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O QUE É IDEOLOGIA? AULA ESPECIAL DE FILOSOFIA - TRIU - 27/04/2015

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O QUE É IDEOLOGIA?AULA ESPECIAL DE FILOSOFIA - TRIU - 27/04/2015

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INTRODUÇÃO

• Objetivos da aula:

• Compreender o uso do termo e os conceitos de ideologia;

• Explorar o conceito através de exemplos da própria tradição filosófica bem como da História.

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• Esta palavra foi empregada pela primeira vez por Destutt de Tracy em seu livro Elementos de ideologia. De Tracy junto com um grupo de outros estudiosos de diversas áreas iniciou na França uma tentativa interessante de elaborar uma ciência das ideias. Um busca científica pela gênese das ideias.

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• As ideias eram vistas como fenômenos naturais. O estudo delas, portanto, não se separava do entendimento sobre as faculdades sensíveis. Isto é, nossos sentidos em seu funcionamento seriam responsáveis pela formação de ideias básicas como: querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção), e recordar (memória).

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• Os teóricos desta ciência eram antiteológicos, antimetafísicos e antimonárquicos. Pertenciam ao partido liberal e esperavam que o progresso das ciências experimentais, baseadas exclusivamente an observação, na análise e síntese dos dados observados, pudesse levar a uma nova pedagogia e uma nova moral.

• Ele acreditavam que o ensino das ciências físicas e químicas, por exemplo, por serem de natureza experimental e depender da investigação na natureza, estimularia as pessoas a observar, analisar, decompor e recompor fatos.

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• Pretendiam criar uma ciência moral tão certa como a ciência natural. E uma das maneiras que um dos investigadores do grupo cogitava para isso era de nunca separar a moralidade da fisiologia do corpo humano.

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• Os ideólogos franceses apoiaram o golpe de 18 Brumário* de Napoleão Bonaparte. Foram nomeados senadores e, nesta posição, começaram a perceber que as verdadeiras intenções deste governo não eram progressistas, mas visava o restabelecimento do Antigo Regime. Sistema posto em xeque pela Revolução de 1789.

• * 18 Brumário do ano IV corresponde à data de 9 de novembro de 1799.

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• Napoleão, após tomar o poder declara que os ideólogos seriam algo equivalente a “inimigos da França”

• A sua declaração foi a seguinte: “Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às leis da história”. Bonaparte inverteu o que os próprios ideólogos eram!

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O TERMO “IDEOLOGIA”• Foi assim que o sentido mais corrente do termo

ideologia surgiu: um sistema de ideias que i n v e r t e o re a l , q u e n o s p r i v a d o conhecimento da realidade.

• É neste mesmo sentido que Marx, um dos filósofos que mais contribuiu para o conceito, interpreta o termo ideologia. Veremos a frente!

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O TERMO “IDEOLOGIA”• Foi assim que o sentido mais corrente do termo

ideologia surgiu: um sistema de ideias que i n v e r t e o re a l , q u e n o s p r i v a d o conhecimento da realidade.

• É neste mesmo sentido que Marx, um dos filósofos que mais contribuiu para o conceito, interpreta o termo ideologia. Veremos a frente!

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SOBRE O TERMO “IDEOLOGIA”

• O que vimos até agora?

• A ideologia surge como uma teoria. Que faz uma leitura do mundo. Mas o seu próprio sentido é deturpado, como vimos. Por que?

• Toda teoria se constrói de uma maneira que aproveita o desenvolvimento anterior, seja para reforçá-lo ou para negá-lo. A busca, por exemplo, de uma fisiologia das ideias de querer, julgar, perceber e recordar, depende de teorias anteriores que explicavam o ser humano sob estas categorias.

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OUTRAS TEORIAS…• Vamos analisar este ponto analisando o progresso histórico de uma

teoria científica e as imagens do mundo que cada uma delas produz:

• Nosso ponto de partida é Aristoteles, o filósofo grego, com a teoria das 4 causas;

• Passamos pela Idade Média, onde a filosofia aristotélica é interpretada e utilizada para defender os dogmas da religião cristã;

• Chegamos na Idade moderna, com o desenvolvimento teórico e prático da investigação científica por Francis Bacon, Galileu, Descartes, entre outros.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• O problema da investigação da natureza para os gregos era explicar o movimento. Movimento significava uma alteração qualquer em um objeto, seja na sua posição, tamanho, qualidade ou geração e corrupção.

• Material: a matéria de que um corpo é constituído;

• Formal: a forma que a matéria possui para constituir um determinado corpo;

• Motriz ou eficiente: a ação ou operação que é responsável por dar a forma do objeto;

• Final: o motivo ou razão pela qual a matéria passou a ter uma determinada forma.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• As causas, nesta teoria, são organizadas hierarquicamente: a causa

eficiente é a menos importante, e a mais importante é a causa final.

• Por que a causa eficiente é a menos importante? Isto não está explicado na teoria!

• Sobre a causa final é diferente, sabemos que ela é a mais importante pois ela determina a utilidade para a qual um objeto é fabricado ou ainda sobre qual é de fato a natureza intrínseca do ser humano, por exemplo. A natureza de algo, para Aristóteles, é a finalidade para a qual ela existe.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• Para entender a depreciação pela causa eficiente precisamos olhar

para fora da teoria!

• Isso significa, neste caso, entendermos o contexto social que permitiu ou inspirou esta teoria que aparentemente é pura e descreve com sucesso a natureza física e humana.

• Existe então, neste caso, uma ligação entre uma ideia de causalidade e a divisão social grega. Esta divisão é aquela entre os escravos - que trabalhavam, que produziam o mundo e as coisas - e os cidadãos ou homens livres - estes encarnando neles próprios os destinatários das coisas produzidas, logo determinando a finalidade das coisas mesmas!

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• Para entender a depreciação pela causa eficiente precisamos olhar para fora

da teoria!

• No caso da Idade Média, a teoria ainda continua válida, mas mudam os atores sociais que desempenham os papéis. Temos os servos e os senhores feudais.

• A causa final, como vimos antes, está vinculada ao cidadão ou ao senhor e corresponde à “ideia de uso e este depende da vontade de quem ordena a produção de alguma coisa”(p.10).

• Enquanto que a causa eficiente está relacionada ao trabalho pelo qual uma determinada matéria vai adquirir a forma que corresponde a sua causa final.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• Há portanto uma depreciação da PRODUÇÃO em favor da

finalidade ou do USO:

• Isto significa, portanto, a existência de uma negligência quanto ao processo e uma primazia do fim ou finalidade.

• Esta ideia pode ser aplicada até mesmo em concepções religiosas. Seja, por exemplo, Deus visto como o fim e a glória do Universo. Sendo isto verdade ou não, temos de observar que se explicamos todas as coisas apenas pela sua finalidade, neste caso Deus, estamos negando o processo dos objetos em particular. Por ex.: Não basta dizer que a semente produz uma árvore porque Deus assim fez.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• O que podemos concluir até aqui?

• Um pensador que formula sua teoria em um determinado tempo histórico não escapa às determinações deste mesmo período. Ele mesmo pode até pensar estar produzindo uma teoria final ou pura sobre o conhecimento das coisas e da humanidade. Mas a sua existência é histórica e sua teoria não escapará também a esta condição. Tentar eliminar a determinação histórica é justamente criar aquele afastamento da realidade ou mesmo a sua inversão, como vimos na análise do termo ideologia.

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A TEORIA DAS 4 CAUSAS• O que podemos concluir até aqui?

• Um pensador que formula sua teoria em um determinado tempo histórico não escapa às determinações deste mesmo período. Ele mesmo pode até pensar estar produzindo uma teoria final ou pura sobre o conhecimento das coisas e da humanidade. Mas a sua existência é histórica e sua teoria não escapará também a esta condição. Tentar eliminar a determinação histórica é justamente criar aquele afastamento da realidade ou mesmo a sua inversão, como vimos na análise do termo ideologia.

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A TEORIA MODERNA• Com o Renascimento, a descoberta de novas

regiões do planeta Terra, e uma nova organização social na Europa, a teoria de Aristóteles passa a perder sua preponderância:

• Nasce neste momento que chamamos de Idade Moderna. Na filosofia podemos apontar três pensadores que caracterizaram esta mudança de paradigma científico: Galileu, Francis Bacon e Descartes.

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A TEORIA MODERNA

• Neste momento histórico as 4 causas que explicavam a natureza tornam-se apenas duas:

• A EFICIENTE e a FINAL.

• A própria significação atual da palavra “causa” tem sua origem neste momento. É uma operação ou ação.

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A TEORIA MODERNA• Mas como os modernos conservam apenas estas

duas causas?

• Trata-se de uma operação que divide a existência em duas partes: Natureza e Espírito.

• Na filosofia de Descartes temos a definição de duas substâncias: de uma lado a matéria (res extensa) e de outro o espírito ou pensamento (res cogitans).

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A TEORIA MODERNA

• Mas como os modernos conservam apenas estas duas causas?

• Existe, de uma lado, uma teoria física, onde se impõe a causalidade eficiente. Isto significa que no nível material da existência existe apenas uma interligação necessária de causas, é um universo mecânico. O corpo é uma máquina como um relógio.

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A TEORIA MODERNA• Mas como os modernos conservam apenas estas duas

causas?

• E, de outro lado, existe a causalidade final. Ela está o reino do espírito, onde é possível a liberdade. A liberdade é justamente a liberdade divina de ação e também à humana.

• É através da vontade humana que se expressa a liberdade, logo a causa final.

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A TEORIA MODERNA• Consequências desta nova visão de mundo:

• O corpo humano se subordina à sua vontade, que o controla para as mais diversas tarefas. Mas uma atividade se destaca: o TRABALHO.

• Ora, o trabalho se caracteriza por uma atividade onde nossa vontade dirige o corpo a realizar um conjunto de movimentos com fins determinados.

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A TEORIA MODERNA• Consequências desta nova visão de mundo:

• E trabalho surge, assim, como uma privilegiada forma de expressão do homem no mundo.

• E isto não é estranho? Como o trabalho, feito por escravos e servos, era desvalorizado e agora aparece como algo dignificante, que faz feliz aquele que o executa.

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A TEORIA MODERNA• Estranho! Sim, esta é a primeira pista que temos para analisar a

realidade que está produzindo esta nova teoria sobre o homem e o mundo.

• O que aconteceu neste período é justamente a ascensão de uma nova classe, adquirindo poder político e econômico. E esta classe que começou a fazer-se por meio do trabalho é a burguesia.

• Este termo, burguesia, porém não descreve simplesmente uma classe. É notório dizer que à medida que uma classe adquire poder econômico isto significa dizer que ela detém os meios de produção.

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A TEORIA MODERNA

• E deter os meios de produção significa justamente ter a propriedade das máquinas, ferramentas, o espaço físico de trabalho etc. necessários para a produção de algum bem.

• O homem livre neste caso ganha o significado daquele que é livre para vender sua força de trabalho. Assim, já vemos logo uma nova cisão nascente aqui: de um lado o trabalhador executa a atividade mecânica e de outro, o proprietário, a atividade intelectual - de planejamento e comando.

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A TEORIA MODERNA• A teoria cartesiana, isto é, a filosofia de René Descartes

propõe uma separação radical entre matéria e pensamento. Interpretações mais recentes sobre a relação entre corpo e mente nesta teoria chegam a dizer que este filósofo defende uma teoria do “fantasma na máquina”. Isto é, ex i s te um mundo tão per fe i t amente fechado mecanicamente (o corpo) e um outro mundo (o mental ou espiritual) que acreditamos estar em relação com aquele, mas que não sabemos ao certo como se dá a junção.

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A TEORIA MODERNA

• De Francis Bacon a teoria científica moderna herdou a ideia de que não há descoberta sem experimento. Dito de outra maneira, não há uma Natureza intocável que observamos e descrevemos, alcançando assim a realidade. Esta ideia mostrou-se com o tempo algo especulativo: aquilo que era a Natureza eram ideias que haviam produzido sobre a ela e destas ideias partiam teorias que pretendiam descrever o real. Bacon propõe que o homem “vá armado” à natureza, que a domine para conhecê-la verdadeiramente.

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A TEORIA MODERNA

• Galileu foi o famoso pensador que propôs que toda a natureza estava escrita em uma linguagem universal, a matemática. Para acessar a verdade era necessário submeter as rigorosas observações de fenômenos naturais à linguagem matemática e por meio desta formular experimentos.

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QUESTÕES DE VESTIBULAR

1) Leia o seguinte texto:

“No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (Natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por outro lado, ela rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis como domínio da necessidade, com o advento do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora, quanto autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a necessidade de a natureza fixar-se na constância do hábito”. (fonte: conferir abaixo) Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal como empregada por Aristóteles, compreende:

a) A disposição da ação humana, que ordena a natureza. b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza. c) A ordem da natureza, que determina o hábito das ações humanas. d) A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da natureza. e) A razão matemática, que assegura ordem à natureza.

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QUESTÕES DE VESTIBULAR2. (Universidade Católica do Paraná de 2008)  “Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática”. Em relação a esse aforismo III do Livro I do Novum Organum de Francis Bacon, considere a alternativa que apresenta a interpretação, CORRETA:

A)  O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as leis da natureza e, com isso, seus fenômenos podem ser controlados tendo em vista um benefício humano. B)  O autor menciona que o conhecimento, o saber, está ligado ao poder, ou seja, mediante o conhecimento é possível, de maneira segura e rigorosa, conquistar o poder sobre a natureza. C)  Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de controle sobre a natureza, mas principalmente sobre as pessoas, possibilitando um poder incondicional ao detentor do saber. D)  O saber já possui um valor em si mesmo, o que conduz, conseqüentemente, de acordo com Bacon, a um poder. E)  O que Bacon pretende dizer é que o saber nem sempre tem uma relação com a prática e que é a conveniência individual desse saber que determina seu valor.

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QUESTÕES DE VESTIBULAR3. PUC/Paraná – 2008 Em relação à definição de Bem apresentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a Nicômaco, considere as seguintes alternativas:  I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sendo identificada nos objetos, mas não entre os  homens.  II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de um fim.  III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficiente e útil, tal como a arte médica será  eficiente se tivermos o bem como meio de sua prática.  IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à compreensão humana.  De acordo com tais afirmações, podemos dizer que: 

A) Apenas a alternativa II está correta.  B) As alternativas II e III estão corretas.  C) Todas as alternativas estão corretas.  D) As alternativas III e IV estão corretas.  E) Apenas a alternativa III está correta.

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QUESTÕES DE VESTIBULAR4. (UFPB 2009) Leia o texto abaixo:

“[...] o primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a História, é que os homens devem estar em condições de viver para poder ‘fazer história’. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda história, que ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias e todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos.” MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 39.

As análises históricas de Marx (1818-1883), pensador alemão, exerceram e ainda exercem grande influência nas ciências humanas e sociais, entre elas, a História. Sobre a concepção marxista de História, assinale as alternativas verdadeiras.

1) A concepção da luta de classes como motor da História foi atribuída indevidamente ao marxismo, para o qual as transformações históricas decorrem apenas das ações dos indivíduos. 2) O marxismo defende, teoricamente, uma postura neutra do historiador diante da sociedade e do conhecimento produzido sobre a mesma e, assim, nega validade prática a sua própria concepção. 4) As sociedades, para Marx, não podem ser compreendidas sem um estudo pormenorizado de sua base econômica, e esse entendimento significa a análise da sua organização material para a produção da sobrevivência humana. 8) Os marxistas são ardorosos defensores do fim da história, pois essa tese representa a culminância do desenvolvimento humano, com a glorificação da sociedade de mercado e da democracia liberal. 16) A História, para Marx, é feita por todos, principalmente os trabalhadores, e essa concepção rompia com a idéia, bastante comum no século XIX, de uma História feita apenas pelos “grandes homens”.