o monociclo e a gagueira

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O Monociclo e a Gagueira A fluência não deve ser nosso objetivo final, pois se o for, fracassaremos, mais cedo ou mais tarde. Para alcançarmos a "fluência" devemos nos preocupar muito mais com o meio-pelos-quais, do que com o fim. Quem se preocupa com o fim (com a fluência), dificilmente chegará lá. As nossas posturas, nossas crenças, nossos pensamentos, nossos comportamentos é que devem ser trabalhados e modificados. "Consertando-se" isso, o objetivo final pode ser alcançado mais facilmente, ou pelo menos a gagueira deixará de ser um sofrimento. O indivíduo que está aprendendo a andar de monociclo, em virtude do medo decair que o domina, instintivamente estica a cabeça para trás, o que perturba o equilíbrio e provoca uma queda inevitável. Para andar de monociclo é preciso perder o medo de cair, posicionar a cabeça para frente e pra cima e forçar as nádegas para baixo. Agindo-se dessa forma, voltando-se para os meios-pelos-quais pedalar o monociclo, consegue-se pedalá-lo por longos trechos. Caso o pensamento do indivíduo estivesse focado em pedalar o veículo, fatalmente nunca conseguiria. A partir deste exemplo, é possível traçar um paralelo com a gagueira. O medo de cair e colocar a cabeça esticada para trás faz o indivíduo cair. Ter medo de falar com pessoas, imaginar que vai gaguejar, ficar nervoso por antecipar a situação, tensionar os músculos, criar truques para tentar falar faz a pessoa gaguejar. É preciso não ter medo para falar, não ficar nervoso, não tensionar os músculos na intenção de não gaguejar, não criar truques para tentar falar. Muitas dessas coisas o gago, por ter passado por situações vexatórias, cria para tentar falar melhor e defender-se de futuros risos e contratempos. Só que isso é meio paradoxal, porque em muito a disfluência é proveniente desses atalhos labirínticos. O ato de falar deve ser o máximo espontâneo. É assim com nossos amigos, familiares, namoradas(os), vizinhos, enfim, com todos os "outros". Devemos nos preocupar com os meios-pelos-quais, com os sintomas da nossa gagueira e não com o fim, e não com a fluência.

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O Monociclo e a Gagueira

A fluncia no deve ser nosso objetivo final, pois se o for, fracassaremos, mais cedo ou mais tarde. Para alcanarmos a "fluncia" devemos nos preocupar muito mais com o meio-pelos-quais, do que com o fim. Quem se preocupa com o fim (com a fluncia), dificilmente chegar l. As nossas posturas, nossas crenas, nossos pensamentos, nossos comportamentos que devem ser trabalhados e modificados. "Consertando-se" isso, o objetivo final pode ser alcanado mais facilmente, ou pelo menos a gagueira deixar de ser um sofrimento.

O indivduo que est aprendendo a andar de monociclo, em virtude do medo decair que o domina, instintivamente estica a cabea para trs, o que perturba o equilbrio e provoca uma queda inevitvel. Para andar de monociclo preciso perder o medo de cair, posicionar a cabea para frente e pra cima e forar as ndegas para baixo. Agindo-se dessa forma, voltando-se para os meios-pelos-quais pedalar o monociclo, consegue-se pedal-lo por longos trechos. Caso o pensamento do indivduo estivesse focado em pedalar o veculo, fatalmente nunca conseguiria.

A partir deste exemplo, possvel traar um paralelo com a gagueira. O medo de cair e colocar a cabea esticada para trs faz o indivduo cair. Ter medo de falar com pessoas, imaginar que vai gaguejar, ficar nervoso por antecipar a situao, tensionar os msculos, criar truques para tentar falar faz a pessoa gaguejar. preciso no ter medo para falar, no ficar nervoso, no tensionar os msculos na inteno de no gaguejar, no criar truques para tentar falar. Muitas dessas coisas o gago, por ter passado por situaes vexatrias, cria para tentar falar melhor e defender-se de futuros risos e contratempos. S que isso meio paradoxal, porque em muito a disfluncia proveniente desses atalhos labirnticos. O ato de falar deve ser o mximo espontneo. assim com nossos amigos, familiares, namoradas(os), vizinhos, enfim, com todos os "outros". Devemos nos preocupar com os meios-pelos-quais, com os sintomas da nossa gagueira e no com o fim, e no com a fluncia.

Autor: Wladimir Damasceno