O prato

É estranho, o facto de um objecto que guardamos com carinho trazer às nossas

memórias toda uma parte da nossa vida.

Vida onde há regras, onde a obediência é lei e o respeito um sentimento inato.

Tempo de subir às árvores, de jogar o pião, de colher amoras selvagens e de tomar

banho nos riachos existentes, onde a água era cristalina.

Época dos cozinhados no fogão de lenha. Cozinhados simples mas com sabores que

ainda hoje tento obter, utilizando as mesmas ervas aromáticas que fazem parte da minha

horta desde então.

Recordações do tempo passado a ouvir histórias dos mais velhos nos serões de Natal.

Natal, festa católica na qual se comemora o nascimento de Jesus, facto esquecido por

muitos nos dias de hoje. Celebração que reunia a família para a preparação da ceia.

Odores das tradicionais iguarias que eram confeccionadas na época Natalícia.

O objecto do qual tenho falado é um prato que servia para a caldeirada do Natal.

Um prato velhinho, no qual comíamos todos. Prato que ainda hoje tem o seu uso no

jantar de Natal. Objecto que não deixa espaço para a mínima dúvida na minha mente

para o verdadeiro significado da palavra família.

Recordações de um tempo onde simplesmente estar com a família, fazia de nós

crianças felizes.

Dorinda Da Silva