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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
O PAPEL DO GESTOR AMBIENTAL EM RELAÇÃO
AOS EFEITOS CAUSADOS PELO AQUECIMENTO
GLOBAL
Por: Priscila Vitoriano dos Santos
Orientadora:
Maria Esther
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
O PAPEL DO GESTOR AMBIENTAL EM RELAÇÃO
AOS EFEITOS CAUSADOS PELO AQUECIMENTO
GLOBAL
Apresentação de monografia a Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Ambiental. Por: Priscila Vitoriano dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por iluminar a minha
vida.
A família, amigos, professores, a
orientadora Maria Esther e todos que
participaram desta minha trajetória e que de
alguma forma me incentivou, dando apoio
constantemente, acreditando no meu
potencial.
A todos, minha profunda gratidão!
4
DEDICATÓRIA
“Dedicado às futuras
gerações, com a esperança
de que o presente delas seja
a sustentabilidade que
buscamos hoje”. A.D
5
EPÍGRAFE
“Quando a última árvore tiver caído,
...Quando o último peixe for pescado,
...Quando o último rio for secado,
...Vocês vão entender que dinheiro não se
come.”
(provérbio indígena)
6
RESUMO
A pesquisa busca identificar de que forma o Gestor Ambiental pode estar
contribuindo para a diminuição dos efeitos causados pelo aquecimento global,
a partir de reflexões de autores que tem como teoria que os impactos
ambientais causados por fatores antropogênicos, estão afetando diretamente o
clima mundial.
No primeiro momento será apresentado o que é o aquecimento global,
efeito estufa e a longa trajetória da mudança do clima, que vem sendo discutida
desde o século XIX.
Em seguida as conseqüências do aquecimento global, dando ênfase ao
Brasil, mostrando a importância de estar reduzindo as emissões de gases
causadores do efeito estufa, tendo como principal representante o CO2.
A influência desta maior concentração de gases comprova a grande
importância de se atuar neste âmbito, pensando de maneira sustentável para
suprir as necessidades da geração atual, não comprometendo as futuras
gerações, pois o aumento de temperatura global permite que todo o
ecossistema seja modificado, afetando diretamente a biodiversidade, saúde
humana, economia e a esfera sócio-ambiental no planeta.
Palavras chaves: Aquecimento Global e Mudanças Climáticas
7
METODOLOGIA
Para a realização desta monografia, que pretende analisar qual é o
papel do Gestor Ambiental em relação aos efeitos causados pelo aquecimento
global, a metodologia necessária para as etapas do desenvolvimento deste
trabalho será de caráter qualitativo, ou seja:
“Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa”. [Liebscher, 1998].
Com isso a principal forma de coleta de dados escolhida é a pesquisa
bibliográfica, tendo como leitura livros, revistas, jornais, documentário e
consultas através de sites. Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 65):
“A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas. [...] Busca conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema”.
Tendo como base autores: Bjorn Lombortg e José Eli da Veiga, Kirstin
Dow e Thomas E. Downing, James Lovelock, o Albert Arnold Gore Jr (Al
Gore)1, entre outros... se aprofundando no conhecimento já existente, sobre
aquecimento global, de modo a obter uma compreensão satisfatória do tema
abordado, para que assim sejam atingidos os objetivos propostos.
1 Albert Arnold conhecido como Al Gore. É um político americano que foi vice-presidente durante a administração de Bill Clinton, entre 1993 e 2001. Em 2006, lançou An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente), documentário e livro sobre aquecimento global, sendo vencedor do oscar de melhor documentário em 2007.
8
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS 9
INTRODUÇÃO 10
CAPITULO I – Aquecimento Global 11
CAPÍTULO II – Impactos Ambientais Causados
Pelo Aquecimento Global 25
CAPÍTULO III – Possibilidades de Ações do Gestor Ambiental 37
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 48
WEBGRAFIA 50
ANEXOS 52
ÍNDICE 65
ÍNDICE DE FIGURAS 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO 68
9
LISTA DE SIGLAS
CFC’S – Clorofluorcarboneto’s
CH4 – Metano
CO2 – Dióxido de Carbono
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
COP 15 – 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
EUA – Estados Unidos da América
GEE – Gases de Efeito Estufa
HFCs – Hidrofluorcarbonos
IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
IUCN – International Union for Conservation of Nature
N2O – Oxido Nitroso
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RIO 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Humano
SF6 – Hexafluoreto de Enxofre
UNEP – United Nations Environmente Programme
UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change
WMO – Word Meteorological Organization
10
INTRODUÇÃO
O presente estudo retrata a possibilidade de atuação do Gestor
Ambiental em uma temática que ocorre mundialmente, o Aquecimento Global.
São claras as evidências de que o aquecimento global estar ocorrendo,
mudanças climáticas, ondas de calor, secas, tempestades, derretimento das
geleiras, animais entrando em risco de extinção, entre outros aspectos estão
acontecendo cada vez com maior intensidade, afetando não só o meio
ambiente mais também a saúde da população.
Com isso objetivam-se identificar nesta monografia o que está ocorrendo
mundialmente, dando ênfase ao território nacional, trajetória histórica junto às
políticas internacionais, causas e efeitos dos impactos ambientais e o papel do
Gestor Ambiental neste âmbito.
Logo o papel do Gestor Ambiental tem uma grande importância nesta
temática, visto que ele é capacitado para atuar em elaborações de projetos,
visando o desenvolvimento sustentável, a preservação e conservação da
natureza, tentando ao máximo diminuir os efeitos da poluição ocorridos por
fatores antropogênicos, tendo como objetivo recuperar o meio ambiente, junto
com uma equipe multidisciplinar.
A escolha desde tema é em decorrência de ser uma questão séria, de
suma importância, uma vez que os danos se refletem na qualidade de vida de
toda a humanidade e da biodiversidade do planeta, sendo necessárias medidas
emergências de mitigação e adaptação, para que se obtenham bons resultados
no enfrentamento desta situação.
Dando subsídios para entender o papel de todos e refletir sobre os
hábitos de consumo e produção, procurando cada vez mais energias e fontes
alternativas, para que assim possam contribuir com ações de médio e longo
prazo no clima terrestre, pois amenizar a mudança climática é uma questão de
sobrevivência e não alternativo, sendo o caminho para o desenvolvimento das
futuras gerações.
11
CAPÍTULO I
Aquecimento Global
Analisar a temática é um subsídio fundamental para a atuação do Gestor Ambiental, para que assim possa se aprofundar e conhecer a história
que já despertou a atenção de toda a sociedade, pois já estamos sentindo os
efeitos do aquecimento global, processo que o próprio nome já diz, um termo
que se refere à elevação da temperatura média dos oceanos e do ar próximo à
superfície que estar cada vez mais se intensificando. Onde muitos cientistas
afirmam que é a ação humana que influência diretamente no aquecimento
global.
Segundo Al Gore, a atmosfera é tão fina que somos capazes de
mudar a sua composição. O mesmo ilustra o princípio cientifico básico do
aquecimento global.
FIGURA 1 – Princípio Sobre o Aquecimento Global
(Uma Verdade Inconveniente, 2006, pág. 26).
12
“A energia do Sol entra na atmosfera sob a forma de ondas de luz, aquecendo a Terra. Parte dessa energia é refletida e volta a irradiar-se no espaço, sob a forma de ondas infravermelhas.
Em condições normais, uma parte dessa radiação infravermelha que volta para o espaço é, naturalmente, retida pela atmosfera – e isso é bom, pois mantém a temperatura na Terra dentro de limites confortáveis. Em comparação, em Vênus os gases de efeito estufa são densos que a temperatura do planeta é elevada demais para o ser humano. Já em Marte os gases de efeito estufa que rodeiam o planeta são quase inexistentes, de modo que a temperatura é fria demais. É por isso que alguns clamam a Terra de “planeta de contos de fadas”, pois as temperaturas aqui são exatamente adequadas para o ser humano – nem muito quente, nem muito fria.” (Uma Verdade Inconveniente, 2006 pág.26).
Al Gore (ano, p. 27) afirma que na atual conjuntura é percebível a
problemática ambiental, pois a fina camada atmosférica está mais espessa em
consequência da enorme quantidade de dióxido de carbono e outros gases-
estufa produzidos pelo homem.
Ficando assim a atmosfera mais densa, com isso ela retém uma
grande parte da radiação infravermelha que deveria evadir-se para o espaço,
logo a temperatura da Terra e dos oceanos fica mais elevada, tornando-a uma
“estufa”.
1.1 – Efeito Estufa
O efeito estufa ocorre quando gases da atmosfera - como dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e CFC's - absorvem parte
da radiação solar, “aprisionando” este calor na Terra. Como resultado, a
superfície terrestre fica cerca de 30ºC mais quente ao receber quase o dobro
de energia da atmosfera em relação à energia que recebe do sol.
13
Para Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág.30), sem o efeito
estufa natural, que capta e retém parte do calor do Sol os seres humanos e
outras formas de vida não sobreviveriam. A radiação solar atravessa a
atmosfera e aquece a superfície da Terra.
Uma parte dessa energia ao retornar a atmosfera não consegue
atravessar a camada de gases que envolvem o planeta, certos gases ficam
durante anos na atmosfera, sendo responsáveis pelas mudanças climáticas
ocorridas na atualidade.
Com o aumento desses gases, desde a revolução industrial2, através
das indústrias, do transporte, da agricultura, da pecuária, da produção de
energia elétrica e do desmatamento, o planeta vem se aquecendo
rapidamente, devido ao desequilíbrio nas concentrações dos Gases de Efeito
Estufa (GEE) na atmosfera.
1.2 – Gases do Efeito Estufa
Os Gases do Efeito Estufa concentram-se na atmosfera formando uma
capa onde permite que os raios solares penetrem, porém está impedindo que o
calor gerado por eles seja eliminado. Esse fenômeno, quando dentro de um
patamar de normalidade, é necessário e benéfico, onde permite que o
ambiente seja apropriado à nossa existência.
Entre os gases de efeito estufa, os que mais influenciam para o
aquecimento do planeta, resultado das ações antropogênicas3, são:
2 Em anexo 1 – Gráfico informando as mudanças ocorridas na composição da atmosfera com a Revolução Industrial. 3 Anexo 2 – Gráficos informando sobre os gases de efeito estufa produzidos pela atividade humana, suas emissões por setor e quantos anos leva a permanência de alguns tipos de gases na atmosfera.
14
• Dióxido de carbono (CO2) – Contribui para o aquecimento
devido representar 55% do total das emissões mundiais de gases do
efeito estufa. Sua permanência na atmosfera é de no mínimo cem anos,
impactando o clima ao longo de séculos. Ele é liberado na queima de
combustíveis fósseis, com as alterações no uso do solo, devido ao
desflorestamento para pecuária e agricultura, na queima de biomassa e
na fabricação de cimento.
• O Metano (CH4) – A emissão é menor, porém seu potencial
de aquecimento é 21 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2).
Produzido através de decomposição orgânica, como o lixo em aterros
sanitários, do cultivo de arroz em áreas alagadas, da criação de animais
ruminantes, liberado no processo digestivo, e da utilização energética
como a produção, armazenamento, queima de carvão mineral, produção
e transporte de gás natural.
• Oxido Nitroso e dos Clorofluorcarbonos – Suas
concentrações são ainda menores, mas o poder estufa é,
respectivamente, de 310 e 6.200 a 7.100 vezes maior do que o do CO2.
O óxido Nitroso é liberado a partir do uso de fertilizante de nitrogênio nas
plantações e, secundariamente, na combustão.
• Hexafluoreto de enxofre (SF6) – Hexafluoreto de Enxofre é
um gás sintético, utilizado principalmente pela indústria elétrica, como
meio isolante, tanto em disjuntores quanto em subestações blindadas. O
potencial de dano global deste gás é 23.900 vezes maior que o dióxido
de carbono (CO2).
• Hidrofluorcarbonos (HFCs) – Criados para substituírem os
clorofluorcarbonetos (CFCs), é uma das três famílias de gases
industriais controlados pelo Protocolo de Quioto. Embora se encontrem
em baixas concentrações na atmosfera, têm um potencial de dano
global considerável.
15
• Clorofluor, Clorofluorcarbonos (CFCs) – Emissões
decorrentes da atividade industrial, gases refrigerantes (ar-condicionado,
refrigeradores) e aerossóis.
“A ampliação do efeito estufa natural do planeta, pelo acúmulo dos gases introduzidos pela atividade humana, tem potencial para provocar sérias mudanças no clima. Temos que tomar medidas agora para que as futuras gerações não sejam postas em risco.” (Kirstin Dow e Thomas E. Downing, 2007, pág. 53)
A mais de 250 anos de atividade desenvolvida pelo homem, como
a queima de combustíveis fosseis, destruição de inúmeras florestas que retém
o gás carbônico, entre outros poluentes industriais, intensificando o efeito
estufa contribuiu com o aquecimento global. Um processo que não pode ser
revertido de uma hora para outra.
Há muito tempo que se vem falando neste âmbito, onde
aparecem muitas tragédias, poluições e falta de medidas concretas para
mitigar a situação.
1.3 – Trajetória sobre a Crise Climática
De acordo com a reportagem do Roberto Jansen (O Globo – Planeta
Terra, 2009), foi retratada a história sobre o Aquecimento Global, que vêm
sendo discutida desde o século XIX.
1827 – O físico francês Jean Baptiste Fourier prevê um efeito
atmosférico mantendo a Terra mais aquecida do que deveria. Foi o primeiro a
traçar conceitos que, hoje, são conhecidos como efeito estufa.
1863 – O químico irlandês John Tyndall publica um estudo descrevendo
como o vapor d’água está associado ao efeito estufa.
16
Década de 1890 – O cientista sueco Svante Arrhenius e o americano
P.C. Chamberlain estudam os problemas causados pelo acumulo de CO2 na
atmosfera. Concluindo que a queima de combustíveis fósseis levaria a um
aquecimento global. Os pesquisadores, porém, não percebem que o processo
sobre o qual escreviam já havia começado.
1890-1940 – A temperatura média da Terra sobe cerca de 0,25 grau
Celsius. Um sinal de que o efeito estufa já produzia estragos, um fenômeno
ocorrido nos EUA durante a década de 1930, conhecido como Dust Bow,
marcado por secas e tempestades de areia levando milhares de americanos à
fome e a miséria.
1940-1970 – Resfriamento global de 0,2 graus Celsius. Diminui o
interesse científico pelo efeito estufa. Alguns Climatologistas prevêem a
chegada de uma nova era de gelo.
* Na década de 1950 – O climatologista Charles Keeling subiu o monte
Mauna Loa, no Havaí, onde registrou as concentrações de CO2 na atmosfera.
Com isso ele criou um gráfico, conhecido como curva de Keeling4. Descobriu
que cada exalação terminava com um pouco mais de CO2 na atmosfera que
na anterior, devido à civilização que cada vez mais utiliza combustíveis fósseis,
alterando assim o clima.
1957 – O oceanógrafo americano Roger Revelle afirma que a
humanidade está conduzindo um “experimento geofísico de larga escala” ao
emitir gases-estufa. Seu colega David Keeling monta a primeira rede de
monitoramento contínuo de CO2 na atmosfera. O cientista logo percebe um
aumento gradual na quantidade de gás carbônico na atmosfera.
Década de 1970 – Vários estudos do Departamento de Energia dos EUA
aumentam a preocupação com o aquecimento global.
4 Em anexo 3 – O gráfico informando a curva de Keeling.
17
Nesta conjuntura ocorreu o primeiro grande evento mundial retratando
assuntos sobre o meio ambiente, a Conferência Internacional para o Meio
Ambiente, em Estocolmo na Suécia, de 5 a 16 de junho de 1972, promovida
pela ONU. Contando com representantes de 113 países, 250 organizações
não-governamentais e dos organismos da ONU.
Esta conferência contribuiu para sensibilizar a sociedade mundial sobre
os graves problemas ambientais. O dia 5 de junho, que marcou o início dos
trabalhos da Conferência, foi oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do
Meio Ambiente".
A conferência gerou um documento com 26 princípios, com
comportamentos e responsabilidades que deveriam conduzir as decisões
relativas às questões ambientais que foi assinado pelos países participantes,
poucos compromissos foram efetivados. Tendo como um de seus resultados
concretos a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), que passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de
ações internacionais e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente.
1979 – A primeira Conferência Mundial sobre o Clima elege as
mudanças climáticas como assunto principal. O evento pede para que os
países previnam os problemas causados pela ação do homem.
1985 – A cidade de Villach, na Austrália, recebeu a primeira conferência
internacional sobre o efeito estufa. Alertando que os gases do efeito estufa
“irão, na primeira metade do século XXI, causar um aumento da temperatura
média global maior do que qualquer outro na história”. O aquecimento
aumentaria o nível dos oceanos em mais de um metro.
1987 – Foi o ano mais quente desde que começaram a registrar a
temperatura. A década de 1980 acabaria com sete dos oito anos mais quentes
registrados até 1990. Os anos mais frios desta década foram mais calorentos
do que os anos mais quentes da década de 1980.
18
1888 – Um encontro de climatologistas em Toronto reivindica o corte de
20% nas emissões de gás carbônico até 2005.
Neste mesmo ano é lançado o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC) para análise e divulgação de descobertas científicas.
“Em vista da importância e da complexidade das questões relacionadas ao tema das mudanças do clima, a Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environmente Programme - Unep) e a Organização Meteorológica Mundial (Word Meteorological Organization - WMO) criaram o IPCC. Sua missão foi explicitamente definida: produzir, de forma abrangente, objetiva, aberta e transparente, a informação científica, técnica e socioeconômica relevante para o entendimento das bases científicas do risco da mudança do clima induzida pelo homem, seus impactos potenciais e opções para adaptação e mitigação. O IPCC congrega pesquisadores dos países-membros das Nações Unidas que analisam a literatura cientifica e técnica disponível e elaboram relatórios sobre o estado do conhecimento de todos os aspectos relevantes à mudança do clima.” (Veiga, 2008, pág. 19).
Os relatórios passam por processos de revisão por especialistas e são
submetidos a analise de todos os governos envolvidos para que possa ser
aprovado. Tendo como objetivo não retratar soluções e sim servir como auxilio
para os governos e sociedade na adoção de políticas que envolvem a mudança
climática.
1990 – O primeiro relatório do IPCC foi contemplado, informando que a
temperatura global aumentou 0,5 graus Ceisius no século passado. Alguns
cientistas usaram este documento para pressionar a ONU a convocar uma
convenção climática. Tendo assim grande importância para o estabelecimento
da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (United
Nations Framework Convention on Climate Chande – UNFCCC), em 1992.
19
1991 – A erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, lança detritos na
atmosfera que filtram os raios solares, interrompendo os índices crescentes do
aquecimento global. A temperatura que é registrada no planeta baixa por dois
anos seguidos. Em seguida, volta a elevar-se.
1992 – Realizado no Rio de Janeiro, entre 03 a 14 de junho, a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
reuniu representantes de quase todos os países do mundo, onde discutiram
assuntos sobre conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a proteção e
a conservação dos ecossistemas do planeta, com o objetivo de decidir medidas
para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de
futuras gerações, consagrando o conceito de desenvolvimento sustentável,
contribuiu com a reflexão de que os danos ao meio ambiente eram
majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. A Conferência
impõe aos países desenvolvidos chegar ao ano de 2000 com os mesmos
índices de emissão de 1990.
A Rio-92 deixou os seguintes compromissos entre os países
participantes: duas convenções, uma sobre Mudança do Clima e outra sobre
Biodiversidade, e uma Declaração sobre Florestas. A Conferência aprovou
também documentos mais abrangentes e de natureza política: a Declaração do
Rio e a Agenda 21. Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram
sua posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade. Documentos
estes que apóiam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência. É um
documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a
refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas,
organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam
cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
20
1994 – A aliança de Pequenos Estados Insulares que tem, entre seus
países-membros, muitos que temem desaparecer com as ondas provocadas
pelo aumento do nível do mar, defende um corte de 20% nas emissões de
gases-estufa até 2005. Essa meta faria com que o nível dos oceanos
aumentasse em apenas 20 centímetros.
1995 – O ano mais quente registrado até então. Em março, no primeiro
encontro da Conferência de Mudanças Climáticas, os países desenvolvidos
concordam com a necessidade de negociar cortes em suas emissões, o que
deveria ser feito até o fim de 1997.
Foi concluído o segundo relatório do IPCC, onde contribuiu para
negociações que levou à adoção do Protocolo de Kyoto em 1997, o mesmo
afirma que a temperatura do planeta aumentaria entre 1 e 3,5 graus até 2100.
1996 – Na segunda edição da Conferência de Mudanças Climáticas, os
EUA concordam, pela primeira vez, em estabelecer metas obrigatórias para o
controle do aquecimento global. Depois de uma estagnação de quatro anos, as
emissões de CO2 do planeta voltam a se elevar. Cientistas alertam que a
maioria dos países não vai cumprir até o ano de 2000, as metas com que se
comprometeram.
1997 - O Protocolo de Quioto5, Japão, é uma consequência de uma
série de eventos iniciada com o de Toronto, Conference on the Changing
Atmosphere, no Canadá em 1988.
Constitui-se no protocolo um tratado internacional com metas para
a redução da emissão dos gases que aumentam o efeito estufa, de acordo com
a maioria das investigações científicas, como causa antropogênicas.
Propõe-se um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a
comprometimento de reduzir a quantidade de gases poluentes em pelo menos,
5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990.
5 Em anexo 4 – O mapa contendo os países que participaram do protocolo de Kyoto.
21
Os países signatários terão de colocar em prática estratégias para
diminuir a emissão dos gases entre 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto
determina seis gases cujas emissões devem ser reduzidas, são eles:
• CO2 - Dióxido de Carbono
• N2O - Óxido Nitroso
• CH4 – Metano
• HFC – Hidrofluorcarboneto
• PFC – Perfluorcarboneto
• SF6 - Hexofluor Sulfuroso
Foi realizado também a Rio+5, um fórum de discussão das Nações
Unidas realizado entre os dias 13 e 19 de março de 1997 no Rio de Janeiro.
Tendo como objetivo revisar a implementação da Agenda 21.
Neste mesmo ano de 23 a 27 de junho, em Nova York, foi realizada a
19ª Sessão Especial da Assembléia-Geral das Nações Unidas com o objetivo
de avaliar os cinco primeiros anos de realização da Agenda 21. Esta
assembléia tinha como objetivo também identificar as principais dificuldades
sobre a implantação da Agenda 21, e procurou definir prioridades de ação para
o futuro. A presença de Chefes de Estado e de Governo demonstrou ao mundo
a importância de um modelo de desenvolvimento sustentável a nível global.
Também foi realizado o quarto relatório do IPCC, de acordo com José Eli
da Veiga (2008, pág. 20) foi firmado o progresso científico desde 2001 e
aprofundou o conhecimento sobre as influências antrópicas sobre o clima. As
técnicas eram mais sofisticadas de análise e aprofundamento no conhecimento
e na simulação dos processos físicos envolvidos sobre mudança climática.
22
1998 – O tratado do Protocolo de Kyoto foi aberto para assinaturas em
16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999.
Negociações climáticas, envolvendo Buenos Aires, não tapam as
crateras do regulamento de Kyoto, determinando como pode ser realizada a
diminuição das emissões. A polêmica teria que ser resolvida até o ano de 2000.
O ano termina como o mais quente do milênio.
2000 – O IPCC faz uma reavaliação às emissões de CO2 e informa que
a temperatura pode elevar até 6 graus em um século. Várias inundações
aconteceram no mundo, reforçando a preocupação de que as mudanças
climáticas estão aumentando o nível do mar.
2001 – O presidente americano George W. Bush renuncia às metas do
Protocolo de Kyoto, alegando que poderia prejudicar a economia de seu país.
Segundo cientistas, as lacunas do protocolo farão com que os cortes nas
emissões atinjam apenas um terço do esperado em 1997.
2002 – A União Européia e o Japão ratificam o protocolo de Kyoto. A
Austrália e os EUA negam o acordo.
Em agosto de 2002, ocorreu uma reunião global em Joanesburgo, África
do Sul, com o nome de Rio + 10, foi o segundo encontro da ONU para discutir
questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, discutindo soluções já
propostas na Agenda 21, para que assim pudesse ser aplicado não apenas
pelo governo, é sim pelos cidadãos uma agenda 21 local, complementando o
que havia sido acordando na Rio-92.
2003 – A Europa passou pelo verão mais quente dos últimos 500 anos,
causou problemas de saúde e impactos na agricultura, vitimando uma média
de 30 mil pessoas. O país mais atingido foi à França. As variações na
temperatura custaram no ano US$ 60 bilhões.
2004 – A Rússia ratifica o Protocolo de Kyoto.
2005 – Protocolo de Kyoto entra em vigor em 16 de fevereiro.
23
Países sem metas como a China e os EUA concordam em dialogar, no
futuro, a contenção de suas emissões.
Neste mesmo ano aconteceram o recorde de furacões nos EUA,
derretimento acelerado de gelo no Oceano Ártico e um alerta que a mesma
coisa pode acontecer no lado ocidental da Antártica.
2006 – Relatório do governo britânico informa que enfrentar as
mudanças climáticas custará mais caro do que preveni-las.
Segundo pesquisadores, as emissões de CO2 estão aumentando mais
rapidamente do que na década de 1990.
2007 – O quarto relatório do IPCC consolidou o processo cientifico
desde 2001 e aprofundou a temática sobre as influências antrópicas sobre o
clima.
Líderes mundiais estabelecem numa conferência da ONU em Bali,
Indonésia, um cronograma com intuito de decidir um novo acordo mundial,
válido após 2012.
2008 – O urso polar entra na lista americana de espécies ameaçadas
por causa das mudanças causadas em seu habitat devido o aquecimento
global.
2009 – Cientistas comprovam que o gelo ártico está derretendo mais
rápido do que o esperado.
Itália e Suíça anunciam que redefinirão suas fronteiras, devido ao
derretimento de gelo nos Alpes.
Entre 7 e 8 de dezembro de 2009, foi realizado em Copenhague,
Dinamarca, à 15ª Conferência da ONU sobre Clima (COP 15), no intuito de
realizar um acordo sobre o clima. O documento contou com metas de redução
significativas para os países desenvolvidos bem como compromissos não
obrigatórios de redução de emissões para os países em desenvolvimento.
24
A expectativa seria de que as nações ricas assumissem metas de
redução de 25% a 40%. Porém as nações em vias de desenvolvimento
deveriam se comprometer no modelo de economia de menos carbono
intensivo, apresentando ações e comprovando o seu compromisso. Não
substituindo o Protocolo de Quioto.
China e EUA se recusam a assinar qualquer acordo concreto para
combater as mudanças climáticas na Conferência de Copenhague.
Com está trajetória percebemos o quanto é importante estar
desenvolvendo atividades de mitigação e adaptação para o enfrentamento
desta temática, como alega Lomborg (2008, pág. 1):
“Inúmeros políticos afirmam que o aquecimento global representa o principal problema de nossa era. A União Européia o considera um dos problemas mais ameaçadores que enfrentamos hoje... O Romano Prodi, da Itália, vê a mudança climática como ameaça à paz mundial...”.
Tais preocupações há tempos são devido a todos os efeitos que as
mudanças climáticas podem causar em todo o planeta.
25
CAPÍTULO II
Impactos Ambientais Causados Pelo Aquecimento
Global
Impacto ambiental é o resultado causado pelas atividades
antropogênicas, podendo ser avaliada de forma qualitativa e quantitativa,
classificando-o de caráter positivo ou negativo, levando-se em conta o
ecológico, social e econômico.
Conforme a Resolução n° 01/86 do CONAMA, pode ser definido como:
“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais.”
2.1 – No Mundo
De acordo com Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.53) A
comunidade científica internacional tem certeza de que estamos presenciando
os sérios impactos iniciais das mudanças climáticas6. As tendências de
aquecimento afetam recursos e ecossistemas em níveis sem precedentes7.
Conseqüências das mudanças no clima estão por toda a parte e
interligam-se mundialmente, não sendo apenas uma questão ambiental, tendo
implicações no crescimento econômico, segurança alimentar e no social.
6 Em anexo 5 – Mapa apresentando desastres ambientais e gráficos informando número de mortes causado por problemas relacionados ao clima. 7 Em anexo 6 – Imagens sobre o aquecimento global.
26
“Defrontamo-nos com toda uma série de problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante, e que pode logo se tornar irreversível.” (Capra, 2005. pág. 14)
2.1.1 – A Biodiversidade Ameaçada
Neste século, o aquecimento global deverá ser um dos maiores
causadores de extinção de espécies, principalmente para aquelas que já
diminuíram devido a outros fatores humanos.
Secas, elevação do nível do mar e até mesmo pequenas alterações na
temperatura média podem destruir ecossistemas, baseados na
interdependência de milhares de espécies.
Os efeitos do desmatamento também são devastadores. Espécies
inteiras de insetos e animais desaparecem devido à destruição de seus
habitats. O desmatamento pode causar também inundações catastróficas.
Cientistas consideram que o desmatamento tem efeito significativo sobre o
aquecimento global.
Figura 2 – Desmatamento
(http://ambiente.hsw.uol.com.br/desmatamento.htm. Acesso em:
07/12/2010)
27
Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.54) afirmam que deverá
haver uma migração sem precedentes de plantas e animais para que
sobrevivam às mudanças climáticas. Savanas e desertos se espalharam
rapidamente. Em regiões montanhosas, algumas espécies terão de subir
centenas de metros para encontrar novos terrenos, mais as que já ocupam o
cume das montanhas ou as regiões ao norte do Ártico dificilmente encontrarão
temperaturas mais baixas.
Ressaltando que, para algumas espécies as rotas de fuga já estão
bloqueadas pela expansão agrícola e urbana.
Uma pesquisa apresentada pela Red List, IUCN, reuniu informações de
aves do mundo (9.856 espécies), anfíbios (6.222 espécies) e recifes de corais
(799 espécies). Analisando a história de vida e características ecológicas
destes grupos sugerem que até 35% das aves, 52% dos anfíbios e 71% de
recifes de corais, tem características que tendem a torná-los particularmente
suscetíveis à mudança climática.
Além de animais que acabam se multiplicando por causa desta
problemática, como o Besouro da Casca, Al Gore (2006, pág. 160) apresenta
este inseto como um dos responsáveis por transformar as florestas da América
do Norte em gigantescas fontes de dióxido de carbono, o mais importante gás
ligado ao aquecimento global, ao se multiplicar descontroladamente e matar
árvores, alteraria a interação entre as matas do Canadá e o clima na Terra.
Este animal antes era contido pelos invernos mais frios e mais longos.
2.1.2 – Água
A escassez da água é muito preocupante, em alguns lugares a mudança
do clima tornará o problema ainda mais crítico. O aumento da temperatura fará
com que a água da superfície evapore mais rápido.
28
Em algumas regiões choverá menos durante o ano e em outras menos
previsíveis, com chuvas sazonais que não virão ou chegarão com tanta força
que provocarão terríveis enchentes8. Tendo em vista que desde 1960 a
incidência de enchentes e vendavais aumentou muito, com ocorrências mais
prolongadas e atingindo mais pessoas.
Afirma Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.56) que os padrões
do tempo estão mudando rapidamente, muitos terão dificuldade de se adaptar.
Algumas regiões precisarão importar comida e até água, isso já é dado como
certo em Israel e no sudeste da Inglaterra.
2.1.3 – Elevação do Nível dos Oceanos
Com o aumento da temperatura faz com que os oceanos se expandem e
o degelo aumente o nível dos mares, ameaçando muitas cidades litorâneas,
provocando conseqüências locais e mundiais9. Projeções apresentam que até
2100 o nível do mar aumente cerca de 20 a 90 cm, mesmo que emissões dos
gases de efeito estufa sejam drasticamente reduzidos nas próximas décadas,
às águas continuaram subindo por séculos devido à imensa massa térmica dos
oceanos, conseqüência de emissões já liberadas.
As ilhas Maldivas, no oceano Índico serão completamente inundadas,
assim como alguns arquipélagos do Caribe e do Pacífico. Em todo o planeta
inúmeras terras produtivas desaparecerão.
De acordo com Cazenave, as medições já feitas nestes últimos 16 anos
mostram três regiões onde a subida do nível do mar já é realidade. “As áreas
mais afetadas são o oeste do oceano Pacífico, o litoral da Austrália e também a
Groelândia”.
Aumentando o nível do mar, o movimento da costa cedendo ou
elevando-se, também afeta a altura do mar em relação à terra. “A água salgada
invade assim os rios e penetra nos aqüíferos de água doce contaminando as 8 Em anexo 7 – Gráfico com o número de ocorrências de enchentes e vendavais no mundo. 9 Em anexo 8 – Mapa e gráficos informativos sobre a elevação do nível do mar.
29 reservas em todo o mundo e ameaça a sobrevivência de muitas comunidades”.
Como afirma Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.62).
2.1.4 – Furacões
Com o aquecimento global aumentará a duração e a intensidade de
furacões, tufões e ciclones, pois o aumento da temperatura faz com que os
oceanos fiquem mais quentes, ocorrendo maior evaporação das águas,
potencializando assim catástrofes climáticas.
Al Gore (2006, pág. 75) Informa que uma das provas mais recentes que
alguns cientistas estão afirmando é que o “aquecimento global está
aumentando a freqüência dos furacões, um fato mais forte do que a
variabilidade que sempre se considerou parte dos ciclos naturais das correntes
oceânicas profundas”.
Nos últimos 30 anos, a média era de 10 a 11 furacões, porém desde
1995, esta média subiu de 12 para 14. Tendo várias explicações para este fato.
A ausência do El Niño sobre o Pacífico conduz um aumento dos ciclones do
Atlântico, devido à elevação da temperatura oceânica no mar do Caribe, onde
os ciclones surgem aproveitando o aumento da temperatura. Além disso, a
umidade quente é o principal fator responsável pelo aparecimento dos
furacões.
2.1.5 – Alimentação
“As mudanças do clima são uma ameaça à segurança alimentar, embora
as colheitas em regiões temperadas possam ser maiores” Kirstin Dow e
Thomas E. Downing (2007, pág.59).
A seca e o aumento constante das temperaturas ameaçam a agricultura.
Nas regiões tropical e subtropical, a redução das chuvas, o maior risco de seca
ou de chuvas fortes e de erosão do solo castigarão a agricultura, ameaçando à
capacidade de desenvolvimento na produção.
30
O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
da ONU, no ano de 2007, destacou que o aquecimento global reduzirá as
plantações nas regiões tropicais, onde milhões de pessoas vivem da
agricultura, o que provocará um aumento dos preços do setor. Com isso, a
população em situação de vulnerabilidade social será a que mais sofrerá em
conseqüência do aumento dos preços dos produtos.
2.1.6 – Saúde
Al Gore (2006 ,pág. 177) Afirma que:
“A relação entre a espécie humana e o mundo microbiano dos germes e dos vírus é menos ameaçadora quando há invernos mais frios, noites mais frias, maior estabilidade nos padrões climáticos. O perigo dos micróbios também diminui quando a rica biodiversidade de áreas como as florestas tropicais, onde se localiza a maior porcentagem de espécies do planeta, está a salvo da destruição e da invasão dos seres humanos.”
O aquecimento global aumenta a vulnerabilidade humana a doenças
novas e desconhecidas, assim como a novas variedades de doenças antes sob
controle10.
É importante ressaltar que lugares onde as pessoas estão mais
expostas a doenças associadas à pobreza e à desnutrição qualquer mudança
climática afetará a saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima
2,4% dos casos de diarréia e 2% dos de malária em todo o mundo. A OMS
calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas poderão causar 300
mil mortes por ano.
Com o aquecimento global só aumentam a possibilidade de ocorrências
de doenças e desnutrição em todo o mundo, como nunca visto antes.
10 Em anexo 9 – Gráfico informando impacto sobre a saúde no mundo.
31
As enchentes espalharão doenças transmitidas pela água, como cólera,
tifo e disenteria, e por mosquitos como malaria, dengue e febre amarela.
2.2 – Brasil
No quarto relatório do IPCC, foi informado que o Brasil é um dos paises
que se encontra em situação vulnerável em decorrência aos efeitos do clima.
Já estão sendo registrados diversos impactos da variabilidade natural do clima,
como secas, estiagens, cheias, inundações, vendavais e deslizamentos de
encostas. Com o aquecimento global pode intensificar a ocorrência desses
eventos.
Oliveira (2009, pág. 233) informa:
“Os ecossistemas naturais e agroecossistemas seriam os mais sensíveis a esses impactos, com possíveis mudanças nas coberturas vegetais atuais e perda da biodiversidade brasileira. Além disso, os efeitos dessas ocorrências certamente afetarão os recursos hídricos, a agricultura, podendo afetar a saúde da população e a economia local e regional.”
Cenário preocupante, sendo um dos principais desafios para o Brasil11
no século XXI, devido a conseqüências devastadoras que podem vir a
acontecer. Vale ressaltar que no Brasil, a atividade que mais contribui para a
emissão de gases do efeito estufa é o desmatamento12.
11 Anexo 10 - Considerando a possibilidade média do aumento da temperatura no país em 2° C e precipitações de chuvas em 7%, segue em anexo mapa revelando os possíveis prejuízos nas diversas regiões do país, estimados para o ano de 2100. 12 Anexo 11 – Gráfico informando o desmatamento no Brasil.
32
Para Heitor Matallo, membro da Convenção das Nações Unidas para o
Combate da Desertificação (UNCCD), um ciclo puxa o outro.
“Se no Brasil, o meio ambiente já é degradado por meio de desmatamentos e erosões, os reservatórios de água irão diminuir, aumentando as áreas desertas. Com o avanço da temperatura global, será quase impossível viver nessas áreas em curto prazo, porém não impossível, uma vez que o corpo humano se adapta conforme as necessidades. Com isso, o ecossistema desta região ficará totalmente desequilibrado, permitindo a extinção de várias espécies de animais”.
Oliveira (2009, pág. 234) informa que “as projeções de temperatura na
América do Sul para o final do século 21, de acordo com o relatório do IPCC,
indicam que haverá um aumento de 3,5ºC na média”. Dentre varias
simulações, há modelos que apontam o aumento de 5ºC no Brasil.
O aquecimento global no Brasil está sujeito a diversos impactos
climáticos, no qual a população e os ecossistemas naturais estão vulneráveis,
como as áreas costeiras e ribeirinhas que poderão ser profundamente alterado
com a elevação do nível do mar.
Com o degelo das calotas polares, o nível do mar irá subir. Em longo
prazo o degelo fará os oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas
litorâneas no Brasil, provocando escassez de comida, disseminação de
doenças e mortes. A incidência de furacões, que é praticamente inexistente no
Brasil, poderá ocorrer com maior freqüência.
Um dos principais obstáculos das projeções sobre a elevação do nível
do mar é a falta de um mapa cartográfico da costa brasileira. “Não sabemos
aonde o mar vai chegar, pois não temos dados precisos da topografia de
nossas praias” afirma Neves. O pesquisador informa que a grande maioria de
cidades e portos brasileiros, como o de Santos e o do Rio de Janeiro, não têm
marcações no chão chamadas de marcos topográficos, para assinalar as
elevações no solo. “Sem esses números é impossível pesquisar”, alega Freitas.
(Revista Época, ed. 463, 2008)
33
Pesquisadores brasileiros do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), informam:
• Nos próximos anos, as regiões Sul e Sudeste vão sofrer com
chuvas e inundação cada vez mais freqüente.
• A floresta Amazônica pode perder 30% da vegetação, por causa
de um aumento na temperatura de vai de 3ºC a 5,3ºC até 2100.
• No Nordeste, até o fim do século, a variação deve ficar entre 2ºC
e 4ºC.
• O nível do mar deve subir 5 metros nas próximas décadas e 42
milhões de pessoas podem ser afetadas.
• O aumento na temperatura no Centro-Sul do país deve ser de 2ºC
a 3ºC, aumentando a força das tempestades.
2.2.1 – As Mudanças Climáticas por Região do Brasil
• Norte
De acordo com previsões feitas pelo Inpe, a Amazônia deverá sofrer
o maior aquecimento do Brasil. Sua temperatura pode subir até 8ºC até o
final do século. Logo a floresta densa e alta perde espaço para uma
vegetação semelhante a do Cerrado, o que pode afetar o clima de todo o
país.
O calor excessivo faz com que as folhas das árvores da floresta da
borda caírem, aumentando o risco de queimadas. O calor provocado pelo
fogo reduz a chance de chuva no núcleo da floresta, produzindo mais
queimadas. Isso faz com que as árvores renasçam baixas, espaçadas e
com pouca copa. A água dos rios diminui e os leitos ficam assoreados, o
que afeta toda a biodiversidade.
34
O desaparecimento completo da floresta está entre as previsões
mais pessimistas. Isso pode acontecer se a temperatura média da região
aumentar mais de 5ºC essa elevação pode chegar a 8ºC. “Seria um
caminho sem retorno” afirma Carlos Nobre, climatologista do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A previsão mais aceita para a
região é um aumento de temperatura de cerca de 3ºC até 2100. Nobre
informa que nesta simulação, a floresta perderia mais da metade de sua
cobertura original. “Pode acontecer uma união entre a grande savana da
Venezuela e a parte central do Brasil”. Seria um campo com algumas
árvores, mas dominado por arbustos e capim, bem menos imponente que a
floresta atual. (Revista Época, ed. 463, 2008)
• Nordeste
Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág. 94) afirma que:
“A população desta região é a mais sensível às mudanças climáticas”. As projeções são de intensificação da seca nos próximos anos. O clima semi-árido pode se tornar árido. Com a desertificação e a salinização do solo, a agricultura local pode ser devastada, fazendo com que a população se refugie no Sul do país.”
As mudanças no clima do Nordeste no futuro podem ter os
seguintes impactos:
- A caatinga pode dar lugar a uma vegetação mais típica de zonas
áridas, com predominância de cactáceas. O desmatamento da Amazônia
também afetará a região.
- Um aumento de 3ºC ou mais na temperatura média deixaria ainda
mais seco os locais que hoje têm maior déficit hídrico no semi-árido.
- A produção agrícola de subsistência de grandes áreas pode se
tornar inviável, colocando a própria sobrevivência do homem em risco.
35
- O alto potencial para evaporação do Nordeste, combinado com o
aumento de temperatura, causaria diminuição da água de lagos, açudes e
reservatórios.
- O semi-árido nordestino ficará vulnerável a chuvas torrenciais e
concentradas em curto espaço de tempo, resultando em enchentes e
graves impactos sócio-ambientais. Porém, e mais importante, espera-se
uma maior freqüência de dias secos consecutivos e de ondas de calor
decorrente do aumento na freqüência de veranicos.
- Com a degradação do solo, aumentará a migração para as cidades
costeiras, agravando ainda mais os problemas urbanos.
• Sudeste
A região deve sofrer com chuvas, inundações, seca e temperatura,
afetando a agricultura, geração de energia e diretamente a saúde,
aparecendo doenças como leptospirose, dengue e diarréias.
O aumento no nível do oceano Atlântico ameaçará construções à
beira-mar no Rio de Janeiro, o mesmo será uma das regiões mais
vulneráveis ao aumento do nível do mar, precisarão de diques para proteger
a orla.
Poderá ocorrer o aumento da temperatura: de 2 a 6 graus. Chuvas
mais fortes e secas mais severas. Com isso, a área propícia ao cultivo de
café em São Paulo se reduzirá de 39% do território do Estado para cerca de
1%. Fenômeno semelhante ocorrerá em Minas Gerais.
• Centro Oeste
O ponto mais vulnerável desta região é o Pantanal e Cerrado, com a
redução da biodiversidade devido o aumento da temperatura de 2ºC a 6ºC.
36
As chuvas se concentrarão em períodos curtos de tempo,
entremeados de secas prolongadas. A erosão do solo prejudicará a
agricultura e a biodiversidade, sofrendo grandes impactos. O cultivo de café
se tornará inviável em Goiás.
• Sul
Aumento da temperatura de 1ºC a 4ºC. Os Estados serão mais
suscetíveis à ocorrência de eventos extremos, como furacão. Temperaturas
mais altas aquecem acima do normal a água do mar e aumentam a
velocidade dos ventos. O movimento dos ventos condensa as partículas de
água, formando ciclones que avançam o continente.
Os dias ficarão mais quentes e os invernos serão mais curtos.
Aumento das chuvas: de 5% a 10%. Chuvas intensas, mas irregulares,
provocarão colapso da agricultura e perda de produtividade na pecuária. No
Rio Grande do Sul o plantio de trigo e soja se tornará inviável. No Paraná,
se a temperatura subir mais de 3 graus, a área propícia ao cultivo de soja
poderá ser reduzida em 78%.
A região poderá vir a receber levas de migrantes de outros Estados
com o clima mais quente.
"Estejam preparados para as mudanças, adaptem-se às mudanças que
virão. E preparem-se para enormes perdas humanas." James Lovelock
37
CAPÍTULO III
Possibilidades de Ações do Gestor Ambiental
“Gestão ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais – naturais, econômicos e sócio-culturais.” (Almeida, 2005, pág. 01)
James Lovelock (2006, pág.12, 13) informa que nossos problemas são
globais, “apresentando como a maioria sendo decorrente dos efeitos da
revolução industrial, em particular o consumo de combustíveis fosseis e
produtos químicos, a agricultura e o espaço vital.” O que acontece em certo
lugar logo afetará em outros lugares. Se quisermos alcançar uma sociedade
humana em harmonia com a natureza, devemos nos guiar por um respeito
maior por ela. Sugere como poderíamos começar a enfrentar a questão. Tendo
como primeiro requisito reconhecer a existência do problema. Segundo é
entendê-lo e extrair as conclusões certas. O terceiro é tomar alguma
providência. Ele assegura que atualmente estamos em algum ponto entre os
estágios um e dois.
O mesmo afirma a importância de se estar pensando no
desenvolvimento sustentável, onde representa o esforço constante em
equilibrar e integrar os três pilares do bem-estar social, prosperidade
econômica e proteção ambiental em beneficio das gerações atuais e futuras.
A mudança climática nos faz pensar em mudar o atual modelo de
crescimento social, econômico e tecnológico por outro que possa reduzir as
emissões dos gases de efeito estufa e nos prepare para futuros climas.
A redução das emissões dos gases de efeito estufa entre 60% a 80%
exige altos investimentos, como criação e implantação de novas políticas.
38
Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág. 88) afirma que “todos
podem ajudar a frear as mudanças climáticas, e há muitas maneiras de fazê-
lo.” Do cálculo dos marcos de carbono para avaliar o total das nossas emissões
de gás carbônico às atitudes que se podem tomar para reduzir as emissões, é
necessário ter mais consciência do uso que se faz dos recursos.
Devemos entender o nosso papel nessas mudanças e refletir sobre
nossos hábitos de consumo e produção, procurar energias e fontes
alternativas, trazer conhecimento sobre os problemas, valorizando o ponto de
vista da sustentabilidade, integrando um processo educativo com a tríplice
perspectiva: CONHECER, SENTIR e FAZER, isso será capaz de contribuir a
médio e longo prazo no clima terrestre.
“Temos tudo que é necessário para começar a resolver à crise climática,
menos, talvez, a vontade política.” Al Gore (2006, pág. 278).
Ricardo Marin (1996, pág. 32) informa a importância e a necessidade da
mudança individual na resolução da problemática ambiental, explicando que
“na atualidade existe certa tendência a nos eximir de nossa responsabilidade
ou esperar que os outros resolvam esses problemas”.
Alejandro Gaona Pérez (2009, pág. 34), alega que:
“Devemos promover a educação, para que se tenha um pensamento sistêmico, global, de que as coisas não ocorrem de forma isolada, nem se devem a uma só causa. Uma educação que contribua a tomar consciência da complexidade da questão ambiental não apenas em sua origem, mas em sua resolução. Educação esta que leve o nosso pensamento e ação a pensar globalmente e agir localmente”.
39
Kirstin Dow e Thomas E. Downing assegura algumas medidas que
possam ser realizadas para mitigar e adaptar a situação do aquecimento
global:
• A Ação Internacional: A maioria dos países reconheceu o problema das
mudanças climáticas ao assinar a convenção sobre mudanças
climáticas.
• O Cumprimento das Metas de Kyoto: Muitos países estão cumprindo os
compromissos assumidos em Kyoto, mas para isso, precisarão atingir as
metas, para estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em níveis
de segurança.
• Mercado de Carbono: Comprar e vender créditos de carbono é uma
forma de dividir o ônus da redução das emissões em âmbitos global.
Pois visa incentivar investimentos em eficiência energética, energia
renovável e outras formas de reduzir emissões.
• Financiamento das Ações: As verbas atuais precisam ser eficientes para
preparar os países para as mudanças climáticas.
• Compromisso Local: A aprovação de políticas públicas no tema de
mudança climática por parte de governos locais é fundamental para o
enfrentamento do maior problema ambiental, que atinge a humanidade e
para o cumprimento dos tratados internacionais sobre mudanças
climáticas. Em muitas cidades, autoridades locais e regionais estão
adotando política de redução de emissões mais agressivas que os
governos federais.
• Gás Carbônico e Crescimento Econômico: Investir em tecnologia e
engenharia eficientes de combates as alterações climáticas, para
contribuir na redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE),
em níveis seguros. É possível crescer economicamente com emissões
mais baixas de gases de efeito estufa.
40
• Energia Renovável: A energia renovável é a solução tecnológica para as
sociedades econômicas e socialmente sustentáveis. O seu uso reduz as
emissões dos gases de efeito estufa sem interromper o crescimento.
• Adaptação às Mudanças: A capacidade de adaptarem-se as
instabilidades e aos extremos climáticos dependerá das riquezas dos
recursos e do governo de cada país. O ideal seria a criação e a
manutenção de uma infra-estrutura eficiente de saúde pública para
enfrentar as mudanças climáticas, tendo como benefícios sociais e
econômicos, evitando os desastres ambientais. Anteciparem-se as
mudanças acaba saindo mais barato no longo prazo.
• Ações Pessoais: Mudança a novos hábitos de estilo de vida, ajudará na
redução a emissão de gases.
• Ações Públicas: As políticas, as práticas e os investimentos de governo,
empresas e organizações cívicas, terão que mudar o atual modelo de
crescimento social, econômico e tecnológico por outro, que reduza as
emissões de gases de efeito estufa (GEE) e nos prepare para futuros
climas.
“O que podemos fazer para diminuir o processo acelerado do aquecimento global é diminuir o desmatamento, aumentar fortemente o reflorestamento, combater o uso de aerossóis, diminuírem a produção industrial e diminuir a liberação de dióxido de carbono na atmosfera.” Gabriela Cabral.
Oliveira (2009, pág. 285) alega um grande fato, de “que especialistas
admitem não ter dados sobre os custos e a efetividade das medidas de
adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas”, mas lembra
que a capacidade de adaptação e de redução dos efeitos das mudanças do
clima depende das “condições socioeconômicas e ambientais das nações, bem
como da oferta de informação e de tecnologia”.
41
O mesmo informa outras situações agravantes, relacionada ao
aquecimento global, entre as quais se destacam:
• Fenômenos climáticos perigosos (furacões, tornados e ciclones mais
intensos);
• Pobreza;
• Acesso desigual aos recursos naturais;
• Conflitos de ordem econômica, política ou étnica;
• Incidência de doenças;
A sociedade como um todo necessita se adaptar a mudanças e reduzir
vulnerabilidades diante de impactos e fenômenos atmosféricos e climáticos,
tais como secas e tempestades.
O IPCC aponta que no caso das mudanças climáticas, são necessárias
medidas de adaptação adicionais nos níveis regional e local. Outro detalhe
importante é que não há como prever se a adaptação, por si só, poderá fazer
frente aos efeitos das mudanças climáticas projetadas para longo prazo.
Levando em conta a capacidade de adaptação de uma sociedade que
está intimamente ligada ao seu desenvolvimento social e econômico, mas não
se distribui por igual entre as sociedades. Mesmo as sociedades com alta
capacidade de adaptação são vulneráveis às mudanças do clima, à
variabilidade e aos eventos climáticos extremos.
Oliveira (2009, pág. 286) Informa que a “adaptação e a mitigação não
são opções que, por si só, evitariam todos os impactos das mudanças
climáticas.” Mas isso não desobriga os países de tomarem atitudes no sentido
de buscar um desenvolvimento que combine sustentabilidade e crescimento
econômico. Especialistas reforçam a importância de se adotar medidas de
adaptação para enfrentar os impactos que virão do aquecimento global.
42
Oliveira (2009, pag. 287) apresenta algumas sugestões:
• Mudanças nos estilos de vida e nos padrões de
comportamento, visando à redução das emissões de GEE;
• Adoção de programas educativos nos diversos setores da
economia para superar barreiras de aceitação de uma nova visão sobre
os modelos de desenvolvimento;
• Mudanças nas escolhas dos consumidores e no uso de
tecnologias, como, por exemplo, o tipo de energia a ser usado nas
edificações;
• Gestão da demanda de transporte, inserida no
planejamento urbano, como o objetivo de reduzir o transporte individual;
• Oferta de tecnologias ambientalmente sustentáveis para as
indústrias, que contribuam para a redução do uso da energia e das
emissões de gases de efeito estufa;
Vale ressaltar que o IPCC vem contribuindo na busca de alternativas de
enfrentamento nas questões sobre as mudanças climáticas, por meio de
conhecimento científico e de proposições tecnológicas, ambientais,
econômicas e sociais para a mitigação dos seus efeitos.
Analisando tecnologias e práticas de mitigações disponíveis para alguns
setores, como:
• Energia;
• Transportes;
• Construção;
• Indústria;
43
• Agricultura;
• Florestas;
• Resíduos;
• Políticas de Governo;
• Acordos e Sociedade;
Medidas estas que visam conservar o meio ambiente e a biodiversidade
no mundo, respeitando e cuidando dos seres vivos, amenizando o
esgotamento de recursos não-renováveis, e tudo isso necessita passar pela
mudança de comportamentos das pessoas. Ações coletivas entre Sociedade e
Governo contribuirão para que haja uma redução do aquecimento global.
Al Gore (2006, pág. 180) alega que dois economistas da Universidade
de Princeton, Robert Socolow e Stephen Pacala, concluiu um estudo sobre
políticas que auxiliam no combate à crise climática, afirmando que “a
humanidade já possui os conhecimentos fundamentais, tanto científicos como
técnicos e industriais, para resolver os problemas dos gases de efeito estufa e
do clima nos próximos 50 anos”.
Abaixo o gráfico tendo como base o estudo de Socolow Pacala,
ilustrando a poluição causadora do aquecimento global produzida pelos EUA, e
o crescimento esperado nas próximas quatro décadas, se continuar com os
mesmos comportamentos habituais. Logo o triângulo mostra a redução da
poluição que é possível ser obtida no mesmo período, empregando as novas
políticas descritas.
44
Figura 3 – A Poluição Causadora do Aquecimento Global
(Uma verdade Inconveniente, 2006, pág.180)
Redução decorrente do uso mais eficiente de eletricidade em
sistemas de aquecimento e refrigeração, iluminação, aparelhos
domésticos e equipamentos eletrônicos;
Redução por conta da eficiência no uso final, ou seja,
projetando edifícios e empresas para que utilizem muito menos
energia do que usam hoje;
Redução gerada pela maior eficiência dos veículos, fabricando
carros que consomem menos gasolina e colocando nas ruas mais
carros híbridos e movidos a células de combustível;
45
Redução provinda de outras melhorias na eficiência dos
transportes, como planejar as cidades, tanto grandes como
pequenas, com melhores sistemas de transporte públicos, e
fabricar veículos pesados com maior eficiência de combustível;
Redução em virtude da maior dependência de tecnologias já
existentes de energia renovável, tal como o vento e os
biocombustíveis;
Redução resultante da captura e do armazenamento do
excesso de carbono emitido pelas usinas elétricas e atividades
industriais;
Todas estas ações têm por finalidade auxiliar na melhoria ambiental,
promovendo mudanças necessárias no cotidiano de todos, tendo como base à
responsabilidade sócio-ambiental, em que terá grande importância à atuação
do Gestor Ambiental, juntamente com os esforços do Governo e Sociedade na
perspectiva de um futuro sustentável.
Assegurando o que diz o artigo 225 – Constituição Federal de 1988:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
46
CONCLUSÃO
Mediante a pesquisa realizada foi constatada a necessidade urgente de
se reduzir às emissões de gases causadores do efeito estufa, causando o
aquecimento global.
A confirmação desta hipótese foi através de um estudo bibliográfico de
suma importância, pois foi identificado que o aquecimento global além do seu
processo natural, ele também está relacionado com as múltiplas atividades
humanas ao longo dos anos, se agravando a partir da revolução industrial com
o petróleo, carvão mineral, gás natural, queima de combustíveis,
desmatamento entre outros processos que contribuem significativamente as
alterações climáticas.
A pesquisa, através dos estudos efetuados apresentou a relevância de
medidas emergenciais de mitigação e adaptação desta situação, pois os seres
humanos e toda a biodiversidade do planeta estão em risco com as mudanças
climáticas, sendo percebíveis na atualidade.
Reagir a toda essa problemática ambiental e as conseqüências dos
impactos climáticos é uma questão séria e preocupante, onde o Gestor
Ambiental tem plenas condições de estar atuando, contribuindo com diversas
ações sobre as demandas apresentadas nesta esfera e outras que possam vir
a aparecer.
Entretanto, percebe-se um grande desafio, pois estas questões
extrapolam a especificidade do Gestor Ambiental, sendo necessário um
aparato transdisciplinar, para um melhor resultado.
Neste contexto são percebíveis as dificuldades em relação às questões
de política pública, porém é notório que cada cidadão pode estar contribuindo
de alguma forma para minimizar os efeitos causadores do aquecimento global,
visando fortalecer a melhoria do meio ambiente de forma sustentável, evitando
mudanças drásticas com a alteração da temperatura global do planeta.
47
Confirmado por Al Gore (2006, pág. 278)
“Cada um de nós é uma causa do aquecimento global; mas cada um de nós pode se tornar parte da solução – em nossas decisões sobre os produtos que compramos, a eletricidade que usamos, o carro que dirigimos, o nosso estilo de vida. Podemos até fazer opções que reduzem a zero as nossas emissões individuais de carbono.”
48
BIBLIOGRAFIA
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Cético sobre o Aquecimento Global. Ed. Campus/Elsevier, 2008.
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50
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clima-no-nordeste.html. Acesso em: 17/12/2010.
51 http://www.alunosonline.com.br/geografia/aquecimento-global. Acesso em
03/01/2011.
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INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
www.ecodebate.com.br. Acesso em 07/12/2010.
52
ANEXO 1
Gráfico Sobre o Efeito Estufa com Dados a Partir da Revolução
Industrial
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
53
ANEXO 2
Gases do Efeito Estufa
(www.noticiaproibida.org. Acesso em: 10/10/2010)
Emissões dos Gases de Efeito Estufa por setor
(www.noticiaproibida.org. Acesso em: 10/10/2010)
54
Gráfico Sobre a Permanência de Alguns Tipos de Gases na
Atmosfera
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
55
ANEXO 3
Curva de Keeling
(Artigo – O Grande Oceano Aéreo. Luiz Antonio Batista da Rocha)
56
ANEXO 4
Mapa do Protocolo de Kyoto
(http://www.institutoatkwhh.org.br. Acesso em: 08/10/2010)
57
ANEXO 5
Catástrofes Ocorridas por Causa do Clima estão se Tornando
Comuns em Todo o Mundo.
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
58
ANEXO 6
Vista panorâmica de região montanhosa do Alaska,
em 1941.
Em 2004, o mesmo ponto do Alaska apresenta uma
paisagem muito diferente: o piso de gelo
transformou-se em lago.
O documentário Uma verdade inconveniente, que contou
com participação do ex-presidenciável americano Al Gore,
traz essa imagem do Parque Glacial Nacional dos Estados
Unidos, em 1932.
Após 56 anos, já é possível perceber a diminuição na
quantidade de gelo no mesmo ponto do Parque Glacial
Nacional.
59
O Monte Kilimanjaro, na África, em 1970.
O mesmo ponto do Kilimanjaro 30 anos depois.
A parte peruana da Cordilheira dos Andes 20 anos atrás.
O mesmo ponto dos Andes peruano atualmente, com menor
cobertura de gelo.
Aquecimento Global
Disponível em: http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-
up/aquecimen_global.htm Acesso: 17/12/2010
60
ANEXO 7
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
61
ANEXO 8
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
62
ANEXO 9
(O Atlas da Mudança Climática, Kirstin Dow e Thomas E. Downing)
63
ANEXO 10
Aquecimento no Brasil Estimado para o Ano de 2100
(Disponível em: http://www.sissaude.com.br. Acesso em: 17/12/2010)
64
ANEXO 11
Emissões Brasileiras de Dióxido de Carbono
(Disponível em: http://www.memorial.sp.gov.br. Acesso em: 17/12/2010)
65
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
LISTA DE SIGLAS 9
INTRODUÇÃO 10
CAPITULO I
Aquecimento Global 11
1.1 – Efeito Estufa 12
1.2 – Gases do Efeito Estufa 13
1.3 – Trajetória sobre a Crise Climática 15
CAPÍTULO II
Impactos Ambientais Causados Pelo Aquecimento Global 25
2.1 – No Mundo 25
2.1.1 – A Biodiversidade Ameaçada 26
2.1.2 – Água 27
2.1.3 – Elevação do Nível dos Oceanos 28
2.1.4 – Furacões 29
2.1.5 – Alimentação 29
2.1.6 – Saúde 30
66
2.2 – Brasil 31
2.2.1 – As Mudanças Climáticas por Região do Brasil 33
CAPÍTULO III
Possibilidades de Ações do Gestor Ambiental 37
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 48
WEBGRAFIA 50
ANEXOS 52
ÍNDICE 65
ÍNDICE DE FIGURAS 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO 68
67
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Princípio Sobre o Aquecimento Global 11
Figura 2 – Desmatamento 26
Figura 3 – A Poluição Causadora do Aquecimento Global 44
68
FOLHA DE AVALIAÇAO
Nome da Instituiçao: Universidade Candido Mendes
Título da Monografia: O Papel do Gestor Ambiental em Relação
aos Efeitos Causados pelo Aquecimento Global
Autora: Priscila Vitoriano dos Santos
Data de Entrega:
Conceito: