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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JURILDA GONÇALVES MOTTER O REGIME DE TRIBUTAÇÃO DENOMINADO SIMPLES NACIONAL: uma análise da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 Tijucas 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JURILDA GONÇALVES MOTTER

O REGIME DE TRIBUTAÇÃO DENOMINADO SIMPLES NACIONAL: uma análise da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

Tijucas

2007

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JURILDA GONÇALVES MOTTER

O REGIME DE TRIBUTAÇÃO DENOMINADO SIMPLES NACIONAL: uma análise da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas.

Orientador: Prof. MSc. Leonardo Matioda

Tijucas

2007

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JURILDA GONÇALVES MOTTER

O REGIME DE TRIBUTAÇÃO DENOMINADO SIMPLES NACIONAL: uma análise da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel

em Direito e aprovada pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí,

campus Tijucas.

Área de Concentração: Direito Público

Tijucas (SC), 16 de outubro de 2007.

Prof. MSc. Leonardo Matioda

UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas

Orientador

Prof. Fulano de Tal

UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas

Membro

Prof. Fulano de Tal

UNIVALI – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas

Membro

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ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale

do Itajaí - UNIVALI, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Tijucas (SC), 16 de outubro de 2007.

___________________________________

Jurilda Gonçalves Motter

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Dedico este trabalho:

À Deus, pelo dom da vida e por me fazer ser e existir.

À minha família, meu porto seguro, em especial a

compreensão e paciência de meu esposo e meus filhos,

Pâmella, Jorge e Renata, pelo tempo ausente como esposa e

mãe.

Aos meus pais, por todo amor, dedicação, educação e

incentivo proporcionado.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Orientador, Professor Mestre Leonardo Matioda, pela contribuição

dada à elaboração deste trabalho.

Aos demais professores e funcionários da UNIVALI – campus Tijucas, pela

competência, dedicação e empenho com que desenvolvem seus trabalhos.

A todos os amigos de turma, que juntos dividimos momentos de cansaço,

aflição, mas também de muita alegria e companheirismo.

A todos que, de maneira direta ou indireta, me ajudaram na elaboração deste

trabalho.

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“Aproveita o tempo! Cada um pode ser grande, basta querer.

Mas poucos são os que querem. A maioria não aproveita a força

de que dispõe, não aproveita as ocasiões que tem, o momento

que ali está; aguardam sempre maiores forças, melhores

ocasiões, oportunidades mais adequadas e nesta espera

indolente por outras forças, ocasiões e oportunidades fogem as

forças, a ocasião e o tempo”.

Miguel Sailer

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RESUMO

O presente trabalho visou analisar a Lei Complementar nº 123/06 no tocante

ao regime de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte, publicada

em 14 de dezembro de 2006, cuja vigência iniciou em 1º de julho de 2007. Também

chamada de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a referida lei trouxe muitos

benefícios para as Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Empresários

Individuais. Sabe-se da importância das Micro e Pequenas Empresas no cenário

econômico brasileiro, seja no setor do Comércio, da Indústria ou da prestação de

serviços. Espalhadas por todas as partes do Brasil, as Micro e Pequenas Empresas

oferecem produtos e serviços, geram milhares de empregos e proporcionam renda

para a população brasileira. Primeiramente, foram analisados os tipos de sociedades

de acordo com o Código Civil, suas definições e seus registros. Também fora tratado

sobre o Empresário Individual, para então se chegar de fato à análise da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, com suas definições, acrescidas de

um breve histórico do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, já

que não é a primeira vez que o governo aprova uma lei para trazer benefícios a esta

classe empresarial. Em seguida foi analisada a lei instituidora do Simples Nacional,

com a definição desse regime de tributação e como se procede a opção pelo regime,

bem como as vedações impostas, já que existem algumas exceções que não podem

aderir ao Simples Nacional. Foram analisados também todos os tributos que

compõem o Simples Nacional, com suas alíquotas, benefícios e, por último, como se

dá a exclusão do regime denominado Simples Nacional.

Palavras Chave: Empresa de Pequeno Porte. Microempresa. Tributação. Simples

Nacional.

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ABSTRACT

The boon I work visou analyse the law Complementary nº 123/06 at the ringing to the

regime as of taxation of the microbusiness and businesses as of young one gait ,

published on December 14th as of he initiated well into 1º as of July as of 2007. Also

called as of Law Across the board of the Micro and Small Businesses , the one

referred to law he carried a great many avails for the microbusiness , Businesses as

of Young one Gait and Business executives individual. He knows - in case that from

the amount of money of the Micro and Small Businesses at the scenario economic

Brazilian , he may be at the setor from the Barter , from the Industry or from the

installment as of service. Spread By all of parties from the Brazil , the Micro and

Small Businesses it offers commodities and service , generates thousands as of

applications and provides annuity for the population Brazilian. First of all , have been

evaluated the types as of associations according to the code Civilian , your definitions

and your he registers. As well abroad treated above the Business executive

Individual , about to then in case that arrive as of suit at the analysis from the

Microbusinesses and from the company as of Young one Gait , along your definitions

, accrued by one brief historic from the Bylaw from the Microbusiness and Business

as of Young one Gait , inasmuch as is not the first vez than it is to the government

approves a law for bringing avails the one this class corporate. After he went

evaluated the law instituidora from the Bare National , with the definition he might

give regime as of taxation and as if go along the option by the regime , as well as the

fences assessment , inasmuch as there are a few it would not can adhere to the

Bare National. Have been evaluated as well all of tributes than it is to the one Bare

National , along your alíquotas , avails and , By final , as if he gives the exclusion

from the regime denominated Bare National.

Words Key : Business as of Young one Gait. Microbusiness. Taxation. Simple

National.

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Tabela 01 – Simples Nacional Comércio .................................................................

Tabela 02 – Simples Nacional Indústria ...................................................................

Tabela 03 – Simples Nacional Serviços ...................................................................

Tabela 04 – Simples Nacional Serviços em Geral ...................................................

Tabela 05 – Simples Nacional outros Serviços ........................................................

Tabela 06 – De Comparação de uma Empresa com Lucro Presumido X Simples

Nacional ...................................................................................................................

Tabela 07 – Impostos Federais Calculados pelo Lucro Presumido ..........................

Tabela 08 – Contribuição Previdenciária sobre folha de pagamento .......................

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Art. Artigo

CRFB/1988 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

CTN Código Tributário Nacional

EC Emenda Constitucional

ed. Edição

et seq Seqüência

F.G. Fato Gerador

H.I. Hipótese de Incidência

Inc. inciso

LC Lei Complementar

nº número

p. página

STF Supremo Tribunal Federal

§ Parágrafo

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

ICMS Imposto sobre circulação de Mercadorias e Serviços de

Comunicação e Transporte Interestadual e Intermunicipal

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

ME Micro Empresa

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIMPLES Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições

das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte

v. g Por exemplo

DNRC Departamento Nacional do Registro do Comércio CC Código Civil

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ROL DE CATEGORIAS BÁSICAS E CONCEITOS OPERACIONAIS

Empresa: “Empresa é a organização técnico-econômica que se propõe a

produzir, mediante a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho e

capital, bens ou serviços destinados à troca (venda), com a esperança de realizar

lucros, correndo os riscos por conta do empresário, isto é, daquele que reúne,

coordena e dirige esses elementos sob a sua responsabilidade”. (DORIA, 1998, p.

47).

Empresa de Pequeno Porte: “ É aquela que tem constitucionalmente

assegurado o direito a tratamento jurídico diferenciado, com objetivo de estimular-lhe

o crescimento com a simplificação, redução ou eliminação de obrigações

administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias. (GUSMÃO, 2007,p.16).

Empresário Individual: “Empresário Individual é definido na lei como

profissional exercente de atividade econômica organizada para a produção ou a

circulação de bens ou de serviços”. (COELHO, 2006, p. 11).

Microempresa: “ Microempresa é a empresa que no ano-calendário tiver

auferido receita bruta de determinada importância, [...] art. 3º LC 123/06 inc I – no

caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada,

aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00

(duzentos e quarenta mil reais)[...].” (SILVA, LIMIRO, 2007, p.37).

Simples Nacional: “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e

Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte”. (Art. 12

da LC nº 123/2006).

Sociedade Limitada: “A sociedade limitada é uma sociedade contratual;

portanto, o vínculo estabelecido entre os sócios tem natureza contratual” (ASSIS,

2004, p.229).

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Sociedades Empresárias: “Quando duas ou mais pessoas formam uma

sociedade, adotando uma das modalidades de sociedades disciplinadas no Código

Civil, para a produção ou circulação de bens ou serviços, com o objetivo de lucro,

este tipo de sociedade é classificado como sociedade empresária, conforme citado

no artigo acima”. (FABRETTI, 2006).

Sociedade Simples: “É um dos vários tipos societários que a lei põe à

disposição dos que pretendem explorar atividade econômica conjuntamente. É o tipo

societário adequado aos pequenos negócios, comércios ou prestadores de serviço

não-empresários (isto é, que não exploram suas atividades empresarialmente)”

(GUSMÃO,2007, p.126).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................

2 A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE ............................. 2.1 AS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ...................................................................

2.1.1 Definição .........................................................................................................

2.1.2 O Registro das Sociedades Empresárias ........................................................

2.1.3 Tipos de Sociedades Empresárias ..................................................................

2.1.3.1 Sociedade em nome coletivo .......................................................................

2.1.3.2 Sociedade em comandita simples ................................................................

2.1.3.3 Sociedade limitada .......................................................................................

2.1.3.4 Sociedade por ações ou sociedade anônima ...............................................

2.1.3.5 Sociedade em comandita por ações ............................................................

2.1.3.6 Sociedade cooperativa .................................................................................

2.1.3.7 Sociedades coligadas, controladoras e controladas ....................................

2.2 AS SOCIEDADES SIMPLES ..............................................................................

2.2.1 Definição .........................................................................................................

2.2.2 O Registro das Sociedades Simples ...............................................................

2.3 O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ...........................................................................

2.3.1 Definição .........................................................................................................

2.4 A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE ...........................

2.4.1 Definição .........................................................................................................

2.4.2 Definição de Empresa .....................................................................................

2.4.3 Histórico do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte ......

2.4.4 Enquadramento das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte .............

3 O SIMPLES NACIONAL .......................................................................................

3.1 DEFINIÇÃO ........................................................................................................

3.2 OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL ...............................................................

3.3 VEDAÇÕES DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL .....................................

3.4 OS TRIBUTOS QUE COMPÕEM O SIMPLES NACIONAL ...............................

3.4.1 Imposto sobre Renda e proventos de Qualquer Natureza ..............................

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3.4.2 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ................................................

3.4.3 contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL ..........................................

3.4.4 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS ............

3.4.5 Contribuição para o Programa de integração Social – PIS .............................

3.4.6 Contribuição para a Seguridade Social a Cargo da Pessoa Jurídica ..............

3.4.7 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação – ICMS ..............................................................................................

3.4.8 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS .....................................

3.4.9 Tributos não integrantes do Simples Nacional ................................................

3.5 AS ALÍQUOTAS E O CÁLCULO DO VALOR A PAGAR NO SIMPLES

NACIONAL ...............................................................................................................

3.6 OS BENEFÍCIOS PELA OPÇÃO DO SIMPLES NACIONAL .............................

3.6.1 Da Inscrição e da Baixa...................................................................................

3.6.2 Contratações Públicas.....................................................................................

3.6.3 Simplificação nas Relações de Trabalho.........................................................

3.6.4 Fiscalização Orientadora .................................................................................

3.6.5 Consórcio Simples ..........................................................................................

3.6.6 Estímulo ao Crédito e Capitalização ...............................................................

3.6.7 Estímulo a Inovação ........................................................................................

3.6.8 Protesto de Títulos ..........................................................................................

3.6.9 Acesso à Justiça .............................................................................................

3.6.10 Benefícios Tributários ....................................................................................

3.7 A EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL ..........................................................

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................

REFERÊNCIAS ........................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo uma análise da Lei Complementar nº

123/2006, chamada de Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, publicada em 14 de

dezembro de 2006, cuja vigência do regime de tributação denominado Simples

Nacional, por ela instituído, iniciou em 1º de julho de 2007.

Foi um desafio enorme, descrever sobre este tema, por se tratar de uma lei

nova. Porém, esses desafios foram os propósitos motivadores de oferecer aos

operadores do Direito e aos micro e pequenos empresários melhores condições para

interpretar e aplicar esta importante Lei.

Como será analisado, esta nova lei trouxe muitos benefícios às Micros e

Pequenas Empresas. Não é a primeira vez que o governo aprova uma lei em

benefício desta classe empresarial, já que está garantido pela Constituição Federal

de 1988, no seu artigo 179, que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim

definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela

simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e

creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei”.

Estatisticamente, sabe-se que as Micros e Pequenas Empresas respondem

por 65% dos empregos gerados no Brasil e 20% do seu produto interno bruto, e esta

nova lei veio trazer otimismo e benefícios para essas empresas.

Por isso a importância da análise desta nova lei, que chega ao ordenamento

jurídico pátrio prometendo um tratamento diferenciado e com o objetivo de favorecer

a Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte.

Como se trata de uma nova lei, a LC nº 123/2006 precisa ser estudada e

interpretada pelos operadores do Direito, para poder ser bem aplicada, e por isso

também o interesse do estudo sobre este diploma, pois através desta pesquisa e

estudo, outras pessoas se beneficiarão.

Na presente monografia, primeiramente será analisado os tipos de

Sociedades Empresárias de acordo com o Código Civil, suas definições, como se

procede seus registros. Depois analisar-se-á o Empresário Individual, também com

sua definição, para depois chegar a análise das Microempresas e Empresas de

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Pequeno Porte, com suas definições, seus enquadramentos, bem como um breve

resumo do histórico das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

Por último será feito um estudo sobre o Simples Nacional, com sua definição,

como se dá a opção pelo regime, bem como a relação de todos os tributos que o

compõem, além dos benefícios e das causas de exclusão do Simples Nacional.

Destarte, busca-se a realização do presente trabalho através da investigação

e análise da doutrina e legislação, tendo como finalidade a de transmitir aos leitores

a possibilidade de um melhor entendimento sobre o tema proposto.

A escolha do tema se deu pela instigação e curiosidade da autora desta

monografia em estudar um tema novo e tão polêmico no meio empresarial.

O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de

Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais

e Jurídicas.

Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste

trabalho pesquisar sobre a Lei Geral das Micros e Pequenas Empresas (LC nº

123/2006), bem como os benefícios que esta lei veio trazer aos micro e pequenos

empresários brasileiros.

Como forma de atingir o objetivo geral acima mencionado serão utilizados

como objetivos específicos:

a) analisar os tipos de sociedades empresárias de acordo com o Código Civil.

b) apresentar a definição de Microempresa, Empresa de Pequeno Porte e

Empresário Individual.

c) analisar o Super Simples através da sua definição, legislação aplicável,

definindo as empresas que podem optar por este regime, como se dá a adesão e os

tributos que o compõem.

d) apresentar as vantagens para os optantes do Simples Nacional após a

vigência da LC nº 123/2006, tais como a desburocratização para abertura de novas

empresas, as alíquotas e os cálculos tributários que compõem o Simples Nacional, o

parcelamento dos débitos tributários e o acesso à justiça.

O relatório final da pesquisa foi dividido em dois capítulos, sendo o primeiro

um estudo sobre as sociedades empresárias, as sociedades simples e o empresário

individual, notadamente com suas definições, para então analisar as microempresas

e empresas de pequeno porte, também com suas definições e seus

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enquadramentos, e também sobre o histórico do Estatuto das microempresas e

empresas de pequeno porte.

O segundo capítulo tratará do Super Simples, com sua definição, a forma

como se dá a opção pelo regime, a composição de todos os tributos que o

compõem, bem como as alíquotas que são aplicadas de acordo com as atividades,

além dos benefícios trazidos pela LC nº 123/2006 e as situações que causam a

exclusão do optante do regime denominado Simples Nacional.

Quanto à metodologia empregada, ressalta-se que na fase de investigação foi

utilizado o Método1 Indutivo2. Já na fase de tratamento de dados o Método

Cartesiano3, e o relatório dos resultados da presente monografia será composto na

base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da pesquisa foram acionadas técnicas do Referente4 da

Categoria5, dos Conceitos Operacionais6, da Pesquisa Bibliográfica7 e do

Fichamento8.

É conveniente salientar, enfim, que seguindo as diretrizes metodológicas do

Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, as categorias fundamentais são

grafadas, sempre, com a letra inicial maiúscula e os acordos semânticos que

procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa e suas respectivas

categorias, por opção metodológica, são apresentadas no rol das Categorias

Básicas e Conceitos Operacionais, no início do trabalho.

Ressalta-se que a estrutura metodológica e as técnicas aplicadas neste

relatório estão em conformidade com as propostas apresentadas na obra de Pasold

1 Conforme Pasold [2002, p. 104], “Método é a forma lógico-comportamental na qual se baseia o Pesquisador para investigar, tratar os dados colhidos e relatar os resultados”. 2 O Método Indutivo, segundo Pasold [2002, p. 103], consiste em “pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral”. 3 Segundo Pasold [2002, p. 237], Método Cartesiano é “base lógico-comportamental [...] que pode ser sintetizada em quatro regras: 1. duvidar; 2. decompor; 3. ordenar; 4. classificar ou revisar”. 4 “[...] explicação prévia do motivo, objeto e produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa”. [PASOLD, 2002, p.241] 5 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”. [PASOLD, 2002, p. 229]. 6 “[...] definição estabelecida ou proposta para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas” [PASOLD, 2002, p. 229]. 7 Técnicas de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais” [PASOLD, 2002, p. 240]. 8 “Técnica que tem como principal utilidade otimizar a leitura na Pesquisa Cientifica, mediante a reunião de elemtnso selecionados pelo Pesquisador que registra e /ou resume e/ou reflete e/ou analisa de maneira sucinta, uma Obra, um Ensaio, uma Tese ou Dissertação, um Artigo ou uma aula, segundo Referente previamente estabelecido”. [PASOLD, 2002, p.233]

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[Prática da Pesquisa Jurídica, 2002], Colzani [Guia para redação do trabalho

científico, 2001] e no Caderno de Ensino nº 4 [UNIVALI, PROEn, 2006].

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais,

onde ressalta os benefícios que a Lei Complementar 123/06, veio trazer a esta

classe empresarial, Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte, sendo o

ponto de maior destaque a instituição do regime único de arrecadação dos principais

tributos que cercam essas atividades econômicas, pois veio facilitar muito o

exercício da atividade empresarial, proporcionando uma redução de custos e

recolhimento de tributos.

E por último, será analisadas as causas e como se dá a exclusão do Simples

Nacional.

Portanto, este trabalho é de relevante importância para o estudo desta nova

lei, tanto no meio acadêmico, como no meio empresarial, onde as empresas poderão

fazer um gerenciamento, e um planejamento visando a minimização de sua carga

tributária.

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2 A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE

2.1 AS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

2.1.1 Definição

Será analisada de início as sociedades empresárias, como o exercício de

uma atividade empresarial através de um contrato celebrado entre pessoas físicas

ou pessoas jurídicas que se reúnem em direitos e obrigações, com bens ou serviços,

com o objetivo de exercer uma atividade econômica.

As sociedades empresárias estão disciplinadas no art. 982 do Código Civil:

Art. 982 Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples a cooperativa.

Quando duas ou mais pessoas formam uma sociedade, adotando uma das

modalidades de sociedades disciplinadas no Código Civil, para a produção ou

circulação de bens ou serviços, com o objetivo de lucro, este tipo de sociedade é

classificado como sociedade empresária, conforme citado no artigo acima.

(FABRETTI, 2006).

Quanto à definição de sociedade empresária preleciona Coelho (2007, p. 5):

Sociedade empresária é a pessoa jurídica que explora uma empresa. Atente-se que o adjetivo “empresária” conota ser a própria sociedade (e não os seus sócios) a titular da atividade econômica. Não se trata, com efeito, de sociedade empresarial, correspondente a sociedade de empresários, mas da identificação da pessoa jurídica como o agente econômico organizador da empresa. Essa sutileza terminológica, na verdade, justifica-se para o direito societário, em razão do princípio da autonomia da pessoa jurídica, o seu mais importante fundamento. Empresário, para todos os efeitos de direito,

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é a sociedade, e não os seus sócios. É incorreto considerar os integrantes da sociedade empresária como os titulares da empresa, porque essa qualidade é da pessoa jurídica, e não dos seus membros.

Ainda se tratando da conceituação de sociedade empresária vale ressaltar a

opinião de Gusmão (2007, p. 121):

Ao conceituar sociedade empresária como a “que tem por objeto o exercício da atividade própria de empresário sujeita ao registro” o art. 982 do Código Civil o faz de forma simplista e óbvia. Toda sociedade, para considerar-se empresária, tem de exercer atividade própria de empresário, sob pena de ser considerada sociedade simples. [...] A sociedade empresária equivale a pessoa jurídica, ente abstrato ao qual a ordem jurídica atribui personalidade jurídica. É sujeito de direitos.[...]

Mamede (2006, p. 31) faz uma breve explicação entre sociedade simples e

sociedade empresária:

As sociedades, pessoas jurídicas constituídas com finalidade econômica, divide-se em sociedades simples e sociedade empresárias. Em ambos os casos, tais sociedade têm atividade negocial como fim genérico de sua existência; a diferença está na estrutura de funcionamento. São consideradas sociedades empresárias aquelas que exerçam profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Já as sociedades simples são aquelas nas quais não se verifica tal organização de bens materiais e imateriais, de procedimentos, como meio para a produção ordenada de riqueza; pelo contrário, nesses casos se verifica trabalho não organizado, autônomo, desempenhado por cada um dos sócios, sem conexão maior com a atuação dos demais. É o que se teria, por exemplo, numa sociedade entre três dentistas, cada qual com sua clientela própria; não há uma empresa.

2.1.2 O Registro das Sociedades Empresárias

O exercício da atividade da sociedade empresária, também chamada de

sociedade mercantil, pressupõe o registro correspondente, feito de acordo com a Lei

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nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que versa sobre o registro público de

empresas mercantis e atividades afim. Respeitando assim o artigo 1.150 do Código

Civil, no qual prevê que o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao

Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais. Somente

as sociedades simples, não empresárias, é que estão sujeitas ao Registro Civil das

Pessoas Jurídicas. (MAMEDE, 2004).

Quanto ao Registro dos atos constitutivos das sociedades empresárias,

preleciona Gusmão:

[...] o registro dos atos constitutivos das sociedades simples e empresárias deve ser requerido pela pessoa a isso obrigada por lei. Em caso de omissão ou demora, o registro pode ser pedido pelo sócio ou por qualquer interessado. As pessoas obrigadas ao requerimento do registro respondem pelos prejuízos causados pela omissão ou demora. A inobservância dessa regra torna a sociedade não-personificada. Os documentos necessários ao registro devem ser apresentados ao órgão competente no prazo de trinta dias, contados da lavratura dos atos constitutivos. Se requerido após esse prazo, o registro somente produzirá efeitos a partir de sua efetiva concessão [...] (2007, p. 70).

O art. 997 do Código Civil prescreve o que deve ser observado

necessariamente para que o ato constitutivo da sociedade se personifique:

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II – denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV – a quota de cada sócio no capital social, e modo de realizá-la ; V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiro qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.

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Ainda se referindo ao registro das sociedades tem-se novamente a opinião de

Mamede:

A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos. [...] sendo escrituralmente marcada: num primeiro momento, um documento coletivo (contrato social), que lhe dá constituição, daí ser chamado de ato constitutivo -, registrando seus elementos identificadores (nome, sede etc), delimitando seu objeto social – a atividade para qual é constituída – e as regras de seu funcionamento, incluindo as normas aplicáveis à sua administração. Esse ato constitutivo será registrado na Junta Comercial, em se tratando de sociedade empresária, ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, em se tratando de sociedade simples[...]. Num segundo momento, essa existência escritural é objeto de uma escrituração contábil, ou seja, de um registro das operações realizadas, com o seu respectivo valor em moeda, bem como em outros livros nos quais são registrados deliberações da coletividade social, entre outros assuntos.[...] (2006, p. 40-41).

Deve-se ficar atento quanto à competência dos órgãos de registros. O

Registro Público de Empresas Mercantis é o órgão competente para registrar as

firmas dos empresários individuais, e atos constitutivos das sociedades empresárias,

enquanto que as sociedades simples o órgão competente é o Registro Civil das

Pessoas Jurídicas. A inobservância desta regra de competência levará as

sociedades a condição de irregular ou em comum, ou seja, não adquirirão a

personalidade jurídica em razão do registro feito em órgão indevido, todavia, os atos

praticados não serão nulos nem anuláveis. (GUSMÃO, 2007).

As sociedades empresárias registradas em órgãos indevidos sofrerão

algumas conseqüências, como preleciona Gusmão:

a) As sociedades empresárias que não tiverem seus atos constitutivos registrados no Registro Público de Empresas Mercantis, apesar de incidirem em falência (natureza declaratória do registro), não poderão impetrar recuperação judicial ou extrajudicial; b) As sociedades registradas em órgãos indevidos serão consideradas não personificadas ou em comum; c) O registro indevido implica na ilimitação da responsabilidade dos sócios; d) O registro indevido não permite a utilização em juízo dos livros empresariais para fazerem prova em favor do empresário, em razão da exigência do art. 1.181: “Salvo disposição especial em lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postas em uso,

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devem ser autenticadas no Registro Público de Empresas Mercantis”. (2007, p. 71).

Quanto à finalidade do Registro Público das sociedades para Negrão (2003,

p. 175) são as seguintes:

a) Dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis (art. 1º, I); b) Cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Brasil e manter atualizadas as informações pertinentes (art. 1º, II); c) Proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como a seu cancelamento (art.1º, III). Assim como nos atos da vida civil, o Registro de Empresas garante a publicidade dos atos ali inseridos, dando a qualquer pessoa o direito de consultar os assentamentos e obter as certidões que desejar, independentemente de prova de interesse (art. 29 da Lei nº 8.934/94). Os atos inscritos no Registro de Empresas são públicos, conforme assim declarava o art. 14 do Título Único do Código Comercial.

No art. 3º da Lei Complementar nº 123/06, na parte final expõe a necessidade

das Empresas se encontrarem devidamente registradas, ou seja, somente serão

consideradas sociedade empresária, sociedade simples ou mesmo empresário todas

as empresas que estão regularmente registradas no Registro de Empresas

Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, além da existência dos devidos

valores determinados pela Lei para o enquadramento de Microempresa ou Empresa

de Pequeno Porte. (SILVA; LIMIRO, p. 41).

Quanto à necessidade das empresas estarem registradas, o legislador está

se referindo que as empresas obedeçam às previsões da Lei nº 8.934/94, que

dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá

outras providências, o qual é composto pelos seguintes órgãos:

I – O Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão central Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo; II – As Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro. Determina ainda a Lei 8.934/94 a existência de uma Junta Comercial em cada Estado da Federação brasileira, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva, sendo as mesmas subordinadas administrativamente ao governo do respectivo

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Estado onde se localiza e, tecnicamente, ao DNRC – Departamento Nacional do Registro do Comércio. Permite a Lei também que as Juntas Comerciais podem desconcentrar seus serviços, por meio de convênios com órgãos públicos e entidades privadas sem fins lucrativos.(SILVA; LIMIRO, p. 41-42).

Os atos do registro de Empresas, como preleciona Coelho, (2006, p. 40) “a

Lei de 1994, simplificando bastante a sistemática anterior, reduziu para três os atos

do registro de empresa: a matrícula, o arquivamento e a autenticação”.

Neste sentido, assevera Coelho (2006, p. 40-41):

A matrícula é o nome do ato de inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais.Trata-se de profissionais que desenvolvem atividades paracomerciais. Os dois primeiros além de matriculados, são também habilitados e nomeados pela Junta, enquanto os três últimos são apenas matriculados. O arquivamento é pertinente à inscrição do empresário individual, isto é do empresário que exerce sua atividade econômica como pessoa física, bem como a constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades comerciais.[...] Arquivam-se finalmente, as declarações de microempresa e, analogicamente, também as de empresa de pequeno porte, além de quaisquer outros documentos ou atos de interesse de empresários [...]. Já a autenticação está ligada aos denominados instrumentos de escrituração, que são os livros comerciais e as fichas escriturais. Nesse caso, a autenticação é condição de regularidade do documento, já que configura requisito extrínseco de validade da escrituração mercantil.

2.1.3 Tipos de Sociedades Empresárias

2.1.3.1 Sociedade em nome coletivo

Segundo a opinião de Gusmão (2007, p. 149) “a sociedade em nome coletivo

regem-se pelo Cap. II do Código Civil e, nas omissões, pelas regras das sociedades

simples. A principal característica desse tipo de sociedade é a ilimitação da

responsabilidade dos sócios, somente pessoas físicas, pelas obrigações assumidas

pela sociedade”.

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Prossegue o autor:

O patrimônio pessoal dos sócios será atingido sempre que os bens sociais não bastarem para a satisfação dos credores. Embora ilimitada, se tratar de sociedade personificada a responsabilidade dos sócios será sempre subsidiária em relação à sociedade, isto é, os bens da sociedade têm de ser executados antes de se alcançar o patrimônio particular dos sócios[...] o contrato social deve estipular as indicações referidas no art. 997, além da firma social. A administração da sociedade somente pode ser exercida por quem seja sócio. O uso da firma é privativo dos que tenham poderes expressos no contrato social. Não se permite constituição de mandatários para o exercício da administração [...] A sociedade em nome coletivo é de pessoas[...] e dissolve-se de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 do Código Civil, ou, se empresária, pela falência. Tanto a sociedade simples quanto a empresária podem adotar a forma de sociedade em nome coletivo. (2007, p. 149-150).

2.1.3.2 Sociedade em comandita simples

Para Negrão a Sociedade de Comandita Simples caracteriza-se por:

A principal característica da sociedade em comandita simples é a existência de sócio ou sócios com responsabilidade ilimitada, e, no mesmo contrato, de sócio ou sócios com responsabilidade limitada ao aporte de capital que conferiu aos negócios. A lei brasileira permite somente ao sócio com responsabilidade ilimitada – sócio comanditado – o exercício das operações mercantis, a gerência da sociedade e a atribuição de seu nome para constituição do nome empresarial. A violação dessas restrições pelos sócios comanditários acarreta a imposição da mesma responsabilidade atribuída aos sócios comanditados. Prevista inicialmente nos arts. 311 a 314 do Código Comercial, a sociedade em comandita simples está em desuso em razão de seus inúmeros inconvenientes [...] (2003, p. 340).

2.1.3.3 Sociedade limitada

As normas que regem as sociedades limitadas estão, atualmente descritas

nos arts. 1.052 et. seq., do Código Civil. Subsidiariamente, isto é, nas omissões

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desses artigos, aplicam-se, no que for compatível, as regras relativas às sociedades

simples (art. 997 et seq., do Código Civil).

As sociedades limitadas diferenciam-se em muitos aspectos das sociedades

simples, como:

a) vedação de contribuição de sócios de serviços para a formação do capital social; b) empresarialidade do objeto social; c) livre cessibilidade de quotas sociais; d) possibilidade de não sócios exercerem a administração; e) possibilidade de constituição de conselho fiscal. (RESTIFFE, 2006, p.118).

Quanto à constituição das sociedades limitadas, preleciona Coelho:

A sociedade limitada se constitui por um contrato entre os sócios. Essa afirmação pode-se tomar por assente na tecnologia jurídica brasileira, mas a exata delimitação de seu sentido não é isenta de dificuldades. Depende em primeiro lugar, da demonstração de sua pertinência, vale dizer, de que o ato constituinte da sociedade limitada pode mesmo ser considerado uma modalidade de contrato. Além disso, como nem todas as sociedades empresárias se classificam como contratuais, o aclaramento daquela afirmativa reclama o exame da implicação relacionada à natureza do vínculo entre os sócios. (2007, p. 379).

Como se observou acima, a sociedade se constitui por meio de um contrato,

que para ter sua validade deve atender a certos requisitos, como ensina Assis (2004,

p. 231):

A sociedade limitada se constitui por intermédio de um instrumento denominado contrato social, que contém um conjunto de cláusulas as quais disciplinam as ações dos sócios e da sociedade. Como dito, em virtude de suas peculiaridades, a doutrina entende que o contrato social é um contrato plurilateral, em que todos os sócios são detentores de direitos e obrigações em relação aos outros e, também, em ralação à sociedade. Antes de passar para a análise das cláusulas do contrato, é preciso esclarecer que a existência da sociedade limitada se submete: a) Aos requisitos genéricos de validade do ato jurídico: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei; b) Aos requisitos específicos de validade do contrato social: contribuição dos sócios e distribuição dos resultados;

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c) Aos pressupostos de existência da sociedade: affectio societatis e Pluralidade dos sócios.

Será analisada agora a definição da sociedade limitada, bem como suas

características Quanto aos ensinamentos de Restiffe:

A sociedade limitada é pessoa jurídica constituída por duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, que respondem pelas dívidas sociais de modo solidário e limitado ao valor total do capital social que deve ser integralizado, e que é dividido em quotas. A sociedade limitada, como pessoa jurídica que é, possui patrimônio próprio (patrimônio social), que responde ilimitada e integralmente pelas obrigações contraídas. A limitação da responsabilidade diz respeito ao patrimônio dos sócios, em caso de não- integralização do capital subscrito. As características da sociedade limitada são: a) compor-se de, no mínimo, dois sócios, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, designados quotistas; b) trata-se de sociedade personalizada; c) tratar-se de sociedade personificada, por ter seus atos inscritos no Registro Público das Empresas Mercantis, e que estão a cargo das Juntas Comerciais; d) tratar-se de sociedade empresária; e) estabelecer a responsabilidade solidária e limitada dos sócios ao capital social; f) não admitir sócios de serviços.(2006, p. 119).

2.1.3.4 Da Sociedade por ações ou sociedade anônima

Quanto ao conceito de sociedade anônima, veja-se o que preleciona Restiffe:

Define-se sociedade anônima como o modelo societário constituído por duas ou mais pessoas, e cujo capital divide-se em ações, limitando-se a responsabilidade dos acionistas ao preço pago pelas ações subscritas. A definição de sociedade anônima, haurida do art. 1º, da Lei 6.404, de 15/12/1976, é corroborada pelo disposto no art. 1088, do CC. (2006, p. 152).

Será analisado este tipo de sociedade quanto suas características de acordo

com os ensinamentos de Negrão:

Desde de seu nascedouro, distingue a sociedade por ações das demais porque seus títulos são negociáveis sem necessidade de

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anuência dos demais sócios, facultando-se o livre ingresso na sociedade. Outra característica própria das sociedades por ações é que elas são sempre empresárias, independentemente de seu objeto social, isto é, mesmo que este não se constitua em atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, sua estrutura denunciará sua qualidade empresarial. Em conseqüência, torna-se possível a constituição de sociedades anônimas para o exercício de atividades não empresariais por natureza, cujos fins sejam meramente intelectuais, artísticos, científicos ou literários (v.g., hospitais, escolas, centros de pesquisas), transmudando, ipso facto9, a qualidade de seu objeto. O capital divide-se em unidades denominadas ações, e os compradores desta, acionistas, respondem apenas até o preço de emissão das ações que subscreverem ou adquirirem. (2007, p. 383).

Quanto à constituição das sociedades por ações, segue Coelho:

O tema da constituição das companhias encontram-se fracionado em três níveis distintos: a) requisitos preliminares (arts. 80 e 81); modalidade de constituição (arts. 82 a 93); c) providências complementares (arts. 94 a 99). Não se trata, rigorosamente, de etapas da constituição, posto se intercruzarem as medidas disciplinadas em cada uma das seções. Qualquer companhia, para constituir-se, deve atender aos seguintes requisitos preliminares: a) Subscrição de todo o capital social por, pelo menos, duas pessoas. Não se exige mais, como no passado, o mínimo de sete subscritores para validade da constituição. Necessário, no entanto, é que todas as ações representativas do capital social estejam subscritas. A subscrição é contrato plurilateral complexo pelo qual uma pessoa se torna titular de ação emitida por uma sociedade anônima. A subscrição é irretratável. b) Realização, como entrada, de, no mínimo, 10% do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro. Na subscrição a prazo em dinheiro, pelo menos 1/10 do preço da ação deve ser integralizado como entrada. Em se tratando de instituição financeira, a porcentagem sobe para 50%, nos termos do art. 27 da Lei nº 4.595, de 1964. c) Depósito das entradas em dinheiro no Banco do Brasil ou estabelecimento bancário autorizado pela CVM (CVM-AD nº2/78). Este depósito deverá ser feito pelo fundador, até 5 dias do recebimento das quantias, em nome do subscritor e em favor da companhia em constituição. Concluído o processo de constituição, a companhia levantará o montante depositado; se este processo não se concluir em 6 meses do depósito, o subscritor é que levantará a quantia por ele paga. (2006, p.187-188).

2.1.3.5 Sociedade em comandita por ações 9 Ipso facto: A expressão latina quer dizer “pelo próprio fato”. (FONTANELLA, 2003, p. 169).

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O regime adotado por este tipo de sociedade é o mesmo adotado pelas

sociedades anônimas. As duas são consideradas sociedades de capital e

institucionais. O nome empresarial desta sociedade pode constituir-se, sob a

modalidade de firma, com a ostentação dos nomes civis de um ou mais diretores, ou

administradores (art.1.160 do CC). (COELHO, 2007).

Nesse tipo de sociedade, preserva-se a idéia própria do comanditamento:

sócios que investem e sócios que administram, sendo assim somente os acionistas

tem a capacidade para administrar a sociedade, isto é, de ser diretor, cuja nomeação

se fará no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, podendo somente

ser destituído por deliberação dos acionistas que representem no mínimo dois

terços do capital social. (MAMEDE, 2006).

Com relação ao nome empresarial deste tipo societário, segue Coelho:

A sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou denominação, sendo que, no primeiro caso, não poderá compor seu nome empresarial aproveitando o nome civil de acionista que não seja diretor. Em ambas as hipóteses, o nome empresarial deverá conter expressão identificativa do tipo societário (art.1.161 do CC). (2006, p. 228).

Quanto a responsabilidade dos sócios, que é a diferença essencial da

sociedade anônima, preleciona Coelho (2007, p. 477):

[...] Na comandita por ações, o acionista, se não participa da administração da sociedade, tem a responsabilidade limitada ao preço da emissão das ações que subscreveu ou adquiriu; já o que exerce funções de diretor (ou administrador) responde pelas obrigações da sociedade constituídas durante sua gestão, de forma subsidiária (após o exaurimento do patrimônio social), ilimitada (sem qualquer exoneração) e solidária ( com os demais membros da diretoria) [...]

2.1.3.6 Da sociedade cooperativa

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A sociedade cooperativa sob a ótica de Mamede (2006, p. 191) :

As cooperativas são sociedade simples que, não obstante tenham finalidade econômica, não tem finalidade de lucro. Lucro é a remuneração pelo capital investido, resultado direto do valor do investimento em quotas ou ações, nas cooperativas, em oposição, as vantagens econômicas auferidas pelo cooperado são resultado direto de sua atuação pessoal e não do seu investimento em dinheiro. Regem-se pela lei 5.764/71 e pelos artigos 1.093 a 1.096 do Código Civil.

Nos ensinamentos de Assis (2004, p. 295-296):

[...] As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica própria, de natureza simples, não sujeitas a falência, constituída para prestar serviços aos associados. [...] a sociedade cooperativa é criada para atender aos próprios sócios. A cooperativa atua no sentido de agregar pessoas com a finalidade de diminuir despesas que estas teriam, caso atuassem isoladamente. Em função desse aspecto, a cooperativa assume a função econômica do intermediário, substituindo-o ou neutralizando suas ações em relação aos associados. A cooperativa pode atuar nas mais diversas áreas da exploração da atividade econômica: produção agrícola, produção industrial, prestação de serviços, beneficiamento de produtos, compras para consumo, compra para estabelecimento, concessão de crédito, construção de casas populares etc. Tudo no sentido de beneficiar os sócios que são, ao mesmo tempo, os clientes da cooperativa [...] nada impede a cooperativa de vender para terceiros a preços de mercado; nesse sentido, do eventual lucro que possa ter na exploração da atividade, uma parte é destinada a formação de um fundo de reserva e outra parte é distribuída aos associados. A cooperativa como se nota, é uma espécie de meio termo entre sociedade e associação.

Salienta-se que o modo de constituição desse tipo societário se procede

através de deliberação da assembléia geral dos fundadores, que constam na

respectiva ata, ou por instrumento público. O número mínimo de cooperados é

aquele necessário para a administração da sociedade, conforme o estatuto, mais

nunca inferior a 20.

Para Mamedi (2006, p.195) o ato constitutivo deverá conter:

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a) denominação da entidade, deverá constar obrigatoriamente a expressão cooperativa, seu objeto social e sua sede; b) nome, nacionalidade, idade, estado civil, profissão e residência dos fundadores, que assinam o ato de constituição, e também o valo e a quota parte de cada um; c) aprovação do estatuto da sociedade; d) nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos cooperados eleitos para exercer a administração, fiscalização e outros.

Quanto às características da sociedade cooperativa, preleciona Gusmão

(2007, p. 118):

a) Variabilidade ou dispensa da capital social; b) Concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; c) Limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio pode tomar; d) Intransferibilidade das quotas do capital social a terceiros, estranhos à sociedade, ainda que por herança; e) Quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião e não no capital social representado; f) Direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital na sociedade e qualquer que seja o valor de sua participação; g) Distribuição dos resultados proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; h) Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.

2.1.3.7 Sociedades coligadas, controladoras e controladas

A coligação decorre da concentração de empresas, em que há uma relação

intersocietária que “implica o controle horizontal, sem vínculo de subordinação, e

com a participação entre sociedades, sem o efetivo controle”. Diz-se que as

sociedades são coligadas quando se dá a participação de uma sociedade no capital

da outra, com 10% ou mais, sem controlá-la. (GUSMÃO, 2007, p. 342).

Prossegue o autor:

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Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas “é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores”. (GUSMÃO, 2007, p. 342).

Sociedades coligadas para Mamede (2006, p. 203, grifo do autor):

[...] A possibilidade de haver sócios que sejam pessoas jurídicas nos coloca uma questão relevante: a titularidade de quotas ou ações de uma sociedade por outra; com efeito, uma sociedade pode ter por objeto social apenas a participação em outra sociedade, tirando justamente daí uma vantagem econômica; é a chamada holding ou sociedade de participações. O artigo 1.097 do Código Civil refere-se à coligação de sociedades afirmando considerarem-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação [...].

2.2 AS SOCIEDADES SIMPLES

2.2.1 Definição

A sociedade simples é um tipo de sociedade, onde os próprios sócios

executam a atividade explorada.

É adequada aos pequenos consultórios ou escritórios de advocacia, contabilidade, médicos, odontológicos e assemelhados que agrupam poucos profissionais, e reduzida clientela. São consideradas sociedades de pessoas e não de capital, onde os sócios atendem o cliente pessoalmente e com hora marcada. (ASSIS, 2004, p. 289).

“A sociedade simples, levando-se em conta o seu objeto, é definida

residualmente, é simples a sociedade que tem por objeto exercício de atividade que

não seja própria de empresa sujeita a registro (art. 982, do CC) [...]”. (RESTIFFE,

2006, p. 104).

Nos ensinamento de Assis (2004, p. 287) a definição de Sociedade simples:

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[...] é pessoa jurídica de direito privado, constituída para o exercício de atividade de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística ou para o exercício de atividade própria do empresário rural, cujos atos constitutivos (contrato social) estejam registrados no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.

2.2.2 O Registro das Sociedades Simples

A sociedade simples surge quando é feita a inscrição do respectivo contrato,

por instrumento particular ou público, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, no

local de sua sede. Se a sociedade tiver estabelecimento secundário, como filial,

sucursal ou agência, deverá esta ser averbada no Registro Público das Pessoas

Jurídicas, se constituída na circunscrição de outro Registro Público, para além

daquela averbação, é necessário inscrevê-la no Cartório daquela região, fazendo-se

acompanhar da prova da inscrição originária. (MAMEDE, 2006, p. 95).

No entendimento de Gusmão (2007, p.127-128), O art. 997 do Código

determina a natureza contratual das sociedades simples ao dispor que:

[...] a sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público [...]. Nos incisos, esse artigo relaciona as cláusulas essenciais que devem ser estipuladas pelas partes no contrato social: I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais e a firma ou denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se pessoas jurídicas; II – denominação, objeto, sede e prazo das sociedades; III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação pecuniária; IV – a quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la; V – as prestações a que se obriga o sócio cuja contribuição consista em serviços; VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade e seus poderes e atribuições; VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

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Nos 30 (trinta) dias subseqüentes à constituição da sociedade simples, o

contrato social e suas possíveis alterações devem ser arquivados no Registro Civil

das Pessoas Jurídicas no local de sua sede, sob pena de nulidade. (GUSMÃO,

2007).

2.3 O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

2.3.1 Definição

O empresário, pessoa física é equivalente ao empresário individual, sendo

que:

[...] é aquele que exerce pessoalmente atividade de empresário, onde também se obriga através de seu próprio nome, responde com seus bens pessoais, assume a responsabilidade ilimitada , incide pessoalmente em falência e pode requerer sua recuperação judicial ou extrajudicial. (GUSMÃO, 2007, p. 21).

Seu patrimônio é único e indivisível, ou seja, o patrimônio pessoal se

confunde com o do estabelecimento, todavia o credor deve exaurir primeiro os bens

ligados a atividade do empresário, se estes forem insuficientes para a satisfação do

crédito, poderá pleitear os bens pessoais do empresário individual, devendo atender

o princípio da execução menos gravosa para o devedor. (GUSMÃO, 2007).

O art. 3º da LC nº 123, que instituiu o novo Estatuto Nacional das

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, incluiu como beneficiários, além das

sociedades empresárias e sociedade simples, o empresário a que se refere o art.

966 do Código Civil Brasileiro que diz: “Considera-se empresário quem exerce

profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de

bens ou de serviços”. (2007, p. 196).

Segundo os ensinamentos de Coelho (2006, p. 19 -22):

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O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, denomina-se empresário individual; no segundo, sociedade empresária. [...] As regras que são aplicáveis ao empresário individual não se aplicam aos sócios da sociedade empresária, é muito importante apreender isto [...] O empresário individual, em regra, não explora atividade economicamente importante. Em primeiro lugar, porque negócios de vulto exigem naturalmente grandes investimentos. Além disso, o risco de insucesso, inerente a empreendimento de qualquer natureza e tamanho, é proporcional às dimensões do negócio: quanto maior e mais complexa a atividade, maiores os riscos.

Considerando ainda definição de empresário individual, cabe observar que o

comerciante individual tem que usar firma ou razão individual, constituída com o

nome pessoal registrado, com acréscimo, ou não, de alguma designação pessoal ou

do ramo de atividade (art. 1.156 CC).

A responsabilidade do empresário individual é ilimitada, respondendo ele com

todos os bens da empresa, e também com seus bens particulares. Isto porque, o

empresário individual não constitui pessoa jurídica, não há que se falar então de

separação entre seu patrimônio pessoal e o da empresa, ou entre dividas da

empresa e pessoais. Todavia para fins tributários usa-se a expressão “pessoa

jurídica” (impropriamente), para designar a parte do patrimônio individual aplicado na

empresa. Mas, em caso de execução o empresário individual terá tanto os bens da

empresa penhorados, como os seus particulares. (FUHRER, 2004).

2.4 A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE

2.4.1 Definição

Para os efeitos da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,

através da qual, institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de

Pequeno Porte, no se artigo 3º prescreve que:

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Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresa ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei 10.406, de 10.01.2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I – no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano- calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). (BRASIL, 2006).

Sobre a definição de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, salienta-se

a opinião de Silva (2007, p. 37):

Numa abrangência que sequer pode se comparar com as Leis 9.317/96 e 9.841/99, ambas com vigência até 30.06.07, a Lei Complementar 123/06 ao definir o que são umas e o que são outras, o fez já incorporando conceitos da Lei 10.406/02 – novo Código Civil Brasileiro. Contrariamente, para se encontrar a definição destes segmentos empresariais, o vigente Estatuto – Lei 9.841/99 – tem por fundo exclusivamente a característica de que os respectivos beneficiários sejam pessoas jurídicas, distinguindo que Microempresa seria a que, no ano-calendário tivesse auferido receita bruta de determinada importância, enquanto que a Empresa de Pequeno Porte, nas mesmas condições, seria aquela que tivesse auferido receita bruta de outra importância.

Segundo a opinião de Lima (2006, p. 01) a definição de Microempresa e

Empresa de Pequeno Porte, estabelecida na Lei:

A sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que no caso das Microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, auferir, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); e no caso das Empresas de Pequeno Porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que auferir, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

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Analisando a questão conceitual de Microempresa e Empresa de Pequeno

Porte, nota-se que não há divergência entre os doutrinadores. Vale ressaltar ainda o

que afirma Fazzio (2006, p. 63-64): “Microempresa e Empresa de pequeno porte são

agentes econômicos, conquanto diferenciados, quanto à dimensão negocial.”

A definição de Microempresa e Empresa de Pequeno porte no art. 3º da Lei

Complementar 123/06, o legislador fala sobre receita bruta e ano-calendário,

ressalta-se os conceitos desses dois elementos segundo Silva e Limiro (2007, p. 43-

44):

Um dos elementos integrantes do conceito de Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte é a receita bruta auferida por qualquer destas, o que significa o produto de venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (art. 3º, par.1º). [...] ano calendário significa o ano anterior ao exercício atual, ou seja, se estamos no exercício de 2007, o ano calendário será o de 2006.[...]. Mas pode ocorrer que a atividade do microempresário ou do empresário de pequeno porte tenha início no próprio ano calendário, e, nesta hipótese, o limite será proporcional ao número de meses em que a beneficiária houver exercido atividade, inclusive as frações de meses, conforme parágrafo segundo do mesmo art. 3º.

2.4.2 Definição de Empresa

Para entender melhor a definição de microempresa, faz-se necessário

apresentar o conceito de empresa.

Neste sentido, preleciona Almeida (2005, p. 23):

Empresa é a organização econômica destinada à produção ou circulação de bens ou serviços. A atividade é seu elemento funcional, a que se acrescentam outros elementos: o subjetivo (o empresário), o objetivo (o estabelecimento) e o corporativo (os empregados).

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Quanto ao conceito de empresa, destaca-se Coelho (2004, p. 19):

Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem a natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial (coisa).

Para Mendonça ([s.d] apud DORIA, 1998, p. 47) Empresa é:

[...] é a organização técnico-econômica que se propõe a produzir, mediante a combinação dos diversos elementos, natureza, trabalho e capital, bens ou serviços destinados à troca (venda), com a esperança de realizar lucros, correndo os riscos por conta do empresário, isto é, daquele que reúne, coordena e dirige esses elementos sob a sua responsabilidade.

Consoante é a opinião de Spencer Vampré (1921 apud DORIA, 1998, p. 47):

Empresa é a organização econômica, que se propõe a obter mediante a combinação da natureza, do trabalho e do capital, produtos destinados a troca, correndo os riscos por conta de uma pessoa, que reúne e dirige esses elementos sob sua responsabilidade.

No entanto para Doria (1998, p. 48), preconiza a idéia de que:

[...] Não há um conceito uniforme de empresa, nem mesmo uma larga margem conceitual comum, que possa ser levada em conta para um trabalho de elaboração científica a respeito. As dificuldades e perplexidades da doutrina, contudo, seriam superadas, com lembra o Prof. Rubéns Requião, se os juristas, ao invés de um conceito próprio de empresa, se resignassem a transpor, para o Direito, o seu conceito econômico. Se bem que, no campo jurídico, novas exigências formais se façam necessárias, não cremos que o fato conduza à desnaturação do conceito econômico da empresa [...]. [...] desse modo, sob o prisma do Direito Comercial, a empresa se traduz numa atividade exercida pelo empresário, sendo-lhes indiferentes o capital e o trabalho, quando olhados isoladamente, pois mais não são que bens e pessoas.[...].

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2.4.3 Histórico do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte

A seguir se fará um breve histórico do estatuto da microempresa e empresa

de pequeno porte, medidas estas adotadas pelo governo para propiciar um

atendimento diferenciado a estas empresas, este estatuto foi criado pela Lei nº

7.256, de 27.12.1984, através do qual estabelece normas integrantes do Estatuto da

Microempresa, referente ao tratamento diferenciado , simplificado e favorecido, no

âmbito administrativo, tributário, previdenciário trabalhista, creditício e de

desenvolvimento empresarial, foi a primeira medida legal introduzida no Brasil para

trazer benefícios e diferenciar a microempresa de outras empresas. (SILVA;

LIMIRO, 2007).

Mais tarde, com uma abrangência maior, foi criada a Lei nº 8.864, de

28.03.1994 que, cria normas para as microempresas (ME), e empresas de pequeno

porte (EPP), esta nova Lei traz um tratamento diferenciado e simplificado nos

campos administrativos, fiscal, previdenciário, trabalhista creditício e de

desenvolvimento empresarial. (SILVA; LIMIRO, 2007).

Esta nova Lei, que foi criada 10 anos após a Lei 7.256/84, se referia aos

mesmos princípios, porém acrescentou como beneficiária a Empresa de Pequeno

Porte (EPP). A definição de microempresa e empresa de pequeno porte, já era

definida através da receita bruta anual auferida pelas mesmas. (SILVA; LIMIRO,

2007).

Dois anos após, grandes forças representativas como o Sebrae e as

instituições de classes conseguiram junto ao Congresso Nacional, a aprovação da

Lei 9.317/96, de 05 de dezembro de 1996, que tratava do regime tributário das

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, institui o Sistema Integrado de

Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte – SIMPLES e dá outras providências. (SILVA; LIMIRO, 2007).

Esta Lei foi um grande avanço para a classe, principalmente no que se refere

a simplificação do recolhimento dos tributos em um único documento. No entanto foi

através da Lei 9.841, de 05 de outubro de 1999, que foi instituído o Estatuto da

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, atendendo então o que estava

prescrito na Constituição Federal nos artigos 170 e 179, pelo qual se exigia um

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tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido a esta classe empresarial.

(SILVA; LIMIRO, 2007).

Este Estatuto veio para simplificar muitos atos desta classe empresarial, como

por exemplo, o registro junto ao órgão competente, a dispensa de assinatura de

advogado no ato constitutivo bem como a não apresentação de algumas certidões,

entre outros.Embora esta Lei foi considerada um grande avanço para as

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, o que se observavam quatro anos

após sua vigência era um grande número de empresas informais em todos os

seguimentos da economia brasileira. (SILVA; LIMIRO, 2007).

Através de uma pesquisa realizada pelo IBGE em parceria com o Sebrae

chegou-se a um relatório considerado assustador, onde descrevia que: A economia

informal gerou, em 2003, R$ 17,6 bilhões de receita e ocupou um quarto dos

trabalhadores não-agrícolas do País, esta pesquisa foi feita em 2003, onde também

existiam na informalidade mais de 10 (dez) milhões de Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte que ocupavam aproximadamente 14 milhões de postos de

trabalho.(SILVA, LIMIRO, 2007).

Esta dura realidade, e também a pressão dos órgãos e entidades de classes,

sensibilizaram as autoridades para que fossem criadas medidas legais com o

intuito de facilitar a vida destes micro e pequenos empresários, assim como os

empresários individuais, e também com o objetivo de regularizar estes 10 (dez)

milhões que vivem na informalidade. (SILVA; LIMIRO, 2007).

Na Constituição da República Federativa do Brasil, no Título VII, que versa

sobre a Ordem Econômica e Financeira, no capítulo que trata dos Princípios Gerais

da Atividade Econômica no seu art. 170, inc.IX, diz que:

A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...} tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. (2007, p. 57).

Com a Emenda Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003, na redação

do seu parágrafo único na letra “d” do inc. III do art. 146, relata que:

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A lei complementar de que trata o inc. III, “d”, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observando que: I – será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III – o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (2007, p. 49).

Três anos após a vigência do referido artigo, mais precisamente no dia 14 de

dezembro de 2006, depois de muito esforço das classes empresariais e órgãos

organizados, publica-se então a Lei Complementar 123, com vigência imediata, à

exceção fica no regime tributário que entra em vigor no dia 01 de julho de 2007, esta

Lei instituiu o Estatuto Nacional das Microempresas e da Empresa de Pequeno

Porte, alterando os dispositivos das Leis 8.212 e 8.213, de 1991, o Dec. Lei 5.452

de 1943, a Lei 10.189 de 2001,a Lei Complementar 63, de 1990, e revoga também

a lei 9.317 de 1996, e 9.841, de 1999. (SILVA; LIMIRO, 2007).

O Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte traz

um conjunto de normas que firmam um tratamento diferenciado e favorecido, no

âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Estes benefícios são colocados em 14 itens, que são os seguintes:

Administração do Estatuto Nacional; Definição de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte; Inscrição e baixa simplificadas; Recolhimento de tributos e contribuições; Acesso aos Mercados; Simplificação das relações de trabalho; Fiscalização orientadora; Associativismo; Estímulo ao Crédito e a capitalização; Estímulo a inovação; Regras civis e empresariais; Acesso a justiça; Apoio a representação. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 21).

Esta nova Lei Geral veio trazer tanto a classe empresarial quanto ao Estado

muitas expectativas, destaca-se o posicionamento do SEBRAE:

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Os empresários de micro e pequenas empresas começaram 2007 com o pé direito. Depois de mais de três anos de luta, conseguiram a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Essa Lei tem por base proposta elaborada pelo Sebrae a partir de sugestões do segmento. [...] A Lei promove melhoria no ambiente geral para esses negócios [...]. (REVISTA SEBRAE, 2007).

Nesse sentido, também segundo reportagem do Diário Catarinense através

de Graziele Dal-bo, descreve que:

A aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (Conhecida como supersimples) pode gerar 100 mil novos empregos em Santa Catarina ao longo dos próximos três anos, calcula o Movimento Nacional da Micro e Pequena Empresa (monampe). A medida vai beneficiar as 152 mil micro e pequenas empresas formais existentes no Estado e incentivar as outras 350 mil que estão na informalidade a fazerem seus registros. [...] os microempresários são unânimes em revelar qual o maior problema para quem abre seu próprio negócio: a alta carga tributária que tem que pagar. A expectativa do governo é que a lei permita a criação ou formalização de um milhão de empresas e, com isso, a geração de dois milhões a três milhões de empregos formais [...]. (DAL-BÓ, 2006, p.16).

São grandes os privilégios aos destinatários desta nova Lei no entendimento

de Silva e Limiro:

Na análise da Lei Complementar 123/06 salta aos olhos a vontade política e legislativa para que os respectivos instrumentos na verdadeira consecução dos objetivos dos empresários, das microempresas e das empresas de pequeno porte, definitivamente, venham a existir e funcionem com perfeição nos seus diversos níveis. É como se o legislador, pagando um tributo a estes a te então sofridos segmentos da economia brasileira, lançasse-lhes um tapete aveludado numa ampla e confortável sala, na qual estão disponíveis todos os recursos, informações, orientações , instrumentos etc., para os fins objetivados. (2007, p. 49-50).

2.4.4 Enquadramento das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

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O artigo 970 do Código Civil prevê que seja oferecido ao pequeno

empresário, um tratamento diferenciado, quanto à inscrição e aos efeitos

decorrentes, previsão esta que se harmoniza com o art. 170 da Constituição da

República. Tais empresas são beneficiárias de procedimentos simplificados para o

cumprimento de suas obrigações, visando a incentivá-las pela simplificação de suas

obrigações administrativas, tributárias,previdenciárias, e creditícias, através da

eliminação, ou redução destas[...] (MAMEDE, 2006).

Para se enquadrar como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, estas

deverão obedecer a certos requisitos, que de acordo com a Lei nº 123, de 14 de

dezembro de 2006, no seu art. 3º prescreve que “considera-se Microempresa, o

empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano calendário,

receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais)”, e nos

caso de Empresa de Pequeno Porte o inciso II deste mesmo artigo prescreve“ [...] o

empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira em cada ano calendário,

receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou

inferior R$ 2.400,000,00 ( dois milhões e quatrocentos mil reais). (BRASIL, 2006).

Quanto aos atos constitutivos das Microempresas e empresas de pequeno

porte, prescreve Silva e Limiro:

A parte final do transcrito art. 3º da Lei Complementar 123/06 determina que somente sejam consideradas sociedade empresaria, sociedade simples ou mesmo empresário – para efeitos desta lei – aqueles devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, além da existência dos respectivos valores determinantes para o enquadramento de Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte.[...] hoje, o Código Civil – fala-se somente em empresário e sociedade empresaria, e não mais “Empresas Mercantis”[...] ( 2007, p. 41).

Em se tratando de enquadramento da microempresa e empresas de pequeno

porte, segue Silva e Limiro:

[...] O enquadramento do empresário ou da sociedade simples ou empresária como microempresa ou empresa de pequeno porte, bem como o seu desenquadramento não implicarão alteração, denúncia, ou qualquer restrição em relação a contratos por elas anteriormente

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firmados. Quer isto dizer que a participação no Simples Nacional e mesmo a posterior saída dele, nada, mas absolutamente nada, significa a mínima alteração de qualquer natureza sobre os compromissos antes assumidos por qualquer interessado participante. (2007, p. 44).

Neste Capítulo foi elaborada uma breve definição sobre a microempresa e a

empresa de pequeno porte, a fim de conduzir este trabalho de pesquisa ao capítulo

seguinte, no qual serão enfocados tópicos atinentes ao super simples, sua definição,

optação, vedação e também sobre os tributos que o compõem, conforme previsto no

ordenamento jurídico, chegando-se ao tema principal e objeto de estudo deste

trabalho monográfico que é a tributação através do simples na microempresa,

empresa de pequeno porte, empresário individual, baseado nos benefícios da lei

geral da micro e pequena empresa.

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3 O SIMPLES NACIONAL 3.1 DEFINIÇÃO

As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, dificilmente conseguirão

competir com as grandes empresas. Diante desta situação, considerando a

importância destas empresas menores para a economia brasileira, qualquer

tratamento diferenciado a elas aplicado, seja para simplificar a burocracia fiscal,

seja para reduzir a carga tributária nelas incidentes, vem proporcionar um incentivo a

estas empresas.

E é em função deste incentivo, que foi criado a Lei Geral das Microempresas

e Empresas de Pequeno Porte, onde as empresas optarão por aderirem ao Simples

Nacional.

Ferreira; Vasconcelos; Cavalcanti (2007, p.72), lecionam sobre a definição do

Simples Nacional.

A Lei Complementar 123/2006 instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES NACIONAL que, a partir de 01/07/07, substituirá o SIMPLES da Lei 9.317/1996. O SIMPLES NACIONAL é um regime de arrecadação, de caráter facultativo para o contribuinte.

No artigo 13 da Lei Complementar nº 123, dispõe sobre os tributos que

compõe o Simples Nacional. (BRASIL, 2006, p. 05).

1. Imposto sobre a Renda da Pessoa jurídica – IRPJ; 2. Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 3. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; 4. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS; 5. Contribuição para o PIS; 6.Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica; 7. Imposto sobre Operações Relativas à circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS;

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8. Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza – ISS.

Para Silva e Limiro (2007, p. 31):

Embora disposições semelhantes existam no Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte – Lei 9.841/99 – as da presente Lei Complementar 123/06 se mostram mais fortes e revigoradas, com uma abrangência mais elástica e mais específica nos seus fins, até mesmo porque vêem dispostas no que agora o legislador denominou de Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.

3.2 OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL

Para as Empresas que já eram enquadradas na Lei 9.317/96, Lei do Simples

que vigorou até 30.06.07, a transferência para a nova Lei do Super Simples é

automática.

Ressalta-se o que diz o artigo 16, § 4º, da Lei Complementar 123/06:

Serão consideradas inscritas no Simples Nacional as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributário de que trata a Lei 9.317, de 05.12.2006, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedação imposta por esta Lei Complementar (BRASIL, 2006, p. 8).

Em se tratando de ser texto de Lei, não a controvérsia sobre este assunto,

todavia vale ressaltar o que nos diz Silva e Limiro (2007, p. 78):

Produzindo efeitos desde janeiro de 1997, a Lei 9.317/96 (Lei do Simples) regulará, até 30.06.07, os respectivos benefícios às diversas microempresas e empresas de pequeno porte. Estas, para se enquadrarem no regime da Lei Complementar 123/06, não terão a necessidade de fazer nova opção, pois serão consideradas inscritas no Simples Nacional.

Já no caso de Empresas que não são enquadradas na Lei 9.317/96, estas

devem agir assim:

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As microempresas e empresas de pequeno porte enquadradas para os efeitos do estatuto Nacional devem optar em separado pelo SIMPLES Nacional, segundo as formalidades a serem aprovadas pelo Comitê Gestor. Isso decorre do fato de a LC 123/2006 ter estabelecido restrições específicas para as empresas usufruírem do recolhimento simplificado de tributos. Assim, algumas microempresas e empresas de pequeno porte estarão enquadradas para todos os efeitos legais, inclusive em relação aos benefícios tributários. Outras, apesar de enquadradas no Estatuto Nacional, não poderão recolher os seus tributos através do Simples Nacional. A opção pelo Simples Nacional terá validade para o ano-calendário e poderá ser realizada por microempresa ou empresa de pequeno porte, cuja receita bruta do ano anterior não tenha ultrapassado os limites anuais de R$ 240.000,00 ou R$ 2.400.000,00. A opção realizada até o ultimo dia útil do mês de janeiro produzirá efeitos a partir do primeiro dia do próprio ano-calendário. No caso de nova empresa, a opção produzirá efeitos a partir da data de inicio das atividades, desde que exercida nos termos, prazos e condições a serem estabelecidas pelo Comitê Gestor. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 76-77).

No art. 4º da Lei Complementar 123/06, que trata da Inscrição e da Baixa

das Empresa optantes pelo Simples Nacional, prescreve que:

Art. 4º Na elaboração de normas de sua competência, os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbito do governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário.

A burocracia não pode ser motivo impeditivo, para que as Empresas se

enquadrem no novo sistema do Simples Nacional, observa-se a opinião de Silva e

Limiro (2007, p. 49), no que diz respeito a este artigo:

A nosso ver, a burocracia pode ser um dos grandes , o maior talvez, de diversos obstáculos que poderão surgir para a efetiva implementação do SIMPLES NACIONAL nos níveis da União ,

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Estados/ Distrito Federal e municípios. É que, por exemplo, quando da abertura ou do fechamento de qualquer microempresa ou empresa de pequeno porte, necessariamente a mesma tem que reportar-se aos órgãos ou entidades envolvidas nos três âmbitos do governo. Estes, por seu turno têm a obrigação legal de unificar os respectivos procedimentos para tais fins, até mesmo por se constituir tal medida não somente uma inovação, mas também para se alcançar a rapidez e a simplicidade que se busca pela Lei Complementar 123/06. O novo Estatuto Nacional não deixa a menor dúvida de que todos os envolvidos deverão se acertar reciprocamente para que o procedimento tanto da inscrição quanto da respectiva baixa dos atos dos seguimentos beneficiados seja uno. Assim, na elaboração de normas de sua competência, os órgãos e entidades envolvidas na abertura e fechamento de empresas, dos três âmbitos de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário (art. 4º).

O legislador, no art. 5º da Lei Complementar 123/06, garantiu uma ampla

forma de informar e orientar os usuários para que os órgãos e pessoas interessadas

pudessem ter acesso, e com isso a certeza e a viabilidade de se enquadrar ou não

no Super Simples. Art. 5º Os órgão e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos do governo, no âmbito de suas atribuições, deverão manter a disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial de computadores, informações, orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover ao usuário certeza quanto à documentação exigível e quanto a viabilidade do registro ou inscrição. (BRASIL, 2006, p. 04).

Sobre o comentário deste artigo, segue a opinião de Silva e Limiro, (2007, p.

50):

Não só fisicamente, mas também pela internet, prescreveu o legislador a obrigação dos órgãos dos três âmbitos de governo envolvidos nos processos de registro, inscrição, alteração, baixa, quanto aos interessados. Igualmente, colocou-lhes também a disposição a rede mundial de computadores para que, do conforto

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do local onde se encontrem os representantes dos segmentos interessados possam acessar, como se presentes estivessem, todas as informações necessárias aos seus respectivos interesses. Desta forma, os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, deverão manter à disposição dos usuários, de forma presencial e pela rede mundial, informações, orientações e instrumentos, de forma integrada e consolidada, que permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover ao usuário certeza quanto à documentação exigida e quanto à viabilidade do registro ou inscrição (art. 5º).

O sistema tributário desta nova Lei é um sistema favorecido e somente

poderá fazer jus a ele as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte que

apresentarem certas condições exigidas por Lei.

“A grande novidade da Lei Complementar 123/06 é a inclusão de vários

setores prestadores de serviços antes não contemplados pelo Simples”.

(FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 77).

Dentre outras, são atividades admitidas no Simples Nacional, desde que não

sejam realizadas juntamente com atividades vedadas:

1. Serviços de reparo hidráulico, elétricos, pintura e carpintária em residências ou estabelecimentos civis ou empresariais, bem como manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos; 2. Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada; 3. Creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental; 4. Agência terceirizada de correios; 5. Agência de viagem e turismo; 6. Centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; 7. Agência lotérica; 8. Serviço de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus, outros veículos pesados, tratores, máquinas e equipamentos agrícolas; 9. Serviços de instalação, manutenção e raparação de acessórios para veículos automotores; 10. Serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; 11. Serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; 12. Serviços de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado, refrigeração, ventilação, aquecimento e tratamento de ar em ambientes controlados; 13. Veículos de comunicação, de radiodifusão sonora e de sons e imagens, e mídia externa; 14. Transporte municipal de passageiros;

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15. Empresas montadoras de estandes para feiras; 16. escola livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais; 17. Produção cultural e artística; 18. produção cinematográfica e de artes cênicas; 19. cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros; 20. Academias de dança; de capoeira; de ioga e de artes marciais; 21. Academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esportes; 22. Elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do optante; 23. Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; 24. Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante; 25. Escritórios de serviços contábeis; 26. Serviços de vigilância, limpeza ou conservação; (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 77-78).

Além dessas atividades descritas acima, cita-se o § 2º do art. 17 da Lei

Complementar nº 123/06: ”Poderão optar pelo Simples Nacional sociedades que se

dediquem exclusivamente à prestação de outros serviços que não tenham sido

objeto de vedação expressa no caput deste artigo”.

3.3 VEDAÇÕES DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL

O sistema tributário instituído pelo Simples Nacional, como se viu é um

Regime Unificado de Arrecadação, que abrange os tributos e contribuições devidos

pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, nos âmbitos federal, estadual

e municipal, a aplicação integral da Lei Geral depende da sua regulamentação na

esfera dos três poderes, todavia existe vedações ao ingresso no Simples Nacional,

observa-se o que prescreve o art. 17 da Lei complementar 123/06:

Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou Empresa de Pequeno Porte: I- que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos,

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administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos, compras de direito creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II- que tenha sócio domiciliado no exterior; III- de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV- que preste serviços de comunicação V- que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI- que preste serviços de transportes intermunicipal e interestadual de passageiros; VII- que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII- que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX- que exerça atividade de importação de combustíveis; X- que exerça atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas, cigarros, armas, bem como de outros produtos tributados pelo IPI com alíquota ad valorem superior a 20% (vinte por cento) ou com alíquota específica; XI- que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor,de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios; XII- que realize cessão ou locação de mão-de-obra; XIII- que realize atividade de consultoria; XIV- que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis;

Vale ressaltar a opinião de Silva e Limiro (2007, p. 80):

Não basta ostentar a condição de Microempresa, Empresa de Pequeno Porte ou Empresário Individual para se poder fazer a opção pelo Simples Nacional e obter os respectivos benefícios. Para acesso ao regime de arrecadação unificado instituído pelo legislador complementar, a pessoa jurídica ou empresário individual deverá não só estar dentro dos limites da receita bruta anual prevista no art. 3º, incs. I e II (critério quantitativo de natureza objetiva), como deverá atender a outra série de critérios ligados diretamente a características pessoais do contribuinte, ou critérios qualitativos de natureza subjetiva, referentes à distribuição do capital ou composição societária da empresa, ou quanto a atividade desempenhada ou natureza das operações, ou ainda relacionado à regularidade fiscal. Nos serviços acima listados, o legislador vedou, assim o ingresso de determinados segmentos da economia brasileira, mesmo preenchendo os requisitos dos incs I e II do art. 3º LC 123/06. Assim, não obstante poderem ostentar a condições de Microempresa e Empresas de Pequeno Porte, inclusive fazendo jus

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a uma série de tratamentos vantajosos conferidos pela Lc 123/06, não poderão, todavia, “recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional”.

A Lei Complementar nº 123/06 apresenta no seu art. 3º, muita clareza

quanto aos beneficiários desta Lei, parecendo proporcionar um entendimento

genérico de que todos os que se enquadram neste artigo, podem usufruir de tais

benefícios, porém a verdade não é bem esta, conforme veremos na lista dos

excluídos abaixo transcrita, muitos deles trazem todos os fundamentos exigidos

para a caracterização de empresário, sociedade empresária ou sociedade simples.

Entretanto, pelas características próprias destas seguintes pessoas jurídicas,

quis o legislador que nenhuma dessas empresas, fossem beneficiária dos

privilégios deste novo Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte. Chama-se a atenção que, a par destas vedações, o legislador

determinou que não se incluísse no regime diferenciado e favorecido previsto nesta

Lei Complementar, para nenhum efeito legal. (SILVA; LIMIRO, 2007):

Transcreve-se o § 4º do art. 3º da LC nº 123/06:

Art. 3º [...] Parágrafo 4º - Não se exclui no regime diferenciado e favorecido previsto nesta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: I – de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II – que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, da pessoa jurídica com sede no exterior; III – de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário, ou seja, sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei complementar, desde que a recita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inc.II do caput deste artigo; IV – cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inc. II do caput deste artigo; V – cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inc. II do caput deste artigo; VI – constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII – que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII – que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de

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empresas de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX – resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X – constituída sob a forma de sociedade por ações. (BRASIL, 2006, p. 02).

Salienta-se a opinião de Silva e Limiro (2007, p. 45-46):

Por outro lado, o disposto nos incs. IV (cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite R$ 2.400.000,00; e VII ( que participe do capital de outra pessoa jurídica) não se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio previsto nesta Lei Complementar, e associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.

A Lei Complementar 123/06 pode se dizer que exauriu, a totalidade daqueles

seguimentos que absolutamente não poderão fazer sua opção pelo Simples

Nacional. As atividades e as empresas relacionadas acima, nenhum outro mais, o

que a Lei deixou bem claro ao prescrever que poderão optar pelo novo sistema

sociedades que se dediquem exclusivamente à prestação de outros serviços que

não tenham sido objeto de vedação expressa nos 14 (quatorze) incisos expressos

no caput do art. 17 da Lei. (SILVA; LIMIRO, 2007).

3.4 OS TRIBUTOS QUE COMPÕEM O SIMPLES NACIONAL

Ressalta-se a seguir os tributos pelas quais as empresas optantes pelo

SIMPLES NACIONAL devem recolher, de acordo com o art. 13 da Lei

Complementar nº 123/06:

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Art. 13 O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: I – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ; II – Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, observado o disposto no inc. XII do parágrafo 1º deste artigo; III – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; IV – Contribuição para o Financiamento da seguridade Social – Cofins, observado o disposto no inc. XII do parágrafo 1º deste artigo; V – Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inc. XII do parágrafo 1º deste artigo; VI – Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei 8.212, de 24.07.1991, exceto no caso das pessoas jurídicas que se dediquem às atividades de prestação de serviços previstas nos incs. XIII a XXVIII do parágrafo 1º e no parágrafo 2º do art. 17 desta Lei Complementar; VII – Imposto sobre operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS; VIII – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. Parágrafo 1º - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:

Sobre os impostos que compõe o Simples Nacional, ressalta-se os

ensinamentos de Silva e Limiro (2007, p. 66, 67):

A Emenda Constitucional 42/03 procurou conferir ao legislador complementar federal a possibilidade “instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”( parágrafo único acrescentado ao art. 146 da CF). Este comando está localizado em artigo constitucional (art.146) que reserva à lei elaborada com o quorum qualificado do artigo 69 da CF, a autorização para dispor apenas de normas gerais sobre o assunto. A norma geral não supre, nem dispensa, todavia, a necessidade de lei elaborada pelo próprio ente político, concordando que os tributos que estão dentro de sua competência tributária passem a integrar o novo sistema simplificado de arrecadação, em conformidade com o que foi estruturado pela lei complementar.

Observando tal autorização, é que foi arrolado através da Lei Complementar

123/06, os tributos citados acima, conforme o art. 13, são passíveis de serem

alcançados pelo novo sistema, cujo recolhimento mensal poderá se dar mediante

documento único de arrecadação. (SILVA; LIMIRO, 2007).

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3.4.1 Imposto sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza

O imposto de Renda como é conhecido é de competência da União Federal

conforme disposto no art.153, inc. III da CRFB/1988: “Compete a União instituir

impostos sobre: III – Renda e proventos de qualquer natureza”. (2007, p. 51).

E também está elencado no art. 43 do Código Tributário Nacional:

Art. 43 – O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1.º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. §. 2.º Na hipótese da receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.

O fato gerador do Imposto de Renda é considerado complexo, pois não se

concretiza por apenas um determinado fato econômico ou jurídico, o fato gerador do

imposto de Renda só se completa após a pratica de vários fatos econômicos, num

determinado período de tempo, e concretiza-se pela apuração de resultado positivo,

ou seja, o lucro, que será a base de cálculo do tributo.

Pode-se tomar como exemplo uma indústria de transformação: ela compra a

matéria-prima, bem como as embalagens etc, que são transformadas em um

produto, que geram encargos fiscais e sociais, e em seguida ser comercializada, o

que acarreta despesas, comissões de vendedores, fretes, mão-de-obra e outras

despesas, as quais geram outros encargos fiscais e sociais.

Por essa razão, para avaliação do resultado dessas operações é preciso um

determinado período temporal, onde as empresas devem fazer suas declarações do

Imposto de Renda anualmente. (FABRETTI, 2006).

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Quanto ao fato gerador do Imposto de Renda relata Fabretti (2006, p.123-

124):

[...] é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou do provento.[...] A renda é definida, no inciso I do art. 43 do CTN, como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. Produto da aplicação de capital, pura e simplesmente, são, por exemplo: juros, aluguéis, dividendos etc. A remuneração do trabalho, com ou sem vínculo empregatício, são, por exemplo: salários (empregados), honorários (profissionais liberais), vencimentos (funcionários públicos), soldos (militares), pró-labore (sócios) etc. A combinação de aplicação de capital como por exemplo máquinas, mercadorias,matérias-primas e do trabalho é a característica principal da atividade empresarial, que, se bem administrada vai gerar lucro. Este e, portanto, o produto da aplicação do capital e trabalho combinados. [...] Os proventos de qualquer natureza são os acréscimos patrimoniais que não sejam resultantes da aplicação de capital, trabalho ou combinação de ambos.Exemplos: ganhos em loterias, heranças etc.

Sobre Imposto de Renda, preleciona Machado (2002, p. 273):

[...] O imposto de renda é de enorme importância no orçamento da União Federal, onde hoje figura como a principal fonte de receita tributária. Tem, portanto função nitidamente fiscal. É inegável também a importância do imposto de renda como instrumento de intervenção do Poder Público no domínio econômico [...]. [...] tendo em vista o disposto no artigo 153, inciso III, da Constituição Federal, e no art. 43 do Código tributário Nacional, podemos afirmar que o âmbito material de incidência do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos ou acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda.[...] [...] Em se tratando de pessoa jurídica, a base de cálculo do imposto é o lucro, que pode ser, conforme o critério de determinação, real, arbitrado e presumido.

3.4.2 Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI

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O Imposto sobre Produtos Industrializados ou IPI, como é mais conhecido,

está elencado na Constituição Federal no art.153, inc. IV. “[...] IV – produtos

industrializados”.

E também no art. 46 do CTN, in verbis:

Art.46 - O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I – o seu desembaraço, aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II – a sua saída de estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do art. 51; III – a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

O imposto sobre produtos industrializados, pertence a competência da União

Federal, já era assim antes, quando este imposto tinha outros nomes, como por

exemplo imposto de consumo.

A Competência é da União, que deverá repassar para os Estados, Distrito

Federal e municípios, conforme a determinação da Constituição Federal em seu art.

159, in verbis:

Art.159. A União entregará: I – do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, quarenta e sete por cento na seguinte forma: a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos municípios; c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; II – do produto da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados;[...] [...] Parágrafo 3º. Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do

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inciso II, observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II [...].

Sobre Imposto sobre Produtos Industrializados, preleciona Machado:

A competência para instituir e cobrar o imposto sobre produtos industrializados constitui significativa parcela de poder político que se concentra em mãos do Governo Federal, não obstante considerável parcela de sua arrecadação seja destinada aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do art. 159, incisos I e II, da Constituição de 1988. [...] o imposto sobre produtos industrializados tem papel da maior relevância no orçamento da União Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Foi, até a pouco tempo, o tributo de maior expressão como fonte de receita, posição que vem sendo ocupada atualmente pelo imposto de renda, provavelmente em razão de substanciais reduções operadas nas alíquotas do IPI, muitas das quais reduzidas a zero[...] (2002, p. 287).

Para Fabretti o Imposto sobre Produtos Industrializados é:

O IPI é, na realidade, também um imposto sobre a circulação econômica, e grava sua etapa inicial quando os bens são produzidos, ou industrializados. Sua sistemática é, por essa razão, semelhante à do ICMS na forma de escrituração e apuração do imposto devido. (2006, p.154).

Pretendeu-se que o IPI funcionasse como tributo de função extra-fiscal

proibitiva, com o intuito de tributar com mais rigor os denominados artigos de luxo,

ou supérfluos, como perfumes ou também aqueles de consumo desaconselhável,

como por exemplo as bebidas e os cigarros. (MACHADO, 2002).

No entanto, essa função proibitiva do IPI, jamais produziu os efeitos

desejáveis, pois ninguém deixou de beber ou de fumar porque tiveram um custo

maior, em razão da incidência exacerbada do imposto. (MACHADO, 2002).

Parece, assim, incontestável a predominância, no IPI, da função fiscal, e

embora deva ser ele um imposto seletivo, em função de sua essencialidade, pode-

se notar que o legislador não levou muito em conta o dispositivo constitucional, pois

a diversificação das alíquotas do IPI está, na prática, muito longe de fazer dele um

imposto seletivo. (MACHADO, 2002).

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Para um melhor entendimento, faz-se necessário saber a compreensão do

âmbito constitucional do imposto, o que se deve entender por produto

industrializado. Observa-se o conceito de produto industrializado para Machado:

[...] Considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. Delimitou também seu âmbito constitucional quanto ao aspécto temporal.[...] Registre-se que a legislação do IPI amplia o conceito de produto industrializado, nele incluindo operações como o simples acondicionamento, ou embalagem, que na verdade não lhe modificam a natureza, nem a finalidade, nem o aperfeiçoam para o consumo. Tal ampliação viola o art. 46, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Configura, outrossim, flagrante inconstitucionalidade, na medida em que o conceito de produto industrializado, utilizado pela Constituição para definir a competência tributária da União, não pode ser validamente ampliada pelo legislador ordinário. (2002, p. 289).

Neste sentido também preleciona Melo sobre produto industrializado:

Compreende-se por industrialização as atividades materiais de produção ou beneficiamento de bens, realizadas em massa, em série, estandardizadamente; os bens industrializados surgem como espécimes idênticos dentro de uma classe ou de uma série intensivamente produzida, sendo certo que industrializar, em suma, é conceito que reúne dois requisitos básicos e necessários quais sejam: a) alteração da configuração de um bem material; b) padronização e massificação. (2007, p. 422).

Antes de adentrar nas diversas espécies de Contribuição Social, vale

ressaltar o conceito desta importante modalidade de arrecadação, neste sentido

preleciona Torres:

A contribuição social é a contraprestação devida pela seguridade social e outros benefícios na área social garantidos pelo Estado a determinado grupo da sociedade, de que decorra benefício especial para o cidadão que dele participa.[...]. A contribuição social é forma de financiamento direto da seguridade e dos direitos sociais, pelos que participam do mesmo grupo econômico, assim na posição de patrão que na de empregado; mas nos últimos anos, veio assumindo também a forma de financiamento indireto, à moda dos impostos, como acontece com o PIS/PASEP, a COFINS, a CSLL e a CPMF. Um de seus fundamentos é a destinação constitucional à seguridade social, à educação ou a cultura [...]

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[...] O fato gerador pode consistir no recebimento do salário em folha de pagamento ou no ingresso de receita ( COFINS), no lucro líquido (CSLL), na movimentação financeira (CPMF), na importação (COFINS-importação), etc. ( 2007, p. 408- 409).

3.4.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL A Contribuição Social do empregador sobre o lucro das pessoas jurídicas foi

instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988 (DOU de 16-12-88).

A CRFB/1988 dispõe em seu art.195 que:

Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro [...]. (2007, p. 60).

O art. 2º da Lei nº 7.689/88 dispõe: “A base de cálculo da contribuição é o

valor do resultado do exercício, antes da provisão para o Imposto sobre a Renda”.

3.4.4 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS

A Contribuição Social sobre o faturamento (COFINS) foi instituída pela Lei

Complementar nº 70/91, que dispõe:

Art. 1º Sem prejuízo da cobrança das contribuições para o Programa de Integração Social – PIS e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP fica instituída contribuição social para financiamento da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art.195 da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas, inclusive as a elas equiparadas pela legislação do Imposto sobre a Renda, destinadas exclusivamente às despesas com atividades-fins das áreas de saúde, previdência e assistência-social.

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Segundo o art. 149 da Constituição Federal “Compete a União instituir

Contribuições Sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das

categorias profissionais ou econômicas, com instrumento de sua atuação nas

respectivas áreas” (2007, p. 71)..

Sobre esta modalidade de Contribuição Social observa-se o que preleciona

Machado:

[...] Essas contribuições sociais caracterizam-se pela correspondente finalidade, não pela destinação do produto da respectiva cobrança, mas pela finalidade da instituição, que induz a idéia de vinculação de órgãos específicos do Poder Público à relação jurídica com o respectivo contribuinte [...]. [...] As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, bem como as contribuições de seguridade social, ostentam nítida função parafiscal. Destinam-se a suprir de recursos financeiros entidades do Poder Público com atribuições específicas, desvinculadas do Tesouro Nacional, no sentido de que dispõem de orçamento próprio [...] [...] A Contribuição denominada COFINS, que substitui o contestado Finsocial, tem como base de cálculo o faturamento das empresas. Sua alíquota, atualmente, é de 3% (três por cento). (2002, p. 362).

3.4.5 Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS

A Contribuição para o Programa de Integração Social foi instituída pela Lei

Complementar nº 07/70, que incide sobre o faturamento.

O PIS tornou-se um tributo não cumulativo através das Leis nº 10.637/02, em

seus artigos 1º a 12 que alteraram a legislação do PIS e da COFINS para adaptar

esses dois tributos às normas iguais, tornando assim os dois tributos não

cumulativos como regra geral. (FABRETTI, 2006, p.176).

O PIS tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total

de receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação

ou classificação contábil. (FABRETTI, 2006, p.178).

Tanto no PIS como na COFINS, está previsto a dedução de crédito referente

a despesas diversas, como por exemplo energia elétrica, aluguéis, depreciação etc.

(FABRETTI, 2006, p.179).

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3.4.6 Contribuição para a Seguridade Social a Cargo da Pessoa Jurídica

Esta modalidade de contribuição para a Seguridade Social é que está descrita

no artigo 22 da Lei nº 8.212/91.

Sobre essa modalidade de Contribuição destaca-se o que diz Machado: “As

contribuições de seguridade social constituem a espécie de contribuições sociais

cujo regime jurídico tem suas bases mais bem definidas na vigente constituição”.

(MACHADO, 2002, p. 366).

3.4.7 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação – ICMS

O ICMS é um imposto de competência dos Estados e do Distrito Federal,

segundo o que dispõe o art. 155 da Constituição Federal:

Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II – Operações relativas a circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Sobre a competência do ICMS, preleciona Machado:

[...] Competente para a cobrança do ICMS é o Estado em que se verifica a sua hipótese de incidência. Esta regra, todavia, não produz os efeitos práticos desejados em virtude da não cumulatividade do imposto, técnica da qual em muitos casos decorrem sérias distorções, com favorecimento dos Estados predominantemente produtores, em detrimento daqueles predominantemente consumidores. Em se tratando de mercadoria importada, a competência para cobrar o ICMS é do Estado em que está situado o estabelecimento

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importador. Não aquele no qual a mercadoria ingressa no território nacional.[...]. (2002, p. 314).

Sobre o fato gerador do ICMS, define Torres:

O fato gerador do ICMS é definido pela própria CF. Aparece ampliado no texto de 1988, compreendendo não só “as operações de circulação de mercadorias” como também as “prestações de serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação”, “ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior”. Absorveu os fatos geradores dos extintos impostos únicos sobre minerais, energia elétrica e combustíveis líquidos e gasosos. [...] Todo ato jurídico que implique circulação econômica de mercadoria, independentemente de sua categoria ou de sua natureza gratuita ou onerosa, será fato gerador do ICMS; da mesma forma as situações jurídicas que legitimem a circulação econômica, como, por exemplo, a situação do industrial e do comerciante que promovem as remessas de mercadoria de um para outro de seus estabelecimentos, bem como o auto-consumo da mercadoria sem a sua circulação física para fora do estabelecimento, posto que para o ICMS é indiferente que haja, ou não, a transferência de domínio.[...][...] há entretanto, alguns autores que reduzem o fato gerador do ICMS às operações que impliquem transferência de domínio[...]. A Lei Complementar 87/96 diz com clareza que “ a caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua” (art. 2º, par, 2º) e considera ocorrido no momento “da saída da mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular” (art. 12, I). (2007, p. 383-384).

Todavia, segundo o entendimento de Soares de Melo o ICMS não incidirá

sobre:

a) Sobre coisas corpóreas que não tenham a característica de mercadorias (bens de particulares); b) na alienação de bens do ativo imobilizado Poe quaisquer pessoas jurídica; c) na aplicação, emprego e fornecimento de bens pelos prestadores de serviços em geral, pelas entidades financeiras, etc; d) nas transferência de mercadoria de um para outro estabelecimento da mesma empresa (Súmula nº 166 do STJ); e) nas remessas de mercadoria para demonstração e/ou consignação; f) na mudança integral do estabelecimento da pessoa jurídica, mediante o deslocamento de seu patrimônio para outro local; g) na integralização de bens (máquinas, equipamentos, mobiliário, veículos, etc.) pela pessoa jurídica para constituição, ou

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ampliação, de uma outra empresa, em razão de constituir mero negócio societário (fusão, cisão, incorporação).

Nesta mesma linha jurídica encontram-se os transportes de bens realizados de um para outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica, por não configurarem efetivas prestações de serviços, que só se concebem diante da existência de negócio jurídico envolvendo duas pessoas (prestador e tomador), uma vez que é impossível a realização de contrato consigo mesmo. (2007, p. 451).

O ICMS é um tributo cuja função é predominantemente fiscal. É uma fonte

importantíssima de receita para os Estados e para o Distrito Federal. Todavia tem

sido utilizado também como função extrafiscal, embora não seja recomendado, em

virtude das práticas fraudulentas que o tratamento diferenciado pode estimular.A

Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o ICMS poderá ser seletivo, em

função da essencialidade das mercadorias e dos serviços.A concessão de isenção

do ICMS para atrair novos investimentos, é conhecida atualmente como sendo uma

guerra fiscal, através da qual os Estados desenvolvidos combatem o uso de

determinado incentivos fiscais pelos Estados pobres. (MACHADO, 2002, p.314).

A Constituição Federal apresenta como um dos objetivos fundamentais da

República:

[...] erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, inc. III). Quando a União proíbe instituir tributo que não seja igual em todo o território nacional ou implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em favor de outro, faz-se uma ressalva, autorizando ser admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, inc. I). (MACHADO, 2002, p. 315).

Estes incentivos concedidos pelos Estados considerados pobres estão de

acordo com o princípio Constitucional porque tendem a reduzir as desigualdades.

(MACHADO, 2002).

Como se viu, o ICMS é um imposto estadual, que incide sobre as operações

de circulação de mercadorias, prestação de serviços, transportes interestadual,

intermunicipal e de comunicações.

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3.4.8 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS

O Imposto sobre Serviços ou ISS está inserido no texto constitucional no

art.156, III, que dispõe o seguinte: “Compete aos municípios instituir impostos sobre:

[...] III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos

em lei complementar [...]”.

Sobre esta modalidade de tributo leciona Melo:

O cerne da materialidade do ISS não se restringe a “serviço”, mas a uma prestação de serviço, compreendendo um negócio (jurídico) pertinente a uma obrigação de “fazer”, de conformidade com as diretrizes do Direito Privado.[...] o conceito constitucional de serviço ( prestação de esforço humano a terceiros, com conteúdo econômico, em caráter negocial, sob regime de direito privado, tendente a obtenção de um bem material ou imaterial) abrange: a) obrigações de fazer ( e nenhuma outra); b) serviços submetidos ao regime de direito privado, não incluindo, portanto, o serviço público (porque este, além de sujeito ao regime de direito público, é imune a imposto, conforme o art. 150,VI, a, da Constituição); b) 1) que revelem conteúdo econômico, realizados em caráter negocial – o que afasta, desde logo, aqueles prestados “ a si mesmo” , ou em regime familiar ou desinteressadamente (afetivo, caritativo); b) 2) prestados sem relação de emprego – como definida pela legislação própria – excluído, pois, o trabalho efetuado em regime de subordinação [...] (2007, p. 471).

Competente para cobrar o ISS é o município, onde ocorre seu fato gerador,

vale dizer, a prestação de serviço. Nos termos do art. 12 do Decreto-lei nº 406, de

31.12.1968, considera-se local da prestação do serviço:

a) o do estabelecimento prestador ou, na falta de estabelecimento, o do domicílio do prestador;

b) no caso de construção civil, o local onde se efetuar a prestação.[...] estabelecimento na verdade é o local em que se encontram os equipamentos e instrumentos indispensáveis à prestação do serviço, o local em que se pratica a administração dessa prestação [...]. (MACHADO, 2002, p. 349).

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Sobre a função do ISS, é importante mencionar que é predominantemente

fiscal. É uma fonte de receita tributária de grande importância para os municípios.

Embora não tenham uma alíquota uniforme, não se pode dizer que não seja

considerado um imposto seletivo. (MACHADO, 2002).

Ainda, leciona Torres:

[...] O tributo incide sobre o serviço enquanto objeto de circulação econômica, que só se caracteriza com a habitualidade da prestação, a excluir os serviços prestados casualmente, e a lucratividade, assim entendida a intenção de obter vantagens econômicas com a atividade, ainda que o lucro seja invisível ou esteja embutido no rendimento de serviço paralelo. Mas para que possa o Município cobrar o imposto é necessário que o serviço conste na listagem da lei complementar, que é taxativa em sua globalidade, admitindo, porém, a interpretação extensiva com relação a cada qual dos serviços listados[...] ( 2007, p. 399 ).

O Imposto sobre Serviços, mais conhecido como ISS é de competência

municipal, sendo que o município competente para arrecadar tal tributo é o município

onde ocorre seu fato gerador, ou seja, a prestação do serviço.

3.4.9 Tributos não integrantes do Simples Nacional

As Empresas optantes pelo Simples Nacional devem continuar recolhendo, os

demais tributos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, que estiverem incluso no Simples Nacional, respondendo igualmente as

normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas.

Sobre estes tributos preleciona Ferreira; Vasconcelos; Cavalcanti, as

Empresas optantes pelo Simples Nacional contribuirão em separado para os

seguintes tributos federais, dentre outros que vierem a ser exigidos pela

administração tributária:

a) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou

Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF; b) Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros – II

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c) Imposto sobre a Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados – IE;

d) Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural – IPTR e) Imposto de Renda sobre os rendimentos ou ganhos líquidos

auferidos em aplicações de renda fixa ou variável, cuja tributação será definitiva;

f) Imposto de Renda sobre os ganhos de capital auferidos na alienação de bens do ativo permanente;

g) Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e direitos de natureza financeira – CPMF;

h) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS; i) Contribuição para manutenção da Seguridade Social,

relativa ao trabalhador; j) Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do

empresário, na qualidade de contribuinte individual; k) Imposto de Renda sobre pagamentos ou créditos efetuados

pela pessoa jurídica a pessoa física; l) PIS, COFINS, e IPI incidentes na importação de bens e

serviços. (2007, p. 81 ).

3.5 AS ALÍQUOTAS E O CÁLCULO DO VALOR A PAGAR NO SIMPLES

NACIONAL

As alíquotas do Simples Nacional serão calculada de acordo com as tabelas

constantes dos anexos da LC 123/06.

Estas tabelas de incidência são comuns às Microempresas e as Empresas de

Pequeno Porte.

Para apurar a alíquota a ser aplicada mensalmente, o contribuinte deve somar

as receitas auferidas nos últimos 12 meses anteriores ao mês da tributação, uma

vez obtido o faturamento, deverá compará-lo com as faixas de receita bruta da

respectiva tabela de incidência, para identificar a alíquota que deve ser aplicada

sobre a receita bruta daquele mês. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI,

2007).

Sobre as alíquotas do Simples Nacional preleciona Silva e Limiro:

O Simples Nacional estabelece diferenças na tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, variando tais diferenças se o objeto social for comércio, indústria ou serviço, ou seja, para cada segmento há uma tributação com alíquotas diferentes. Isto se deve, apesar da existência de contundentes

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críticas que dizem haver discriminação contra o segmento de serviços, a uma questão que o legislador abraçou no sentido de melhor se proporcionar (distribuir) justiça tributária aos segmentos favorecidos. (2007, p. 95).

É o que determina também o art. 18 da Lei Complementar nº 123/06, que

trata das alíquotas e base de cálculo:

Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte, optante do Simples Nacional, será determinado mediante aplicação da tabela do Anexo I desta Lei Complementar Parágrafo 1º Para efeito de determinação da alíquota, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração. Parágrafo 2º Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta acumulada constantes das tabelas dos anexos I a V desta Lei Complementar devem ser proporcionais ao número de meses de atividade no período [...]. (BRASIL, 2006, p. 04).

Alíquota e base de cálculo são figuras que fazem parte do elemento

quantitativo da hipótese de incidência tributária. A base de cálculo é a forma legal

prevista para dimensionar o fato gerador de um tributo. A alíquota, que pode ser

uma porcentagem (alíquota ad valorem), ou um valor fixado em lei associado a uma

unidade de medida (alíquota específica), é o critério matemático indicado em lei,

que junto com a base de cálculo, permitirá a apuração do valor de uma obrigação

tributária principal. (SILVA; LIMIRO, 2007, p. 91).

Na Lei Complementar 123/06, o legislador indicou como base de cálculo, para

todos os tributos sujeitos ao recolhimento unificado, o valor da receita bruta mensal.

Quantos as alíquotas, foram estabelecidos diversos percentuais previstos nas

tabelas anexas à LC 123/06, variando conforme a soma das respectivas receitas

brutas acumuladas nos 12 meses anteriores ao do período de apuração [...]. (

SILVA; LIMIRO, 2007).

As Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte que se dedicarem às

atividades comerciais obedecerão às alíquotas da tabela do anexo I da LC 123/06,

que abrange os tributos como IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, ICMS e INSS.

(FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

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A seguir poderá ser analisada a tabela 01 do Simples Nacional Comércio,

quanto às alíquotas, de acordo com a Lei Complementar 123/06:

Tabela 01 – Simples Nacional Comércio

Para melhor compreensão, será explanado um exemplo prático de uma

Microempresa comercial, que deverá se submeter à tabela 01, acima exposta:

Mês da tributação: março/2008 Receita do Mês de março/2008: R$ 13.000,00 Receitas auferidas entre março/2007 e fevereiro/2008: R$ 220.000,00 Alíquota da tabela 1 a ser aplicada sobre a receita mensal: 5,47% SIMPLES NACIONAL DEVIDO: 5,47% x R$ 13.000,00 = R$ 711,10 O valor de R$ 711,11 inclui o IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS, o INSS e o ICMS. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 84).

Como pode-se observar, com relação a tabela acima, a mesma, tem

aplicação específica no ramo comercial, e sua alíquota varia de 4% a 11,61%.

As Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte, que atuam no ramo de

atividades industriais, estão obrigadas ao recolhimento do IPI, acrescidos às

alíquotas da tabela aprovada pela Lei Complementar 123/06. (FERREIRA;

VASCONCELOS, CAVALCANTI, 2007).

Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Até 120.000,00 4,00 %

De 120.000,01 a 240.000,00 5,47 % De 240.000,01 a 360.000,00 6,84 % De 360.000,01 a 480.000,00 7,54 % De 480.000,01 a 600.000,00 7,60 % De 600.000,01 a 720.000,00 8,28 % De 720.000,01 a 840.000,00 8,36 % De 840.000,01 a 960.000,00 8,45 %

De 960.000,01 a 1.080.000,00 9,03 % De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,12 % De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 9,95 % De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 10,04 % DE 1.440.000,01 a 1.560.000,00 10,13 % De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 10,23 % De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 10,32 % De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 11,23 % De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 11,32 % De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 11,42 % De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 11,51 % De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 11,61 %

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A seguir poderá ser analisada a tabela 02 do Simples Nacional da indústria,

quanto às alíquotas, de acordo com a Lei Complementar 123/06:

Tabela 02 – Simples Nacional Indústria

No caso da indústria, observa-se através da tabela que a mesma, tem

aplicação específica para a indústria, e sua alíquota varia de 4,50% a 12,11%.

Da mesma maneira, para uma melhor assimilação do contexto, será

explanado um exemplo prático de uma Empresa de Pequeno Porte, que deverá

submeter-se à tabela 2, acima exposta:

Empresa de Pequeno Porte industrial Mês da tributação: janeiro/2008: Receita do mês de janeiro/2008: R$ 90.000,00 Receita acumulada entre janeiro/2007 e dezembro/2007: R$ 890.000,00 Alíquota a ser aplicada em janeiro/2008: 8,95% SIMPLES NACIONAL devido 8,95% x R$ 90.000,00 = R$ 8.055,00. O valor de R$ 8.055,00 inclui o IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS, o INSS, o IPI e o ICMS. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 85).

As empresas prestadoras de serviços se submetem a três tabelas de

incidências diferentes, conforme o tipo de serviço prestado. As atividades

relacionadas a seguir deverão obedecer a tabela 3, conforme, enumerada abaixo:

Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Até 120.000,00 4,50 %

De 120.000,01 a 240.000,00 5,97 % De 240.000,01 a 360.000,00 7,34 % De 360.000,01 a 480.000,00 8,04 % De 480.000,01 a 600.000,00 8,10 % De 600.000,01 a 720.000,00 8,78 % De 720.000,01 a 840.000,00 8,86 % De 840.000,01 a 960.000,00 8,95 %

De 960.000,01 a 1.080.000,00 9,53 % De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,62 % De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 10,45 % De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 10,54 % DE 1.440.000,01 a 1.560.000,00 10,63 % De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 10,73 % De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 10,82 % De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 11,73 % De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 11,82 % De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 11,92 % De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 12,01 % De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 12,11 %

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a) Creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental; b) Agência terceirizada de correios; c) Agência de viagem e turismo; d) Centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; e) Agência lotérica; f) Manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus , outros veículos pesados, tratores, máquinas e equipamentos agrícolas; g) Instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores; h) Manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; i) Serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; j) Reparos hidráulicos, elétricos, pintura e carpintaria em residências ou estabelecimento civis ou empresariais, bem como manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos; k) Instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado, refrigeração, ventilação, aquecimento e tratamento de ar em ambientes controlados; l) Veículos de comunicação, de radiodifusão sonora e de sons e imagens, e mídia externa. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 86-87).

Igualmente obedecerá a tabela 3 da Lei Complementar 123/06, as atividades

de locação de bens móveis, diminuídas do percentual do ISS, que não é devido

nesse tipo de atividade.

Quanto a locação de bens móveis, preleciona Silva e Limiro:

Aqui o legislador complementar age com grande acerto, tornando letra de lei o entendimento jurisprudencial que há tempos entendia que a locação de bens móveis não caracteriza serviço, eis que o ISS é tributo cujo fato gerador se traduz numa obrigação de fazer e a locação, envolvendo a cessão de uma parte à outra, por tempo determinado ou não, do uso e gozo de coisa não fungível, mediante retribuição, nada mais é do que obrigação de dar. (2007, p. 96).

Neste sentido, colhe-se julgado do Superior Tribunal de Justiça:

IMPOSTOS SOBRE SERVIÇOS – CONTRATO DE LOCAÇÃO. A terminologia constitucional do Imposto sobre Serviços revela o objeto da tributação. Conflita com a Lei Maior dispositivo que imponha o tributo considerado contrato de locação de bem móvel.

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Em Direito, os institutos, as expressões e os vocábulos têm sentido próprio, descabendo confundir a locação de serviços com a de móveis, práticas diversas regidas pelo Código Cívil, cujas definições são de observância inafastável – art.110 do CTNº (STF – RE 116.121/SP – DJU de 11.10.2000).

Analisar-se-á a tabela 03 do Simples Nacional relacionada a prestação de

serviços das atividades relacionada acima, quanto às alíquotas, de acordo com a Lei

Complementar 123/06:

Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquotas serviços Espec. Alíquotas locação de móveis

Até 120.000,00 6,00 % 4,00% De 120.000,01 a 240.000,00 8,21 % 5,42% De 240.000,01 a 360.000,00 10,26 % 6,76% De 360.000,01 a 480.000,00 11,31 % 7,47% De 480.000,01 a 600.000,00 11,40 % 7,53% De 600.000,01 a 720.000,00 12,42 % 8,19% De 720.000,01 a 840.000,00 12,54 % 8,28% De 840.000,01 a 960.000,00 12,68 % 8,37%

De 960.000,01 a 1.080.000,00 13,55 % 8,94% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 13,68 % 9,03% De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 14,93 % 9,93% De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 15,06 % 10,06% DE 1.440.000,01 a 1.560.000,00 15,20 % 10,20% De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 15,35 % 10,35% De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 15,48 % 10,48% De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 16,85 % 11,85% De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 16,98 % 11,98% De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 17,13 % 12,13% De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 17,27 % 12,27% De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 17,42 % 12,42%

Tabela 03 - Simples Nacional Serviços

Pode-se observar um exemplo prático neste tipo de atividade:

Microempresa com atividade sujeita às alíquotas da tabela 3 Mês da tributação: fevereiro/2008 Receita do Mês de fevereiro/2008: R$ 18.000,00 Receitas auferidas entre fevereiro/2007 e janeiro/2008: R$ 170.000,00 Alíquota da tabela 3 em fevereiro/2008: 8,21% SIMPLES NACIONAL DEVIDO: 8,21% x R$ 18.000,00 = R$ 1.477,80 O valor de R$ 1.477,80 inclui o IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS, o INSS e o ISS. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 88).

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A seguir será descrito as atividades que obedecerão a tabela 4, onde o INSS

a cargo da empresa corresponderá às alíquotas aplicáveis às outras empresas, sem

incidência das contribuições de terceiros e do salário-educação,são os seguintes

serviços: FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 88).

a) Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada; b) Transporte municipal de passageiros; c) Empresas montadoras de estandes para feiras; d) Escolas livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais; e) Produção cultural e artística; f) Produção cinematográfica e de artes cênicas

Tabela 04 – Simples Nacional, Serviços em Geral

A seguir será apresentado um exemplo de uma Empresa de Pequeno Porte

prestadora de serviços, sujeitos às alíquotas da Tabela 04: Mês da tributação: maio/2008 Receita do mês de maio/2008: R$ 50.000,00 Receita acumulada entre maio/ 2007 e abril/2008: R$ 425.000,00 Alíquota a ser aplicada em maio/2008: 8,49% SIMPLES NACIONAL devido: 8,49% x R$ 50.000,00 = R$ 4.245,00 O valor de R$ 4.245,00 inclui o IRPJ., a CSLL, o PIS, a COFINS e ISS.(FERREIRA, p.89, 2007).

Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota Até 120.000,00 4,50 %

De 120.000,01 a 240.000,00 6,54 % De 240.000,01 a 360.000,00 7,70 % De 360.000,01 a 480.000,00 8,49 % De 480.000,01 a 600.000,00 8,97 % De 600.000,01 a 720.000,00 9,78 % De 720.000,01 a 840.000,00 10,26 % De 840.000,01 a 960.000,00 10,76 %

De 960.000,01 a 1.080.000,00 11,51 % De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 12,00 % De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 12,80 % De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 13,25 % DE 1.440.000,01 a 1.560.000,00 13,70 % De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 14,15 % De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 14,60 % De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 15,05 % De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 15,50 % De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 15.95 % De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 16,40 % De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 16,85 %

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Segundo Ferreira; Vasconcelos; Cavalcanti: “A contribuição previdenciária

deve ser calculada e recolhida, conforme as normas aplicáveis as outras empresas

jurídicas, mas sem a incidência das contribuições para terceiros e do salário

educação”. (2007, p. 90).

Analisar-se-á quanto que uma empresa teria que recolher de tributos, se a

folha de salários do mês fosse de R$ 17.500,00:

Contribuição Patronal R$ 17.500,00 x 20% = R$ 3.500,00 Seguro de Acidentes do Trabalho R$ 17.500,00 x 1% = R$ 175,00 Contribuição Previdenciária Total = R$ 3.675,00 Somando os dois valores dos impostos explicados acima, teremos a carga tributária desta empresa que ficará assim: R$ 3.675,00 de Contribuição Previdenciária R$ 4.245,00 imposto unificado do Simples Nacional Total de R$ 7..920,00, carga tributaria de 15,84 % sobre a receita mensal da empresa. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI 2007, p. 90 ).

A próxima tabela a ser analisada será a tabela 05, pela qual são utilizadas

sobre as receitas mensais auferidas na prestação dos seguintes serviços:

a) Administração e locação de imóveis de terceiros; b) Academia de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais; c) Academia de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esporte; d) Elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do optante; e) Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; f) Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante; g) Escritórios de serviços contábeis; h) Serviço de vigilância, limpeza ou conservação; i) Outros serviços sem vedação expressa. (FERREIRA, VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 90).

As alíquotas da tabela 05 variam conforme o percentual da folha de salários,

acumuladas nos 12 meses anteriores ao Mês da tributação, a variação das alíquotas

se dá quando o valor da folha de salários e encargos for:

Nesse sentido preleciona Ferreira; Vasconcelos; Cavalcanti (2007, p. 91) :

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Maior ou igual a 40% da receita bruta acumulada no mesmo período (R=0,40); Menor do que 40% e maior ou igual a 35% do que a receita bruta no mesmo período (R= 0,35% e < 0,40%); Menor do que 35% e maior ou igual a 30% da receita bruta (R= 0,30 e < 0,35), e Menor do que 30% da receita bruta (R < 0,30).

Para efeitos do cumprimento da tabela 5 da LC 123/06, considera-se folha de

salários incluídos encargos, o valor pago nos 12 meses anteriores ao período da

apuração, a títulos de salários, pró-labore, acrescidos do montante efetivamente

recolhido a título de contribuição para a Seguridade Social e para o Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço. (SILVA; LIMIRO, 2007).

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

R=0,40 R= 0,35 E<0,40

R=0,30 E< 0,35

R< 0,30

Até 120.000,00 6,00 16,00 16,50 17,00 De 120.000,01 a 240.000,00 7,27 16,79 17,29 17,79 De 240.000,01 a 360.000,00 8,46 17,50 18,00 18,50 De 360.000,01 a 480.000,00 9,28 17,84 18,34 18,84 De 480.000,01 a 600.000,00 9,79 17,87 18,37 18,87 De 600.000,01 a 720.000,00 10,63 18,23 18,73 19,23 De 720.000,01 a 840.000,00 11,14 18,26 18,76 19,26 De 840.000,01 a 960.000,00 11,67 18,31 18,81 19,31

De 960.000,01 a 1.080.000,00 12,45 18,61 19,11 19,61 De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 12,97 18,65 19,15 19,65 De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 13,80 19,00 19,50 20,00 De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 14,28 19,00 19,50 20,00 DE 1.440.000,01 a 1.560.000,00 14,76 19,00 19,50 20,00 De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 15,24 19,00 19,50 20,00 De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 15,72 19,00 19,50 20,00 De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 16,20 19,00 19,50 20,00 De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 16,68 19,00 19,50 20,00 De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 17,16 19,00 19,50 20,00 De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 17,64 19,00 19,50 20,00 De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 18,50 19,00 19,50 20,00

Tabela 05 – Simples Nacional – Outros serviços

Neste caso a intenção do legislador foi favorecer as Microempresas que tem

folhas de salários mais altas, sendo assim, se esta folha de salários representar 40%

ou mais da receita bruta de uma Microempresa e pelas Empresa de Pequeno Porte,

ela terá as alíquotas mais baixas ( SILVA; LIMIRO, 2007).

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3.6 OS BENEFÍCIOS PELA OPTAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL

Os benefícios garantidos pelo Estatuto Nacional da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte têm o objetivo de promover o desenvolvimento

econômico e social da empresa, a fim de inseri-la com competência no mercado

nacional e internacional.

A Lei Geral criou novos benefícios, mantendo os existentes no antigo Estatuto –

Lei 9.841/99, cuja aplicação só se dava na esfera federal, hoje coma nova lei, foi

ampliado no âmbito dos poderes dos Estados, Distrito Federal e Municípios [...]

(FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

3.6.1 Da Inscrição e da Baixa

O capítulo III da Lei Complementar 123/06, no seu art. 4º versa sobre a

inscrição e baixa das empresas optantes pelo Simples Nacional, que deve ser

unificada no âmbito dos três governos, como descrito no art. 4º da Lei 123/06:

Art. 4º Na elaboração de normas de sua competência, os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos 3 (três) âmbitos de governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário.

3.6.2 Contratações Públicas

O capítulo V da Lei Complementar 123/06, versa sobre a participação das

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, no processo de licitação pública.

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A licitação é a forma pelo qual a administração pública seleciona as empresas

que irão fornecer os bens ou serviços ao governo, onde todas as compras feitas com

recursos públicos devem passar por um processo de licitação. (FERREIRA;

VASCONCELOS, VCAVALCANTI, 2007, p. 40).

E neste capítulo o legislador propicia as Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte alguns benefícios e vantagens, em relação às médias e grandes

empresas, na disputa pelo fornecimento de bens e serviços ao governo (FERREIRA;

VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

Sobre estes benefícios destaca-se o disposto no art. 44 da Lei Complementar 123/06:

Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Parágrafo 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. Parágrafo 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no parágrafo 1º deste artigo será de 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.

E ainda o art. 47 da mesma Lei:

Art. 47 Nas contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios, poderá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção de desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo a inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente.

3.6.3 Simplificação nas Relações de Trabalho

As microempresas e as Empresa de pequeno Porte, tem também no âmbito

trabalhista alguns benefícios, As microempresa e Empresas de Pequeno Porte serão

dispensadas das seguintes obrigações trabalhistas: Afixação de quadro de trabalho

em suas dependências; Anotação das férias dos empregados nos respectivos livros

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ou ficha de registro; empregar e matricular seus aprendizes nos Cursos dos Serviços

Nacionais de Aprendizagem; Ter posse do livro de Inspeção do Trabalho; e

Comunicar ao Ministério do Trabalho a concessão de férias coletivas. (FERREIRA;

VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p. 49).

3.6.4 Fiscalização Orientadora

Quanto a fiscalização relacionadas às normas trabalhista, sanitárias,

ambientais, metrológicas e de segurança, a fiscalização deve obedecer o critério de

dupla visita para lavratura do auto de infração, ou seja a primeira visita será sempre

com o objetivo de orientar.

Todavia este critério não será obedecido quando a infração constatada for por

falta de registro na carteira de trabalho do empregado, na ocorrência de

reincidência, fraude, resistência , embaraço a fiscalização, ou também quando a

empresa opera, por sua natureza alto grau de risco a ser definido pelos órgãos e

entidades competentes. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

3.6.5 Consórcio Simples

Sobre este aspecto, veja-se o que diz o art. 56 da Lei Complementar 123/06:

Art. 56 As microempresas ou empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão realizar negócios de compra e venda, de bens e serviços, para o mercado nacional e internacional, por meio de consórcio, por prazo indeterminado, nos termos e condições estabelecidos pelo Poder Executivo Federal.

3.6.6 Estímulo ao Crédito e Capitalização

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O estímulo ao crédito e a capitalização é um meio de criar condições para as

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, para que tenham opções ao

desenvolvimento econômico, e também impulsionar o potencial dessa classe

empresarial.

Sobre crédito e capitalização, veja-se o art. 57 da Lei Complementar 123/06:

Art. 57. O Poder Executivo federal proporá, sempre que necessário, medidas no sentido de melhorar o acesso das microempresas e empresas de pequeno porte aos mercados de crédito e de capitais, objetivando a redução do custo de transação, a elevação da eficiência alocativa, o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto informacional, em especial ao acesso e portabilidade das informações cadastrais relativas ao crédito.

3.6.7 Estímulo à Inovação

A crescente inovação tecnológica como estratégia das empresas para um

melhor desenvolvimento tem se destacado muito no ramo empresarial.

No capítulo X da Lei Complementar 123/06, o legislador garantiu o estímulo à

inovação as empresas optante pelo Simples Nacional. Segue o art. 64 desta Lei:

Art. 64 Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se: I – Inovação: a concepção de um novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando em maior competitividade no mercado[...].

3.6.8 Protesto de Títulos

A Lei Complementar nº 123/06 estabeleceu, novas regras para os protestos

de títulos de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, que tem como objetivo

desonerar os custos cartorários e proporcionar condições para que essas empresas

possam cumprir suas obrigações.

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Estas novas regras sobre protestos de títulos estão descritas no art. 73 desta

mesma Lei:

Art. 73. O protesto de título, quando o devedor for microempresário Oe empresa de pequeno porte, é sujeito às seguintes condições: I – sobre os emolumentos do tabelião não incidirão quaisquer acréscimos a título de taxas, custas e contribuições para o Estado ou Distrito Federal, carteira de previdência, fundo de custeio de atos gratuitos, fundos especiais do Tribunal de Justiça, bem como de associação de classe, criados ou que venham a ser sob qualquer título ou denominação, ressalvada a cobrança do devedor das despesas de correio, condução e publicação de edital para realização da intimação; [...] III – O cancelamento do registro de protesto, fundado no pagamento do título, será feito independentemente de declaração de anuência do credor, salvo no caso de impossibilidade de apresentação do original protestado [...] IV – O devedor deverá provar sua qualidade de microempresa ou empresa de pequeno porte perante o tabelionato de protesto de títulos, mediante documento expedido pela Junta Comercial ou pelo Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conforme o caso.[...]

3.7.9 Acesso a Justiça

A Lei Complementar 123/06 manteve para as Microempresas e estendeu às

Empresas de Pequeno Porte, a possibilidade de serem admitidas no pólo ativo

diante do Juizado Especial Civis e Federais.

Esta garantia está descrita no art. 74 desta Lei.

Art. 74. Aplica-se às microempresas e às empresas de pequeno porte de que trata esta Lei Complementar o disposto no § 1o do art. 8o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e no inciso I do caput do art. 6o da Lei no 10.259, de 12 de julho de 2001, as quais, assim como as pessoas físicas capazes, passam a ser admitidas como proponentes de ação perante o Juizado Especial, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas.

3.6.10 Benefícios Tributários

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Um dos benefícios tributários que deve ser descrito é a abrangência do

Simples Nacional, pelo qual admite empresas com atividades econômicas que não

tinham acesso ao antigo tratamento tributário simplificado e favorecido. Essas

empresas se obrigavam a fazer os pagamentos dos tributos com as mesmas normas

aplicadas as grandes empresas. É o caso, por exemplo, das empresas prestadoras

de serviços de produção cultural, das academias de ginásticas, dos escritórios de

contabilidade, dentre outros. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

As empresas impedidas de optarem pelo antigo Simples da Lei 9.317/96,

confeccionavam seus cálculos tributários com base no sistema do lucro Presumido,

pelo qual demonstrar-se-á a seguir a comparação de uma empresa com o Lucro

Presumido e com o Simples Nacional, onde será comprovado uma considerável

redução tributária. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

Mês Receita

mensal

Receita do Ano anterior alíquota SIMPLES

NACIONAL

Janeiro 24.000,00 20.400,00 293.050,00 8,46% 2.030,40

Fevereiro 26.000,00 22.100,00 296.650,00 8,46% 2.199,60

Março 32.000,00 27.200,00 300.550,00 8,46% 2.707,20

Abril 28.000,00 23.800,00 305.350,00 8,46% 2.368,80

Maio 30.000,00 25.500,00 309.550,00 8,46% 2.538,00

Junho 32.000,00 27.200,00 314.050,00 8,46% 2.707,20

Julho 33.000,00 28.050,00 318.850,00 8,46% 2.791,80

Agosto 25.000,00 22.500,00 323.800,00 8,46% 2.115,00

Setembro 26.000,00 23.400,00 326.300,00 8,46% 2.199,60

Outubro 27.000,00 24.300,00 328.900,00 8,46% 2.284,20

Novembro 29.000,00 26.100,00 331.600,00 8,46% 2.453,40

Dezembro 25.000,00 22.500,00 334.500,00 8,46% 2.115,00

TOTAL 337.000,00 293.050,00 28.510,20

Carga tributária sobre a receita anual 8,46%

Tabela 06 - De Comparação de uma Empresa com Lucro Presumido X Simples Nacional

Por estar impedida de optar pelo SIMPLES (Lei nº 9.317/96), a empresa

mostrada acima deveria fazer seus cálculos tributários separadamente, obtendo os

seguintes resultados:

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Tabela 07 – Impostos Federais calculados pelo Lucro Presumido IRPJ 16.176,00 CSLL 9.705,60 PIS 2.190,50

COFINS 10.110,00 TOTAL 38.182,10

ISS 16.850,00

INSS - Patronal 27.634,00

Terceiros 10.777,26

SAT 2.763,40

TOTAL 41.174,66

Tabela 08 - Contribuição Previdenciária sobre folha de pagamento

Total: 38.182,10 + 16.850,00 + 41.174,66 = 96.206,76

No sistema tradicional, esta empresa deveria recolher o total de R$

96.206,76, ou 28,55% da receita bruta anual, optando pelo Simples Nacional, essa

empresa tem uma economia tributária de aproximadamente 20%. (FERREIRA;

VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

3.7 A EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL Analisar-se-á como se dará a exclusão das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte, optante pelo Simples Nacional.

Duas foram as formas adotadas pelo legislador para exclusão do Simples

Nacional, onde deverá respeitar os preceitos da LC 123/06, mas também observar

as garantias de contraditório e ampla defesa estendidas ao processo administrativo

pela CF ( art. 5º, inc. LV). (SILVA; LIMIRO, 2007).

A primeira modalidade é a exclusão de oficio, descrita no art. 29 da LC

123/06:

Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo simples nacional dar-se-á quando:

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I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória; II – for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimada a apresentar, e nas demais hipóteses que autorizam a requisição de auxilio da força pública; III – for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicilio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua propriedade; IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar; VI – a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 da Lei 9.430/96, e alterações posteriores; VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho; VIII - houver falta de escrituração do livro caixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária; IX – for constatado que durante o ano calendário o valor das despesas pagas supera em 20% o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início da atividade; X – For constatado que durante o ano calendário o valor das aquisições de mercadorias para comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for superior a 80 %, dos ingressos de recursos no mesmo período, excluindo o ano de início de atividade.

Quanto a exclusão de ofício ensina Ferreira; Vasconcelos; Cavalcanti

A exclusão de ofício produzirá efeitos a partir do próprio mês, exceto quando o motivo for a falta de comunicação obrigatória. A empresa excluída do SIMPLES NACIONAL ficará impedida de retornar ao sistema pelos próximos 3 anos-calendário seguintes. Esse prazo poderá ser elevado para 10 anos, se for constatado a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento dos tributos devidos. (2007, p.118)

A exclusão de oficio do Simples Nacional, esta subordinada ao processo de

fiscalização e será regulamentada e aprovada pelo Comitê Gestor. Os tributos e

contribuições lançados na ocasião da exclusão serão apurados pelos órgãos

administrativos federais, estaduais e municipais, de acordo com as respectivas

competências. (FERREIRA; VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007, p.118).

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A competência para a exclusão de ofício obedece o art. 33 que trata da

fiscalização, e o julgamento administrativo, ao disposto no art. 39, que trata do

processo administrativo fiscal, ambos da LC 123/06. (SILVA; LIMIRO, 2007).

A segunda modalidade de exclusão é a chamada exclusão mediante

comunicação, onde segundo Silva e Limiro “Toda e qualquer causa de exclusão

deverá ser comunicada à Receita Federal, o que será regulamentado pelo Comitê

Gestor do Simples Nacional”. (2007, p.143).

Esta modalidade de exclusão está disciplinada no art. 30 da LC 123/06:

Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das Microempresas ou empresas de pequeno Porte, dar-se-á: I – por opção; II – obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; III – obrigatoriamente, quando ultrapassados no ano-calendário de início das atividades, o limite de receita bruta correspondente a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), multiplicados pelo número de meses de funcionamento nesse período, em relação aos tributos e contribuições federais, e, em relação aos tributos estaduais, municipais e distritais, de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), também multiplicados pelo número de meses de funcionamento no período, caso o Distrito Federal, os Estados e seus respectivos Municípios tenham adotado os limites previstos nos incs. I e II do art. 19 e no art. 20, ambos desta Lei Complementar. (BRASIL, 2006, p. 17).

Exclusão por opção, é quando a empresa poderá pedir a sua exclusão do

Simples Nacional, devendo fazer a devida comunicação à Receita Federal, até o

último dia do mês de janeiro da cada ano. Realizada a exclusão em janeiro, os

efeitos passam a vigorar neste mesmo ano. (FERREIRA; VASCONCELOS;

CAVALCANTI, 2007).

Exclusão por obrigatoriedade acontece quando as empresas incorrem em

determinadas situações prescritas nesta Lei Complementar 123/06, ou quando sua

receita bruta ultrapassa os limites permitidos nesta mesma Lei [...]. (FERREIRA;

VASCONCELOS; CAVALCANTI, 2007).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desta monografia, primeiramente, foram analisadas as

sociedades empresárias, com suas definições, formas de seus registros, os tipos de

sociedades, as sociedades simples, também analisando sua definição e sua

respectiva forma de registro. Foi também estudado a figura do empresário individual,

que está citado na Lei Complementar nº 123/06, juntamente com as Microempresas

e Empresas de Pequeno Porte, ao qual também foi fornecida sua definição, de

acordo com a Lei em estudo, e seu enquadramento.

No decorrer dos anos, várias foram as medidas tomadas pelo governo com o

objetivo de favorecer as Microempresas. Então, foi abordado também o histórico do

Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, onde foram citadas todas

as Leis que tiveram como objetivo proporcionar um tratamento diferenciado a esta

classe empresarial, garantida inclusive pela nossa Constituição Federal de 1988, no

seu art. 179.

A matéria objeto da pesquisa envolveu principalmente o estudo da nova Lei

Complementar nº 123/06, que versa sobre o Simples Nacional, lei esta que trouxe

muita polêmica no meio empresarial, pois todas as empresas, juntamente com seus

contadores, tiveram que fazer um estudo, caso a caso, acerca da viabilidade para se

adequar ao Simples Nacional. Além disso, muitas empresas tinham débitos

tributários, e com débitos não era possível fazer o enquadramento no Simples

Nacional. Então estas empresas tiveram que providenciar o pagamento desses

tributos em atraso, ou optar pelo parcelamento dos mesmos, o que também causou

grandes transtornos aos potenciais optantes do novo regime tributário.

Especificamente sobre a Lei Complementar nº 123/06 foram abordados a

definição e opção pelo Simples Nacional, bem como as vedações à opção, pois tem

casos em que não é permitido se enquadrar neste novo regime.

Fora analisado também, um por um, todos os tributos que compõem o

Simples Nacional, com as respectivas alíquotas aplicáveis.

E o que se considera mais importante também fora analisado, ou seja, os

benefícios que a LC nº 123/2006 veio proporcionar a uma determinada classe

empresarial, pois o objetivo principal desta nova lei foi de trazer um tratamento

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diferenciado para os micro e pequenos empresários, para que estes pudessem

competir com as grandes empresas.

E por último fora analisadas as causas e como se dá a exclusão do Simples

Nacional.

Finalizando, vale ressaltar que a Lei Complementar nº 123/2006 trouxe

realmente muitos benefícios às Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte,

sendo o ponto de maior destaque a instituição do regime único de arrecadação dos

principais tributos que cercam essas atividades econômicas, pois veio facilitar muito

o exercício da atividade empresarial, proporcionando uma redução de custos e

recolhimento de tributos, como foi demonstrado no estudo desta monografia.

Foi um desafio enorme descrever sobre este tema, por se tratar de uma lei

nova. Porém, esses desafios foram os propósitos motivadores de oferecer aos

operadores do Direito e aos micro e pequenos empresários melhores condições para

interpretar e aplicar esta importante Lei.

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