embrião são as oficinas artesanais”.
“No ofício artesanal, a dimensão produtiva está relacionada à dimensão formativa, e o Saber é
transmitido de geração para geração favorecendo a promoção e a integração individual, familiar e
comunitária”.
1) ESPAÇO FÍSICO: o espaço do Salão do Encontro é um conjunto formado por 03
áreas em Betim e uma loja no Shopping MinasCasa no bairro Cidade Nova (Belo
Horizonte).
a) Parte de cima:
- Show-Room e Loja:
É um setor de vendas, com 12 funcionários divididos em vendedoras, recepcionistas,
gerência e manutenção da limpeza, que estão a disposição para dar o melhor atendimento
ao cliente.
Tudo que é feito nas oficinas e alguns produtos agropecuários são levados para este setor,
onde podem ser adquiridos pelo cliente.
Outra função da recepção é receber os visitantes que procuram conhecer a obra para
adquirirem experiências na administração e oficinas, para atuarem em obras sociais.
Neste setor também está a Central de Atendimento, onde se faz a comunicação interna e
externa do Salão do Encontro e a lanchonete, onde são servidos salgados feitos pela
própria entidade.
- Oficinas:
Marcenaria
Hoje, com 45 pessoas trabalhando, a marcenaria possui um lugar no mercado de móveis de
madeira com sua característica de móveis rústicos e pesado. Mas atualmente há também, a
produção de linhas mais leves, em dimensões menores para atender o mercado. Para fazer
as peças são utilizadas madeiras como vinhático, aroeira, ipê, cedro, eucalipto, pau–brasil.
Tecelagem
1)Tapeçaria de Sisal
Atualmente existem 4 funcionários, 2 deles são aprendizes que vieram da escola–
complementar.
2)Tear chileno
Há 25 anos atrás, isto é, em 1975 iniciou – se esta atividade numa sala, hoje é a atual
varanda da recepção. O tear chileno, como o próprio nome indica ,foi trazida por Virgínia
uma moça vinda do Chile . Na época faziam-se peças pequenas como: caminhos de mesa,
tecidos para bolsas, cintos. O objetivo era ensinar como fazer essas peças para que as
pessoas tivessem uma profissão e com o passar do tempo, estas peças pequenas foram
sendo trocadas por maiores, com várias combinações de cores, e desenhos, que continua
até hoje, sempre se renovando. Na época em que foi criado o tear chileno, havia quatro
pessoas para tecerem e duas para separarem a matéria – prima que é a juta e o barbante.
Hoje existem 10 tecelãs e 5 pessoas para separar a matéria prima que é comprada pelo
Salão de outros fornecedores.
3)Tear Mineiro/Quilim
Desde 1970, existe o tear mineiro e funcionava no espaço onde é hoje o atual refeitório
Inicialmente contando com um funcionário, o número foi aumentando bem como a
produtividade, fazendo com que esta oficina muda–se para uma sala maior.
Hoje o tear mineiro conta com 57 funcionários e três aprendizes que também foram alunas
da escola complementar. Estes funcionários e aprendizes estão divididos entre enroladeiras,
caneleiras, tecelãs e as senhoras cuja função é demonstrar como é feito o fio do algodão,
mantendo assim a nossa tradição de fiar .
Tinturaria
Esta oficina foi criada para se tingir a matéria–prima utilizada nos teares Chileno, Mineiro e
Tapeçaria de Sisal . No início , o seu funcionamento era ao lado da cozinha onde havia
apenas um fogão e três funcionários. Atualmente, a tinturaria conta com seis funcionários.
A cor da tinta é preparada em laboratório e a receita da tinta é depois repassada para a
equipe que se encarregam do processo de tingimento. Após tingidas, as matérias primas
voltam para os diversos setores onde serão utilizados pelos tecelãos.
- Restaurante e Cozinha:
A cozinha e o refeitório funcionam há 30 anos, servindo almoço para os funcionários e
pessoas da comunidade.
Atualmente, com 11 funcionários e aberta de 7 às 15 horas, a cozinha produz
aproximadamente, 1000 refeições diárias. Para preparar estas refeições são utilizadas as
verduras, os legumes, o leite, e carne de coelho produzidos pela própria entidade.
Na cozinha além da área de preparo e cozimento, há também duas dispensas e tanto este
espaço como o refeitório são abastecidos por água quente aquecida através de energia solar.
- Administração: constituída pelos seguintes setores:
Departamento Pessoal;
Arquivo;
Coordenação comercial e vendas;
Planejamento de vendas/gerenciamento de qualidade;
Coordenação Comunicação e Marketing: comunicação interna e
externa, agendamento de visitas e estágios.
Coordenação Financeira;
Captação de Recursos;
Coordenação de Manutenção/Reforma;
Coordenação de Produção geral.
b) Parte de baixo:
- Creche:
Foi criada em 1990, por Noemi Gontijo, para cuidar dos filhos de funcionários que não
tinham onde deixá-los, enquanto estavam trabalhando. Quando a creche começou a
funcionar haviam 23 crianças matriculadas e atualmente contam 45, com idade entre de 03
meses à 04 anos.
Algumas destas crianças não são filhos de funcionários, mas os pais têm vínculo com a
entidade, através da prestação de serviços.
A creche tem hoje o refeitório, a cozinha, a lavanderia, três dormitórios, varanda, área de
recreação, instalação sanitária, rouparia e a casa das mães.
A alimentação fornecida é balanceada, constituindo-se sobretudo de cereais, frutas, legumes
e sobremesas que podem ser doces caseiros ou rapadura.
As verduras e os legumes são colhidos na própria horta e os temperos são caseiros feitos na
própria creche. Não se usam enlatados ou refrigerantes na alimentação dessas crianças.
Na recreação há várias atividades: pinturas ,desenhos, colagens, parque , passeios e
brincadeiras livres nas casinhas de bonecas.
Para Franca B. Fain, coordenadora da área pedagógica do Salão do Encontro, esse espaço é
fundamental para o aprendizado das crianças nesta etapa da vida.
- Pré-Escola:
No início, em 1971, funcionava em uma pequena sala , onde atualmente é o refeitório.
Depois em 1981, a pré – escola foi transferida para o prédio do CETAP/BEtim, onde
permaneceu por aproximadamente seis anos.
A pré – escola retornou para o Salão do Encontro em 1987, após a aquisição por comodato
com o Governo de Estado de Minas Gerais da atual área. Foi crescendo e se
desenvolvendo e hoje conta com 450 alunos de 4 a 6 anos, divididos em 15 turmas e com
40 funcionários , que ajudam a coordenadora pedagógica geral a realizar os projetos que
garantam o desenvolvimento cognitivo, afetivo e cultural das crianças. Nas atividades de
aprendizagem as crianças constituem–se em sujeitos individuais.
As atividades da pré – escola são dividas em módulos, que acontecem no sistema de
rodízio nos setores das oficinas de iniciação artesanal, passando pela sala de aula, circo, sala
de jogos, educação ambiental e a prática esportiva.
Na sala de aula, de jogos, biblioteca, desenvolvem-se diversas atividades como leitura,
jogos, brinquedos e elaboração de projetos, fazendo com que as crianças construam o seu
próprio conhecimento.
O circo não significa apenas sonho e magia, mas um elo para o conhecimento e
desenvolvimento dos limites e do potencial de cada criança.
Na fazendinha as crianças aprendem brincando a cuidar de uma casa, enquanto executam
tarefas como lavar roupa, arrumar e cuidar da casa, cozinhar, varrer, fazer biscoitos, assar e
depois servir. E assim são abordados questões como o respeito, a organização, a
solidariedade e o espírito cooperativo.
A mini cerâmica, o mini tear e a mini marcenaria são oficinas de iniciação no ofício
artesanal, possibilitando aos alunos usarem as sobras de materiais das oficinas de tecelagens
e cerâmica .
Na quadra, além de futebol, peteca e queimada, os educadores também procuram valorizar
e resgatar as brincadeiras e jogos populares com as crianças.
Já a Educação Ambiental estimula a preservação da natureza , respeitando e valorizando a
cultura brasileira, através das aulas de desenhos , de contos de lendas e estórias populares
que acontecem debaixo das árvores.
A oficina de reciclagem e pintura desperta a criatividade, a imaginação através da fabricação
de tintas cuja cor é retirada da terra, de sementes, de folhas, valorizando assim a natureza.
No pré – escolar também é valorizada a nossa cultura através de realização de projetos
como as atividades festivas do Carnaval, da Páscoa, do Dia do Índio, Festa Junina ...
- Escola Complementar:
É um projeto direcionado ao atendimento de crianças entre 07 e 14 anos, filhos de
funcionários e moradores da região. Em 1993, começou a funcionar, com um número de
30 crianças em dois turnos; manhã e tarde. Hoje a escola complementar tem um número de
114 crianças, compreendendo quatro horas diárias com várias atividades. Cada atividade
tem 45 minutos de duração e são desenvolvidas por monitores e professores.
As atividades são:
Sala de estudo: é um local onde os alunos fazem as atividades escolares, orientados por
dois professores por turno.
Vídeo (atividade informativa): os alunos assistem a filmes educativos e recreativos.
Literatura: é o momento que as crianças se envolvem com os livros. Neste momento os
alunos produzem sua próprias histórias, dramatizam etc.
E as mini oficinas são as de:
Tecelagem: os alunos aprendem a conhecer na oficina as etapas e o material utilizado
para tecer. No tear chileno, no mineiro e na tapeçaria de sisal, onde são utilizados
barbante, juta, linha de algodão, sisal. Os alunos adquirem também as noções de meada,
novelo, espessura, medida das peças, quantidade de fios usados em cada peça. A partir
desses conhecimentos os mini tecelões começam a tecer suas peças, com bastante
criatividade.
Cestaria: os alunos aprendem a tecer cestos e a fazer esteios. O instrumento mais usado
é a faca e o bambu. As crianças maiores já têm certo domínio, eles próprios iniciam o
seu trabalho de tecer. As crianças menores precisam de ajuda do monitor para iniciar o
cesto e depois para fazer o acabamento final.
Marcenaria: é o setor onde as crianças aprendem a trabalhar com a madeira produzindo
várias peças. Os materiais utilizados são a lixa, cola, prego, martelo e máquinas. As
peças depois de prontas ficam expostas na própria marcenaria.
Cerâmica: os alunos aprendem a preparar a argila seguindo os processos de socar,
peneirar, amassar o barro e modelar as peças. As peças produzidas são potes e estátuas.
Depois de secas são lixadas e queimadas.
- Oficinas:
Bonecas de Pano
Para confeccionar bonecas, tartarugas, presépios são utilizados tecidos e linhas do tear
chileno e mineiro sendo que tudo é produzido artesanalmente.
Esta oficina foi fundada há 8 anos para aproveitamento dos retalhos e tecidos nas bonecas
tem atualmente 11 funcionários.
Cerâmica
A cerâmica foi fundada no ano de 1981 e conta atualmente com dez funcionários e dois
aprendizes que foram alunos tanto da pré-escola quanto da escola complementar.
Na cerâmica passam muitos estagiários que aprendem trabalhar com argila e os ceramistas
são os responsáveis pela transmissão do conhecimento.
Cestaria
A cestaria foi criada há 15 anos , produz objetos que em grande parte servem para atender
necessidades domésticas. As peças produzidas são luminárias, lixeiras, cestos para pães e
doces, porta – lápis, balaios redondos e de cangalhos, portas- revistas, cestas de roupa. O
tempo de produção destas peças depende do seu tamanho e pode levar de 1 a 3 dias.
Flores
O setor das flores foi construído em 1988, produzindo peças de decoração. Hoje este setor
tem 16 funcionários e uma aprendiz que foi aluna da Escola Complementar. Estas peças
são produzidas aproveitando palha de milho, folha de bananeira, sementes de árvores e
sobras de tecido.
- Circo:
Nele os alunos participam de atividades como malabarismo, pano e lenço indiano,
bolinhas, claves, diabolô sapeca, acrobacias com cama elástica e colchonetes, monociclos,
perna de pau, fantoches, teatro...
O circo existe há mais de 15 anos e o objetivo é desenvolver a auto–estima, auto–
confiança, percepção, concentração, coordenação motora.
É também local de comemoração de diversos eventos do Salão do Encontro e
esporadicamente da comunidade de Betim.
- Quadra:
Local onde as crianças têm o prazer de estar, porque é ali que expressam as emoções. As
atividades são dirigidas ou livres deixando–as sempre à vontade.
A quadra é utilizada em vários momentos: campeonatos de jogos, apresentação de
atividades teatrais. Com isso os alunos melhoram o relacionamento com os colegas,
desenvolvem percepção e coordenação motora.
- Horta:
Com uma grande área, a horta produz verduras e legumes em grande quantidade cujo
objetivo é atender a demanda do refeitório, da creche e da casa de hóspedes.
Atualmente existem 7 funcionários que cuidam do solo, plantação e colheita.
Este ano foi construída uma sementeira onde as sementes são doadas pela AGROCERES.
- Jardins:
Neste local é desenvolvido a educação ambiental com alunos da Pré–Escola e Escola
Complementar com o objetivo de ampliar e melhorar o relacionamento dos alunos com o
meio ambiente da escola.
Esta atividade surgiu em 1995 e desenvolvida por educadores que trabalham temas a partir
de temas como preservação, convívio, respeito, através de teatros de fantoches, vídeos e
passeios.
Nestes espaços as crianças aprendem a conviver com animais como mico–estrela, lagarto
Teiu, pássaros e outros. Dessa forma aprendem a importância de preservar o ambiente
natural que os rodeia.
- Criação de Animais:
Cabras e Bodes:
Hoje o setor caprino conta com 14 cabeças entre bodes e cabra, sendo que a entidade está
investindo na produção de leite de cabra, através da aquisição de animais.
Coelhos:
O coelhário foi construído para fornecer a carne para a cozinha e o esterco que é
transformado em húmus é usado na horta e no minhocário.
Os coelhos são da raça Nova Zelândia. Existem 100 gaiolas com pisos especias para abrigar
os coelhos, evitando o contato dos animais com a urina e fezes que podem ocasionar
doenças.
Atualmente, 48 gaiolas abrigam 44 coelhas matrizes e 4 coelhos reprodutores. Os coelhos
usados na reprodução são comprados e trocados todos os anos, para evitar que coelhos da
mesma família possam cruzar entre si nascerem filhotes deficientes.
Normalmente abatem-se 50 coelhos duas vezes por mês. A carne é servida para todos que
fazem refeições na entidade.
Gado
O curral foi construído em 1985, para a produção de leite. Este leite é utilizado pelos
funcionários, idosos e crianças da pré–escola. Em 1991 já tinham 6 vacas. Hoje são nove
vacas e seis bezerros da raça Jersey, que é a melhor raça para ser mantida confinada.
- Consultório de Fitoterapia:
Em janeiro de 1998, foi iniciado um projeto para o melhor aproveitamento da horta de
plantas medicinais do Salão do Encontro.
Somente neste ano, após uma reforma geral e uma estruturação com novos equipamentos,
foram abertas as portas da farmácia São Francisco.
O objetivo deste projeto é atender a toda comunidade de Betim que tem dificuldade em
obter sucesso no tratamento de algumas doenças com a utilização dos métodos da
medicina convencional.
- Casa de Hospedes:
É um alojamento que recebe pessoas não só do Brasil como de outros países. Existe desde
1985, com o objetivo de facilitar a vida das pessoas que têm a intenção de fazer estágio ou
passar as férias no Salão do Encontro, hospedando em média 30 a 40 pessoas por mês.
c) Vila:
O programa de moradia foi idealizado para atender 54 famílias de funcionários do Salão
que não possuíam casa própria. Atualmente, 24 famílias já estão sendo atendidas pelo
projeto.
As casas foram construídas em forma de condomínio fechado que recebeu o nome de
Otto Saffran. Estas casas possuem de 1 a 3 quartos, cozinha conjugada com copa ,
despensa, sala, banheiro e varanda.
Os funcionários pagam uma contribuição para manter o condomínio. Sentem-se realizados
e valorizados por esta iniciativa que o Salão do Encontro e parceiras proporcionaram aos
seus funcionários melhorando assim a qualidade de vida.
d) Filial Shopping MinasCasa:
- filial do Salão do Encontro, que iniciou-se como um stand de vendas e divulgação
da entidade em caráter temporário, sendo que depois aconteceu a instalação
definitiva em uma loja do mesmo shopping.
2)ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: as atividades desenvolvidas no Salão do
Encontro: a trajetória da criança até tornar-se adulto, mostrando as etapas de aprendizado
na passagem por todos os espaços do núcleo assistencial.
1. Programa de Arte – Educação: oficinas artesanais, musicalização, técnicas
circenses, educação ambiental;
2. Programa de Formação Profissional;
3. Programa de Atenção a Saúde: atendimento odontológico, psicológico,
fitoterápico, fornecimento de refeições balanceadas (almoço e lanche);
4. Cursos são oferecidos nas oficinas artesanais;
OBS.: Estágios e Intercâmbios: podem ser efetuados em todas as áreas do Salão do
Encontro
3) PRODUTO FINAL: O ARTESANATO:
produção de móveis, utilizando dormentes da rede ferroviária e postes
da madeira da CEMIG;
tecidos, tapetes, cortinas produzidos em tear manual do tipo chileno e
mineiro;
objetos decorativos (arranjos, flores, cestaria, cerâmica) e brinquedos
(bonecas de pano, brinquedos de madeira): onde alguns são executados,
reaproveitando o material que sobra da marcenaria e tecelagem;
produção de tinta, pincel (vídeo Leila Entrevista) pelos alunos da escola
onde utilizam matéria-prima encontrada no Salão do Encontro, onde
são pensados novos usos;
coleta de matéria-prima nos jardins, para a elaboração de trabalhos
manuais.
PROJETO DE AMPLIAÇÃO:
a) padaria: finalizar a obra financiada pelo BID (na parte de baixo);
b) vagão de trem situado na parte de baixo e paralelo a rua: não se sabe o destino
deste, que tipo de projeto seria pertinente naquele espaço.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS:
i Sobre a propriedade na Roma antiga, confira CRETELLA JR (1971), pp. 113 / 125.
Mais sobre o problema pode ser encontrado em FINLEY (1976), que apresenta um
estudo detalhado do tema.
ii Neste mesmo sentido, CHOAY (1992) faz uma interessante abordagem do
fenômeno da expansão do conceito de patrimônio, identificando uma tripla extensão
do mesmo: tipológica, cronológica e geográfica.
iii A esse respeito, confira a abordagem dialética que Herbert MARCUSE faz no ensaio
"Sobre o Caráter Afirmativo da Cultura" .(1997, pp. 89 / 136).
iv Neste sentido, conferir MAGALHÃES, 1984. pp. 40/44
v A esse respeito, confira BOSI, 1987. p.
vi Sobre o instituto do tombamento, confira os interessantes estudos de CASTRO
(1991) e de PIRES (1994).
vii SANTOS, 1986. pp. 59/63. Neste sentido, confira também SANTOS (1990), pp. 33 /
74.
viii Neste sentido, cf. SANTOS, 1986. pp. 59/63.