a situação das mulheres empresárias de luanda (november 2007)

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  • 8/14/2019 A Situao das Mulheres Empresrias de Luanda (November 2007)

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    SUMRIO EXECUTIVO

    Este relatrio apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como principal

    objectivo fazer um levantamento sobre o perfil de mulheres empresrias membros e

    potenciais membros da Associao de Mulheres Empresrias da Provncia de Luanda

    (ASSOMEL), caractersticas dos seus negcios e dificuldades enfrentadas, no mbito

    das actividades que desenvolvem. A pesquisa foi desenvolvida atravs da conduo

    de entrevistas e aplicao de um questionrio junto a uma amostra de convenincia de

    101 mulheres empresrias, das quais 84 membros da ASSOMEL e 17 potenciais

    membros. Em seguida apresenta-se, de forma sumria, os principais resultados da

    pesquisa.

    A maioria das mulheres empresrias participantes na pesquisa tm entre 41 a

    50 anos de idade, so solteiras, possuem entre 3 a 6 filhos e tem um nvel de

    formao secundria.

    Estas empresrias, conseguem, na sua maioria, equilibrar a sua vida

    profissional e familiar atravs de uma boa gesto do tempo e do apoio da

    famlia.

    Estas empresrias, na sua maioria proprietrias de micro e pequenas empresas

    que operam a nvel local, empregam em mdia 12 trabalhadores, actuam no

    sector do comrcio e tem um volume de anual de vendas inferior a 5.000,00

    USD.

    Na sua maioria, as empresrias iniciaram os seus negcios com fundos

    prprios, sem recorrer a pedido de financiamento banca e as suas principais

    motivaes para a abertura do negcio foram, essencialmente, a identificao

    de oportunidades de negcio, a situao de desemprego em que se

    encontravam e a experincia prvia que possuiam.

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    As empresrias pesquisas possuem necessidades de acesso tecnologia,

    particularmente, computadores e acesso Internet, assim como, necessidades

    de formao para si e seus trabalhadores em reas como: gesto, contabilidade

    e finanas, marketing, comunicao, liderana e secretariado.

    A maioria das empresrias envolvidas nesta pesquisa no realizou um estudo

    de viabilidade para iniciar o seu negcio embora use como prtica corrente a

    solicitao de apoio profissional externo para o desenvolvimento dos seus

    negcios.

    Actualmente, mais de metade das empresrias tem recorrido a pedido de

    financiamento banca e instituies de micro-crdito para projectos de

    investimento, no entanto, manifestaram interesse em obter mais emprstimoda banca, quer para projectos de investimentos, quer para a compra de

    equipamento.

    Como empresrias, as pesquisadas indicaram como principais dificuldades no

    desenvolvimento dos seus negcios, a falta de capital de giro, obteno de

    crdito, recursos para a compra de equipamento, aquisio de matria-prima e

    mercadoria, falta de mo-de-obra qualificada e custos para a legalizao do

    negcio. No obstante essas dificuldades, as empresrias pesquisadas esto

    muito optimistas quanto ao futuro dos seus negcios.

    Apesar do dinamismo evidente no sector PMEs em Luanda, a pesquisa

    conclui existirem muitos desafios ao desenvolvimento do empresariado

    feminino, nomeadamente: desenvolvimento de actividades de muito pequena

    dimenso e de tipo comercial, ao invs de produtivo, conhecimentos e capital

    limitados, baixo nvel de qualificaes, inexistncia de uma poltica clara de

    apoio ao desenvolvimento do sector no pas, complexidade e elevados custos

    do licenciamento de actividades econonmicas, elevadas taxas de impostos

    quer no Mercado informal, quer no Mercado formal e falta de falta de

    networking e suficiente redes de partilha de conhecimentos e melhores prticas

    entre o empresariado.

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    Informao, advocacia, formao e assistncia tcnica so algumas

    recomendaes endereadas ASSOMEL como estratgias chave para se lidar

    os desafios acima mencionados.

    A pesquisa tambm enderea Associao algumas recomendaes comoforma de fortalecer o seu funcionamento interno que se prendem,

    essencialmente, com o planeamento estratgico, melhoria das condies de

    infraestrutura e recursos na sua sede, desenvolvimento de uma forte estratgia

    de marketing e divulgao das suas actividades e contratao de tcnicos para

    apoiar a Direco e assistncia tcnica s associadas.

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Distribuio da populao Urbana e Rural e Densidade....... .....................................................2Tabela 2: Distribuio percentual de Mulheres em posies de liderana poltica em Angola ..............17Tabela 3: Percentagem da forca laboral entre homens e mulheres no sector...........................................20Tabela 4: Dimenses, factores e variveis do questionrio......................................................................23Tabela 5: Factores que contribuem para a interferncia negativa da actividade empresarial no ambiente

    familiar .................................................................................. ...........................................................26Tabela 6: Motivao para a criao de Negcio.......................................................................................29Tabela 7: Tipo de outra actividade remunerada desenvolvida pelas pesquisadas para alm da

    empresarial .......................................................................................... .............................................30Tabela 8: Partilha de sociedade no negcio por tipo de pessoa e percentagem.......................................31Tabela 9: Razes das Empresrias para no mudarem de Carreira..........................................................32Tabela 10: Razes das Empresrias para no mudarem de Carreira........................................................32Tabela 11: Data de criao da empresa/negcio das Pesquisadas............................................................34Tabela 12: Ano de constituio/legalizao da empresa/negcio ............................................................35

    Tabela 13: Tipo de Actividade da Empresa/Negcio ................................................................... ............36Tabela 14: reas de Necessidades de Formao de Pessoal da Empresa ................................................39Tabela 15: Volume Annual de Vendas da Empresa/Negcio ................................................... ...............40Tabela 16: Finalidade do Financiamento obtido pelas Empresrias ........................................................42Tabela 17: Montante do Emprstido a solicitar ao Banco pelas Empresrias..........................................45Tabela 18: Percentagem da contribuio do emprstimo ao Banco pelas Empresrios ..........................46Tabela 19: Dificuldades apontadas pelas empresrias na conduo das actividades do seu Negcio ....55Tabela 20: Obstculos ao desenvolvimento dos negcios que mais preocupam as Empresrias....... .....56Tabela 21: Questes de Gnero e desenvolvimento de Negcios em Angola .........................................57

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Evoluo e Projeco da Populao Angolana (em milhes de habitantes)....... ......................1Grfico 11: Evoluo do Nmero de Membros da Assomel (2004-2007).................................................6Grfico 12: Cursos organizados pela Assomel e Nmero de Associadas beneficiadas (2006-2007) .......7

    Grfico 2: Disparidade dos efectivos escolares de raparigas......................................................................9Grfico 3: Taxa de Analfabetismo entre Homens e Mulheres .................................................................10Grfico 4: Nmero de Mulheres docentes por nvel de Ensino em Angola (1999).................................12Grfico 5: Distribuio percentual de Homens ocupando diversos cargos em Escolas do 1, 2 e 3

    nveis da cidade de Luanda (2000)..................................................................................................12Grfico 6: Populao com acesso a gua potvel e melhores condies de saneamento em Angola,

    2002-2003 (%) .......................................................................................... .......................................13Grfico 7: Evoluo do Nvel de Pobreza em Angola 1990-2001 (%)...... ...........................................14Grfico 8: Nvel de pobreza em Angola nas zonas urbanas e rurais ............................................ ............15Grfico 9: Evoluo do IDH em Angola, 1997 2005 ............................................................................16Grfico 13: Empresrias por Faixa Etria.................................................................................................24Grfico 14: Pesquisadas por Estado Civil.................................................................................................24Grfico 15: Pesquisadas por Nmero de filhos.........................................................................................25Grfico 16: Pesquisadas por Nvel de Formao......................................................................................25

    Grfico 17: Opinio das pesquisadas sobre a interferncia negativa da actividade empresarial noambiente familiar .................................................................................................. ...........................26Grfico 18: Factores que contribuem para um equilbrio entre o trabalho e a vida familiar...................27Grfico 19: Actividade das pesquisadas antes de iniciarem o seu prprio negcio.................................27Grfico 20: Experincia anterior das Empresrias no ramo de negcio ..................................................28Grfico 21: Mecanismos de aquisio de experincia no ramo de negcio pelas Pesquisadas...............28Grfico 22: Desenvolvimento de outra actividade de gerao de renda pelas Empresrias....................29Grfico 23: Partilha de sociedade no negcio...........................................................................................30Grfico 24: Escolha de Carreira pelas Pesquisadas ..................................................................................31Grfico 25: Sector da Empresa/negcio das Pesquisadas.........................................................................33Grfico 26: Registro Legal da empresa/negcio.......................................................................................34Grfico 27: Dimenso da Empresa/Negcio.............................................................................................35Grfico 28: Sector de Actividade da Empresa/Negcio ...........................................................................36Grfico 29: mbito de actuao da Empresa............................................................................................37

    Grfico 30: Mdia de Trabalhadores da Empresa por Sexo .....................................................................37Grfico 31: Tecnologias existentes na Empresa .................................................................... ...................38Grfico 32: Empresas com Website ...................................................................................... ....................38Grfico 33: Necessidades de Formao de Pessoal da Empresa ..............................................................39Grfico 34: Principais fontes de Recursos da Empresa/Negcio .............................................................40Grfico 35: Pedido de financiamento para abertura da Empresa/Negcio...............................................41Grfico 36: Fontes de Recursos Financeiros para a abertura do Negcio................................................41Grfico 37: Ligao das Empresrias com Bancos ou instituies de Micro-Crdito.............................42Grfico 38: Bancos ou instituies de Micro-Crdito com as quais as Empresrias trabalham..............43Grfico 39: Finalidade dos Emprstimos solicitados pelas Empresrias .................................................43Grfico 40: Interesse das Empresrias em solicitar emprstimo no futuro..............................................44Grfico 41: Finalidade do emprstimo a ser solicitado pelas Empresrias..............................................44Grfico 42: Formas de pagamento de emprstimo para aquisio de equipamento................................45Grfico 43: Tipo de Garantia que as Empresrias disponibilizariam ao Banco para efeitos de

    emprstimo.......................................................................................................................................46Grfico 44: Solicitao de emprstimo de 100% ao Banco pelas Empresrias.......................................46Grfico 45: Estudo de Viabilidade para a abertura do Negcio ...............................................................47Grfico 46: Prticas de gesto regularmente usadas pelas Empresrias ..................................................48Grfico 47: Apoio profissional Externo para o desenvolvimento do Negcio ........................................48Grfico 48: Tipo de Apoio profissional externo procurado pelas Empresrias .......................................49Grfico 49: Empresrias pesquisadas membros da ASSOMEL...............................................................49Grfico 50: Membros da ASSOMEL por tempo de afiliao Associao ............................................50Grfico 51: Razes para a no afiliao das Empresrias pesquisadas na ASSOMEL...........................50Grfico 52: Opinio das Empresrias Associadas sobre o apoio da ASSOMEL no desenvolvimento dos

    seus negcios....................................................................................................................................51

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    Grfico 53: Opinio das Empresrias membros sobre o funcionamento da ASSOMEL ........................51Grfico 54: Afiliao das Pesquisadas em outros Associaes Empresariais para alm da ASSOMEL

    ..........................................................................................................................................................52Grfico 55: Tipo de Associaes Empresariais que as pesquisidas esto afiliadas .................................53Grfico 56: Opinio das Empresrias sobre o desempenho dos seus negcios .......................................53Grfico 57: Atitude das Empresrias quanto ao futuro dos seus Negcios..............................................54

    Grfico 58: Opinio das Empresrias sobre gnero e empreendedorismo em Angola............................56

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    SIGLAS E ACRNIMOS

    AAPM Associao Angolana de Publicidade e MarketingAIA Associao Industrial de Angola

    AHORESIA Associao dos Hotis, Restaurantes, Similares e Catering de Angola

    ASSOMEL Associao de Mulheres Empresrias da Provncia de Luanda

    BAI Banco Africano de Investimento

    BCI Banco de Comrcio e Indstria

    BESA Banco Esprito Santo de Angola

    BIC Banco Internacional de Crdito

    BFA Banco Fomento AngolaBPC Banco de Poupana e Crdito

    FMEA Federao de Mulheres Empreendedoras de Angola

    MIFAMU Ministrio da Famlia e Promoo da Mulher

    MPLA Movimento Popular de Libertao de Angola

    ONG Organizao No Governamental

    PME Pequena e Mdia Empresa

    PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

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    SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................11.1 Contextualizao............................................................................................11.2 Objectivos do Estudo .....................................................................................41.3 Apresentao da ASSOMEL .........................................................................5

    2 A SITUAO DA MULHER EM ANGOLA EM TERMOS SCIO-ECONMICOS E POLTICOS ....................................................................................9

    2.1 Educao e Alfabetizao..............................................................................92.2 Sade e Condies Bsicas de Vida ............................................................132.3 Condies Econmicas e Emprego..............................................................14

    2.4 Participao da Mulher na Poltica ..............................................................172.5 A Mulher no sector de Micro e PMEs........................................................18

    3 METODOLOGIA................................................................................................224 RESULTADOS DO ESTUDO............................................................................24

    4.1 Perfil das Mulheres Empresrias .................................................................244.1.1 Dados Scio-demogrficos ..................................................................244.1.2 Equilbrio entre trabalho e vida familiar.............................................264.1.3 Aspectos Profissionais .........................................................................274.1.4 Motivao para o negcio ...................................................................29

    4.2 Caracterizao das Empresas.......................................................................334.2.1 Dados gerais da Empresa ....................................................................334.2.2 Acesso a Tecnologia ............................................................................384.2.3 Necessidades de Formao..................................................................394.2.4 Fontes de Recursos da Empresa e volume anual de vendas................40

    4.3 Acesso a financiameno, prticas de gesto e barreiras ao negcio..............414.3.1 Acesso a financiamento........................................................................414.3.2 Prticas de gesto................................................................................474.3.3 Desempenho do negcio e atitude quanto ao futuro ...........................534.3.4 Obstculos ao desenvolvimento do negcio ........................................54

    5 DESAFIOS E RECOMENDAES ..................................................................58REFERNCIAS...........................................................................................................62ANEXO: Questionrio da Pesquisa .............................................................................63

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    1 INTRODUO

    1.1 Contextualizao

    Angola o quinto pas mais vasto de frica com uma superfcie de 1.246.700

    Km e est administrativamente dividido em 18 provncias, 163 municpios e 376

    comunas. Actualmente a populao angolana estimada em 14.1 milhes de

    habitantes. Ela era de aproximadamente 5,6 milhes de habitantes em 1970. Segundo

    estimativas das Naes Unidas, em 1998 esse nmero j estaria situado em torno de

    12 milhes, indicando uma duplicao em menos de 30 anos. De acordo com as

    mesmas estimativas, ela dever novamente duplicar dentro das prximas trs dcadas,

    devendo chegar a 25 milhes em 2025. (Ribeiro, 2007a)

    Grfico 1: Evoluo e Projeco da Populao Angolana (em milhes de habitantes)

    5, 6

    12

    14,1

    2 5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Ano 1970 Ano 1998 Ano 2004 Ano 2025

    Fonte: Ribeiro (2007a)

    Angola possue uma densidade populacional de 12 habitantes por Km mas, dada

    a disparidade na distribuio espacial da populao, este indicador atinge o valor de

    1.094,2 hab/km em Luanda onde se concentra cerca de 1/3 da populao do pas e 2

    hab/km na provncia do Kuando Kubango.

    Devido situao de guerra a que o Pas esteve submetido, uma parte da

    populao deslocou-se das reas rurais para os centros urbanos, estimando-se para

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    1996 nveis de urbanizao de cerca de 45%. Por outro lado, o numero de pessoas

    deslocadas foi estimado, no incio de 2002, em cerca de 3.2 milhes de pessoas,

    constitudo principalmente por mulheres, crianas e velhos.

    Como se pode observar da tabela abaixo, em 2005, quase metade da populao

    angolana (49%) estava a viver em zonas urbanas. De notar que, a partir da decada de

    setenta, o ritmo de crescimento da populao urbana, atingiu patamares elevadssimos

    devido guerra que assolou o pas nas ultimas dcadas. Por outro lado, como as

    cidades no se prepararam em termos de infraestruturas para acompanhar tal

    crescimento, as cidades convivem com zonas peri-urbanas onde as condies de vida

    so extremamente precrias.

    Tabela 1: Distribuio da populao Urbana e Rural e DensidadeDemogrfica, Angola 1970-2005

    DISTRIBUIO DA

    POPULAO (%)

    DENSIDADE

    DEMOGRFICAANOS

    Urbana Rural Total

    1970 14,1 85,9 4,5

    1980 25,4 74,6 5,7

    1990 38,7 61,3 7,7

    2000 48,4 51,6 10,5

    2005 49,0 51,0 12,2

    Fonte: Ribeiro (2007b)

    Angola como os demais pases africanos atravessa uma fase muito difcil da

    sua caminhada rumo ao progresso e sua plena integrao nos circuitos econmicos

    mundiais. Embora os esforos despendidos pelo Governo, tm estado a resultar o

    mesmo, tem-se confrontado com recursos humanos insuficientes para a dimenso daoperao de reconstruo e relanamento da economia angolana.

    Outro factor condicionante, a fraqueza institucional do Pais, que exige o

    reforo da sua capacidade tanto no sector pblico como no sector privado. Sublinha-

    se que, a Assistncia ao Desenvolvimento tem sido muito pequena, o que levou o

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    Estado a suportar grande parte das despesas de financiamento da reconstruo e

    relanamento da economia. (Repblica de Angola, 2006).

    Em Angola, a concentrao de mulheres nos centros urbanos elevada, ao

    mesmo tempo que aumentam as potencialidades da sua contribuio no

    desenvolvimento econmico do pas, nos mais diversos sectores de actividade.

    A mulher sempre desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento

    humano e na reduo da pobreza. Atravs de uma multiplicidade de actividades, que

    vo desde a tradicional predominncia na conduo da economia domstica e agrcola

    at ao seu actual envolvimento generalizado nos mais diversos sectores de actividade.

    Estudos internacionais tem demonstrado que a actividade empresarial e os

    negcios administrados pela mulher actuam como elementos catalisadores de um

    desenvolvimento particular, para as comunidades em que se inserem, graas a uma

    dinmica especfica de factores em cadeia.

    A administrao empresarial da mulher no s factor de produode bens e

    servios, como cria emprego para novas mulheres. O rendimento extra de mulheres

    empresrias e suas trabalhadoras gera um rendimento adicional aos seus agregados

    familiares, que no s fortalece as perspectivas de desenvolvimento familiar e da

    comunidade, como leva a um maior reconhecimento da contribuio e capacidade da

    mulher.

    Em Angola, no obstante os avanos registados nos esforos na luta pela

    emancipao e eliminao das desigualdades entre homens e mulheres, atravs da

    promoo dos direitos humanos das mulheres e da criao de um corpo de leis e

    regulamentaes que garantem uma igualdade formal de direitos, muito h ainda por

    fazer no campo da implementao e execuo desses direitos.

    Factores scio-econmicos e culturais engendraram uma situao em que a

    maior parte dos esforos de desenvolvimento, que se verificam no pas, tendem a

    ignorar o potencial da contribuio econmica e social da Mulher e, por conseguinte,

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    falham na mobilizao e aproveitamento dos benefcios do recurso humano vital que

    constituem.

    1.2 Objectivos do Estudo

    Objectivo geral:

    Este estudo tem como objectivo geral fazer um levantamento sobre o perfil de

    mulheres empresrias membros e potenciais membros da Associao de Mulheres

    Empresrias da Provncia de Luanda (ASSOMEL), caractersticas dos seus negcios e

    dificuldades enfrentadas, no mbito das actividades que desenvolvem.

    Objectivos especficos:

    1. Proceder a uma breve reviso da literatura sobre a situao scio-econmica

    em Angola, destacando o papel da Mulher no desenvolvimento econmico do

    pas;

    2. Fazer uma breve caracterizao da ASSOMEL, realando o contexto da sua

    criao, nmero de membros e sua localizao, seus objectivos e actividades

    que desenvolve;

    3. Identificar e descrever o perfil de empresrias membros e potenciais membros

    da associao, quanto aos aspectos scio-demogrficos, equilbrio entre

    trabalho e famlia, aspectos profissionais e motivao para o

    negcio/empreendedorismo;

    4. Caracterizar as empresas/negcios conduzidas pelas empresrias membros e

    potenciais membros da ASSOMEL, quanto a dados gerais da empresa, acesso a

    tecnologia, necessidades de formao, fontes de recursos e volume anual de

    vendas;

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    5. Identificar e descrever o perfil de gesto adoptado pelas mulheres empresrias

    membros e potenciais membros da ASSOMEL, relativamente ao acesso a

    financiamento, prticas de gesto, desempenho do negcio, atitude quanto ao

    futuro do negcio e dificuldades/obstculos ao desenvolvimento dos seus

    negcios, incluindo questes de gnero;

    6. Criar uma base de dados com o perfil das empresas membros e potenciais

    membros da ASSOMEL.

    O estudo facultar elementos que permitiro um melhor conhecimento da

    capacidade empreendedora dos membros e potenciais membros da ASSOMEL, as

    necessidades de formao e assistncia tcnica e de apoio ao desenvolvimento das

    suas actividades empresariais. A pesquisa ser, por isso, essencial para a ASSOMEL,

    bem como facultar informao ao International Finance Corporation (IFC) sobre as

    necessidades de antecipar estratgias de acesso ao crdito a favor das potenciais

    candidatas a membro da associao.

    1.3 Apresentao da ASSOMEL

    A ASSOMEL - Associao das Mulheres Empresrias da Provncia de Luanda -

    uma associao sem fins lucrativos e confecionais, com sede em Luanda, no Largo

    do Kinaxixi, n -14, 3Andar, que, segundos os seus estatutos, tem como principais

    objectivos:

    1. Assegurar a representao das mulheres empresrias, face aos poderespblicos, organizaes pblicas nacionais ou estrangeiras, ou qualquer outra

    pessoa singular ou colectiva, em todas as questes relacionadas com a dupla

    qualidade de Mulher Empresria.

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    2. Estudar e defender os direitos constitucionais e interesses gerais das mulheres

    empresrias.

    3. Participar activamente na resoluo dos problemas econmicos nacionais.

    4. Debater qualquer tema da actualidade nacional e internacional que envolva os

    direitos e interesses da Mulher Empresria.

    5. Assegurar um nvel de formao adequado constante actualizao da mulher

    empresria;

    6. Potenciar e incentivar a opo da mulher pela actividade empresarial.

    7. Criar servios de interesse comum para as suas Associadas.

    A Assomel existe h 16 anos e possui uma nova Direco desde apenas um anoatrz. Actualmente, esto filiadas na Assomel mais de 80 empresrias, ligadas a vrios

    sectores da actividade econmica (vide grfico 11).

    Grfico 2: Evoluo do Nmero de Membros da Assomel (2004-2007)

    80

    475

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    Ano 2004 Ano 2007

    Fonte: Embaixada da Repblica de Angola (2004) e Direco da Assomel (2007)

    A Assomel tem vindo a apostar na formao das suas associadas organizando,

    em parceria com o Ministrio do Trabalho, cursos gratuitos em diversas reas. Entre o

    ano passado e o corrente ano, a Associao formou cerca de 95 mulheres, conforme se

    pode constatar no grfico abaixo.

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    7

    Grfico 3: Cursos organizados pela Assomel e Nmero de Associadas beneficiadas(2006-2007)

    40

    32

    20

    3

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    Corte e Costura Inf ormtica ArtesanatoDecorativo

    Formao deFormadores

    Fonte: Secretariado da Assomel (2007)

    O Apoio do Ministrio do Trabalho no mbito destas formaes tem sido na

    disponibilizao do local para a realizao dos cursos e a seleco dos formadores. Os

    cursos so gratuitos para as Associadas. No entanto, um dos critrios que a

    Associao adopta para a seleco da associadas a beneficiarem dos cursos o

    pagamento das quotas pelas mesmas, no valor de 2000 Kz por ms, equivalente a

    27,00 USD. Os resultados destas formaes j so visveis uma vez que atravs dos

    cursos, algumas mulheres j criaram o seu prprio negcio, por exemplo, confeco

    de roupas e produo de artesanato decorativo para venda.

    A ASSOMEL pretende continuar a apostar na formao e uma das reas que

    constituem uma das prioridades do pas a formao em lnguas pois o pas precisa

    de estar melhor preparado o mercado globalizado, recepo de estrangeiros no pas

    que vem por turismo ou em negcios.

    A associao tambm faz superviso aos negcios e empresas das Associadas,

    procurando aconselhar sobre as melhores formas de gesto e estratgias de expanso

    do negcio. Apoia tambm as associadas que querem iniciar um negcio, a desenhar o

    projecto.

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    A Situao das Mulheres Empresrias de LuandaNovembro,2007

    8

    As maiores dificuldades que a Assomel enfrenta atualmente prende-se com o

    espao das actuais instalaes da sua sede que muito pequeno e inclusive

    partilhado com a sede da Federao das Mulheres Empreendedoras de Angola

    (FMEA). Outro constrangimento que das actuais 475 associadas, apenas cerca de 20

    pagam regularmente as suas quotas, acarretando obstculos ao funcionamento interno

    da Associao.

    Porm, a maior dificuldade que a Associao enfrenta o apoio na concesso

    de crditos s associadas para a expanso dos seus negcios isto deve-se, por um lado,

    ao facto de existirem em Angola muitos bancos comerciais e poucos bancos de

    desenvolvimento. O BDA (Banco de Desenvolvimento de Angola) um dos poucos

    bancos que recentemente iniciou programas de apoio micro-crdito com um tempo de

    7 a 8 anos para retorno do capital e com juros baixos mas para reas como agricultura,

    sade e no para o desenvolvimento do sector de Micro e PMEs.

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    9

    2 A SITUAO DA MULHER EM ANGOLA EM TERMOS SCIO-ECONMICOS E POLTICOS

    2.1 Educao e Alfabetizao

    Aps a independncia de Angola, o Governo definiu a educao como uma das

    suas principais prioridades tendo iniciado a implementao de uma nova poltica

    educacional, baseada no princpio da igualdade de oportunidades, com destaque

    particular para a reduo da taxa de analfabetismo que, em 1978, era estimada em

    85%. (Santo, 2002)

    Em cada 100 alunos, 54 so rapazes e 46 raparigas, estando estas ltimas numa

    posio clara de desvantagem com maior incidncia nas provncias do interior e

    particularmente nas zonas rurais. Como se ilustra no grfico abaixo, provncias como

    Kuando Kubango e Kwanza Norte representam exemplos preocupantes de

    percentagem de raparigas matriculadas no Ensino Primrio enquanto que nas

    provncias de Luanda e Cunene, as raparigas correspondem a 52% dos efectivos

    escolares.

    Grfico 4: Disparidade dos efectivos escolares de raparigasentre algumas provncias de Angola

    39,5% 37,6%

    52% 52%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    KuandoKubango

    Kw anza Norte Luanda Cunene

    Fonte: Santo (2002)

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    As maiores disparidades verificam-se, porm, nos adultos. O grfico abaixo

    mostra a evoluo da taxa de anafalbetismo entre os anos 1997 e 2002 na populao

    de adultos em Angola.

    Grfico 5: Taxa de Analfabetismo entre Homens e Mulheresem Angola (1997 e 2002)

    75%

    24%

    43%

    17,50%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    Ano 1997 Ano 1999

    MulheresHomens

    Fonte: Valente (2001) e Santo (2002)

    As disparidades entre as taxas de analfabetismo entre as reas rurais e urbanas

    so muito maiores que as disparidades entre homens e mulheres. Segundo Valente

    (2001), em 1997, a diferena existente entre a taxa de analfabetismo das mulheres

    rurais e urbanas situava-se em 21% em desfavor, obviamente, das primeiras. Este

    facto o resultado do cenrio cinzento do impacto dos longos anos de guerra que

    assolaram o pas nas infra-estruturas e servios sociais nas reas rurais e da

    desigualdade na utilizao de recursos a favor dos grandes centros urbanos.

    Hoje observa-se em Angola uma taxa de analfabetismo de 60% e um nmero

    crescente de raparigas nas aulas de alfabetizao e ensino de adultos nas zonas

    perifricas das cidades. Dos cerca de um milho e 800 mil adultos em processo de

    alfabetizao, 55% so mulheres e jovens raparigas. (Santo, 2002)

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    Este o resultado do abandono precoce da escola por parte das meninas ou do

    facto destas nunca a terem frequentado. Estes nmeros reflectem igualmente as

    disparidades existentes em termos de oportunidades de acesso entre as zonas urbanas

    e rurais e as consequncias da grande movimentao de populaes para as periferias

    das cidades, como resultado do conflito armado.

    Se a este facto juntarmos a relao existente entre o progresso da educao da

    mulher e as baixas taxas de fertilidade, na frica Subsahariana, as mulheres com o

    ensino secundrio tm entre 1,9 a 3,1 menos filhos que as mulheres que no

    completaram o ensino primrio. (Valente, 2001)

    Por outro lado, o resultado de estudos e pesquisas sobre a pobreza mostram que

    quanto maiores forem os agregados familiares, maiores sero as probabilidades dos

    mesmos viverem em condies de pobreza extrema, da que se depreenda os desafios

    que se colocam mulher angolana neste domnio.

    No ensino mdio tcnico, a distribuio percentual raparigas por curso

    demonstra tambm algumas tendncias. Por exemplo, nos cursos de vocao

    econmica, pedaggica, sade e qumica, a participao superior a 60% enquanto

    que nos cursos de vocao industrial, tecnolgica, agrria, a participao feminina

    inferior a 30%. (Santo, 2002)

    No que diz respeito docncia, dados estatsticos de 1999, indicam que,

    tambm nesta componente do sistema educativo (docncia), as mulheres se

    apresentam em desvantagem, conforme se pode observar no grfico que se segue.

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    Grfico 6: Nmero de Mulheres docentes por nvel de Ensino em Angola (1999)

    44.700

    16.374

    8.092

    2.5445.064

    1.218

    0

    5.000

    10.000

    15.000

    20.000

    25.000

    30.000

    35.000

    40.000

    45.000

    Nvel 1 Nvel 2 Nvel 3

    Total de Professores

    Mulheres

    Fonte: Santo (2002)

    Uma pesquisa levada a cabo em escolas do 1, 2 e 3 nveis de Luanda, no ano

    2000 constatou a predominncia de mulheres sem qualificao, exercendo funes de

    auxiliares de limpeza (100%) e em todas as outras categorias avaliadas a

    predominncia do sexo masculino, conforme se discrimina no grfico a seguir.

    Grfico 7: Distribuio percentual de Homens ocupando diversos cargos em Escolasdo 1, 2 e 3 nveis da cidade de Luanda (2000)

    80%

    60% 57%

    75%

    0%10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    Titulares decargos de chefia e

    direco

    Composio docorpo docente

    Pessoaladministrativo

    Delegados deturma

    Fonte: Santo (2002)

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    2.2 Sade e Condies Bsicas de Vida

    De acordo com Valente (2001), em 1997, 65% da populao angola no tinha

    acesso a gua potvel. Este indicador representa uma sobrecarga para a mulher pois,

    de acordo com a atribuio de responsabilidades assentes na diviso social do

    trabalho, cabe a ela a responsabilidade de confeccionar os alimentos e recolher a

    lenha, cuidar e educar os filhos e procurar a gua e lavar a roupa.

    Grfico 8: Populao com acesso a gua potvel e melhores condies desaneamento em Angola, 2002-2003 (%)

    6259

    68,5

    78

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    gua Saneamento

    Ano 2002

    Ano 2003

    Fonte: Repblica de Angola (2006)

    Em Angola, a populao sem acesso a servios primrios de sade de 65%.

    Entre as causas apontadas para este to elevado indicador destacam-se a inexistncia

    de infraestruturas de atendimento, outros por falta de recursos financeiros para o

    acesso aos mesmos. (Valente, 2001)

    A dificuldade de acesso aos cuidados primrios de sade em geral e dos

    cuidados prnatais e ps-parto em particular; tem prejudicado considervelmente o

    desenvolvimento do capital humano feminino. A taxa de mortalidade materna

    estimada em 1.500 por cada 100.000 nados vivos. (Valente, 2001)

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    Reportando ainda outros indicadores,usualmente utilizados para medir a pobreza

    e relacionados ao gnero, nomeadamente, a percentagem de partos no assistidos por

    tcnicos de sade, cifra-se em 78% e a percentagem dos agregados familiares

    liderados por mulheres 31%. (Valente, 2001)

    Esta ltima percentagem deve-se a vrios factores dos quais se destacam: a

    elevada taxa de divorcio e separao , a elevada mortalidade masculina , a ausncia

    prolongada dos maridos devido prtica da poligamia , incorporao no exrcito ou

    migrao para as cidades, entre outras .

    2.3 Condies Econmicas e Emprego

    A nvel internacional, considera-se o limiar da pobreza em 2 USD dia e em 1

    USD/dia para a pobreza extrema. Em Angola, a fronteira para a pobreza extrema est

    situada em 22,8 USD/ms (0,76 USD/dia) e em 51,2 USD (1.70 USD)/dia para a

    pobreza. (Ribeiro, 2007b) Se em 1990, 36% da populao angolana vivia abaixo da

    linha da pobreza, cerca de 10 anos depois a situao agravou-se para 68% enquanto

    que a pobreza extrema agravou-se de 13% em 1996 para 26% no ano 2001, como se

    ilustra no grfico 7.

    Grfico 9: Evoluo do Nvel de Pobreza em Angola 1990-2001 (%)

    36

    68

    13

    26

    0

    10

    20

    30

    4050

    60

    70

    80

    90

    100

    Ano 1990-1996 Ano 2001

    Extrema Pobreza

    Abaixo da Linha daPobreza

    Fonte: Ribeiro (2007b)

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    A pobreza em Angola o resultado de uma combinao de factores histricos,

    polticos, guerra, ecolgicos, demogrficos, administrativos e scio-econmicos, alis

    ela tambm um atentado democracia. Estima-se, actualmente, que a pobreza atinja

    entre 64,5% e 70% da populao do pas, sendo esta mais acentuada nas zonas rurais

    conforme o grfico 8.

    Grfico 10: Nvel de pobreza em Angola nas zonas urbanas e rurais

    Rural66%

    Urbana34%

    Fonte: Valente (2001)

    Contudo, uma das mais interessantes concluses do Inqurito Prioritrio das

    Condies de Vida da Populao, elaborado, em 1995, pelo Instituto Nacional deEstatstica (INE) em Benguela, Cabinda, Lobito, Luanda , Lubango e Luena de que

    44,8% dos agregados familiares chefiados por mulheres vivem acima da linha de

    pobreza contra 37,2% dos agregados chefiados por homens, prevalecendo no entanto,

    uma proporo ligeiramente superior de agregados familiares chefiados por mulheres

    (12,7%) em relao a agregados familiares chefiados por homens (11,3%) em pobreza

    extrema. (Valente, 2001)

    Esta constatao provocou alguma surpresa na medida em que um outroinqurito realizado em 1990, ou seja , cinco anos antes indicava exactamente o

    contrrio. Entretanto , outros dados retirados do inqurito, de 1995, atriburam esta

    mudana por um lado ao aumento do envolvimento das mulheres das reas urbanas no

    sector informal e por outro ao colapso dos salrios no sector formal, auferidos

    principalmente por homens. (Valente, 2001)

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    O ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) em Angola tem reflectido as

    condies precrias em que vive a maioria da populao (vide grfico 9).

    Grfico 11: Evoluo do IDH em Angola, 1997 2005

    0,320,35

    0,38

    0,44

    0

    0,05

    0,1

    0,15

    0,2

    0,25

    0,3

    0,35

    0,4

    0,45

    0,5

    IDH 1997 IDH 1998 IDH 2004 IDH 2005

    Fonte: Repblica de Angola (2006) e PNUD (2005)

    Dados recolhidos em 1993, pelo INE, em Luanda estimavam que 30% das

    mulheres economicamente activas so analfabetas contra 7% dos homens. O referido

    relatrio fornece ainda a percentagem de 1,5 % de mulheres licenciadas contra 7% de

    homens . Neste sentido , lgico perceber a discriminao no mercado de trabalho

    formal traduzida numa taxa de desemprego para as mulheres de 79% contra 53% para

    os homens. (Valente, 2001)

    Por outro lado, enquanto no sector formal as mulheres empregadas

    representam to somente 17% do total contra 82 % de homens, no sector informal elas

    representam 55% contra 44% de homens . (Valente, 2001)

    No que tange discriminao do gnero nos locais de trabalho ou em qualquer

    outra actividade laboral, interpretada como uma violao da lei. O princpio de igual

    salrio para mulheres e homens, acesso ao mesmo tipo de formao profissional e

    possibilidades de carreira, a legislao sobre segurana social relativa aos subsdios e

    penses igualmente no discriminatria, o que no se reflecte grandemente na vida

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    dos cidados, apenas uma pequenssima percentagem da populao assalariada e por

    conseguinte est abrangida por estes benefcios legalmente estabelecidos.

    2.4 Participao da Mulher na Poltica

    Um dos domnios onde provvelmente os factores histricos mais que os

    culturais e tradicionais fragilizaram a participao activa das mulheres em Angola, foi

    sem dvida alguma o da esfera poltica.

    No entanto, foi sem dvidas a proclamao da independncia nacional e aadeso e adopo de uma srie de mecanismos internacionais quem abriu novas

    perspectivas para as mulheres, que sempre se destacaram ao lado dos homens quer no

    perodo da luta de libertao nacional, quer na luta pela democracia e defesa dos

    direitos da mulher. Prova desta situao foram as leis aprovadas no perodo ps

    independncia sem qualquer espectro discriminatrio. (Valente, 2001)

    A presente situao, muito longe ainda de ser aceitvel, bastante diferente se

    considerarmos que, mesmo sem o recurso fixao de quotas, as mulheres

    representam as seguintes percentagens em posies de liderana poltica (vide tabela

    2)

    Tabela 2: Distribuio percentual de Mulheres em posies de liderana poltica emAngola

    POSIES TOTAL N / % DE MULHERESDeputados da Assembleia Nacional 220 15,45%Ministros 27 18,5%Vice-Ministros 41 12,19%

    Magistrados 90 13,3%Fonte: Valente (2001)

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    2.5 A Mulher no sector de Micro e PMEs

    Segundo Grassi (2006), o mercado real econmico em Angola constitudo

    maioritariamente por mulheres e, como resultados da sua pesquisa realizada com

    mulheres empresarias de Luanda e Benguela encontrou diferenas de sensibilidade e

    de atitudes das mulheres em relao aos homens no que diz respeito iniciativa de

    montar um negcio, sua organizao e capacidade de trabalho e de inovao.

    No sector formal, devido interveno do Estado na regulao e fiscalizao do

    mercado; s insuficincias do sistema financeiro, principalmente no que concerne

    concesso de crdito, aos constrangimentos e excesso de burocracia nos registos e

    legalizao da proriedade, a desigualdade do gnero tem dificultado o

    desenvolvimento do empresariado feminino Angolano.

    No entanto, por muito paradoxal que parea, uma das consequncias mais

    desestabilizadoras do fenmeno da globalizao - o surgimento das economias

    paralelas - tem constitudo uma das principais formas de subsistncia das populaes

    mais pobres e consequentemente das mulheres. Nos centros urbanos e nas zonas

    perifricas das cidades de Angola estas lideram a actividade comercial, de maior

    rotao de capital, com 55% contra 44% de homens, o que lhes tem potenciado de um

    verdadeiro esprito empresarial. (Valente, 2001)

    Os mercados laborais informais em diversas regies do Mundo em

    Desenvolvimento esto fortemente fragmentados e diferenciados em funo do

    gnero numa variedade de formas, na medida em que aparecem compostos de vrios

    tipos distintos de oportunidades. Por exemplo, as actividades das mulheresencontram-se frequentemente em sub-sectores especficos tais como a preparao da

    alimentao, pequena produo, comrcio de rua ou trabalho subcontratado.

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    A Situao das Mulheres Empresrias de LuandaNovembro,2007

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    Bromley (1978), no seu estudo em Cali, mostrou que comerciantes do sexo

    masculino tendem a possuir operaes mais largas assim como a lidar mais com

    mercadorias que no esto ligadas alimentao, enquanto que as mulheres tendem a

    possuir operaes menores ligadas ao sector alimentar. (Ducados, 2007)

    As actividades dos homens em comparao as actividades das mulheres

    tendem a ser distribudas dum modo igual atravs dos vrios sub-sectores. O estudo

    de Scott (1990) sobre o sector informal em Lima, revelou que os homens so a

    maioria no sector e que dominam todas as categorias de emprego no sector informal,

    excepto o trabalho domstico. (Ducados, 2007)

    A tabela 3 mostra a segmentao por gnero no sector informal de varias

    regies do Mundo em Desenvolvimento. A referida tabela mostra claramente que as

    actividades das mulheres no sector informal diferente das dos homens em varias

    maneiras. As mulheres esto geralmente concentradas em sectores que requerem

    menos capital e formao. O exemplo mais evidente que se pode observar em todas as

    regies e a pouca ou nada existncia da presena de mulheres no sector de transporte,

    em comparao com os homens.

    A diferena de rendimentos entre os homens e as mulheres no sector informal

    so normalmente devido ao facto que as mulheres tem uma falta de capital inicial,

    pouca formao adquirida e pouca experincia de trabalho profissional.

    Apesar das diferenas de rendimento das mulheres no sector informal serem

    um factor que mantm as mulheres no sector mais baixo do mercado, no possvel

    generalizar este fenmeno uma vez que no um factor comum encontrado nas

    diversas regies dos Pases em Desenvolvimento. Por exemplo, estudos sobre o sectorinformal a partir de uma perspectiva de gnero revelam alto nvel de diferenciao

    nos rendimentos no sector informal a favor da mulher.

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    Tabela 3: Percentagem da forca laboral entre homens e mulheres no sectorinformal em certos Pases em Desenvolvimento

    SECTOR

    Manufactura Transporte Servios

    TOTALCONTINENTES

    H M H M H M H MfricaBurundi (1990) 31 60 13 0 17 21 21 32Congo (1984) 39 43 11 0 21 60 25 57Egipto (1986) 22 5 31 0 18 3 21 3Gmbia (1983) 38 100 13 0 23 60 25 62Mali (1990) 63 35 50 0 39 33 45 34Zmbia (1986) 31 81 8 0 31 71 29 72Amrica Latina / CaribeBrasil (1990) 14 5 24 2 23 24 19 21Costa Rica (1984) 14 13 11 0 7 22 8 19Honduras (1990) 15 52 29 0 26 29 21 34

    Jamaica (1988) 21 11 29 0 27 32 25 28Mxico (1992) 8 11 21 2 30 16 22 15Uruguai (1985) 15 20 12 0 19 14 17 15Venezuela (1992) 13 30 50 10 25 20 23 21sia e Oceano PacificoIndonsia (1985) 28 57 44 20 47 68 41 65Iraque (1987) 15 13 34 0 7 4 5 11Coria (1989) 24 21 36 40 78 52 48 41Malsia (1986) 9 22 22 5 21 26 17 24Qatar (1986) 0 0 0 0 1 0 1 0Sria (1991) 21 18 39 0 91 4 61 7Tailndia (1990) 8 14 43 14 11 30 12 24Fidji (1986) 15 20 25 0 13 9 15 10

    Fonte: Ducados (2007)

    No estudo da Costa do Marfim de Baden (1997), um tero das mulheres contra

    um quarto dos homens no sector informal de Abidjan pertenciam a grupos de

    rendimento alto.

    Na Tanznia, Baden (1997) mostrou que algumas mulheres, usando capital

    emprestado dos seus maridos, ou outros familiares, ou com a ajuda dos grupos

    informais de poupanas, tinham estabelecido grandes negcios, com rendimentosconsideravelmente maiores do que os disponveis no sector formal do emprego.

    O exemplo das mulheres comerciantes na frica Ocidental (Mams Benz) so

    frequentemente citados em estudos sobre o nvel micro, sugerindo que tais grupos de

    mulheres encontram-se numa posio econmicafavorvel. (Ducados, 2007)

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    O sector do comrcio constitui um elemento fundamental da configurao da

    estrutura econmica moderna, resultando evidente a sua participao destacada na

    criao de empresas e de empregos. Porm o seu papel no simplesmente

    econmico mas tambm, desempenha uma importante funo na estruturao

    territorial e populacional da sociedade. (Gomes, 2006)

    Em angola, o sector do comrcio encontra-se ainda claramente polarizado

    entre o pequeno comrcio de carcter tradicional (maioritariamente informal) e as

    grandes superfcies e grupos comerciais, com um elevado nmero de agentes

    comerciais no claramente identificados segundo a classificao em vigor, sendo

    necessrio corrigir esta situao para se obter maior aproximao, criar sinergias e a

    convergncia de todos os tipos de comrcio, garantindo-se assim o alcance dos

    objectivos do processo de modernizao. (Gomes, 2006)

    O sector do comrcio, principalmente o informal, em Luanda, dominado por

    mulheres que, ou circulam pelas ruas vendendo os seus produtos, ou possuem uma

    bancada em determinados locais da cidade ou mesmo dentro de grandes mercados,

    como o caso do Mercado Roque Santeiro, o maior do pas.

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    3 METODOLOGIA

    A conduo do presente estudo envolveu uma estratgia, essencialmente

    quantitativa, auxiliada pela colecta de dados qualitativos como suporte aos dados

    quantitativos. O estudo traduz-se numa pesquisa de tipo descritiva tendo-se recorrido

    ao uso da tcnica do questionrio. Pesquisa de fontes bibliogrficas e pesquisa

    documental sobre a ASSOMEL constituiram tambm algumas tcnicas de colecta de

    dados para o estudo.

    A populao alvo do estudo eram mulheres empresrias, tendo-se recorrido auma amostragem por convenincia de 101 mulheres, sendo 84 membros da

    ASSOMEL e 17 potenciais membros, que actuam na cidade de Luanda, distribudas

    por diversos sectores de actividade.

    De referir que das 84 mulheres membros da ASSOMEL envolvidas no estudo,

    12 esto em fase de criao do seu negcio, pelo que no responderam a todas as

    questes do questionrio da pesquisa.

    O principal instrumento de colecta de dados o questionrio (vide Anexo) foi

    construdo de raz em funo dos objectivos do estudo e contempla a recolha de

    informao sobre trs grandes dimenses com os respectivas factores, como se

    apresenta na tabela 4.

    A colecta dos dados no campo decorreu no ms de Setembro. As entrevistas e

    aplicao colectiva dos questionrios s membros da ASSOMEL decorreram na sua

    sede, tendo sido agendadas previamente sesses com grupos de 20 a 25 mulheres.

    Para o tratamento dos dados colectados atravs do estudo recorreu-se ao uso do

    do Microsoft Excel tendo-se optado por uma anlise estatstica descritiva dos dados.

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    Tabela 4: Dimenses, factores e variveis do questionrio

    DIMENSO FACTORES QUESTES

    Dados scio-demogrficosI.1

    Equilbrio entre trabalho e vidafamiliar

    I.2

    Aspectos profissionais I.3Perfil das

    empresrias Motivao para o negcio/ empreendedorismo I.4

    Dados gerais da empresa II.1

    Acesso a tecnologia II.2Necessidades de Formao II.3

    Perfil das empresas/negcios

    conduzidospelas

    empresrias Fontes de recursos da empresa e volume anualde vendas

    II.4

    Acesso a financiamentoIII.1

    Prticas de gesto III.2

    Desempenho do negcio e atitude quanto aofuturo

    III.3

    Perfil degesto

    das

    empresriasObstculos operacionalizao das actividadese ao desenvolvimento do negcio

    III.4

    Devido ao tipo de amostragem usada na pesquisa, a generalizao dos resultados

    do estudo devero ser cautelosas e apenas devero incidir sobre o total de mulheres

    empresrias abrangidas pela mesma.

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    4 RESULTADOS DO ESTUDO

    4.1 Perfil das Mulheres Empresrias

    4.1.1 Dados Scio-demogrficosA maioria das mulheres participantes na pesquisa situam-se numa faixa etria

    entre 41 a 50 anos e uma peuqena percentagem (2%) tem menos de 20 anos (vide

    grfico 13).

    Grfico 12: Empresrias por Faixa Etria

    31 a 4018%

    41 a 5041%

    51 a 60

    20%

    20 a 3016%

    Menos de 202%61 a 70

    2%71 a 80

    1%

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 101 mulheres inquiridas, 45% so solteiras e 25% so casadas conformese ilustra no grfico 14, abaixo.

    Grfico 13: Pesquisadas por Estado Civil

    Casada25%

    Solteira45%

    Divorciada6%

    Viva14%

    Unio de Facto10%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Do total de mulheres inquiridas apenas 9% no tem filhos e 61% daquelas que

    possuem, tem entre 3 a 6 filhos (vide grfico 15).

    Grfico 14: Pesquisadas por Nmero de filhos

    No tem9%

    1 a 216%

    3 a 661%

    Mais de 68%

    N/R6%

    Fonte: Dados do questionrio

    Todas as mulheres participantes desta pesquisa possuem a nacionalidade

    angolana e 54% possuem o nvel secundrio enquanto que apenas 21% tem formao

    superior (vide grfico 16).

    Grfico 15: Pesquisadas por Nvel de Formao

    Primrio11%

    Secundrio54%

    Tcnico Mdio10%

    Superior21%

    N/R4%

    Fonte: Dados do questionrio

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    4.1.2 Equilbrio entre trabalho e vida familiarDas 89 inquiridas que possuem uma empresa/negcio, 70% considera que a

    sua actividade empresarial no interfere negativamente no seu ambiente familiar (videgrfico 17).

    Grfico 16: Opinio das pesquisadas sobre a interferncia negativa da actividade empresarial noambiente familiar

    Sim18%

    No70%

    N/A12%

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 18% de empresrias que consideram que a sua actividade empresarial

    interfere negativamente no seu ambiente familiar, apontaram como alguns dosprincipais factores de interferncia, entre outros, a reduo das horas de lazer e as

    ausncias provocadas por viagens de negcios (vide tabela 6).

    Tabela 5: Factores que contribuem para a interferncia negativa da actividade empresarial noambiente familiar

    FACTORES FREQUNCIA

    Reduo das horas de lazer 14

    Incompatibilidade com o perodo de frias escolares ou do cnjugue 2

    Ausncias provocadas por viagens de negcios 6

    Reduo do nmero de refeies em casa 3

    Reduo da participao na educao dos filhos 6

    Desorganizao na gesto domstica 1

    Vive longe da empresa 1

    Falta de espao 1

    Fonte: Dados do questionrio

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    Das 70% mulheres empresrias que afirmaram conseguir ter um equilbrio

    entre o trabalho e a vida familiar, usam como principais estratgias, a boa gesto do

    seu tempo e o apoio da famlia, entre outras (vide grfico 18).

    Grfico 17: Factores que contribuem para um equilbrio entre o trabalho e a vida familiar

    Uma boa gestodo tempo

    38%

    Diviso detarefas com ocnjugue

    7%

    No tem filhosmenores

    15%

    Apoio da famlia21%

    Empregadosdomsticosapoiam na

    gesto do lar17%

    N/R2%

    Fonte: Dados do questionrio

    4.1.3 Aspectos ProfissionaisDas 89 mulheres pesquisadas que possuem o seu prprio negcio, 31% eram

    funcionrias pblicas antes de iniciarem o seu negcio, 20% eram estudantes e 16%domsticas (vide grfico 19).

    Grfico 18: Actividade das pesquisadas antes de iniciarem o seu prprio negcio

    FuncionriaPblica31%

    Trabalhadora porconta prpria

    19%

    Estudante20%

    Trabalhadora deempresa privada

    12%

    Empresria emoutra empresa

    1%

    Domstica16%

    Funcionria doPartido MPLA

    1%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Das 89 mulheres empresrias, 49% afirmou possuir alguma experincia no

    ramo antes de iniciar o seu prprio negcio, enquanto 39% no possuia essa

    experincia (vide grfico 20).

    Grfico 19: Experincia anterior das Empresrias no ramo de negcio

    Sim49%

    No39%

    N/A12%

    Fonte: Dados do questionrio

    Das empresrias que afirmaram ter j experincia no ramo de negcio

    aquando da abertura das suas empresas/negcios, 48% adquiriram essa experincia

    atravs de um familiar com negcio similar (vide grfico 21).

    Grfico 20: Mecanismos de aquisio de experincia no ramo de negcio pelas Pesquisadas

    Algum na

    famlia tinha

    negcio similar48%

    Trabalhadora

    por conta

    prpria no ramo

    20%

    N/R

    9% Scia de outra

    empresa

    4%

    Funcionria de

    outra empresa

    19%

    Fonte: Dados do questionrio

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    4.1.4 Motivao para o negcioAs maiores motivaes que estiveram na origem da abertura dos seus negcios

    pelas empresrias pesquisadas foram a identificao de oportunidades de negcio, asituao de desemprego em que se encontravam e a experincia prvia que possuiam,

    conforme se apresenta na tabela 7, a seguir.

    Tabela 6: Motivao para a criao de Negcio

    MOTIVAES FREQUNCIA

    Oportunidade de Negcio 36Experincia Anterior 19Disponibilidade de Tempo 10

    Disponibilidade de Capital 8Desemprego 29Insatisfao no emprego 7Aproveitamento de incentivos 11Melhorar a qualidade de vida 1Vocao 1Ter renda prpria 1Criar auto-emprego 1Dificuldades na vida 1Fora de vontade 1Sobrevivncia 2Reforma 1

    Contributo para a sociedade 1N/R 9

    Fonte: Dados do questionrio

    Apenas 28% das empresrias possuem outra actividade de gerao de renda,

    para alm da empresa/negcio que possuem actualmente (vide grfico 22).

    Grfico 21: Desenvolvimento de outra actividade de gerao de renda pelas Empresrias

    Sim

    28%

    No60%

    N/A

    12%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Estas actividades remuneradas que as empresrias desenvolvem para alm do

    seu negcio actual so predominantemente, o trabalho como funcionrias pblicas, a

    actividade de vendedora e a gesto de outra empresa/negcio da sua propriedade (vide

    tabela 8).

    Tabela 7: Tipo de outra actividade remunerada desenvolvida pelas pesquisadas para alm daempresarial

    ACTIVIDADE FREQUNCIAFuncionria Pblica 4Professora 2Vendedora 5Decoradora 2Secretria 1

    Pintora em gesso 1Trabalhadora de Posto de Enfermagem 2Aluguer de imveis 2Consultora 1Proprietria de outra Empresa/Negcio 4Modista 2Militar 1Membro do Conselho de Administrao de outra Empresa 1

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 89 mulheres pesquisadas que possuem o seu prprio negcio, 61%

    afirmou ser a nica proprietria do negcio, ou seja, no possuir nenhuma sociedade

    (vide grfico 23).

    Grfico 22: Partilha de sociedade no negcio

    Sim61%

    No22%

    N/A12%

    N/R5%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Das 22% empresrias que afirmou no ser a nica proprietria do negcio,

    36% partilha a sociedade com o marido, 27% com os filhos e 23% com amigos, (vide

    tabela 19). A percentagem predominante de partilha de sociedade com o marido e

    amigos de 50%, enquanto que com os filhos esta percentagem varia entre os 20% e

    25%, conforme se pode observar na tabela 19, abaixo.

    Tabela 8: Partilha de sociedade no negcio por tipo de pessoa e percentagem

    FREQUNCIA(N=22) PERCENTAGEM5% 15% 20% 25% 30% 35% 50% 60%

    Marido 8 36% 1 1 6Irmo 2 9% 2Pais 1 5% 1

    Filhos 6 27% 2 3 1Amigos 5 23% 1 1 3Fonte: Dados do questionrio

    Quando se questionou s 101 mulheres inquiridas no mbito desta pesquisa se

    escolheriam continuar a carreira profissional em que actualmente esto envolvidas,

    73% afirmou positivamente, enquanto que 20% deu uma resposta negativa (vide

    grfico 24).

    Grfico 23: Escolha de Carreira pelas Pesquisadas

    Sim73%

    N/R7%

    No20%

    Fonte: Dados do questionrio

    As principais razes evocadas por 70% das mulheres que afirmou escolher

    continuar a desenvolver a sua carreira actual foram, nomeadamente: o gosto pela

    actividade que desenvolvem, a rentabilidade do negcio que desenvolvem, a

    experincia que j possuem no ramo de negcio em que actuam, a inteno de

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    expandir o negcio e a melhoria do seu nvel de vida com o negcio que conduzem

    (vide tabela 10).

    Tabela 9: Razes das Empresrias para no mudarem de Carreira

    RAZES PARA NO MUDAR DE CARREIRA FREQUNCIAGosto pelo que faz 25Oportunidade de Negcio 2Expanso do Negcio 7Experincia no ramo 10Gosto por Desafios 1Rentabilidade do Negcio 11Aumento de empregabilidade 1Sobrevivncia 3Melhoria do Nvel de vida 5

    Formao acadmica compatvel com o Negcio 1Satisfao dos Clientes com a qualidade dos servios 1Hbito de fazer negcio 1Vocao para o negcio 2

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 20% empresrias que afirmou querer mudar de carreira profissional,

    evocaram como principais razes, o desejo de ter outra profisso e de criar outro tipo

    de negcio, para alm da incompatibilidade entre salrio e o custo de vida (vide tabela

    11).Tabela 10: Razes das Empresrias para no mudarem de Carreira

    RAZES PARA MUDAR DE CARREIRA FREQUNCIADesejo de ter outra profisso 6Desejo de criar outro tipo de negcio 6Incompatibilidade salrio/custo de vida 2Constituir empresa prpria 1Falta de financiamento 1Incompatibilidade formao acadmica/negcio 1

    Fonte: Dados do questionrio

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    4.2 Caracterizao das Empresas

    4.2.1 Dados gerais da EmpresaO perfil das empresas/negcios das mulheres inquiridas no mbito desta

    pesquisa, incluindo das 12 mulheres inquiridas que ainda esto em fase de criao do

    seu negcio, apresentado num documento parte deste relatrio.

    No entanto, conforme se pode observar no grfico 25, abaixo, a maioria (44%)

    das empresas/negcios geridos pelas 89 inquiridas enquadram-se no sector formal,

    embora uma percentagem considervel (33%) delas pertenam ao sector informal.

    Grfico 24: Sector da Empresa/negcio das Pesquisadas

    Formal44%

    Informal33%

    N/A12%

    N/R11%

    Fonte: Dados do questionrio

    A tabela 12 mostra-nos que, das 89 empresas/negcios geridas actualmente

    pelas empresrias pesquisadas, 25 foram criadas entre os anos 1976 e 1996, 47 foram

    criadas nos ltimos 10 anos, sendo que destas 47, quase metade (23), emergiram nos

    ltimos 3 anos. Isto demonstra que a tendncia de criao e a quantidade de empresas

    e pequenos negcios pelas mulheres em Angola tem sido crescente.

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    Tabela 11: Data de criao da empresa/negcio das Pesquisadas

    ANO DE

    CRIAO FREQUNCIA

    ANO DE

    CRIAO FREQUNCIA1976 1 1998 21977 1 1999 11986 1 2000 31987 5 2001 31988 1 2002 81989 1 2003 31990 3 2004 21991 1 2005 81992 5 2006 101994

    32007

    51995 2 N/A 121996 1 N/R 171997 2Fonte: Dados do questionrio

    Mais de metade (47%) das 89 empresas/negcios geridas pelas mulheres

    pesquisadas esto registadas legalmente (vide grfico 26) mas, conforme se

    demonstra na tabela, 13 a maioria delas foi legalizada alguns anos aps ter iniciado as

    suas actividades. Isto deve-se aos procedimentos burocrticos e aos custos envolvidosno processo de legalizao de negcios em Angola, facto que constitue um grande

    constrangimento apontado por muitas das empresrias inquiridas.

    Grfico 25: Registro Legal da empresa/negcio

    Sim

    47%

    No27%

    N/A

    12%

    N/R14%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Tabela 12: Ano de constituio/legalizao da empresa/negcio

    ANO DE

    CONSTITUIO FREQUNCIA

    ANO DE

    CONSTITUIO FREQUNCIA1976 1 2001 21987 1 2002 41988 1 2003 31989 1 2004 21991 2 2005 21992 2 2006 31994 1 2007 61995 2 N/A 121996 2 N/R 82000 5

    Fonte: Dados do questionrio

    Relativamente dimenso das empresas, observa-se que 72% das mulheres

    empresrias pesquisadas possuem micro e pequenos negcios (vide grfico 27).

    Grfico 26: Dimenso da Empresa/Negcio

    Micro46%

    Pequena26%

    Mdia15%

    Grande1%

    N/A12%

    Fonte: Dados do questionrio

    Quanto ao sector de actividade, os resultados da pesquisa demonstram que55% destas empresas/negcios pertencem ao sector de comrcio, 17% ao sector de

    servios, 13% ao sector industrial e apenas 3% ao sector agrcola (vide grfico 28 e

    tabela 14).

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    Grfico 27: Sector de Actividade da Empresa/Negcio

    Agricultura3%

    Servios17%

    Comrcio55%

    Indstria13%

    N/A12%

    Fonte: Dados do questionrio

    Tabela 13: Tipo de Actividade da Empresa/Negcio

    TIPO DEACTIVIDADE FREQUNCIA

    TIPO DEACTIVIDADE FREQUNCIA

    Restaurante9

    Decorao de festas e outroseventos 1

    Decorao de interiores3

    Venda de Materiais deConstruo 2

    Indstria de Cosmticos 2 Venda de Electrodomsticos 1

    Roupa/Moda 21 Panificao e Pastelaria 3Servios de Transporte 1 Minas 1Artesanato

    2Venda de produtosalimentares 8

    Educao/Formao 3 Comrcio Geral 27Vendas a retalho e a grosso 2 Sade 1Farmcia 2 Publicidade 1Indstria de tratamento demadeira 1

    Produo de gelados2

    Salo de cabeleireiro 5 N/R 17Fonte: Dados do questionrio

    A maioria destas empresas/negcios (58%) operam localmente, contudo, 27%

    das mesmas operam a nvel provincial e nacional o que significa que estas

    empresrias tem realizado esforos na expanso dos seus negcios para outros

    mercados do pas (vide grfico 29).

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    Grfico 28: mbito de actuao da Empresa

    Local58%

    Provincial17%

    Nacional10%

    Internacional3%

    N/A12%

    Fonte: Dados do questionrio

    Em media, o nmero de total de trabalhadores empregues pelas 89

    empresas/negcios geridas pelas mulheres pesquisadas de 12, e na sua maioria so

    do sexo masculino (vide grfico 30).

    Grfico 29: Mdia de Trabalhadores da Empresa por Sexo

    12,1

    4,6

    13,2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Total Feminino Masculino

    Fonte: Dados do questionrio

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    4.2.2 Acesso a TecnologiaA maioria das empresas/negcios (48%) usam o telemvel como principal

    recurso tecnolgico e de comunicao e, embora 15% das mesmas possuam

    computadores pessoais, apenas 5% tm os computadores ligados em rede e 1% faz

    uso do e-mail (vide grfico 31).

    Grfico 30: Tecnologias existentes na Empresa

    Telefone Fixo12%

    Telemvel46%Fax

    6%

    Computadorespessoais

    15%

    Internet9%

    Computadores

    ligados em rede5%

    E-mail1%

    N/A

    6%

    Fonte: Dados do questionrio

    Por outro lado, apenas 3% das empresas/negcios geridos pelas mulheres

    pesquisadas possuem um Website (vide grfico 32).

    Grfico 31: Empresas com Website

    Sim3%

    No53%

    N/A12%

    N/R32%

    Fonte: Dados do questionrio

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    A Situao das Mulheres Empresrias de LuandaNovembro,2007

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    4.2.3 Necessidades de FormaoGrande parte das empresrias pesquisadas (82%) afirma que necessita de

    formao quer para si prprias quer para o pessoal que emprega (vide grfico 33),

    predominantemente, em reas como: gesto, contabilidade e finanas, marketing,

    comunicao, liderana e secretariado (vide tabela 15).

    Grfico 32: Necessidades de Formao de Pessoal da Empresa

    Sim82%

    No

    4%

    N/A12%

    N/R2%

    Fonte: Dados do questionrio

    Tabela 14: reas de Necessidades de Formao de Pessoal da Empresa

    REAS DEFORMAO FREQUNCIA

    REAS DE FORMAOFREQUNCIA

    Gesto 62 Turismo e hotelaria 2Contabilidade/Finanas 45 Lnguas 6Liderana 18 Decorao 1Secretariado 17 Formao em Esttica 1Marketing 28 Gesto de Recursos Humanos 1Comunicao 22 Comrcio 4Atendimento ao cliente 2 Pastelaria 3

    Informtica 3 N/A 12Cozinha 1 N/R 1Fonte: Dados do questionrio

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    4.2.4 Fontes de Recursos da Empresa e volume anual de vendasOs dados da pesquisa revelam que a principal fonte de recursos das

    empresas/negcios das mulheres empresrias so os fundos prprios (vide grfico 34).

    Grfico 33: Principais fontes de Recursos da Empresa/Negcio

    Fundos Prprios

    64%

    Venda deProdutos eServios

    26%Doaes

    Individuais1%

    Comparticipaode

    Familiares/Amigos4%

    Microcrdito

    5%

    Fonte: Dados do questionrio

    Do total das 89 mulheres pesquisadas que possuem a sua empresa/negcio, 27

    no revelararam o volume annual de vendas dos seus negcios mas a tabela 16 mostra

    que, enquanto 29 das empresas possue um volume annual de vendas inferior a

    5.000,00 USD, h um nmero considervel (16) delas com um volume anual de

    vendas que oscila entre os 30.000,00 USD e os 100.000,00 USD.

    Tabela 15: Volume Annual de Vendas da Empresa/Negcio

    VOLUME ANUAL DEVENDAS (USD) FREQUNCIA

    VOLUME ANUAL DEVENDAS (USD) FREQUNCIA

    De 100 a 500 10 De 21001 a 24000 1

    De 501 a 1000 7 De 24001 a 27000 1

    De 1001 a 2000 6 De 30001 a 50000 4De 2001 a 5000 6 De 50001 a 100000 4De 5001 a 8000 7 Mais de 100000 8De 8001 a 12000 5 N/A 12De 12001 a 15000 2 N/R 27De 18001 a 21000 1

    Fonte: Dados do questionrio

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    4.3 Acesso a financiameno, prticas de gesto e barreiras ao negcio

    4.3.1 Acesso a financiamentoQuestionou-se as empresrias se recorreram a pedido de financiamento para a

    criao dos seus negcios e apenas 19% delas afirmou positivamente (vide grfico

    35).

    Grfico 34: Pedido de financiamento para abertura da Empresa/Negcio

    Sim19%

    No65%

    N/A12%

    N/R4%

    Fonte: Dados do questionrio

    A maioria destas empresrias recorreu a parentes e amigos como principal

    fonte de financiamento para iniciar os seus negcios, mas uma percentagemconsidervel (42%) recorreu banca privada e estatal (vide grfico 36).

    Grfico 35: Fontes de Recursos Financeiros para a abertura do Negcio

    BancaPrivada

    21%

    BancaEstatal

    21%

    Parentes/Amigos

    48%

    Meiosprprios

    5%

    ASSOMEL5%

    Fonte: Dados do questionrio

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    De acordo com as 27% empresrias que recorreram a pedido de

    financiamento, os principais objectivos do financiamento obtido destinaram-se

    compra de matrias primas e mercadorias e mquinas e equipamentos (vide tabela

    17).

    Tabela 16: Finalidade do Financiamento obtido pelas Empresrias

    FINALIDADE DOFINANCIAMENTO OBTIDO FREQUNCIA

    Formao de capital social 3Aquisio de matrias-primas e mercadorias 10Aquisio de mquinas e equipamentos 9Aquisio de bens de informtica 3Obras e/ou instalaes 3

    Aquisio de local prprio 5Aquisio de veculos 3Fundo de maneio 1N/A 12N/R 4

    Fonte: Dados do questionrio

    Actualmente, apenas 21% das empresrias pesquisadas trabalham com bancos

    e instituies de micro-crdito (vide grfico 37).

    Grfico 36: Ligao das Empresrias com Bancos ou instituies de Micro-Crdito

    Sim21%

    No57%

    N/A12%

    N/R10%

    Fonte: Dados do questionrio

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    O Banco Fomento de Angola (BFA) aquele com que uma maior

    percentagem das empresrias pesquisadas trabalha (23%), seguindo-se o Banco Sol, o

    Novo Banco e o Banco de Poupana e Crdito (BPC), conforme ilustra o grfico 38,

    abaixo.

    Grfico 37: Bancos ou instituies de Micro-Crdito com as quais as Empresrias trabalham

    BIC10%

    BFA23%Banco Sol

    19%

    N/R5%

    Novo Banco14%

    BPC14%

    BAI5%

    BESA5%BCI

    5%

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 89 empresrias, 49% costuma recorrer a pedido de financiamento banca

    e instituies de micro-crdito para projectos de investimento e 27% para a compra de

    equipamento (vide grfico 39).

    Grfico 38: Finalidade dos Emprstimos solicitados pelas Empresrias

    Projectos deinvestimento

    49%

    Compra deequipamento

    27%

    Compra demercadoria

    11%

    Compra dematria prima

    3%

    Compra deinstalaes

    5%

    Fundo deManeio

    5%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Do total das 101 mulheres inquiridas, no mbito desta pesquisa, 95%

    manifestou interesse em solicitar, no futuro, um emprstimo ao Banco ou a alguma

    instituio de micro-crdito (vide grfico 40).

    Grfico 39: Interesse das Empresrias em solicitar emprstimo no futuro

    Sim95%

    No5%

    Fonte: Dados do questionrio

    Segundo as mulheres inquiridas que manifestaram interesse em solicitar no

    futuro um emprstimo ao Banco, a finalidade do mesmo destinar-se-,

    essencialmente, a projectos de investimento (54%) e compra de equipamento (22%),

    conforme ilustra o grfico 41, que se segue.

    Grfico 40: Finalidade do emprstimo a ser solicitado pelas Empresrias

    Projectos deinvestimento

    54%

    Compra demercadoria

    6%

    Formao1% N/R

    3%Fundo deManeio10%

    Compra deequipamento

    22%Compra de

    matria prima4%

    Fonte: Dados do questionrio

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    OLeasing constitui a principal forma de pagamento de emprstimo para 22%

    das mulheres que possuem a inteno de solicitar emprstimo banca para a compra

    de equipamento (vide grfico 42).

    Grfico 41: Formas de pagamento de emprstimo para aquisio de equipamento

    A pronto29%

    Atravs deLeasing

    71%

    Fonte: Dados do questionrio

    De 95% das empresrias interessadas em, futuramente, obter financiamento da

    banca para o desenvolvimento dos seus negcios, 34 delas pretendem solicitar um

    montande at 30.000,00 USD enquanto que um total de 52 mulheres manifestaram

    interesse em solicitar um emprstimo no montante entre 30.000,00 USD a 100.000,00

    USD (vide tabela 18).

    Tabela 17: Montante do Emprstido a solicitar ao Banco pelas Empresrias

    VALOR DOEMPRSTIMO A

    SOLICITAR (USD) FREQUNCIA

    VALOR DOEMPRSTIMO A

    SOLICITAR (USD) FREQUNCIAAt USD 5000 5 De 45001 a 50000 14De 5001 a 10000 5 De 55001 a 60000 1De 10001 a 15000 7 De 65001 a 70000 1

    De 15001 a 20000 3 De 75001 a 80000 1

    De 20001 a 25000 6 De 85001 a 90000 1De 250001 a 30000 8 De 95001 a 100000 12

    De 30001 a 35000 5 Mais de 100000 16

    De 35001 a 40000 1 N/R 15

    Fonte: Dados do questionrio

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    De 95% das mulheres pesquisadas que manifestaram interesse em solicitar, no

    futuro, emprstimo ao Banco, 67% afirmou que daria o cash flow do negcio como

    garantia ao Banco e 29% daria a propriedade como garantia (vide grfico 43).

    Grfico 42: Tipo de Garantia que as Empresrias disponibilizariam ao Banco para efeitos deemprstimo

    Propriedade29%

    Cash Flow67%

    Aval Pessoal3%

    Equipamento1%

    Fonte: Dados do questionrio

    Apenas 13% das mulheres pesquisadas manifestaram a inteno de contribuir

    com uma percentagem ao solicitar o emprstimo ao Banco (vide grfico 44), sendo

    esta percentagem, predominantemente, de 20% do valor do emprstimo (vide tabela

    19).

    Grfico 43: Solicitao de emprstimo de 100% ao Banco pelas Empresrias

    Sim72%

    No13%

    N/R15%

    Fonte: Dados do questionrio

    Tabela 18: Percentagem da contribuio do emprstimo ao Banco pelas Empresrios

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    % DA CONTRIBUIO DOEMPRSTIMO FREQUNCIA

    5% 110% 120% 530% 240% 150% 160% 2

    Fonte: Dados do questionrio

    4.3.2 Prticas de gestoDas 89 mulheres inquiridas que possuem uma empresa/negcio, 63% afirmou

    no ter realizado um estudo de viabilidade para a abertura do negcio, enquanto que

    15% afirmou ter realizado (vide grfico 45).

    Grfico 44: Estudo de Viabilidade para a abertura do Negcio

    Sim15%

    No63%

    N/R22%

    Fonte: Dados do questionrio

    As principais prticas de gesto regularmente usadas pelas empresriaspesquisadas so, nomeadamente: o levantamento de necessidades e satisfao dos

    clientes (26%), a promoo, divulgao e marketing dos seus servios ou produtos

    (18%) e o controlo contabilstico do seu negcio (17%), conforme se ilustra no

    grfico 46, abaixo.

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    Grfico 45: Prticas de gesto regularmente usadas pelas Empresrias

    26%

    5%

    18%17%

    4%

    8%

    6%

    6%10%

    Levantamento denecessidades e satisfaodos clientes

    Utilizao de serviosprofiss ionais especializados

    Promoo, divulgao emarketing

    Controle Contabilstico

    Actualizao tecnolgica

    Formao de Pessoal

    Fonte: Dados do questionrio

    Os dados da pesquisa revelam que 57% das empresrias inquiridas tem

    recorrido ao apoio profissional externo para o desenvolvimento dos seus negcios,

    essencialmente, atravs do contacto de pessoas com conhecimento do ramo de

    negcio em que actuam e contacto com Associaes de Empresas do ramo (vide

    grficos 47 e 48).

    Grfico 46: Apoio profissional Externo para o desenvolvimento do Negcio

    Sim57%

    No33%

    N/R10%

    Fonte: Dados do questionrio

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    Grfico 47: Tipo de Apoio profissional externo procurado pelas Empresrias

    EntidadesEmpresariais

    9%

    Associaode empresas

    do ramo35%Empresas de

    consultoria5%

    Pessoas queconhecem o

    ramo41%

    ASSOMEL4%

    N/R6%

    Fonte: Dados do questionrio

    Das 101 mulheres inquiridas, no mbito da presente pesquisa, 83% so

    membros filiadas da ASSOMEL enquanto que as restantes 17% no so membros

    mas sim potenciais membros da associao (vide grfico 49).

    Grfico 48: Empresrias pesquisadas membros da ASSOMEL

    Sim83%

    No

    17%

    Fonte: Dados do questionrio

    De 83% mulheres membros da ASSOMEL, 11% so membros h mais de 10anos, 55% esto afiliadas na associao num perodo que compreende entre 1 a 5 anos

    de durao, enquanto que uma percentagem considervel (27%) afiliaram-se

    Associao menos de um ano (vide grfico 50).

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    Grfico 49: Membros da ASSOMEL por tempo de afiliao Associao

    Menos de 1ano27%

    1 a 5 anos55%

    6 a 10 anos7%

    11 a 15anos6%

    Mais de 15anos5%

    Fonte: Dados do questionrio

    De 17% das mulheres inquiridas que no so membros da ASSOMEL,

    apresentaram como principais razes para no estarem afiliadas associao, a falta

    de conhecimento da existncia da ASSOMEL (47%) e o desconhecimento das

    vantagens de ser membro (18%), conforme ilustra o grfico 51, a seguir.

    Grfico 50: Razes para a no afiliao das Empresrias pesquisadas na ASSOMEL

    Falta deconhecimentoda existnciada ASSOMEL

    47%

    Incapacidadepara pagar as

    quotas6%

    Desconhecimento das

    vantagens deser membro

    18%

    N/R29%

    Fonte: Dados do questionrio

    De acordo com as mulheres membros da ASSOMEL inquiridas, a associao

    tem contribudo para o desenvolvimento dos seus negcios, essencialmente, atravs

    da formao, aconselhamento e assistncia tcnica (vide grfico 53).

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    Grfico 51: Opinio das Empresrias Associadas sobre o apoio da ASSOMEL nodesenvolvimento dos seus negcios

    Formao32%

    Aconselhamento

    22%

    Marketing daAssociao(Criao deWebsite e

    Brochuras)4%

    AssistnciaTcnica

    10%

    Apoio no acessoao micro-crdito

    3%

    Netw orking7%

    N/R22%

    Fonte: Dados do questionrio

    Na opinio de 30% das associadas, a ASSOMEL tem tido um bom

    desempenho em termos de funcionamneto, 10% classificam o funcionamento como

    muito bom e 23% suficiente (vide grfico 53).

    Grfico 52: Opinio das Empresrias membros sobre o funcionamento da ASSOMEL

    Muito bom10%

    Bom30%

    Suficiente23%

    Mau6%

    N/R31%

    Fonte: Dados do questionrio

    Segundo as associadas h necessidade da ASSOMEL melhorar alguns

    aspectos relativos ao seu funcionamento e que possibilitem o alcane pleno dos seus

    objectivos como, por exemplo:

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    Arranjar melhores instalaes a nvel da sua sede e condies

    tecnolgicas e equipamento de trabalho;

    Expandir a associao atravs da criao de ncleos municipais;

    Promover mais aces de